Sexta-feira 16 Julho 2010 www.ipsilon.pt ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO Nº 7407 DO PÚBLICO, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE DO PÚBLICO, EDIÇÃO Nº 7407 INTEGRANTE DA PARTE FAZ ESTE SUPLEMENTO Joshua e Ben Safdie

EMMANUEL BASTIEN BASTIEN EMMANUEL Em busca da infância perdida em Manhattan “Vão-me“ buscar alecrim”, fi lme de catarse e fantasia

Prince Roman Polanski Daniel Blaufuks Andrés Neuman

“The unnamed word #4”, de 2008, é uma das duas obras que Pedro Cabrita Reis leva à exposição inspirada em Al Berto

A festa de B Fachada chega em Perto do “download” gratuito coração O EP, numa edição em vinil, só chega em Agosto, mas B Fachada das não quer perder tempo. Quer que a palavra se espalhe, computador a computador, ficheiro partilhado a imagens ficheiro partilhado. Saiba-se então que o novo disco de B Fachada, “Há A frase é dele e não deixa Festa na Moradia”, está disponível muito espaço a mais nada: artistasartistas para “download” gratuito no “site” a integrar: “Os da sua editora, www.mbarimusica. “Sinto-me como se tivesse Flash com. cegado por excesso de olhar consagradosconsagrados estavam com uumama Assim, quando chegar a edição o mundo.” Al Berto escolhidos à partida por gditgrande pintura física, já o povo e os “hipsters”, os manteve até ao fim – um fim serem citados no livro, fragmentada e Cabrita Reis fãs e os curiosos conhecerão as sete que chegou depressa (1948- tirando o Cesariny e o com duas obras: uma canções do disco que sucede ao Dacosta, que não quis celebrado álbum homónimo que o 1997) – uma relação grande cruz em ferro e uma cantautor lançou em Dezembro do privilegiada com a imagem. incluir por já terem torre de três metros de ano passado. E se esse era álbum de “Ele olhava com muita morrido. Os mais novos altura, em alumínio folhas caídas, de amores, atenção para tudo, olhava pareceram-nos brilhante. Sumário desamores e melancolias para fruir bem”, diz João Pinharanda, interessantes em diálogo Entre os mais novos a no Inverno, “Há Festa na Moradia” com os ‘clássicos’.” Joshua e Ben Safdie 6 é necessariamente diferente – ou o crítico de arte e diversidade de suportes é Em busca da sua infância não lhe chamasse o seu autor “disco comissário da exposição “A Do grupo dos “mais novos” mais vasta: João Ferro perdida de Verão”, mantendo a alternância Secreta Vida das Palavras”, fazem parte Edgar Massul, Martins faz-se representar de estações que vêm marcando a que hoje é inaugurada no Fernando Mesquita, João através de uma Roman Polanski 12 sua actividade discográfica. Centro Cultural Emmerico Ferro Martins, Nuno Cera, “performance” musical que “Fim-de-Semana no Pónei Pedro Diniz Reis e Sara O realizador-fantasma e o seu Dourado” foi o disco do Verão de Nunes e no Centro de Artes se transformará em novo fi lme 2009, “B Fachada (O Disco)” o do de Sines. Santos, entre outros. O dos instalação; Nuno Cera e Inverno do mesmo ano e “Há Festa Essa aproximação do poeta “clássicos” conta ainda com Rodrigo Tavares Peixoto Coimbra 14 na Moradia” apanha-nos com 40 português à representação José Pedro Croft, Pedro mostram fotografia; Será esta uma cidade fora do graus à sombra (ou perto disso). visual do mundo é o ponto Casqueiro, António Correia, Rodrigo Oliveira expõe sete Efusivo e saltitão, ou em descanso Ilda David ou Rui Sanches. mapa cultural? dengoso à beira da piscina, cruza de referência desta painéis com materiais da animação Variações com vago exposição que vai buscar o Enquanto os jovens artistas região e informação Daniel Blaufuks 18 requebro africano, homenageia título a um dos livros de Al criaram a partir de duas recolhida no Arquivo “Terezín”, um livro sob Sérgio Godinho com versos bem- Berto, “A Secreta Vida das breves residências na cidade Distrital de Setúbal; Vasco infl uência de W. G. Sebald humorados e, numa canção cujo Imagens” (1991). É neste e arredores, visitando os Costa opta pela instalação título, “Memórias de Paco Forcado, lugares de Al Berto que nos vol.1”, garante desde logo um par volume que o autor, que (não há como enganar, é a Jeremy Xido 26 de audições, apresenta-nos uma começou por frequentar habituámos a reconhecer na única com carvão); Sara Na performance dele, Angola personagem que se passeia pela cursos de artes plásticas em sua poesia, os consagrados Santos passa um vídeo. é um mundo novo boémia lisboeta com um único Portugal e na Bélgica, irão apresentar, na sua Jogando sempre na desejo em mente: “Eu vou ser o passeia pelo universo de maioria, obras que já foram ambiguidade entre a poesia Prince 28 puto Abrantes / Eu vou ser o Panda expostas. A única excepção Bear / Entrar onde eu quiser / grandes nomes da história e a prosa, entre o real e o O mais esperado do Festival Entrar onde eu da arte, ddesdee Fra Angélico é José Pedro Croft, que imaginário, Al Berto foi Super Bock Super Rockck quiser.”quiser.” Não há a JosepJosephh BBeyus, passando mostrará uma série de construindo um universo ddúvida.úvida. B por CézaCézanne,n Van Gogh e gravuras inéditas. Chafes, paralelo que agora paira Tigrala 36 FachadaFachada estestáá Chagall,Chagall, mmas também por por exemplo, levará à sobre “A Secreta Vida das ddee vvolta.olta. A A nova banda de Norbertoberto Cesariny, Rui Chafes, Pedro exposição um conjunto de Palavras”. João Pinharanda, Lobo é um trio de xamãsmãs mmarcaarca nnãoão enengana.gana. Capalez, JuliãoJu Sarmento e 13 bancos de ferro que que conheceu Al Berto PedroPedro CCabritaab Reis. imitam os das galerias dos quando tinha apenas 11 anos Ficha Técnica SãoSão preciprecisamentes alguns museus; Calapez participa e se tornou mais tarde seu ddestesestes artistas amigo, não tem dúvidas em Directora Bárbara Reis pportugueses que afirmar que não se trata de

Editor Vasco Câmara, Inêss Nadais ROCHA DANIEL (adjunta) JJoão Pinharanda uma exposição ilustrativa, Conselho editorial Isabel fez questão de mas de uma evocação da Coutinho, Óscar Faria, Cristinastina rreunir na importância da imagem. “A Fernandes, Vítor Belancianono exexposiçãop de Sines, a exposição tem este título, Design Mark Porter, Simonn Esterson, Kuchar Swara pprimeirarim a juntar os porque funciona como um Directora de arte Sónia dodoisis centcentrosr culturais da espelho do livro, como se Matos cidade.cidade. TTudou começou procurasse uma solução Designers Ana Carvalho, numa coconversan com Cabrita inversa à da poesia de Al Carla Noronha, Mariana ReisReis,, ddiziz PPinharanda, Berto.” “A Secreta Vida das Soares Editor de fotografi a Miguelel explicandoexplicand como foram Palavras” termina a 25 de Madeira Em vinil, o novo disco de B surgindosurgindo oos nomes dos Setembro. Lucinda Canelas E-mail: [email protected] Fachada só chega em Agosto Al Berto

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 3 Alex Turner, o líder da próximoo é a primeira vez banda Arctic Monkeys, ano. Foi quequ estão juntos. compôs várias canções Ayoade RichardRi realizou Flash Música para o fi lme inglês “The quem vvideoclipsi para Submarine”, as quais convidouou ccançõesa dos serão misturadas por Turner MMonkeys como James Ford do grupo para “Fluorescent“F Simian Mobile Disco. trabalharar adolescent”,ado “Crying O fi lme, dirigido pelo na banda–da– llightning”igh ou actor Richard Ayoade, sonora ddoo “Co“Cornerstone”.r vai estrear apenas no fi lme. Nãoão

“Gardenia”, de Alain Platel, passa por Lisboa a 18 e 19 de Fevereiro Uma retrospectiva Murakami vai invadir Versalhes com a irreverência habitual para Dennis Hopper

Paul Newman fotografado por Hopper em 1964

O teatro e a PortugalPortugal –, antropologia “mergulha na OF DENNIS HOPPER DE: THE ESTATE CORTESIA realidade” para É assim desde há 64 anos, mais entender o presente. E fá-lo outras exposições no Metropolitan anulação menos anulação (e foram misturando os ingredientes da Museum of Art de Tóquio ou no duas, em 1968 e 2003), e não há cultura popular perturbados pela Museum of Fine Arts de Boston, o razão para ser diferente. Teatro e herança do passado, ocupando os artista japonês Takashi Murakami Verão conjugados significam, espaços nobres do festival, em vai expor, a partir de 14 de sempre, Festival de Avignon. Às peças que são propostas de Setembro, nos salões nobres e nos vezes são opostos – o Sudeste intervenção sobre a própria sumptuosos jardins do Palácio de francês é abrasador, às vezes as mecânica cénica, já que Marthaler e Versalhes, em França, que em 2008 peças são tão polémicas que há Cadiot são defensores de um teatro programou uma exposição de Jeff espectadores que fervem –, mas ano que só através da exposição do seu Koons. após ano, durante um mês, afinam- artificialismo se pode sustentar – ou “Jeff Koons é um génio, eu sou se as programações da temporada seja, o real é algo inventado pelo simplesmente divertido”, disse seguinte, negoceiam-se temáticas e próprio real. Murakami ao jornal espanhol estratégias, finge-se que o discurso Quer isto dizer que nomes como “ABC”, um pouco no mesmo tom da arte pela arte pode existir sem Faustin Lyniekula, Massimo com que no ano passado dizia ao depender das condições em que é Furlan, Angélica Liddell, Gisèle “El País”: “Não sou um artista produzido. Vienne, Pierre Rigal, Boris global. Sou japonês.” E, no entanto, ano após ano, Charmatz, Phillipe Quesne (que As suas esculturas minimalistas, os espectáculo após espectáculo, sala vimos em Serralves, Maria Matos, quadros de cores garridas e traço cheia atrás de sala cheia, as filas de Citemor, Culturgest, Centro Cultural negro, os seus balões insufláveis espera fazem-se para os hotéis, as de Belém) terão em Avignon o palco gigantes, os relógios, almofadas e lavandarias, os restaurantes, os aberto para uma exposição mais outros objectos em série, a sua arte bilhetes, os debates e os mergulhos precisa sobre o que ainda se pode atenta e desafiadora – como resume na piscina, já que o rio sobre o qual fazer a partir do interior da própria a pequena biografia do artista as meninas dançavam há muito que máquina teatral. Tal como Alain apresentada no “site” do Palácio de está poluído (e a ponte nunca mais Platel, que apresentou “Gardenia” Versalhes – chega a todo o lado, mas foi reconstruída). E à noite (e por no passado fim-de-semana, feito a a verdade é que, insiste, é a sua É uma espécie de testamento campo da escultura e da vezes de tarde, e muitas vezes de partir de depoimentos, e corpos, de condição de não-ocidental que lhe artístico de Dennis Hopper – instalação multimédia, mas manhã) há teatro em cada esquina travestis, que na sua exposição molda o olhar sobre o mundo. mês e meio após a sua morte, o praticamente sem material – e não estamos a ser metafóricos. “trabalham na busca de um sentido E isso estará reflectido na forma Museu de Arte Contemporânea anterior a 1961 (a maior parte Parece, e é, um festival de Verão, para o termo autêntico” como se deixou inspirar pela de Los Angeles inaugurou no desaparecida num incêndio ostensivo, polémico, polinsaturado, (“Gardenia” chega ao CCB em residência real mandada construir passado dia 11 a exposição desse ano que destruiu o seu criado por Jean Vilar com o Fevereiro). por Luís XIV. “Para um japonês Dennis Hopper Double estúdio). Em vida, aliás, objectivo de rasgar a paisagem A escolha de “artistas com como eu, o Palácio de Versalhes é Standard. Trata-se da primeira Hopper fora um ávido cultural francesa e europeia, e hoje percursos e discursos difíceis de um dos maiores símbolos da retrospectiva do trabalho do coleccionador de arte (foi o dirigido por Hortense Archambault descrever” responde a uma vontade história ocidental”, escreveeve realizador de “EasyEasy Rider” actor Vincent Price quem lhe e Vincent Baudriller. Este ano, até de pensar o próprio festival, esse Murakami. “É um emblemama de ETHAN MILLER/AFP no camcampopo ddasas aartes passou o “bichinho”), 27 de Julho, a poesia e a música paquiderme da cena internacional, uma ambição de elegância,ia, ddee plásticasplásticas realizadarealiz por possuindo obras de artistas atravessam a programação, bem tão difícil de ignorar como de viver sofisticação e de arte comm que a umum mmuseuuseu como Andy Warhol, Roy como a vontade de “pensar o com ele. Tiago Bartolomeu Costa maioria de nós apenas podeode americano, Lichtenstein ou Jean-Michel colectivo” – afinal é nos anos de sonhar. (...) Talvez a Versalhessalhes da aabarcandobarcando os seus Basquiat, para além de maior crise que as liberalizações de minha imaginação correspondasponda a 6060 anos de cacarreirar publicar vários livros de costumes se dão e, para mais, 2010 A arte pop de uma visão exagerada e artística paparalelaral ao fotografias e realizar várias marca os 30 anos de uma política Murakami chega ao transformada e que se tenhanha ssuaua ““actividadeacti exposições. Nunca, no entanto, estratégica para o sector cultural tornado numa espécie dee oficial”oficia de ao nível da abrangência da em França. “As noções de público, Palácio de Versalhes mundo completamente à actoract e exposição de Los Angeles, de serviço público e de bem público parte e irreal. Foi isso quee realizador.re comissariada por Julian estão na base desta programação”, É um dos artistas contemporâneos tentei retratar nesta AsA obras Schnabel e que estava já pronta explicaram os seus directores em mais cotados no mundo, exposição. Sou como o eexpostas antes da morte de Hopper, a 29 conferência de imprensa em Maio. comparado a Jeff Koons, pelo Gato Cheshire de ‘Alice noo vvão de de Maio, aos 74 anos. O título E porque o teatro vive dessa “kitsch” e colorido ao estilo banda País das Maravilhas’ comm uum da retrospectiva, patente até 26 permanente insegurança de não desenhada das suas obras, mas o seu sorriso diabólico. quadro de Setembro e reunindo mais saber a quem se dirige, a ainda pela legião de fãs (e também (...) Com um largo datado de 200 peças (muitas delas programação, definida em de críticos) que ambos arrastam em sorriso, convido-vos a Dennis Hopper de 1955 cedidas pelo próprio Hopper), colaboração com os artistas todo o mundo, e pela presença descobrirem o País das aaté vem de uma fotografia de 1961 associados – o encenador Christoph assídua nos museus mais Maravilhas de ppeças onde se podem ver... dois Marthaler (de quem vimos “Winch importantes. Depois da Versalhes.” A exposição mmais letreiros de uma estação de Only” na Gulbenkian, em 2007) e o retrospectiva do ano passado no pode ser vista até 12 de rrecentesece no serviço da Standard Oil. J.M. escritor Olivier Cadiot, inédito em Museu Guggenheim de Bilbau, e de Dezembro.

4 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon APRESENTAÇÃO AO VIVO LANÇAMENTO EXPOSIÇÃO AGENDA CULTURAL FNAC entrada livre entrada livre

LANÇAMENTO PENSAR AMÁLIA/ AMÁLIA DOS POETAS POPULARES AOS POETAS CULTIVADOS Rui Vieira Nery & Vasco Graça Moura Rui Vieira Nery e Vasco Graça Moura dão a conhecer os seus pensamentos e o olhar sobre os fados, a voz e os poetas que Amália Rodrigues cantou. 20.07. 18H30 FNAC COLOMBO 23.07. 18H30 FNAC CHIADO

AO VIVO JORGE FERRAZ TRIO Humanos Abençoados e Outros Contos Jorge Ferraz Trio apresenta ao vivo um espectáculo de música, poesia e imagem, em suma, a porta de entrada para um mundo de GuitarTrónica e canções de adeus com ruídos, ritmos e imagens.

16.07. 18H30 FNAC CHIADO 17.07. 21H30 FNAC COLOMBO

AO VIVO FILHO DA MÃE Novos Talentos Fnac 2010 Numa mescla entre a guitarra portuguesa e a clássica, o novo trabalho deste artista de Lisboa já tem um tema integrado na compilação Novos Talentos Fnac 2010. 18.07. 17H00 FNAC CASCAISHOPPING 23.07. 22H00 FNAC ALGARVESHOPPING 30.07. 22H00 FNAC LEIRIASHOPPING

AO VIVO PINTO FERREIRA Pinto Ferreira Os Pinto Ferreira são responsáveis por canções que viajam por ambientes bipolares entre sentimentalismos ingénuos, amores obsessivos e a estupidez humana. 23.07. 22H00 FNAC ALMADA 24.07. 17H00 FNAC COIMBRA 24.07. 22H00 FNAC LEIRIASHOPPING

EXPOSIÇÃO A REVOLUÇÃO DE ABRIL NO OLHAR DE CARLOS GIL Fotografias de Carlos Gil A Fnac, em parceria com a Fundação Mário Soares, expõe um conjunto de imagens que pretende recordar um percurso deste país, desde o fim da ditadura até ao fim do sonho de uma revolução de esquerda. 21.07. - 21.09.2010 FNAC GAIASHOPPING

Consulte todos os eventos da Agenda Fnac, assim como outros conteúdos culturais em http://cultura.fnac.pt

Apoio: Ponte para a infância de Josh e Ben Safdie Dois irmãos, o caos na infância e a necessidade de catarse. Dois cineastas, o fi lme do trauma e uma transbordante fantasia. Que nos rapta. Uma das estreias do ano: “Vão-me buscar alecrim”/“Go get some rosemary”. Em busca da infância perdida de Joshua e Ben Safdie com a ponte Queensboro em fundo. Vasco Câmara (texto) e Emmanuel Bastien (fotos) em Nova Iorque

Joshua e Ben Safdie fizeram a educa- Contemplam um pedaço da memó- comum, mas no caso deles ganha mes- ção sexual na Queensboro Bridge com ria, e a verdade é que a sequência do mo sinais de vida – cinematográfica. “Benny e eu o carro do pai imobilizado no trânsi- filme experimenta-se como uma epi- Quando, em “Vão-me buscar ale- to e as bujardas de Howard Stern na fania. crim”, filmam Lenny a pôr os filhos andávamos a precisar rádio. Os nova-iorquinos exaspera- Quando embarcam no apelo “triun- “K.O.”, a dormir com comprimidos, disto, e a única forma vam com as filas no único acesso grá- fante” daquela hipótese de fuga de para os miúdos não se assustarem tis a Manhattan e desenvolveram uma Manhattan, os Safdie estão a referir-se com a sua ausência porque teve de de fazermos a catarse relação de ódio com a ponte. Mas Paul a um momento no filme em que um substituir um colega na cabine de pro- Simon, por exemplo, gostava e fez-lhe pai divorciado, Lenny, misto de má- jecção, Joshua e Ben até podiam es- da nossa infância, Capa uma serenata em andamento : é ouvir gico, aldrabão e disfuncional compul- perar que os espectadores do filme “The 59th Street Bridge Song sivo (profissão: projeccionista), en- se dividissem. Mas não esperavam para sabermos (Feelin’Groovy)” do álbum “Parsley, contra finalmente um acordo no seu reacções tão “politicamente correc- como foram os nossos Sage, Rosemary and Thyme”, de Si- tempo e no tempo dos seus dois fi- tas” de alguma imprensa americana mon & Garfunkel, 1966. Joshua e Ben lhos. Como se só a bordo do teleféri- que os vê como vítimas de abuso. primeiros 11 anos passaram a infância ali. A entrarem e co, no ar, afastado da terra, os conse- saírem de Manhattan. Por baixo da guisse raptar ao caos que ele próprio Joshua: “Percebemos que aquela de vida, era ficcioná- Queensboro, um Grand Canyon de cria. É uma vitória mas também é cena podia ser um ponto de viragem, asfalto – a Primeira Avenida –, o East uma derrota. mas estávamos sobretudo preocupa- la. Há uma razão River, Roosevelt Island e o subúrbio Eles são Lenny (Ronald Bronstein) dos com o que aquilo significava pa- onde eles viviam, Queens. Por cima, e Sage e Frey (na vida real filhos de ra nós e não para a sociedade ame- para os gregos terem um teleférico vermelho. Lee Ranaldo dos Sonic Youth) e estão, ricana.” inventado o teatro” obviamente, no lugar de Alberto, o Joshua: “Todos aqueles cabos, e no pai, e dos irmãos Joshua e Ben. Que Talvez pressentindo o pudor do Joshua Safdie entanto um elemento de leveza. A são também filhos de um casamento jornalista em explicitar a pergunta (“o liberdade que aquelas pessoas que que cedo acabou. O pai não era pro- vosso pai drogava-vos com compri- vão no teleférico têm. Como uma es- jeccionista mas filmou obsessivamen- midos?”), Joshua antecipa-se: “Aque- Josh e Ben Safdie na pécie de fuga. Tudo parece pesado, te a infância dos filhos. Quando lhes la cena está no lugar de outros dramas Queensboro Bridge, uma ponte e no entanto quando o teleférico le- quis explicar o que tinha sido a vida que nos aconteceram. Mas a verdadedade para a memória da infância vanta...”. familiar, encurtou o discurso e deu- é que a relação das pessoas com a in-in- lhes como exemplo a batalha entre fância é culturalmente grosseira.. PePe-- Joshua e Ben perguntavam-se quan- Dustin Hoffman e Meryl Streep pela lo menos na sociedade americana.a. As do eram crianças: para onde iam posse do filho em “Kramer contra excessivas precauções repugnam-me.-me. aquelas pessoas? Kramer”, o filme de Robert Benton. Interessa-me quando as crianças são Passaram 15 anos, o teleférico já E um dia depositou-lhes nas mãos as tratadas como outras pessoas.” não levanta – obras de remodelação centenas de horas de imagens deles. Joshua e Ben não (se) olham comoomo só voltam a pôr a funcionar o meio Portanto, para Joshua e Ben, a vida vítimas. O que aprenderam comm Al- de transporte para Roosevelt Island vive-se para ser documentada. Por- berto – e o que os filhos de Lenny ppro-ro- em Setembro – mas os irmãos con- tanto o cinema tinha de ser o legado. vavelmente aprenderão com o paiai dede templam, numa manhã de Junho com E tinha de ser biografia. “Vão-me buscar alecrim”, emborabora temperatura de Agosto, o cenário on- Sabem que são filhos do trauma. Há nunca se vá saber como essa históriaória de filmaram a sequência final da sua anos que os amigos lhes dizem que a vai acabar... – é que o caos e a disfun-fun- longa-metragem “Vão-me buscar sua infância dava um filme e que de- ção podem ser uma explosão de fan-fan- alecrim”/“Go get some rosemary”. viam fazê-lo. Esse pode ser um lugar- tasia. “Vão-me buscar alecrim”m”

6 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 7 8 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Josh e Ben, crianças, com o pai (à esquerda). Lenny, o pai de “Vão-me buscar Alecrim”, e os seus filhos

começa por parecer um estudo de “Somos filhos desta personagem e de cidade, tem mo- mentos de “screwball comedy” cris- personagem, que pada, mas é permeável pelo fantásti- co e pela ficção científica, como uma está dentro de nós. energia intrusiva que corrói o edifício mas o cinema continua ancorado no revirar os olhos. Dizem eles que antes trar em www.redbucketfilms.com, o por vários lados (há por lá um insec- Este filme foi a forma pai: os anos em que ele trabalhou no de se falar de Cassavetes tem que se sítio em que os irmãos apresentam as to gigante, como um urso polar se mundo “obscuro” das jóias. falar de “Ladrões de Bicicletas” de várias plataformas do trabalho da sua cruzava no “road movie” de uma de entendermos Vittorio de Sica (1948) ou de “Bleak produtora, Red Bucket Films, que cleptomaníaca em “The Pleasure of que há mais de uma Joshua: “Benny e eu andávamos a Moments” de Mike Leigh (1971). Mas partilham com três amigos e colegas Being Robbed”, obra a solo de Joshua, precisar disto, e a única forma de se calhar nem se deve começar pelo da universidade de Boston. É uma de 2008). década andamos fazermos a catarse da nossa infân- cinema. associação de gostos e impulsos indi- É como um assalto. E quem é assal- cia, para sabermos como foram os viduais mas disponíveis para a soli- tado é o espectador, sem possibilida- a estudar nossos primeiros 11 anos de vida, era Joshua: “Nunca a referência a filmes dariedade: quando um deles precisa, de de se acostumar a um registo, fi- ficcioná-la. Há uma razão para os foi um tema nas nossas conversas. E os outros põem-se ao serviço do pro- cando ao sabor angustiante da desor- o comportamento gregos terem inventado o teatro. Re- na verdade não tínhamos visto ne- jecto alheio com a função que for ne- dem de Lenny. A necessitar de um criar apenas a nossa infância não nhum filme de John Cassavetes antes cessária. E a experiência com a ficção momento de descarga, a sequência dele” tem interesse, é mais interessante de fazermos este.” não se fica só pelos filmes, estende-se final no teleférico. O Ípsilon marcou Joshua Safdie como a vivemos. Por isso, é como Ben: “Não é verdade. Tínhamos vis- aos livros, fanzines e ambiciona che- encontro com os Safdie no local do quando contamos a alguém um so- to ‘Uma Mulher sob Influência’. E gar ao museu, expondo os objectos crime, Rua 59, Manhattan. O momen- nho: temos que acrescentar sempre não te esqueças que tínhamos um que vão coleccionando no seu périplo to em que uma ficção termina em um ponto para tornar a coisa mais professor na universidade de Bos- pelas cidades – como Lisboa, por ascensão foi o início dos Safdie como interessante.” ton, Ray Carney, que escreveu um exemplo, onde estiveram a apresen- cineastas tal como os conhecemos livro sobre Cassavetes e sobre a na- tar o filme no IndieLisboa deste ano hoje, autores de longas, curtas e cur- E os dois olham para os cartazes tureza maníaca das personagens e a receber o prémio principal do fes- tíssimas metragens. que anunciam o novo teleférico re- dele. Essa natureza corresponde a tival. O “twist” é que nesse mostruá- modelado que vai surgir em Setem- um certo modo de vida que tem a ver rio de objectos, histórias e filmes, o Joshua: “Somos filhos desta perso- bro. Já não vai ser como antes. com Lenny. Mas, se se reparar, Cas- verdadeiro está misturado com o fal- nagem, que está dentro de nós. Este savetes estava demoradamente com so, o documental com o ficcional. filme foi a forma de entendermos Ben: “Este filme mostra pela última as suas personagens, até à exaustão, Mas entre-se em www.redbucketfil- que há mais de uma década anda- vez o teleférico tal como era. Lá vão e nós obrigamos o espectador a sal- ms.com, veja-se a série “Buttons”, mos a estudar o comportamento outra vez dizer que ‘Vão-me buscar tar de situação em situação, quase instantâneos, alguns só duram segun- dele. Mas também somos uma espé- alecrim’ é um filme de época.” que o frustrando.” dos, de Nova Iorque que Joshua e Ben cie de pai dele. O nosso pai tem hoje Joshua: “Sim, não é possível sinte- roubam à cidade com as suas câmaras 50 anos mas não vamos ter com ele O teatro de uma cidade tizar as coisas no nome Cassavetes. digitais. Ou então as curtas em que para pedir conselhos. Ele é que vem É verdade que a pergunta surge insis- Se tem que se falar de filmes que es- Nova Iorque e arredores surgem ter connosco para nos pedir conse- tente: em que época se passa “Vão-me tiveram antes deste, então temos de transfigurados, habitando um tempo lhos. A minha mãe e o meu pai já buscar alecrim”?. Há quem jure que falar de ‘Milestones’ de Robert Kra- que não é imediatamente reconhecí- viram o filme. Ele umas oito vezes. esta Nova Iorque suja só existiu assim mer [1975].” vel, e entre o burlesco (a presença Ela, que não vive com ele já há uns Josh e Ben com os seus actores no cinema americano dos anos 70 e “keatoniana” de Ben como actor) e o 20 anos, não tem memória dele por (Ronald Bronstein e Sage e Frey que estas personagens, Lenny sobre- O nome de Cassavetes pode pare- onírico, levando o espectador a que- isso para todos os efeitos, o Lenny Ranaldo) na rodagem de uma tudo, estão sob influência, como nos cer incontornável, mas novas visões rer insistentemente datá-lo. Isto para do filme é a cara do meu pai. E claro, cena de “Vão-me buscar filmes de John Cassavetes. Menciona- do filme mudam a forma de engavetar dizer que, afinal, é menos o cinema acha que o filme é uma ‘carta de alecrim” se o nome e Joshua e Ben ameaçam “Vão-me buscar alecrim”. Isso e en- e mais a relação com a cidade que ódio’ ao ex-marido. Ele, pelo contrá- está na base daquilo que os Safdie fa- rio, acha que os seus defeitos são as zem. Temos por isso que confessar suas qualidades. O facto de cada um que esperávamos encontrar na Rua ver o filme a partir da sua própria 59 dois rapazes a verem o mundo avi- realidade faz sentido para nós.” damente com as suas câmaras digi- tais, como se só elas provassem que O estudo da personagem continu- “aquilo” aconteceu, mas afinal quem ará, porque a próxima longa que os apareceu foram dois exemplares de irmãos estão a escrever, “Uncut ge- uma outra vertigem, proustiana, à ms”, passa-se no mundo da indústria moda de Manhattan. da joalharia, “ali para a Rua 47”. A escolha pode parecer uma guinada Joshua: “Se nos encontrasse há um depois de “Vão-me buscar alecrim”, ano era assim que nos veria, mas

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 9 O cartaz que anuncia a paragem e reactivação do acesso a Roosevelt Island “Trabalhei depois numa loja de ví- “Queremos sempre deo e ele era a única pessoa que esta- va autorizada a levar filmes grátis. desesperadamente Quantas vezes vi depois o Abel na rua captar o agora, mas à noite, e a chamar por mim [imita a voz rachada de Ferrara]: ‘Josh, Josh, nunca conseguimos dá-me dinheiro.’ Ele é o verdadeiro poeta da rua de Nova Iorque. Fazia porque a partir sentido para nós que numa determi- nada cena do filme ele entrasse em do momento em que contacto com Lenny.” o filmamos é sempre Mais “teatro de uma cidade”: “Ou- tro dia vi um rapaz na rua com o som passado, estamos muito alto a sair de uma ‘boombox’ e a dançar e alguém pediu para ele bai- sempre a olhar para xar o som e ele respondeu: ‘Fuck, I’m taking my city with me’. Esta cidade trás. Mas é um precisa da anarquia individual. A in- felicidade adora companhia. Não que- passado lembrado ro que Nova Iorque seja um gigantes- no presente, co Starbucks. Gosto de ter medo das pessoas na rua, se calhar porque isso não é o passado me distrai dos meus problemas.” E o perigo espreita em Nova Iorque. pelo passado” Não um mosquito gigante não um urso polar, mas o irascível Dirty Harry trans- Ben Safdie portado de São Francisco para Manhat- tan e disfarçado de papagaio. “Give me depois começou a tornar-se um pro- dor, tornado aqui actor, uma série de nagem perfeita para aquilo que ele your finger and make my day!”, mesmo blema. Estávamos a viver experiên- discos que ele era suposto andar a chama “the theatrics of the city”. numa esquina de acesso à Queensboro cias apenas para as registar, apenas vender na rua, numa sequência do Conheceu-o, quando tinha 18 anos, Bridge, é um íman que atrai Joshua e pelo dispositivo. Resolvemos suspen- filme. E foi Ferrara que escolheu o de uma forma que deverá ser muito Ben Safdie. Dentro da loja de animais, der isso. Estamos agora a enveredar singer- negro dos anos 70 nova-iorquina: Ferrara era vizinho de asas abertas e “hellos” e “goodbyes” por uma abordagem mais interior, de no meio dos discos “modernos” que um amigo dos irmãos Safdie, e do papagueados ao melhor estilo rachado recriação. Mas é verdade que há um a produção pôs à sua disposição. Não apartamento onde morava muito ba- de Abel Ferrara. ano poucas pessoas andavam com as houve nenhum preciosismo ou cal- rulho antecipava invariavelmente Isto é “Vão-me buscar alecrim”. suas câmaras digitais e hoje é o que culismo de época. “uma porta que se abria e alguém que toda a gente faz. E, sim, são as coisas Ferrara, para Joshua, é uma perso- era atirado pelas escadas abaixo”. Joshua e Ben Ver crítica de filmes págs. 40 e segs. que vemos nas ruas de Nova Iorque que estão na origem de algumas das cenas dos nossos filmes.” Josh resume: “The theatrics of the city.”

Mas então “Vão-me buscar alecrim” é passado ou é presente? Por que é que anda por lá Abel Ferrara (um “ca- meo”) a falar em Bill Withers, singer songwritter dos 70s? É tudo hoje, “agora”, mas como Ben se encarrega de explicar, isso também é tudo “pas- sado”.

Ben: “Queremos sempre desespera- damente captar o agora, mas nunca conseguimos porque a partir do mo- mento em que o filmamos é sempre passado, estamos sempre a olhar para trás. Mas é um passado lembra- do no presente, não é o passado pelo passado. É a memória de coisas que passaram. Pode datar-se a memória? Eu diria que a nossa Nova Iorque é intemporal.”

Era disso que falávamos, Proust em Manhattan – Ben fala menos, embora compense o maior voluntarismo di- cursivo do irmão com uma disponi- bilidade no olhar que é transbordan- te e com uma capacidade de síntese que ilumina o que Josh acabou de di- zer; a sintonia, de resto, é de siame- ses, assim como a pulsão para a pan- tomima. Sobre Ferrara e Bill Withers, Joshua explica então que deram ao realiza-

10 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon apresenta SÃO © Isabel Pinto LUIZ

ANTÓNIO PINHO VARGAS LAURENT FILIPE GROOVE4TET JUL~1O PQ.MARECHAL CARMONA CASCAIS JARDIM CERCO MAFRA o são luiz NOITE DE JAZZ no festival EM PORTUGUÊS DEOLINDA de almada 17JUL 20JUL

HIPÓDROMO CASCAIS PQ.MARECHAL CARMONA CASCAIS MARIA BETHÂNIA CORINNE CELSO FONSECA BAILEY RAE 9, 1O, 16 E 17 JUL 22JUL 24JUL ALDINA CASCAIS HIPÓDROMO 25JUL DIANA KRALL PQ.MARECHAL CARMONA 27JUL CLUB DES BELUGAS Orchestra 28JUL ELVIS COSTELLO & THE SUGARCANES 29JUL SOLOMON BURKE Special Guest JOSS STONE DUARTE WWW.TEATROSAOLUIZ.PT MAFRA JARDIM DO CERCO 23JUL ORQUESTRA www.cooljazzfest.com POR OLGA RORIZ BUENA VISTA SOCIAL CLUB® Feat. OMARA PORTUONDO SEXTA E SÁBADO ÀS 21H00 SALA PRINCIPAL M/3 Bilhetes à venda na Ticketline (www.ticketline.pt) e locais habituais

NAMING SPONSOR PRESENTING SPONSOR OFFICIAL SPONSOR OFFICIAL CAR INSTITUTIONAL SPONSOR MEDIA PARTNERS PARTNERS SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL BILHETEIRA DAS 13H ÀS 20H RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO, 38; 1200-027 LISBOA T: 213 257 650; [email protected] [email protected] / T: 213 257 640 BILHETES À VENDA NA TICKETLINE E NOS LOCAIS HABITUAIS

Quinta das Lágrimas, Coimbra 16 de Julho a 1 de Agosto 2010

Concerto Köln Francisco Manso Viriato Soromenho Orquestra Francisco Nunes de Coro dos Antigos Paulo Constantino Orquestra Clássica Nelson Geada Bernardo Sassetti Sónia Alcobaça Marques Gulbenkian Carvalho Orfeonistas da UC Casa da Esquina do Centro Orquestra Geração Quarteto de Cordas António Ferreira José Bento dos Coro Sinfónico Lisboa Ana Quintans Albano Lourenço Jorge Calado Miguel Henriques Cristina Castel- Cantat de Matosinhos Beatriz Batarda Santos André Gago João Pedro Rodrigues Leonor Nazaré Jacques Perrin Branco Angles Cesário Costa Camaleão Santi Santamaria TEUC Orquestra Joachim Koerper Abílio Hernandez Ana Moura Etsuko Hirosè Rui Ferreira dos Joana Carneiro António Barros Metropolitana Alexandre Ramires João Tavares Companhia de Dança de Lisboa Helena Freitas António Augusto Paulo Ribeiro Santos Pedro Burmester João Miguel Lameiras Vítor Dias Aguiar Carlos Barretto António Pinho Vargas

