Caracterização e proteção das espécies nativas de bivalves nas lagoas costeiras da Barrinha de Mira, Lagoa de Mira, Lagoa da Vela e Lagoa das Braças

FICHA TÉCNICA

título PAELORIS: Guia de Flora e Fauna aquáticas das Lagoas Costeiras do Sítio Rede Natura 2000: Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas (código PTCON0055)

autores Simone Varandas; Tiago Assunção; Paulo Almeida; Rui Cortes; António Crespí; Pedro Ferreira; Elsa Froufe; Mariana Hinzmann; Joaquim Jesus; Manuel Lopes-Lima; Marisa Lopes; Marco Magalhães; Vítor Pereira; Cátia Santos; Ronaldo Sousa; Amílcar Tei- xeira

edição Instituto Politécnico de Bragança Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Universidade do Minho Universidade do Porto Câmara Municipal da Figueira da Foz Câmara Municipal de Mira

fotografias Adriana Terrível, Amílcar Teixeira, Ana Gonçalves, António Crespí, Carlos Antunes, João Carrola, Luís Quinta, Manuel Lopes-Lima, Nuno Rico, Ronaldo Sousa, Rui Cortes, Simone Varandas, Tiago Assunção

ilustrações/esquemas Joana Rodrigues | Emanuel Peres conceção e design gráfico Tiago Assunção | Vítor Pereira

design gráfico da capa Marco Custódio e contracapa

impressão Nome da empresa

tiragem 1000 exemplares

d. l. 352…/14

isbn 978-972-745-172-2

citação da obra varandas s., assunção t., almeida p., cortes r., crespí a., ferreira p., froufe e., hinzmann m., jesus j., lopes- lima m., lopes m., magalhães m., pereira v., santos c., sousa r., teixeira a. 2014. PAELORIS: Guia de Flora e Fauna aquáticas das Lagoas Costeiras do Sítio Rede Natura 2000: Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas (código PTCON0055). IPB, UTAD, UM, CIIMAR, CMFF e CMM. Bragança. 128pp.

entidades Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro participantes Universidade do Minho Universidade do Porto Instituto Politécnico de Bragança Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental Centro de Investigação de Montanha Câmara Municipal da Figueira da Foz Câmara Municipal de Mira

patrocinadores Câmara Municipal da Figueira da Foz Câmara Municipal de Mira

financiadores Il Caffè di Roma Hard Rock Cafe Lisboa Throttleman ÍNDICE

Introdução……………………………………………………………………...… 4 Enquadramento Geral…………………………………………….…….…… 5

Macroinvertebrados………………………………..……………………….. 13 Lista de Macroinvertebrados…………………………………………….. 17

Bivalves…………………………………………………………………………….. 21 Espécies Nativas: Anodonta cygnea.…………………………………………………….………. 27 Unio delphinus…………………………………………………………………. 29 Espécies Exóticas: Corbicula fluminea……………………………………………………………. 31

Ictiofauna………………………………………………………………….………. 35 Espécies Nativas: Anguilla anguilla………………..………..…………………………………… 39 oligolepis………………………………………………… 41 paludica………………………………………………………………… 43 Gasterosteus aculeatus ……………..…………………………………….. 45 Liza ramada..……………………………………………………………………. 47 Luciobarbus bocagei…………………………………………………………. 49 Pseudochondrostoma polylepis..……………………………….…..…. 51 Espécies Exóticas: Ameiurus melas………………………………………………………………… 53 Carassius auratus……………………………………………...……………… 55 Cyprinus carpio…………………………………………………………………. 57 Gambusia holbrooki………………………………………………....……… 59 Lepomis gibbosus……………………………………………..……………… 61 Micropterus salmoides………………………………….…………………. 63 Lista de Ictiofauna………………………………….……………..………….. 65

ÍNDICE

Macrófitos……………………..……………………………………………….….. 67 Espécies Nativas: Carex trinervis………………………………………………….…………….….. 71 Dorycnium rectum.……………………………………….……………………. 72 Halimium halimifolium subsp. multiflorum………………….…..… 73 Iberis procumbens subsp. microcarpa…………….………………….. 74 Lonicera periclymenum subsp. hispanica……………….…………… 75 Myrica faya……………………………………………………………..………… 76 Nymphaea alba…………………………………………………...………….… 77 Phragmites australis………………………………………………………….. 78 Rhynchospora rugosa………………………………………...……………… 79 Salix repens……………………………………………………………………….. 80 Schoenoplectus pungens…………………...………………………………. 81 Scrophularia frutescens………………...…………………………………... 82 Typha domingensis……………………………………….……………………. 83 Ulex europaeus subsp. latebracteatus……………………….………. 84 Espécies Exóticas: Acacia longifolia……………………………………...………………………… 85 Eichhornia crassipes……………………………….………………………….. 86 Myoporum laetum…………………………………………………………….. 87 Myriophyllum aquaticum…………………………………………………… 88 Taxodium distichum…………………………………….…………………….. 89 Lista de Macrófitos…………………………………………………………….. 90

Gestão de exóticas…………………………………………...………………… 97

Glossário…………………………………………….………………………………. 103 Bibliografia………………………………………...………………………………. 123

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"A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas." Johann Wolfgang Von Goethe

