A ARTE NAS ARMADILHAS DOS DIREITOS AUTORAIS Uma Leitura Dos Conceitos De Autoria, Obra E Originalidade
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MARCELO MIGUEL CONRADO A ARTE NAS ARMADILHAS DOS DIREITOS AUTORAIS uma leitura dos conceitos de autoria, obra e originalidade CURITIBA 2013 MARCELO MIGUEL CONRADO A ARTE NAS ARMADILHAS DOS DIREITOS AUTORAIS uma leitura dos conceitos de autoria, obra e originalidade Tese apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Direito pelo Programa de Pós-Graduação, Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Eroulths Cortiano Junior CURITIBA 2013 TERMO DE APROVAÇÃO MARCELO MIGUEL CONRADO A ARTE NAS ARMADILHAS DOS DIREITOS AUTORAIS UMA LEITURA DOS CONCEITOS DE AUTORIA, OBRA E ORIGINALIDADE Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Direito, pelo Programa de Pós-Graduação em Direito, Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora: Orientador: Prof. Dr. Eroulths Cortiano Junior Departamento de Direito Civil e Processual Civil Setor de Ciências Jurídicas - UFPR Prof. Dr. Agnaldo Farias Universidade de São Paulo - USP Prof. Dr. José Antônio Peres Gediel Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof. Dr. Laymert Garcia dos Santos Universidade Estadual de Campinhas - UNICAMP Prof. Dr. Luiz Edson Fachin Universidade Federal do Paraná - UFPR Prof.a Dr.a Maria José Justino (Suplente) Escola de Música e Belas Artes do Paraná - EMBAP Curitiba, 12 de junho de 2013 Toda a “humanidade é obra de um autor, em um único volume; quando um homem morre, não é que um capítulo se perca, John Donne apenas ele é traduzido para uma linguagem melhor, e “ cada capítulo deve assim ser traduzido. AGRADECIMENTOS Os primeiros agradecimentos são endereçados ao Orientador, Professor Doutor Eroulths Cortiano Junior, que eu já conhecia como um notável civilista, e que no decorrer da pesquisa mostrou também ser detentor de um sólido conhecimento que se estende para além do direito, com um repertório de leituras em várias áreas, especialmente na literatura e na história. Este conjunto de saberes, aliado a seriedade no processo de orientação, ofereceram as condições necessárias para a elaboração de um trabalho de aproximações entre o direito e a arte. Se o itinerário da pesquisa foi percorrido, é porque à frente sempre esteve o Orientador. Agradeço ao Grupo de Pesquisa em Direito Civil do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR, Virada de Copérnico, liderado pelo Prof. Dr. Luiz Edson Fachin, onde há espaço e estímulo para pesquisas interdisciplinares. Nas páginas a seguir, o leitor irá se deparar com a afirmação de que a autoria não é inteiramente individual. Com este trabalho não foi diferente. Não apenas porque ninguém inventa palavras, mas sobretudo pelas contribuições e influências recebidas ao longo do período de pesquisa. Registro os agradecimentos ao trabalho de avaliação da banca de qualificação, composta pelos Professores Doutores Agnaldo Farias, José Antonio Peres Gediel e Luiz Edson Fachin, pelos ajustes no percurso da pesquisa, bem como pela indicação de um caminho a seguir. Ainda referindo-se às contribuições, agradeço o trabalho de acompanhamento e revisão do Professor Benedito Costa Neto, que soube mostrar o cuidado na coerência metodológica entre os marcos teóricos, bem como no desencadeamento das ideias. No trabalho de revisão também mencionamos a atuação da Professora Antônia Schiwinden, pela leitura atenta e pelas adequadas ponderações. Há ainda que ser consignado o trabalho da revisora de normas, Léia Rachel Castellar e dos tradutores David Harrad, Ernani Fritoli, Rachel Tosta e William Pugliese. No tocante às influências, as primeiras ideias sobre a presente pesquisa surgiram no contexto da arte, após uma palestra proferida pelo Professor Agnaldo Farias. Naquele momento foi possível pensar no diálogo entre a autoria na arte contemporânea e o direito. Registro também a palestra da pesquisadora Simone Landal, sobre arte e autoria em um evento de direito e arte. O período de realização do Curso de Doutorado foi profícuo em amizades. Por compartilharem os mesmos desafios acadêmicos, agradeço a Andrea Roloff Lopes, Daniele Regina Pontes, Estefânia Maria de Queiroz Barboza, Fernanda Karam de Chueiri Sanches, Frederico Eduardo Zenedin Glitz, Gisele Ricobom, Guilherme Luchesi, Ilton Norberto Robl Filho, Juliana Pondé Fonseca, Larissa Ramina, Luciana Pedroso Xavier, Marília Pedroso Xavier, Melina Girardi Fachin, Maria Cecília Naréssi Munhoz Affornalli, Ozias Paese Neves, Pablo Malheiros da Cunha Frota, Taysa Schiocchet e William Pugliese. Na lista de agradecimentos também incluem-se: Angela Couto Machado Fonseca, Edna Torres Felício Câmara, Fernando Previdi Motta, Jane do Rocio Kiatkoski, Janaina Bertoncelo de Almeida, Juliane Fuganti, Karina Lima, Natalina Costa, Marco