Ver o programa completo em www.festivaldasartes.com

Mecenas das Artes Mecenas do Festival Patrocinadores

Apoios Há tantos fantasmas à solta por “O gem. Alguém nos trinta e muitos, que Escritor-Fantasma” que davam para se sente levemente aquém do que po- encher uma casa assombrada. Mes- dia dar, mas bastante confortável com mo que o fantasma do título não te- a vida que leva.” nha nada a ver com espectros ou as- O romancista, na conferência de sombrações, e tudo com uma expres- imprensa, confessara adorar a ideia são inglesa que, no mundo da edição de ser um escritor-fantasma, ao mes- livreira, designa os verdadeiros auto- mo tempo que “não conseguia imagi- res das obras assinadas por figuras nar ninguém com uma profissão públicas. Escritores que têm o grosso pior”; mas McGregor desmenti-lo-á. do trabalho, mas nunca são credita- “O Robert fala disso como um peque- dos, como a personagem aqui inter- no defeito. Ser um escritor que aceita pretada por Ewan McGregor, que dá que o seu nome nunca apareça em por si embrulhado numa sinistra in- nada implica um certo fracasso, e pen- triga política, quando aceita reescre- so que há alguma verdade nisso. Mas ver as memórias de um antigo pri- gosto da ideia de ele ser muito bom meiro-ministro inglês. naquilo que faz, como no primeiro Mas esse “escritor-fantasma” do encontro com Adam Lang, em que ele título transmutou-se algures durante responde que faz as perguntas e de- os últimos meses no “realizador- fan- pois torna as respostas em prosa.” tasma” que o assina: Roman Polanski. Interpretado por Pierce Brosnan, Confinado ao seu “chalet” de Gstaad Lang é o primeiro-ministro britânico pelo complexo folhetim judicial que cujas memórias a personagem de Mc- o persegue desde que, em 1977, fugiu Gregor é contratada para reescrever à justiça americana para evitar ser Ewan McGregor é o “escritor- após a morte suspeita do seu prede- preso por abuso de uma menor na fantasma” do título, contratado cessor. Inevitavelmente, o nome de sequência de um julgamento no mí- para reescrever as memórias do Tony Blair vem à baila — é um dos nimo controverso, Polanski termina- primeiro-ministro Pierce fantasmas políticos de um filme que ra a rodagem de “O Escritor-Fantas- Brosnan se estreou no exacto momento em ma” e estava já a montar o filme quan- que se falava da possibilidade de Blair do foi preso na Suíça, em Setembro cima da mesa, enquadrava a câmara, ser levado a tribunal devido ao envol- de 2009. Supervisionou a finalização dizia o que achava da luz da parede... vimento inglês na guerra do Iraque, da montagem à distância, mas por Se as coisas não forem como ele ima- destino reservado no filme à perso- razões evidentes não pode dar a cara gina, ou pelo menos como as vê en- nagem de Brosnan. para o defender. quanto escreve, e se não estiverem a Na conferência de imprensa, o ac- De certo modo, é apropriado: um correr do modo que ele quer, pára tu- tor irlandês diz sem pejo que o seu filme sobre um escritor-fantasma, as- do. Nem sequer espera pelo fim do Lang não é Blair. “A primeira coisa sombrado pelos fantasmas da política ‘take’; pára tudo e começa a refazer. E, que perguntei ao Roman foi: ‘Estou a recente e do cinema clássico, só podia de certo modo, o modo como interpre- fazer de Tony Blair?’ E ele disse-me: ser assinado por um realizador-fan- to o escritor tem tudo a ver com isso. ‘Não, esquece isso, limita-te a inter- tasma. Que sabe tudo – mas nada po- Tive o luxo de estar com ele durante pretá-lo.’ O que foi muito libertador. de dizer. toda a rodagem e aprendi muito rapi- Comecei a pensar em termos de uma damente o que lhe agradava e o que personagem shakespeareana, um rei O fantasma do realizador Alguns dias depois, numa das me- humor: “Ele já tinha interpretado to- lhe desagradava, uma sensação do que que se perdeu pelo caminho. Lang No Festival de Berlim, onde “O Escri- sas-redondas com a imprensa inter- dos os papéis na sua cabeça à medida ele queria de mim.” começa como um actor e torna-se tor-Fantasma” teve a sua estreia mun- nacional no luxuoso hotel Adlon, on- que escrevia. É totalmente responsá- num homem que está a representar dial a concurso em Fevereiro último, de o Ípsilon esteve presente, o actor vel por tudo o que acontece no seu O fantasma da política um primeiro-ministro...” o elenco e a equipa que se deslocaram escocês insiste em desiludir a impren- ‘plateau’. Sinto que ele é tão respon- O “escritor-fantasma” de McGregor McGregor confirma: “Se o Pierce em peso foram sondados, radiogra- sa que espera do elenco que sejam sável pela minha interpretação como (tanto mais fantasma quanto o seu estivesse a fazer de Blair não teria fun- fados, questionados como se fossem porta-vozes das emoções e ideias de eu próprio. Não só me dirigiu, como nome nunca é usado no filme...) é a cionado, desde logo porque não tí- “linhas directas” para o que Polanski um Polanski “amordaçado” pelas cir- dirigiu até a minha ‘performance’.” única personagem que atravessa o nhamos pretensões de estar a contar quis fazer. Não só a equipa deste filme cunstâncias. “O Roman não é alguém Um realizador tão responsável pela filme de ponta a ponta – “Estive no uma história verdadeira. É uma fic- – os actores Ewan McGregor, Pierce que fale muito dos seus sentimentos. interpretação como o seu actor? Na ‘plateau’ o tempo todo, do princípio ção. Claro que o Adam Lang foi muito Brosnan e Olivia Williams, o compo- Gosto muito dele, adorei trabalhar mesa-redonda do Adlon, McGregor, ao fim, e os outros actores chegavam, influenciado pelo Blair quando o Ro- sitor Alexandre Desplat, os produto- com ele, mas não creio ser alguém a que dissera ter terminado a rodagem partiam, voltavam... Houve um bloco bert escreveu o romance.” O roman- res Robert Benmussa e Alain Sarde e quem ele abrisse o seu coração. Não com a sensação de ter sido desafiado de tempo em que era eu e o Pierce, cista anui: “O livro foi escrito em 2007 o co-argumentista Robert Harris, au- o conheço assim tão bem.”O que não enquanto actor pela exigência de Po- depois eu e a Olivia [Williams], depois e desde então a realidade conspirou tor do romance que lhe está na ori- é dizer que a experiência não tenha lanski (ele próprio actor), explica me- eu e a Kim [Cattrall], depois uma sec- para fazer do filme mais documentá- gem – mas até, por exemplo, Ben Kin- sido intensa para toda a equipa. lhor o que quer dizer. “Quando cria- ção no meio em que estivemos todos rio do que ficção – a revelação dos gsley, em Berlim para promover Voltamos à conferência de impren- mos uma personagem, fazemo-lo a juntos durante uma ou duas sema- voos de rendição da CIA que aterra- “Shutter Island”, de Martin Scorsese, sa: Pierce Brosnan sentiu que tinha de partir de conversas, imaginação, coisas nas” – e essa presença tem sido re- ram no Reino Unido, o MI5 estar a mas que trabalhou com Polanski em estar “em pico de forma para este que sabemos sobre ela. Depois, o rea- compensada com algumas das suas receber provas resultantes desses in- “A Noite da Vingança” (1994). grande cineasta”; Robert Harris, ao lizador dirige essa interpretação atra- melhores críticas em muitos anos. terrogatórios, foram coisas que o fil- É uma situação invulgar, como descrever o processo de adaptação do vés das cenas e o seu caminho através No dossier de imprensa, Robert me pareceu prefigurar... Todos os li- Ewan McGregor reconheceu na con- seu romance, chama ao realizador “lá do filme. Mas, com o Roman, senti que Harris elogiava o actor por ter aceite vros que escrevi são de algum modo ferência de imprensa sobrelotada que bem no fundo um actor do Método”. ele também estava muito envolvido interpretar uma personagem tão in- políticos, e um dos fantasmas do livro deixou dezenas de jornalistas à porta “Enquanto trabalhávamos, ele corria com o modo como a representei. É co- definida, tão “em branco”, mas Mc- é a ideia de a Grã-Bretanha já não ser do salão nobre do hotel Hyatt, a aco- pela sala a representar o argumento.” mo se ele também estivesse dentro da Gregor negá-lo-á mais tarde, explican- um poder independente – temos a tovelarem-se frente aos televisores Alexandre Desplat diz: “Estar com ele personagem. É muito picuinhas, mui- do: “O guião era muito claro, não sensação de sermos apenas um 52º que a transmitiam em directo. “É mui- na mesma sala mexe connosco, há to perfeccionista – passava cinco minu- senti que houvesse ‘buracos’ para estado americano.” to estranho ele não estar aqui, porque uma energia e um humor que se trans- tos a organizar as garrafas num armário preencher. Penso que é porque o Ro- Mas McGregor, dias depois, no é o filme dele e nós somos apenas pe- mitem.” McGregor descreve-o como mesmo que nunca aparecessem foca- bert e o Roman o escreveram muito Adlon, aconselha a que não se leia ças na sua visão.” exuberante e com grande sentido de das, arranjava tudo o que estava em bem, senti que podia ‘ver’ a persona- demasiada intenção no que é essen- O realizador-fantasma Roman Polanski dirigiu um policial hitchcockiano sobre um autor que escreve em nome de outros e é apanhado numa intriga que o transcende. Mas entre a rodagem e a estreia de “O Escritor-Fantasma”, o realizador polaco deu por si apanhado no folhetim judicial que o persegue há mais de 30 anos –e o fi lme sobre o “escritor-fantasma” tornou-se no fi lme de um realizador-fantasma. Jorge Mourinha, em Berlim

12 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon “Polanski é muito perfeccionista. cialmente casualidade: “Claro que é evoca na conferência de imprensa – os Se as coisas não Chandler puro! E disse-me que há uma história sobre a política e os po- “thrillers” de Alfred Hitchcock, cheios muito tempo que queria fazer outro líticos, que comenta acontecimentos, de inocentes arrastados para situa- forem como imagina, filme deste género” – a última vez que tópicos, o envolvimento do primeiro- ções de perigo. o fizera foi “Frenético”, com Harrison ministro na guerra do Iraque, a intri- Mas é o único fantasma abertamen- nem sequer espera Ford, em 1988. ga, o engano, as facadinhas nas costas te assumido por todos – afinal, Polanski pelo fim do ‘take’. Inevitavelmente, há uma pergunta que acontecem na política... Mas acho nunca escondeu o seu gosto pelo cine- a fazer: será que o caso Polanski afec- o elemento político mais interessante ma de género (alguns dos seus filmes Pára tudo e começa ta a resposta ao filme? A crítica inter- desde que acabámos a rodagem. Na mais emblemáticos e de maior sucesso nacional tem sido unânime no elogio altura, não passei muito tempo a pen- foram entradas de género como “A Se- a refazer.” a “O Escritor-Fantasma”, que saiu de sar no assunto. Estava muito mais mente do Diabo”, 1968, ou “Chinato- Berlim com o Urso de Ouro para me- interessado em ver tudo pelos olhos wn”, 1974); Alexandre Desplat invoca Ewan McGregor lhor realização, ao mesmo tempo que do escritor, que não é uma pessoa abertamente Bernard Herrmann, o procura nele pistas que possam es- Cinema política. Diz, logo ao princípio, que é compositor cúmplice de Hitchcock, na pelhar a sua situação actual. por não perceber nada de política que sua banda sonora; e Robert Harris Mas o público conseguirá olhar pa- pode fazer as perguntas que chegam aponta que, para o cineasta, “chamar ra ele abstraindo-se da controvérsia ao âmago de quem é Adam Lang.” a um filme ‘arte e ensaio’ é o maior que rodeia o cineasta? É possível se- insulto que existe”. parar o artista da pessoa? Na mesa- O fantasma de Hitchcock A colaboração entre ambos não redonda, Ewan McGregor diz não Essa ideia do inocente apanhado nas devia ter começado por aqui, mas por saber. “Não tenho a resposta para malhas de uma intriga que o ultrapas- uma adaptação de um outro roman- essa pergunta. Não sei se as pessoas Polanski sa (para o actor, “alguém que está ce do escritor, “Pompeia”: quando o que não o irão ver por ele estar nesta durante as longe de ser ingénuo, mas que não autor falou ao cineasta do seu novo situação o iriam ver noutra altura.” rodagens. tem unhas para a guitarra que quer livro, Polanski torceu o nariz, mas Cada um que escolha se quer, ou A Suíça tocar, nem está num mundo que do- depois de ler as provas mudou de não, entrar nesta casa assombrada. devolveu-lhe a mine ou conheça”) remete para o ou- ideias. “Telefonou-me entusiasmado liberdade esta tro fantasma cuja presença Harris a dizer que achava isto Raymond Ver crítica de filmes págs. 40 e segs. semana DR

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 13 “Coimbra não sab – e por isso não va Tem duas companhias de teatro profi ssionais, um realizador de cinema instalado num ovni, u músicos que levaram longe o nome da cidade. E, no entanto, não está no mapa cultural do país. A

Sabemos o que Lisboa fez no Verão passado e talvez o que o Porto fez há duas semanas. Mas quando foi a úl- tima vez que tivemos notícias cultu- rais de Coimbra? Vinte valores para quem disse 2003: era ano de Capital Nacional da Cultura (CNC), a primei- ra do país, e a cidade onde, dizem, se fala o melhor português de Portu- gal, acontecia hora sim, hora sim. Houve até quem se queixasse de tan- ta fartura. “Que era oferta cultural a mais”, recorda Abílio Hernández, que foi o comissário da CNC. De então para cá, foi a travessia no deserto – ok, este ano há U2, os bilhe- tes esgotaram-se enquanto o diabo esfregou um olho, mas esgotar-se-iam na mesma se o concerto fosse em Lis- boa ou em Freixo de Espada à Cinta. Isto somos nós que dizemos, que de

Reportagem então para cá foi a travessia no deser- to – porque a quem lá está apetece dizer que quem está fora racha lenha. Que é como quem diz que em Coim- bra se passam coisas, muitas coisas até, mas não passam na comunicação social. E o que não está na comunica- ção social não existe para o país. E Coimbra existe para o país? Existe, e foi por isso que lá fomos, saber o que se passa com a cultura de uma cidade a que se associa de imediato, para o bem e para o mal, a sua universidade. E aqui estamos nós, numa tarde sufocante de uma quinta-feira, sentados numa espla- nada, a ver Coimbra e a sua univer- sidade passarem. Isto é a Praça da República, as Escadas Monumentais são ali ao virar da esquina e vamos olhando estudantes trajados e dei- tando o ouvido às conversas de café. Fala-se essencialmente da Queima das Fitas, que acabou há uma sema- na (estivemos lá dois dias em Maio). E isso explica muita coisa. Explica, por exemplo, que a cidade esteja ain- Teatro da Cerca de S. Bernardo, Escola da Noite A Escola da Noite tem 15 profissionais da a ressacar dos excessos – e que em permanência, mas, na opinião de Pedro Rodrigues, precisaria de pelo menos mais dez. “Temos a mesma por isso não haja grande coisa para estrutura de pessoal para a programação e para a criação artística, o que nos obriga a uma grande ginástica.” fazer nesta primeira noite. Abrimos Excluindo os seus próprios espectáculos, a companhia programa na área do teatro desde Janeiro de 2009 o “Diário de Coimbra”, um dos dois jornais diários da cidade, e a oferta cultural para hoje é praticamente do Ípsilon; o mesmo dia em que ha- do país e manteve-se como a terceira conseguiu olhar para cima, para a nula. Sim, há cinema (Lusomundo, verá concerto no Salão Brazil. cidade de Portugal até aos anos de universidade – nada se fazia em Coim- em dois centros comerciais), mas Sentimo-nos tentados a encolher 1960. A partir de meados do século bra sem pedir autorização à universi- nada que nos estimule. E depois há os ombros e a dar por terminada a passado, as outras cidades do país dade”. “Nas últimas duas décadas tem o lançamento de um livro de Leonel nossa missão: Coimbra é invisível pa- mudaram muito: Leiria, Aveiro, Guar- havido tentativas de reconciliação e Cosme na Livraria Almedina; fado ra o país, porque aqui não se passa da. Cresceram e sentiram necessida- agora há uma boa relação institucio- no Centro Cultural D. Dinis; uma con- nada. Mas perceberemos que tivemos de de crescer contra o modelo central nal entre a cidade e a universidade”, ferência de João César das Neves e apenas azar na noite. de cidade que era Coimbra. Não po- acrescenta Hernández, que foi pró- finalmente as Jornadas de Cultura demos esquecer-nos que foi daqui reitor da cultura entre 1994 e 1998. Popular do Grupo de Etnografia e Lisboa e a paisagem que saiu Salazar e essa foi uma marca Estes são problemas que “ainda Folclore da Academia de Coimbra. Sorte tivemos com o sítio onde mar- que as outras cidades usaram em seu não estão totalmente resolvidos” e O vizinho Teatro Académico de Gil cámos encontro com Abílio Hernán- benefício.” que se reflectem na dinâmica cultural Vicente (TAGV) está a zeros; a com- dez. O café do TAGV está quase de- Coimbra reagiu da pior maneira a es- da cidade. “Coimbra tem-na, e tem-na panhia de teatro Escola da Noite saiu serto e o ar condicionado competen- ta concorrência: “ensimesmou-se”. através da acção dos produtores e dos com um espectáculo para Braga; O tíssimo talvez ajude a uma conversa “Reagiu como o fidalgo que não vê a dinamizadores culturais, que existem Teatrão ocupa-se por enquanto com mais fluida. O ex-comissário da CNC, decadência em que mergulhou. E vi- e têm uma acção de relevo: o CAPC, a Mostra de Teatro Escolar; no Cír- professor da Faculdade de Letras, veu durante muito tempo à sombra que foi muito importante para o lan- culo de Artes Plásticas (CAPC) ulti- serve-se do passado para enquadrar da universidade – e dando-se mal com çamento da arte conceptual em Por- ma-se uma exposição que há-de o presente da cidade. “Coimbra teve a universidade, o que é um mistério.” tugal nos anos 1970, as companhias inaugurar-se no dia seguinte à visita durante séculos a única universidade Durante vários anos, a cidade “não A Escola da Noite e O Teatrão, a Bo-

14 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon abe para onde vai ai a lado nenhum” , um antigo salão de jogos que agora é restaurante-bar-sala-de-concertos-e-tudo-o-mais-que-vier, . Afi nal, o que é que Coimbra não tem? Sandra Silva Costa (texto) e Paulo Pimenta (fotos)

pouco, quando comparados com os lar. “Temos muita dificuldade em cha- bra, no centro da cidade, mas já não de outras companhias”, realça Isabel mar a atenção das pessoas para o que “Há uns tempos, tínhamos condições para lá estar. Se Craveiro –, o ritmo de produção e pro- aqui vamos fazendo. Neste momento estivéssemos em Lisboa, não sei até gramação da companhia é assinalável. não há um crítico de teatro que venha recebi um ‘mail’ que ponto conseguiríamos produzir O relatório de actividades de 2009 assistir aos espectáculos.” E mais: dando conta da ao custo a que conseguimos produzir (olhámos para este ano por incluir tratando-se de companhias subsidia- aqui. E no ano passado produzimos uma compilação definitiva e fiável dos das, a directora d’O Teatrão entende presença de Valentin três longas-metragens, três curtas, aí dados) da companhia assinala a pro- que a actividade deveria ser escruti- uns dez ‘videoclips’.” dução de quatro espectáculos: “Cenas nada. “Se os dinheiros são públicos, Teplyakov ‘pela Tudo isto para dizer que sim, fa- de Espera I e II”, na Tabacaria, com então por favor fiscalizem-nos.” zem-se coisas em Coimbra. “Há certos 91 espectadores em duas apresenta- Antes de cortarmos o microfone ao primeira vez em agentes que, por sua conta, têm dado ções; “Refuga”, com os adolescentes teatro e o abrirmos ao cinema, mais alguma visibilidade à cultura na cida- como público-alvo; “Fios e Labirin- duas achas para a fogueira. António Portugal’. Ele já tinha de. Não é, seguramente, à custa da tos”, um projecto pedagógico em co- Augusto Barros: “A Escola da Noite estado duas vezes câmara”, diz António Ferreira – e ago- laboração com a Câmara Municipal e faz muitas digressões pelo país, mas ra está definitivamente posto o dedo a Escola Superior de Educação de não vai ao Porto e a Lisboa porque em Coimbra. Não veio na ferida. “Temos tido apoio zero. No Coimbra; “Boa Alma de Setzuan”, um não há salas disponíveis para acolher ano passado filmámos uma longa to- regresso d’O Teatrão a Brecht que le- os nossos espectáculos.” Isabel Cra- a Lisboa? Então não da em Coimbra e nem sequer nos li- vou à OMT 562 espectadores; e “D. veiro: “Há uns tempos recebi um ‘e- vraram das taxas de ruído e de ocu- Quixote (de Coimbra)”: 72 apresen- mail’ dando conta da presença de aconteceu”, desabafa pação da via pública. Só temos quei- tações que entraram por Janeiro des- Valentin Teplyakov [professor da Aca- xas a fazer. Andamos há dez anos a te ano, com uma média de 94 espec- demia Russa de Artes de Moscovo] Isabel Craveiro produzir em Coimbra e ainda nos per- tadores por noite. E depois houve um ‘pela primeira vez em Portugal’. Ele guntam se somos de Coimbra.” não mais acabar de acolhimento de já tinha estado duas vezes em Coim- Mais de Coimbra não há – este po- espectáculos – desde Ana Deus aos bra. Não veio a Lisboa? Então não deria muito bem ser o slogan da RUC, Gaiteiros de Lisboa, passando pela aconteceu.” a rádio que, em 107.9 FM e desde companhia de Paulo Ribeiro. Ao todo, 1989, põe a cidade e os seus estudan- passaram em 2009 pela OMT 15. 452 Navegar à vista tes no mapa. Aqui estamos nós no espectadores – uma média de 71 por E a nós o que nos aconteceu? daqui saem filmes para o mundo ou edifício da Associação Académica, a espectáculo. “Nós não fazemos só es- Andámos perdidos em Cernache, “videoclips” para a Disney. A Persona ouvir pedaços de Origami, o progra- pectáculos, fazemos espectáculos a uns 15 quilómetros de Coimbra, de- Non Grata está ligeiramente fora do ma que, às 17h30, se dedica à música para chegarem às pessoas, e percebe- baixo de um calor ainda mais sufo- contexto: rodeada de campos de mi- electrónica. Mas para Alexandre Le- mos que elas estão disponíveis para cante, à procura de um ovni. A custo, lho, implantada numa zona comple- mos, o actual director da RUC, agora ser trabalhadas enquanto público”, chegamos à Rua Ribeira de Casconha, tamente rural, onde a vida acontece a música é outra. “Em muitos aspec- observa Isabel Craveiro. mas nem sombras da Persona Non devagar – nas ruas, na igreja e no café tos, a cultura em Coimbra é basilar E o público também encara “com Grata, a produtora de cinema que o ali do lado. É por isso que lhe chama- para a cultura portuguesa, mas quan- muita simpatia” o trabalho que A Es- realizador António Ferreira instalou mos “ovni”. Como também podería- do nos pomos a pensar quando foi a cola da Noite vem fazendo em Coim- num antigo lagar de azeite. Perdemo- mos chamar (mas não chamamos) última vez que tivemos notícias cul- bra há 18 anos, informa, por sua vez, nos, andamos às voltas, usamos o te- extraterrestre a António Ferreira – ele turais de Coimbra, aí temos razões António Augusto Barros, director ar- lemóvel. Lá está António, ao fundo que detém a única produtora de ci- para ficar preocupados”, diz. tístico da companhia, que há menos da rua, de calções e t-shirt, a acenar- nema fora de Lisboa e do Porto. Agora em velocidade de cruzeiro de dois anos é a residente do Teatro nos. Chegamos finalmente ao ovni. Circunstâncias da vida: “Estou aqui comenta: “Passaram sete anos desde da Cerca de S. Bernardo, uma bela Visto de fora, este é apenas um edi- porque sou de Coimbra, se não não a CNC e não aconteceu nada a seguir. sala de espectáculos que ainda cheira fício agrícola recuperado e, não se estaria, isso é óbvio. Mas de qualquer Aliás, perderam-se coisas: o TAGV, a a novo. Regra geral, assistem aos es- tivesse dado o caso de António Fer- forma estou aqui um pouco por tei- grande sala de espectáculos que te- pectáculos d’A Escola da Noite cerca reira ter convidado a freguesia a visi- mosia. Chegámos a Cernache há qua- mos, passou de uma sala com progra- de 100 pessoas, quando a sala tem tar a produtora, ninguém diria que tro meses, antes estávamos em Coim- mação própria para uma sala que nifrates, que tem um percurso na área capacidade para 180, adianta Pedro acolhe espectáculos apenas – e às ve- do teatro amador muito consistente. Rodrigues, produtor da companhia. zes de qualidade duvidosa.” Mas os protagonistas não chegam.” “Coimbra é uma cidade boa para tra- Alexandre Lemos, director da RUC Licenciado em Abrimos um parêntesis para dar Voz aos protagonistas, então. A Isa- balhar, boa para experimentar, boa Programação Cultural, Alexandre Lemos é o representante em Portugal voz a Isabel Vargues, directora do TA- bel Craveiro, directora artística d’O para um projecto se desenvolver”, da editora Bubok. Para além disso, integra a companhia de teatro GV desde Setembro de 2008: “Quan- Teatrão, que nos abre a porta da Ta- considera António Augusto Barros, Marionet, que tem residência no Centro de Neurociências e explora as do entrei, estávamos num processo bacaria, uma das salas de espectáculos mas esbarra num problema funda- relações entre o teatro e a ciência de arrumar a casa. Agora somos uma da Oficina Municipal do Teatro (OMT), mental: o “feedback”. fundação, com tudo o que isso impli- para onde a companhia se mudou no Discurso directo: “Um dos grandes ca. Continuamos a colaborar muito final de 2008. “Coimbra ainda sofre problemas da área artística é a ques- com a Associação Académica, corres- um bocado do mito de estar parada tão do ‘feedback’. Nós não somos mui- pondemos aos pedidos das escolas. no tempo, mas acho que é só conver- to bafejados pela sorte, não temos cá E duvido de qual seja o interesse de sa. Do meu ponto de vista, é possível comunicação social, temos muita di- termos peças de teatro com duas ou fazer cá coisas, e com resultados bem ficuldade em meter notícias. Os jor- três pessoas a assistir. Creio que aí conseguidos. O problema é que ainda nais só falam de Lisboa, para eles o estamos a falar de grandes criações há uma espécie de folclore à volta da resto é paisagem. Quem manda nos narcísicas. Se o TAGV hoje já não ocu- cidade que a torna um bocado ana- jornais nunca tira o cu de Lisboa, pa o lugar que ocupava? Hoje há uma crónica. Isso condiciona a visão de aconteça o que acontecer, mesmo o oferta enorme: o Teatro da Cerca de Coimbra, que parece uma cidade on- Porto tem muita dificuldade em meter S. Bernardo, o Salão Brazil, o Café de as coisas não acontecem, como se notícias. A informação cultural é mui- Santa Cruz... Há uma febre de produ- a tradição a sufocasse.” to regionalista, muito colonizada em ção de acontecimentos culturais em A verdade é que acontecem: veja-se termos de amiguismo e de clientela. espaços que antes não se dedicavam o caso d’O Teatrão. Com subsídios Costumo dizer: Jorge Silva Melo a sul tanto a isso. São públicos diferentes, anuais de 150 mil euros da Direcção- e Ricardo Pais a norte. E isto significa e o TAGV não está preocupado com Geral das Artes e 60 mil euros da Câ- uma perda para o país todo.” protagonismo.” mara Municipal de Coimbra – “muito Isabel Craveiro faz uma leitura simi- Fechamos o parêntesis e volta-

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 15 Não é o caso esta noite, o que há esta noite é um jantar de curso – e também é por isso que o Salão Brazil, “um espaço que conta quando se tra- ta de fazer cultura em Coimbra”, é um lugar estranho. Por aqui tanto passam estudantes barulhentos, co- mo músicos como António Zambujo, que se incomodou “com o ruído dos frigoríficos”. “Talvez tenha sido um dos melhores concertos que já aqui tive”, conta Telmo Costa, que já teve no seu Salão Brazil nomes tão díspa- res como Ena Pá 2000 ou Henry Gri- mes, músico de jazz que regressou ao mos à RUC e a Alexandre Lemos, Oficina Municipal do Teatro, O Teatrão Isabel Craveiro, directora artística d’O Teatrão, mundo dos vivos em Maio de 2003, que estudou programação cultural. reconhece que a itinerância dos projectos da companhia é ainda “um bocadinho residual”. “O nosso é um projecto depois de 35 anos afastado dos palcos “Se Coimbra está como está é por que ainda não é muito conhecido. Alguns programadores preferem ter nos seus espaços apenas um espectáculo – o Salão Brazil é palco habitual do uma questão de opção. A câmara não por mês, mas um espectáculo que marque, em lugar de se abrirem a outras abordagens teatrais.” Festival Jazz ao Centro. faz opções, a Fundação Bissaya Bar- Quem também já passou pelo Salão reto não marca a agenda nacional, a foi JP Simões – ainda este ano, em Mar- própria universidade também não depois da CNC”, refere Abílio Hernán- Cinema em Língua Portuguesa vai banalíssima sala de restaurante. O pé ço, para apresentar o seu álbum “Bo- consegue fazer nada, sabemos como dez. E esse papel, na opinião de An- este ano para a sua quarta edição e direito é assinalável, as janelas ofere- ato”. Foi em Coimbra que nasceu, foi estão as universidades.” Resultado: tónio Barros, deveria passar “pela nunca teve um euro de apoio da câ- cem uma bela vista para o emaranha- em Coimbra que acordou para a mú- se à equação tirarmos “todos os agen- acção da autarquia”. “Há falta de am- mara. É revelador”, comenta António do de ruelas da Baixinha de Coimbra, sica – e foi em Coimbra que “a fúria tes naturais da cidade, o que vamos bição cultural na cidade”, sublinha. Ferreira. E Alexandre Lemos solta mas não simpatizamos muito com as boémia e alienista dos anos 80” o es- encontrar é o vazio de investimento”. A Câmara Municipal de Coimbra aquela que será, provavelmente, a cadeiras de napa vermelhas, nem clareceu sobre “a importância da arte “Não há ninguém que tenha capaci- tem outra visão. Por “e-mail”, Joana tirada mais cáustica: “Coimbra é uma com as toalhas de papel. O que é o e da atitude como forma de resistência dade e vontade para marcar severa- Loureiro, a adjunta da vereadora cidade que não sabe para onde vai e Salão Brazil?, apetece-nos pergun- ao morno caldo social que nos convida mente a agenda de Coimbra”, acusa da Cultura, Maria José Azevedo San- que consequentemente não vai a lado tar. a morrer em vida”, recorda, por “e- o director da RUC, para logo a seguir tos, explica ao Ípsilon que, apesar dos nenhum.” Perguntamos mesmo e Telmo Cos- mail”. Agora radicado em Lisboa, JP avançar com uma sugestão. “O que constrangimentos financeiros que ta responde: “Abriu há seis anos e Simões lembra que, vista da A1, “Coim- faz falta é uma superestrutura que afectam praticamente todas as autar- “Cidade do Conhecimento” resultou da recuperação de um anti- bra começou por ter uma placa ilus- pegue nas várias coisas que aconte- quias do país, a câmara não deixa “de Nós sabemos muito bem onde vamos go salão de jogos muito popular. No trativa que a designava como ‘Cidade cem em Coimbra e lhes dê um senti- ter planos concretos, e nalguns casos – jantar ao Salão Brazil. Anda nas bo- início era apenas um restaurante, ago- Museu’”. Agora é a “Cidade do Conhe- do comum. A cidade não sabe atrair. ambiciosos”, para atingir o seu “gran- cas do mundo em Coimbra, mas, con- ra é muita coisa. É um lugar onde se cimento”. “Institucionalmente, isto Todos conhecemos cidades menos de objectivo”. Que não é um, são vá- fessamos, não percebemos logo por- almoça por cinco euros, onde à noite quer dizer que os pensadores da edili- interessantes de ‘per si’ do que Coim- rios. A saber: “melhorar considera- quê. Estamos no primeiro andar de se pode jantar por nove ou por 30 ou dade não apreciaram a morbidez da bra, com património edificado menos velmente a difusão da leitura e do li- um edifício de 1896 no Largo do Poço 40 e onde há uma programação mu- primeira sugestão, ou seja, de Coimbra atractivo, que sabem vender-se. Aqui vro no concelho”; criar “um arquivo e o que temos à nossa frente é uma sical de qualidade.” ser uma cidade morta, museu de si não é falta de ‘hardware’. É falta de municipal constituído por toda a me- fôlego, de agressividade e de estraté- mória escrita, que remonta à Idade gia. A vereação da cultura, mesmo Média e vem até à actualidade – uma sem um tostão para programar, tem das grandes estratégias [da autar- de ser capaz de gerir a agenda cultu- quia]”; defender e preservar “o patri- ral da cidade.” mónio municipal”; promover e dina- Neste ponto, toda a gente concor- mizar “uma acção cultural multímo- da. “Coimbra teria todas as condições da, de qualidade, atractiva, que, nas para se constituir como um ‘cluster’ suas várias expressões, desde o teatro cultural. É maneirinha, ‘cosy’. Mas ao cinema, à música, à dança, ao fol- para isso era preciso que houvesse clores e às artes plásticas, passando quem se responsabilizasse por asse- por ateliers e ‘workshops’ de poesia, gurar a dinâmica cultural que nasceu contos, gastronomia e artesanato, cative vertical e transversalmente os públicos (urbano e rural) e de todas as faixas etárias”; e, finalmente, “fa- zer um esforço cada vez maior para trabalhar em rede com todas as ins- tituições e agentes culturais da cidade “Já estamos noutra e do país”. Este argumentos não convencem era que não quem lá está. “No que toca à cultura, a câmara não tem visão, navega à vis- a de Pedro e Inês ta. Estamos na cidade dos doutores, e Coimbra ainda não mas uma cidade que não percebe que o mundo mudou, que já estamos nou- percebeu isso”, tra era que não a de Pedro e Inês. Lis- boa e Porto são cidades criativas, vi- considera o radas para a modernidade. Aqui não, dá-se maioria a pessoas conservado- Teatro Académico Gil Vicente Já foi “a” sala de espectáculos de Coimbra, mas nos últimos anos realizador António ras, que apostam nas rotas gastronó- o TAGV foi perdendo o brilho. A directora, Isabel Vargues, diz que, com a passagem a fundação, há novos desafios micas e nas viagens medievais. O Mos- pela frente. “Não somos a Gulbenkian, nem Serralves, nem temos um mecenas por trás, temos antes a Ferreira tra Língua – Festival Internacional de universidade, mas vamos fazendo o nosso caminho.”

16 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon TER 27 JUL 22:00 PRAÇA | € 20

A electrónica toma conta da Salão Brazil “O que é que fazias, se isto fosse teu?”, perguntou Praça com o concerto de Tricky. Músico de referência do trip– Telmo Costa aos amigos. Eles foram respondendo e o Salão Brazil agora –hop inglês, esteve ligado ao dá cartas em Coimbra. É uma sala de concertos por onde tanto podem período inicial da carreira dos passar os Ena Pá 2000, como nomes importantes da cena jazz mundial Massive Attack. A sua carreira explodiu em 1995 com o premiado Maxinquaye, primeiro álbum a solo recentemente reeditado.

JANTAR+CONCERTO € 35

APOIO PATROCINADOR MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA VERÃO NA CASA PATROCINADOR VERÃO NA CASA própria, presa de uma mítica vitalida- inquérito – e se calhar devíamos ter de intelectual muito associada ao facto feito. “Se for perguntar às pessoas na de ter uma das mais antigas universi- rua, provavelmente 80 por cento de- SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO dades da Europa e reiterada pelas lutas las não sabe que o CAPC existe e se PARA O CONCERTO DE TRICKY. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES. estudantis que exaltam a ligação da sabe não sabe onde ele está.” Para que academia ao fado dito ‘erudito’, à vida conste, está na Casa Municipal da Cul- boémia, poética e pró-revolucionária tura, ao cimo do Jardim da Sereia, e da massa estudantil.” está a “entrar numa espécie de nova Para JP Simões, isto quer dizer que euforia”, informa, por telefone, An- “há também uma enorme expectati- tónio Olaio, artista plástico emocio- va, mesmo do resto do país, sobre nalmente ligado ao CAPC, mas que aquilo que Coimbra poderá dar à cul- não tem nele qualquer função direc- tura portuguesa”. O problema, acre- tiva. dita, é que isso “tem estagnado a cria- “Até agora, o CAPC fazia um traba- ção artística e a produção cultural, na lho muito mais interessante do que a medida em que fortalece a mera e divulgação do trabalho que fazia. constante auto-homenagem que as Parece-me que pode haver um refor- classes políticas tanto apreciam, em ço na sua visibilidade, com a direcção detrimento da força crítica e do com- que tomou posse há pouco tempo”, bate estético-ideológico que qualquer junta o também professor na Facul- comunidade precisa para intensificar dade de Arquitectura, que gostaria a sua forma de se compreender”. que a própria cidade “estivesse mais SÁB 24 JUL A boa notícia é que a cidade “conta familiar” com o Círculo de Artes Plás- 22:00 PRAÇA | € 15 com uma série de irredutíveis do tea- ticas. “É importante aproximar a ci- tro, da fotografia, da música e da po- dade do CAPC, o que não passa por Camané tem feito um percurso esia, que vão serenamente construin- uma mudança de estratégia de pro- singular como intérprete de do o seu futuro e, possivelmente, o gramação, no sentido de imaginar eleição do fado contemporâneo. futuro da criação artística da cidade”. uma estratégia mais populista. O im- Foram muitos os prémios que A má notícia: “O grosso da população portante é que reforce a relação com recebeu e muitas as colaborações da cidade não se constitui num públi- a universidade e através dela com os com músicos das áreas mais co suficientemente interessado para estudantes e com a cidade.” diversas. Com um novo álbum na garantir a exequibilidade e a continui- E como é que o ex-Repórter Estrá- calha, esta voz fundamental da dade de projectos culturais minima- bico vê a cultura em Coimbra? “Há música portuguesa apresenta mente excitantes: trata-se de uma muitas cidades dentro da cidade. Eu um concerto recheado de êxitos de carreira. cidade muito conservadora que pre- lido mais com a parte dela que é exi- cisa de renascer intelectualmente.” gente em termos culturais e que está JANTAR+CONCERTO € 30 naquele grupo que não está satisfeito, Desgraça não, justiça mas já me cansei de fazer o discurso Hoje já é sexta-feira, continua o mes- da desgraça. Se há tanta gente a fazer mo calor, e subimos a custo até ao esse discurso, no mínimo essas pes- Pátio da Inquisição. Ainda não são soas já compõem uma cidade interes- 13h00, estamos filados em ir espreitar sante”, considera. E diz mais: “Coim- o Centro de Artes Visuais de Coimbra, bra vive numa contradição: tem uma herdeiro dos célebres Encontros de produção cultural que nasceu muito Fotografia. Damos com o nariz na por- do meio estudantil e ao mesmo tem- ta: na Internet tínhamos lido que abria po uma imagem de alguma boçalida- das 10h00 às 19h00, esta porta infor- de ligada sobretudo às praxes. Viveu

APOIO PATROCINADOR MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA ma que abre das 14h00 às 19h00. Te- muito tempo à sombra da excelência VERÃO NA CASA PATROCINADOR VERÃO NA CASA mos pena, mas não podemos esperar. da sua universidade e depois ridicu- Como não podemos esperar pelo fim larizou-se a própria pretensão da ci- da tarde, que marca a inauguração da dade. Acho que já é tempo de olhar- exposição “Um olhar sobre a colecção mos com mais justiça para ela.” SEJA UM DOS PRIMEIROS A APRESENTAR HOJE ESTE JORNAL NA CASA DA MÚSICA E GANHE UM CONVITE DUPLO do CAPC”. Foi dica de Abílio Hernán- Apetecia-nos dizer assim seja, mas PARA O CONCERTO DE CAMANÉ. OFERTA LIMITADA AOS PRIMEIROS 10 LEITORES. dez, mas não chegámos a fazer este dizemos antes ponto final.

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 17 Daniel Blaufuks FOTOGRAFIAS DE “TEREZÍN” DE DANIEL BLAUFUKS, PUBLICADO POR STEIDL/TINTA DA CHINA DA POR STEIDL/TINTA PUBLICADO BLAUFUKS, DE “TEREZÍN” DE DANIEL FOTOGRAFIAS O fotógrafo que suspeita das imagens

Daniel Blaufuks foi ao campo de concentração de Terezín porque desconfi ou de uma fotografi a. “As imagens mentem”, diz ele. É por isso que “Terezín”, livro sob a infl uência de W. G. Sebald, é um aviso sobre o presente. Kathleen Gomes

Terezín é o nome da localidade checa, tros campos. O que inspirou os nazis gens de campos de concentração”, Não, eu acho que é um livro de foto- eram, de facto, minhas. Eram foto- 60 quilómetros a norte de Praga, on- a produzirem um filme de propagan- viajou para Terezín. E assim nasceu grafia. Penso é que a fotografia pode grafias de fotografias de família, tam- de os nazis estabeleceram um campo da, rodado em Terezín, retratando “Terezín”, livro extraordinário, nos cobrir estes campos também. E, por- bém eram documentos. É o que hoje de concentração em 1942, com algu- um quotidiano idílico, para sossegar passos de W. G. Sebald. Editado pela tanto, ao ser um livro de fotografia, em fotografia se chama “after image”, mas características excepcionais: pa- a comunidade internacional. reputadíssima Steidl, “Terezín” é o pode-nos levar para outros interesses isto é, trabalha-se a partir de imagens ra ali foi enviada a elite judaica — ar- “Terezín” é o livro de um fotógrafo primeiro livro de Blaufuks com distri- e para outros conhecimentos. Não é já existentes, mas que criam um novo tistas, intelectuais, ricos —, gente cujo que desconfia das imagens. A primei- buição internacional (em Portugal, é o livro de um historiador, é um livro “corpus”. As imagens criam novas desaparecimento poderia causar dis- ra vez que Daniel Blaufuks viu uma co-editado pela Tinta da China). O livro subjectivo, apesar dos dados que lá imagens, apesar de continuarem a ser sabores ao Terceiro Reich. Em 1944, fotografia de Terezín foi no livro do inclui um DVD com uma montagem estão serem objectivos. as mesmas imagens. Quando já exis- a Cruz Vermelha Internacional fez escritor alemão W. G. Sebald, “Auster- dos fragmentos que restam do filme Esta pergunta tem a ver com tem imagens não vale a pena chover uma visita de inspecção a Terezín, o litz”. Uma reprodução cinzenta e gra- rodado em Terezín. (“Terezín” tam- o facto de a maior parte das sobre chão molhado, não vale a pena que motivara, meses antes, uma “ac- nulosa — como uma fotocópia de má bém é uma “ghost story”. Os rostos imagens contidas no livro não fotografar aquilo que já está fotogra- ção de embelezamento da cidade” qualidade — de uma sala com ficheiros que se vêem nele estão mortos.) En- serem fotografias efectivas. fado, será mais interessante utilizá-las decretada pelas SS: a densidade po- dos prisioneiros do campo até ao tec- contro com um escritor de imagens. São digitalizações de outras de outra forma ou com outra visão. pulacional foi aliviada, as fachadas to. Em “Terezín”, Blaufuks começa por No lançamento de “Terezín”, imagens, de objectos, o que, não Nunca quis fazer livros sobre campos das casas foram pintadas, plantaram- examinar obsessivamente esta ima- praticamente não se falou de sendo novo no seu trabalho, de concentração, com imagens de se flores, os cafés e lojas foram recu- gem, ampliando algumas zonas, es- fotografia. Falou-se da história do adquire aqui outra gravidade. campos de concentração. Acho que perados, criou-se um banco e um ventrando-a, como se fizesse uma au- campo de Terezín, das motivações Nos trabalhos anteriores, essa isso já foi feito, e muito bem, no seu centro comunitário com auditório, tópsia. A sala, escreve, pareceu-lhe “o que o conduziram a este projecto, pulsão arquivista denunciava tempo — já não cabe à minha geração biblioteca, sinagoga. Uma cidade in- cenário de uma peça de teatro inaca- do que ele representa para si. Este um certo fetichismo. fazê-lo. As poucas imagens que exis- ventada. O relatório da visita da Cruz bada”, “demasiado perfeita para ser livro é a obra de um fotógrafo Este trabalho tem muito a ver com o tem minhas dentro do livro apenas Vermelha foi tão positivo que a orga- real”. Algum tempo depois, Blaufuks, e, no entanto, não é um livro de “Sob Céus Estranhos”, onde a maior lhes dão uma certa alma que não te- nização desistiu de inspeccionar ou- que “nunca quis fazer livros ou ima- fotografia? parte das fotografias utilizadas não riam de outra maneira.