INTRODUÇÃO

O “InAqua – Fundo de Conservação by Oceanário de Lisboa e National Geographic Channel”, foi criado com o objetivo de estimu- 4 lar o setor empresarial e a sociedade civil a envolverem-se ativa- mente na conservação dos ecossistemas aquáticos. O fundo foi constituído como resposta às missões destas entidades, as quais se identificam num pilar comum: a conservação da biodiversidade. Aumentar o interesse da sociedade pela conservação dos ecossiste- mas aquáticos, bem como contribuir para a promoção de projetos de conservação em Portugal são dois objetivos que os organizado- res se propõem a alcançar com este projeto. “Rias, estuários e lagoas de Portugal – conhecer e conservar” foi o tema da segunda edição do Fundo InAqua, que teve como vencedor o projeto PAELORIS. A iniciativa pretendeu apoiar proje- tos que, direta ou indiretamente possam contribuir para a proteção e conservação destas zonas e que promovam a manutenção da sua elevada biodiversidade. Os sistemas lagunares são de extrema importância a nível regional, apresentando um elevado valor ecoló- gico, científico, económico e social. O projeto recebeu o montante de 15 mil euros doados em exclusivo pelas entidades financiadoras: Il Caffè di Roma, Hard Rock Cafe Lisboa e Throttleman. O interesse das marcas envolvidas fun- damenta-se essencialmente na sua estratégia de responsabilidade social e ambiental. Atualmente, também o valor económico e social que os ecossistemas aquáticos representam e o potencial emocio- nal de envolvimento da sociedade numa causa que apoie a conser- vação destes ecossistemas são fatores que aproximam as marcas desta iniciativa consolidada pelo Oceanário de Lisboa e pelo Natio- nal Geographic Channel. ENQUADRAMENTO GERAL

No litoral centro de Portugal localizam-se várias pequenas 5 lagoas que se constituem como zonas húmidas de importante inte- resse comunitário. Estas zonas húmidas de grande produtividade e sensibilidade natural, onde se incluem estuários, pauis, sapais, lagoas e linhas de água, são áreas riquíssimas em termos de diversi- dade biológica e determinantes para a preservação de muitas espé- cies de vida selvagem. Também funcionam como sistemas naturais de retenção de água, nomeadamente pluviais, impedindo as cheias e alguns dos seus efeitos adversos. Estas lagoas, de baixa profundidade, são estruturas cujo pro- cesso de formação ainda não é completamente conhecido, mas que resultam de afloramentos do lençol freático, sendo periodicamente alimentadas pelas águas da chuva, excetuando a lagoa da Barrinha. Esta surgiu na faixa de transição entre o atual sistema dunar e um sistema dunar mais antigo designado por Areias da Gândara. As lagoas costeiras: Barrinha de Mira, Lagoa de Mira, Lagoa da Vela, e Lagoa das Braças, inserem-se no cordão dunar contínuo de Vagos a Quiaios, formando uma planície de substrato arenoso com um povoamento vegetal de resinosas e matos, com pequenas lago- as abastecidas por linhas secundárias de água doce. Este cordão dunar, dadas as suas características ecológicas de elevado interes- se, integra o sítio Rede Natura 2000: Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas (código PTCON0055). Estes sistemas costeiros altamente produtivos que oferecem uma gama de serviços naturais e constituem habitats ímpares no nosso país, albergam uma riqueza de espécies importante. Trata-se de habitats complexos constituídos por mosaicos de comunidades ENQUADRAMENTO GERAL

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Localização da Lagoa Barrinha de Mira, Lagoa de Mira, Lagoa da Vela e Lagoa das Braças ENQUADRAMENTO GERAL

vegetais muito diversos em cuja génese são determinantes fatores 7 como a profundidade da água, o teor em sais, o estado trófico da massa de água, a variabilidade estacional da altura da água, a mor- fologia das margens, as características da rede hidrográfica que abastece em água doce as diferentes lagoas e a probabilidade de inundação pela água do mar. Apesar da sua importância ambiental, estes sistemas únicos face à sua localização na paisagem costeira são especialmente vulneráveis às perturbações naturais e antropogénicas. As lagoas do litoral centro (entre Mira e Quiaios) têm sofrido uma crescente intervenção nas margens e áreas envolventes, assim como no leito têm sido induzidas alterações profundas que condu- zem à diminuição da massa de água e consequente perda de habi- tat aquático, sendo evidente a regressão que se tem verificado nos últimos 50 anos. Outros efeitos resultantes da ocupação humana desordenada que rodeia estas massas de água são a eutrofização, a salinização, a introdução de espécies exóticas bem como a perda de biodiversidade. A permanente conquista do espaço aquático, a falta de medidas de gestão adequadas e as intervenções hidráulicas impróprias, são fatores que têm contribuído para o desaparecimen- to destas áreas, estando muitas delas entre os ecossistemas aquáti- cos mais fortemente alterados do mundo. A integridade ecológica destas lagoas depende da sustentabili- dade ambiental de toda a área envolvente, estando intrinsecamen- te relacionada com o nível de intensidade das pressões, quer natu- rais quer antrópicas. A sensibilidade destes ecossistemas permite identificar, através de bioindicadores de referência, um conjunto de ENQUADRAMENTO GERAL fatores de stress, que permitem conhecer a sua capacidade de resiliência, assim como planificar as medidas mais adequadas, quer 8 à sua reabilitação, quer à sua preservação. As espécies de bivalves, além de responderem como bioindica- dores de referência, constituem-se como elementos integrantes daqueles ecossistemas húmidos de especial importância funcional e ecológica. Os bivalves de água doce (Bivalvia, Unionoida), também designados de náiades ou mexilhões de água-doce, outrora abun- dantes nos ecossistemas aquáticos epicontinentais, encontram-se atualmente num dos grupos de organismos mais ameaçados e em risco de extinção. Na América do Norte mais de 70% das espécies estão em declínio e outras foram já dadas como extintas. Uma vez que os estudos até agora efetuados com bivalves de água doce em Portugal dizem quase exclusivamente respeito a sistemas lóticos, tendo sido esquecidos os lagos pela sua pouca representatividade/expressividade a nível nacional, procurou-se com este estudo colmatar esta lacuna. Desta forma, o levantamen- to da comunidade de bivalves de água doce e a avaliação do nível de perturbação é essencial para reforçar o estatuto de Sítio Priori- tário de Conservação que as Lagoas já possuem. Esta publicação tem como finalidade proporcionar um conjun- to consolidado de conhecimentos à comunidade relativamente aos valores naturais das lagoas, bem como alertar para a importância do controlo das espécies invasoras, visando a preservação e valori- zação da biodiversidade através da conservação dos bivalves de água doce, dos seus habitats e hospedeiros. ENQUADRAMENTO GERAL

