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Desterritorialização e exilio no cinema de Walter Salles Junior Regina Glória Nunes Andrade1

Essa comunicação está baseada numa objetivo primeiro será identificar na obra do pesquisa sobre a filmografia do cineasta cineasta conteúdos e significantes pregnantes brasileiro Walter Salles Junior. Aprofundamos tais como o tema da desterritorialização e a metodologia que vimos utilizando nos do exílio e conseqüentemente do “desam- estudos de filmes e propomos um novo tema paro”, da “angústia” e do “desejo” em suas que faz fronteira entre a Psicologia e os manifestações de tempo-espaço e “região Estudos da Cultura. Começamos nosso es- nação” em apenas dois exemplos: tudo, com cinco filmes do cineasta de longa- Na filmografia de Walter Salles Junior metragem, todos muito bem premiados, e com escolhemos especialmente os filmes Terra vasto repertório de vídeo cassetes, distribu- Estrangeira (1995) e Central do Brasil ídos em quase todas das filmotecas do Brasil (1998). A percepção do diretor é conside- e também em Portugal. rada como paradigmática do imaginário social A filmografia de Walter Salles Junior da contemporaneidade e se sustenta numa revela uma espécie de afirmação da “con- produção significativa, de linguagem contem- dição subjetiva” no cinema brasileiro e não porânea que oferece uma nova percepção das das condições socioeconômicas de um de- questões culturais até então não abordadas terminado grupo ou classe social. As angús- na filmografia brasileira. tias dos personagens se refletem nas dificul- dades da realização de seus próprios desejos. Breve informação sobre o cinema de As personagens são tratadas com suas con- Walter Salles Junior dições psicológicas e subjetivas. No filme Terra Estrangeira (1995) o O diretor Walter Moreira Salles Junior personagem Paco, depende dos desejos de nasceu em 1956, no . Os temas sua mãe, Alex, aguarda os desejos de Miguel centrais das obras de ficção e dos e Igor em frases agônicas. Revelando-se como documentários dirigidos por ele são o exílio, verdadeiras personagens glauberianas, grita:“ a errância e a busca de identidade. Outros é o fim do mundo (...), a memória foi-se conteúdos são observados em sua obra, tais embora”. como a globalização a visão no tempo-es- Estas expressões provocam um estudo paço e as construções de distância e o interpretativo de argumentos psicanalíticos desamparo presente em todos os temas tra- Por esta razão também concentramos nosso tados pelo diretor. Jovem ainda e dono de estudo seguindo a obra do cineasta, no um brilhante trabalho e talento, todos os seus conjunto de sua produção estético-subjetiva. filmes foram premiados. A seguir apresen- Sua filmografia em longa metragem é ex- taremos uma visão rápida de sua produção tensa, começando com (1991), cinematográfica. Terra Estrangeira (1995), Central do Brasil (1998), O primeiro dia (1999) e Abril despe- Década de 80: daçado (2001), sendo que nesta apresenta- Sua consistente filmografia iniciada com ção fragmentamos : Terra estrangeira (1995) filmes de curta-metragem, com o e Central do Brasil (1998) e por fim Diário documentário Japão, Uma viagem no tempo de motocicleta (2004). Kurosawa, Pintor de imagens (1986), em que Encontramos nos filmes a diferença, o cineasta foi o diretor e o roteirista do diversidades/semelhanças, em cada obra. A trabalho. No ano seguinte dirigiu e fez o partir da especificidade de cada filme encon- roteiro de Krajcberg-O Poeta dos Vestígios traremos a personalidade do conjunto. O (1987). Durante esta década o diretor ainda 242 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume I