As minhas fotografi as, no fundo, são as ruínas do tempo, são o testemunho do

18 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Essas imagens pré-existentes, muito interesse. As fotografias não Foi uma imagem desta sala que Blaufuks viu no livro “Austerlitz”, isoladas, têm tanto valor como servem para decorar paredes. de Sebald., e que está na origem de “Terezín”. O espaço pareceu-lhe as fotografias feitas por si? E se não as isolarmos? Têm o encenado, “demasiado perfeito para ser real”. Quando foi a Terezín, Nunca estive interessado na fotogra- mesmo valor para si? Blaufuks tirou esta fotografia, que está na capa do seu livro fia como obra única. Não me interes- Claro que há um nível autoral diferen- sa uma fotografia; interessa-me uma te. Como peça de puzzle, como peça fotografia como parte integrante de de livro, têm exactamente o mesmo Vamos à origem de “Terezín”. bald é coincidência sobre coincidên- um projecto e de um contexto. Mes- valor. Aliás, as fotografias que eu po- Este projecto parte de uma cia e quando achamos que é mentira mo nos diários de polaróides, os deria tirar daí são as minhas. A infor- imagem que viu no livro de o que ele está a dizer, ele põe-nos “London Diaries” (feito em 1993, pu- mação não se perderia. Ficaria um Sebald, “Austerlitz”, de um uma imagem que aparentemente pro-

Livros blicado em 1994), há fotografias que livro mais pobre, porque há um olhar escritório estranhamente va que é verdade — como se uma ima- não me interessam nada como foto- meu nessas fotografias que lhes dá o burocrático e estranhamente gem não pudesse ser também uma grafias, são más fotografias, se qui- tempo presente — a ideia de que isto vazio. Esse espaço, como conta mentira. Essa imagem é toda uma sermos, mas que se integram no meu é feito e visto de hoje. As minhas fo- no livro, pareceu-lhe encenado, espécie de encenação. Como eu es- discurso. Um livro de um escritor não tografias, no fundo, são as ruínas do e “demasiado perfeito para ser crevo no livro, há um relógio que es- é feito apenas de belas palavras ou de tempo, são o testemunho do tempo real”. Ou seja, o que o moveu foi tá parado exactamente às seis da tar- frases bonitas, é preciso outras para que passou. Penso que o meu traba- a desconfiança, a suspeita em de, os ponteiros estão verticais, há sustentar o “corpus” e a linearidade lho também é sobre encontrar ordem relação à imagem. um lado vazio naquele espaço de es- do texto. Nesse sentido, todas as fo- num certo caos. Essas fotografias são Sim. A imagem aparece no livro, ele critório que, a mim, desde o início, tografias servem o mesmo fim. Have- muito isso também: fecham o espaço, não diz onde é que é, fica subjacente me lembrou uma peça de teatro. Foi rá umas que se destacam mais do que para que tenhamos uma noção clara que pode ser em Terezín, mas, como isso que me provocou mais estranhe- outras de uma forma estética mas do que é o espaço. Mas, no fim, o va- sempre, o Sebald não é explícito. Na- za dentro daquela sala. Foi uma curio- que, sozinhas, para mim, não teriam lor de todas elas será igual. da no Sebald é explícito, tudo no Se- sidade que fui tendo até que deci- o tempo que passou. O que estou à procura talvez seja do que está debaixo de água

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 19 O crematório, em Terezín. Blaufuks fotografou a cores, mas o efeito depressão que se sente quando se sai do. Hoje as pessoas chegam a um sítio aquilo: uma cidade inventada, em parece preto e branco porque o espaço era lúgubre de um sítio desses. muito bonito e a primeira coisa que que morriam pessoas de doença, em Nunca sentiu qualquer desejo de fazem é pegar na máquina fotográfi- que não havia condições de vida, por- experiência do lugar? ca, nem sequer têm a experiência da que estava mais que sobrelotada, com di pegar numas milhas da TAP e ir campo de concentração? Por Não, pelo contrário. Depois de ter beleza do lugar. Possivelmente já nem 50 mil pessoas, e em que as pessoas até lá. Não fui com a ideia de fazer pudor? feito isto não tenho qualquer vontade sabem dialogar com essa beleza. Da não podiam imaginar que houvesse um livro ou um projecto deste tama- Por um lado, por pudor. Por outro de visitar Auschwitz ou Dachau. Não mesma maneira que, num sítio tão pior do que aquilo. Só que o ser hu- nho. Fui com a ideia de talvez tirar lado, porque acho que um campo de quer dizer que, se por acaso estiver horroroso como Auschwitz, imagino mano adapta-se. E ali estavam vivos. uma fotografia que fosse igual à do concentração é um sítio tão óbvio, tão perto, não vá lá. Provavelmente a mi- que as pessoas chegam lá e a primei- Em Auschwitz não estavam vivos. Sebald mas que fosse minha — apro- claro. E eu sei que as minhas imagens, nha curiosidade levar-me-à a um des- ra coisa que fazem é tirar fotografias. Ali [Terezín] não se sabia o que se priar-me daquela imagem. Depois, a voluntária ou involuntariamente, têm ses sítios se eu estiver perto. Agora, A câmara fotográfica acaba por ser estava a passar com os judeus. Por- coisa saiu um pouco de controlo, foi- um pendor estético, têm um lado de fazer a viagem propositadamente... uma defesa. E isso funciona tanto pa- tanto, dentro do seu sofrimento, pen- me escapando, isto é, foi sempre es- beleza. Explorar essa beleza ou esse Há tantos sítios bonitos no mundo ra um fotógrafo como para um ama- so que as pessoas podiam ser felizes tando mais à frente do que eu e eu lado estético num campo de concen- que eu quero visitar. Um campo de dor. Há muitas coisas que fiz na vida em Terezín. E é isso que é estranho fui sempre atrás, a perseguir. É como tração é um pouco perverso e não é concentração hoje serve principal- em que a câmara foi uma desculpa. no filme [feito em Terezín], é essa fe- entrar num túnel: achamos que é um propriamente aquilo que me move. mente como um local de memória, Terezín não era um campo licidade, verdadeira ou não, que se buraco pequeno e o túnel vai conti- Mas criar imagens feias de um campo mas também como um local de ensi- de concentração como os vê na cara de algumas pessoas. A nuando, continuando, até conseguir- de concentração também não me pa- no. Mas, infelizmente, já nasci ensi- outros. Não era um campo de maior parte das pessoas que apare- mos sair outra vez. rece muito interessante. Pessoalmen- nado. extermínio, mas de transição. cem no documentário falso não so- Portanto, não foi programado. te, nunca pensei que visitar um cam- Enquanto judeu, há qualquer Nesse sentido, era uma breviveu, portanto, para nós, visto de Sim. Eu não queria fazer isto — fui po de concentração me levasse a al- coisa que o aproxima daquela experiência menos aterradora? hoje, é sempre uma felicidade irreal. fazendo. Aliás, fez-me imensa confu- gum lado onde não tivesse já estado, história e que é para si mais Sim, menos aterradora no sentido em Mas até que ponto não era também são ir a um campo de concentração. conhecendo eu a História e as histó- pessoal. O facto de ser fotógrafo que não havia câmaras de morte. Mas verdadeira? Porque as pessoas esta- Nunca tinha ido, nunca tinha pensa- rias, conhecendo as memórias dos coloca uma distância entre si e é muito difícil comparar o sofrimento. vam vivas. Dentro de todo o horror do ir. Deve ter sido o trabalho, não campos de concentração, conhecen- aquele lugar? Para as pessoas que estavam em Te- que se passava à volta, Terezín quase digo menos pensado porque ele foi do as imagens e os filmes dos campos A câmara fotográfica é uma desculpa rezín aquilo era um ponto de chegada era uma cidade feliz. muito pensado no decorrer do fazer, de concentração. Nunca senti neces- — para fazer certas coisas e estar nos da vida delas que até aí se tinha pas- Frequentemente, existe no mas menos pensado anteriormen- sidade de estar num sítio destes. Para sítios. Por vezes penso que as pessoas sado em liberdade, em cidades nor- livro uma descrição textual te. além de todo o terror que isso envol- resolvem muitas das suas angústias mais, na Alemanha e noutros países. minuciosa das imagens que Porque é que nunca quis ir a um ve e de toda a possível amargura e não sendo fotógrafas mas fotografan- Portanto, para elas, o terror já era aparecem ao lado. De novo, isso

Um campo de concentração é um sítio tão óbvio, tão claro. E eu sei que as minhas involuntariamente, têm um pendor estético. Explorar esse lado estético num campo

20 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon mação suficiente. O que é bonito e poético nas fotografias que se expõem numa galeria de arte, em que cada um pensa o que quiser e tira as conclusões que quiser — vê um limão ou vê um amor perdido dentro de um mesmo enquadramento —, numa fotografia de informação é perigosíssimo. Sebald não é só o ponto de partida, é a figura tutelar de todo este projecto. O livro segue uma estratégia sebaldiana: o Sebald integra imagens nos seus livros, a par do texto, e elas adquirem uma função paradoxal: por um lado, parecem confirmar o que é descrito no texto, mas por outro instalam a incerteza no leitor, questionando a faculdade documental das imagens. Exactamente. E aqui é ao contrário. Onde o Sebald insere uma fotografia para tentar comprovar o seu texto, eu faço o contrário: eu insiro texto para tentar comprovar ou não as mi- nhas fotografias. No fundo, é uma estratégia paralela ao Sebald, mas contrária. Quando fiz “Sob Céus Es- tranhos”, não o livro, mas o filme, pouco depois peguei no primeiro li- vro do Sebald, que não conhecia até aí. E quase chorei por não ter conhe- cido o Sebald antes de fazer o filme, porque estava ali aquilo que eu pro- curava: essa ideia da História como uma coisa maleável, mas que se ba- seia em factos — os factos são inalte- ráveis, mas tudo o que está à volta desses factos é moldável. O que é re- tem a ver com uma suspeita sua al neste livro são os factos, isto é, o em relação às imagens como número de mortos, as pessoas que estratégia de realismo, como estavam, etc. Fiz pesquisa para che- prova irrefutável. Este livro gar a essas conclusões. O resto pode parece dirigir-se constantemente ser ficção. aos leitores, dizendo: Isso é verdade em relação ao desconfiem das imagens. diário de Ernst K. Estão lá as Absolutamente. Não podemos confiar fotografias do diário, mas não nas imagens. Como fotógrafo, sou o temos a certeza que ele tenha primeiro a dizer isso. As minhas foto- existido, ou que aquele objecto grafias são completamente subjecti- seja mesmo de um senhor vas. Não há objectividade na fotogra- chamado Ernst K. E depois, o fia, não existe. A maior parte das fo- nome dele remete para uma tografias de reportagem até há bem figura literária: Josef K, de “O pouco tempo eram a preto e branco. Processo”, do Kafka. A ideia de que uma fotografia a preto Não vou responder a isso [risos]. No e branco pode ser realista é uma men- fundo, todo o livro podia ser uma fic- tira absoluta na qual todos nós acre- ção, se não soubéssemos que esta ditamos a certo ponto. Como é que cidade existiu. Tudo aquilo que não uma fotografia a preto e branco pode é facto histórico neste livro pode ser ser realista e documentar a verdade ficcionado. se nós vemos a cores? A partir daí, Como foi o seu encontro com o tudo é uma sucessão de mentiras. As Sebald? Leu-o em alemão, antes imagens mentem, mentem, mentem. de sair a primeira tradução Estão sempre a mentir. portuguesa [2004]. Quando o Este livro podia existir sem o descobriu, foi a confirmação de texto? um caminho que estava a fazer Não, porque as pessoas não o sabe- com o seu trabalho? riam ler. Eu próprio não o saberia ler. Foi, de facto, alguém que eu encontrei Quando fui a Terezín não tinha infor- como uma alma gémea. Alguém

s imagens, voluntária ou o de concentração é perverso

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 21 Blaufuks submeteu as imagens do documentário rodado em compreender o trabalho. Penso é que Terezín a um filtro vermelho: era a cor “J” com que os nazis se pode ganhar curiosidade pelo te- carimbavam os passaportes judaicos ma. As fotografias funcionam como testemunho de um espaço, mas não dão a dimensão e a profundidade e o lho, menos por ser a cor do sangue, que lá estão hoje estão por cima da prazer que dá o livro. Por isso é que mas mais porque os alemães carim- água. Há uma imagem que acho im- apresentei a maqueta do livro na ex- bavam um “J” nos passaportes judai- portantíssima e que vem no filme, de posição do BES. Aliás, eu cheguei a cos a vermelho. Isto, para os judeus uma mulher que se olha ao espelho. pensar para o BES só expor o livro. serem identificados, não dentro da A falta de privacidade num campo de Só que seria demasiado arrojado para Alemanha, mas principalmente para concentração é fortíssima. Portanto, uma exposição de fotografia. os outros países, nomeadamente Por- uma mulher olhar ao espelho... acho Se pegar nos meus livros — não são tugal e a Suíça, saberem quem haviam que é mais uma das mentiras deste catálogos, eu tenho muito poucos ca- de deixar entrar. Por isso decidi ca- filme. Não sei se as pessoas tinham tálogos —, todos eles têm muito mais que estava em busca daquilo que rimbar o filme todo com esta cor ver- tempo para se olhar ao espelho, não trabalho do que é possível expor e eu também estava à procura, mas melha. No fundo, aquilo é um carim- sei se tinham espelho, não sei se ain- todos eles têm muito mais informação muito mais à frente e muito mais ta- bo que remete para esse “J”, remete da tinham vaidade para se olharem do que é possível mostrar numa ex- lentoso. Um dia estava num “diner” para a estrela amarela que os judeus ao espelho. No fundo, este campo de posição. em Nova Iorque e virou-se um estra- eram obrigados a usar na Alemanha concentração põe em causa todos os Quando já estava a produzir nho para mim, mostra-me o jornal, e em Terezín, o que é irónico, porque outros campos de concentração. o livro, descobriu o autor da que tem a morte do Sebald, e ele diz: só havia judeus na cidade. A ideia era “Terezín” é o seu primeiro fotografia do “Austerlitz”. Quer “Do you know this writer?” Foi assim uma cor que embebesse, e que as ima- livro com distribuição contar? que eu soube da morte dele, num aci- gens que estão ao de cima passassem verdadeiramente internacional. Fui à Steidl preparar o livro, e é o se- dente de automóvel [em 2001]. Não para segundo plano — a cor é que pas- O tema teve alguma influência nhor Steidl que trata de tudo. Quando se sabe se ele teve um acidente, se sa a ser o primeiro plano. nisso? estava à espera dele, estavam lá os teve um ataque de coração, foi uma Há uma frase que Eduardo O tema, neste momento, até pode livros todos que a Steidl já produziu morte em “loop”, como os próprios Prado Coelho escreveu em 2000 funcionar pelo contrário. Na Alema- e entre eles encontrava-se um livro livros dele. Tenho pena de não ter a propósito de uma exposição nha está-se um pouco cansado da de Dirk Reinartz, um fotógrafo que guardado o “New York Times” com a sua, e que parece premonitória temática. O risco que estas temáticas eu não conhecia. Que tem este livro notícia da morte dele na altura. em relação a “Terezín”: “O que correm é de se esgotarem e de deixa- sobre campos de concentração que Esta maneira de contar a História Daniel Blaufuks nos mostra está rem de chegar às pessoas porque elas se chama “Deathly Still”, que foi im- contando historiazinhas é o que me quase sempre desabitado: foi já estão cansadas. Quando fiz a esco- presso na Steidl. Descobri esta foto- interessa. “Sob Céus Estranhos” é fei- o humano que se retirou.” Faz la na Alemanha, tudo o que aprendi grafia por um grande acaso. Antes do to antes de eu descobrir o Sebald, mas lembrar o que Walter Benjamin em História foi o nazismo. Era tal a meu livro ser entregue para impres- a ideia era essa: ao contar a história escreveu sobre as fotografias de preocupação com o ensinamento do são decidi acrescentar aquela frase de duas pessoas [os avós maternos de Eugène Atget em Paris: que ele nazismo que não aprendi mais nada que aparece no final, que era a única Blaufuks], conseguir contar a história fotografou a cidade sem figuras da História alemã. De cada vez que página possível, porque achei dema- do mundo. humanas, como quem fotografa vinha um professor novo ele sentia siada coincidência. Foi a última coisa. Sebald não era judeu, era o local de um crime. necessidade de falar sobre isso. Isso Achei incrível: ao fim destes anos to- alemão, filho de católicos... E aqui aconteceu um crime, de facto. torna-se contraproducente. dos, depois de ter procurado a ima- Ainda bem. Isto não é uma história O filme e os fotogramas do filme pre- O que eu acho que ajudou é o livro gem na Internet, depois de imensas dos judeus, é uma história da Europa, enchem esse vazio. Ao fazer este tra- ser o que é. E teve a sorte de chegar “démarches”... é indiferente quem foram as vítimas. balho senti uma coisa que eu já tinha à editora certa. Penso que é um livro Há pouco falava do túnel: na saída Podia ter sido qualquer minoria – na- sentido no “Sob Céus Estranhos”, diferente da maior parte dos livros de do túnel, de certa forma, está a solu- quela altura eram os judeus, os ho- com as fotografias que retirei dos ar- fotografia que se fazem hoje. Desde ção do início do túnel. Se o Sebald mossexuais, os ciganos, e os deficien- quivos do Ministério dos Negócios o meu primeiro livro foi isso que me tivesse escrito de onde era a fotogra- tes. O Sebald é apenas o cristalizar de Estrangeiros. Fui fotografar fotogra- interessou. A maior parte dos livros fia, de quem era a fotografia, prova- uma cultura alemã que, apesar dos 11 fias de pessoas que tinham pedido de fotografia são “greatest hits”: os velmente eu nunca teria feito este O escritor anos de nazismo, é uma cultura ina- vistos na altura e que não puderam fotógrafos juntam as melhores foto- projecto. Porque estava já tudo expli- alemão W. G. creditavelmente rica e admirável. entrar em Portugal. É que elas não grafias e põem-nas num livro. Para cado. Ontem, um amigo meu pergun- Sebald. O que o levou a submeter as me deram autorização para estar mim, um livro não é isso. É como um tou-me se eu tinha lido o livro do Ge- Blaufuks imagens do documentário a um aqui, não falei com nenhuma destas livro de escrita: tem de ter um tema, orge Steiner, “Os Livros Que Não Es- refere-se a ele filtro vermelho? Tem um óbvio pessoas, nem poderia, porque elas tem de ter um princípio, um meio e crevi”. Que eu nunca li. Ele diz que como “uma efeito dramático. morreram praticamente todas na al- um fim. Algumas dessas fotografias um judeu lê um livro com um lápis na alma gémea” Quando vi o filme, a mentira é tão tura. O facto de não lhes pedir auto- se calhar são boas fotografias, se ca- mão. Para quê? Para escrever outro forte que, mesmo a mim, que tinha rização e agora estarem sem autori- lhar não são, mas há uma coisa fecha- livro a partir desse livro. E aqui foi o toda a informação, aquilo pareceu-me zação neste livro e neste DVD ainda da dentro desse livro que não é a obra que aconteceu. Escrevi um livro a um “kibbutz”. No YouTube existem me causa um pouco de pudor, de im- do fotógrafo. Não há tantos livros de partir de outro livro, do Sebald. É excertos do filme como propaganda, pressão, não há aqui um diálogo. Mas fotografia que sejam assim – pelo uma ideia muito bonita: tudo é a mostrar que os campos de concen- eu precisava das pessoas para ocupa- mundo fora. Na maior parte dos livros transmissão. Tudo vai dar noutra tração eram sítios óptimos. Portanto, rem este espaço. Só as pessoas que de fotografia tanto faz ver em livro coisa e noutra coisa e noutra coi- a força do filme mantém-se como habitaram esta cidade é que dão sen- como ver numa exposição ou ver em sa. E isso, no fundo, é a histó- mentira, para quem quiser acreditar tido ao projecto. Ainda pensei em fotografias soltas, na Internet, etc. ria da humanidade. Todas nela. Eu não queria mostrar o filme trabalhar sobre Terezín hoje, que é Este é um trabalho que foi pensado as histórias vão tendo como ele é, no original, com o preto uma cidade habitada por três mil che- desde o início como livro. continuidade através e branco. Primeiro, decidi deixar cos, deverá ser interessante falar com O livro é mais importante do que das gerações. É o que aquela frase “Staged Nazi Film”, que eles e fazer um documentário. Mas a exposição que fez no CCB em faz nós sermos seres acho fortíssima, e gostei imenso da não é disso que estou à procura. O 2007, que lhe valeu o Prémio humanos. Embora às palavra “staged”, que remetia para a que estou à procura talvez seja do que BESPhoto? vezes nos esqueça- fotografia inicial. E cheguei ao verme- está debaixo de água. E as pessoas Não penso que na exposição se possa mos.

A maior parte dos livros de fotografi a são ‘greatest hits’: os fotógrafos juntam as melhores fotografi as. Para mim, um livro não é isso

22 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon SCHOOL OF SEVEN BELLS

QUINTA 22 BLOOD RED SHOES

SEXTA 23 THE PHENOMENAL HANDCLAP BAND 8>G9H˜&(<$$

GÈ658C&( BILHETES À VENDA EM A#%&˜ WWW.CCVF.PT

MANTA >I@

me Colec‹o 10 Livros+CD Ð PVP cada: 5,95Û - Preo total da Colec‹o 59,5Û. In’cio da Colec‹o: total 24 Maio Ð Fim da Colec‹o: da Colec‹o - Preo 26 Julh 59,5Û. Ð PVP cada: 5,95Û Colec‹o 10 Livros+CD lu ¼ Vo o 9. Julh Os poetas Dia 19 oÓ ÒAry por deram-lhe as palavras. Carlos do Carm + CD LIVRO MAIS Ele deu-lhes POR Û5,95 a voz. CARLOS DO CARMO, 100 CAN‚ÍES - UMA VIDA. COLEC‚ÌO INƒDITA DE 10 LIVROS+CD.

De Ary dos Santos a Nuno Jœdice. Dos poemas musicados aos fados populares da sua Lisboa menina e moa. Carlos do Carmo deu voz e alma a alguns dos maiores xitos do fado e da can‹o portuguesa. Conhea a obra de uma vida, com textos de Ana Sousa Dias, numa colec‹o inŽdita de 10 Livros+CD com o Pœblico. Alemanha, início do século XIX: pela bert compôs a partir de poemas de nagens por exemplo não falam um de confirmar. A decepção com os projec- cidade imaginada de Wanderburgo Wilhelm Müller. Estes 24 poemas for- cada vez, interrompem-se em acções tos revolucionários começou com o passa um viajante sem rumo definido mam um conto em que de repente um e em pensamentos, distraem-se, vol- espanto dos intelectuais pela forma que decide parar na cidade encanta- homem diz: “Boa noite”, sai de casa e tam atrás, seguem em frente. O que como Napoleão exercia o poder. Daí do com o som do tocador de realejo atravessa a paisagem sem saber para acontece se colocarmos um helicóp- passámos às utopias do comunismo na praça central. onde o levam os seus passos, até que tero dentro de uma carruagem – o impossíveis de concretizar e que arras- Hans, deixa-se ficar. Frequenta o encontra um músico feliz com o seu helicóptero fica parado ou a carrua- taram na sua queda desilusão e frus- principal salão literário da cidade on- realejo. Chegámos a Wanderburgo. gem desata a voar? Quis perceber se tração em milhões de pessoas. de se discute todas as sextas feiras Que é uma cidade imaginária, a partir de fragmentos breves e velo- Em segundo lugar, há este parale- filosofia, política, literatura e um so- mas onde o paralelismo com a zes, se podia manter uma atmosfera lismo entre a revolução industrial e nho europeu que sabemos hoje se geografia da Alemanha é total. lenta. Um híbrido do romance clássi- revolução digital. A máquina a vapor Livros frustrou. No meio das acaloradas dis- Quis que ao detalhe se contrapusesse co com a narrativa dos nossos dias, e o comboio mudam o conceito de cussões conhece a filha do dono da a fantasia. Hans vive como num so- nos planos estilísticos, político e es- espaço e tempo. Muda o conceito de casa, Sophie. Apaixonados, propõem- nho, nesta errância algures entre Des- trutural. lugar, o homem passa a deslocar-se se traduzir juntos o melhor da poesia sau, cidade onde morreu o poeta Mül- E assim amarra os séculos XIX mais rapidamente do que a natureza. de toda a Europa. ler, e Berlim, uma cidade política. e XX. Mas também escreve que E isso repete-se com a revolução digi- Andrés Neuman, (Buenos Aires, Quis manter uma atmosfera estranha “o passado serve de laboratório tal que hoje vivemos. E tudo isto ocor- 1977) é autor de vários livros de con- na relação entre o viajante e as pedras para analisar o presente”. E o re não porque a história se repita mas tos, e de três romances, dois dos quais e ruas desta Wanderburgo inventada. nosso presente é o século XXI. Ao antes porque o início do século XIX é finalistas do prestigiado Prémio Her- Como se estas se montassem e des- qual pertencem os seis anos que na minha opinião o início do presente. ralde. “O Viajante do Século” (ed.Al- montassem do dia para a noite. Uma levou a escrever este romance. Cai por terra, pelo menos para mim, faguara) é o seu livro mais ambicioso. cidade conjectural como as que ima- A minha ideia nunca foi reconstituir o a ideia de que a história é veloz e anda E foi com ele que passou de promes- ginou Italo Calvino, já no século XX passado, mas sim detectar conflitos mais depressa do que o homem. sa a talento consagrado entre a nova mas com a aparência exacta de uma que, tendo-se iniciado na primeira me- E temos Sophie, uma mulher geração de escritores nascidos na cidade típica do centro da Europa no tade do século XIX, se instalaram até emancipada antes do tempo, América Latina. Prémio Alfaguara em início do século XIX. hoje na nossa sociedade. Quis deixar que rompe barreiras em nome 2009, “O Viajante do Século” foi ain- Mas “O Viajante do Século” bem à vista o que o passado pode ter de um amor romântico. “O da eleito pela crítica como o melhor está longe de ser um romance de revelador, os sinais que deixa ao Viajante do Século” é um elogio livro publicado em Espanha no ano histórico... futuro que infelizmente se acabam por ao romantismo no seu carácter passado. Conversar com Andrés Neu- Sim, porque desobedece às regras do revolucionário? man é viajar a grande velocidade. Sem género. Há um salto ao século XX pa- A história romântica entre o viajante travões. Pela história da civilização ra contar esta história que decorre no Hans e a jovem Sophie tem duas me- europeia dos últimos 200 anos e pelos século XIX e esse salto do tempo nun- “Estamos no universo tades bem diferentes: num primeiro caminhos do romantismo. ca ocorre no tradicional romance his- momento tudo é subterfúgios, olhares Porque se detém de repente tórico. “O Viajante do Século” está de Jane Austen. que se cruzam e se desviam com pu- este Hans, o viajante, a meio cheio de recursos que pertencem à dor, movimentos quase imperceptí- do caminho contrariando logo vanguarda literária do século XX: E de repente, esses veis de tecidos esvoaçantes, toques nas primeiras páginas uma das Franz Kafka, John Cheever. Há descri- de pele subtis. Estamos no universo epígrafes do romance roubada ções quotidianas que lembram Ray- dois seres românticos de Jane Austen. E de repente, esses a Georges Steiner: “Os vegetais mond Carver, monólogos interiores dois seres românticos tiram a roupa têm raízes, as mulheres e os que recordam James Joyce, a constru- tiram a roupa e descobrem que têm estrias, barriga, homens têm pés”? ção da cidade aponta a Kafka, o espa- e descobrem que peitos descaídos, sémen, sujidade. A culpa é de Franz Schubert: os meus ço visual é cinematográfico, os diálo- Acaba o idealismo em torno dos pais eram os dois músicos e eu cresci gos são radiofónicos. Nos encontros têm estrias, peitos corpos e o romance torna-se contem- a escutar “A Viagem de Inverno”, um do salão literário, que são em si uma porâneo na forma como é contado. ciclo de canções românticas que Schu- ideia pesada, solene, os meus perso- descaídos, sémen” Fala-se de menstruação, algo muito pouco romântico. Tentei mostrar o Andrés que se poderia passar dentro da car- Neuman quis ruagem de Madame Bovary que per- desobedecer corre Paris com as cortinas corridas. às regas do MIGUEL MADEIRA MIGUEL No romance de Flaubert sabemos que romance a carruagem leva o amante lá dentro histórico mas nunca o vemos. Mas mesmo que lá dentro se prati- que coito anal, a ideia era manter o nível poético. Tentei que na prosa não se distinguisse entre uma discussão filosófica sobre Kant, uma tradução de Bocage e uma descrição de uma qualquer axila. E quando não estão a fazer amor, Hans e Sophie traduzem poesia. A tradução é também um dos temas essenciais deste romance: a forma como traduzimos o passado no tempo presente. A história de amor entre Hans e Sophie demonstra como o amor se pratica traduzindo: gestos, silêncios, as tuas palavras através das minhas palavras. Toda a tradução é um acto de amor. Hans e Sophie têm o objectivo am- bicioso de traduzir toda a poesia eu- ropeia de todas as línguas: esta ânsia de tudo traduzir antecipa o diálogo de culturas, a ideia de uma Europa de civilizações e até de ferramentas co- mo o Google.

Ver crítica de livros págs. 44 e segs. Três séculos: um só romance “O Viajante do Século” tem a ambição de nos pôr a olhar para um espelho com o passado lá dentro. Conversar com Andrés Neuman é viajar a grande velocidade. Rui Lagartinho

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 25 Jerem os seus Este é um fi lme sobre pessoas, Angola Project” é uma “performan

“The Angola Project” come- no, o das pessoas, que se sobrepõe ao çou há alguns anos e, no mo- de um mundo global em mutação. Se mento em que chega a Lisboa o filme existisse mesmo, teríamos, de para um espectáculo, hoje, no um lado, Simão como testemunha da Teatro Maria Matos, o seu ca- História a passar por um território minho ainda não se esgotou. É (antes destruído) em mudança e, do uma “performance” com vídeo outro, os dois irmãos, filhos de uma do actor, bailarino e também independência tardia das ex-colónias realizador norte-americano de de Portugal, heróis de um futuro em 38 anos Jeremy Xido sobre a que “todas as hierarquias e regras es- vontade de fazer um “road mo- tão invertidas”, em que “há liberdade vie” e contar a história de dois de identidade”. irmãos que partem de Portugal em busca da casa que a mãe an- Fascínio e presença africana golana lhes deixou no interior No princípio de “The Angola Project”, de Angola. O caminho dos dois há uma descoberta que se torna força irmãos cruza-se com o de Simão motora do projecto. Branco de Sousa, ex-soldado an- golano a quem a guerra civil to- Xido: “A primeira vez que vim a Lis- mou a adolescência, também ele boa [em 2006 ou 2007] fiquei fasci- num regresso às origens, da costa nado com a presença africana. Em para o Planalto Central. parte por causa de onde eu venho. Na génese ou no meio deste pro- Venho de Detroit, Michigan. África jecto de “performance”, encomen- era uma questão imensa na minha dada a Jeremy Xido pela Transforma infância. Todas as pessoas no meu Associação Cultural (organização de bairro estavam fascinadas com Áfri- artes performativas com sede em Tor- ca mesmo sem saberem onde era. res Vedras), estão outras histórias: de Depois, apercebi-me aqui em Portu- uma diáspora angolana em Lisboa e gal de uma presença africana muito de uma comunidade asiática activa antiga, totalmente diferente de tudo na reconstrução de Angola. Ambas aquilo que eu conhecia dos Estados reflectem um mundo em transforma- Unidos e outras metrópoles na Eu- ção, com novos protagonistas do sé- ropa. Achei que era uma relação culo XXI, muito diferentes dos que muito mais antiga e directa com Áfri- dominaram o século XX com lutas por ca, enquanto para nós era uma re- uma hegemonia mundial. lação com um lugar imaginário sem Nesse “road movie” ainda imaginá- realidade física.” rio, cujas imagens são a matéria-prima principal da “performance” de Jeremy Num segundo momento, mas qua- Xido, cruza-se ainda a história do pró- se em simultâneo com esse fascínio prio realizador, “único miúdo branco fundador (que revela a Jeremy Xido num bairro de negros em Detroit”, e algo sobre ele próprio e o lugar de de como, por falta de financiamento, onde vem) há a frase de uma estudan- ainda não foi possível realizar este fil- te do Sul de Angola – “A Europa mor- me sobre Simão Branco de Sousa e os reu, Angola é o futuro” – numa das dois irmãos, personagens inspiradas entrevistas com a comunidade ango- das entrevistas que Xido fez a jovens lana em Portugal. angolanos em Portugal. A “performan- ce” foi pretexto para o actor e bailari- Xido: “Ela era africana, e não estava no falar ao Ípsilon, já em Lisboa, das a falar no sentido de que ‘não há fu- ligações reais e imaginárias a África e turo para mim aqui’, era no sentido de um país, Angola, oito anos depois de que não há futuro para ninguém do fim da guerra. jovem, não há sentimento de excita- ção ou potencial ou entusiasmo, mes- Xido: “Os dois irmãos são europeus mo para os jovens portugueses. As e têm uma relação com Angola com- pessoas estão cansadas, não há uma Teatro pletamente imaginária, como a re- força mitológica que as mova. Para lação com África que nós tínhamos ela, pelo contrário, havia um mito a partir de Detroit. Quando chegam muito poderoso que estava vivo.” a Angola, encontram um mundo on- de os chineses estão a reconstruir os A essa força, juntou-se essa ideia Caminhos-de-Ferro de Benguela, e latente do declínio de antigos poderes uma rapariga chinesa que é mais e do começo de novos. ENRIC VIVES-RUBIO angolana do que qualquer outra pes- soa. As identidades e noções de raça Xido: “Entre o grupo de jovens en- estão viradas do avesso. As pessoas trevistados havia este sentimento de estão a lidar com o passado e à pro- futuro e de possibilidade em África cura do significado das suas raízes. que não havia da Europa. Fiquei es- Era esse o território de partida.” pantado com esta constatação de que há enormes mudanças nos equi- Como diria Xido a potenciais finan- líbrios geopolíticos e de poder com ciadores do seu projecto: “Este é um a Ásia e a África. A proeminência da filme sobre pessoas, esperança, medo China como uma potência mundial, e redenção.” Isso num primeiro pla- a mudança no papel que a África

26 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon my Xido Angola com s universos paralelos esperança, medo e redenção. Ou virá a ser, quando tiver fi nanciamento garantido. Para já, “The ce”, com vídeo, texto e imagens de uma Angola que nos revela um mundo novo. Ana Dias Cordeiro

Branco, se com isso houver mais hi- que imaginou. E muito mais “freaky” podem ser coisas que não sabíamos póteses de financiamento. Mas tudo “[Em Angola] (bizarro e estranho), o que na cabeça que podiam ser. Havia gente de todo são ainda interrogações. de Xido é positivo, no sentido de o mundo, suecos e dinamarqueses, encontrei um mundo “complexo e inesperado”, mesmo alemães da Baviera, com bigodes gi- Xido: “O meu objectivo é talvez fazer muito à frente que o que encontrou em Luanda não gantes e planos para construir fábri- os dois [filme e documentário], ou um lhe tenha inspirado um sorriso. Na cas de cerveja. E chinesas que acaba- filme na fronteira entre o documen- da Europa, como uma capital angolana, Xido viu “coisas ram de se licenciar e estão a dar a tário e a ficção, que é o que nós, Ca- confusas”, como grandes edifícios de volta ao mundo. Na China, a tradu- bula6, como companhia de teatro, fronteira onde escritórios com as luzes indicadoras tora [a trabalhar no complexo de fazemos, entre o que é real e o que é sempre ligadas à noite, ao lado de construtores] teria que corresponder fabricado, jogando com o poder da as identidades bairros inteiros sem luz nas ruas e nas a um certo papel enquanto mulher realidade e o poder da ficção.” e designações de casas onde vivem as pessoas. A vibra- na sociedade. Em Angola, era a pes- ção, sentiu-a no resto do país. soa mais importante do complexo.” A companhia Cabula6, de Jeremy identidades são mais Xido e Claudia Heu, foi distinguida Xido: “Em Benguela conheci médicos Num bar de kuduro, na última para- como “Companhia do Ano de 2009” fluidas e as pessoas russos e cubanos, construtores das gem da linha dos Caminhos-de-Ferro pela revista “Ballettanz” e galardoada Filipinas, soldados e prostitutas e de Benguela, Xido encontrou “pessoas com o “Outstanding Artist Award – podem ser coisas trabalhadores por conta própria vie- a arrastar cabras, soldados bêbedos, Intercultural dialogue 2010”, pelo tnamitas, que me convidaram a en- uma mulher com uma ferida de bala Ministério da Cultura austríaco. O seu que não sabíamos trar na sua vida nocturna homosse- na cabeça que batia no homem ao seu trabalho, posto em cena e mostrado que podiam ser” xual de Benguela, que eu não fazia lado, um travesti que falava sozinho”. na Internet, é visto como criador de ideia de que existia. Bizarro. Encon- Encontrou “o que imaginava ser a re- uma arte de distância do teatro e de Jeremy Xido trei um mundo muito à frente da Eu- alidade nos ‘westerns’ americanos, aproximação à literatura. ropa, como uma fronteira onde as como um bar de fronteira”. Sentiu que identidades e designações de identi- estava num “saloon” futurista, do Século de oportunidades dades são mais fluidas e as pessoas século XXI. O século de Angola? O filme (ou documentário) vai toman- do forma na cabeça de Xido (e é isso que ele mostra na sua “performan- ce”). Passa pela história de Simão Branco nesse regresso à províncias do Huambo e do Bié, que também ele ajudou a destruir, e na sua procura de um emprego na empresa chinesa que está a reconstruir a mítica linha dos Caminhos-de-Ferro de Benguela. Essa linha é quase inversamente pa- ralela à rota dos escravos que saíam do coração de África, levados para o outro lado do Atlântico.