Barrinha de Mira 9 A Lagoa da Barrinha de Mira, de origem lagunar, localiza-se no concelho de Mira, junto à praia de Mira, tem aproximadamente uma área de 45 ha e está inserida numa zona mista: urbana/ agrícola/florestal. A pesca, os desportos náuticos não motorizados e o uso balne- ar, são alguns dos usos com maior expressão nesta massa de água. A proximidade do mar determina uma forte sazonalidade dos perí- odos de utilização do espelho de água, condicionado nos últimos anos pela degradação da qualidade da água e pelo forte assorea- mento de algumas zonas do leito. As pressões mais significativas estão relacionadas com a ativi- dade agrícola, contaminação por efluentes urbanos e industriais e introdução de espécies exóticas, assim como os processos de asso- reamento do leito.

Panorâmica da Barrinha de Mira ENQUADRAMENTO GERAL

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Panorâmica da Lagoa de Mira

Lagoa de Mira A Lagoa de Mira, de origem dunar, localiza-se no concelho de Mira e tem aproximadamente uma área de 19 ha. É alimentada por pequenas linhas de água sendo o excesso de água drenado para a ria de Aveiro, através de uma vala. Esta lagoa é rodeada por terre- nos agrícolas em quase toda a sua periferia com exceção para uma pequena porção da zona sul, ocupada por um canavial e no lado oeste, onde existe uma estância turística. As atividades de lazer desenvolvidas nesta lagoa são essencial- mente a pesca, o uso balnear e passeios em pequenas embarca- ções. As pressões mais significativas estão relacionadas com a ativi- dade agrícola e a introdução de espécies exóticas. ENQUADRAMENTO GERAL

Lagoa da Vela 11 A Lagoa da Vela localiza-se no concelho da Figueira da Foz, circundada pelo Pinhal de Quiaios e por campos verdejantes. Apre- senta uma forma alongada (cerca 2 quilómetros de comprimento e 300 metros de largura), tem aproximadamente uma área de 67 ha, sendo a maior lagoa costeira do litoral centro. Está inserida numa área eminentemente florestal na margem poente e agrícola na margem nascente. A sua utilização compreen- de várias atividades de lazer, nomeadamente a pesca e desportos náuticos não motorizados. As pressões mais significativas estão relacionadas com a ativi- dade agrícola, erosão marginal, assoreamento, uso balnear e intro- dução de espécies exóticas.

Panorâmica da Lagoa da Vela

ENQUADRAMENTO GERAL

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Panorâmica da Lagoa das Braças

Lagoa das Braças A Lagoa das Braças, também conhecida por Lagoa das Três Braças, localiza-se no concelho de Figueira da Foz, tem aproximada- mente uma área de 23 ha. Está inserida numa área eminentemente florestal. O nível de água na lagoa é muito variável, podendo chegar a secar completamente quando a precipitação escasseia. A sua utilização compreende uma captação de água para abastecimento da cidade da Figueira da Foz e povoações a norte do Rio Mondego, embora de utilização esporádica. As pressões mais significativas estão relacionadas com a extra- ção de água e introdução de espécies exóticas. Esta lagoa possuí um estatuto especial de proteção e conservação da natureza, desde a década de 90, que a torna num importante ecossistema para diversas espécies animais, sobretudo ao nível da avifauna. É um local calmo e resguardado, onde várias atividades humanas se encontram presentemente proibidas (tais como a caça, a pesca, as atividades balneares e o uso de embarcações). MACROINVERTEBRADOS

Exemplares da família de Perlidae, Aeshnidae e Oligoneuriidae

MACROINVERTEBRADOS

As comunidades de macroinvertebrados bentónicos, caracteri- zadas por organismos com dimensões superiores a 1mm, têm sido amplamente utilizadas para avaliar a qualidade biológica de ecos- sistemas aquáticos. Tal ocorre devido à sua grande diversidade taxonómica, à qual se associa uma acentuada sensibilidade a fato- 15 res ecológicos, nomeadamente no que se refere a especificidade para certos habitats e às suas sensibilidades diferenciais a vários tipos de pressões humanas (contaminação orgânica, acidificação, degradação ambiental, entre outros). A comunidade de macroin- vertebrados bentónicos não é dominada por nenhum taxa em particular, congregando indíviduos dos taxa Mollusca, Crustacea, Oligochaeta e larvas e adultos de Insecta, entre outros. Estes orga- nismos utilizam como base física o substrato de rios, lagoas, lagos, albufeiras, charcos, estuários e do mar para o seu desenvolvimento, durante uma parte ou todo o seu ciclo de vida. Das diferentes espé- cies que se podem encontrar nos ecossistemas aquáticos, os ma- croinvertebrados bentónicos são os mais utilizados como bioindica- dores, devido às suas características peculiares.

