Revista Brasileira 79

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Revista Brasileira 79 Revista Brasileira Fase VIII Abril-Maio-Junho 2014 Ano III N.o 79 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2014 Diretoria Diretor Presidente: Geraldo Holanda Cavalcanti Marco Lucchesi Secretário-Geral: Domício Proença Filho Conselho Editorial Primeiro-Secretário: Antonio Carlos Secchin Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Merval Pereira Merval Pereira Tesoureira: Rosiska Darcy de Oliveira Murilo Melo Filho Comissão de Publicações Membros efetivos Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Ivan Junqueira Venancio Filho, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Antonio Carlos Produção editorial Secchin, Antônio Torres, Ariano Suassuna, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Candido Mendes de Revisão Almeida, Carlos Heitor Cony, Carlos Nejar, Vania Maria da Cunha Martins Santos Celso Lafer, Cícero Sandroni, Cleonice Paulo Teixeira Pinto Filho, João Luiz Serôa da Motta Berardinelli, Domício Lisboa Pacheco, Sandra Pássaro, Proença Filho, Eduardo Portella, Evanildo José Bernardino Cotta Cavalcante Bechara, Evaristo de Moraes Projeto gráfico Filho, Fernando Henrique Cardoso, Victor Burton Geraldo Holanda Cavalcanti, Helio Editoração eletrônica Jaguaribe, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, Estúdio Castellani João Ubaldo Ribeiro, José Murilo de ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Carvalho, José Sarney, Lygia Fagundes Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Telles, Marco Lucchesi, Marco Maciel, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Marcos Vinicios Vilaça, Merval Pereira, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Murilo Melo Filho, Nélida Piñon, Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Nelson Pereira dos Santos, Paulo Coelho, Fax: (0xx21) 2220-6695 Rosiska Darcy de Oliveira, Sábato Magaldi, E-mail: [email protected] Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha. site: http://www.academia.org.br As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Vinhetas coligidas do acervo da Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário EDITORIAL Marco Lucchesi ............................................................... 5 ICONOGRAFIA Gringo Cardia .................................................................7 ENTREVISTA Sonya Gupta Diálogos Índia & Brasil ..............................................9 PARS ORIENTALIS Daniel Martineschen Traduzindo o Divan de Goethe: um encontro com a Weltliteratur ......15 Zhang Longxi Encruzilhada, assassinato à distância e tradução: sobre a ética e a política da comparação .......................................................27 “CAMINHOS DA CRÍTICA” Sergio Paulo Rouanet Caminhos e descaminhos da crítica psicanalítica .................53 João Cezar de Castro Rocha A crítica literária e seus descontentes .....................69 “CENTENÁRIOs” Alberto da Costa e Silva Sobre Augusto dos Anjos .................................79 Paulo Venancio Filho Iberê Camargo, o exercício da pintura ..........................91 ENSAIO Antonio Carlos Secchin Discurso de Emerência ...................................97 Maria Lúcia Guimarães de Faria Discurso de Saudação ............................101 Cristovão Tezza História de escritor ............................................105 Leandro Garcia A correspondência de Carlos Drummond de Andrade e Alceu Amoroso Lima ........................................................115 Vasco Mariz Manuel Bandeira em Clavadel .......................................133 Arnaldo Niskier Juca Mulato e a Alma Nacional ..................................143 Roberto Muggiati Memórias do Magalhães. 145 José Murilo de Carvalho José do Patrocínio ......................................151 Karina de Castilhos Lucena Novas lições do velho Simões ..........................157 José Carlos Sebe Bom Meihy Cristandade judaizada no Brasil Colonial: o caso de Antônio Vieira, S. J. .......................................................165 Olgária Matos Clastres: o mal radical e a Terra sem mal ............................175 Leslie Bethell Joaquim Nabuco, correspondente em Londres: o contexto internacional. 