Xido: “Aqui estávamos nós na linha transcontinental de Benguela, cons- truída pelos britânicos, a pedido dos portugueses, ao longo das antigas rotas de caravanas de escravos por onde passaram antepassados de pes- soas como as que vivem no meu bair- ro. A mesma linha que no século XX Xido não sabe ainda se o seu foi bombardeada e minada pelas po- filme será uma ficção, um tências envolvidas na Guerra Fria e documentário ou algo entre os que agora está a ser reconstruída por dois empresas da China, a nova potência dominante emergente no mundo.” pode ter no século XXI e o declínio da Europa e dos Estados Unidos co- Mais do que uma vez, na “perfor- mo poderes hegemónicos no mundo. mance”, Xido diz: “Estamos no sécu- Neste virar de mesa, nesta inversão lo XXI.” Quase sempre em sinal de de papéis, encontro uma sensação esperança e a lembrar que o seu filme de liberdade que me fascina.” ainda virtual olha para o futuro. Se, no passado, não havia esperança de Se há esperança num território des- conseguir apoios para um filme com truído por uma guerra do século XX, protagonistas negros, no século XXI também haveria para o filme de Xido isso não só é possível como é comum que ninguém ainda quis financiar. encontrarem-se e contarem “histórias Como se Angola demonstrasse que em que os brancos são totalmente “há alternativas a tudo aquilo que ha- irrelevantes”. “É uma maneira impor- via no século XX”. Como se a História tante e nova de contar o mundo”, não tivesse sempre que ser contada acrescenta. pelos vencedores (ou pelos que têm o dinheiro). Para isso, basta encontrar Saloon futurista alternativas. O filme-ficção sobre os Em Benguela, ou mais para dentro do dois irmãos pode passar a ser um do- coração de Angola, Xido encontrou cumentário, mais centrado em Simão um mundo muito mais vibrante do

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 27 festival

É um dia calmo lá em casa. A cam- bum novo, provavelmente o seu nãonão é costumecostume evocá-loevocá-lo painha toca. Espreita-se pelo ócu- melhor desde “Sign ‘O’ The Times” Ele admira a fadista directamentedirectamente em palco, lo da porta para ver quem é. Vis- (1987). Houve uma aparição recen- embora as cançcançõesões do lumbra-se um homem baixo, ca- te, em Paris, ao lado de Stevie Won- Ana Moura. Os dois novonovo disco tenham sido belo com gel, roupas coloridas, der. Há essa relação de admiração influenciadas pelapela sua fé. sapatos de salto alto e Bíblia na em relação à fadista Ana Moura, vão cantar em dueto IstoIsto aaoo nívnívelel dadass lletras.etras. DDoo mão. Pensamos ser um sósia de que o levou a assistir a um espec- pontoponto de vvistaista sónsónicoico é o seu Prince. Depois o homem fala, diz táculo seu em Paris o ano passado. “Walk in sand”, disco,disco, desde há muito,muito, que maismais que quer falar connosco sobre Dessa relação resultará a interpre- a canção que ele investe na fisicalidade e no dina- Deus, fica-se curioso e abre-se a tação, em estreia, e em dueto, no mismomismo rítmico. Há um balanço porta. E às tantas percebe-se que Meco, de “Walk in sand”, uma can- compôs a pensar sensual como em “Sign ‘O’ the Ti- não é um sósia. É mesmo ele. ção do último álbum dele, compos- mes”,mes”, economiaeconomia minimalistaminimalista como Em Portugal não se corre esse ta a pensar em Portugal. E há uma em Portugal no álbumálbum “Parade”“Parade” (1986), rasgos risco. Mas em pequenas cidades série de concertos recentes entu- de electro-funk como em “1“1999”999” do interior dos Estados Unidos, siasmantes, como há 15 dias no fes- (1983)(1983) e os habituais solos de gui- nos últimos dez anos, tem aconte- tival Roskilde, da Dinamarca, pe- Julian Casablancasablancas (sábado, 21h), tarra,tarra, pianadas jazzísticas, sinte- cido. A maior parte das vezes não rante 70 mil pessoas, onde tocou Vampire WeekendWeekend (sábado, 23h50) tizadorestizadores que parecem fanfarrasfanfarras é reconhecido. Às vezes enverga sucessos de sempre (“Kiss”, “Little e National (d(domingo,omingo, 21h30) ou das e o registoregisto em ffalsete.alsete. Não consti- até uma roupa mais comedida e red corvette”, “1999”, “Let’s go linguagensns ddançantes,ançantes, como RRi-i- tuiu,tuiu, evevidentemente,identemente, uma revolu- faz questão de metamorfosear o crazy”, “Purple rain”) e versões chie Hawtintin ((hoje,hoje, 01h). ção. Mas é o seu disco mais inspi- cabelo. Mas muitos já apanharam surpreendentes como “Le freak” Ninguémm sabesabe o que irá aconte- radorado de há muito temtempo,po, visível o sobressalto da vida, abrindo a dos Chic, “Shake your body” dos cer exactamenteamente no Meco. A imim-- em cancançõesções como “Compassion”, porta a uma testemunha de Jeová Jackson 5 ou “Everyday people” previsibilidadelidade ainda fazfaz parte “Sticky“Sticky like gglue”lue” ou “Everybody e acabando a falar com uma das de Sly & The Family Stone. dele. Quemm o vviuiu em PortugalPortugal (em lolovesves me”.me”. maiores estrelas pop das últimas E há, claro, esse concerto no Fes- 1993 no Estádiostáddio de Alvalade e em HojeHoje em ddiaia diz-sediz-se um homem três décadas. tival Super Bock Super Rock, no 1998 no Pavilhãoavilhão Atlântico e, horas tranquilo,tranquilo, aapesarpesar de continuar em A história vem contada no jornal Meco, no próximo domingo, pelas mais tarde,e, nono Lux,Lux, num concerto- luta com a indústria tradicional da inglês “Daily Mirror”, que distri- 23h45. Curiosamente é um evento surpresa ondeonde se fartoufartou de impro-impro- músicamúsica e com a Internet, procuran- buiu gratuitamente o seu último onde se poderão encontrar alguns visar) sabe-o.e-o. Mas é prevprevisívelisível que do novasnovas foformasrmas de ddistribuiristribuir a sua álbum, “20Ten”, na edição de sá- dos seus descendentes como Jamie se apresentente com um nanaipeipe alar- música.música. Os jjornaisornais são apenas uma bado passado, mas tem sido rea- Lidell (hoje, 19h) ou Mayer Ha- gado de mmúsicosúsicos e babailarinos.ilarinos. Que delas – para além do “Da“Dailyily MMir-ir- firmada ao longo dos últimos anos wthorne (hoje, 20h10), para além demonstree umauma excelente forma ror” inglês, também o “Daily Re- em vários artigos de imprensa. de muitos outros pontos de inte- física aos 5252 anos.anos. E queque apresenteapresente cord”cord” da IrlandaIrlanda e o “Het“Het Nieuws-Nieuws- Prince é Testemunha de Jeová, resse provenientes da pop electró- êxitos – ficandoando de forafora os que pos- blad” belbelgaga distribuíram o seu ál- professando com convicção, inclu- nica, como os Cut Copy (hoje, suem cargaga eeróticarótica mamaisis explícexplícita,ita, bum gratuitamentegratuitamente no sábado e a sive no porta a porta. 21h20) e Hot Chip (sábado, 22h30), talvez – misturadosmisturados com canções “Rolling“Rolling Stone” alemã irá fazê-lo Nada disso interessava, se ele do rock menos convencional, co- do novo registo.egisto. a 22 de Julho. Ao contrário da não estivesse de regresso. Há o ál- mo os Grizzly Bear (hoje, 23h30), Apesar dada sua devoçãodevoção a Deus, mmaioraior parteparte das estrelas pop,pop, O nome dele é Prince e ainda é funky O festival começa hoje, no Meco, com Pet SShophop Boys ou Grizzly Bear. Mas é no domingo que actua o nome mais aguardado, Prince, que acaba de lançar novoovo áálbumlbum e interpretará uma canção, inspirada em Portugal,rtuugal, com a fadista Ana Moura. E conseguirá ele mostrarar que não existe contradição em ser-se testemunha dee JJeováeová e celebridade da cultura pop? Vítor Belancianoano

28 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Sexta, 16 Palco Super Bock Pet Shop Boys: 00h40-02h10 Keane: 22h40-23h55 Cut Copy: 21h20-22h20 Mayer Hawthorne & The County: 20h10-21h00 Jamie Lidell: 19h00-19h50 Palco EDP Grizzly Bear: 23h30-00h30 The Temper Trap: 22h00-23h00 Beach House: 20h40-21h40 St. Vincent: 19h35-20h20 Música Godmen: 18h45-19h15 Palco @Meco M-Nus Showcase: 22h00-04h00 Richie Hawtin Marco Carola Magda

Sábado, 17 Palco Super Bock Leftfi eld: 01h30-02h30 Vampire Weekend: 23h50-01h05 Hot Chip: 22h30-23h30 Julian Casablancas: 21h00-22h10 Tiago Bettencourt & Mantha: 19h40-20h30 Palco EDP Patrick Watson: 23h10-00h20 Rita Redshoes: 21h40-22h40 Holly Miranda: 20h20-21h20 Sweet Billy Pilgrim: 19h20-20h00 Malcontent: 18h30-19h00 Palco @Meco Ricardo Villalobos & ZIP: 01h00- 04h00 Bloop Showcase: 22h00-01h00 Magazino Joao Maria Jose Belo Henriq & Bart Cruz: 21h00-22h00

Domingo, 18 Palco Super Bock Empire of the Sun: 02h00-03h00 Prince: 23h45-01h15 The National: 21h30-22h45 Spoon: 20h20-21h10 Stereophonics: 19h10-20h00 Palma’s Gang: 18h00-18h50 Palco EDP John Butler Trio: 23h05-00h05 Sharon Jones & The Dap Kings: 21h45-22h45 Wild Beasts: 20h25-21h15 The Morning Benders: 19h20-20h05 Stereo Parks: 18h30-19h00 Palco @Meco Laurent Garnier Live: 02h30-04h00 Rui Vargas & André Cascais: 00h30-02h30 Zé Salvador: 23h00-00h30 Hi-Tech²: 22h00-23h00 Mary B: 21h00-22h00

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 29 Al Green

Madonna

Serena e Venus Williams

Bob Dylan Cat Stevens Aprender a rezar na era da estética Prince não é excepção. Muitas são as estrelas – da música e não só – que fi zeram da sua conversão espectáculo. A fé nasce, sobretudo, do desespero? João Bonifácio

Houve um certo bruá quando se sua promiscuidade a espoletar a à cabala como uma simples Justin Timberlake ao velhadas soube que o ex-debochado Prince A lista de estrelas do conversão. moda a que se presta gente com que escreve “Sign the times”, é tinha decidido entregar a sua alma Nestes casos estávamos perante demasiado tempo para gastar. A coisa para dar cabo do ego de um à religião, mais propriamente às entretenimento religiões clássicas. Mas quando Cientologia parece outro território “entertainer”. Testemunhas de Jeová. Um certo que ofereceu a alma olhamos para as primeiras – ninguém que lá entre abre a Um “entertainer” vive dos barulho mas menos, muito menos, páginas dos jornais a reacção boca sobre a instituição, o que faz aplausos. Quando os aplausos do que aquele com que, há vinte e ao Criador da sua mediática às conversões de fé das sentido se analisarmos com calma rareiam raras vezes o “entertainer” tais anos, teve de lidar estrelas está mais próxima da que os pressupostos “teológicos” que aceita que são as regras do por causa dos seus problemas eleição após ter Dylan enfrentou: é como se, de a regem. tempo. Por norma, como “Sunset com a fé. Muito provavelmente, repente, aqueles seres inatingíveis Boulevard” tão bem demonstrava, desde Kierkegaard que ninguém encontrado a fama e perfeitos se entregassem a algo Fé e identidade há um certo desespero que se teve tantos problemas com a fé de obscuro que, possivelmente, Faz sentido que estrelas adiram apodera destes tipos que antes como Bob Dylan. Ou, de forma é imensa terá ligações com o oculto. a um culto tão cerrado.ado. O mundomundo tiveram tudo e queque se movem em ainda mais precisa, nenhuma A lista de estrelas do dessas estrelas é o dada idolatraçãoidolatração mmeioseios onde é obrigatórioobrigatório ffruirruir celebridade teve tantos problemas entretenimento que ofereceu a contínua, em que umama parte tudo o que se tem à disposição:disposição: com a fé como Bob Dylan. ao islamismo como o nome alma ao Criador da sua eleição do ego se rege (e reage)age) a alalgogo totodasdas as drogas,drogas, totodasdas Para sermos absolutamente indica. O caso de Stevens está após ter encontrado a fama é tão vago quanto a ssuaua suposta as mumulheres,lheres, totodosdos exactos, não há nenhuma prova provavelmente mais próximo do imensa: vota na Cabala popularidade – algoo que na ooss contactoscontactos de que Dylan tenha de facto tido que hoje acontece com a maior e não contente com isso fez realidade não é mensurável,nsurável, ssociais,ociais, todos os problemas com a fé visto nunca parte das celebridades do que Britney Spears juntar-se a ela. excepto na conta bancária.ancária. ccarros,arros, todas o bardo ter dito duas palavras o caso de Dylan. O bardo era Ao mesmo clube aderiram Demi Convenhamos que não há-de ser as capas dede sobre ter-se tornado cristão um experimentador, um eterno Moore e marido (Ashton Kutcher) saudável estar habituadoituado a ser jjornais.ornais. novo. Os problemas pertencem irrequieto que um dia acordava e Beckham. Tom Cruise & visto por milhões, a ser seguido QQuandouando isso exclusivamente aos outros: os cínico, noutro Don Juan, a seguir senhora alinha pela Cientologia, por milhões, a defi nirnir cada um ssee vai embora, fãs da fase folk, os fãs da fase pai de família, às quartas era que entretanto já arrecadou Beck dos passos pela possívelssível reacreacçãoção eléctrica, os fãs socialistas, os bluesman, às quintas literato e às e uma data de colunáveis de desses milhões. Algogo assassimim dá fãs do lado cínico, os músicos, os sextas melómano. Ser religioso Hollywood. cabo da identidade.. A proverbproverbialial jornalistas. Essencialmente isto – era uma experiência como outra Há outros casos de adesão mais e adolescente questãotão dodo os jornalistas. qualquer. ou menos profunda à fé. Richard “Quem sou eu?” faráá certamente Por que é que um homem Mas para Stevens o islamismo Gere, um homem conhecido por sentido na cabeça dede pessoas como Dylan, que para os foi uma forma de sobrevivência. ser capaz de franzir o sobrolho que não dão um passosso sem um homens do papel e da caneta era Compositor de folk sensível, à maneira de Richard Gere séquito de aconselhadoreshadores simplesmente a) o profeta acabado lançado para o estrelato do dia mesmo com palitos a içar-lhe o que, por norma, estátá lá de b) uma geração que tinha para a noite, Stevens sentiu a fama sobrolho é um (aham) estudioso apenas e só para gabarabar a corrido mal (a primeira premissa como uma queda interminável devoto do budismo há muito. As estrela e para lhe mmostrarostrar está errada, a segunda certa), no vazio, agarrando-se à heroína manas Williams (as tenistas) são como o resto do mundoundo está haveria de aderir a uma religião com a força dos fundamentalistas. testemunhas de Jeová. Isto é tudo contra ela. minoritária e obscura, assim Quando a heroína deixou de o gente que há muito encontrou Assim sendo faz sentido que lançando (ainda mais) sombras ajudar, o islamismo estava lá para numa qualquer forma de fé um Prince se tenha convertidonvertido à sobre a sua carreira? funcionar como rede. O caso foi sustentáculo da sua vida, por religião das manas Williams. Em É curioso que nunca ninguém ainda mais badalado porque, a oposição a quem de repente 1982 ele escrevia explicitamentexplicitamente coloque a pergunta quando se partir daí, a carreira de Stevens descobriu a luz. sobre um método queque tinhatinha trata de músicos negros, quase deixou praticamente de existir. É que há ligeiras diferenças vontade de pôr em práticaprática todos invariavelmente devotos. Não foi o único caso em que entre as opções que se tomam. A para sentir o sabor de uma Talvez o facto de Dylan ser judeu uma conversão religiosa deitou monumental adesão de VIP com boca feminina atravésvés dede umum tenha aumentado o “escândalo” – uma carreira a perder: o soulman vivendas em L.A. à Cabala soa sistema perceptivo altamente que ainda dura e alimenta páginas Al Green, quando decidiu deixar quase a moda. Esta não é uma desenvolvido e mundanamentendanamente de revistas e livros até hoje. Os de cantar “secular music”, isto opinião pessoal – é uma opinião conhecido por pénis.is. Em 20201010 judeus são muito ciosos dos seus. é, música pagã, tornou-se uma de quem estuda e pratica religião ele acredita em conspiraçõesnspirações São capazes de aceitar as ovelhas pálida imagem do que havia sido como última fi nalidade de vida, químicas (tal como Beck) e acha tresmalhadas que gozam com até aí. mais propriamente do rabi David que o mundo está aí pparaara ddarar cacabobo o seu povo, desde que tenham (Por outro lado, nem todas Wolpe do Conservative Sinai de nós. sucesso (Woody Allen, Roth, as conversões redundaram em Temple de Los Angeles (portanto, Faz tanto mais sentidoentido se Larry David), mas não perdoam fracaso: Lew Alcindor atingiu a habituado às idas e vindas de pensarmos que há maismais de abandonos. Excepto no caso de fama já como Kareem-Abdul Jabar, deslumbrados da fé). Aquando uma dezena de anosos queque vevemm a ffé.é. , que por mais extraordinário basquetebolista da súbita conversão de Madonna Prince não vende emm númerosnúmeros DDuvida-seuvida-se budista que se tenha tornado dos Lakers. Mohamed Ali teve os à Cabala, pediram ao rabi um verdadeiramente grandiosos,randiosos, qqueue essa fféé sempre afi rmou nunca ter deixado seus grandes momentos já depois comentário. Homem avisado, disse se pensarmos que hhojeoje ele é o ssejaeja ffrutoruto de ser judeu. de se tornar muçulmano.) apenas: “As almas não crescem tipo que infl uenciouu os tipos ddoo estudo Mas Stevens e Al Green são um com respostas simples. Fitas que estão no topo (OO que implica e aposta-aposta- A religião como refúgio bom símbolo do que acontece vermelhas [como a que Madonna que ele não esteja nnoo topo). Há ssee queque Ao lado de Dylan nas conversões nos dias de hoje: homens que, usava em sinal de culto à Cabala] quantos anos não fazaz Prince uma nnasceasce do religiosas que deixaram o mundo devorados pela fama, procuraram e garrafas de água mágicas não canção memorável?? Essa simples ddesespero.esespero. surpreendido, só mesmo Cat refúgio na religião. No caso de mudam o mundo e não mudam as noção, de que já nãoo se está no Stevens, hoje conhecido por Yusuf Green tratou-se de um ataque pessoas.” topo do mundo, de qqueue as KKimim Islam, devidamente convertido de uma namorada furiosa com a Não é difícil ver as adesões Basingers de hoje pprefeririamrefeririam um

30 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon festival

proibiu o YouTube e o iTu- nes de utilizarem a sua mú- Não vejo por que é que sica e nem sequer tem sítio oficial na Internet. Numa en- hei-de dar a minha trevista recente afirmava que a Internet está acabada. “Não música ao iTunes. vejo por que é que hei-de dar a mi- Não me pagam um nha música ao iTunes ou a quem quer que seja. Não me pagam um avanço e ficam avanço e ainda por cima ficam zan- gados, quando não conseguem o zangados, quando que querem.” Para ele, a Internet é como a MTV. “A MTV era o máxi- não conseguem o que mo e de repente ficou datada.” Quase não dá entrevistas, faz os querem concertos que quer, lança discos quando lhe apetece. Diz-se satisfei- to com o que tem. E tem ainda mui- to. Continua a ter Paisley Park, per- to de Minneapolis, um complexo Marvin Gaye, Miles Davis, Chic, Sly de edifícios e estúdios que é sinó- & The Family Stone ou Beatles –, nimo de Prince, como Neverland ao mesmo tempo que prenunciava era de Michael Jackson. Mas algo quase tudo o que iria marcar a mú- mudou há muitos anos. Tudo terá sica negra pop, e não só, das pró- começadocomeçad em 1996, quando o filho ximas décadas – Pharrell Williams, GregoryGregory faleceu, sete dias depois Kenye West, Justin Timberlake, dede ter nnascido.a Logo de seguida fo- Timbaland, Beck, Jamie Lidell ou ramram os ppais, o pianista John L. Nel- OutKast. Durante muitos anos, sonson e a cantorac jazz Mattie Shaw. coincidente com os anos de ouro A mmãeãe era testemunha de Jeová da MTV, insistiu-se numa rivalida- e o seu desejod final foi que o filho de com Michael Jackson. Mas eram sese convconvertesse.e Nesse período crí- de mundos diferentes. Jackson era tico – pparaar além das mortes incom- o homem que tentava sempre ajus- patibilizou-sepatibilizo com editoras – apro- tar-se ao centro do mercado. Prin- ximou-seximou-s de Larry Graham, bai- ce simplesmente não queria saber. xistaxista e fundadorfu dos Sly and the Era uma mente livre. FamilyFamily Stone,S que lhe disse que E excêntrica. Famosas ficaram haviahavia recuperadorec de uma vida de as digressões faraónicas e os seus drogasdrogas e violência pelo facto de caprichos. Há sete anos, em Mia- serser testtestemunhae de Jeová. E a con- mi, num debate sobre a indústria versãoversão aconteceu.a da música moderado pelo falecido DeuDeu llargasa somas de dinheiro Tony Wilson, da editora Factory, parapara cacausasu em todo o mundo e o era apontado como o caso típico homemhomem queq era conhecido por co- do músico esbanjador. Na altura, leccionarlecciona casos (Kim Basinger, Casey Spooner (dos Fischerspoo- Sheena EastonE ou Cármen Electra) ner) estava em estúdio com músi- tornou-setornou-s monogâmico. A sua na- cos de Prince, que lhe contavam morada aactual é Bria Valente, cujo histórias do género desta: “Era álbum dde estreia produziu o ano capaz de dar um concerto em Ro- passado.passado Ela também é testemu- ma, depois tocar num clube local nhanha de JJeová.e Ele diz que estudam e, na mesma noite, voar no seu cincocinco horasho por dia. Hoje, quando avião particular para o seu estúdio lhelhe fafalamlam das letras libidinosas e em Minneapolis onde tinha os seus dada cacapapa de discos como “Lovese- músicos à espera para registar xy” ondeonde surge nu, limita-se a sor- uma ideia que havia tido nessa rirrir e diz que “vive agora, não no mesma noite. Depois, no dia se- passado”.passado guinte, regressava à Europa para Ao longolon de 30 anos de carreira, mais um concerto!” vendeuvendeu mais de 100 milhões de Longe vão os tempos em que álbuns.álbuns. A década de 80 foi a sua cantava, no princípio dos anos 90, fase maismai cintilante, aquela que “My name is Prince and i am marcoumarcou definitivamente os cami- funky”, como forma de tentar con- nhos dada música popular, em ál- quistar público do universo hip- bunsbuns cocomom “Dirty Mind”, “Con- hop, apostando numa linguagem troversy”,troversy “1999”, “Purple Rain”, mais afirmativa. Hoje já não tenta “Parade”“Parade e “Sign ‘O’ Times”. Na ser quem não é. É verdade que já alvoradaalvorada dos anos 80, em pleno não quer expandir a paleta da sua períodoperíodo pós-punk, não era fácil música, como aconteceu nos anos gostargostar dele.d Não era só a música, 80 e primeira metade dos 90, em de economiaecono narrativa, capaz de que cada novo álbum seu era um congregarcongrega num só miligrama pop, desassossego de novidade. Hoje funk, soul,so folk ou rock & roll de limita-se a fazer álbuns à Prince, formaforma llascivaa e apaixonada, era ou seja, exactamente o mesmo que tambémtambém o visual e a atitude ex- a maior parte dos agentes da pop travagante,travaga num tempo onde o moderna tenta fazer. artifícioartifíc e o excesso não eram A próxima vez que uma teste- paradigmasparad reinantes. munha de Jeová vos inquirir, já EraEra como se conseguisse sin- sabem, olhem para os sapatos. tetizartetiz o que vinha de trás – Nunca se sabe. Pode ser Prince.

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 31 Pet Shop Boys Pop coreográfi ca Recentemente, no terreno do rock, no festival Glastonbury, foram coroados como os grandes triunfadores. Conseguirão os Pet Shop Boys fazer o mesmo, hoje, no Meco? Neil Tennant acha que sim. Vítor Belanciano

[o falecido realizador de cinema] De- rek Jarman criou um ‘show’ multimé- “Somos um pouco dia que nos fez acreditar que existem muitas maneiras de expor a nossa irónicos, sim, mas música. Temos ideias, gostamos de é uma questão de colaborar com artistas de outras áre- as, sentimos que este é um campo humor, e não de pose. ainda pouco explorado, pelo que con- tinuamos a experimentar.” Nunca tivemos Hoje à noite ouvir-se-ão previsivel- mente muitos sucessos dos últimos necessidade de nos 25 anos (“West end girls”, “Suburbia”, “Go west”, “Always on my mind”, “It’s afirmar dessa forma, a sin” ou “What have I done to deser- mas a partir de ve this?”) e também algumas canções do último álbum, “X”, o seu décimo determinada altura, longa-duração de estúdio, lançado o ano passado. Nesse disco entregaram como reacção ao facto a produção à equipa Xenomania (Girls Aloud, St. Etienne), o que parece ter de a imprensa rock funcionado, não só criativamente, como em termos comerciais, com a nos considerar dupla a alcançar um sucesso nos Es- frívolos, começámos tados Unidos como nunca sucedera. mesmo a personificar Da electrónica ao ballet Nos últimos tempos, por causa do essa frivolidade, por êxito de cantoras americanas, como Lady GaGa, ou de inglesas, como La excesso, brincando Roux, o nome dos Pet Shop Boys tem sido evocado como grande referência, com isso, nada mais.” quando se fala do regresso da pop electrónica ao centro do mercado. “Não sei se existe um regresso, a pop electrónica sempre esteve por aí”, diz Tennant. “Nos EUA, sim, parece-me que o sucesso de Lady GaGa tem sido importante para abrir uma série de portas. La Roux é diferente, é reviva- lista de mais para mim. Os anos 80 já lá vão.” Algumas das melhores canções do duo são tocadas pelo equilíbrio instá- vel entre ritmos electrónicos, ambien- tes melancólicos, arranjos faustosos e a voz de Tennant, que parece quase sempre monocórdica. Durante muitos anos eram irónicos, sarcásticos até, não só nas canções, como na relação com a imprensa. Hoje dizem-se mais descontraídos em relação ao assunto. “Somos um pouco irónicos, sim, mas é uma questão de humor, e não de pose. Nunca tivemos necessidade de nos afirmar dessa forma, mas a partir Foi sábado, logo pela manhã, dia em No Meco, os cabeças de cartaz se- isso acaba por ter um peso imenso de determinada altura, como reacção não?”, ri-se Tennant. “Sempre nos que completava 56 anos, que falámos rão eles e Prince, outro também na sobre a forma como as pessoas pen- ao facto de a imprensa rock nos con- interessou trabalhar com outras pes- com Neil Tennant pelo telefone, en- casa dos 50 anos. “É natural, temos sam e vivem as coisas da música. É siderar frívolos, começámos mesmo soas, noutros contextos. Ao longo dos quanto este tomava o pequeno-almo- uma carreira e um percurso. É engra- um tremendo disparate, claro. Os a personificar essa frivolidade, por anos temos composto para pistas de ço. Não sabíamos que era o seu dia de çado, porque nos sentimos muito concertos rock não mudaram quase excesso, brincando com isso, nada dança, fazê-lo para uma companhia aniversário, daí que quando introdu- mais à vontade hoje em dia a actuar nada nos últimos 50 anos? Por quê? mais.” de dança parece-nos uma evolução zimos a primeira pergunta se tenha em festivais do que no passado. No Porque existe esse poder paralisador Apesar dos festivais, o duo tem es- natural”, diz, adiantando apenas que rido. princípio, víamo-nos essencialmente que faz crer que as coisas da música tado a trabalharhar num novo projecto. a música seráse tocada por uma orques- Dissemos-lhe que havíamos entre- como um projecto de estúdio. Hoje têm de ser vividas de uma certa for- Foram convidadosvidados pe-pe- lo teatro tratra e nnãoã pela dupla. vistado há pouco tempo James Mur- não, desfrutamos mais. Não temos ma.” londrino Sadlerdler Wells a tra-tra- NNoo Meco,M na noite de hoje, to- phy dos LCD Soundsystem, que havia nada a perder. É muito bom.” E como é um concerto dos Pet Shop balhar em conjuntoconjunto carãocarão jjá depois da meia-noite confessado estar saturado de grandes No recente festival Glastonbury, o Boys? Tem um conceito. É cuidado com o coreógrafografo Ja- (00h40).(00h4 Apesar da semana de festivais, porque sentia que o design, mais importante ao ar livre no Reino visualmente. É teatralizado. “É exci- vier de Frutostos e atraso,atraso talvez ainda seja possível o invólucro, a forma como são pen- Unido, deram um dos concertos mais tante”, diz Tennant. “Pelo menos é com o Royalyal improvisarimpr um “parabéns a vo- sados, não era para pessoas com 40 festejados, apesar de, segundo Ten- essa a intenção.” No Meco haverá bai- Ballet numama cê”cê” a Neil Tennant, embora o anos, como ele. “Ele disse isso? Gosto nant, a cultura rock ainda ter muitos larinos com cubos na cabeça, projec- adaptação de própriopróp não pareça dar muita imenso de James Murphy, adorava preconceitos em relação ao tipo de ções, um misto de design e coreogra- uma históriaa do relevânciarele ao assunto. “O que trabalhar com ele e compreendo-o, espectáculo que os Pet Shop Boys fias, com o cantor e o cúmplice Chris escritor dina-na- vouvou fazer hoje? Não faço a mas não concordo. Pelo contrário, apresentam. Lowe no centro dos acontecimentos. marquês Hansns maismai pequena ideia. Não se cada vez mais em Inglaterra os gran- “A imprensa, e toda a lógica da in- “Poderíamos fazer uma ópera, mas Christian An-n- tratatrat de recusar a idade. Con- des festivais são imaginados para ge- dústria da música, ainda vive segundo apetece-nos fazer isto. Quando fize- dersen. “Da poppop pa- tinuotinu a gostar de me festejar. rações de pessoas mais velhas.” os códigos do rock de há 40 anos. E mos a primeira digressão, em 1989, ra o ballet? PorPorqueque MMasas não sei. A sério.”

32 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon festival “Quando se ouve um velho disco de jazz é como se ouvíssemos também a sala onde foi gravado ou a respiração dos músicos. Gosto dessa Está para a música de Hedonismo ou nostalgia que nos transportam para zonas des- pureza, desse a Internet não o seduz – “demasiada dança dos últimos anos como Prince O chileno é alguém que é capaz de conhecidas. informação sem sentido”, limita-se a esteve para o funk dos anos 80, redu- provocar a festa na pista de dança. Às vezes é uma música que convida reconhecimento. Essa afirmar sempre que o interrogam so- zindo as propriedades electrónicas e Nos últimos dez anos raros foram os ao hedonismo. Outras vezes parece bre o assunto. as dinâmicas rítmicas ao mínimo, mas fins-de-semana passados em casa, ser apenas a banda-sonora de um fil- intensidade, na maior Do que gosta mesmo de falar é do expondo o máximo de emoções. É um tal a abundância de convites para me nostálgico, povoado por aeropor- parte dos casos, não som, das suas propriedades, daquilo sonoplasta, alguém que aborda o som actuar em todo o mundo. Agora está tos, auto-estradas, grandes superfí- que o caracteriza. Gosta de pensar e a sua actividade, como DJ e produ- mais selectivo. “Continuo a adorar cies, lugares ocupados por gente em é conseguida hoje” que os instrumentos electrónicos po- tor, de forma minuciosa e ética, como a minha actividade, mas também trânsito, solitários, isentos de vida. dem obter o mesmo tipo de qualidade se constata vendo o documentário gosto de estar com a família e os ami- Espaços de ninguém, para uma mú- Ricardo Villalobos que as velhas gravações acústicas, (“Villalobos”) que estreou no festival gos, para além do estúdio. Por isso sica marcada por longos períodos de apesar de achar que ainda não acon- de Veneza e que foi exibido no Indie- tento limitar as viagens longas, cada cadências repetitivas a velocidade tece: “Quando se ouve um velho dis- Lisboa em Abril. vez mais. Mas por uma boa festa, moderada, envolvendo-nos numa tra- co de jazz é como se ouvíssemos tam- Figura central da música electróni- porque não?” ma hipnótica. “Não trabalho a partir bém a sala onde foi gravado ou a res- ca de dança da última década é tam- Mas a sua música não se restringe de imagens e nem sempre penso es- piração dos músicos. Gosto dessa bém uma personalidade misteriosa. à funcionalidade dançante. Em álbuns pecificamente na pista de dança” diz pureza, desse reconhecimento. Essa “Inicialmente hesitei um pouco quan- como “Thé Au Harém D’Archimede” ele. “Só depois de criar um tema é intensidade, na maior parte dos ca- do me convidaram para o documen- (2004), “Fizheuer Zieheuer” (2006), que penso nisso.” sos, não é conseguida hoje.” tário”, afirma, “mas o realizador [Ro- “Fabric 36” (2007) ou “Vasco” (2008) No passado recente já criou música É um clássico, mas profundamente muald Karmakar] é alguém muito existe espaço para muitas variações. para filmes, no âmbito de apresenta- contemporâneo. Um purista, mas vis- conhecido na Alemanha, com um Sim, o minimalismo electrónico está ções ao vivo específicas. No futuro lumbrando o que se seguirá. É enigmá- grande percurso, e percebi que era quase sempre no centro dos aconte- próximo deseja mesmo criar banda- tico. Um dos criadores mais aventurei- um projecto totalmente credível. Ain- cimentos, mas a rodear essa movi- sonoras e aproximar-se cada vez mais ros da música actual, compondo com da bem que o fizemos.” mentação há detalhes, microrganis- do jazz. Diz que em casa ouve predo- essa ideia em mente: decifrar o misté- Ricardo Villalobos tem 40 anos. mos imperceptíveis e climas letárgicos minantemente clássica e jazz, e que rio que induz as pessoas à dança. Nasceu em Santiago do Chile, tendo partido para a Alemanha com a famí- lia na sequência do golpe de Estado do General Pinochet. O pai é matemá- tico. E esse facto parece tê-lo marca- do. “A minha relação com a música, num primeiro instante, é muito intui- tiva” diz, “trata-se de procurar sons que sejam inteligíveis para mim e combiná-los, mas a partir de determi- na altura o que me interessa é restrin- gir, seleccionar e reduzir e isso é um processo mais pensado. Matemático, talvez.” Na última meia dúzia de anos, prin- cipalmente depois do álbum “Alca- chofa” (2003), construiu uma identi- dade sonora vincada. Um híbrido tecno e house, profundo e narcótico, onde existe um toque sul-americano, ao nível dos pormenores percussivos. No seu caso não se trata de exotismo. A sua perspectiva não é a fusão. É criar um verdadeiro corpo colorido, reconvertendo-o em figuras digitais que iluminam uma espécie de melan- colia tecno. Compara a sua actividade à de um percussionista. Este, quando está em palco, deve saber estar no seu lugar, ouvir em redor e mudar de intensida- de ao perceber uma sensibilidade comum. “Na minha música acontece o mesmo. Todos os sons parecem de- sempenhar o mesmo papel, mas len- tamente vão-se modificando, contri- buindo para a criação de um novo edifício.” Ricardo Villalobos O mistério da dança Haverá Richie Hawtin ou Laurent Garnier. Mas no campo da música de dança electrónica o destaque do Festival Super Bock Super Rock será Ricardo Villalobos, o chileno que vive há muitos anos na capital alemã e que actuará no Meco, na noite de sábado. Vítor Belanciano

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 33 Em 2006, o agrupamento vocal e ins- Entre os primeiros compositores a “Há muitos anos que mas acontece que há notações de trumental belga Capilla Flamenca realizar versões a várias vozes de ex- grande complexidade, como a nota- gravou um CD fascinante que viria a certos do poema encontra-se o inglês o extenso repertório ção rítmica da Ars Subtiliors no final obter os mais importantes prémios John Dunstable (c. 1390-1453). O seu do século XIV. Na interpretação pre- da crítica internacional. Tratava-se exemplo foi seguido no continente musical criado à volta ferimos não ficar presos a essa com- “Canticum Canticorum”, um percur- por figuras como Guillaume Dufay e plexidade e concentrar o essencial da so musical pela polifonia dos séculos pelos seus contemporâneos da Esco- do Cântico dos nossa atenção na audição e na quali- XIV a XVI, inspirada no Cântico dos la da Borgonha no século XV. “A par- dade do trabalho de conjunto.” Cânticos, cuja extraordinária poesia tir daí nunca mais pára. Nos finais da Cânticos nos atrai tem servido de inspiração ao longo Idade Média e inícios da Renascença e preenche muitos dos Nascidas da improvisação de mais de dois milénios para artistas os poemas são frequentemente trans- Do seu percurso dos últimos anos co- de vários quadrantes. Este mesmo postos para o culto mariano, faz-se nosso projectos”, mo músico, musicólogo e director da Música programa, com pequenas variantes, uma ponte entre o amor físico e o Capilla Flamenca, Dirk Snellings des- será apresentado esta noite, às 21h45, amor espiritual, mas no século XVI é diz Dirk Snellings. taca o aprofundamento estilístico das na Igreja Românica de São Pedro de a dimensão sensual que é mais enfa- diferentes escolas polifónicas e um Rates integrado no 32º Festival Inter- tizada”, diz o director artístico. “É uma obra poética conhecimento cada vez mais claro da nacional de Música da Póvoa de Var- linguagem de cada compositor. “Há zim, onde a Capilla Flamenca faz a Como uma Missa fantástica” uma gramática comum, mas quanto sua estreia. Tal como sucede no disco, o alinha- mais mergulhamos no repertório, “Há muitos anos que o extenso re- mento do concerto é construído como mais nos apercebemos dos traços ca- pertório musical criado à volta do uma espécie de Missa, já que existia também uma função harmónica de racterísticos de cada autor. As dife- Cântico dos Cânticos nos atrai e pre- uma tradição oriunda de Milão em apoio. Achei que era o ideal para re- renças são muito maiores do que pa- enche muitos dos nosso projectos”, que secções do Próprio da Missa co- alçar o significado desta poesia subli- recem à primeira vista.” disse ao Ípsilon o baixo Dirk Snellings, mo o Intróito, o Gradual ou o Alleluia me sobre o amor”, explica Snellings. Outro aspecto que o apaixona é a O baixo Dirk que é também o director artístico do podiam ser substituídas por motetes, Quase todos os programas da Ca- capacidade de improvisar peças po- Snellings é o grupo. “Trata-se de uma obra poética ou seja, por composições livres sobre pilla Flamenca obedecem a percursos lifónicas a partir de uma melodia da- director fantástica, antiquíssima, certamente outros textos. “Era a chamada ‘Missa temáticos, resultam de apurada pes- da. “Sabemos hoje cada vez mais so- artístico deste bem anterior ao Antigo Testamento. substitutio’. Partimos dessa ideia pa- quisa musicológica e reflectem uma bre o treino musical recebidocebido na ReRe- importante É possível que se inspire numa ideia ra o encadeamento das peças, que são técnica vocal apurada e um forte sen- nascença. Por exemplo, os alunos de agrupamento egípcia, que depois passou para os todas de altíssima qualidade, como tido estético. Para Dirk Snellings, os Josquin Desprez eram hhabituadosabituados a belga gregos, a seguir para os hebreus e de- se o Cântico dos Cânticos tivessem membros de um conjunto polifónico improvisar linhas contrapontísticasrapontísticas pois para a Bíblia.” Snellings recorda inspirado a música das músicas.” O necessitam de ter qualidades espe- logo desde os oito anos,os, aalémlém ddee que se trata de um dos mais belos tex- programa inclui obras de John Pya- ciais como “o controlo total sobre a aprenderem a ler músicaca e de mon- tos sobre o amor da civilização oci- mour, John Dunstable, Johannes Prio- voz e a sonoridade, a capacidade de tarem novas peças, eraa o dental e que encontramos música ris, Francesco da Milano, Jacquet de transmitir emoções e saber ouvir os chamado ‘cantare supraa inspirada no Cântico dos Cânticos ao Mântua, Louis Compère, Alexander outros pois só assim se pode obter librum’”, acrescenta. “Ul-l- longo de quase toda a história da mú- Agricola, Adriaen Willaert e Henrich uma boa fusão com as vozes em vol- timamente tenho-me de-e- sica, desde melodias de cantochão Isaac, entre outras. ta”. Cantar música antiga é uma tare- dicado a desenvolver esta concebidas no século VIII até aos Para acompanhar as quatro vozes fa especializada que exige o conheci- prática com os meus colegasolegas da compositores do nosso tempo. “As masculinas da Capilla Flamenca, Dirk mento dos vários temperamentos ou Capilla Flamenca. É algogo que nos hipóteses de escolha eram imensas Snellings optou pelo alaúde, uma vez afinações usadas ao longo da história, dá grande prazer e que eesperospero nos mas como somos um grupo especia- que se trata de um instrumento “com bem como das notações antigas. No traga ainda maior liberdadeade e fflexi-lexi- lizado em polifonia procurámos a qualidades muito poéticas e expressi- entanto, no momento da execução o bilidade interpretativa poisois hháá muimui-- conexão entre o cantochão e as pri- vas”. “É frequente encontrarmos ver- grupo usa transcrições modernas. tas obras escritas, como aass ddee AAgri-gri- meiras versões polifónicas, avançan- sões para alaúde e para instrumentos “Consultamos sempre os originais e cola, que parecem ter nascidoascido da do depois até ao século XVI”, explica. de tecla destas canções e o alaúde tem os nossos cantores sabem decifrá-los improvisação.”

