Nelson Pereira Dos Santos Entrevista
Nelson Pereira dos Santos Foto Vanthoen Pereira Foto Vanthoen Entrevista Cinema ESTUDOS AVANÇADOS 21 (59), 2007 323 : Acervo Regina Filmes Em 1960 Nelson está no Nordeste para filmar Vidas secas, mas a chuva torna verde a caatinga. Surge então, de improviso, Mandacaru vermelho, onde o diretor faz o papel do mocinho do filme. Na cena, com Sônia Pereira. resistência e esperança de um cinema ENTREVISTA CONCEDIDA A P Nelson Pereira dos Santos AULO ROBERTO RAMOS 324 ESTUDOS AVANÇADOS 21 (59), 2007 “Escrevi o roteiro do Rio, 40 graus, mas não consegui produção, pois ninguém queria fazer um filme com personagens negros...” RANÇOIS TRUFFAUT disse certa vez que toda a obra de um cineasta está con- tida no primeiro carretel de seu primeiro filme. Talvez essa afirmação seja Fválida somente para aqueles realizadores que apresentam grande coerência no interior de suas obras. Esse é o caso de Nelson Pereira dos Santos. No primeiro carretel de Rio, 40 graus, podemos identificar uma caracte- rística que estaria presente durante toda sua trajetória como artista: o amor pelo Brasil. No entanto, a nação que Nelson Pereira dos Santos decidiu levar para as telas não é aquela dos cartões-postais, com belas praias ensolaradas. O Brasil que o diretor se propôs a retratar em seus filmes era grande demais para caber em versões oficiais, pois era o país dos favelados, dos flagelados pela seca, dos artis- tas do povo, do universo mágico popular, dos intelectuais em crise ou atuantes diante dos regimes ditatoriais. No dia 15 de janeiro último, o cineasta concedeu uma entrevista a Estudos Avançados, quando falou sobre alguns de seus filmes e, por extensão, sobre o Brasil dos últimos cinqüenta anos.
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