Exemplar do género Rhyacophila e um Nemátode. MACROINVERTEBRADOS

Estes seres vivos apresentam um conjunto de características que os tornam únicos e de elevada importância para os estudos de monitorização ambiental, tais como:  Apresentam fraca mobilidade e baixos índices de dispersão quan- do comparados com outros grupos faunísticos, tornando limitada a capacidade de migração em resposta a condições adversas 16  São ubíquos e, em regra, abundantes; possuem um período de vida suficientemente longo para refletir os efeitos das condições de stress a que estiveram sujeitos  A sua identificação é relativamente fácil, rápida e económica  São indicadores sensíveis e fiáveis da qualidade dos ambientes aquáticos  Refletem com fidelidade condições ambientais que variam ao longo do tempo  Vivem em sedimentos onde a exposição a situações stressantes, tais como contaminantes químicos são mais frequentes  Existe uma elevada diversidade taxonómica das comunidades bentónicas que permite obter uma resposta às múltiplas condições de stress  Apresentam diferentes sensibilidades aos poluentes, fornecendo uma ampla gama de respostas face a diferentes níveis de contami- nação ambiental  Ocupam uma vasta gama de microhabitats  Proporcionam uma ligação aos níveis tróficos superiores  São um elo importante na reciclagem de nutrientes presentes nos sedimentos LISTA DE MACROINVERTEBRADOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha das de da Taxa de Mira Braças Mira Vela Arachnida X - X X Trombidiformes X - X X Hydrachnidia X - X X Clitellata X X X X Haplotaxida X X X X 17 Enchytraeidae X X X - Lumbricidae - - X - Eiseniella - - X - Eiseniella tetraedra - - X - Naididae X X X X Stylaria X X X X Stylaria lacustris X X X X Tubificidae - X X X Branchiura - X X - Branchiura sowerbyi - X X - Lumbriculida - X X - Lumbriculidae - X X - Rhynchobdellida X X X - Glossiphoniidae X X X - Glossiphonia - - X - Glossiphonia complanata - - X - Hellobdela X X X - Hellobdela stagnalis X X X - Gastropoda X X X X Bithyniidae - - X - Bithynia - - X - Hydrobiidae - X X - Bythiospeum - - X - Potamopyrgus - - X - Potamopyrgus antipodarum - - X - Lymnaeidae X X - - Lymnaea X X - - Lymnaea peregra X X - - Succinea - X - - LISTA DE MACROINVERTEBRADOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha das de da Taxa de Mira Braças Mira Vela Physidae X X X X Physa X X X X Physa fontonalis X X X X Planorbidae X X X - Gyraulus - X X - Gyraulus (Arminger) crista - - X - 18 Gyraulus albus - X X - Planorbarius - - X - Planorbis - - X - Valvatidae - X - - Valvata - X - - Valvata piscinalis - X - - Hygrophila X X X X Ancylidae X X X X Ferrissia X X X X Ferrissia wautieri X X X X Insecta X X X X Coleoptera - X X X Dryopidae - - - X Dryops - - - X Dytiscidae - - X X Cybister - - - X Laccophilus - - X X Laccophilus sp. - - X X Hydrophilidae - X - X Agraylea - - - X Agraylea sexmaculada - - - X Berosus - X - - Hydrophilus - - - X Laccobius - - - X Laccobius sp. - - - X Diptera X X X X Ceratopogonidae X - - - sF. Ceratopogoninae X - - - LISTA DE MACROINVERTEBRADOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha das de da Taxa de Mira Braças Mira Vela Chironomidae X X X X Chironomus X X X X gr. Plumosos - X - X gr. thumni X X X X Corynoneura - X X - 19 sF. Orthocladiinae X X X X sF.Tanypodinae X X - X tr. Tanytarsini X X X X tr.Chironomini X X X X Dixidae - - - X Sciomyzidae - - - X Stratiomyiidae - - - X Tipulidae - - X - Tipula - - X - Ephemeroptera X X X X Baetidae X X X X Baetis - X - - Baetis atrebatinus - X - - Cloeon X X X X Cloeon gr. Dipterum X X X X Caenidae X X X - Caenis X X X - Caenis luctuosa X X X - Heteroptera - X X X Corixidae - X X X Corixa - - - X Corixa affinis - - - X Corixa panzeri - - - X Micronecta - X X X Micronecta scholtzi - X X X Paracorixa - - - X Paracorixa concinna - - - X Parasigara - - - X Parasigara infuscata - - - X Sigara - - - X Sigara janssoni - - - X LISTA DE MACROINVERTEBRADOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha das de da Taxa de Mira Braças Mira Vela Gerridae - - - X Aquarius - - - X Aquarius najas - - - X Naucoridae - - - X Notonectidae - - - X Notonecta - - - X 20 Notonecta pallidula - - - X Odonata X X - X Aeshnidae - - - X Boyeria - - - X Boyeria irene - - - X Coenagrionidae X X - X Ischnura X X - X Ischnura pumilio X X - X Lestidae - - - X Sympecma - - - X Sympecma fusca - - - X Libellulidae X - - - Leucorrhinia X - - - Leucorrhinia dubia X - - - Trichoptera - - X - Ecnomidae - - X - Ecomus - - X - Ecomus deceptor - - X - Malacostraca X X X - Decapoda - X X - Cambaridae - X X X Procambarus - X X X Procambarus clarkii - X X X Isopoda X X X - Asellidae X X X - Proasellus X X X - Proasellus meredianus X X X - Turbellaria - X X - Tricladida - X X - Dugesiidae - X X - BIVALVES

Anodonta cygnea - Barrinha de Mira

BIVALVES

Os bivalves pertencem ao filo Mollusca, um grupo que inclui animais tão diversos como os gastrópodes, cefalópodes, entre outros. O filo inclui seis classes das quais uma é a Bivalvia. O termo bivalvia provém do latim (bi, “duplicada” e valva, “porta de duas folhas”). Atualmente, os bivalves de água doce encontram-se distri- buídos por 2 ordens da classe Bivalvia, as quais não apresentam qualquer relação evolutiva direta: Unionoida e Veneroida. Os orga- nismos incluídos nestas duas ordens passam obrigatoriamente todo o seu ciclo de vida em ecossistemas de água doce. No que diz respeito à ordem Unionoida, vulgarmente designa- 23 dos por náiades, os organismos desta ordem apresentam uma característica que se evidencia, a qual está relacionada com o seu ciclo de vida estar obrigatoriamente associado à ictiofauna através de uma larva parasita designada por gloquídio. Esta adaptação é única desta ordem de bivalves o que lhes confere destaque. O período de vida parasitária dos gloquídios é essencialmente uma simbiose, uma vez que durante este processo