Música das músicas para o Cântico dos Cânticos O agrupamento Capilla Flamenca faz a sua estreia no Festival da Póvoa de Varzim com música polifónica dos séculos XIV a XVI inspirada no amor sensual e espiritual do lendário poema atribuído a Salomão. Cristina Fernandes

34 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon King Khan O ritual mágico King Khan é um herói underground idolatrado pela comunidade garage (e tem como fãs Lou Reed e Laurie Anderson). Encontrámo-lo no Festival Med onde, provocador punk e pregador soul, nos falou do rock’n’roll como “um ritual mágico”. Mário lopes DR Música

Estamos na piscina de um hotel de Loulé, no terraço do último andar, “O meu objectivo final ajudando o homem que será nosso entrevistado a carregar uma espre- é curar o mundo com guiçadeira até à sombra. “Não pode- a minha música, mos falar ao sol. O sol deixa-me ton- to”, justifica o homem de calções de como um xamã” banho e cordões de amuletos índios pendendo do pescoço. Chama-se King King Khan Khan e instala-se à sombra. Canadiano de ascendência indiana, nascido em Montreal mas residente riência mais religiosa a ouvir a Alice em Berlim há vários anos, é um herói Coltrane ou música gospel do que a underground que a comunidade ga- ler a Bíblia, o Corão, a Tora ou o Bha- rage idolatra pela música e pela lou- gavad Gita.” Revela-se o mago do cura escatológica e iconoclasta, é fi- rock’n’roll: “Na música gospel, o pas- gura subterrânea aos meandros me- tor, pela forma como atira as palavras, diáticos que vai surgindo, leva as pessoas a pegar em pandeire- inesperadamente, ao lado de GZA, tas e dançar, leva bebés a aprender a dos Wu Tang Clan, que o quer como dar os primeiros passos. É isso que colaborador, ou de Lou Reed e Laurie quero fazer com a minha música, pe- Anderson, que o convidaram recen- gar numa sala cheia de gente e cana- temente para um festival australiano lizar a sua energia para uma força de que foram curadores. É portanto única. Quer as faça dançar, tirar as com este King Khan que falamos. Es- roupas, foder ou cagar, é tudo o mes- se que nos explicará que, nas cartas mo ritual.” de tarot, “o Louco é a carta mais alta, Pai de dois filhos, acabou com os mais importante que o rei, a rainha King Khan & BBQ porque “demasia- ou o Papa”. Ele que nos definirá a sua das drogas, bebidas e raparigas” es- música e os seus concertos como “um tavam a torná-lo “um mau exemplo ritual mágico”. A loucura é parte da para os miúdos”. Os Shrines, a banda equação: “O louco é aquele que pode que lidera há cerca de dez anos, au- rir-se da verdade e seguir o seu cami- tora de uma muito respeitável disco- nho, é o mais espiritual de todos.” grafia para a qual “The Supreme Ge- Horas depois da entrevista à beira nius of King Khan & The Shrines”, da piscina, King Khan estava em pal- compilação de 2008, servirá como co com os Shrines, a banda que fun- óptima porta de entrada, são tudo o dou em Berlim e que reúne america- que lhe interessa neste momento. nos, alemães ou franceses num super “Tenho 33 anos, a minha idade Jesus, combo soul-funk-punk’n’roll. Vestia e tenho que decidir onde concentrar camisa de lantejoulas douradas e ti- as minhas energias. O Lou Reed e a nha a cabeça adornada com um moi- Laurie Anderson disseram-me que cano louro. Na mão, um espanador todos os artistas passam por momen- que abanaria nos momentos certos tos em que têm de se reinventar e ar- para lançar magia vudu sobre a pe- ranjar um novo disfarce. É isso a ma- quena multidão à sua frente. gia. E eu escolhi o meu caminho. O King Khan & The Shrines no Festival em nada o fascínio e perplexidade mãos na cabeça, e King Khan saltando King Khan esteve no Festival caminho do budista.” Med, em Loulé, dia 24 de Junho. Uma que sentimos perante a sua figura. sobre a carroçaria como adolescente Med, em Loulé, em Junho Depois fala-nos de índios Mohawk força poderosa. Foram o funk de Ja- Semanas antes daquele concerto, travesso. “Estavas lá?”, perguntar- que o ensinaram a não ter medo – “vi- mes Brown em colorido Sun Ra, Sam víramo-lo no encerramento do festi- nos-á em Loulé, antes de contar o que da esquadra, foi fotografado pelos ve sem medo e viverás muito tempo” & Dave revistos pelos Dirtbombs e a val Primavera Sound, em Barcelona. se seguiu. agentes, distribuiu autógrafos, chegou –, e conta-nos de um pugilista aborí- soul cavernosa de Screamin’ Jay Ha- Dera ali dois concertos, com o duo a Sydney. O punk estava livre. “Fui gene australiano que “vai ser o próxi- wkins sem caixão à vista. No final, King Khan & BBQ e integrado nos su- O caminho do budista preso pela primeira vez aos 18 anos, mo Muhammad Ali” – “e eu vou largar uma descarga de ruído lançada sobre pracitados Almighty Defenders. Na Foi levado para a esquadra e ficou por roubar um CD dos Velvet Under- o rock’n’roll e o álcool e tornar-me o público como violento mantra zen Sala Apolo, os Black Lips tinham ter- preso duas horas. Explicou à polícia ground. Passados todos estes anos, o um promotor de boxe”. Regressa aos e King Khan sentado em posição de minado a sua actuação, o público que tinha um avião para apanhar, que Lou Reed tira-me da prisão. A verda- seus Shrines: “O meu objectivo final Lótus, qual brâmane em meditação. abandonava o clube e, à saída, vimos tinha um concerto marcado na Aus- de é que tudo na vida acontece em é curar o mundo com a minha música, Foi, naturalmente, um dos grandes um táxi rodeado de gente, o taxista trália, que tinha sido Lou Reed a con- círculos.” Revela-se o metafísico que como um xamã.” Que mais podemos concertos do festival. Mas não alterou respectivo fora do automóvel, de vidá-lo. Num ápice, passou a estrela é punk e soulman: “Vivo uma expe- dizer? Abençoado seja.

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 35 Mergulhando nos mistérios dos Tigrala Música Quando um dinamarquês ofereceu uma “tambura” a Norberto Lobo, os Tigrala estavam a um passo de distância. O guitarrista juntou-se ao percussionista Ian Carlo Mendoza e os dois convocaram Guilherme Canhão, o eléctrico guitarrista dos Lobster. “Tigrala” é o primeiro registo desta história. Uma preciosidade: música de xamãs sem metafísica. Mário Lopes

A última vez que o entrevistámos, percussionista com quem colaborava eram apenas os dois, não eram ainda rém, incide luz sobre a música do trio aquando da edição de “Pata Lenta”, há anos, Ian Carlo Mendoza, mexica- Tigrala. Faltava algo. “Queremos um – “se bem que às vezes o Santana nos o seu segundo álbum, Norberto Lobo no e mestre em mil instrumentos que Nesse tempo em que se empenha- faça umas visitas”, brinca Norberto. contou-nos de um instrumento que o veio estudar para Portugal e que gos- vam livremente a descobrir o que re- encontro do belo, Guilherme Canhão: “Atiramos as re- fascinara recentemente. Falou-nos da tou tanto disto que acabou por ficar sultaria do encontro da “tambura” algo que fuja ferências para debaixo do tapete. Não “tambura” (de origem indiana, fami- – conheceu Norberto nos Colectivo com um vibrafone, uma “darbuka” deixamos que invadam o que estamos liar do alaúde), do som da “tambura” Páscoa, foi músico dos fusionistas Ye- (descrevamo-lo como um “d’jembé” a esquemas definidos, a fazer”. Ian Carlo Mendoza: “Conta- e de como o entusiasmavam as novas manjazz, trabalha com grupos de te- turco) ou um “cajón” sul-americano, ram-nos que nos Açores uma mulher possibilidades que se abriam. “Obri- atro e desenvolve um projecto a solo. Norberto Lobo, o guitarrista, haveria queremos fazer algo saiu do nosso concerto a dizer, ‘uau, gou-me a sair de onde estava, obrigou- No mesmo banco, no mesmo parque, de encontrar outro guitarrista ali para os instrumentos falam entre si’. De me a pensar [a música] de forma dife- elogia este “país tranquilo onde, se os lados do Chiado e convidá-lo a jun- contemporâneo certa forma, isso explica o que faze- rente.” Pausa e uma curta gargalhada: queremos fazer coisas, se nos mexer- tar-se-lhes. Guilherme Canhão, guitar- mos. A verdade é que, nos ensaios, só “Sair de onde estamos é sempre bom”, mos, elas acontecem rapidamente” rista eléctrico, homem do “noise” e e surreal, muito falamos o essencial. O ‘tricot’ emo- conclui Norberto, o guitarrista autor - o que não deixa de ser uma opinião “riffs” demoníacos do duo Lobster, simples, mas único” cional entre os instrumentos é a nos- dos essenciais “Mudar de Bina” e “Pa- curiosa aos nossos ouvidos, habitua- disse que sim esse dia e, quatro de- sa linguagem-base”. ta Lenta”, em Julho de 2010, num ban- dos a registar queixumes de “no pasa pois, estava a tocar num palco do Bar- Ian Carlo Mendoza Tudo se mistura nesta música que co sob a sombra de um jardim lisboe- nada” em bom português. reiro com Norberto e Ian Carlo. Sen- é serena e desafiante, melancólica e ta – guardemos na memória aquele Portanto, tínhamos Norberto Lobo tado e concentrado no ritmo qual celebratória. Tudo se mistura nesta “sair de onde estamos”, que é essen- e Ian Carlo Mendoza tocando juntos, âncora da banda, ele que nos magní- música que chega até nós como pos- cial para perceber a magia da música ocasionalmente, desde 2006. Tínha- ficos Lobster estava habituado a ex- sibilidade de transcendência, como de que aqui se falará. mo-los desde o ano passado procu- travasar, a correr palco fora, a ser le- possibilidade de nos elevarmos sobre Recapitulemos. Norberto contara- rando música de forma mais consis- vado pelo público enquanto o o mundo – o que, se pensarmos que nos a história da sua “tambura”, que tente. Procurando: “Não nos interes- rock’n’roll ressoava pelas salas, altís- os Tigrala são também os Xamã, a lhe chegou às mãos oferecida por um sa a metafísica, gostamos é de simo e distorcido. Vê-lo em Tigrala, versão eléctrica do trio, faz todo o artesão dinamarquês, o que não dei- observar”, aponta Norberto Lobo; porém, não é vê-lo serenado: “É a Os Tigrala são músicos com tonela- sentido; se pensarmos que, como ve- xa de ser curioso. Porque a história, “queremos um encontro do belo, algo mesma energia, mas canalizada de das de informação melómana na ca- remos na próxima quinta-feira, no depois de ela lhe chegar às mãos, é a que fuja a esquemas de-finidos, que- forma diferente. Nada é difícil em Ti- beça. Com eles, sentimos que pode- Museu do Chiado, no concerto de seguinte: um artesão dinamarquês remos fazer algo contemporâneo e grala. Nada é difícil”. As peças encai- ríamos passar horas a discutir a dis- apresentação do álbum, Xamã e Ti- oferece um instrumento de origem surreal, muito simples, mas único”, xavam definitivamente. A “tambura” cografia e as virtudes de gente tão grala são agora uma mesma entidade, indiana a um guitarrista português. complementa Ian Carlo no seu por- indiana chegada da Dinamarca, o vi- diversa como os Soft Machine, Kate faz mais sentido ainda. O guitarrista pega na “tambura” e tuguês adocicado com o sotaque do brafone ou o “cajón” e a guitarra acús- Bush, os Wu Tang Clan, Amon Düul Na capa do homónimo álbum de mostra algumas músicas a um amigo castelhano das Américas. Mas quando tica do guitarrista eléctrico. ou Alemu Aga. Nenhum destes, po- estreia agora editado, três robots com ar de saltimbancos biónicos passeiam- se pela selva de instrumentos em pu- nho. O futurismo luxuriante da pintu- ra, quando os futuros imaginados,

ENRIC VIVES-RUBIO pelo menos aqueles com tecnologia à mistura, tendem normalmente para o apocalíptico, pode parecer à primei- ra vista estranho, paradoxal. Erro nos- so pensá-lo. Se é estranha, é tão estra- nha como a música de “Tigrala”, o álbum. Sete instrumentais convocan- do um mundo onde a delicadeza da música tradicional indiana ganha pó de deserto americano, onde o jazz des- ce a 20 mil léguas submarinas para se transformar noutra coisa, onde uma dose de melancolia que reconhecemos como nossa pode transformar-se em “trip” psicadélica. E neste álbum, que entusiasma e comove de igual forma, a estranheza é na verdade uma sensa- ção ausente. Nele, a selva parece um lugar acolhedor e as pedras da calçada estão constantemente a revelar novos mistérios. O segredo está no olhar, di- zem os Tigrala – e nós que os ouvimos, concordamos. O mais extenso título de canção do disco resume-os bem: “Aunque no se- pa cantar mi corazón es lleno como una ola que se levanta temprano co- nectada a los misterios primordiales más profundos”. “Los misterios pri- mordiales más profundos” – eis o que buscam. Eis o que nos oferecem na preciosidade que é este seu primeiro álbum. Os Tigrala, uma música que é serena e desafi ante Ver crítica de discos págs. 48 e segs.

36 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Roxy Music O regresso Djuna Barnes Ante- Silva Melo Duas peças dos aristocratas do rock. Pág. 53 cipou o olhar “camp” Pág. 44 no Festival de Almada. Pág. 43 ANTÓNIO CARRAPATO

Michael Biberstein O princípio da improvisação e do acaso, em exposição Pág. 38

Jorge Palma Mayra DJ até às 03H00 22-jul Andrade m/18 29-jul

Programa sujeito a alterações

Reservas: www.casino-estoril.pt [email protected] | +351 919 938 114 DR

A exposição integra a composição musical “White Haze” criada por Biberstein em colaboração com o músico e sonoplasta Manuel Mesquita

Big Bang

As pinturas de Michael Biberstein na Galeria Pedro Oliveira, no Porto, obedecem ao princípio dada improvisação, do acaso: delas nasce uma música qqueue evoca um corpo suspenso.so. O títulotítulo citacita umauma frasefrase de ChCharlesarles realidade profunda”. Radical, Darwin alusiva à especulaespeculaçãoção dos Óscar Faria secular. A mostra, esta mostra, plena de matemáticos que procuram um gato intitulada “Radical Haze” (“Névoa acontecimentos e de instantes preto na escuridão, actividade tão Radical Haze Radical”) – em inglês, a palavra vazios. Tão próxima do silêncio. Tão inútil como a dos 22 artistas de Michael Biberstein “haze” designa a bruma seca, que ruidosa. Big Bang. internacionais presentes. resulta da condensação de vapor de Os suportes são diversos (filme, Porto Galeria Pedro Oliveira Calçada de Monchique, água associada a poluentes, ficando desenho, escultura, instalação, som) 3. De terça a sábado, das 15h às 20h. Até 28 de Julho. o ar com um aspecto acinzentado –, A escuridão e as obras desenham um arco mmmmm inclui um conjunto de pinturas temporal que se inicia no século sobre linho e papel datadas de 2007 XVI, com um livro que mostra a No século dez, viveu na China Li até ao presente, que nos dão conta iluminada da ilustração de um gabinete de Cheng (919-967) considerado, de um aprofundamento do trabalho curiosidades (o “Wunderkammer”) juntamente com os eremitas taoistas em torno da paisagem, o tema arte e termina na década passada, Jing Hao (906-960) e Guan Tong recorrente na obra do artista. Os demonstrando assim as raízes (906-960), como um dos mais trabalhos agora apresentados históricas do tema. A selecção de relevantes paisagistas de uma época sublinham uma espécie de Uma exposição com vários nomes é arrojada e permite ver conhecida como sendo a das Cinco cosmologia, um universo em nomes incontornáveis da arte trabalhos de Bruno Munari, Giorgio Dinastias e Dez Reinos. Nesses anos, expansão de natureza abstracta, internacional para lembrar Morandi, Marcel Broodthaers, Hans- os artistas seguiam um tratado atravessado de acontecimentos. Peter Feldmann, Peter Fischli & escrito sob a forma de um diálogo Cada pintura é ocupada por uma os eternos mistérios da obra David Weiss, Matt Mullican, entre um pintor e um anacoreta, espécie de neblina que dilui os de arte. José Marmeleira Rosemarie Trockel, Rachel Harrison, uma conversa mantida durante uma contornos e que simultaneamente Patrick van Caeckenbergh ou caminhada na montanha. Além dos funciona como um elemento Para o cego no quarto escuro à Nashashibi/Sakaer; a oportunidade seis princípios que deviam dar atractor, hipnótico mesmo. procura do gato preto que não que oferece aos espectadores de se forma a uma pintura – o espírito, a Biberstein leva no cérebro a está lá confrontarem com os universos harmonia, a conformidade ao atmosfera de dias habitados pelo De Dave Hullfish Bailey, Marcel destes artistas é, aliás, uma das sujeito, etc. –, o texto estabelecia os nevoeiro: aquele que nasce nas Broodthaers, Sarah Crowner, qualidades de “Para o cego no fins da disciplina: “apreender a montanhas, o que vem do oceano, Mariana Castillo Deball, Eric quarto escuro à procura do gato verdade, a beleza interior das coisas, ou o formado sobre as cidades. As Duyckaerts, Erkmen, Hans-Peter preto que não está lá”. pela comunhão, a fusão com a sua suas pinturas obedecem ao princípio Feldmann, Peter Fischli, David Algumas obras mostram o que realidade profunda, e não a procura da improvisação, do acaso: delas Weiss, Rachel Harrison, Giorgio pode resultar dessa busca movida da similaridade e da beleza nasce uma música que evoca um Morandi, Matt Mullican, Bruno pela curiosidade e o conhecimento ornamental dos aspectos corpo suspenso, diferido, ainda Munari, Nashashibi/Skaer, Falke (enquanto métodos): a natureza- superficiais” (in “La Peinture preso à materialidade das cores e Pisano, Jimmy Raskin, entre outros. morta de Giorgio Morandi, pintada Chinoise”, de Michel Courtois, das formas, mas já a desligar-se nos anos 50 do século XX, ou os Lisboa. Culturgest. R. Arco do Cego - Edifício da Éditions Rencontre Lausanne, 1967). dessa objectualidade necessária CGD. Tel.: 217905155. Até 29/08. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das desenhos, diagramas, símbolos O velho anacoreta defendia a para o “prazer dos olhos” e o 11h às 19h (última admissão às 18h30). Sáb., Dom. e pictográficos, fotografias, textos e proeminência do espírito sobre o “relaxar da mente” – a exposição Feriados das 14h às 20h (última admissão às 19h30). narrativas desenhadas que “métier”, “que deve estar sempre ao tem como subtítulo “paintings to mmmmn constituem a instalação de Matt Exposições serviço da inspiração e da visão please your eye and relax your Mullican; uma cosmologia em cuja interior, sem a qual não existe obra mind”. O espectador é assim levado Todo o objecto artístico cria um metafórica escuridão o espectador verdadeira, conforme à criação a um confronto consigo, com o horizonte aberto à presença do se perde. E por falar em escuridão, natural”. É essa faculdade de “levar tempo disponível para ver a espectador. Trata-se de um “acto refiram-se as sombras que de uma no cérebro as montanhas e os subtileza de trabalhos que se generoso” que,que, totodavia,davia, não existe mesa cobertacoc berta de focosfocos vales”, que fez de Li Cheng um aproximam do vazio, de um estado sem uma distância.stância. A ddistânciaistância que dede luz, brinquedosbrb inquedos e artista capaz de produzir quadros de abandono espiritual. Os trabalhos separa a artee da vida. É isto qqueue vem outrosoutros “dignos da suprema categoria possuem uma força irreprimível, recordar, naa Culturgest, em Lisboa, a objectos, ‘divina’”, como ainda explica que vem da natureza interior do exposição “ParaPara o cego no quarto se Courtois, o qual nos diz ainda ser artista: as telas revelam escuro à procuraocura dodo gatogato preto que projectam,projectam, característica dos grandes criadores acontecimentos impossíveis de não está lá” comcom a curadoriacuradoria dede disformes,disformes, o esquecimento de si, uma condição decifrar. São enigmas. Anthony Huberman.uberman. Afinal é nessa efémerasefémeras e essencial para que a obra surja com A exposição integra ainda a distância queue se produzem algumas obscuras,obscuras, “uma força irreprimível”. Li Cheng composição musical “White Haze” das ideias queue organizam esta nana parede.parede. apenas pintava para o seu próprio criada por Biberstein em colectiva: a ddimensãoimensão especulativaespeculativa EisEis a peça prazer, “tratando a tinta como ouro” colaboração com o músico e da arte, o abismobismo bbenignoenigno ddaa de forma a criar paisagens onde o sonoplasta Manuel Mesquita. As experiência estética, a estilo “ping-yang” foi levado ao pinturas são assim pontuadas por curiosidade pelopelo máximo refinamento, uma situação sons que as afectam, potenciando desconhecido,do, o sobretudo visível no equilíbrio das outras leituras: contudo essas não familiar,r, tensões que dão corpo a uma obra, manifestações sonoras sublinham por aquilo como a que resulta da dicotomia sempre o carácter abstracto da que resiste vazio/pleno. experiência plástica propostas nas às Há, na nova exposição de Michael paisagens visíveis na galeria, as quais categorias Biberstein (Solothurn, Suíça, 1948), nos ajudam a “apreender a verdade, do uma proximidade a esta prática a beleza interior das coisas, pela verdadeiro Chapeau!, de Patrick van Caeckenbergh, uma das obras que estão na Culturgest

comunhão, a fusão com a sua e do falso. : © DMF

38 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente

Agenda Inauguram Mafalda Melo, Margarida Rodrigues, Maria Platero, Pedro Ferreira, René A Secreta Vida das Palavras Tavares, Rita Teles Garcia, Tatiana De Nuno Cera, Ana Jotta, Vasco Dager. Costa, Edgar Massul, Rodrigo Lisboa. 3 + 1 Arte Contemporânea. R. António Maria Cardoso, 31. Tel.: 210170765. De 16/07 a 18/09. 3ª a 6ª Peixoto, Sara Santos, Ana Vieira, e Sáb. das 14h às 20h. Inaugura 16/7 às 22h. Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Pintura, Fotografia, Vídeo, Rui Chafes, Ilda David, Rui Sanches, Instalação, Escultura. entre outros. Sines. CC Emmerico Nunes. Lg. do Muro da Praia, 1. O Caçador de Tel.: 914827713. De 16/07 a 25/09. 2ª a Sáb. das Borboletas 14h30 às 18h30. Inaugura 16/7 às 22h. De Eduardo Matos. Pintura, Escultura, Fotografia, Lisboa. Galeria Zé dos Bois. R. da Barroca, 59 - Vídeo, Instalação, Outros. Bairro Alto. Tel.: 213430205. De 17/07 a 18/09. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. das 18h às 23h. Inaugura 17/7 às 22h. Summer @ My Place Fotografia, Outros. De André Almeida e Sousa, Bela Silva, Diogo Guerra Pinto, Francisca O Contra-Céu - Ensaio Carvalho, João Decq, João Galrão, Sobre o Hiato Luís Silveirinha, Nuno Gueifão, De Mattia Denisse. Rosário Rebello de Andrade, Sofia Lisboa. Galeria Zé dos Bois. R. da Barroca, 59 - Aguiar, Teresa Gonçalves Lobo, Bairro Alto. Tel.: 213430205. De 17/07 a 18/09. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. das 18h às 23h. Inaugura 17/7 às 22h. Tomás Colaço. Desenho. Lisboa. Alecrim 50. R. do Alecrim, 48-50. Tel.: 213465258. De 16/07 a 22/09. 2ª a 6ª das 11h às 19h. O Mundo das Pequenas Coisas Sáb. das 11h às 18h. Inaugura 16/7 às 19h. De Ana Pereira. apresenta Pintura, Desenho, Escultura. Porto. Centro Português de Fotografia - Cadeia da Regresso a Casa Relação do Porto. Campo Mártires da Pátria. Tel.: 222076310. De 17/07 a 05/09. 2ª a 6ª das 10h às 18h. De Helena Almeida, Silvia Bachli, Sáb., Dom. e Feriados das 10h às 19h. Inaugura 17/7 Christian Boltanski, Fernando Brito, às 15h. Gerardo Burmester, José Pedro Croft, Fotografia. Didier Fiúza Faustino, Ângela 1990/2010 Cabinet D’ Amateur TRICOTA Ferreira, Fernanda Fragateiro, Dan Graham, Eberhard Havekost, Cristina De Ahmed Ismael, Ana Vieira, UM PROJECTO DE ELECTROTANGO DOS ARGENTINOS Armanda Duarte, Barbara Lessing, Iglesias, Ana Jotta, Gordon Matta- OTROS AIRES ONDE COEXISTE A TÍPICA ORQUESTRA ARGENTINA Clark, Paulo Nozolino, Pedro Cabrita Bryan Crockett, Evelina Oliveira, Reis, Richard Tuttle, Ana Vieira, Fernanda Fragateiro, Gabriel Abrantes, E A ACTUAL MÚSICA ELECTRÓNICA entre outros. Gilberto Reis, Gyan Panchal, Joana Porto. Museu de Serralves. R. Dom João de Castro, Vasconcelos, Miguel Palma, Miguel 210. Tel.: 226156500. De 16/07 a 26/09. 3ª a 6ª das Bonneville, Pedro Tropa, Sérgio Mah, // 22 de Julho_ Concerto | 21h30 10h às 17h. Sáb., Dom. e Feriados das 10h às 19h. Na Sérgio Taborda, Stela Soares, Vitalina Casa de Serralves. Inaugura 16/7 às 18h30. Pintura, Fotografia, Escultura, Sousa, entre outros. // 20 e 21 de Julho_ Masterclasses | 12h30 Lisboa. Museu Nacional de História Natural. R. da Vídeo, Instalação. Escola Politécnica, 58. Tel.: 213921800. De 22/07 a 30/10. 3ª, 4ª, 5ª e 6ª das 10h às 17h. Sáb. e Dom. (saiba mais em www.bes.pt) Summer Calling das 11h às 18h. Na Sala do Veado. Inaugura 22/7 às De Daniel Lipp, Deborah Engel, Filipa 22h. Burgo, Filipe Matos, Flávio Cerqueira, Pintura, Desenho, Escultura, Programação e produção Inês Oliveira e Silva, Joana Paraíso, Instalação, Outros. /// ENTRADA LIVRE LIMITADA À LOTAÇÃO DA SALA

do artista alemão Hans-Peter animais embalsamados que parece Feldman: “Shadowplay” (2005), desafiar as hierarquias da história da suspensa entre a arte (as sombras) e cultura (e da escultura) ao mesmo a vida (os objectos usados no tempo que sugere ao espectador que quotidiano). crie as suas (a partir da memória Outros trabalhos entretêm-se visual das fotografias). sobretudo no jogo especulativo e Finalmente, existem obras cuja rreflexivoeflexivo que a arte propropõe,p por natureza interpelam mais vezes num registo à beirabeir da intensamente a curiosidade e a tautologia, com humor e sentido compreensão do visitante. Por lúdico: o chachapéupéu cheio ded exemplo, o que se vê em “The Right conconhecimentohecimento ddoo hhomemome que já não Way” (1983), de Peter Fischli & David agaguentauenta conhecer,conhecer, dede PatrickPa van Weiss? O deambular existencial e CCaeckenberghaeckenbergh (uma fabulosafab absurdo de uma ratazana e de um escultura); as divertidasdivertidas e tocantes urso? Uma fábula violenta pontuada iimagensmagens do artista italiitalianoa Bruno com imagens do sublime? Ou – não Munari a procurarprocurar confortoconfo num estivessem os dois artistas sob as sosofáfá pouco confortável;confortável; ou a série vestes dos ditos animais – uma ficção fotográficafotográfica de ““VoyageV of the com ligações ao real? A propósito do Beagle”, de RachelR filme de 16 mm da dupla Nashashibi/ HaHarrison:rrison: uma Skaer também acodem perguntas. sequênciasequên de Qual é o objectivo daquele rápido menires,men bustos, flash sobre as esculturas antigas da // MORADA // HORÁRIO esculturase colecção do Metropolitan Museum Praça Marquês de Pombal Segunda a Sexta públicas of Art, em Nova Iorque? Trazer de nº3, 1250-161 Lisboa das 9h às 21h (uma da volta o seu mistério ou transformar a // TELEFONE // EMAIL Gertrud sua representação e conhecimento 21 359 73 58 [email protected] Stein) numa série de poéticos e fugidios manequins, instantâneos? Cabe a palavra (a máscaras e curiosidade) ao espectador.

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 39 Jorge Luís M. Mário Vasco As estrelas do público Mourinha Oliveira J. Torres Câmara Dia e Noite mmnnn nnnnn nnnnn mnnnn Escritor-Fantasma mmmmn nnnnn mmmmm nnnnn Louise-Michel mmmnn nnnnn mmnnn nnnnn Meu Filho, Olha o que Fizeste nnnnn nnnnn nnnnn mnnnn A Saga Twilight: Eclipse nnnnn nnnnn a nnnnn Shirin mmmmn mmmmn mmmmn mmmmm Shrek Para Sempre! mmmnn nnnnn mmnnn nnnnn A Teta Assustada mmmmn mmnnn mmnnn nnnnn Vão-me buscar alecrim mnnnn mmmmn mmnnn mmmmm Whisky mmmnn mmmnn mmmnn nnnnn

Mordam o Pescoço” (1967) ou o Intriga revisionismo algo deslocado de “Piratas” (1986), até às curiosas e Internacional mais ou menos heterodoxas adaptações de “Macbeth” (1971), “Tess” (1979) ou ao falhado “Oliver Pai e fi lhos em Manhattan Que espantoso “contador Twist” (2005). No entanto, o que nos de histórias” permanece o interessa, aqui e agora, passa pela sua cineasta Roman Polanski. relação persistente com o “thriller”, com os vestígios revisitados do “film Mário Jorge Torres noir”, com o terror psicológico O Escritor-Fantasma progressivamente interiorizado: das The Ghost Writer fantasias terríficas de “Repulsa” De Roman Polanski, (1965), dos diabolismos complexos de com Ewan McGregor, Jon Bernthal, “A Semente do Diabo” (1968) ou das Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Olivia paranóias visionárias de “O Williams. M/12 Inquilino” (1976), até ao “neo-noir” de “Chinatown” (1974) ou ao virtuoso Estreiam homenagem autobiográfica ao pai MMMmm grafismo “hitchcockiano” de de ambos. “Frenético” (1988), decorre todo um Podemos acreditar facilmente nesta Lisboa: CinemaCity Campo Pequeno Praça de percurso de exploração sistemática Manhattan de “hot-dogs” e jardins, Touros: Sala 8: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª dos mecanismos do mistério em O pai-herói 13h55, 16h30, 19h10, 21h50, 00h30; Medeia apartamentos atravancados, tascas e King: Sala 3: 5ª Domingo 3ª 4ª 14h30, 17h, 19h30, imagens, filmando sempre muito lojinhas – podemos acreditar que é 22h 6ª Sábado 2ª 14h30, 17h, 19h30, 22h, bem, com enorme rigor e um sentido É refrescante a forma de nesta Manhattan que as pessoas, de 00h30; Medeia Monumental: Sala 4 - Cine Teatro: perfeito do plano e da relevância da 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h, filmar a infância assim: o caos facto vivem. Há uma cena em que se 19h30, 22h, 00h30; UCI Cinemas - El Corte montagem. total. Luís Miguel Oliveira evoca directamente aquela célebre Inglés: Sala 13: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h, 16h35, “Escritor-Fantasma” encaixa nesta foto a preto-e-branco de Weegee com 19h15, 21h55, 00h30 Domingo 11h30, 14h, 16h35, pessoal preocupação com os 19h15, 21h55, 00h30; ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª Vão-me Buscar Alecrim os miúdos a tomarem banho de 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h05, detalhes, com o encadeamento 18h50, 21h40, 00h25; ZON Lusomundo Amoreiras: Cinema Go Get Some Rosemary mangueira na rua (a mesma foto que, maníaco dos indícios, sem nunca no “Padrinho”, Coppola também 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h40, descurar aquilo que constitui uma De Ben Safdie, Joshua Safdie, 18h30, 21h20, 00h10; ZON Lusomundo com Ronald Bronstein, Sean Williams, “reconstituiu”, e pouco importa que CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª das suas imagens de marca, desde os 12h30, 15h15, 18h, 21h15, 00h10; ZON Lusomundo Eléonore Hendricks. M/12 ela tenha sido tirada, salvo erro, em tempos precursores do seu mais Brooklyn), o que faz todo o sentido Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h55, conhecido filme polaco, “Uma Faca 15h55, 18h50, 21h40, 00h30; ZON Lusomundo Dolce Cineclubes para mais MMMMn porque é a “rua”, em sentido lato, que Vita Miraflores: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h10, na Água” (1962), um estudo informações consultar www.fpcc.pt os Safdie querem filmar. E, no 18h10, 21h10 6ª Sábado 15h10, 18h10, 21h10, angustiante dos diversos estádios da Lisboa: UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 14: 5ª 6ª entanto, reconhecendo embora a 00h10; ZON Lusomundo Odivelas Parque: 5ª claustrofobia: um escritor com pouco Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h50, 18h40, 21h40 6ª Casa das Artes Sábado 2ª 3ª 4ª 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h15 pertinência do enquadramento de talento (um Ewan McGregor em Domingo 11h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h15; Sábado 13h10, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; ZON de Vila Nova de “Vão-me Buscar Alecrim” na nobre Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª Sábado grande forma) vê-se contratado para Famalicão No cinema actual (americano, mas linhagem do “realismo independente Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, dar consistência literária e narrativa Parque de Sinçães – Famalicão 00h25; ZON Lusomundo Torres Vedras: 5ª 6ª para além dele) não deve haver coisa nova-iorquino” (Cassavetes ‘et al’), os Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h35, 15h20,18h05, às memórias pessoais e políticas de The Mist - Nevoeiro Misteriosos mais estereotipada do que o olhar outros emparceiramentos que o filme 21h25, 00h10; ZON Lusomundo Vasco da Gama: 5ª um ex-primeiro ministro britânico De Frank Darabont, 2007, M/18 sobre a infância, sobre as crianças, dos Safdie nos sugere estão um 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h40, (Pierce Brosnan, em registo quase 22/07, 21:30h 18h30, 21h25, 00h15; ZON Lusomundo Almada sobre as relações entre pais e filhos pouco longe de Manhattan: aquele Fórum: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h45, caricatural, numa emulação evidente Auditório do IPJ pequenos. Neste panorama, é belo filme do georgiano Otar 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; ZON Lusomundo de Tony Blair, reforçada pela refrescante encontrar um filme que, Iosseliani, “Era uma vez um Melro Fórum Montijo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª aparição de uma espécie de “duplo” (Faro) 13h10, 15h55, 18h40, 21h30, 00h20; Rua da PSP - Faro como “Vão-me Buscar Alecrim”, seja Cantor”, e o seu protagonista, sobre- de Condoleeza Rice), envolvido num Porto: Arrábida 20: Sala 11: 5ª 6ª Sábado Mother - Uma Força Única capaz de filmar a história comprometido como o pai dos Domingo 2ª 13h45, 16h30, 19h20, 22h10, 00h50 3ª escândalo de tortura (a invasão do De Joon-Ho Bong, 2009, M/16 (disfuncional) de um pai divorciado Safdie, a lutar contra o tempo e 4ª 16h30, 19h20, 22h10, 00h50; ZON Lusomundo Iraque e remissões subliminares para 19/07, 22:00h (um “pai solteiro”) e dos seus dois contra o espaço para conseguir estar Dolce Vita Porto: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª a história recente, em pano de filhos desta maneira: caos total, a aonde tem de estar à hora a que tem 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; ZON fundo). Importante é o facto de Cinema Passos Lusomundo GaiaShopping: 5ª 6ª Sábado linha da irresponsabilidade cruzada de estar, o seu voluntarismo e Domingo 2ª 3ª 4ª 13h05, 15h45, 18h40, 21h40, substituir um seu predecessor Manuel mais do que uma vez, e no entanto… entusiasmo sempre a jogarem contra 00h35; ZON Lusomundo MaiaShopping: 5ª (ausente da narrativa, mas Rua Passos Manuel 137, Porto E no entanto, a relação entre aqueles ele; e, claro, o sítio de onde têm Domingo 2ª 3ª 4ª 13h50, 17h, 21h 6ª Sábado omnipresente nos fatos pendurados O Fio Do Horizonte 13h50, 17h, 21h, 24h; ZON Lusomundo Marshopping: três exala uma autenticidade vindo sistematicamente os mais no armário ou nas fotos que De Fernando Lopes, 1993, M/12 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 15h50, 21/07, 21:30h sentimental comovente, uma espantosos e “irregulares” retratos da 18h50, 21h50, 00h30; ZON LusomundoLusomundo recolheu, como o fictíciofictício NorteShopping: 5ª 6ª Sábadoado Domingo 2ª 3ª 4ª espécie de felicidade acossada infância e da família, o Irão: reparem 14h, 17h, 21h, 00h10; ZON Lusomundousomundo Parque agenteaga ente ddee “Intriga Cinema Verde Viana menos pelos sucessivos desastres do na maneira como os Safdie Nascente: 5ª 6ª Sábado Domingoomingo 2ª 3ª 4ª 1313h20,h20, Internacional”Internacional” de Praça 1º de Maio, Centro Comercial - Viana do 16h10, 19h, 21h50, 00h40; ZZONON Lusomundo Fórum Castelo que pela maneira condenatória conseguem criar um sentimento de Hitchcock),HiH tchcock), qqueue como o mundo (os “outros”) olha angústia profunda a partir dos mais Aveiro: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h50,14h50, 17h55,17h55, 21h2021h20 aparentementeaparentemente O Tempo Que Resta 6ª Sábado 14h50, 17h55, 21h20,h20, 0000h25;h25; De Elia Suleiman, 2009, para os desastres. Quer dizer, “Vão- anódinos acontecimentos sese suicidarasuicidara no 22/07, 21:00h me Buscar Alecrim” é a história de domésticos e, num ápice, dar o salto Roman Polanski voltoutou ààss mmar,ar, ao um “pai-herói”, mas cuja para o acontecimento extraordinário primeiras páginas dosos ddesapareceresaparecer dede heroicidade só é (só será, um dia) e extraordinariamente angustiante jornais pelas piores ddentroentro de um ccarroarro reconhecida pelos filhos. Toda a (toda a sequência, semi-absurda, razões e o seu nomee eencontradoncontrado vazio, logo série ípsilon II gente, todos os adultos, dos com os miúdos adormecidos por um apareceu conotado nnosos primeiros planosplanos dodo professores da escola à mãe das excesso de sedativos, é “cinema com ultrapassados ffilme,ilme, a bordo de um “ferry”“ferry” crianças, vê naquele homem apenas iraniano ‘made in’ Manhatan”, e não escândalos sexuais, que fazia a travessia do Sexta-feira, um irresponsável eventualmente o dizemos com nenhuma espécie de quase fazendo tábuaa ccontinenteontinente americano parapara dia 23 de Julho,o, perigoso; mas aqueles dois miúdos, provocação). Longe de Manhattan: o rasa sobre uma obraa uma não identificada ilha,ilha, o DVD “L.I.E. Semm Sage e Frey, quando crescerem, plano final, supra-sumo da absolutamente com contornos fficcionaisiccionais de Saída”, de Michaelael farão muito provavelmente um filme melancolia desafectada com que os coerente e importantente Ewan McGregorMMartha’s artha’s Cuesta sobre o pai (que até é projeccionista Safdie filmam esta história, sugere sob várias perspectivas:vas: em grande forma e lhes mostra filmes, em película e que talvez do outro lado do rio, não um olhar singular sobreobre +8 DVD tudo). Assim o fizeram, pelo menos, muito longe mas suficientemente o património fílmicoo e Todas as sextas, Joshua e Benny Safdie, dois nova- longe dali, o pai e os dois filhos literário – desde a VVineyard,ineyard, iorquinos de vinte e poucos anos: encontrem o que lhes falta, o tempo paródia vampiresca dede embora ffilmadailmada por €1,95. 20anos “Vão-me Buscar Alecrim” é a e o espaço. “Por Favor Não me por razões logísticaslogísticas