Aurélio Marrafon, Marco Berberi, Miguel Godoy, Patrizia Sena, Ricardo Calderón, Sarah Linhares de Araújo, Priscilla Placha, Teca Sandrini, Thierry Zamboni Kotinda e Zilda Maria Fraletti. Aos professores do Curso de Direito da UFPR, Adriana Espíndola Correa, Ana Carla Harmatiuk Matos, Angela de Cássia Costaldelo, Carlos Eduardo Pianovski Ruzyk, Clara Roman Borges, Maria Candida Kroetz do Amaral e Ricardo Marcelo Fonseca. Aos Professores do Curso de Doutorado, pelos ensinamentos, Cesar Antônio Serbena, Eroulths Cortiano Junior, Ivan Guerios Curi, José Antônio Peres Gediel, Luis Fernando Lopes Pereira, Luiz Edson Fachin, Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes e Vera Karam de Chueiri. Agradeço de modo singular as sugestões ao trabalho feitas pelas pesquisadoras Karin Grau-Kuntz e Rosalice Fidalgo Pinheiro, bem como ao amigo de discussões sobre direitos autorais, o advogado Luiz Gustavo Vardânega Vidal Pinto. Ainda, ao Professor Doutor Fernando Borges Araújo, pela recepção no período de pesquisa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Agradecimentos são mencionados aos pesquisadores em arte que, ao longo de minha carreira, emprestaram seus textos em exposições realizadas: Adalice Araújo – in memoriam, Ana González, Fernando Bini, Katia Canton, Maria Cecília Araújo de Noronha, Maria José Justino, Nilza K. Procopiak e Rosemeire Odahara Graça. Por fim, a família. Aos pais Eustachio – in memoriam, e Alice, aos irmãos Salette, Cleia, Márcio e Joselete. Na família, por afinidade, também incluem-se Elídia Aparecida de Andrade Correa e Maria Cristina Sugamosto Romfeld. RESUMO A reivindicação da autoria e a autonomia da arte surgem com o Renascimento, quando as obras de artes plásticas passaram a conter assinatura. Antes disso, a arte estava vinculada à Igreja ou aos interesses da monarquia. No século XV também surge a invenção do tipo móvel de Gutenberg, possibilitando a impressão mecânica de livros, controlados por meio dos privilégios. Três séculos depois, na Inglaterra, organiza-se a primeira lei moderna de direitos autorais. Em França estes aparecem após a Revolução Francesa. O direito civil recepcionou os direitos autorais como um direito de propriedade, de cunho individual e absoluto; entendimento este que foi ampliado internacionalmente com a Convenção de Berna de 1886. Na segunda metade do século XIX a representação mecânica da imagem, por meio da fotografia, era amplamente utilizada, seguida pela invenção do cinema a partir da última década daquele século. Marx já descrevia a perda das habilidades manuais e nas primeiras décadas do século XX a reprodutibilidade técnica é descrita por Walter Benjamin. A arte do século XX, iniciando com os ready-mades de Duchamp, a pop art, e de modo geral a arte contemporânea faz uso de apropriações, ocasionando uma crise no discurso tradicional dos direitos autorais. Na década de 1960 Foucault escreveu sobre o desaparecimento do autor, ou seja, o declínio da ideia tradicional de autoria. No entanto, os atuais estatutos de direitos autorais ainda estão remetidos ao direito oitocentista, ocasionando uma completa assimetria com os conceitos de autor, obra e originalidade, inteiramente transformados no século XX. Diante disso, há a necessidade de revisitar o conceito de originalidade, bem como de influência, na autoria da arte contemporânea. Da ideia de propriedade, os direitos autorais passaram aos monopólios da indústria cultural, sendo que esta centraliza a produção e distribuição dos bens culturais, devidamente ancorada no discurso dos direitos autorais. Como consequência, os direitos autorais não protegem o autor, bem como não promovem o desenvolvimento artístico- cultural, por estarem fundamentados em direitos meramente individuais. Na perspectiva dos direitos sociais, há que se pensar em um mínimo existencial cultural para promover o acesso à cultura, e assim permitir a reprodução de obras em livros de arte e publicações de interesse histórico ou didático, bem como a inclusão de obras em exposições, mesmo diante da negativa de autorização dos detentores de direitos autorais. Isso deve acontecer com fundamento no interesse público e no direito de acesso aos bens culturais. Palavras-chave: Direitos autorais. Autoria. Obra. Originalidade. Acesso à cultura. ABSTRACT The claim of authorship and the autonomy of art emerge in the Renaissance, when works of art began to be signed. Prior to this, art was tied to the Church or to the interests of the monarchy. The 15th century also saw Gutenberg's invention of movable type printing which enabled the mechanical printing of books, albeit controlled by privileges. Three centuries later, in England, the first modern law regarding copyright was enacted. In France such laws appeared following the French Revolution. Civil law incorporated