Ciclo de vida da ordem Unionoida BIVALVES não prejudica o peixe hospedeiro, e nas fases juvenil e adulta fazem um trabalho benéfico para o ecossistema, graças à grande capaci- dade de filtração de água, vital para a vida dos peixes. Durante o período em que os gloquídios se encontram nas brânquias dos peixes sofrem uma metamorfose, e completam o seu desenvolvimento, transformando-se em bivalves autónomos. Nessa altura os bivalves já juvenis soltam-se do peixe e, a partir desse momento a sua sobrevivência depende do local onde foram liberta- dos. O grau de especificidade do hospedeiro varia muito entre as espécies, desde generalistas para específicas de uma única espécie. Em Portugal, esta ordem encontra-se representada por apenas 24 duas famílias: Margaritiferidae e Unionidae, e dentro desta última existem apenas cinco espécies. No entanto, a espécie Anodonta cygnea tem uma distribuição muito restrita, encontrando-se apenas na bacia hidrográfica do rio Vouga, mais especificamente nas lagoas da Barrinha, Mira e Pateira de Fermentelos. Esta distribuição tão restrita poderá dever-se sobretudo à sua preferência por locais lênticos. Para além desta espécie as lagoas contam ainda com uma outra espécie da família Unionidae, Unio delphinus.

Lagoa das Barrinha Lagoa Lagoa Taxa Braças de Mira de Mira da Vela Bivalvia - X X - Unionoida - X X - Unionidae - X X - Anodonta - X X - Anodonta cygnea - X X - Unio - X X - Unio delphinus - X X - Veneroida - X X - Corbiculidae - X X - Corbicula - X X - Corbicula fluminea - X X - BIVALVES

A ordem Veneroida abrange bivalves com características muito distintas, englobando famílias tanto do meio dulçaquícola como famílias que habitam no meio marinho. Dentro das dulçaquícolas a família Corbiculidae merece uma posição de relevo, pelo fato de possuir espécies que se tornaram importantes pragas a nível mun- dial muito à custa da ação do homem, como é exemplo a Corbicula fluminea presente nas lagoas. Os bivalves caracterizam-se pela presença de uma concha à

base de carbonato de cálcio (CaCO3) formada por duas valvas fe- 25 chadas por músculos fortes. O percurso evolutivo dos bivalves de água doce é altamente diversificado e depende de família para família. A forma da concha varia igualmente entre as famílias, o que reflete de forma parcial a sua história filogenética e o seu habitat. O crescimento dos bivalves não é contínuo nem uniforme; apresenta ao longo do ano um período de maior crescimento, que coincide com o Verão, e outro de menor crescimento que coincide com o Inverno. Estas diferenças ficam marcadas na concha através de anéis de crescimento de inverno e de verão que possibilitam determinar a idade dos indivíduos tal e qual como os anéis das árvores. São organismos filtradores que retiram o alimento da coluna de água. A entrada e saída da corrente de água é feita através de dois sifões (um inalante e outro exalante). Desta forma, a água entra na cavidade paleal e banha as brânquias, que retêm fitoplânc- ton, outros microrganismos e as partículas orgânicas que se encon- tram em suspensão. Muitas espécies são frequentemente encon- tradas em agregações densas e filtram grandes quantidades de BIVALVES algas azuis e/ou verdes, diatomáceas, bactérias, partículas orgâni- cas e inorgânicas, podendo também absorver metais pesados e grandes moléculas orgânicas.

Entre os principais fatores de ameaça que têm conduzido à regressão e/ou ao desaparecimento de muitas populações de bival- ves nativos de água doce incluem-se: poluição tópica e difusa, cons- trução de barragens, regularização dos cursos de água que afeta a qualidade e quantidade de água e habitat disponível, extração de inertes, desaparecimento dos peixes hospedeiros e introdução de espécies exóticas, que modificam profundamente a composição faunística do biota presente nos sistemas aquáticos. 26

Exemplar de Anodonta cygnea

As consequências deste declínio vão para além da perda de espécies per si, uma vez que estes organismos são responsáveis por funções tróficas e não tróficas nos ecossistemas aquáticos. Neste sentido, o declínio das populações de bivalves originalmente densas pode ter múltiplas implicações nos ecossistemas. Almeijão, Almeijão-grande

Nome Científico: vida inicia-se em agosto, com o Anodonta cygnea desenvolvimento do embrião nas brânquias externas da fê- Origem/Distribuição mea, seguindo-se o aparecimen- Espécie Nativa. Em Portugal to dos primeiros gloquídios por possui uma distribuição muito volta do mês de outubro. A restrita. Encontra-se apenas na partir de janeiro estas larvas bacia hidrográfica do rio Vouga, iniciam um período temporário mais especificamente nas lagoas de parasitismo, hospedando-se da Barrinha, Mira e Pateira de nas brânquias, lábios ou barba- Fermentelos. tanas dos peixes onde sofrem várias metamorfoses. 27 Morfologia/Descrição Hospedeiros: Apresenta concha de grandes Achondrostoma oligolepis dimensões (150 a 170mm), Alburnus alburnus muito frágil, oval e alongada, Anguilla anguilla geralmente amarela, castanha Cobitis calderoni ou verde com linhas concêntri- Cobitis paludica cas. Cyprinus carpio Esox lucius Habitat Gambusia holbrooki Encontra-se em lagoas de gran- Gasterosteus aculeatus des dimensões mas pouco pro- Lepomis gibbosus fundas associada a vegetação Luciobarbus bocagei aquática ou emergente, onde Micropterus salmoides vive semienterrada no sedimen- Pseudochondrostoma duriense to fino e distribuída praticamen- Salmo trutta fario te por toda a superfície da la- Squalius alburnoides goa. Squalius carolitertii