40 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente

Em “Shrek Para Sempre” mantém-se a impecável qualidade técnica algures ao largo da costa alemã. 20: Sala 16: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 14h05, sabotado pela presença da sua vedeta Port./3D); CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 2: 5ª E é neste contexto fantasmático Duas horas 16h40, 19h20, 22h, 00h35 3ª 4ª 16h40, 19h20, 22h, nominal, um Tom Cruise que, por 6ª 2ª 3ª 4ª 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h55, 00h35; Cinemax - Penafiel: Sala 2: 5ª 2ª 3ª 4ª 23h55 (V.Port./3D) Sábado Domingo 11h30, 13h30, que o filme nos agarra e nos 15h30, 21h50 6ª 15h30, 21h50, 24h Sábado 15h, mais que tente, não é capaz de se 15h30, 17h30, 19h30, 21h55, 23h55 (V. emociona, criando uma tensão alucinada- 17h30, 21h50, 24h Domingo 15h, 17h30, libertar da sua intensidade habitual, Port./3D); CinemaCity Beloura Shopping: Sala 2: 5ª crescente, um delírio imagético que 21h50; Vivacine - Maia: Sala 3: 5ª 6ª Sábado mesmo estando supostamente a 6ª 2ª 3ª 4ª 13h45, 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h, 18h50, 21h30, 23h55 (V.Port./3D) Sábado Domingo 11h30, 13h45, nunca cede à facilidade ou à mente burras 00h05; ZON Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª 6ª brincar com a sua própria imagem de 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 23h55 (V. demagogia: de pista em pista, de Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h15, 18h50, marca, nem de invocar o charme Port./3D); CinemaCity Campo Pequeno Praça de personagem em personagem, temos 21h50, 00h25; ZON Lusomundo Ferrara Plaza: 5ª “blasé” que um papel destes implica. Touros: Sala 6: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h40, 18h40, 21h30 6ª Sábado 16h (V.Port./3D); CinemaCity Campo Pequeno Praça um retrato de corpo inteiro da James Mangold tem a 15h40, 18h40, 21h30, 24h; ZON Lusomundo Desde que não se lhe peça nada mais de Touros: Sala 3: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 13h35, 15h35, paranóia (sempre a paranóia) que cabeça no sítio certo mas GaiaShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª do que duas horas alucinadamente 17h35, 19h35, 21h35, 24h (V.Port./3D) Sábado leva o protagonista a reconstituir o 13h30, 16h30, 19h, 21h55, 00h25; ZON Lusomundo burras, “Dia e Noite” é o Domingo 11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h35, não tem tarimba para que o MaiaShopping: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 24h (V.Port./3D); Medeia Fonte Nova: Sala 1: 5ª 6ª “lugar do crime”, mais interessado 16h10, 18h50, 21h35 6ª Sábado 13h20, 16h10, 18h50, divertimento de Verão ideal. Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h20, 16h15, 18h10, nos fios da trama ficcional (que espectador esqueça que o 21h35, 00h15; ZON Lusomundo Marshopping: 5ª 20h05, 22h (V.Port.); Medeia Saldanha espantoso “contador de histórias” que está a ver não tem ponta 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h, 18h30, Residence: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 21h30, 00h15; ZON Lusomundo NorteShopping: 5ª Continuam 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 00h20 (3D); UCI permanece Polanski) do que na rede por onde se lhe pegue. Jorge 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 16h, 19h, 22h, Cinemas - El Corte Inglés: Sala 12: 5ª 6ª Sábado 2ª infinita de armadilhas politicamente 00h40; ZON Lusomundo Parque Nascente: 5ª 6ª 3ª 4ª 14h10, 16h30, 18h55, 21h45, 00h10 Domingo discerníveis. Fechado numa casa, Mourinha Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h40, 18h40, 11h30, 14h10, 16h30, 18h55, 21h45, 00h10; UCI 21h40, 00h20; Castello Lopes - 8ª Avenida: Sala 2: Shrek Para Sempre Cinemas - El Corte Inglés: Sala 6: 5ª 6ª Sábado 2ª dentro de uma ilha, dentro das suas Dia e Noite 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h20, 18h40, 21h40 Shrek Forever After 14h05, 16h15, 18h40, 21h30, 23h50 (V.Port./3D) próprias perplexidades, o escritor Knight and Day 6ª Sábado 13h10, 15h20, 18h40, 21h40, 00h10; ZON De Mike Mitchell, Domingo 11h30, 14h05, 16h15, 18h40, 21h30, 23h50 afronta todos os fantasmas com a Lusomundo Fórum Aveiro: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª (V.Port./3D) 3ª 4ª 14h05, 16h15, 18h40, 23h50 (V. De James Mangold, 13h, 15h45, 18h40, 21h30 6ª Sábado 13h, 15h45, com Mike Myers (Voz), Eddie Murphy Port./3D); UCI Dolce Vita Tejo: Sala 2: 5ª 2ª 3ª 4ª curiosidade de uma criança que abre com Tom Cruise, Cameron Diaz, Peter 18h40, 21h30, 00h20; ZON Lusomundo Glicínias: (Voz), Cameron Diaz (Voz), Antonio 13h45, 16h, 18h15, 21h15 (V.Port./3D) 6ª Sábado os brinquedos para descobrir o que Sarsgaard, Viola Davis. M/12 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h40, 16h30, Banderas (Voz). M/6 13h45, 16h, 18h15, 21h15, 23h30 (V.Port./3D) Domingo contêm no interior. Esta letal 19h10, 21h55, 00h40; 11h30, 13h45, 16h, 18h15, 21h15 (V.Port./3D); UCI Dolce Vita Tejo: Sala 3: 5ª 2ª 3ª 4ª 14h, 16h15, 18h45, inocência confere ao labirinto de MMnnn Que grande filme que, noutras mãos, MMnnn 21h50 (3D) 6ª Sábado 14h, 16h15, 18h45, 21h50, referências uma vertigem “Dia e Noite” podia ter sido. A 00h10 (3D) Domingo 11h30, 14h, 16h15, 18h45, 21h50 inimaginável (veja-se a prodigiosa Lisboa: Atlântida-Cine: Sala 1: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª história de um super-espião que Lisboa: Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 5: 5ª 2ª (3D); ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 13h50, 16h, 18h10, 21h, 23h50 (V.Port.) Sábado viagem à casa do agente da CIA, 15h30, 21h30 Sábado Domingo 15h30, 18h15, arrasta para uma aventura 3ª 4ª 14h50, 17h, 19h10, 21h10 (V.Port.) 6ª 14h50, 21h30; Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 1: 5ª 2ª 17h, 19h10, 21h10, 23h40 (V.Port.) Sábado 12h40, Domingo 11h15, 13h50, 16h, 18h10, 21h, 23h50 (V. guiada pela voz, também ela 3ª 4ª 15h40, 18h30, 21h40 6ª 15h40, 18h30, 21h40, caleidoscópica e muito confusa uma 14h50, 17h, 19h10, 21h10, 23h40 (V.Port.) Domingo Port.); ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª 13h20, 14h10, fantasmática, de um GPS 24h Sábado 13h10, 15h40, 18h30, 21h40, 24h incauta restauradora de motores é a 12h40, 14h50, 17h, 19h10, 21h10 (V.Port.); Castello 15h30, 16h30, 18h40, 21h20, 22h, 23h30, 00h10 (V. Port./3D) 6ª 2ª 3ª 4ª 13h20, 14h10, 15h30, 16h30, programado, transformado em Domingo 13h10, 15h40, 18h30, 21h40; Castello Lopes mais perfeita encarnação do Lopes - Londres: Sala 1: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, - Loures Shopping: Sala 6: 5ª 6ª Sábado Domingo 16h30, 19h, 21h30 (V.Port./3D) 6ª Sábado 14h, 16h30, 17h40, 18h40, 19h50, 21h20, 22h, 23h30, 00h10 (V. instrumento de um destino 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h, 18h30, 21h25, 24h; CinemaCity “macguffin” Hitchcockiano desde o 19h, 21h30, 24h (V.Port./3D); Castello Lopes - Loures Port./3D) Sábado Domingo 11h, 13h20, 14h10, 15h30, inevitável), um crescendo dramático Alegro Alfragide: Cinemax: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 13h45, imortal “Intriga Internacional” Shopping: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 16h30, 17h40, 18h40, 19h50, 21h20, 22h, 23h30, 00h10 (V.Port./3D); ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª em que cada imagem faz tanto 15h55, 18h20, 21h50, 24h Sábado Domingo 11h35, (1959): isto é, o objecto que é 13h, 15h, 17h, 19h, 21h, 23h30 (V.Port.); Castello Lopes 13h45, 15h55, 18h20, 21h50, 24h; CinemaCity - Loures Shopping: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 17h, 19h20, sentido, quando a cifrada leitura Beloura Shopping: Cinemax: 5ª 6ª Sábado nominalmente o motor que põe a 2ª 3ª 4ª 13h15, 15h20, 17h25, 19h30, 21h35, 23h45 22h, 00h15 (3D); ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª anagramática do texto das memórias. Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 15h40, 18h20, 21h30, intriga em movimento (uma suposta (V.Port./3D); CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 3: 5ª Sábado 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h, 18h50, 21h, 23h20 (V. Port./3D) Domingo 11h, 13h30, 16h, 18h50, 21h, 23h20 Mas, como no melhor Hitchcock, 23h40; CinemaCity Campo Pequeno Praça de pilha revolucionária) não tem 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 15h45 (V. Touros: Sala 2: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 13h40, 15h50, Port./3D); CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 4: 5ª (V.Port./3D); ZON Lusomundo CascaiShopping: 5ª tudo funciona como um pretexto, 18h35, 21h40, 23h55 Sábado Domingo 11h30, 13h40, absolutamente importância 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 21h30, 23h40 (V. 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h10, como um McGuffin, tendente a fazer 15h50, 18h35, 21h40, 23h55; Medeia Saldanha nenhuma. O que interessa é o modo do percurso e do ritmo o melhor da Residence: Sala 6: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª como esse “macguffin” possibilita, ao 4ª 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; UCI Cinemas - El demanda. Corte Inglés: Sala 9: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h10, mesmo tempo, uma nostalgia Claro que haverá quem aproveite a 16h45, 19h15, 21h45, 00h15 Domingo 11h30, 14h10, positiva da comédia de espionagem exterioridade do virtuosístico 16h45, 19h15, 21h45, 00h15; UCI Dolce Vita dos anos 1960, a destruição Tejo: Sala 10: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h45, CONCURSO argumento (a meias entre Polanski e 19h15, 21h45 6ª Sábado 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, sistemática da sua lógica interna e a o autor do romance original, Robert 00h15; ZON Lusomundo Alvaláxia: 5ª 6ª Sábado sua reconstrução a partir de dentro JOVENSJOVENNS CRIADORESCRIADORE Harris) para falar de autobiográfico Domingo 2ª 3ª 4ª 13h45, 16h20, 19h, 21h30, como uma espécie de “screwball 24h; ZON Lusomundo Amoreiras: 5ª 6ª Sábado ajuste de contas com os tentaculares Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h50, 18h40, 21h30, comedy” arraçada de desenho 20100 poderes americanos de que foi 24h; ZON Lusomundo CascaiShopping: 5ª 6ª animado — e Cameron Diaz, com a “vítima”, sublinhando as Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h40,18h15, sua presença luminosa, é a actriz 21h20, 23h50; ZON Lusomundo Colombo: 5ª 6ª .ARTESARTESA PLÁSTICAS.PLÁSTT coincidências do exílio forçado e as Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h10, 18h45, ideal para encarnar essa “décalage” manobras intimidatórias, mas o 21h25, 00h15; ZON Lusomundo Dolce Vita entre o humor e a acção. O problema .BANDABANDA DESENHADA.DESENNH essencial passa por ideias de cinema Miraflores: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h30, 18h30, é que o muito estimável James .ILUSTRAÇÃO.ÇÃO. 21h30 6ª Sábado 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; ZON puro: o gélido ambiente da casa Lusomundo Odivelas Parque: 5ª Domingo 2ª 3ª Mangold, que se está a tornar num .ARTES.ARTES DIGITAIS.DIGIT modernista, a recordar 4ª 13h, 15h30, 18h10, 21h20 6ª Sábado 13h, 15h30, muito interessante herdeiro dos .FOTOGRAFIA.FIF imaginativamente (e sem cópias 18h10, 21h20, 23h50; ZON Lusomundo Oeiras velhos funcionários de Hollywood Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, .VÍDEO.O. simplistas) a de James Mason, em 15h45, 18h25, 21h15, 24h; ZON Lusomundo Torres (confirme-se em “Walk the Line”, “Intriga Internacional”; as cinzentas Vedras: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 2005, e “O Comboio das 3.10”, 2007), .DANÇA.DANÇAÇ brumas da ilha; as mensagens 16h05,18h40, 21h40, 00h20 ; ZON Lusomundo tem a cabeça no sítio certo mas não TEATROO Vasco da Gama: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª escritas que passam de mão em mão; 12h55, 15h30, 18h15, 21h40, 00h25; Castello Lopes - tem ainda a tarimba que lhe permita .MÚSICAA. o encontro, também ele C. C. Jumbo: Sala 3: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, conseguir que o espectador se .DESIGNSIGN DE EQUIPAMENTO.EQUIP “hitchcockiano”, com uma figura 16h, 18h30, 21h3030 6ª Sábado 13h2013h20,, 16h16h,, 18h3018h30,, esqueçaesqueça de que o que 21h30, 00h20; CastelloCastello LopesLopes - Fórum Barreiro: Sala .DESIGNDESIGN GRÁFICO.GRÁF que parece não fazer parte da 4: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 12h40,12h40, 15h30,15h30, 18h30,18h30, está a verver não tem história (inesquecível “cameo” do 21h30 6ª Sábadodo 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, (nem(nem é supostosu ter) .JOALHARIA.RIA grande Eli Wallach); a perturbante 24h; Castello Lopespes - Rio Sul Shopping: Sala 1: 5ª pontaponta porpo onde se lhe .MODA.. 6ª Sábado Domingomingo 2ª 3ª 4ª 1313h20,h20, 1515h50,h50, presença do feminino mortalmente 18h50, 21h40, 24h;4h; UCI Freeport: Sala 1: 5ª pegue.pegue. O resultado é .LITERATURA.UR carnívoro, dando a Olívia Williams, a 2ª 3ª 4ª 15h40,, 18h4018h40,, 21h20 6ª umum “blockbuster”“b ¶ mulher do ministro, uma densidade 15h40, 18h40, 21h20,1h20, 2323h40h40 cujacuja aposta na Sábado 13h30, 15h40,5h40,0,, inesperada. Tudo no seu lugar, como 18h40, 21h20, irrisãoir e cujo INSCRIÇÕESS AATÉ um “puzzle” gigantesco que se 23h40 tom 26 DE JULHOLH desenrola com a perfeição dos Domingo descontraído 13h30, 15h40, grandes divertimentos fílmicos do e REGULAMENTOS EM 18h40, 21h20; ZONON ARTESIDEIAS.COM passado. Lusomundo Almadamada Fórum: despretensiosod JUVENTUDE.GOV.PT Que prazer se torna viver, durante 5ª 6ª Sábado DDomingoomingo sãosão sabotados a 2ª 3ª 4ª 13h, 15h45,5h45, duas horas, dentro de uma redoma 18h35, 21h20, 24h;4h; ZOZONN Cameron Diaz, ccadaad passo pela cinematográfica, em que as Lusomundo Fórumum uma presença ssuaua pprópria coincidências com o contexto político Montijo: 5ª 6ª SáSábadobado incapacidadeincapacidade de levar até Domingo 2ª 3ª 4ª luminosa, ao pé exterior apenas acentuam o 13h15, 15h50, 18h20,h20, de Tom Cruise, às últimas consequênciascon a fingimento sistemático das formas 21h20, 24h; sempre igual a si desconstrução.desconstruçã E, fugidias e mutáveis! Porto: Arrábida próprio sobretudo, é umum filme

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 41

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Cinema

A química entre o par amoroso de “Eclipse” funciona cada vez menos

17h25, 19h40, 22h, 00h15 (3D); ZON Lusomundo 19h15, 22h, 00h30 (V. Sábado 14h, 16h30, 19h, CascaiShopping: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 13h20, Port./3D); ZON Lusomundo 21h30, 00h30; ZON 16h, 18h30, 21h, 23h30 (V.Port./3D) Domingo 11h, Marshopping: 5ª 6ª Sábado Lusomundo Alvaláxia: 5ª Cinemateca Portuguesa R. Barata Salgueiro, 39 Lisboa. Tel. 213596200 13h20, 16h, 18h30, 21h, 23h30 (V.Port./3D); ZON Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 15h30, 17h50, 20h10, 22h30, 4ª 13h40, 15h50, 16h50, 3ª 4ª 12h45, 15h15, 17h35, 21h50, 00h10 (3D); ZON 00h40; ZON Lusomundo 18h50, 18h55, 21h, 21h40, Sexta, 16 Terça, 20 Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª Marshopping: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 23h45, 00h30; ZON Lusomundo 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h30 (V.Port./3D) 4ª 13h40, 16h10, 18h40, 21h20, 23h50 (V. Amoreiras: 5ª 6ª Sábado Domingo O Defunto Protesta A Passagem do Noroeste Domingo 11h, 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h30 (V. Port./3D) Domingo 11h, 13h40, 16h10, 18h40, 21h20, 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h10, 19h, 21h50, Here Comes Mr. Jordan Northwest Passage Port./3D); ZON Lusomundo Dolce Vita Miraflores: 5ª 23h50 (V.Port./3D); ZON Lusomundo 00h25; ZON Lusomundo CascaiShopping: 5ª 6ª De Alexander Hall. De King Vidor. 2ª 3ª 4ª 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (V.Port./3D) 6ª NorteShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h, 15h50, 18h10, 15h30 - Sala Félix Ribeiro 15h30 - Sala Félix Ribeiro Sábado 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 23h50 (V. 10h20, 12h30, 14h50, 17h20, 19h50, 22h10, 00h30 18h40, 21h05, 21h30, 23h45, 00h20; ZON Port./3D) Domingo 11h, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (V.Port./3D); ZON Lusomundo NorteShopping: 5ª Lusomundo Colombo: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª Veludo Azul O Pequeno Criminoso (V.Port./3D); ZON Lusomundo Odivelas Parque: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 15h50, 18h30, 3ª 4ª 12h50, 13h25, 15h45, 16h30, 18h35, 19h30, 2ª 3ª 4ª 13h, 13h30, 15h, 16h, 17h15, 18h20, 19h30, 21h30, 24h (3D); ZON Lusomundo Parque Nascente: 21h30, 22h30, 00h20; ZON Lusomundo Dolce Vita Blue Velvet Le Petit criminel 21h, 21h50 (V.Port./3D) 6ª 13h, 13h30, 15h, 16h, 17h15, 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 12h40, 12h50, 13h30, 15h, Miraflores: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h, 18h, 21h 6ª De David Lynch. . De Jacques Doillon. 18h20, 19h30, 21h, 21h50, 23h30, 24h (V.Port./3D) 15h20, 15h50, 17h30, 18h, 18h30, 19h50, 21h, 21h20, Sábado 15h, 18h, 21h, 24h; ZON Lusomundo Odivelas 19h - Sala Félix Ribeiro 19h - Sala Félix Ribeiro Sábado 11h, 13h, 13h30, 15h, 16h, 17h15, 18h20, 19h30, 22h10, 23h20, 23h50, 00h25 (V.Port./3D) Domingo Parque: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h40, 18h30, 21h, 21h50, 23h30, 24h (V.Port./3D) Domingo 11h, 10h30, 10h40, 10h50, 12h40, 12h50, 13h30, 15h, 21h30 6ª Sábado 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, Sicilia! Cézanne 13h, 13h30, 15h, 16h, 17h15, 18h20, 19h30, 21h, 21h50 15h20, 15h50, 17h30, 18h, 18h30, 19h50, 21h, 21h20, 00h10; ZON Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª De Danièle Huillet , Jean-Marie De Danièle Huillet, Jean-Marie (V.Port./3D); ZON Lusomundo Oeiras Parque: 5ª 6ª 22h10, 23h20, 23h50, 00h25 (V.Port./3D); Castello Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h40, 15h45, 17h20, Straub. Straub. Sábado 2ª 3ª 4ª 13h, 14h, 15h10, 16h20, 17h30, Lopes - 8ª Avenida: Sala 1: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 18h20, 20h50, 21h20, 23h50, 00h10; ZON 19h30 - Sala Luís de Pina 19h30 - Sala Luís de Pina 18h45, 19h50, 21h10, 22h10, 23h40 (3D) Domingo 12h45, 15h, 17h10, 19h20, 21h20 (V.Port./3D) 6ª Lusomundo Torres Vedras: 5ª 6ª Sábado Domingo 10h45, 11h15, 13h, 14h, 15h10, 16h20, 17h30, 18h45, Sábado 12h45, 15h, 17h10, 19h20, 21h20, 23h30 2ª 3ª 4ª 12h45, 15h35,18h25, 21h15, 24h; ZON A Ilha de Moraes Rocco e Seus Irmãos 19h50, 21h10, 22h10, 23h40 (3D); ZON Lusomundo (V.Port./3D); ZON Lusomundo Fórum Aveiro: 5ª Lusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª Sábado Torres Vedras: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 13h15, 15h50, Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h50, 19h25, 22h (V. Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h45, 18h35, 21h30, De Paulo Rocha. Rocco e i suoi fratelli 18h10, 21h, 23h30 (V.Port./3D) Domingo 11h, 13h15, Port./3D) 6ª Sábado 14h15, 16h50, 19h25, 22h, 00h20; Castello Lopes - C. C. Jumbo: Sala 2: 5ª 22h - Sala Luís de Pina De Luchino Visconti. 15h50, 18h10, 21h, 23h30 (V.Port./3D); ZON 00h35 (V.Port./3D); ZON Lusomundo Fórum Aveiro: Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10, 15h50, 18h40, 21h20 6ª 21h30 - Sala Félix Ribeiro Lusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª Sábado 5ª 2ª 3ª 4ª 13h20, 15h55, 18h30, 21h10 (V.Port./3D) Sábado 13h10, 15h50, 18h40, 21h20, 00h10; Castello Aliens - O Reencontro Final Domingo 2ª 3ª 4ª 13h30, 16h, 18h50, 21h10, 23h50 6ª Sábado 13h20, 15h55, 18h30, 21h10, 23h45 (V. Lopes - Fórum Barreiro: Sala 2: 5ª Domingo 2ª 3ª Aliens Irmãos Inseparáveis (3D); ZON Lusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª 2ª 3ª Port./3D) Domingo 10h50, 13h20, 15h55, 18h30, 4ª 12h30, 15h20, 18h20, 21h10 6ª Sábado 12h30, De James Cameron. Dead Ringers 4ª 13h10, 15h20, 17h35, 19h45, 21h50, 24h (V. 21h10 (V.Port./3D); ZON Lusomundo Glicínias: 5ª 15h20, 18h20, 21h10, 23h50; Castello Lopes - Rio Sul 22h30 - Esplanada Port./3D) Sábado Domingo 11h, 13h10, 15h20, 17h35, 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h45, 16h20, 18h55, Shopping: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª De David Cronenberg. 19h45, 21h50, 24h (V.Port./3D); Auditório 21h30, 00h05 (V.Port./3D); ZON Lusomundo 12h50, 15h30, 18h30, 21h30, 00h10; Castello Lopes - 22h - Sala Luís de Pina Charlot: Sala 1: 5ª 6ª 2ª 3ª 4ª 21h30 (V.Port.) Glicínias: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h20, 16h55, Rio Sul Shopping: Sala 6: 5ª 6ª Sábado Domingo Sábado, 17 Sábado Domingo 16h, 21h30 (V.Port.); Castello Lopes 19h30, 22h, 00h35 (V.Port./3D) Domingo 11h, 14h20, 2ª 3ª 4ª 13h15, 15h50, 18h40, 21h25, 00h10; ZON - C. C. Jumbo: Sala 1: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 16h55, 19h30, 22h, 00h35 (V.Port./3D); Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª Sábado Inquérito a um Cidadão Acima Quarta, 21 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (V.Port./3D) 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h40, 12h55, 15h30, 15h45, de Qualquer Suspeita Amor Selvagem 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40, 23h50 (V. 18h20, 18h35, 21h10, 21h35, 00h05, 00h25; ZON Indagine su un Cittadino al di Port./3D); Castello Lopes - Fórum Barreiro: Sala 1: 5ª “Schrek para Sempre” permanece Lusomundo Fórum Montijo: 5ª 6ª Sábado Domingo Canyon Passage Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h10, 17h20, 19h30, fiel à lógica dos filmes anteriores da 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h45, 18h25, 21h25, 00h15; Sopra di Ogni Sospetto De Jacques Tourneur. 21h40 (V.Port./3D) 6ª Sábado 12h50, 15h10, 17h20, De Elio Petri. série: sólido, divertido, aspirando a Porto: Arrábida 20: Sala 12: 5ª 6ª Sábado 15h30 - Sala Félix Ribeiro 19h30, 21h40, 23h40 (V.Port./3D); Castello Lopes - 15h30 - Sala Félix Ribeiro Domingo 2ª 3ª 4ª 15h20, 18h20, 21h20, Rio Sul Shopping: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo cumprir as suas funções de atrair o 00h20; Arrábida 20: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Sexo, Mentiras e Vídeo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h10, 17h20, 19h20, 21h20, 23h40 (V. público infantil, sem descurar nunca Um Beijo ao Morrer Domingo 2ª 13h45, 16h20, 19h05, 21h50, 00h35 3ª Sex, Lies, and Videotape Port./3D); UCI Freeport: Sala 5: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h30, uma piscadela de olho aos adultos, 4ª 16h20, 19h05, 21h50, 00h35; Cinemax - Kiss Before Dying 18h10, 21h10 (V.Port.) 6ª 15h30, 18h10, 21h10, 23h15 De Steven Soderbergh. Penafiel: Sala 3: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h30, 21h45 6ª De Gerd Oswald. (V.Port.) Sábado 13h15, 15h30, 18h10, 21h10, 23h15 (V. acompanhantes ou não de crianças 19h - Sala Félix Ribeiro 15h30, 21h45, 00h05 Sábado 15h, 17h30, 21h45, Port.) Domingo 13h15, 15h30, 18h10, 21h10 (V. fãs do ogre verde. Perdeu-se a magia 19h - Sala Félix Ribeiro 00h05 Domingo 15h, 17h30, 21h45; Vivacine - Port.); ZON Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª O Pequeno Criminoso da surpresa inicial, mas mantém-se a Maia: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h55, 15h05, 17h15, Aelita Le Petit criminel 14h, 17h, 21h, 23h50; ZON Lusomundo Dolce Vita 19h20, 21h50, 00h15 (3D); ZON Lusomundo Almada impecável qualidade técnica, ao De Yakov Protazanov. Com Iulia Porto: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, De Jacques Doillon. Fórum: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 13h05, 15h15, 17h25, serviço de um argumento algo Solntseva, Nicolai Tsereteli, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; ZON Lusomundo Dolce 19h30 - Sala Luís de Pina 19h35, 21h40, 23h55 (V.Port.) Domingo 11h, 13h05, previsível. O acrescento do inevitável Vita Porto: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Valentina Kuindji. 114 min. 15h15, 17h25, 19h35, 21h40, 23h55 (V.Port.); ZON 13h40, 16h40, 19h30, 22h30; ZON Lusomundo 19h30 - Sala Luís de Pina Killer’s Kiss Lusomundo Almada Fórum: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 3 D (que é o que está a dar) pouco Ferrara Plaza: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 15h20, 18h30, De Stanley Kubrick. 4ª 13h20, 15h30, 18h15, 21h, 23h25 (V.Port./3D) traz de particularmente excitante. No 21h40 6ª Sábado 15h20, 18h30, 21h40, 00h30; ZON The Racket Domingo 11h, 13h20, 15h30, 18h15, 21h, 23h25 (V. 21h30 - Sala Félix Ribeiro entanto, tudo bem, “Shrek” fica na Lusomundo GaiaShopping: 5ª 6ª Sábado Port./3D); ZON Lusomundo Fórum Montijo: 5ª 6ª De John Cromwell. Domingo 2ª 3ª 4ª 13h, 15h40, 18h45, 21h30, Sábado 2ª 3ª 4ª 13h, 13h30, 15h30, 17h, 18h30, história da animação como um 22h - Sala Luís de Pina De Hoje para Amanhã 00h30; ZON Lusomundo MaiaShopping: 5ª 19h20, 21h, 21h40, 23h30, 00h05 (V.Port./3D) marco importante. Só que, depois de Von heute auf morgen Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 17h15, 21h20 6ª Sábado Domingo 11h, 13h, 13h30, 15h30, 17h, 18h30, 19h20, Eles Vivem vermos “Toy Story 3”, entendemos a 14h15, 17h15, 21h20, 00h25; ZON Lusomundo De Danièle Huillet, Jean-Marie 21h, 21h40, 23h30, 00h05 (V.Port./3D); They Live Straub. 22h - Sala Luís de Pina diferença entre o virtuosismo e o Marshopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª De John Carpenter. Porto: Arrábida 20: Sala 15: 5ª 6ª Sábado cinema com ideias lá dentro. M. J. T. 13h, 15h40, 18h20, 21h40, 00h35; ZON Lusomundo Domingo 2ª 14h, 16h30, 18h55 (V.Port./3D), 21h35, NorteShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 22h30 - Esplanada Quinta, 22 00h20 3ª 4ª 16h30, 18h55 (V.Port./3D), 12h20, 13h20, 15h30, 16h20, 18h40, 19h20, 21h40, 00h20; Arrábida 20: Sala 20: 5ª 6ª Sábado 22h20, 00h50; ZON Lusomundo Parque Nascente: Segunda, 19 A Viúva Alegre Domingo 2ª 14h15, 16h50, 19h25, 22h10, 00h45 3ª A Saga Twilight: Eclipse 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 12h30, 13h10, 4ª 16h50, 19h25, 22h10, 00h45; Arrábida 20: Sala 1: The Twilight Saga: Eclipse 15h30, 16h, 18h20, 18h50, 21h30, 22h, 00h30, The Merry Widow Track of the Cat De Ernst Lubitsch. 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 14h30, 17h, 19h25, De David Slade, 00h45; Castello Lopes - 8ª Avenida: Sala 3: 5ª 21h45, 00h10 (V.Port./3D) 3ª 4ª 17h, 19h25, 21h45, Domingo 2ª 3ª 4ª 12h50, 15h30, 18h30, 21h30 6ª De William A. Wellman. 15h30 - Sala Félix Ribeiro com Kristen Stewart, Robert 15h30 - Sala Félix Ribeiro 00h10 (V.Port./3D); Cinemax - Penafiel: Sala 1: 5ª Sábado 12h50, 15h30, 18h30, 21h30, 24h; ZON GAUDÊNCIO RUI 2ª 3ª 4ª 15h30, 21h55 (V.Port.) 6ª 15h30, 21h55, Pattinson, Taylor Lautner. M/12 Lusomundo Fórum Aveiro: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª CidadeCidad de ViscosViscosa 23h55 (V.Port.) Sábado 15h, 17h30, 21h55, 23h55 (V. 14h40, 17h40, 21h15 6ª Sábado 14h40, 17h40, 21h15, A Fronteira do AAmanhecermanhhecere Fat CitCityy Port.) Domingo 15h, 17h30, 21h55 (V. a 00h15; ZON Lusomundo Glicínias: 5ª 6ª Sábado La Frontière de l’Aubel’Aube DeDe JohnJohn Huston.Husto Port.); Nun`Álvares: Sala 1: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h10, 17h30, 21h, 24h; De Philippe Garrel.el. 19h - Sala Félix RibeiroRib Domingo 2ª 3ª 4ª 14h30, 16h30, 19h30 (V. Lisboa: Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 4: 5ª 2ª Quem ainda acredita em milagres? 19h - Sala Félix Ribeiro Port./3D); Vivacine - Maia: Sala 1: 5ª 6ª Sábado 2ª Sexo,SeS xo, MentirasMentir e Vídeo 3ª 4ª 13h40, 16h10, 18h40, 21h10, 23h30 (V. 3ª 4ª 15h50, 18h40, 21h30 6ª 15h50, 18h40, 21h30, Depois do disparate de “Lua Nova”, 00h10 Sábado 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h10 Irmãos Inseparáveisáveis SSex,ex, Lies, andan Videotape Port./3D) Domingo 11h10, 13h40, 16h10, 18h40, bastaria mudar de realizador para Dead Ringers 21h10, 23h30 (V.Port./3D); ZON Lusomundo Dolce Domingo 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Castello Lopes - De Steven SSoderbergh.o Vita Porto: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, Londres: Sala 2: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h15, 16h45, melhorar o produto e dar De David Cronenberg.berg. 19h3019h30 - SalaS Luís de Pina 16h30, 19h, 21h40, 24h (V.Port./3D); ZON 19h15, 21h45 6ª Sábado 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, consistência às peripécias 21h30 - Sala Félix Ribeiroo 00h15; Castello Lopes - Loures Shopping: Sala 1: 5ª Lusomundo Dolce Vita Porto: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª vampirescas e pseudo-românticas, DumaDu Vez por 4ª 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h40 (V.Port./3D) 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h20, 16h20, 18h50, Two Wrenchingg TodasT 21h40, 00h15; CinemaCity Alegro Alfragide: Sala 5: criadas para pôr as adolescentes Domingo 11h, 13h30, 16h, 18h20, 21h10, 23h40 Departures DeD Joaquim (V.Port./3D); ZON Lusomundo Ferrara Plaza: 5ª 2ª 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h35, 16h10, patetas e histéricas em delírios + The Scenic 18h45, 21h45, 00h20; CinemaCity Alegro Leitão. 3ª 4ª 15h, 17h20, 19h40, 22h (V.Port./3D 6ª Sábado trementes? “Eclipse” é tão inútil e Route 15h, 17h20, 19h40, 22h, 00h20 (V.Port./3D Domingo Alfragide: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 22h - Sala Luís de Pina 11h, 15h, 17h20, 19h40, 22h (V.Port./3D; ZON 22h; CinemaCity Beloura Shopping: Sala 4: 5ª 6ª estúpido como o seu predecessor e Two Wrenchingg Lusomundo Ferrara Plaza: 5ª 2ª 3ª 4ª 15h50, Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h40, 16h15, 18h55, nem uma aparente maior violência Departures Conan e os 18h10, 21h20 (V.Port./3D) 6ª Sábado 15h50, 18h10, 21h40, 00h15; CinemaCity Campo Pequeno Praça de De Ken Jacobs. Bárbaros Touros: Sala 4: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª física lhe traz sangue novo. A tão 21h20, 23h50 (V.Port./3D) Domingo 13h10, 15h50, 19h30 - Sala Luís de Conan the 18h10, 21h20 (V.Port./3D); ZON Lusomundo 13h30, 16h10, 18h45, 21h30, 00h05; CinemaCity propalada química entre o par (ou Pina Barbarian GaiaShopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª Campo Pequeno Praça de Touros: Sala 6: 5ª 6ª trio) amoroso funciona cada vez Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 21h55; Medeia Fonte De John Milius. 12h50, 13h20, 15h, 15h50, 17h20, 18h20, 19h40, 21h, menos (se é que alguma vez O Lutador da 21h50, 23h30, 24h (V.Port./3D); ZON Lusomundo Nova: Sala 3: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 22h30 - Esplanada MaiaShopping: 5ª 2ª 3ª 4ª 13h15, 16h, 18h30, 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Medeia funcionou) e os efeitos especiais Rua 21h15 (V.Port./3D) 6ª Sábado 13h15, 16h, 18h30, Monumental: Sala 2: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª continuam de uma pobreza Walter Hill 21h15, 23h45 (V.Port./3D) Domingo 10h45, 13h15, 4ª 14h, 16h30, 19h, 21h30, 24h; UCI Cinemas - El De Walter Hill. Corte Inglés: Sala 5: 5ª 6ª Sábado 2ª 3ª 4ª 14h, confrangedora. Que dizer mais? De 16h, 18h30, 21h15 (V.Port./3D); ZON Lusomundo 22h - Sala Luís de Pina “Duma Vez por Todas” é primeiro MaiaShopping: 5ª 2ª 3ª 4ª 14h, 16h45, 19h15, 22h 16h35, 19h15, 21h50, 00h25 Domingo 11h30, 14h, fugir a sete pés. Nem com mil (V.Port./3D) 6ª Sábado 14h, 16h45, 19h15, 22h, 16h35, 19h15, 21h50, 00h25; UCI Dolce Vita Tejo: Sala transfusões lá vai. M.J.T. fi lme de Joaquim Leitão 00h30 (V.Port./3D) Domingo 11h15, 14h, 16h45, 9: 5ª Domingo 2ª 3ª 4ª 14h, 16h30, 19h, 21h30 6ª

42 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon “Dentro das Palavras” dez anos a A peça refl ecte é a primeira peça a solo trabalhar sobresob como o do autor e intérprete Rui na dança. cocorpo vive o Solo Catalão (colaborador do “Dentro aafastamento Ípsilon). Estreou ontem no das progressivo espaço Negócio da Galeria Palavras” da linguagem Zé Dos Bois em Lisboa e e partiu aindada falada como pode ser vista às quintas, dos anos principal forma sextas e sábados (21h30) que o autorr de expressão. até dia 24. Nela Rui viveu na Catalão faz um balanço de Roménia.