trabalhou na montagem de China, O Império mobilizante, recebeu certa censura. O filme do Centro (1987). Encerrando essa fase de conta o destino de João (Luiz Carlos Vas- experiência de direção e roteiro, dirige Chico concelos), encarcerado num presídio do Rio ou O País da delicadeza Perdida (1987). de Janeiro, e o de Maria (Fernanda Torres), isolada em seu apartamento. No dia 31 de Década de 90. dezembro de 1999 João foge da prisão. No Na década de noventa surgem os primei- mesmo momento, Maria vaga pelas ruas da ros filmes de longa-metragem, que darão cidade, desamparada e abandonada pelo consistência à sua obra, e sobre os quais marido. João é perseguido nos becos e favelas enfocaremos nossa proposta de pesquisa. É de Copacabana. Começa a contagem regres- difícil dizer que são os filmes mais impor- siva da virada do ano. Estouram os primeiros tantes de sua carreira porque o cineasta é fogos de artifício. Sem nenhuma perspectiva, muito jovem e tem uma produção muito Maria sobe para o telhado de seu prédio, o intensa. Ele inicia a década com um filme mesmo lugar em que João busca se esconder. que não foi muito notado, A grande arte E é nesse espaço, entre o céu e a terra, na (1991), cujo roteiro é baseado no livro utopia de uma única noite, que a cidade homônimo de Rubem Fonseca partida se abraça e o milagre se produz. Até Terra Estrangeira (1995), co-dirigido com a chegada do primeiro dia. é o primeiro longa metragem Salles também produziu outros filmes, de do cineasta e recebeu, entre outros o Grande longa-metragem de jovens cineastas brasilei- Prêmio do Público da Reunions ros em seus primeiros trabalhos de realiza- Internattionales de Cinema – Paris; no Fes- dores, como Madame Satã (Karim Ainouz), tival de Bergamo, recebeu o prêmio de melhor Cidade de Deus (Kátia Lund e Fernando filme do ano, tendo sido selecionado para Meirelles), Onde a terra caba (Sérgio vários outros festivais. Neste filme podemos Machado), todos com temas mais ou menos observar a sensibilidade do diretor por certas semelhantes ao que lhe inquieta, e todos divisões subjetivas entre nacionalidade, reconhecidamente bem realizados e bem regionalidade, angústia de imigração e limi- premiados. Talvez seja um indicativo de uma tações locais. Trata-se de um trabalho pene- certa liderança na área da filmografia naci- trante e de caráter reflexivo, a partir de temas onal. universais. Logo depois vem Central do Brasil (1998) Novo milênio 2000. em que são apresentados conflitos entre Abril despedaçado (2001), inspirado no gerações e de angústia subjetiva frente ao romance homônimo de Ismail Kandaré. Uma desamparo da perda dos pais, o anonimato das história longínqua, quando em 1910, um grandes cidades, e as dificuldades relacionais jovem de 20 anos passa a receber apoio do de idade. Este filme é de uma sensibilidade pai para se vingar da morte de seu irmão gritante, foi indicado para vários prêmios tendo mais velho, assassinado por uma família rival. recebido um total de cinquenta e cinco prê- O elenco do filme é de jovens atores, entre mios internacionais inclusive o do Festival de eles e Luiz Carlos Vascon- Berlim 1998, o Globo de Ouro e o de Melhor celos. O tema deste filme se relaciona com filme estrangeiro da BAFTA (British Academy arquétipos muito antigos da vingança, da luta of Film, Television). pelo sangue ou mesmo dos vínculos que nos Para fechar o século passado, Walter unem a todos. Até este momento são estes Salles foi convidado para participar de um os filmes produzidos pelo cineasta Walter projeto de realização de pequenos filmes para Salles Junior. Mas isto não impede novos a televisão, tendo apresentado o longa- filmes sejam dirigidos e venham a ser ane- metragem para a TV Meia-Noite / O Primei- xados na pesquisa, que pretende analisar toda ro Dia (1999) co-dirigido também com a produção deste diretor. Daniela Thomas. Foi um filme que passou Finalmente Diário de Motocicleta (2004) durante apenas uma semana nos circuitos que relata uma viagem de , brasileiros, mesmo assim em algumas capi- associando o nome do cineasta definitivamen- tais. O tema, bastante atual, talvez muito te ao gênero subjetivo onde alguns temas FOTOGRAFIA, VÍDEO E CINEMA 243 persistem e insistem como os do conflito te situado numa fronteira de