Terceira Margem —
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ISSN: 1413-0378 TERCEIRA MARGEM — 40 anos de 68: fi cção, memória e história REVISTA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA LITERATURA ANO XII . NO 19 . AGOSTO A DEZEMBRO DE 2008 TERCEIRA MARGEM © 2008 Copyright by Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ / Faculdade de Letras Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura Todos os direitos reservados Faculdade de Letras/UFRJ Cidade Universitária – Ilha do Fundão – CEP.: 21941-917 – Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2598-9745 / Fax: (21) 2598-9795 e-mail: [email protected] Homepage do Programa: www.ciencialit.letras.ufrj.br Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura Coordenadora: Vera Lins Vice-coordenador: Alberto Pucheu Neto Editora Convidada: Martha Alkimin Conselho Editorial Ana Maria Alencar • Angélica Maria Santos Soares • Eduardo Coutinho João Camillo Penna • Luiz Edmundo Coutinho • Manuel Antonio de Castro • Vera Lins Conselho Consultivo Benedito Nunes (UFPA) • Cleonice Berardinelli (UFRJ) Eduardo de Faria Coutinho (UFRJ) • Eduardo Portella - UFRJ/ABL E. Carneiro Leão (UFRJ) • Helena Parente Cunha (UFRJ) • Leandro Konder (PUC-RJ) Luiz Costa Lima (UERJ / PUC-RJ) • Manuel Antônio de Castro (UFRJ) Ronaldo Lima Lins (UFRJ) • Silviano Santiago (UFF) Tania Franco Carvalhal (UFRGS) • Jacques Leenhardt (École des Hautes Etudes, França) Luciana Stegagno Picchio (Universidade de Roma, Itália) Maria Alzira Seixo (Universidade de Lisboa, Portugal) • Pierre Rivas (Paris X – Sorbonne, França) Roberto Fernández Retamar (Universidad de La Havana, Cuba) Ettore Finazzi-Agrò (Universidade de Roma, Itália) Revisão dos textos: Martha Alkimin Editoração: Letra e Imagem Os textos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores TERCEIRA MARGEM: Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Letras e Artes, Faculdadede Letras, Pós- Graduação, Ano XII, nº 19, 2008. 152 p. 1. Letras- Periódicos I. Título II. UFRJ/FL- Pós-Graduação CDD: 405 CDU: 8 (05) ISSN: 1413-0378 SUMÁRIO Apresentação anos de : ficção, memória e história .................................... Martha Alkimin O meu : um depoimento .............................................................. Andrea Lombardi As paixões inúteis: poesia e política em Pasolini ....................... André Bueno O mundo já tinha acabado .......................................................... Beatriz Bracher Pasolini e : O PCI aos jovens! .................................................. Maria Betânia Amoroso Caio ........................................................................................... Nonato Gurgel A sedução da destruição ............................................................. Ronaldo Lima Lins Serpente em convulsão: poesia e dramaturgia ......................... Cláudia Dias Sampaio Dossiê Sobre a vigência do regionalismo no Brasil ........................... Luís Augusto Fischer As neo-europas e a estética do frio ......................................... Ian Alexander APRESENTAÇÃO – 40 anos de 68: fi cção, memória e história Martha Alkimin Este número da Terceira Margem reúne alguns textos apresentados no seminário 40 anos de 68: Ficção. Memória e História, organizado pelo Programa de Pós-Graduação e pelo Departamento de Ciência da Literatura da Faculdade de Letras da UFRJ, e realizado entre os dias 19 e 21 de maio de 2008. Nosso seminário encontrava-se no âmbito de um movimento maior chamado Lembrar, comemorar, celebrar, responsável por inúmeros eventos ocorridos ao longo de maio de 2008, em diversos lugares da cidade do Rio de Janeiro, a exemplo da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e dos Institutos de História e de Psicologia, ambos da UFRJ, e cujo intuito era refl etir sobre o que o ano de 1968 representou, seja no plano das lutas pela liberdade em todo o mundo, seja no campo das transformações esté- ticas, culturais e sociais. Para muitos dos convidados do seminário 40 anos de 68: Ficção, Memória e História, pensar e avaliar 1968 também repre- sentou a rememoração de suas próprias trajetórias de vida; os sonhos, os investimentos intelectuais e afetivos daquela geração estiveram motivados pelo desejo de tornar-se sujeito da história e de sua própria história. Para a Faculdade de Letras da UFRJ, que em 68 foi separada da Faculdade de Filosofi a, instalada na Av. Chile, no Centro do Rio de Janeiro, aquele ano foi emblemático, tanto pela participação ativa dos estudantes no processo de reforma curricular, quanto pela sua condição de protagonista de inúmeras manifestações artísticas, culturais e políti- cas naquele período. A intenção principal do seminário 40 anos de 68: Ficção, Memória e História era produzir uma refl exão com dimensão crítica e onde a fi cção, a