Agenda

ELSA GALVÃO Teatro Januário de Oliveira (a partir de), Gil Séverine protagoniza um Vicente (a partir de). monólogo divertido e amargo Évora. Largo de São Mamede. Até 31/07. 3ª, 4ª, 5ª, Estreiam 6ª e Sáb. às 22h00. entrada livre. Long Distance Hotel Santa Joana dos Matadouros De Gilles Polet, Goran Sergej Pristas, De Bertold Brecht. Encenação: Judith Davis, Leo Preston, Tiago Gustavo Trestini. Rodrigues, Tónan Quito. Coimbra. Oficina Municipal do Teatro. (Vale das Flores) R. Pedro Nunes. Até 18/07. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª Lisboa. Teatro Municipal Maria Matos. Av. Frei e Sáb. às 21h30 (excepto a 11/007). Dom. às 19h00. Miguel Contreiras, 52. De 22/07 a 30/07. 2ª, 3ª, 4ª, Tel.: 239718238. 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Tel.: 218438801. 12€ (sujeitos a descontos). A Transformação 27º Festival de Teatro de Encenação: Cláudia Negrão. Com Almada José Mateus Pedro Barbeitos. Manuel de Irradiação Lisboa. Teatro da Comuna. Pç. Espanha. Até 31/07. 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às 16h30. Tel.: iRádio-acção 217221770. 10€ (sujeitos a descontos). Quintas- De Álvaro Garcia de Zuñiga. feiras: 5€. Reservas: 968382245. A criada dos Noialles (chamava-se Encenação: Álvaro Garcia de Zuñiga, Estreiam As Espingardas da Senhora Séverine) conta, num monólogo Arnaud Churin. Com Alínea B. Issilva, Arnaud Churin, Eduardo Raon, Carrar divertido e algo amargo, o jantar Emanuela Pace, Pedro Moreira. De Bertolt Brecht. Encenação: Um actor, só entre o realizador Luis Buñuel e o Almada. Fórum Municipal Romeu Correia. Pç. António Durães. Com André Figueira, seu mecenas, o Conde de Noialles Liberdade. De 17/07 a 18/07. Sáb. e Dom. às 18h. Tel.: António Parra, Clara Nogueira, Inês (patrono de vários artistas do 212724928. 13€ e 7€. Leite, José Topa, Julieta Guimarães, Duas peças encenadas por surrealismo como Man Ray ou Dalí). Luís Silva, Pedro Estorninho. Continuam Porto. CACE Cultural do Porto. R. do Freixo, 1071. Jorge Silva Melo (uma da Foi ao ler as memórias de Buñuel, “O Até 24/07. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 22h00. Tel.: sua autoria) para o Festival Meu Último Suspiro” (ed. Fenda), 27º Festival de Teatro de 225191600. que Silva Melo se inspirou para Almada O Burguês Fidalgo de Almada, têm apenas um escrever esta peça sobre um “jantar Letra M De Molière. Encenação: Cláudio Encenação: Fernando Mora Ramos. actor (ou uma actriz) em de surdos”, o Conde e Buñuel, já Hochman. Com Alexandre Ferreira, velhos, onde só a criada tem voz, Com Johannes Von Saaz, João Vieira. palco, a sós com a sua voz. Almada. Sociedade Filarmónica Incrível Catarina Guerreiro, Fernanda Paulo, “porque as criadas são as Almadense. R. Capitão Leitão,3. Até 17/07. 5ª e 6ª às Joana Duarte Silva, João Didelet, Raquel Ribeiro personagens mais picantes do 19h00. Sáb. às 16h00. Tel.: 212750929. M/16. Marina Albuquerque, Paulo Duarte Buñuel”. Ribeiro, Sílvia Filipe. Ode Marítima A criada conta com ironia como o Lisboa. Palácio Beau Séjour. Estrada de Benfica. Fala da Criada dos Noialles Que Até 25/07. 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb. e Dom. às 20h00. no Fim de contas Vamos conde era um aristocrata rico, como Tel.: 217712420.entrada livre. Descobrir Chamar-se Também a sua casa, na Paris dos anos 20, Séverine numa Noite de Inverno estava sempre cheia de estrelas (até Dança de 1975 em Hyères Marlene Dietrich veio um dia, De Jorge Silva Melo “trombuda”, “a pôr baton entre Estreiam duas fumaças do mesmo gitanes sem Com Elsa Galvão, Vânia Rodrigues, À Flor da Pele + Lento para Pedro Lamas, Pedro Mendes, filtro”), e como agora, na decadência, “até nem espelhos já Quarteto de Cordas + 5 Tangos António Simão, entre outros. De Fernando Pessoa. Encenação: Companhia: Companhia Nacional de Encenação Jorge Silva Melo, temos, aqueles de Veneza comprou- Claude Régy. Com Jean-Quentin Bailado. Coreografia: Hans van Co-produção Artistas Unidos / os um suíço dos relógios ou era da Châtelain. Manen, Vasco Wellenkamp, Rui Culturgest/ Festival de Almada Nestlé?”. Almada. Teatro Municipal. Av. Professor Egas Lopes Graça. Silva Melo escreveu que “Fala da Moniz. Até 16/07. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Tel.: Lisboa. Teatro Nacional de São Carlos. Lg. S. Lisboa, Culturgest, R. Arco do Cego – Ed. CGD. 16/07 212739360. Em francês. Carlos, 17. De 20/07 a 21/07. 3ª e 4ª às 22h. Tel.: e 17/07 às 21h30 e 18/07 às 17h. Bilhetes a 12 euros. Criada” é uma “peça sem qualquer 213253045. Entrada livre. importância”. No fundo, continua, O Dia de Todos os Pescadores Festival ao Largo 2010. Um Precipício no Mar “é só uma peça de teatro” escrita para a sua actriz, Elsa Galvão. Se Impacto De Simon Stephens Companhia: Quorum Ballet. Com João Meireles calhar, “os quatros anos pesam na Dramaturgia Pedro Alves. Coreografia Encenação Jorge Silva Melo actriz e em mim”, conta Silva Melo, e cenografia: Daniel Cardoso. Co-produção Artistas Unidos/ “olho para ela de forma mais amarga Interpretação: Elson Ferreira, Filipe Narciso, Henriette Ventura, Inês Culturgest/Festival de Almada do que antes”. E admite: “Há ali uma amargura maior que não havia na Godinho, Theresa Da Silva. Lisboa, Culturgest, R. Arco do Cego - Ed. Sede CGD. Alcobaça. Cine-Teatro. R. Afonso de Albuquerque. 15/07 às 19h30 e 21h30, 16/07 e 17/07 às 19h30 e 23h, altura, e que se instalou com os Dia 17/07. Sáb. às 22h. Tel.: 262580890. 5€.M/12. dia 18/07 às 16h e 18h30. Bilhetes a 5 euros. anos.” “Fala da Criada” é teatro De Francisco Luís Parreira. “básico”: uma actriz, a sua voz e 22 Encenação: João Cardoso. Com João Companhia Portuguesa de PareceParece haverhave uma grande figurantes (fantasmas que já Cardoso, Jorge Mota, Micaela Bailado Contemporâneo Companhia: Companhia Portuguesa cocoincidênciaincidênc entre os cortes na passaram por aquela casa, que Cardoso, Pedro Frias, Rosa Quiroga. Porto. Teatro Carlos Alberto. R. Oliveiras, 43. Até de Bailado Contemporâneo. Cultura ananunciadosu pela ministra surgem por um minuto, vestidos à 31/07. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às 16h00. Coreografia: Clara Andermatt, Gabriela CanavilhasCa (entretanto época, cantando em coro “Amour Tel.: 223401905.10€ e 15€. Denise Namura, Michael Bugdahn. revogadosrevogados)) e a peça “Fala da Criada Fou”). Olival Basto. Centro Cultural da Malaposta. R. Se o Mundo Fosse Bom, o Dono ddosos NoiaNoialles”lle escrita e encenada por Noutro palco, menos iluminado e Angola. De 17/07 a 18/07. Sáb. às 21h30. Dom. às Morava Nele 16h. Tel.: 219383100. Entrada livre. No Auditório. Jorge SilvaSilva MMelo, que estreia hoje na grandioso, está o actor João Meireles De Ariano Suassuna (a partir de), M/6. Duração: 75m. CulturgestCulturgest e faz parte do Festival de em “Um Precipício no Mar”, peça do Almada.Alm Apesar de escrita em inglês Simon Stephens, também

Teatro/Dança 2006,20 Silva Melo explica encenada por Silva Melo. Mas não é um homem que viu morrer a filha a um autor. E quis passar esse queq os dois últimos versos bem um palco, não há uma luz cair de um precipício. Uma peça incómodo para o nosso lado”, (“a( arte não serve para especial, não há plano mais alto. O sobre uma tragédia (a morte), o luto explica Silva Melo. Esta personagem nada.n Só para gastar actor está sentado ao nosso (de um homem igual a nós), mas está ali, em fanicos, e nós é que dinheiro”)d ganham agora (espectadores) lado. também sobre os silêncios que se temos de apanhar os cacos. “Aquele “uma“u actualidade O monólogo pode durar 37 ou 45 impõem à urgência de contar. “O homem está ao nosso lado inesperadain sobre as minutos, “consoante o humor do autor quis sentir a dificuldade de visivelmente a sofrer. E nós, o que relaçõesr entre a arte e o actor”, ou seja, “leva o tempo que contar de uma pessoa que, no fazemos? “Deixamo-lo sozinho?”, João Meireles JOÃO MEIRELESJOÃO dinheiro”.d for preciso” para contar a história de fundo, é a dificuldade de escrever de pergunta Silva Melo.

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 43 Ficção livro de ensaios “Entre Paréntesis” “mobilidade”, vai adquirindo (Anagrama, Barcelona, 2004): também um estatuto de A decadência “Quando encontro estes jovens personagem. Há quem se Café Europa escritores, dá-me vontade de me interrogue: “Wandernburgo seria a pôr a chorar. Ignoro o futuro que os mesma? Ou não continuaria apenas do coração espera. Não sei se um condutor a deslocar-se sigilosamente, como Com um talento de mestre bêbado os atropelará uma noite, ou também a mudar de aspecto? Teria Apoiada no simbolismo- da arte narrativa, Neuman se de repente deixarão de escrever. uma fisionomia definida ou seria decadentista, Djuna Barnes Se nada disto acontecer, a literatura antes um lugar ausente, uma teceu, com palavras do século XXI pertencerá a [Andrés] espécie de mapa em branco?” (pág. antecipou em 30 anos o luminosas, uma espécie de Neuman e a outros poucos dos seus 281) olhar “camp”. mosaico cultural europeu. irmãos de sangue.” (pág. 149). Até Esta cidade de Andrés Neuman é Eduardo Pitta José Riço Direitinho agora, Neuman não desacreditou as a Europa do século XIX, enredada palavras do genial chileno, publicou num labirinto, e em constantes O Bosque da Noite O Viajante do Século 12 volumes de poesia, três livros de mudanças, quer políticas quer Djuna Barnes Andrés Neuman contos e quatro romances, o último ideológicas, mas onde as conversas Tradução de Francisco Vale e Paula Tradução de Vasco Gato deles, “O Viajante do Século”, foi versam temas também actuais como Castro Objectiva distinguido em 2009 com o Prémio os nacionalismos, as Relógio d’Água Alfaguara e o Prémio Nacional da independências, a emigração, a mmmmn Crítica espanhola; está desde há xenofobia, a união económica e mmmmn

Livros pouco tempo traduzido para cultural do continente, ou mesmo o O prolífico autor português. feminismo e a educação A literatura está hispano-argentino A história decorre em meados do sentimental. Não é sem intenção cheia de Andrés Neuman (n. século XIX, numa cidade algures que o autor cria no romance o Café personagens que 1977) estreou-se na entre Berlim e Leipzig, num lugar Europa, lugar onde os nomes mais fazem a lenda da ficção aos 22 anos entre as fronteiras da Saxónia e da importantes da cidade se cena literária. Lou com o romance Prússia. Um enigmático viajante, encontram. Ou ainda põe na boca Andreas-Salomé, “Bariloche”, que foi Hans, chega à cidade ficcional de do céptico espanhol palavras Karen Blixen, finalista de um dos Wandernburgo para pernoitar. amargas (que poderiam também ser Harold Acton, Paul mais prestigiados Hospeda-se na estalagem da família ouvidas hoje numa rua europeia a Bowles, James concursos literários de língua Zeit (que significa “tempo”, em propósito, por exemplo, do Tratado Merrill e Sam Shepard, para citar espanhola, o Premio Herralde. A alemão) apenas por uma noite, de Lisboa) que descrevem um meia dúzia de nomes “fortes”, são propósito deste primeiro romance antes de (era esta a sua pretensão) quadro onde se reproduz a reunião exemplos (muito diferentes entre si) de Neuman, Roberto Bolaño seguir para sul, para Dessau. Na do Congresso de Viena: “O mesmo dessa constelação fulgurante. A escreveu em tom profético no seu manhã seguinte, Hans tem a de sempre!, dezenas de senhores crítica alinha-os na categoria de impressão “de que a planta da gordos a decidirem o destino da autores de culto. cidade se desarrumava enquanto Europa!, palhaços protocolares Por maioria de razão entra aqui todos dormiam”. Até à hora reunidos para se encherem de Djuna Barnes (1892-1982), escritora e aprazada para a saída da carruagem, comida e decidirem a data da poeta contra todas as probabilidades. MIGUEL MADEIRA MIGUEL entretém-se a identificar as ruelas próxima reunião!, uma legião de Nascida e criada no seio de uma que percorre mais do que uma vez, senhores que olham para os anéis e família disfuncional, teve o privilégio mas perde-se, invariavelmente; o assinam em nome dos seus povos!” de ver um dos seus primeiros livros único lugar que se mantém sempre (pág. 462). Há da parte de Neuman prefaciado por T. S. Eliot: “A prosa de acessível é a Praça do Mercado, uma clara vontade de abordar temas Miss Barnes tem o ritmo da prosa que “onde os comerciantes apregoavam actuais transferindo-os para uma é próprio do estilo da prosa e um as suas mercadorias em voz baixa e Europa da Restauração, uma modelo musical que não é o da os negócios fechavam-se quase ao Europa ainda mal refeita das acções poesia [o qual] eleva à mais alta ouvido”. Entretanto, encontra um políticas e bélicas de Bonaparte. intensidade a matéria que se velho sábio tocador de realejo (que Mas também a literatura ocupa comunica.” Eliot descreve “O Bosque estará presente ao longo de todo o muito do “plot” do romance. Hans é da Noite” (1936), primeiro dos quatro romance), que vive numa gruta nos um pretenso tradutor poliglota – romances de temática homossexual arredores da cidade; conversam, trabalha por correspondência para que marcaram a era pré-Stonewall. bebem cervejas, o tempo passa, e a revistas e para uma editora – e faz Os outros são “Reflexos nuns Olhos carruagem parte. Hans prolonga a disso mais um pretexto para se de Oiro” (1941), de Carson McCullers; sua estada por um dia; e no dia encontrar mais vezes com a amada “A Cidade e o Pilar” (1948), de Gore seguinte por mais outro, e assim se Sophie, que também conhece várias Vidal; e “Outras Vozes, Outros vão sucedendo os dias, porque línguas. Juntos aventuram-se na Quartos” (1948), de Truman Capote. entretanto conhece o senhor tradução de autores como Sobre todos, o livro de Djuna tem a Gottlieb e a sua culta e “fascinante” Coleridge, Wordsworth, Keats, vvantagemantagem ddee ter filha, Sophie, noiva do aristocrata Byron, Milton, Lamartine, Gérard aantecipadontecipado Wilderhaus. O enigmático Hans de Nerval, Quevedo e Bocage, entre eemm 30 anos o começa a ser convidado para os outros (o interessante é que o leitor ololharhar encontros artístico-filosóficos que parece assistir em “tempo real” às ““camp”.camp”. têm lugar na mansão dos Gottlieb traduções); tudo numa espécie de As todas as sextas-feiras, e onde se esquisso de uma futura “antologia oorigensrigens discutem (superficialmente) da poesia europeia”; é a luz da ideia algumas das ideias de Kant, Fichte, romântica da “Weltliteratur”, de Novalis, Schelling, Goethe, dos Goethe, que a ilumina. Djuna Barnes irmãos Schlegel, entre outros; é uma Numa linguagem de um grande e oportunidade para Hans estar mais talentoso lirismo, Neuman teceu perto de Sophie, por quem (com a precisão e o requinte de um entretanto desenvolve uma paixão. ourives) uma espécie de mosaico Conhece também o negociante cultural europeu, de onde não está espanhol Álvaro de Urquijo, de ausente o diálogo entre o romance Andrés Neuman em Lisboa a promover o romance quem se torna amigo, e que lhe diz: clássico e a narração pós-moderna. com que recebeu o Prémio Alfaguara 2009 “Eu já estou aqui de passagem há Uma nota final (e um aplauso) mais de dez anos.” (pág. 87) para a esmerada tradução de Vasco Aos poucos, a cidade, com a sua Gato.

44 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente

O Prémio Camões 2010, o primeiro livro deste o escritor brasileiro género literário depois Obra Ferreira Gullar, vai de “Muitas Vozes”, completa passar a ser publicado de 1999. Seguir-se-á pela editora Babel. Este “Cidades Inventadas”, mês sairá “Poema Sujo” compilação de fi cções (escrito em 1975, na escritas ao longo de época de ditadura militar, várias décadas, publicado quando o autor ainda originalmente em 1997, poemas, se encontrava exilado e “Rabo de Foguete – Os “Em Alguma Parte em Buenos Aires). E em Anos do Exílio”, memórias Alguma”. Com publicação Setembro, a Babel lançará dos seus tempos de simultânea no Brasil, pela o seu novo livro de expatriado. editora José Olympio, é

“suburbanas” e uma adolescência amou e então voltarei a encontrá-la.” sei se foi essa a segundo apresenta-nos “o coronel humorista é a capacidade de pouco convencional não impediram O desprezo de Djuna pela intenção de Ricardo Michington Meã, ‘o boleeiro cigano’, observar e entender qualquer Djuna de atravessar o Atlântico, burguesia com veleidades Araújo Pereira, que vai ser o vosso guia nesta viagem fenómeno de forma lógica, e depois fixando-se em Paris, onde foi aceite aristocratizantes é dado logo a abrir, quando deu o seu à longínqua Gukla, onde (ver desmontar as convenções que no círculo ultra-elitista de Natalie no retrato de Felix, que a si mesmo nome à colecção de primeiro parágrafo)”. A leitura do habitualmente deturpam o sentido Barney. Sem grande esforço, a atribuía o título de barão de Volkbein: livros de humor da primeiro parágrafo diz assim… “onde da realidade. A convenção, para o rapariguinha desamparada de “Quando falava de um titular, fazia Tinta da China, mas as exóticas fragrâncias do Oriente”, caso, é a do documentário (que é Bridgeport passou a integrar a uma pausa antes e depois de lhe é o que parece etc. suposto reproduzir o real sem o genealogia ilustre dos “habitués” do pronunciar o nome. [...] Sentia que o acontecer com este Escreve tão bem, Benchley, que retocar; ao mesmo tempo esse real n.º 20 da Rue Jacob: Rainer Maria grande passado poderia talvez ser livro. O norte-americano Robert chegamos a saber da sua boa deve “acontecer”, ou seja, ter Rilke, Marina Tsvetáeva, André Gide, parcialmente refeito se se humilhasse Benchley (1889-1945) não é apenas educação (estudou em Harvard), até acontecimentos), e que por seu lado Olga Rudge, Ezra Pound, Peggy o suficiente, sucumbisse e prestasse um mestre para o humorista mesmo quando pretende ser inclui outra convenção, a de que as Guggenheim, Scott Fitzgerald, Sylvia homenagem.” Mas o epítome do português. Segundo ele escreve no desrespeitoso. A propósito das masmorras, ou as caves das lendas, Beach, William Carlos Williams, sarcasmo fica reservado a Jenny prefácio de “Wit”, já o era para palestras de espiritismo em que são lugares escuros (escuridão que Gertrude Stein, James Joyce, Petherbridge, quatro vezes viúva e Groucho Marx e continuou a sê-lo participou, diz ter mantido o silêncio tem de ser dramatizada, de outro Somerset Maugham e outros completamente destituída de para sucessivas gerações de em todas: “sobretudo por que passei modo a cave não podia ser filmada). expatriados. Djuna chegara envolta harmonia: “Só separada do resto do humoristas norte-americanos, até quase todo o tempo a comer Eis como Benchley desmonta e num halo de escândalo: “The Book of corpo é que uma qualquer parte dela Woody Allen. “Foi um humorista a bolachas.” Benchley não fala com a remonta tudo isto: “Decidido a Repulsive Women” (1915), a estreia se poderia considerar certa.” quem os mestres chamavam mestre.” boca cheia. aclarar a verdade de uma destas literária, que mais tarde renegará, Tensa como um arco, a escrita E não é apenas uma referência O desrespeito pelas convenções lendas, desloquei-me ao tempo, à fizera dela o centro de uma “cause extremamente elaborada de Djuna estilística: Benchley começou por ser morais da sua época, factor de meia-noite, e desci à cave. Podem célèbre”. A época fica marcada pela denota sentido de equilíbrio e acidez um jornalista (com humor), escreveu cómica marotice, agora que esses ver-me aqui, graças à luz intensa de ligação amorosa que manteve com a bem calibrada. O mais próximo que crónicas (de humor), livros (de mesmos valores entraram em dois projectores de cinema que por escultora Thelma Wood. Ciente da encontramos da retórica não tem humor), escreveu argumentos e desuso, ganham um efeito de cómico acaso trouxemos (…) o que seria condição de “outsider”, publicará em uma palavra a mais: “o amante tem realizou filmes (de humor) e bota-de-elástico: “Comecei as minhas aquilo do meu lado direito? Estaquei, 1928 o sulfuroso “Ladies Almanack”, de ir contra a natureza para participou como actor (humorista) experiências de espiritismo em 1909, com as câmaras assestadas em mim. violenta catilinária contra o encontrar o amor.” Não admira que em algumas comédias musicais. De quando estava sentado no escuro Era o rumor de uma mulher a lesbianismo-chique. Natalie Barney e Susan Sontag tenha dito que era resto, em 1935 ganhou um Óscar para com uma rapariga que mais tarde soluçar! Por sorte, os microfones todas as suas amantes são assim que queria escrever. Não é a curta metragem “How to sleep” acabou por não ser a minha eesposa.”sposa.. estavam a funcionarfuf ncionar personagens do livro. pequeno mérito que tudo isso seja (que viria a gerar a série “How to…” Notemos agora o usoso falacioso dee devidamente.”devidaamente.” “O Bosque da Noite” ficou feito sem beliscar as regras (e os Quem se interessa pelo ofício de fazer um pormenor como elementoelemento NumaNuuma crcrónicaónica concluído em 1932, quando Djuna matizes) do simbolismo- rir os outros tem aqui matéria de luxo distintivo: “Tinham entãontão sobresobrb e a “febre“febre de vivia em Londres. É uma reflexão decandentista. para estudar. começado a ser usadosos os fenos”fenon s” (de que o amarga dos anos parisienses (1920- Mas “Wit” é também literatura. E relógios de ponteiros autorautor ddiziz 31), bem como dos equívocos, Robert Benchley escreve bem (aliás, é fosforescentes e eu tinhanha um dosdoss sofrer), em que possibilidades e limites da itinerância Humor traduzido por um bom tradutor que, poucos que havia na cidade.cidade. Na o registo de sexual. Djuna, que teve amantes de não sendo especialista em humor, realidade, eu tinha umm dos “conselhos“conselhos ambos os sexos, sabe do que fala. O Pompa de mestre utiliza o português com eficácia). poucos relógios da cidade.”dade.” Aqui práticos” llutauta tom elíptico não diminui a pulsão Sabe, por exemplo, utilizar a interrompemos a frasee porque comcom o “relato“relato trágica (Eliot vai ao extremo de citar a Wit – Ensaios humorísticos retórica das convenções de Benchley abusa. Estica-sea-se na piadapiada do tradição isabelina), nem disfarça a Robert Benchley linguagem. Depois de descrever uma e perde piada. Continuemosuemos a relação conflituosa que manteve com Tradução de Júlio Henriques paisagem “exótica”, conclui que “é frase: “porque a maiorr parteparte das Thelma Wood: “No coração de Nora Tinta da China de facto uma vista magnífica, a não pessoas ainda usava ass ampulhetasampulhetas repousava o fóssil de Robin, entalhe ser que estejamos a olhar na direcção de outrora.” A frase terminaermina da sua identidade, e à sua volta, para mmmnn errada”. com uma última oração,ão, que se conservasse, corria o sangue A repetição é uma das ferramentas que não tem piada de Nora.” Fica claro que Robin Vote é A expressão inglesa “pay the deeds”, principais do humor (consiste em nenhuma: “por seremm o “alter-ego” de Thelma: “Procurei que “prestar homenagem” ou “pagar repetir algo que em si não tem piada, [as ampulhetas de Robin em Marselha, em Tânger, em dividendos” não traduzem com rigor, e que a repetição torna hilariante). Na outrora] mais Robert Benchley na colecção Nápoles, procurei-a para a designa a necessidade de um artista crónica “Uma volta ao mundo com o cómodas.” de humor da Tinta da China compreender, para acabar com o de sucesso repartir os louros com boleeiro cigano”, depois de descrever Uma das principais meu terror. Disse a mim própria: farei aqueles que maior influência “as exóticas fragâncias do Oriente” ferramentas de o que ela fez, hei-de amar o que ela exerceram sobre o seu trabalho. Não em Gukla, no primeiro parágrafo, no trabalho de um bom

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 45 Este Ver‹o, encontre umacoisadiferente para estimular asuamente. desafios, enigmas e jogos de l—gica que pode levarparaapraiaoupiscina. desafios, enigmasejogos del—gica COLEC‚ÌO P-IQ. passatempos que v‹o seduzir a sua mentepassatempos que eestimular v‹oseduzirasua inteligncia com asua De 3 de Julho a 4 de Setembro, o Pœblico lana 10 cadernos semanais de De 3deJulho semanais a4deSetembro, 10cadernos oPœblicolana

96 p‡ginascompassatempos.

mais Û1,40, mais

por apenas por

Pœblico.

S‡bados Todos os Todos com o com

Colec‹o de 10 livros. Periodicidade: semanal. Dia da semana: S‡bado. PVP: 1,40Û Preo total da colec‹o: 14,00Û. Data de in’cio: 3 de Julho. Data de fim: 4 de Setembro. Limitado ao stock existente. aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente

Depois da conferênciarência ded Sophia de Mello Pessoa, Álvaro de de Caetano Veloso,so, BBreyner,r Vinicius Campos e Alberto Caeiro

Livros agora é a vez dede Moraes, João serão lidos pela cantora Poesia da sua irmã, GuimarãesG Rosa, de brasileira. A leitura será Maria Bethânia, poetasp africanos e intercalada com canções, homenagear a poesiaoesia aindaa de Manuel algumas a capella. Quarta- em língua portuguesaguesa Bandeira,B Padre feira, dia 21 de Julho, às com leituras na CasaCasa António Vieira, 17h30. A entrada é livre. Fernando Pessoa,a, Clarice Lispector, em Lisboa. Textosos MárioMá de Andrade,

paciente” (que luta com a doença e pode tornar alvo, digamos com touradas, praxes académicas, a incredulidade que a doença inspira assim, de um olhar antropológico: com o higienismo, a obsessão sexual Ciberescritas nos outros), o autor explica como “Dispormos de um carregador que da Igreja, o filistinismo cultural e as resolveu o problema (de ter uma nos leve a bagagem é uma prática asneiras gramaticais). A selecção de Digital “versus” impresso doença ridícula) sem resolvê-lo (ou desportiva que só há relativamente textos é talvez excessivamente seja, continuando a sofrer da pouco tempo começou a ter extensa (são redundantes todas uma batalha perdida? Os seres humanos lêem doença): “ “retirar-me para um aceitação nos Estados Unidos. Impôs- aqueles ataques ao “eduquês”), e mais rapidamente um livro de fi cção impresso quarto escuro, fechar as janelas e se com a feminização da nossa raça e Pina sofre a sina de todos os do que a mesma obra no iPad ou no Kindle. Foi passar o tempo a rasgar pedacinhos com a moda dos punhos nas cronistas, que é ter de lidar com Éesta a conclusão a que chegou um estudo feito de papel entre 18 de Agosto e 15 de camisas” (em “A vida desportiva na assuntos que envelhecem depressa. pela empresa de consultadoria Nielsen Norman Setembro”. América: seguir o carregador”). Por isso, ele sabe muitas vezes Group: o tempo de leitura nestes aparelhos digitais é A coincidência cómica é outro Pomposo é também o subtítulo do encontrar o essencial de uma menor do que era no passado, mas não é menor do que efeito de humor que Benchley utiliza, livro, ao chamar “ensaios” a crónicas. situação, independentemente das quando se lê em papel. através de um acontecimento Seria também interessante nesta circunstâncias datadas. O país, Isabel Foi o dinamarquês Jakob Nielsen, especialista em secundário, que surge entre compilação incluir as datas dos textos reconheça-se, é generoso em Coutinho usabilidade dos produtos informáticos e um dos parêntesis: “Estou a dar pancadinhas e, tendo em conta o impacto cultural peripécias, da reprodução de directores desta empresa, que divulgou algumas das tão fortes na madeira que o homem das revistas para onde Benchley Courbet apreendida em Braga às conclusões deste estudo na sua coluna “Alertbox” (é do quarto ao lado gritou agora escrevia, até as publicações em que “greves de fome” de cinco horas. publicada no seu “site” duas vezes por semana). Há uns mesmo: ‘Entre!’”; “Quando eu era surgiram. Rui Catalão Várias crónicas são sobre os desvarios meses, quando o iPad foi lançado, Jakob analisou várias rapaz (lembro-me bem de o da alta finança. Pina cita muito a das aplicações disponíveis para o novo “tablet” da Apple. presidente Franlkin Pierce [que propósito o seu administrador de Quis ver se elas se adaptavam convenientemente ao morreu vinte anos antes de Benchley Crónicas condomínio: “A situação, embora objectivo para que foram concebidas. nascer] também exclamar: ‘E que alarmante, não é preocupante”. Mais recentemente, Jakob Nielsen quis saber se a belo rapaz!’)”. Especialmente agudas são as crónicas velocidade de leitura variava consoante o aparelho em O parêntesis é o recurso estilístico O que fica do que que sublinham que a crise, quando que se lia. O investigador sabia de antemão que é muito em que Benchley consegue os passa chega, não chega a todos. melhor ler um livro de fi cção deitado num sofá com um melhores efeitos de humor, mas Politicamente, as opiniões de Pina “tablet” nas mãos do que estar sentado a uma secretária também os piores. Seguem-se dois Por Outras Palavras são de esquerda (exceptuando uma a ler, o mesmo livro, num computador. Mas será que os exemplos da sua falta de piada entre Manuel António Pina rara equanimidade face a Israel); uma “tablets” – computadores pessoais que podem ter ecrãs parêntesis: “Segundo opiniosas Modo de Ler esquerda independente e desiludida, tácteis e são mais portáteis do que os outros – são tão informações provenientes de Paris que viveu 68 e 74 e viu as suas ilusões bons para ler como um livro impresso? (se é que aceitamos as opiniões de mmmmn desfeitas, os seus heróis Para o descobrir, a equipa do Nielsen Norman Group uma cidade tão mal afamada)”; “corrompidos pela vida”. fez um estudo sobre a leitura de obras de fi cção em dois “Apreciador de cavalos como eu sou, “Por Outras O outro Pina, mais intimista, é dos mais famosos aparelhos quando os conheço pessoalmente (e Palavras & mais aquele que revela a faceta do Lemos mais electrónicos: o iPad da Apple com uma mão cheia de açúcar crónicas de jornal” (óptimo) poeta que também é. São (aparelho ainda na primeira garanto que consigo criar amizade é uma antologia das textos sobre a memória, sobre isso de rapidamente um livro geração) e o Kindle da Amazon com qualquer cavalo – ou então crónicas de Manuel sermos feitos de memórias, de (já na segunda geração). perco a mão até ao punho na António Pina, palavras escassas mas justas, de uma de ficção impresso Deixaram de lado a leitura tentativa)”. organizada pelo seu incessante procura de sentido. Textos de páginas na Internet e de O humor vive muito de tornar o amigo Sousa Dias. sobre os nomes dos amigos mortos jornais e concentraram-se na leitura de uma narrativa irracional razoável e a razão tornar-se São 244 textos, nas agendas, sobre encontros linear: a leitura de uma fi cção com princípio, meio e fi m. absurda. Tal deve-se ao facto dos publicados entre 1994 (data da falhados, flashes da infância, os No iPad o texto de fi cção era lido com a ajuda da aplicação humoristas serem dos poucos seres excelente colectânea “O gatos, a solidão dos livros. E, sempre, gratuita e instalada de origem, iBook. Os investigadores inteligentes a aperceberem-se que a Anacronista”) e 2009. A maioria das aquilo a que Pina chama o “mistério concentraram-se só na velocidade de leitura, não testaram razão é apenas uma convenção de crónicas foi publicada no “Jornal de gratuito da poesia”. Não apenas da se essas aplicações eram fáceis de usar pelos utilizadores. sentido cuja solidez tem um prazo de Notícias” (textos mais curtos, diários) poesia escrita, mas da experiência Pediram a cada um dos 24 participantes deste estudo validade ou um ângulo favorável. O e na revista “Visão” (textos mais poética do mundo, na qual convivem que lesse um conto do escritor norte-americano Ernest humorista é também alguém que se longos, semanais). Em geral, as Winne-the-Pooh e Ruy Belo, um Hemingway num computador, num iPad, num Kindle apercebe que os valores, hábitos e crónicas semanais respiram melhor, pardal e um blogue, Bresson e e num livro impresso. Escolheram Hemingway por crenças de uma dada época, tornam- são mais elaboradas, menos presasresas à George Best, o futebolista que considerarem que a sua leitura é cativante e não muito se ridículos com o surgimento de ditadura da actualidade. As peçasças disse:disse: “Gastei“Gastei difícil. A leitura do conto demorava em média 17 minutos outros paradigmas. A passagem do mais curtas, em contrapartida,, são muitomuito dinheirdinheiroo e 20 segundos. Menos tempo do que se demora a ler um tempo, e as mudanças que o tempo comentários incisivos ao estadoo do emem álcoolálcool,, romance ou um livro de estudo, mas mais tempo do que traz, é assim uma das alavancas do mundo. Mas há em ambos os miúdasmiúdas e a leituras que as pessoas costumam fazer quando estão humor. O que este livro tem de formatos a mesma reflexão sobrebre o carros;carros; o restoresto Jakob Nielsen na Internet. No fi nal da leitura os participantes tinham melhor tem a ver com as convenções efémero, ou sobre aquilo que a esbanjei-o”.esbanjei-o”. http://www.useit. que responder a um questionário com perguntas sobre do tempo. O que este livro tem de passagem do tempo torna efémero,mero, PedroPedro MMexiaexia com/ o que acabaram de ler. Chegaram à conclusão de que a pior tem a ver com as convenções do dos grandes acontecimentos àss compreensão do texto era boa em todas as plataformas. autor. emoções privadas. A crónica estástá Venham então os números: a velocidade de leitura do

Benchley, por vezes, torna-se tão sempre à beira de se tornar VELUDO/NFACTOS FERNANDO conto do Hemingway num iPad foi mais baixa em 6,2 ridículo como as convenções que anacrónica, excepto para aqueleseles por cento do que a velocidade atingida por um leitor pretende ridicularizar, porque que sabem decantar o que fica do mesmo conto num livro impresso. Quando a leitura também ele é um produto do seu daquilo que passa. do conto passou a ser feita no Kindle, a velocidade de tempo: sublinha o seu sentido de As crónicas de tema público leitura ainda foi mais baixa em 10,7 por cento, quando humor como quem ri da sua piada. aqui recolhidas são algo comparada com o tempo que demora a ler impressa. Ou seja, Benchley é escravo da atípicas na imprensa Manuel António Pina e os comentários No fi nal, os investigadores perguntaram aos necessidade de fazer rir, o que nem portuguesa. Manuel António incisivos ao estado do mundo participantes do estudo qual era o grau de satisfação sempre tem piada. Para a época em Pina é talvez o menos arrogantete que sentiam em relação à leitura nestes aparelhos. A que trabalhou, foi sem dúvida dos nossos colunistas, e a pontuação ia de 1 a 7. Em média o iPad teve 5,8 pontos corrosivo, mas a passagem do tempo arrogância é a doença infantil (apesar de as pessoas se queixarem de que era pesado); veio revelar um humor também dos fazedores de opinião. Pinaa o Kindle (5,7 pontos), o livro impresso (5,6) e a leitura pomposo. Esse esquema mental, no mostra-se quase sempre tímido,o, no computador foi a pior classifi cada (3,6). Ler em papel entanto, também pode ter a sua afável, melancólico, quieto. foi considerado mais relaxante do que ler em aparelhos graça, pois até um observador do seu Mesmo as suas indignações sãoo digitais e ler no computador é desconfortável, não dá quotidiano (e os bons humoristas são geralmente irónicas, ou então prazer, porque lembra o trabalho. sempre observadores que recorrem à paródia swiftiana desconstroem o seu quotidiano) se (há excepções: fica zangado [email protected]

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 47 aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelentexcelente

Os australianos Triffi ds, de David McComb, lembrados numa antologia

Pop anos 80. A outra face, automóveis. Cada canção que “Speakerboxxx”, era diferente, McComb escreveu para os Triffids O que dizem talvez mais próxima dos cânones do era como o giz que os polícias usam Big Boi é hip-hop, mas com climas para desenhar no chão o contorno luxuriantes, configurações de um cadáver: assombrado, as máquinas electrónicas, ritmos sincopados e as destrutivo, McComb cantou como mesmo marcas de psicadelismo, em quem se livra da peste, numa É com sintetizadores que justaposições surpreendentes. tentativa de afastar a poeira da se tem feito alguma da grande A verdade é que André 3000 é morte que dia após dia assentava no um sedutor. Big Boi não. Pelo seu corpo. O triste é que esta música mais entusiasmante menos não era, porque “Sir Lucious compilação de 18 temas podia ter Até agora era a metade mais dos cenários alternativos Left Foot: The Son of Chico”, o seu outros 18 diferentes e ainda assim contemporâneo. Pedro Rios desvalorizada na dupla primeiro álbum a solo, vem seria extraordinária – o triste é que OutKast, mas, no primeiro baralhar as coisas. É uma obra de tão poucos se lembrem disso. Oneohtrix Point uma jovialidade assinalável para McComb era extraordinário em Never álbum a solo, Big Boi mostra alguém com 16 anos de actividade, canções grandiosas como “Wide que é tão grande como o Returnal e numa altura em que o hip-hop e o open road”, “” Mego, distri. cúmplice André 3000. Vítor R&B dirigido ao centro do mercado e “Red pony”, veículos de ultra- Matéria Prima Belanciano já conheceram melhores dias. 2010 romantismo movidos a cordas – esta acaba por ser um ano em grande última contém o ADN dos três mmmmn Big Boi para Big Boi. Não só edita um primeiros discos dos Tindersticks óptimo álbum a solo, como acaba (cujo líder, aliás, nos confessou Emeralds Discos Sir Lucious Left Foot: The Son of por estar implicado na descoberta numa tarde soalheira ter aprendido Chico Does It Look Like de uma das revelações do ano – a escrever canções ao som dela). Def Jam, distri. Universal I’m Here? Janelle Monae. Mas também era espantoso na pop Mego, distri. mmmmn Para ele o hip-hop é uma equação de guitarras de “Reverie”, que citava Matéria Prima onde cabem tecnologia, ritmo, o ié-ié dos anos 50, na sinfonia de Talvez seja altura de energia, configurações rítmicas bolso de “”, com mmmmn olharmos de outra electrónicas, climas luxuriantes e xilofones a dobrarem as cordas forma para os marcas de funk na linha dos antes de uma alegria juvenilesca se Depois de um início de década em OutKast, a dupla Funkadelic ou Parliament. Tudo isso apoderar da guitarra, como o era na que o “underground” americano se que elevouele o hip- está presente numa obra de ritmos secura country da “slide guitar” de dividiu entre o grito libertário da hhopop parapa outro fantasiosos, texturas futuristas e “The Seabirds” (que depois ganhava New Weird America e o festim de ppatamaratamar na úúltimaltima década,déca através cadências vocais perfeitas. Há uma contornos épicos). Falta, quanto a ruído de uns Wolf Eyes, Black Dice e ddee áálbunslbuns como “Stan“Stankonia”k (2000) série de convidados vocais ( Janelle mim, uma maior presença de temas Sightings, nos últimos tempos têm- ou “S“Speakerboxxx/Thepeakerboxxx/The Love Below” Monae, T.I., George Clinton ou Gucci de “In the Pines” (1986), disco se destacado as felizes explorações ((2003).2003). Até agora era ssempree André Mane) e de produtores (Organized gravado num barraco, de peles do património da música cósmica, Benjamin (André(André 3000)3000 que era Noize, André 3000, Scott Storch, Lil curtidas e blues debaixo do sovaco, ancorada em sintetizadores enaenaltecido,ltecido, quandoquando se consideravac a Jon ou Salaam Remi) e o álbum foi mas a sinopse é simples: McComb analógicos. Tal como a editora Sub ffacetaaceta mmaisais visionáriavisionária e aventureira registado de forma espaçada ao foi um desses raros homens que Pop fez com os Wolf Eyes em 2004, a ddoo duo. Era nele qqueue sese pensava, longo de três anos. Mas não se sente perceberam que cada melodia só Mego, editora mais habituada à qquandouando eram evocadaevocadass referências dispersão. Todas as faixas respiram valia a pena se estivesse electrónica mais radical e menos exteriores ao hip-hophip-hop queq a dupla o mesmo grau de maturidade e directamente ligada às vísceras, que misericordiosa, captou a tendência e iincorporava.ncorporava. AntwanAntwan Patton, ou espontaneidade, dando ideia que percebeu que uma harmonia não editou, praticamente em sesseja,ja, Big BBoi,o estava mais Big Boi se recreou fixando todas as era apenas a distância entre notas simultâneo, álbuns dos seus dois próximopróximo daquilo que peças do puzzle, conseguindo fazer mas sim entre a paz e o abismo, que maiores nomes, Emeralds, um trio ssãoão os ppadrões passar essa exuberância para este percebeu que só canta canções de de Cleveland, e Oneohtrix Point clássicosclássic do hip- lado. amor quem do amor só conheceu os Never, “alter ego” de Daniel Lopatin, hop.hop. TalvezT por pontapés. No libreto há um desenho de Nova Iorque. isso é visto como o de uma árvore, com raízes fundas, “Nil Admirari”, o manto de noise maismais conservador O belo tronco torto e copa despida e desfigurado que inaugura do duo.d inclinada para o chão. Não há “Returnal”, parece indicar que EssaE divisão melhor símbolo para estas canções. Lopatin encontrou novos eraera desperdício particularmentepa sensívelse em Vinte anos depois, um “best- “Speakerboxxx/“S TheT Love of” dos Triffids vem deixar Oneohtrix Point Never, Below”,B o claro que David McComb foi ou seja Daniel Lopatin, álbumá duplo um dos maiores escritores num disco exploratório O hip-hop para massas segundo Big Boi eme que cada umu assinava a de canções dos anos 80. ssuau metade. João Bonifácio “T“The Love BBelow”,e de AAndrén 3000, Wide Open Road ereraa uma espécie Domino, distri. Edel ddee musicalm ““SinginSing in the mmmmm RRain”ain” em versão contemcontemporânea. Continua a tentativa Uma oobra-primabra de de fazer voltar ao memelodiaslodias inesperadas,in mundo a alma rromancesomances possíveisp e torturada de David iimpossíveismpossívei e uma McComb, o líder sensualidasensualidaded funky dos Triffids, ccomoomo jájá nãonão se ouvia perdido há muito para a heroína, a ddesdeesde o melhormelh Prince dos pneumonia e os acidentes de 0 01 A 2 EN M O R AL IC US M DA RA ET O N P FA EM TE T l S to US na C A AR u dr an ex Al