um “eu” que subjetivo e da angústia. não é moderno , nem pós-moderno. Podemos observar que atualmente, encontramos a partir A desterritorialização desses novos conceitos outra forma de iden- tificar o mundo. A contemporaneidade refle- A sociedade contemporânea apresenta um te essa sensação de falta de orientação a partir ritmo acelerado de vida em que tomadas de do momento que em perdemos nossas refe- decisões muito complexas são exigidas a rências estruturais. A cada instante podemos partir das inúmeras mudanças tecnológicas, mudar nossos conceitos a forma de entender políticas, econômicas, sociais, culturais e que o que acontece ao nosso redor. A velocidade afetam inclusive a esfera íntima dos relaci- em que tudo acontece faz com que a mu- onamentos. A transformação do planeta numa dança de nossa rotina sejam visualizadas e aldeia global impõe-nos uma série de acon- sentidas como um desequilíbrio que nos causa tecimentos que são expostos e absorvidos muita insegurança. Há uma necessidade da quase que ao mesmo tempo que estão acon- plasticidade, de flexibilidade do individuo, tecendo em qualquer lugar. Não existe mais pois ele deve se modelar constantemente para “fronteiras” geográficas. Em contrapartida, acompanhar esse ritmo e atender a uma os indivíduos não mais pertencem e se sociedade que faz inúmeras exigências de identificam apenas com o seu lugar de excelência, de felicidade contínua e de su- origem. A evolução tecnológica trás uma nova cesso. realidade em que é possível a comunicação Segundo o geógrafo David Harvey, a sem fronteiras, uma diminuição das distân- experiência mutante do espaço e do tempo cias, uma identificação dos sujeitos com tem por referência condições materiais e culturas que eles escolhem pertencer e uma sociais. alteração nas concepções de tempo e espaço. As referências de espaço sempre nos “A aniquilação do espaço por meio situaram perante nossos costumes, tradições, do tempo modificou de modo radical rituais, gostos, formas de entender e se o conjunto de mercadorias que entra relacionar no mundo e nos ajudam a enten- na reprodução diária... A implicação der o que somos. Hoje se apresentam novas geral é de que, por meio da experi- representações de espaço e consequentemen- ência de tudo – comida, hábitos te do tempo. A facilidade e a rapidez de acesso culinários, música, televisão, e troca de informações muda qualitativamen- espetáculos e cinema –, hoje é pos- te a noção de tempo e espaço e tornar-se sível vivenciar a geografia do mundo essencial rever estes conceitos para que vicariante, como sendo um simula- consigamos nos situar melhor na complexa cro.”3 rede de relações sociais em que nos encon- tramos e em nossos modos de subjetivação. Acreditamos ser de extrema importância Como diz Homi Bhabha, refletir como esses aspectos influem no nosso comportamento, assim como na construção “...encontramo-nos no momento de da nossa subjetividade. O conceito de trânsito em que espaço e tempo se cru- desterritorialização escolhido nesse artigo zam para produzir figuras complexas como uma categoria teórica que nos possi- de diferença e identidade, passado e bilita essa reflexão nos traz a sensação de presente, interior e exterior, inclusão um mundo cada vez mais comprimido. As e exclusão. Isso por que há uma fronteiras ficam sem função. As pessoas sensação de desorientação...”.2 sentem-se sem território delimitado, continua- mente vivendo suas experiências em diferen- Bhabha evidentemente enxerga em sua tes contextos tendo necessidade de criar novas hipótese, a pós-modernidade enquanto espa- formas de subjetividade para se adaptarem ço híbrido e hibridizante, vive ou sobrevive, às exigências de cada espaço que se encon- com a noção de “eu” angustiado, criticamen- tram. 244 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume I