Reprodução Juvenil e adulto de Anodonta cygnea Habitualmente dioica, porém podem ocorrer situações de mudança de sexo. O período de Anodonta cygnea (Linnaeus, 1758)

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Anodonta cygnea - Coloração

Ameaças ambientais negativos, o que a Algumas das ameaças mais torna um bom bioindicador de frequentes incluem a contami- águas limpas e bem oxigenadas nação dos cursos de água por com sedimentos ricos em nutri- descargas de águas residuais, entes. Listada como Quase especialmente de origem indus- Ameaçada pela IUCN. trial. Estes compostos químicos incluem petróleo e substâncias tóxicas, mas também fertilizan- tes e pesticidas artificiais. Uma outra causa de declínio está relacionada como os trabalhos realizados a fim de regularizar e drenar lagoas marginais. Possui uma margem de tolerância muito reduzida aos impactes Almeijão - Aspeto geral Mexilhão-de-rio, Náiade comum

Nome Científico: Unio delphinus

Origem/Distribuição Espécie Nativa distribuída pelos rios da vertente atlântica da Península Ibérica. Em Portugal encontra-se distribuída por quase todo o território, exceto Aspeto do interior da concha nas bacias próximas do Porto, Leiria e nas pequenas bacias do Habitat sudoeste alentejano e Algarve. Habitam preferencialmente em 29 ambientes lóticos, porém tam- bém se encontram em sistemas lênticos, suporta grandes ampli- tudes de condições ambientais, apesar de não tolerar grandes níveis de poluição. Vive enterra- do na areia e sob a sombra das árvores, nas margens ou associ- ado a vegetação aquática, raízes Unio delphinus - Pormenor do pé de vegetação ripícola, rochas e em fundos de cascalho e areia. Morfologia/Descrição Pode inclusive aparecer em Atinge um comprimento máxi- lagos e reservatórios. mo de 95 mm, apresenta con- cha alongada de silhueta variá- vel, caracteriza-se por um con- Embora seja a espécie de Unio junto de cores que passa pelo mais comum dos rios da Penín- castanho, amarelo e verde. sula Ibérica, encontra-se em Porém esta característica é declínio, e as suas populações também muito variável uma vez estão a desaparecer de várias que a aparência externa varia localidades. Listada como Quase consoante o habitat. Ameaçada pela IUCN.

Unio delphinus (Spengler, 1793)

Aspeto da concha de Unio delphinus 30

Reprodução Hospedeiros: Espécie dioica, vive até aos 30 Achondrostoma oligolepis anos. O ciclo de vida vital co- Luciobarbus bocagei meça com a libertação dos Pseudochondrostoma duriense espermatozóides para a coluna Salmo trutta fario de água provenientes dos ma- Squalius alburnoides chos, sendo posteriormente Squalius carolitertii captados através dos sifões das fêmeas e encaminhados até às Ameaças brânquias externas onde os Espécie muito sensível a altera- ovos serão fecundados. Após ções súbitas e bruscas ao habi- transformação complexa em tat, tal como secas, construção gloquídios voltam a ser liberta- de barragens e descargas tóxi- dos para a coluna de água, de cas de poluentes. As alterações forma a se hospedarem nas antrópicas sobre os corpos de brânquias de um peixe. As lar- água nas últimas décadas tive- vas são libertadas entre março e ram graves consequências sobre julho, podendo existir várias os ecossistemas aquáticos, o emissões durante o ano . que acarreta consequências ao nível da distribuição da espécie.

Amêijoa-asiática

Nome Científico: oval ou triangular de cor geral- Corbicula fluminea mente amarela ou verde com contrastes negros. Período de Origem/Distribuição vida curto (de 1 a 5 anos). Espécie Exótica Invasora. Origi- nária do sudeste asiático, en- Habitat contra-se distribuída pela Euro- Tolera uma grande multiplicida- pa, América do Norte, América de de condições ambientais, do Sul e norte de África. Em uma vez que apresenta uma Portugal, os primeiros registos grande plasticidade ecológica. da sua ocorrência datam do Encontra-se em praticamente início de 1980, na bacia do Tejo; todos os tipos de sistemas aquá- 31 atualmente ocorre em todo o ticos, rios, canais, albufeiras e país. lagoas. Intolerante aos altos valores de salinidade e condi- Morfologia/Descrição ções de hipóxia, mesmo mode- A concha tem, em média, 25- radas (esta espécie é geralmen- 30mm de comprimento poden- te restrita a áreas bem oxigena- do ultrapassar os 55 mm, é das). Tolera baixas temperatu- brilhante e possui estrias salien- ras da água e prefere sedimen- tes e uniformemente espaça- tos arenosos misturados com das. Apresenta uma silhueta silte e argila. Corbicula fluminea- Aspeto geral Corbicula fluminea (Muller, 1774)

Reprodução desta espécie deve-se sobretu- Espécie ovovípara, hermafrodita do, à capacidade de dispersão que geralmente apresenta dois dos juvenis. Estes, apesar de períodos reprodutivos, um na não possuírem a apetência para primavera e outro no fim do nadar, as diminutas dimensões verão. A fecundação ocorre permite-lhes manter-se em dentro da cavidade paleal e as suspensão por longos períodos, larvas incubadas nas brânquias mesmo em zonas de correntes internas. Estas larvas são poste- fracas. riormente libertadas para a Produzem e libertam através do coluna de água onde se desen- sifão exalante uma substância volvem. Após esta fase dá-se a mucosa, que lhes permite man- maturação sexual e um período ter-se suspensos na coluna de 32 de crescimento contínuo. água, aderir a objetos que se encontram na coluna de água como detritos, algas e mesmo a cascos dos barcos a fim de se dispersarem para regiões mais longínquas. Podem ainda ser transportados nas patas e penas das aves aquáticas, permitindo- lhe colonizar zonas adjacentes.

