Interpretando Nélson Rodrigues Uma Introdução À Representação Do Desagradável

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Interpretando Nélson Rodrigues Uma Introdução À Representação Do Desagradável Interpretando Nélson Rodrigues Uma introdução à representação do desagradável Marcelo Bolshaw Gomes∗ Resumo: Apresenta aqui uma visão a dever a Michel Foucault e aos historiadores panorâmica sobre a obra do escritor atuais. Freire é fascinante, sobretudo, porque brasileiro Nélson Rodrigues, discutindo constrói uma perspectiva de crítica social todas as adaptações de suas peças teatrais e diferente da ótica marxista e de quase todo romances para o cinema. pensamento social de sua época. Tanto Cascudo como Freire são exem- plos de jornalistas que edificaram as ciên- Sempre me considerei uma pessoa pro- cias sociais no Brasil antes do advento da gressista. E sempre considerei embaraçosa comunicação social. E que, pelo fato de minha paixão intelectual por três jornalistas serem nordestinos (que nunca se distancia- nordestinos reacionários: Câmara Cascudo, ram de seus locais de origem) e defenderem Gilberto Freire e Nélson Rodrigues. posições de direita no cenário político na- Debati-me bastante contra Cascudo, até cional, sempre foram desprezados e escon- aceitá-lo e reconhecer nele o contador de es- didos pela academia. tórias como uma dimensão que engloba a Nélson Rodrigues, no entanto, é um caso antropologia e o jornalismo. Ele não é um especial. Ele não era elitista. Também não folclorista! Tecnicamente, um etnógrafo di- foi um ‘cientista social’, embora seu tra- versificado (alimentação, gestos, costumes); balho seja devastador enquanto crítica de mas sobretudo um pensador com consciên- costumes. Tão pouco pode ele ser oculto cia narrativa, isto é, sabe que é um contador pelo preconceito das esquerdas, uma vez de estórias e essa simplicidade é que o faz que seus textos não apenas revolucionaram grande e realmente relevante como pensador e popularizaram o teatro nacional como tam- pois faz uma leitura do erudito a partir do bém ajudaram a construir a comunicação de popular. massas no Brasil, tanto no cinema como na Com Gilberto Freire, que só conheci TV. bem tarde devido ao preconceito, descobri Autor da primeira telenovela brasileira, A a crítica sociológica de costumes em uma morta sem espelho (1963)1, sua obra segue metodologia genealógica que em nada deixar 1 Escrita pessoalmente por Nelson Rodrigues (e ∗Jornalista, professor de Comunicação da UFRN não adaptada de sua obra), a telenovela, com direção e doutor em Ciências Sociais. de Fernando Torres e Sérgio Britto na extinta TV Rio, música-tema de Baden Powell e Vinicius de Moraes, 2 Marcelo Bolshaw Gomes sendo adaptada até hoje com grande audiên- nil e de peças psicológicas (1936-43); c) fase cia2. Além disso, também era conhecido do mítica (1944-52); d) fase da tragédia cario- grande público por ser por ser um cronista ca (1953-66); e e) fase memorialista (1967- esportivo atuante e inteligente. Sua obra é 80). Curiosamente, todas as cinco fases es- marcada pelo erotismo rasgado, pela violên- téticas na evolução do trabalho de Nelson cia em todas as suas dimensões, pelo ci- Rodrigues correspondem a mudanças na sua nismo moral que desmascara a hipocrisia – vida profissional como jornalista. todos sabem, mesmo os que não conhecem A primeira etapa é a do repórter e crítico, seu trabalho. Nélson Rodrigues, no entanto, vivida nas redações dos jornais de seu pai, se tornou muito conhecido pelas suas frases A Manhã e Crítica. Nélson começou a escr- polêmicas e sintéticas, dizendo coisas deli- ever aos quinze anos, quando A Manhã ga- ciosamente revoltantes como "Toda mulher nhou uma nova sede, em fins de 1927. Daí gosta de apanhar"ou "Mineiro só é solidário até o início de 1935, sua atividade principal no câncer"– que atribuía ao seu amigo Otto foi o jornalismo policial, ao lado da crítica de Lara Resende. Ele se divertia em escan- arte, na maioria das vezes literária. Em 1935 dalizar tanto gregos como troianos, tendo in- passa a trabalhar no jornal do seu amigo clusive chamado sua dramaturgia de ‘teatro Roberto Marinho, O Globo. do desagradável’. Há, em seu texto, de dizer Na fase seguinte, até 1946, Nélson per- a verdade que repousa sob a representação da manece no Globo como crítico de ópera realidade através de uma meta-representação da seção "O Globo na arte lírica"e tam- que nos revele o desejo. bém trabalhou no Globo Juvenil. Como Caco Coelho3 (incorporando a classifi- repórter lírico, Nélson assistiu e escreveu so- cação de Sábato Magaldi4 e a biografia de bre cerca de 300 óperas em diversas tempo- Ray de Castro5) estabelece cinco fases de radas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. evolução do trabalho intelectual de Nélson Em 1941, ele escreveu sua primeira peça, Rodrigues, cada um com características es- A mulher sem pecado, que entrou em car- téticas próprias: a) repórter e crítico (1927- taz no ano seguinte, sem grande sucesso. 