Observamos que a criação de novas (não-lugares) onde o indivíduo não tem a formas de subjetividade geram muita angús- princípio referencial nenhum da pessoa com tia. Há um grande desconforto oriundo do quem interage, pode assumir o risco da contínuo conflito em arriscar se expressar de interação face a face a qualquer momento, fato forma autêntica e, em contrapartida, a ne- que dependerá do interesse mútuo. Quando cessidade de ser aceito e admirado social- isso não ocorre o sujeito pode sofrer o mente. Além da angústia vivida pelos jovens incômodo de sua comunicação ser interrom- em escolher como se expressar existe tam- pida pelo desinteresse do outro. Uma forma bém a sensação embaraçosa de se “colocar” de uma leitura sobre a desteritorialização seria em palavras, gestos e ações num “não-lugar”, a análise do exílio tratada em dois filmes. ou seja, falar e agir com metáforas e expres- sões de uma determinada cultura num outro O exílio e a ferida narcisica. espaço em que esta subjetividade não encon- tra ressonância e nem diálogo. A negociação entre o amor de si De acordo com Marc Augé: (narcisismo) e o amor ao outro (alteridade) se enuncia no campo das relações parentais. “os não-lugares são tanto as instala- Daí se dá a constituição do sujeito como ções necessárias para a circulação ace- extensão dessa relação e produz a cadeia lerada de pessoas e bens... como os significante que lhe determina como sujeito. próprios meios de transporte ou os No campo do Outro, à pulsão caberia se fazer grandes centros comerciais, ou tam- presente no psiquismo, em seu aspecto se- bém os campos de trânsito prolonga- xual aí se cumpre a função de procriação e do onde se estacionavam os refugi- o sujeito se submete à descontinuidade. ados do planeta.”4 Segundo Freud essa pulsão não encontra meios de se fazer situar como macho ou A complexidade da vida cotidiana parece fêmea no psiquismo. ter minimizado o espaço e o tempo que, em Assim é que a Psicanálise aponta o mito geral, esses jovens estudados neste artigo de Édipo Rei como protótipo do pagamento dedicam a confrontar questões que os per- que o sujeito humano deve fazer no plano turbam em suas relações interpessoais. As simbólico. Freud diz que Édipo sela seu discussões entre seus pares parecem tornar- destino, não quando escapa à previsão do se superficiais refletindo a busca da con- oráculo, que diz que ele mataria o pai e se firmação de premissas pessoais, havendo casaria com a mãe. Muito menos quando pouco espaço para ouvir o que é diferente. foge, acreditando estar fugindo de seu des- A diferença gera angústia que os remete ao tino, até mesmo porque é nessa fuga que, limite e à repressão, castração. acidentalmente, mata o pai, sem saber e, ao Na primeira teoria de angústia de Freud tomar conhecimento, cega a si próprio. O que (1916) há uma estreita ligação entre angústia Freud pretende, a partir do conteúdo desse e excesso de sexualidade que se modifica no mito, é apresentar os elementos teóricos sobre texto Inibição, Sintoma e Angústia (1926). a constituição do sujeito que se refere ao Freud propõe um movimento sincrônico: ao enigma que funda a sexualidade humana, mesmo tempo em que os motivos da angús- distinta da sexualidade dos animais. tia se concentram sobre o signo da castração, Longe de ser um dogma, a Psicanálise opera-se uma re-inversão radical do “dentro” não se encerra em Freud foi inaugurada por e do “fora”. Não é mais o recalque que produz ele a partir do conceito do inconsciente e angústia, mas a angústia que produz o daí em diante tem desenvolvido vários recalque. Outro lugar de comunicação huma- postulados. Esse referencial teórico que na na atualidade que desperta novas formas propõe o Èdipo como centro da personali- de sociabilidade promovendo descobertas, dade pretende se suficiente para explicitar as prazeres, ilusões, encontros, desencontros questões acerca da “construção da identida- podendo também gerar conflitos e angústias de” do sujeito que aponta para o enigma que é a virtualidade conferida através dos sites funda a sexualidade humana. Mas estas de relacionamento. Nesses espaços vazios colocações são teóricas. FOTOGRAFIA, VÍDEO E CINEMA 245

