Universidade Federal Do Rio De Janeiro Instituto De Filosofia E Ciências Sociais Programa De Pós-Graduação Em História Social
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1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Programa de Pós-graduação em História Social Produzindo no escuro: políticas para a indústria cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964 – 1988) William de Souza Nunes Martins Orientador: Carlos Fico Rio de Janeiro 2009 2 William de Souza Nunes Martins Produzindo no escuro: políticas para a indústria cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964 – 1988) Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História Social. Orientador: Carlos Fico Banca Examinadora: _________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Fico (Orientador) _________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Lucia Werneck Vianna _________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Paula Araújo _________________________________________________________ Prof. Dr. Roberto Moura _________________________________________________________ Prof. Dr. Jorge Ferreira Rio de Janeiro 2009 3 MARTINS, William de Souza Nunes. Produzindo no escuro: políticas para a indústria cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964 – 1988). Rio de Janeiro, 2009. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009. 4 William de Souza Nunes Martins Produzindo no escuro: políticas para a indústria cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964 – 1988) Resumo A década de 1960 foi certamente um dos momentos políticos mais conturbados da história recente do Brasil: o golpe civil-militar de 1964 e o enrijecimento da repressão, em 1968, levaram a uma vigilância constante e institucionalizada do Estado às artes. Contudo, foi também naquela época que vários movimentos artísticos e culturais conseguiram mudar as concepções estéticas vigentes. A atenção do regime esteve focada na produção fílmica nacional através de duas esferas aparentemente dicotômicas: ao mesmo tempo em que apoiavam a realização de filmes nacionais, concedendo benefícios diretos e indiretos, promoviam a censura das obras cinematográficas através da DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas) e do apoio de parcelas da sociedade. O objetivo desta tese é perceber como os filmes financiados ou co- financiados pela Embrafilme foram analisados pela DCDP. O fato de os filmes serem financiados por uma agência governamental fez com que eles fossem analisados com uma certa complacência pelos censores. 5 William de Souza Nunes Martins Produzindo no escuro: políticas para a indústria cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964 – 1988) Abstract The 1960s were certainly one of the most troubled political times in Brazil’s recent history: the 1964 civil-military coup and the hardening of the repression in 1968 led to constant institutionalized State vigilance of the arts. Nevertheless, it was also during that period that various artistic and cultural movements managed to change the aesthetic conceptions in effect at the time. The focus of the regime had aimed at the domestic film industry through two apparent dichotomous spheres: on one side, supporting the production of domestic films by granting direct and indirect benefits, and on the other, promoting the censorship of films via the DCDP (Public Entertainment Censorship Division) as well as the support of part of society. The objective of this thesis is to understand how the movies financed or co-financed by Embrafilme (Brazilian Film Company) were analyzed by the DCDP. The fact that those films were financed by a governmental agency caused them to be analyzed with some complacency by the censors. 6 Sumário Introdução ......................................................................................................................... 9 Capítulo I - Panorama do cinema nacional: das origens à década de 1980 .................... 19 Capítulo II - A questão da política cultural ..................................................................... 34 2.1 - Os investimentos estatais para o cinema no Brasil ............................................ 36 2.2 - A Empresa Brasileira de Filmes ......................................................................... 45 Capítulo III - A trajetória da censura cinematográfica no Brasil .................................... 62 3.1 Censura durante a ditadura Militar ..................................................................... 72 3.2 A Divisão de Censura de Diversões Públicas e o treinamento para censores ..... 94 Capítulo IV - Por uma sociedade ordeira: a censura aos filmes nacionais ................... 101 4.1 - E a nudez foi castigada: a censura moral aos filmes nacionais ...................... 