Aspeto do interior da concha

Dispersão Dispersa-se maioritariamente através do transporte passivo nas correntes de água, mas pode também ser transportada acidental ou deliberadamente como objetivo de venda como produto alimentar ou isco para a pesca. O sucesso de dispersão Amêijoa-asiática Amêijoa-asiática

Impactes as indústrias e a economia hu- Considerada uma das espécies mana que dependem direta e invasoras com maior taxa de indiretamente dos recursos sucesso em ecossistemas de naturais e dos elementos bioló- água doce do mundo. Têm gicos nativos, principalmente impactos significativos sobre a em indústrias dependentes de produtividade primária, estrutu- água doce em que esta espécie ra trófica, substrato bentónico e atua como um biofouler qualidade da água devido ao (organismo que realiza biofou- seu modo de alimentação, res- ling, que consiste na degrada- piração e perturbação do habi- ção de superfícies artificiais tat. Pode competir com as espé- subaquáticas como resultado de 33 cies nativas de invertebrados, adesão, crescimento e reprodu- está associada ao declínio de ção destes organismos). Esta fitoplâncton e zooplâncton e à acumulação ocorre em superfí- alteração das condições do cies como tubos, redes de pes- habitat bentónico. ca, tanques e cascos de navios, Pode ter impactes ao nível resultando em corrosão, entupi- estético e sobre os valores de mento, contaminação ou dimi- praias e outras zonas de lazer, nuição da eficiência das estrutu- devido à acumulação de con- ras. chas. Afeta ainda criticamente Impactos provocados criados por pela Corbicula Corbicula fluminea emflumínea tubagens em tubagens Corbicula fluminea (Muller, 1774)

Medidas de controlo mente só se a espécie é identifi- As populações de ameijoa- cada e tratada rapidamente. asiática podem ser controladas Uma vez estabelecida, os esfor- através de uma grande varieda- ços para restringir a propagação de de métodos. No caso de se a novas áreas pode reduzir os verificarem entupimentos de danos ecológicos e/ou económi- tubagens, pode recorrer-se à cos. Controlando o tamanho da aplicação de água a temperatu- população em áreas densamen- ras superiores a 40oC, ou a te invadidas pode ajudar a redu- elevadas pressões. Porém, esta zir os efeitos negativos, mas é última medida apenas as retira improvável conseguir a total das tubagens, enquanto que a erradicação. Por último, a ma- primeira medida provoca a nutenção de comunidades 34 morte desta espécie. O uso de naturais saudáveis, seja por meios mecânicas permite a limitação da perturbação huma- remoção dos organismos. Um na, ou a restauração de áreas outro método vulgarmente previamente afetadas, pode utilizado são as designadas limitar as hipóteses de invasão barreiras de fundo, que consis- por parte de espécies exóticas, tem na colocação de mantas como a C. fluminea. Atualmen- impermeáveis que levam a te, estão a ser investigados condições de hipóxia. novos métodos de controlo e A melhor maneira de limitar o erradicação mais eficazes e com impacto desta espécie é impedi- menos impactes negativos no la de invadir e se estabelecer meio natural, que podem passar numa nova área. Se isso não pela utilização de substâncias funcionar, a erradicação ainda químicas específicas para esta pode ser possível, mas geral- espécie. Aplicação de barreiras de fundo ICTIOFAUNA

Família

ICTIOFAUNA

Os peixes representam a maior classe em número de espécies conhecidas entre os vertebrados. São organismos que pertencem ao filo Chordata e ao subfilo Vertebrata, e no caso dos peixes ós- seos pertencem à classe dos Osteichthyes, os quais representam cerca de 95% dos peixes. Estes habitam nas águas salgadas dos mares e oceanos e nas águas doces dos rios, lagos e barragens.

37

Morfologia externa de um peixe ósseo

De um modo geral um peixe ósseo apresenta duas séries de barbatanas pares: as peitorais (1) e as pélvicas (2). Mas também várias barbatanas impares: a dorsal (3), a anal (4) e a caudal (5). As pares têm essencialmente um papel de estabilização. A função das barbatanas dorsal e anal é comparável à da quilha de um barco. Finalmente, a caudal tem um papel de propulsão. Estas podem ter raios espinhosos (6) e/ou moles (7). Os salmonídeos (trutas e sal- mões) apresentam ainda entre a barbatana dorsal e a caudal uma pequena estrutura carnuda chamada barbatana adiposa (8). A linha ICTIOFAUNA lateral (9) tem uma textura ligeiramente diferente da do resto do corpo. Consiste num certo número de poros ligados por um canal situado logo abaixo da superfície da pele. Esta estrutura tem fun- 7 ções sensoriais e permite a deteção de presas, predadores e avaliar distâncias. Os barbilhos, presentes em algumas espécies (10) são órgãos tácteis com papel importante na procura do alimento. O opérculo (11) é uma estrutura óssea que cobre as brânquias. No que diz respeito à alimentação os peixes são um grupo muito diver- sificado. Apresentam uma grande variedade de estratégias e tipos de alimentação, evidenciando uma grande capacidade de adapta- ção ao meio ambiente. Podem alimentar-se essencialmente de matérias vegetais, de animais, de detritos ou têm a capacidade de realizar uma dieta mista; no entanto, a maior parte das espécies existentes nos nossos ecossistemas de água doce são omnívoras. A introdução de espécies exóticas é apontada como uma das 38 principais causas de perda de diversidade biológica, e um dos mai- ores problemas para a conservação da biodiversidade de peixes de água doce. Esse problema ocorre muitas vezes em simultâneo com outros impactes, amplificando assim os efeitos sobre a comunida- de invadida. A construção de barragens, por exemplo, tem facilita- do a colonização de espécies exóticas. A destruição de habitats é uma das ameaças mais comuns, não se limitando à remoção de inertes ou à captação de água, as ações de regularização de leitos mal projetadas levam com frequência à destruição das margens e da vegetação marginal e circundante, diminuindo radicalmente o ensombramento e fazendo desaparecer locais de desova e refúgios para alevins. Enguia-europeia