Na filmografia de Walter Salles Junior setores da sociedade adquirem distintas especialmente nos filmes Terra Estrangeira possibilidades de se desenvolverem e se ex- (1995) e Central do Brasil (1998) , podemos pressarem em múltiplas perspectivas. considerar como tema a saga dos persona- O desenraizamento tão presente neste gens que vão à busca do pai, em busca de momento de inicio de século acompanha a si mesmo, ou ao encontro de seu “destino” formação e o funcionamento da sociedade mesmo que se percam, abram mão de seu global, permitindo situar os indivíduos em território conhecido. diferentes lugares e distintas condições sócio Ao articular o conceito de desamparo, ao culturais, diante de novas, desconhecidas e Complexo de Édipo e ao narcisismo não surpreendentes formas e fórmulas de viver. podemos deixar de lado o conceito de fe- Ao considerar conceitos como estranho, minilidade, relativo ao erótico. Birman (1999) estrangeiro, local, vivência na pós-moderni- afirma que o desamparo encontra uma forma dade estamos tratando de identidade cultural. positiva quando se relaciona à feminilidade, Este conceito que cada vez mais tem sido sendo o masoquismo a forma negativa do aprofundado nos remete à origem do que se desamparo. Tal elaboração teórica favorece busca na cultura. Em 2002 em um congresso o equívoco de se identificar o feminino ao em Barcelona sobre cultura, pincharam pela masoquismo. No entanto, o que se elabora cidade a seguinte frase: “originalidade é é a possibilidade de erotização pela via do origem”. Apesar de ser uma definição masoquismo e não da ação propriamente dita, tautológica, evocar a origem é evocar a havendo aí um percurso masculino e femi- identidade, de preferência cultural. Voltando nino. No filme Central do Brasil (1998) Dora ao autor Homi. K. Bhabha, cuja proposta de () fala de uma sensu- trabalho se baseia no fato de que a identi- alidade protetora, de uma substituta da mãe dade não é fixa, mas se constrói e se es- que aponta para a admiração que tem de si, trutura a partir de relações sociais de um e de sua capacidade em expressar sua ge- “outro” há uma possibilidade de emergir nerosidade. desta difusão geográfica meio perdida e des- O desamparo do sujeito é baseado em sua conhecida novos modelos de identidade que real incompletude. Para a psicanálise estas atendam às angústias atuais. alternativas estarão sobre-determinadas a partir da vivencia do Édipo. Nos estudos Conclusão atuais as diversas configurações da família e as condições territoriais, revelam outras Esse texto foi trabalhado através do situações presentes nos temas dos filmes tais processo “interpretativo” de filmes que como a comunidade, as alteridades e mesmo constam da filmografia de Walter Salles a solidificação de um laço de amor com um Junior. Ao associar os temas percebe-se que outro como é proposto em Terra Estrangeira o diretor produz um texto imagético que (1995). aponta para as questões atuais e que estão Dessas múltiplas implicações resulta o sob o foco dos pesquisadores. Cada um deles processo de desterritorialização, acentuando revela identificadores ficcionais de subjeti- e generalizando outras e novas oportunida- vidade que são muito semelhantes às des de ser, agir, sentir, pensar, sonhar e vivências atuais. imaginar. Revelam-se condições desconheci- Apesar de semelhanças e estranhezas as das no âmbito da sociedade global; ampli- trocas simbólicas e imaginárias nos filmes am-se e generalizam-se outras e novas con- de cineasta poderão servir como indicadores dições de realização das diversidades, sin- de várias questões sobretudo da subjetivida- gularidades, universalidades; indivíduos, de mas nunca como resultados definitivos grupos, classes sociais e todos os outros de conclusões fixas. 246 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume I

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