Etnohistória Kaingang E Seu Contexto: São Paulo, 1850-1912

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Etnohistória Kaingang E Seu Contexto: São Paulo, 1850-1912 1 Niminon Suzel Pinheiro OS NÔMADES Etnohistória Kaingang e seu contexto: São Paulo, 1850-1912 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em História. Área de Concentração: História e Sociedade. Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Westin de Cerqueira Leite UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Assis, junho de 1992 2 Para os Povos Indígenas; meus pais Euclydes e Laudelina, filhos de pai Guarani; para meus filhos, Xaman e Andrew; para alunos e pesquisadores. 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da F.C.L. – Assis – UNESP Pinheiro, Niminon Suzel P654n Os Nômades: Etnohistória Kaingang e seu contexto: São Paulo, 1850-1912/Niminon Suzel Pinheiro, Assis, 1992. 335 p.: il. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista 1. Índios na América do Sul – Brasil 2. Colonização – Terras – Oeste Paulista 3. Índios Kaingang. CDD 980.41 572.898 4 AGRADECIMENTO Este trabalho é o resultado de leituras, discussões e pesquisas realizadas em salas de aula, museus, centros de documentação e bibliotecas ao longo dos anos em que realizei meu mestrado. Para a sua realização foi necessário o apoio de várias instituições e de inúmeras pessoas às quais quero agradecer. Aos meus pais, Euclydes Pinheiro e Laudelina Gomes Pinheiro, por terem sido tão pacientes comigo e me demonstrado o significado de determinação e amor no trabalho. À professora Beatriz Westin de Cerqueira Leite, pela sábia orientação, pelas leituras, pelas críticas e pelos constantes e pertinentes estímulos como amiga e intelectual que me auxiliaram durante todo o percurso desta pesquisa. Ao professor John Manuel Monteiro, pelas discussões em sala de aula e por telefone, pelas críticas estimulantes e pelos textos e artigos que me forneceu com tanta boa vontade e atenção aos quais devo os instrumentos utilizados para pensar e buscar elaborar uma história indígena. Ao meu marido Peter James Harris pela leitura da primeira redação e pelo auxílio de inúmeras formas. Ao professor Sidney Barbosa pela competência, disposição e delicadeza com as quais se prontificou em fazer a revisão da redação final. Ao professor José Ribeiro Júnior pela confiança que sempre depositou no meu trabalho e pela criação do Centro de Convivência Infantil da UNESP/Assis. Aos professores José Carlos Barreiro, Anna Maria Martinez Corrêa, Paulo Santilli, Zélia Lopes da Silva, Leon Pomer, Maria do Carmo Sampaio Di Creddo, Eda Maria Góis e aos meus alunos de Antropologia, Cultura Brasileira, História da América e Economia. A todos os funcionários da biblioteca, da gráfica e do Polo computacional da UNESP / Assis. Aos amigos Rita Santarém, Senhor Davi encadernador, Mara Campoi, Rosenei Mira e parentes Rossy Mara Pinheiro, Simone Cristina Pinheiro, Camila Gabriela Pinheiro, Donisete, Glauco, Vinicius, Arthur, meus sobrinhos. Aos meus filhos Mariela Pinheiro, Xaman Korai e Andrew John. Ao CNPq quero agradecer o apoio financeiro durante os primeiros trinta meses de realização da pesquisa. À Faculdade de Ciências e Letras de Avaré e ao Instituto de Educação de Assis; ao Museu do Índio (RJ); ao Arquivo do Estado de São Paulo; à Secretaria de Estado da Cultura e ao Museu Pedagógico “Índia Vanuíre”, nas pessoas muito especiais que são Profa. e Diretora do Museu, Tamimi Rayes, e, a Museóloga Beatriz Cruz. Aos indígenas de São Paulo, amigos leais, sempre me receberam, e, aos meus filhos, alunos, amigos, com carinho e alegria. Finalmente, à Professora Silvia Maria Schmuziger Carvalho pela sabedoria e companheirismo que tenho tido o privilégio de compartilhar nos últimos anos. Obrigada! Assis, 1992 Niminon Suzel Pinheiro 5 RESUMO Este estudo enfoca os contatos entre indígenas, principalmente os Kaingang, e a frente pioneira da colonização do oeste do Estado de São Paulo de 1850 a 1912. Através da análise de documentos oficiais buscamos enfatizar as ações e as adaptações das comunidades indígenas às várias manifestações da sociedade invasora. UNITERMOS Índios Kaingang, frente pioneira, colonização do Estado de São Paulo, o outro, século XIX, política indígena, política indigenista, aldeamentos, "batidas", Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNB), pacificação. 