189 Frederico Gomes Mutações poéticas de psique ....................................195 Ida Vicenzia Otto e Malas trocadas de Edla van Steen ..................................199 CONTO Carlos Nejar O cavalo humano ................................................201 CALIGRAMAS Ana Carvalho A luz que... ....................................................209 CINEMA Ivonete Pinto A invenção do real em Abbas Kiarostami .............................219 POESIA Gilberto Mendonça Teles .....................................................229 Iacyr Anderson Freitas .......................................................235 POESIA ESTRANGEIRA Manglesh Dabral ............................................................241 William Shakespeare .........................................................261 MEMÓRIA FUTURA Odorico Mendes Eneida, de Virgílio .............................................273 Editorial Marco Lucchesi Ocupante da Cadeira 15 na Academia Brasileira de Letras. riente e Ocidente: o tema deste número, no campo genero- O so da Weltliteratur, para além dos confins da velha – e desejada – parte oriental. Tema que aposta numa visão diversa do Oriente, livre da projeção narcisista que criamos deste canto do mundo (segundo Edward Said), como se o Oriente não fosse mais que uma realidade homogênea, sem plural, desprovida de sentido e autonomia. Urge aprofundar a interlocução Leste-Oeste sem a barreira inte- lectual que se mostra redundante e sofre de entropia. Os ventos novos do humanismo dos últimos anos reúnem num mesmo concerto Guimarães Rosa e Aurobindo, Farias Brito e Ibn Arabî, Cecília Meireles e Tagore. Já não podemos apostar numa di- mensão endógena, mas no espelho das culturas, para se chegar ao oriente profundo que nos constitui. 5 Marco Lucchesi Gilberto Freyre dedicou páginas de grande beleza ao fenômeno da disso- lução das tradições orientais no Brasil (o chamado desassombro), desde a primei- ra metade do século XIX. Apagaram-se as velhas tradições de fundo oriental, é bem verdade, mas boa parte dela resiste e se difunde nas múltiplas camadas da cultura brasileira. 6 Iconografia Gringo Cardia E ste número é enriquecido com as obras de Gringo Cardia. GRINGO CARDIA é designer, arquiteto, cenógrafo, artista gráfico, diretor de arte, diretor de videoclipes, teatro, óperas, desfiles de moda, curador de museus e exposições no Brasil e no exterior. Em música, fez a direção de Arte de capas de disco como Tom Jobim, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Marisa Monte, Chico Buar- que, dentre outros; criou cenários de shows, dirigiu videoclipes e prê- mios, como o Prêmio de Música Brasileira desde 2003. Em teatro, fez cenários de várias peças, onde trabalhou com re- nomados diretores brasileiros, Mauro Rasi, Miguel Falabella, Hec- tor Babenco e José Celso Martinez Corrêa. É o cenógrafo de todos os trabalhos da Cia. de Dança Deborah Colker e criou, junto com Deborah, o espetáculo “O Ovo” do Cir- que du Soleil, em turnê mundial. Nos museus, faz a curadoria, o projeto de museografia e os vídeos. Foi selecionado pela Cruz Vermelha Internacional para projetar a 7 Gringo Cardia nova exposição permanente do Museu da Cruz Vermelha em Genebra na Suí- ça, inaugurada em 2013. Foi o curador do Memorial Minas Gerais/Vale, em Belo Horizonte, e do Museu das Telecomunicações Oi Futuro, no Rio de Janeiro e em Belo Hori- zonte. Projetou junto com a Universidade Federal de Minas Gerais o Museu Caminhão Sentimentos da Terra, um parque temático que percorre todo o Brasil. Dirige o estúdio ACASAGRINGOCARDIA Design com sua irmã, Gringa Cardia. É diretor da ONG Escola Fábrica Spectaculu, junto com a atriz Marisa Orth, o artista Vik Muniz e a produtora de eventos de Arte Malu Barretto. 8 Entrevista Diálogos Índia & Brasil Sonya Gupta Ensina Estudos Latino-Americanos na Jamia Millia Islamia, New Delhi. Desenvolve pesquisas na REVISTA BRASILEIRA – Professora Sonya Surabhi Gupta – de- área de Estudos vemos limitar as relações entre a Índia e a América Latina ao Literários e Culturais âmbito estrito dos BRICS ou é possível pensar em uma dimensão pós-colonial para além do econômico? e Estudos de SONYA Gupta – Os BRICS têm apresentado um quadro impor- Tradução. tante dentro do qual o Brasil e a Índia têm feito grandes avanços no sentido de desenvolver laços econômicos e políticos. O potencial para implementar os laços sociais e culturais permanece enorme e há muito ainda a se realizar em conjunto nesta arena. O objetivo dos BRICS – que é reformular a ordem econômica mundial desa- fiando o domínio histórico do Norte desenvolvido com um bloco composto em grande parte pelos países do sul global – não pode ser atingido apenas na dimensão econômica. Ele clama por uma mudança epistemológica, por um outro modo de conceber a vida humana, outros paradigmas culturais. * Tradução de Marcus Salgado. 9 Sonya Gupta RB – Um banco dos BRICS já foi inaugurado. Como lhe parece a ideia de inaugurar, também, uma universidade multilateral entre nossos países, onde, talvez, fosse possível obtermos um maior espaço? SG – Uma universidade multilateral entre nossos países seria fundamental para se alcançar a mudança epistêmica a que mencionei. A crença de que o conhecimento é produzido apenas no Ocidente decorre
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