101 4.2. - Pra frente Brasil: a censura política ............................................................... 119 Considerações finais ..................................................................................................... 122 Caderno de imagens .................................................................................................... 1224 Bibliografia ................................................................................................................... 122 Anexo 1 ......................................................................................................................... 122 Anexo 2 ....................................................................................................................... 1223 Anexo 3 ......................................................................................................................... 122 Anexo 4 ......................................................................................................................... 122 7 Agradecimentos Os últimos quatro anos foram ao mesmo tempo enriquecedores e conturbados. A escrita de um trabalho é algo que demanda, além da dedicação pessoal, uma dose enorme de paciência daqueles que o cercam. Assim, esta tese reflete em parte esses momentos e também é fruto de um grande esforço em produzir conhecimento a fim de contribuir para o debate tanto sobre a censura, quanto sobre a própria discussão acerca da ditadura militar brasileira. Embora seja protagonista na escrita da tese, durante esse tempo várias pessoas, direta ou indiretamente, demonstraram seu apoio e solidariedade e ajudaram a concretizar este projeto. Citarei aqui algumas das que puderam contribuir mais diretamente, no entanto, durante o período foram muitos os que colaboraram. Sendo assim, deixo logo um agradecimento sincero a todos os amigos que se mostraram presentes nas horas mais difíceis. Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos meus pais que, mesmo tendo a distância como empecilho, sempre demonstraram disponibilidade e afeto, procurando ajudar da melhor forma possível em todas as horas. Durante a escrita da tese ministrei aulas no Departamento de História da UFRJ como professor substituto. Assim, agradeço a compreensão dos colegas e alunos que souberam entender o momento vivido e contribuíram com os vários debates sobre a tese e as novas visões que só como professor em sala de aula é possível adquirir. O outro lugar dentro da universidade de profícua discussão foi o Grupo de Estudos sobre a Ditadura Militar, espaço no qual comecei a me interessar pela temática que virou o projeto de doutorado. À fiel companheira Mônica Martins que, além de irmã, amiga e colega de profissão foi também grande aconselhadora nos momentos mais tensos dos últimos anos. Também a Pedro Cardoso que, mesmo com pouca idade, soube compreender um determinado momento difícil de vida e não se importou em dividir comigo o pequeno espaço que lhe era de direito. Aos amigos Grabriel Dile, Rodrigo Menezes e Reinaldo Diniz que foram fundamentais nos momentos de maior angústia e também nos de confraternização. Agradeço às pessoas que contribuíram lendo, sugerindo e intervindo na constituição do trabalho: a sempre companheira Flávia Miguel, a amiga Aline Presot, 8 Janice Morais, que foi fundamental nos momentos finais da escrita, Anderson Castro e a sempre companheira Ludmila Antunes. A coleta de fontes foi auxiliada pelas pesquisas de Flávia Veras, Jéssica Bretas e Georgia. É importante ressaltar o apoio dado por Fábio Koifman desde o início deste projeto e pelo fato de sempre ter confiado em mim. A versão final contou com as sugestões do professor Marcos Napolitano e de Maria Paula Araújo, que gentilmente participaram da banca de qualificação. Devo ainda agradecer à CAPES pelos 36 meses da bolsa, sem a qual teria sido impossível a concretização deste trabalho. Por fim, gostaria de agradecer a Carlos Fico que aceitou me orientar e que, mesmo ciente dos momentos adversos pelos quais passei, procurou compreender e apoiar. Devo dizer que, para além da enorme admiração pelo historiador, permaneceu também uma grande amizade. 9 Introdução Hoje vai passar um filme na TV que eu já vi no cinema Êpa!? Mutilaram o filme, cortaram uma cena E só porque aparecia uma coisa que todo mundo conhece E se não conhece ainda vai conhecer (...) (Ui!) Sexo! Como é que eu fico sem sexo! Eu quero sexo! Me dá sexo! Sexo! Como é que eu fico sem sexo! Eu quero sexo!Vem cá sexo! (Música: Sexo!! Composição: Maurício/Roger Rocha Moreira) A epígrafe que abre esta tese é parte da letra de uma música gravada em 1987 por um conhecido grupo de rock chamado Ultraje a Rigor . A letra intitulada Sexo! chamava a atenção dos ouvintes para a dificuldade