6 S U M Á R I O Resumo/Unitermos...............................................................................005 Sumário................................................................................................006 Introdução, tema, método e objetivos....................................................009 CAPÍTULO 1. O mundo civilizado..................................................018 1.1. A Mentalidade do século XIX...................................................018 1.1.1. Evolucionismo, progresso e etnocentrismo: a subjetividade da Europa objetivada na América?.....................................................019 1.1.2. A elite e a guerra de pacificação............................................023 1.1.3. A vivência do amor: privilégio de "branco"?..............................027 1.2. A política indigenista..............................................................029 1.2.1. A política indigenista na colônia.............................................029 1.2.2. A legislação indigenista do século XIX ...................................032 1.3. Homem e natureza: a construção do espaço.............................040 1.3.1. O planalto paulista.................................................................041 1.3.2. Os pioneiros: final do século XIX............................................047 CAPÍTULO 2. A nação Kaingang...................................................051 2.1. Os Kaingang Paulistas e os Guaianá Coloniais..........................051 2.l.1. Localização espacial dos Kaingang..........................................052 2.1.2. Os vizinhos: Xavante (Oti) e Caiuá (Guarani)..........................054 2.1.3. Kaingang: outras denominações.............................................054 2.1.4. Étnomia.................................................................................054 Os Guaianá............................................................................058 Os Kaingang e os Guaianá......................................................060 2.2. A cultura material...................................................................061 2.2.1. A alimentação, a produção doméstica e a divisão do trabalho...............................................................................061 2.2.2. Os utensílios domésticos........................................................064 2.2.3. A vestimenta..........................................................................064 2.2.4. A habitação...........................................................................066 2.2.5. A caça, a agricultura e as técnicas extrativas........................067 2.3. A cosmologia Kaingang............................................................069 2.3.1. "Veincupri": o "espírito" dos mortos........................................070 2.3.2. A festa do "Veingreinyã": o "atmã" da cultura material.............................................................................072 2.3.3. A parentela, o "Veingreinyã" e algumas mudanças sociais....076 2.3.4. Os mitos Kaingang e a relação homem/ natureza..................079 7 CAPÍTULO 3. A política indígena e as diferentes faces da civilização.....................................................................................83 3.1. Aldeamentos e "batidas"..........................................................084 3.1.1. Os aldeamentos .....................................................................088 São João Baptista da Faxina.....................................................090 São Sebastião do Piraju.............................................................097 3.1.2. Os Kaingang e as "batidas".....................................................102 3.2. A construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a "pacificação" dos Kaingang....................................................113 Considerações finais.......................................................................120 Fontes e Bibliografia.......................................................................122 Anexo 1 – 5 Quadro com informações úteis para pesquisa e análise..130 Anexo 2 – Relato do massacre dos indígenas da região da construção da EFNB, por um bugreiro participante. Relatório enviado a Rondon sobre o histórico da construção da Eestrada de Ferro Noroeste do Brasil, em terras dos índios Kaingang, 22/11/1910. Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais................................................................................................132 8 TRIBO DE CONCRETO Sinais de fumaça Tambores clamando o final Corta o céu uma flecha Atingindo o coração da nação Máquinas passam por cima do orgulho Erguem-se prédios E dizem que é o futuro Uma plantação inútil Que não gera frutos Na mata perdida Uma canção triste Tambores rufando Velhas sensações Velhas tribos Novas construções Novas conquistas Agora tribo de concreto Agora "Índios" no congresso. Luiz Fernando, Aluno de Antropologia da Faculdade de Ciências e Letras de Avaré, turma de 199l. 9 OS NÔMADES ETNOHISTÓRIA KAINGANG E SEU CONTEXTO : SÃO PAULO, 1850 A 1912 INTRODUÇÃO: tema, método e objetivo "...Então, a carne e o sangue da vida nativa real preenchem o esqueleto vazio das construções abstratas."
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