história e a memória constituíssem o solo das mediações de cada parti- cipante. E a partir dessa lógica, abrimos esta edição da Terceira Margem Terceira Margem • Rio de Janeiro • Número 19 • pp. 5-8 • agosto/dezembro 2008 • 5 APRESENTAÇÃO com o texto O meu 68, um depoimento, assinado por Andrea Lombar- di, que sugere, a partir da impossibilidade de uma construção unívoca e objetiva de 68, dois equívocos, um de ordem política e outro de nível hermenêutico, que lhe parecem importantes para uma compreensão não do que realmente foi 68, mas da própria cena contemporânea nacional e internacional Em seguida, As paixões inúteis, poesia e política em Pasolini, escrito por André Bueno, propõe, ao modo livre do ensaio crítico, um exercício de leitura sobre a poesia de Pasolini; mais do que isso, o ensaio pretende percorre algumas linhas de força no campo das tensões estéticas, políticas e existenciais no jogo entre vida e obra, poesia e sociedade pre- sentes em Pasolini. Nessa mesma estrada refl exiva, Maria Betânia Amo- roso escreve Pasolini e 68: PCI aos jovens. Nesse ensaio, a autora resgata o efeito bombástico produzido pelo poema PCI aos jovens, escrito no auge das lutas estudantis; uma provocação de Pasolini, que, como intelectual, já tivera sua experiência histórica revolucionária; um poema que, a cada nova leitura recupera e reativa sua força histórica e estética. Debruçada sobre seus romances Azul e Dura, Não falei e Antônio, o texto O mundo já tinha acabado, da premiada escritora Beatriz Bracher, busca vestígios, a partir de seus personagens, de uma verdade sobre 68 que “ainda nos diga respeito de maneira sincera”. Caio é o título do artigo de Nonato Gurgel que localiza no pro- jeto literário de Caio Fernando Abreu - um herdeiro do imaginário político e cultural de 1968, de suas formas estéticas e ideológicas – a produção de uma narrativa centrada na “ação do olhar” que, dialo- gando com o cinema e outras artes, cria uma dicção alternativa, uma “estética do olhar invisível”. Ronaldo Lima Lins, em A sedução da destruição propõe um percurso investigativo cujo itinerário se inicia no tensionamento das dimensões políticas, éticas, morais, históricas, fi losófi cas e estéticas que confi gu- ram a cena contemporânea, culminando na análise do romance Noite do oráculo, de Paul Auster, em que o drama do jovem escritor Sidney Orr, um indivíduo integrado no pequeno território de sua existência abre passagem para a tematização da violência localizada na fronteira entre a interioridade e a exterioridade, nesse estreito pedaço, ao mesmo tempo nosso e terra de ninguém, temos a ganhar na evocação deste romance. 6 • Terceira Margem • Rio de Janeiro • Número 19 • pp. 5-8 • agosto/dezembro 2008 MARTHA ALKIMIN Serpentes em convulsão: Poesia e Dramaturgia é o título do artigo de Cláudia Dias Sampaio cujo investimento analítico se volta para o poema “Por você por mim”, de Ferreira Gullar e para a tragicomédia “Se correr o bicho pega, se fi car o bicho come”, escrita em parceria com Oduvaldo Viana Filho. A proposta da autora é examinar alguns aspectos da conexão entre as linguagens da lírica e do drama circunscritas nessas produções. Luís Augusto Fischer participa do dossiê com o artigo Sobre a vi- gência do regionalismo no Brasil, cujo propósito é discutir o conceito de “regionalismo”, tomando como base a atualidade brasileira, em con- fronto com a supremacia de certa crença modernista, aquela de feição vanguardista protagonizada por São Paulo nos anos 1920, que foi en- tronizada como verdade dominante no debate brasileiro. O autor pro- cura também mostrar que a literatura ocupada com o tema rural, no Brasil, constitui uma forte tradição, que é diminuída ou mesmo elidida nas descrições históricas modernistocêntricas, que o artigo combate. O dossiê conta ainda com o artigo As neo-europas e a estética do frio, de Ian Alexander, que analisa o ensaio “A Estética do Frio”, do compositor pelotense Vitor Ramil, e propõe que a relação entre o Rio Grande do Sul e o Brasil seja comparada com aquela entre a Austrália e o mundo britânico. A primeira seção compara as duas situações em termos do conceito das Neo-Europas, do ecologista Alfred Crosby; a segunda discute a utilidade do termo “nação” para descrever a cultura do Rio Grande do Sul. A terceira examina o raciocínio do texto de Ra- mil à luz de dados históricos e climáticos, comparando sua carreira com aquela do australiano David McComb, seu contemporâneo. A quarta analisa aspectos musicais e temáticos de certas músicas de Ramil e de McComb, apontando algumas semelhanças entre os dois compositores em relação às suas respectivas tradições culturais. Ficção, memória e história, sob a rubrica de 1968, constituem nes- ta edição da Terceira Margem um pequeno complexo de sensibilidades e percepções suscitadas por uma geração