EB HL DO ER TV ri Ga

CU LA UR l B re Do

al in rig o ais ue m q o zz é ja a n e n go d a ” Tri o bo a. “ up Lis d gr ca ! em dé L i a E v m ÍV lti D ú R Lagoa Henriques, PE após o concerto IM no IFP em 2007. NTE ZZ RIE A JA D O O N D , O 30 SEU 2h U ª 2 , M 4 30 , 1h 2 5ª ,

28 de Julho 29 de Julho

19ª edição 10, 17,J, 24 JUL 2010, 18h00 Ténis do Parque de Serralves Programação: António Curvelo 10 JUL VIJAY IYER TRIO 17 JUL BERNARDO SASSETTI TRIO COM PERICO SAMBEAT 24 JUL “CONTACT” Dave Liebman / John Abercrombie / Marc Copeland / Drew Gress / Billy Hart

Bilhetes à venda na recepção de S erralves e em www.serralves.pt

Patrocinador do Jazz do Parque Apoio Institucionalcional Apoio à InternacionalizaçãoInternacionalização Apoio Apoio MedMediaia

Fundação de Serralves / Rua DD. João de CCastro,astro,210 221000P - PPoPortoortortto/o / wwwww.serralves.ptwww / [email protected] / Informações: 808 200 543 aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Discos

O terceiro álbum de Bob Da Rage Sense

caminhos, depois do sublime digressão interior onde o MC “Rifts” (2009), que compilava os três angolano, há vários anos a viver em primeiros discos de Oneohtrix Point Portugal, cruza autobiografia e visão Never. “Describing Bodies” e “Stress política, comentários para a

Waves” tratam de nos sossegar: ENRIC VIVES-RUBIO comunidade hip-hop e dissertações sintetizadores a subir aos céus ao sobre o país onde nasceu e aquele de fundo, o lento respirar das que agora faz parte. O tom ora é máquinas, a mesma qualidade agressivo, ora compassivo, o discurso imersiva do passado. A maior tanto aponta um dedo acusador, sem novidade é “Returnal”, próxima do contemplações, como procura formato canção, que manipula a voz conciliação – mostra um caminho, o de Lopatin, sem sexo, duplicada, seu caminho, esperando que outros o como robôs em diálogos sigam. indecifráveis – “Returnal” há-de ser O mais interessante neste álbum, citada, ao fundo, na maravilha de que teve primeira edição a 11 de ecos “Preyouandi”. Novembro, entretanto esgotada e Se a história da música popular a prestes a ser substituída por uma Lopatin interessa para a tornar segunda, é a forma como Rage Sense fantasma das suas composições, os conjuga a dureza das palavras com Emeralds fixam-se num período em uma elegância musical familiar da particular, a “kosmische Musik”, nu-soul de Common e, mais atrás, da feita nos anos 1970, na Alemanha. soul ela mesma da década de 1970. Em “Does It Look Like I’m Here?”, o Com João Cabrita nos metais e João terceiro disco “oficial” dos Emeralds Gomes nas teclas (o som nocturno e (descontando as edições O realismo mágico dos Tigrala em estreia fumarento do Rhodes como que se limitadíssimas de que são adeptos), cola às canções como identidade comprimiram as viagens de maior), com convidados como Sir sintetizadores (e a discreta guitarra Scratch, New Max, Dino, Raf Tag, de Mark McGuire) em peças mais Sam The Kid ou Tamin, “Diário de curtas do que no passado. em busca delas é menos importante Desmerecemos a música do trio, que a nossa que por incúria nunca Marcos Robert” não dirá “diferente” Em momentos como “Now you que sorver o que delas frutificou. não pede nada disso. Música fora de tínhamos dado atenção a este daquilo que conhecemos no hip-hop see me” (cânticos melódicos e Bucólica de alpendre em fim de tempo e alheia a fronteiras, “Gonna Take a Miracle” por se tratar (em) português – por exemplo, sintetizadores ao fundo, acordes tarde e xamânica como ritual de dissemos acima. Não é música do de um disco de versões. A questão é: partilha o marxismo com Valete, simples de guitarra em primeiro outras paragens, feita de delicada mundo, é música onde, com três conhecíamos o sabor do fruto, mas ataca o racismo latente na sociedade plano) aproximam-se de territórios filigrana sonora ou de garridas músicos em digressão íntima, o não sabíamos que as raízes eram tão portuguesa, como o fazem os Nigga quase “new age”, sinal de que estão manchas sonoras em mutação, esta mundo se reflecte. viçosas. Esta é a música pela qual Poison e, pensando em Angola, mais interessados no apelo sensorial música existe para além do tempo. A tambura e o vibrafone, a flauta e uma Nyro adolescente se apaixonou dirige o mesmo olhar crítico que MC do que em abrir novas possibilidades A tambura tanto sugere o o “cajón”, percussões turcas, – e que música, quase toda negra, Kapa ao regime angolano no poder. criativas – ideia confirmada em movimento espiralado, ascendente, guitarra acústica e estes sete temas negra. Um extraordinário “The bells” É a forma como o diz, preferindo “Genetic”, com crescendos épicos da música tradicional indiana, como que são “sci-fi” tropicalista e transe (de Marvin Gaye), com a voz nos expor clara e metodicamente os deliciosamente previsíveis, solos de se entrega à melancolia de popular, que são trinados que rugem píncaros, “Monkey time”, em que versos a lançá-los com estrondo ao guitarra em várias camadas e crepúsculo mediterrânico. O e melodias de uma profundidade Nyro consegue o milagre de nem microfone; é a forma como escolhe cascatas de sintetizadores à magnífico trabalho de Ian Carlo comovente. Três Tigrala a criar fazer notar a pena de Curtis Mayfield envolver o discurso em hip-hop Tangerine Dream (som outrora Mendoza no vibrafone conduz-nos realismo mágico em tempo real. e depois passa para “Dancing in the consciente das suas raízes (travo futurista, hoje nostálgico). em movimentos circulares, Uma viagem admirável. M.L. street”, esse hino à juventude “vintage” a soul e funk), que o O selo Mego pode ajudar a que se hipnóticos, que ora ouvimos como iconizado pela maravilhosa Martha destaca no cenário nacional. dê a importância devida a alguma da minimalismo, arriscando magia Laura Nyro Reeves, a maior cantora negra do seu Ainda não é o grande álbum de música mais interessante dos nossos animista, ora imaginamos como o tempo. A lista de compositores é Bob Da Rage Sense, mas dá passos Gonna Take a Miracle tempos. Seria justo que assim fosse. Rhodes de Herbie Hancock entregue Rev-Ola, distri. Mbari excelsa, incluindo ainda Smokey firmes na definição de uma a outras feitiçarias que não as de Robinson, Phil Spector (nesse expressividade que, cremos, Tigrala Miles Davis – e enquanto a tambura mmmmm majestoso e tão esquecido “Spanish frutificará brevemente. Amanhã, divaga e o vibrafone hipnotiza, Harlem”), Holland-Dozier-Holland, numa noite partilhada com Tigrala Mbari Música enquanto a flauta sopra beatífica Há alguns anos, por Ashford & Simpson e Carole King (na Kacetado, apresenta-se no Musicbox como bom “freak”, a guitarra conta de mais um genial “(You make me feel like) a com nova banda, num novo mmmmn acústica de Guilherme Canhão, num dos extraordinários natural woman”. Se isto não fosse formato. Uma óptima oportunidade fluxo incessante, vai tecendo o textos do saudoso um disco de versões, podia muito para investigar que redescobriu Não se pprocurem tapetepp sonoro por Fernando bem ser um “best-of” da música pop Rage Sense nestes seus “Diários”. em “Tigrala” oondende os Tigrala Magalhães, dei negra dos anos 60. Assim é um disco M.L. ccoordenadasoordenadas cacaminham.minham. conta da existência de uma branca raro – porque Nyro apropria-se de estestéticaséticas ou CComoomo ssee com coração e garganta negros, cada tema com uma paixão temporatemporaisis percepercebe,be, já Laura Nyro. Pianista de excepção, tremenda, só possível a quem, além Sex Dreams and Denim Jeans qqueue cecedemosdemo dona de quatro oitavas de rara de abençoado por uma voz Ed Banger, distri. Massala expliquem esta música.música. aaoo qqueue perfeição tonal, Nyro era uma tremenda, amou cada uma destas Não se escave sobob a nãnãoo conhecedora da escrita clássica da notas. Um disco perfeito. J.B. mmmnn tambura, a guitarraarra devíamos,devíamo Tin Pan Alley, suficientemente acústica, as percussõescussões e jájá aventureira para dirimir as fronteiras Bob Da Rage Sense É prática habitual o vibrafone em bbuscausca dos procurámosprp ocurám estanques em que a noção de dizer-se que na Diários de Marcos Robert alicerces que tudodo raízes e jájá “canção” se fechava. Era uma Nina Footmovin’; distri. SóHipHop cultura pop o esclareçam. A músicamúsica dos indicindicámosámos Simone experimentalista, que tempo é tudo. Não é Tigrala, ou seja, a música que travestraves introduzia esquinas nos lugares mais mmmnn apenas na pop. É nasce quando see reúnem mestras. inesperados, as dobrava, chocalhava, em quase tudo na Norberto Lobo, GuiGuilhermelherme empenava. “Eli and the Thirtheenth O título aponta vida. Existem sempre contingências Canhão e Ian Carloarlo Confession” e “New York desde logo aquilo exteriores que não se dominam, mas Mendoza, tem raízesaízes Tenderberry” tornaram-se discos de que existe de íntimo ter o instinto para perceber qual o antigas, cabeceira, que só se mostravam aos neste que é o momento certo para criar ou lançar profundíssimas,, amigos mais eleitos. Por alguma terceiro álbum de seja o que for não é para todos. É mas, quando a Laura Nyro, uma cantora branca razão, 30 anos depois, Nyro anda a Bob Da Rage Sense. uma arte. Até agora a editora ouvimos, escavarar de garganta negra ser lentamente redescoberta – e sorte “Diários de Marcos Robert” é uma francesa Ed Banger (a estrutura de

aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Discos

Uma americana a viver em Paris, Uffi e, num disco de electro

a Adulação uma cigana que adivinha o futuro. CestiC caracteriza de formaforma enengenhosagenh personagens e actividadeactividade situações,situações, recorrendorecorre à sua Marilyn Crispell, uma pianista ssee repartiu inspiradainspirada veia memelódica e teatral e com vontade de depurar a música entre VenezVenezaa aosaos códigos da reretóricat barroca. Os e aass ccortesortes de recitativosrecitativos e “ariosi”“ario têm forte projectosprojectos FlFlorença,orença ViVienaena e pertinênciapertinência dramáticadramá e a como os Justice, Sebastian, ou Innsbruck. Autor de cerca de 15 quantidade de cenas de conjunto Mr Oizo) tem tido essa capacidade. óperas, ficou famoso devido a “Il confere flexibilidade e continuidade Com Uffie parece ter falhado. pomo d’oro” (1666), obra ao discurso. A obra distingue-se Quando surgiu com o primeiro interpretada no casamento do também pela profusão de cores single (“Pop the glock”), em 2006, a imperador Leopoldo I, mas a sua tímbricas, recorrendo a um americana – a residir em França – restante produção é também de “consort” de violas da gamba, a uma Uffie parecia condenada ao sucesso. altíssima qualidade e merecia ser ampla secção de baixo contínuo e a Parecia ter a música – electropop mais conhecida. “Le Disgrazie um grupo de “ritornello” formado engenhoso proporcionado por d’Amore” (1667), com libreto de por violinos, violas “da braccio”, Feadz – a atitude e o visual certos Francesco Sbarra, é identificada flautas, charamela e dulçaina. A para triunfar. Mas depois surgiram como um “dramma giocosomorale”, direcção de Carlo Ipata à frente dos hesitações, contingências da vida, e fazendo uma síntese entre o registo Auser Musici proporciona uma o álbum de estreia foi sendo adiado. cómico da estética veneziana e a interpretação plena de vivacidade e Surge agora, desgarrado, fora de dimensão moral e edificante estilisticamente consistente, prazo. Não que a sua música tenha implícita na ópera de corte. A trama contando com a mais-valia da perdido o apelo juvenil, mas porque apresenta uma delirante colaboração de vários nomes ilustres se trata de um álbum que mais combinação entre personagens do canto barroco, como é o caso de parece uma compilação dos últimos alegóricas e divindades pagãs que Maria Grazia Schiavo (Vénus), Furio seis anos. Não existe uma ideia são objecto de uma caricatura que Zanassi (Vulcano), Antonio Abete aglutinadora. Apenas um conjunto visa denunciar os excessos da paixão (Bronte) ou Martin Oro (Avareza). de canções, com contribuições de amorosa. A acção inicia-se com uma Destacam-se ainda as óptimas Mirwais, habitual colaborador de discussão conjugal, na qual Vénus se prestações de Cristina Arcari Madonna, dos colegas de editora Mr queixa da gruta barulhenta e cheia (Alegria) e do expressivo soprano Oizo e Feadz e da estrela americana ddee ffumoumo oondende ffuncionaunciona a fforjaorja ddoo masculinomasculino PaoloPaolo Lopez Pharrell Williams. Há incursões sseueu marido Vulcano e pelo meio não (Cupido). electro contaminadas pelo R&B e fafaltamltam críticcríticasas aoaoss ccostumesostumes dada hip-hop, faixas de pendor dançante épépoca,oca, patentes,patentes, pporor exemexemplo,plo, no inspirado pelo house e uma versão rouroubobo dada caixa ddee cosméticos ddee de “Hong Kong garden” de Siouxsie VVénusénus por CupidoCupido ou no & The Banshees, tudo isto, claro, ccomportamentoomportamento ddosos CicCiclopes,lopes, Jazz pura comunhão musical. E é marcado pela voz cândida de Uffie. qqueue aproveitamaproveitam a ausência de exactamente isso que acontece em Nada que envergonhe, mas sem o VVulcanoulcano para se entregarem ao “One Dark Night I Left My Silent esplendor que os primeiros tempos jogo e à bebida. As personagens Regresso House”, registo em duo que Crispell pareciam prenunciar. V.B. aalegóricaslegóricas não são menos partilha com David Rothenberg ddivertidas:ivertidas: a Avareza é donadona dede (clarinete e clarinete-baixo), músico uumama estalagem,estalagem, o Engano à Natureza naturalista que se dedica ao estudo Clássica uumm charlatãocharlatão e dos sons dos animais, Surpreendente novo registo nomeadamente das baleias, da pianista norte-americana desenvolvendo ainda actividade Graças e como observador de pássaros. A Marilyn Crispell, aqui sob o pianista Marilyn Crispell tem as suas desgraças do signo do naturalismo e da grandes influências em Cecil Taylor pureza original da música. e Paul Bley, tendo-se afirmado nas amor décadas de 80 e 90 como uma das Rodrigo Amado mais poderosas improvisadoras Marilyn Crispell / David femininas ao lado de músicos como Carlo Ipata dirige uma Rothenberg Anthony Braxton (de cujo quarteto fez parte), Tim Berne, Anthony sedutora versão da divertida “One Dark Night I Left My Silent Davis ou Andrew Cyrille. Contudo, e inventiva ópera barroca House” ECM, Dist. Dargil nos seus trabalhos mais recentes, “Le Disgrazie d’Amore” de Crispell tem demonstrado uma Antonio Cesti. Cristina mmmmn vontade clara de depurar a música, Fernandes libertando-a de movimentos Num mundo idiomáticos ou referências a música Antonio Cesti sobrecarregado de do passado. Aqui, juntamente com música descartável, Rothenberg, constrói um álbum “Le Disgrazie d’Amore” sem sentido, misterioso, profundamente lírico e Auser Musici infinitas cópias de espiritual, que revela uma enorme Carlo Ipata (direcção) Hyperion (2 CD) géneros e química entre os dois músicos. Às linguagens musicais exploradas até à notas e sons suaves do piano de mmmmn exaustão por músicos que não têm Crispell, frequentemente produzidos absolutamente nada para dizer, é por uma acção directa nas cordas ou Antonio Cesti (1623- um enorme alívio depararmo-nos no corpo do piano, Rothenberg 1669) foi uma com um projecto especial e sensível responde com uma moção circular figura-chave da como este, em que se enunciam os de sons orgânicos, feitos de escola operática sons de forma simples, com um pequenas melodias simples, para veneziana do século mínimo de referências, sem nenhum um resultado final que tem tanto de XVII, cuja Uma ópera barroca com direcção de Carlo Ipata outro propósito que não seja uma fascinante como de verdadeiro.

52 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon Este espaço vai ser sobre ele, concordando seu. Que fi lme, peça de ou não concordando Espaço teatro, livro, exposição, com o que escrevemos? Público disco, álbum, canção, Envie-nos uma nota até concerto, DVD viu e 500 caracteres para gostou tanto que lhe [email protected]. E apeteceu escrever nós depois publicamos.

Clássica Hespérion XX de Jordi Savall, com o rio Eufrates, enquanto sonham com Pop qual colaborou durante mais de uma o rio Jordão); a Barcarola dos década e gravou vários discos. A “Contos de Hoffmann”, de Itália e partir da década de 1980 Hopkinson Offenbach; ou o Coro dos O regresso Smith dedicou-se cada vez mais ao Marinheiros da ópera “Madame seu percurso a solo, usando Butterfly”, de Puccini. Mas o maior Espanha por instrumentos de época como a interesse da proposta, que se inicia dos vihuela, o alaúde, a teorba e as simbolicamente com a “Dança dos Hopkinson guitarras renascentista e barroca. Espíritos Benignos” do “Orfeu e aristocratas Gravou mais de 20 discos, muitos Eurídice”, de Gluck, reside na Smith deles premiados, com repertório audição de duas belíssimas peças de que se estende dos alvores da mais raramente interpretadas da Renascença a J. S. Bach. É também autoria de Beethoven e Schubert a Na abertura do Festival do um reconhecido pedagogo da partir da poesia de Goethe, vanguarda Estoril, o grande alaúdista prestigiada Schola Cantorum de respectivamente “Mar calmo e Basileia e orienta frequentemente viagem feliz”, op. 112, e “Canto dos Um revisitar de carreira americano coloca em “masterclasses” em toda a Europa, Espíritos sobre as águas” D. 714. O confronto a música de Luis na América do Norte e do Sul. programa é complementado pelo com quatro históricos: Brian de Milán e de Francesco “Adagietto” da 5ª Sinfonia, de Ferry, Phil Manzanera, Andy Milano, dois nomes maiores Cantos à tona de Mahler. O seu uso como banda MacKay e Paul Thompson. sonora do filme de Luchino Visconti Mário Lopes da composição para cordas água em Coimbra “Morte em Veneza” contribuiu para dedilhadas no século XVI. que no nosso imaginário esta Roxy Music Cristina Fernandes Festival das Artes música comovente ficasse também associada ao cenário dos múltiplos Oeiras. Jardim do Palácio Marquês de Pombal. Orquestra Metropolitana de Lisboa Largo do Marquês de Pombal - Palácio. 5ª às 22h00. 36º Festival do Estoril Coral Lisboa Cantat canais que rasgam Veneza e ao Tel.: 214465300. 30€. Oeiras Sounds 10. Hopkinson Smith (alaúde e vihuela) Cesário Costa (direcção) inesquecível protagonista da novela “O fascínio do século XVI: Milano/ de Thomas Mann que seu origem à Os Roxy Music atravessaram a Coimbra, Anfiteatro Colina de Camões (Quinta das obra cinematográfica. C.F. década de 1970 antecipando Milan” Lágrimas), dia 18, às 21h. Cascais, Centro Cultural, dia 17, às 21h30. O Festival das Artes, um projecto O 36º Festival do Estoril inicia-se cultural da Fundação Inês de com um recital por um mestre Castro, caracteriza-se pela sua incontestado dos instrumentos de abordagem pluridisciplinar das cordas dedilhadas da Renascença e várias áreas artísticas em torno de do Barroco e uma figura um tema comum. Para a segunda fundamental do movimento da edição, a decorrer entre 16 de Julho música antiga e das práticas de e 1 de Agosto, foi escolhida a execução históricas. Hopkinson temática da água e das suas Smith estará amanhã, às 21h30, no representações no âmbito da Centro Cultural de Cascais para música, do teatro da dança, do apresentar um programa dedicado à cinema, da pintura, da fotografia, da música do século XVI que coloca em arquitectura, do património ou da paralelo a obra do espanhol Luis de gastronomia, entre outras. No plano

Concertos Milán (1500-1561) e do italiano musical o programa de cada Francesco Milano (1497-1543). Do concerto foi cuidadosamente primeiro será possível ouvir uma estruturado tendo em conta esse fio série de peças para vihuela condutor, como é o caso do (instrumento de cordas duplas em concerto da Orquestra voga na Península Ibérica na época Metropolitana de Lisboa e do Coral renascentista) da colectânea “El Lisboa Cantat, sob a direcção do Maestro” (Valência, 1536), dedicada maestro Cesário Costa, no próximo ao rei D. João III de Portugal e dia 18. Com a designação “Cantos à composta por Pavanas, Fantasias e tona de água” percorre um período Tientos. Do segundo será feito um temporal que vai dos finais do retrato musical através de danças século XVIII aos inícios do século como a Pavana e o Saltarello, XX, incluindo trechos célebres transcrições de obras vocais, como “O Danúbio Azul”, Fantasias e Ricercari, interpretadas dede J.J. Strauss;Strauss; o aoa alaúde.alaúde. CoroCoro dos NascidoNaN scido em Nova Iorque em 1946, EscravosEscravos HopkinsonHopkp inson Smith formou-seformou-s em HebreusHebreus do MusicologiaMusicologia na UniversidadeUniversida de “Nabucco”“Nabucco” JH?=ED Harvard, antes de vir parapara a de VerdiVerdi (/@kb^eš('$)&šÐ'&"&& EuropaEuropa em 1973 parapara estudarest com (cantado à o grandegrande gguitarristauitarrista e pedagogope beirabeira dodo EgkWhj[jehec[deZ[`Wpp[jdeWfh[i[djWkch[Y_jWbZ[c‘i_YW EmilioEmilio PujoPujoll e comc o _cfhel_iWZWXWi[WZWdWc‘i_YWfefkbWhZei8WbY€i$;J;IÀL;D:70CKI;K:EEH?;DJ;"EI7E[_hWiFWhgk[[9$9$ZeFehje [fedjeiC;=7H;:;$ 197019 foi c[Y[dWifh_dY_fWb c[Y[dWiZei[if[Yj|Ykbei um dos membrosm pioneirospi O maestro Cesário Costa 7l$8hWi‡b_W":eYWZ[7bY~djWhWDehj[ r')+&#)+(B_iXeWrJ[b$0(')+.+(&&r;#cW_b0_d\e6\eh_[dj[$fjrmmm$cki[kZeeh_[dj[$fj dodo dirige a Metropolitana de agrupamentoagrupament Lisboa no Festival das Artes

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 53 Concertos

O sonho pop dos School Of Seven Bells chega ao Festival Manta e podemos agradecer Agenda aos Interpol sexta 16 Festival Super Bock Super Rock 2010 Jazz de Aldeia do Meco. Herdade do Cabeço da Flauta. Praia do Meco. 6ª, Sáb. e Dom. às 16h00. 40€ (dia). O regresso dos Roxy Music com Passe: 70€. quatro históricos na formação Verão! Palco Super Bock: Pet Shop Boys (00h40), Keane (22h40), Cut Copy (21h20), Mayer Hawthorne & The Um dos mais dignos County (20h10), Jamie Lidell (19h00) Palco EDP: Grizzly Bear (23h30), The representantes dos ritmos Temper Trap (22h00), Beach House quentes do jazz a abrir a (20h40), St. Vincent (19h35), temporada da Lisbon Jazz Godmen (18h45) Palco @Meco: M-Nus Showcase Summer School. Rodrigo (22h00-04h00): Richie Hawtin, Amado Marco Carola, Magda Ver textos págs. 28 e segs.

Danilo Perez Quintet Natalie Cole Com Rudresh Mahanthappa, Ben Olhão. Real Marina Hotel e Spa. Ria Formosa. 6ª às 22h30. Tel.: 289598010.30€. Jantar-concerto: 68€. Street, Rogério Boccato e Adam Allgarve’10. Cruz 16 Julho, CCB, Praça do Museu, Lisboa, 21h00. Festival Marés Vivas 2010 - Dia Bilhetes: 8,5 euros 16 Vila Nova de Gaia. Cabedelo. Às 18h00 (portas). Originário do Panamá, o pianista e Informações: 223703735 (Posto Turismo Gaia). 25€ (dia). Passe Festival: 45€. compositor Danilo Perez é Palco TMN: Peaches (01h), Placebo considerado por muitos como o (23h30), David Fonseca (22h), A grande representante da nova Silent Film (20h45). Palco Moche: Os geração de músicos latinos de jazz. Azeitonas (19h), André Indiana e Com uma curta mas brilhante Mónica Ferraz (18h), Cais 447 carreira, Perez gravou ou tocou já Noite Gare (02h-06h). um manifesto mais deliberado. com músicos do calibre de Wayne Amália Hoje Sabíamos exactamente que tipo de Shorter, Jack DeJohnette, Michael Porto. Coliseu. R. Passos Manuel, 137. 6ª às 22h00. disco queríamos fazer”, explicou a Brecker, Steve Lacy, Wynton Tel.: 223394947. vocalista Alejandra Deheza ao “site” Marsalis, Charlie Haden ou Joe Aldina Duarte por Olga Roriz Artistdirect.com. Em “Disconnect Lovano. Acumulando cargos no New Direcção Musical: Olga Roriz. Com tendências. Quando nasceram, o model”, “Love is the drug”, “Do the from Desire”, sucessor do muito England Conservatory e no Berklee Aldina Duarte (voz), José Manuel glam estava a um par de anos de strand”, “Ladytron” ou a versão de aplaudido “Alpinisms”, há canções College of Music, em Boston, Perez Neto (guitarra portuguesa), Carlos distância, mas a extravagância de “Jeaulous guy” que os Roxy Music vagamente dançáveis, dream pop possui uma forte componente Manuel Proença (viola), Pedro Ferry e Eno, de Manzanera e Paul gravaram em 1981. com elevados níveis de açúcar, pedagógica em toda a sua Wallenstein (contrabaixo), Manuel Thompson mostraram que um solenidade à Cocteau Twins. actividade, o que faz dele uma Paulo (piano), João Lucas (acordeão), Sebastian Scheriff mundo pop dominado por Marc Novidades, transgressão? Podem excelente escolha para orientar o (percussão), Ana Isabel Dias (harpa). Bolan e David Bowie estava ao virar Novas velhas glórias procurar noutras paragens. Curso de Verão da Lisbon Jazz Lisboa. Teatro Municipal de S. Luiz. R. Antº Maria da esquina. Mais tarde, quando se Os School of Seven Bells vivem um Summer School do CCB. Num Cardoso, 38-58. 6ª e Sáb. às 21h00. Tel.: 213257650. 10€ a 20€ (sujeito a desconto). Na Sala Principal. reuniram em 1978 após dois anos de School of Seven Bells sonho pop, desde o início do grupo. concerto que assinala também a ausência, Brian Ferry assumiu Alejandra e Claudia Deheza, irmãs abertura do Festival CCB Fora de Si, O São Luiz no Festival de Almada Festival Manta (27º Festival de Almada). definitivamente a pose de playboy gémeas fixadas nas harmonias Perez faz-se acompanhar por um Guimarães, Centro Cultural Vila Flor. Avenida D. Bernardo Sassetti e Sinfonietta de classe alta e a músico seguiu-o: o Afonso Henriques, 701. vocais dos Fleetwood Mac de conjunto notável de músicos, dos vanguardismo prog e o jogo de “Rumors”, que pertenciam aos quais se destacam o saxofonista alto de Lisboa Quinta, às 22h00. Bilhetes a 10 euros. Tel.: artifícios ficavam definitivamente On!Air!Library!, encontraramm Rudresh Mahanthappa,Mahanthappa, o Com Bernardo Sassetti (piano). 253424700 Cabeção. Parque Ecológico do Gameiro. Lugar do para trás, em favor de um sofisticado Benjamin Curtis, então nos SecretSecret contrabaixistacontrabaixista Ben Cabeção - Mora. Às 21h30. Tel.: 266439070. romantismo de crooner. Ouvimos “Babelonia” e eis-nos Machines, algures em 2004 – ambasambas StreetStreet e o bbateristaaterista Entrada livre. Agora, duas décadas depois de dentro de um desfile de memórias as bandas fizeram primeiras partes AdamAdam Cruz. NoiteNoite Kimi Djabaté + Ska Cubano novo fim da banda (após a digressão do indie rock dos anos 90. A canção, dos Interpol. de festa garantida. Tondela. Cine Tejá - Novo Ciclo ACERT. R. Dr. de “Avalon”, o último álbum, uma das dez de “Disconnect from No fim de 2006, já tinhamm Ricardo MMota.ota. Às 22h00. Tel.: 232814400. 10€. editado em 1982), e nove anos Desire”, o segundo disco dos School abandonado os outros projectosctos Passe Festival:stival: 22,5€. Desconto para sócios. No auditórioo ao ar llivre.ivre. depois de se terem reunido uma vez of Seven Bells, acabado de editar, é o para se dedicarem em exclusivosivo aos mais, os Roxy Music fazem aquilo ponto de contacto perfeito entre o School of Seven Bells. Decidiramiram Cristinaina que se espera. Revisitam a carreira e “kraut” caramelizado dos Stereolab, viver juntos e montar um estúdiotúdio Brancoco Vila Real.l. TTeatro.eatro. cedem espaço ao protagonismo de as paredes de ruído caseiro – uma opção que, dissesse Alamedaa de Grasse. cada um dos históricos ainda meticulosamente orquestradas e as Alejandra numa entrevista, eemm Às 22h30.0. TTel.:el.: presentes, Brian Ferry, o guitarrista vozes deixadas ao abandono infinito 2008, ajudou a diluir as 259320000.000. Entrada Phil Manzanera, o baterista Paul dos My Bloody Valentine. fronteiras entre a arte e a vida.da. livre. Thompson e o saxofonista Andy O grupo, que actuará quinta-feira A aventura podia ter corridoo MacKay. no Centro Cultural Vila Flor, em mal, mas, chegados a 2010, Esperam-se solos de Manzanera e Guimarães, é um daqueles com tudo com um cuidadoso novo de MacKay e a sedução de no sítio. “Em ‘Alpinisms’ [o disco álbum – um disco aristocrata de Ferry. Esperam-se, a anterior], estávamos a trabalhar “antiquado”, como lhe The National: mais julgar pelo concerto que a banda juntos pela primeira vez. Acho que chama a editora Vagrant – concorrência “indie” deu no início de Julho no Festival de havia muito mais experimentação a os três não terão dúvidas de a Prince no Montreux, onde os membros acontecer. Estávamos a conhecer os que valeu a pena. Podem Super Bock Super Rock originais foram acompanhados em estilos de composição de cada um e culpar os Interpol: os palco por oito músicos, canções isso fez ‘Alpinisms’. Para este disco, School of Seven Bells estão Danilo Perez oferece a Lisboa históricas como “Re-make/Re- como nos livrámos disso tudo, saiu aí para ficar. Pedro Rios o “calor” latino do jazz

54 • Sexta-feira 16 Julho 2010 • Ípsilon teatro RITA CARMO RITA

Deolinda, a enviar cartas país fora, chegam agora a Mafra

Vampire Weekend: a concorrência “indie” a Prince no Super Bock Super Rock

Flauta. Praia do Meco. Às 16h00. 40€ (dia). Passe: Festival Sete Sóis Sete Luas 2010 70€. Mário Lúcio Palco Super Bock: Leftfield (01h30), Manta Rota. Praia de Manta Rota - Vila Real de Vampire Weekend (23h50), Hot Chip Santo António. Às 22h00. Entrada livre. (22h30), Julian Casablancas (21h), Tiago Bettencourt e Mantha (19h40). terça 20 Palco EDP: Patrick Watson (23h10), Rita Redshoes (21h40), Holly Miranda Cool Jazz Fest 2010 (20h20), Sweet Billy Pilgrim (19h20), Deolinda Malcontent (18h30). Palco @Meco: Mafra. Jardim do Cerco. Às 22h00. 20€ a 35€. Estúdios Ricardo Villalobos e Zip (01h-04h), Festival Sete Sóis Sete Luas 2010 Roda de Choro de Lisboa Bloop Showcase: Magazino, João Lisboa. Lusitano Clube. R. São João da Praça, 81 - Mário Lúcio Maria, José Belo (22h), Henriq e Bart Alfama. Às 22h30. Tel.: 218869472. Barcarena. Fábrica da Pólvora. Estrada das Cruz (21h). Fontaínhas. Às 22h00. Tel.: 214387460. Entrada livre. Long Distance Hotel Informações: 214408565. Ver textos págs. 28 e segs. quarta 21

Quarteira Rock Fest 2010 Festival Marés Vivas 2010 Melech Mechaya Bragança. Teatro Municipal . Pç Cavaleiro Ferreira. 22 a 30 Julho Nick Nicotine and His Mystical Vila Nova de Gaia. Cabedelo. Às 18h00 (portas). Tel.: 21h30 Orchestra (DJs Maria P., Pedro Chau, 223703735. 25€ (dia). Passe Festival: 45€. 4ª às 22h00. Tel.: 273302740. Entrada livre. (excepto dia 25) M/12 A Boy Named Sue). Palco TMN: Ben Harper + The Amália Hoje Vilamoura. Boomerang Café. Largo do Cinema. Às Relentless7 (01h), Editors (23h30), Braga. Theatro Circo. Av. Liberdade, 697. 4ª às 22h00. Tel.: 289400600. Entrada livre. dEUS (22h), Nikolaj Grandjean 22h00. Tel.: 253203800. 20€. 6 meses, 6 artistas, 5 países, um espectáculo criado online. Ojos de Brujo + Roger Hodgson + (20h30). Palco Moche: Caim (19h30), João Só e Abandonados (18h30), Blasted Mechanism quinta 22 Mas só se vão conhecer em palco 3 dias antes da estreia. Concentração Internacional de Motos Isidro Lx e Loo and Placido de Faro. (02h-06h). Jorge Palma Estoril. Casino. Pç. José Teodoro dos Santos. 5ª às AnaAna Sofi a Varela + As Músicas 23h00. Tel.: 214667700. Entrada livre. www.teatromariamatos.pt qqueue Amália Inspirou (Maria Cool Jazz Fest 2010 BBerasarte + Edson Cordeiro + Anamar) Maria Bethânia + Celso Fonseca Gandarinha. Hipódromo Manuel Possolo. R. Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho de Visconde da Gandarinha. 5ª às 21h30. Tel.: Albuquerque. Sáb. às 21h00. Tel.: 220120220. 214844299.20€ a 50€. 10€. Cool Jazz Fest Tigrala António Pinho Vargas + Com Norberto Lobo (guitarra), Laurent Filipe + Groove4Tet Guilherme Canhão (guitarra), Ian Cascais.C Parque Marechal Carmona. Parque Carlo Mendoza (percussão). MMarechal Carmona. Sáb. às 21h00. 20€ a 35€. Lisboa. MNAC - Museu do Chiado. Rua Serpa Pinto, 4. Às 19h30. Tel.: 213432148. Entrada livre. SuperS Disco #11: Pedro Tenreiro ver textos págs 35 e 50 Lisboa.Lis Teatro Municipal Maria Matos. Av. Frei MiguelMi Contreiras, 52. Às 18h30. Tel.: 218438801. Placebo, em destaque no Marés Vivas EEntradan livre. Sean Riley & The Slowriders Faro. Teatro Municipal. Horta das Figuras - EN125. Concursos Nacionais KacetadoK + Bob Da Rage Sense Às 21h30. Tel.: 289888100. 10€ (sujeito a desconto). Lisboa.L MusicBox. R. Nova do Carvalho, 24 - Cais Marco Franco: Barulho de ddo Sodré. 3ª às 22h00. Tel.: 213430107. 8€. ETNOGRAFIA e MÚSICA Câmara Ver texto pág. 50 Com Ana Araújo (piano), José Pedro Coelho (saxofone), Marco Franco Quarteira Rock Fest 2010 (bateria). Com The Len Price 3, Thee Lisboa. Centro Cultural de Belém. Attacks,Atta Little Cobras, Shake Shake Praça do Império. Às 22h00. Tel.: Cantadeiras do Vale do Neiva A FÉ NAS TRADIÇÕES andand Show Me Your Pussy. Janeiras, Páscoa, Carpideiras, Quarteira. Calçadão de Quarteira. Sáb. às 21h00. 213612400. Entrada livre. 7,5€. Romeiros, Amentar das Almas, Natal Faro. Vale das Almas. Às 22h00. Tel.: 289823845. The Legendary Tigerman Ílhavo. Centro Cultural de Ílhavo. Avenida 25 de Orq. de Bandolins de Esmoriz COM TRASTES Virgem Suta domingo 18 Abril. Às 22h00. Tel.: 234397260. Entrada livre. São Martinho do Porto. Pç. Frederico Ulrich. Alcoba- Grupo Coral “Os Rurais” CANTE ALENTEJANO ça. Sáb. às 22h00. Tel.: 262580844. Entrada livre. Festival Super Bock Super Rock Maiact 2010 - Live Music 2010 Festival Banda Musical de Gouviães TRIBUTO a Andrew Loyd Webber Muxima Aldeia do Meco. Herdade do Cabeço da Flauta. Praia Batida + Mundo Secreto + do Meco. Às 16h00. 40€ (dia). Passe: 70€. Figueira da Foz. Casino da Figueira. R. Dr. Calado, 1. Expensive Soul 6ª às 23h00. Tel.: 233408400. 10€. Palco Super Bock: Empire Of The Sun Maia. Complexo Municipal de Ténis. Avenida Luís (02h), Prince (23h45), The National de Camões. Às 21h00. Tel.: 229411703. 5€. sábadosábado 17 (21h30), Spoon (20h20), Stereophonics (19h10), Palma’s Gang FestivalFestival SeteSete SóisSóis Festival SuperSuper (18h). Palco EDP: John Butler Trio Sete Luas 20 201010 Bock (23h05), Sharon Jones + The Dap KorrontziKorrontzi SSuperuper Kings (21h45), Wild Beasts (20h25), MantaManta RRota.ota. RRockock 20102010 PPraiaraia de Manta The Morning Benders (19h20), Stereo RoRotata - VilaVila RealReal de Aldeia do Meco. Parks (18h30). Palco @Meco: Laurent SSantoanto António.António. Às HerdadeHerdade do Garnier (02h30), Rui Vargas e André 222h00.2h00. Tel.: CCabeçoabeço 2214408565.14408565. da Cascais (00h30), Zé Salvador (23h), Hi-Tech2 (22h), Mary B (21h). EEntradantrada livrlivre.e. Oeiras Sounds 10 Gotan Project Oeiras. Jardim do Palácio Marquês de Pombal. Largo do Marquês de Pombal. Às 22h00. Tel.: 214465300. 25€. 18 JULHO 2010 | 16H30 | M.12 | ENTRADA GRATUITA SUJEITA À LOTAÇÃO DA SALA Festival Sete Sóis Sete Luas 2010 Korrontzi Legendary Tiger Man INFORMAÇÕES Dir. Cultural tel. 210 027 174 | [email protected] Monsaraz. Castelo de Monsaraz. R. Castelo. Às apresenta o celebrado LEVANTE OS SEUS BILHETES NO TEATRO DA TRINDADE, 3ª A SÁB. 14-20H E DOM. 14-18H 22h00. Tel.: 266508040. Entrada livre. “Femina” em Ílhavo www.inatel.pt

Ípsilon • Sexta-feira 16 Julho 2010 • 55