35); b) crítico e repórter lírico, Globo Juve- Vestido de noiva surgiu em 1943; com o sucesso da peça, Nélson saiu do Globo e teve problemas com a censura e foi proibida, antes de terminada. foi para os Diários Associados, de pro- 2 Telenovelas baseadas em Nélson Rodrigues: priedade de seu antigo desafeto político As- Sonho de amor (TV Rio/1964); O desconhecido (TV sis Chateaubriand. Rio/1964); O homem proibido (TV Globo/1982); Começa a terceira fase do escritor, Meu Destino É Pecar (TV Globo/1984); Engraçad- chamada de ‘Mítica’ por Sábato Magaldi, inha (TV Globo/1995); e A Vida Como Ela É (TV Globo/1996). que se estende até o nascimento das tragédias 3 Coleção Baú de Nelson Rodrigues, (Companhia cariocas, em 1953, a quarta fase. É o período das Letras, 2004). de maior produção de Nélson. Durante nove 4 Teatro Completo de Nelson Rodrigues, quatro anos, além das contribuições para diversos volumes (Nova Fronteira, 1981). veículos dos Diários Associados, ele escreve 5 O anjo pornográfico: a vida de Nelson Ro- drigues (Companhia das Letras, 1992). seis romances e cinco peças. www.bocc.ubi.pt Interpretando Nélson Rodrigues 3 Novamente uma mudança de jornal deter- Ao todo, Nélson Rodrigues escreveu 17 mina uma transformação estética. Nélson peças teatrais6; 27 livros (9 romances7, 5 é contratado como colunista do jornal Úl- livros de contos8 e 13 livros de Crônicas9); tima Hora, que Samuel Wainer "ganhou"de 23 filmes10 foram feitos baseados em seus Getúlio Vargas. Surge A vida como ela é... 6 Sua edição completa abrange quatro volumes, E em 1953, com a peça A falecida e o ro- divididos segundo critérios do crítico Sábato Magal- mance A mentira, Nélson entra na quarta di, que agrupou as obras de acordo com suas ca- fase, a das tragédias cariocas. Nessa etapa, racterísticas, dividindo-as em três grupos: Peças psi- que vai até 1967, ele escreve oito peças e cológicas: A mulher sem pecado (1941), Vestido de noiva (1943), Valsa no 6 (1951), Viúva, porém ho- três romances. Também são desse período as nesta (1957), e Anti-Nélson Rodrigues (1974); Peças primeiras crônicas esportivas no Jornal dos míticas: Álbum de família (1946), Anjo negro (1947), Sports e na revista Manchete Esportiva. Senhora dos Afogados (1947), e Dorotéia (1949); e Aos 54 anos de idade, outra mudança de Tragédias cariocas: A falecida (1953), Perdoa-me por jornal acompanha a quinta e última fase do me traíres (1957), Os sete gatinhos (1958), Boca de ouro (1959), O beijo no asfalto (1960), Bonitinha, autor: Nélson é convidado para escrever suas mas ordinária ou Otto Lara Rezende (1962), Toda memórias no jornal Correio da Manhã – de Nudez Será Castigada (1965), e A serpente (1978). onde surgiram vários livros de memória e 7 Meu destino é pecar (1944); Escravas do amor de crônicas esportivas. Esse período, que (1944); Minha vida (1944); Núpcias de fogo (1948); começa em 1967, vai até morte de Nél- A mulher que amou demais (1949); O homem proibido (1959); A mentira (1953); Asfalto selvagem son, por insuficiência cardiorrespiratória, em ou engraçadinha (1959); e O casamento (1966). dezembro de 1980. Essa fase é importante 8 Cem contos escolhidos – A vida como ela é... porque nela Nélson repensa sua obra; porque (1972); Elas gostam de apanhar (1974); A vida como ele vê novos diretores de cinema repen- ela é – O homem fiel e outros contos (1992); A dama do lotação e outros contos e crônicas (1992); A coroa sando seu trabalho (Neville D’Almeida, J. de orquídeas (1992). B. Tanko, Arnaldo Jabor – para citar os 9 Memórias de Nélson Rodrigues (1967); O ób- principais); porque se formula um entendi- vio ululante: primeiras confissões (1968); A cabra mento amplo do significado de sua obra para vadia (1970); O reacionário: memórias e confissões cultura brasileira e para o teatro do ponto (1977); Fla-Flu...e as multidões despertaram (1987); O remador de Ben-Hur (1992); A cabra vadia - No- de vista internacional. Nélson Rodrigues é vas confissões (1992); A pátria sem chuteiras – No- bem superior aos principais autores teatrais vas Crônicas de Futebol (1992); A menina sem estrela de sua época (Eugene O’ONeill, Tennessee – memórias (1992); À sombra das chuteiras imortais Williams, Arthur Miller e Edward Albee) – Crônicas de Futebol (1992); A mulher do próximo e um marco nas artes dramáticas a nível (1992); Nélson Rodrigues, o Profeta Tricolor (2002); e O Berro impresso nas Manchetes (2007). mundial. 10 Meu destino é pecar (1952); Boca de Ouro (1962); Bonitinha, mas ordinária (1963); Asfalto Sel- vagem (1964); A Falecida (1965); O Beijo (1966); Engraçadinha depois dos trinta (1966); Toda nudez será castigada (1973); O Casamento (1975); A Dama do Lotação (1978); Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Resende (1980); Os Sete gatinhos (1980); O Beijo no asfalto (1980); Álbum de Família (1981); Engraçadinha (1981); A Serpente (1980-82); Perdoa- www.bocc.ubi.pt 4 Marcelo Bolshaw Gomes textos até o momento; mas apenas Beijo bicho nos anos 50 para o da criminalidade no Asfalto11 foi adaptado e publicado em e do tráfico de drogas dos anos 80.
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