Nome Científico: Anguilla anguilla

6 Origem/Distribuição Espécie Nativa. Em Portugal a enguia pode ser encontrada em praticamente todos os cursos de água doce. Anguilla anguilla - Aspeto geral

Morfologia/Descrição Corpo serpentiforme com colo- Habitat ração variável, o dorso pode ser A enguia ocorre preferencial- negro, verde ou amarelo en- mente em rios com águas cor- quanto a zona ventral é esbran- rentes, oxigenadas, temperadas quiçada ou amarelada, podendo e com leitos adequados à esca- atingir grandes dimensões vação (areias e lodos) ou com (>100 cm), corpo coberto de densa vegetação, coloniza tam- muco. Apresenta uma cabeça bém lagoas costeiras. Possui 39 pequena e cónica com 2 pares uma atividade mais intensa de narinas, uma boca larga durante a noite, escondendo-se onde a maxila inferior ultrapas- em refúgios durante o dia. A sa a superior. abundância desta espécie está As enguias sexualmente adultas, relacionada com a proximidade aquando da época reprodutiva, da foz do rio e com a quantida- mudam de aspeto, adaptando-se de de chuva anual. Os machos à nova forma de vida. Em vez da predominam nos estuários e as coloração que lhes servia para se fêmeas na parte superior dos camuflarem na areia e no lodo, o cursos de água. Possui ainda a corpo torna-se prateado, os capacidade de poder sair da olhos e as barbatanas aumen- água e movimentar-se nas mar- tam de tamanho, a fim de reali- gens mais húmidas, chegando zarem a grande viagem para mesmo a utilizar esta particula- efetuarem a desova. ridade para se introduzir num meio aquático próximo. Anguilla anguilla (Linnaeus, 1758)

Reprodução Ameaças Espécie catádroma, que após um Um dos principais fatores de longo ciclo de vida em águas ameaça reside na pesca intensi- continentais, entre 5 e 12 anos, va de juvenis de enguia, o mei- 7 regressa ao Mar dos Sargaços, xão, atividade que se encontra geralmente no início do outono, integrada num comércio inter- onde tem lugar a reprodução. A nacional e que, apesar de proibi- postura é feita a profundidades da em todas as bacias hidrográfi- aproximadas de 450 metros, cas nacionais (à exceção do rio quando a temperatura estabiliza Minho), continua a ser praticada por volta dos 20oC. Permanece de forma ilegal. na fase larvar durante dois anos A redução do habitat disponível e meio a três, exatamente o nas águas doces devido à cons- tempo necessário para as cor- trução de barragens e açudes é rentes do Golfo as transporta- outro fator de ameaça grave. rem até aos estuários e rios Outros fatores de ameaça são a Europeus. alteração do regime natural de caudais e a poluição aquática. Conservação 40 Listada como Em Perigo no Livro Vermelho de Vertebrados de Por- tugal e Vulnerável no Livro Vermelho de Espanha.

Ciclo de vida - Enguia-europeia

Ruivaco

Nome Científico: Habitat Achondrostoma oligolepis Pode encontrar-se numa grande variedade de habitats, lagoas, 6 Origem/Distribuição albufeiras e rios, embora exista Espécie Nativa. Em Portugal uma preferência por rios de ocorre desde o rio Lima até ao pequena a média dimensão sem rio Tejo, porém, as regiões da correntes fortes, ocorrendo Beira Litoral e Beira Alta são as preferencialmente nos troços que apresentam maior abun- inferiores dos rios. dancia desta espécie. Reprodução Morfologia/Descrição Durante a época reprodutiva Espécie de pequeno tamanho, (abril – junho) esta espécie inferior a 20 cm, com corpo realiza pequenos movimentos levemente comprimido, boca migratórios, de forma a procu- ligeiramente ínfera, arqueada e rar locais com substrato de sem barbilhos. O ruivaco apre- maior dimensão e vegetação, senta escamas de grandes di- onde possa depositar os seus 41 mensões, com uma linha lateral ovos que aderem a estes mate- muito marcada. A barbatana riais. dorsal é sempre maior que a barbatana anal. Apresenta uma Ruivaco - coloração das barbatanas coloração escura no dorso, variando entre verde escuro a castanho. A base das barbata- nas pares, anal e pélvica são alaranjadas. O ruivaco alimenta- se essencialmente de pequenos invertebrados aquáticos, apesar de ocasionalmente ingerir tam- bém material de origem vegetal.

Achondrostoma oligolepis (Robalo, Doadrio, Almada & Kottelat, 2005)

Ameaças Conservação Um dos principais fatores de Listada como Pouco Preocupan- ameaça reside nos vários tipos te no Livro Vermelho de Verte- de poluição a que os sistemas de brados de Portugal. 7 água doce estão sujeitos, bem A proteção dos habitats prioritá- como a extração de inertes, a rios para esta espécie, monitori- falta de passagens para peixes zar a qualidade da água, criação adequadas, a introdução de de uma época de defeso, pro- espécies exóticas, o aumento da mover estudos das populações turbidez (diretamente ligado de ruivaco e ações de educação com a extração de inertes), a ambiental de forma a valorizar destruição das zonas de postura esta espécie, são algumas das e perturbação física do habitat. medidas que o Instituto de Con- servação da Natureza e das Florestas propõe.

Achondrostoma oligolepis - aspeto geral 42 Verdemã-comum

Nome Científico: Habitat Cobitis paludica Habita nas zonas médias e bai- xas dos rios, albufeiras com 6 Origem/Distribuição pouca corrente e lagoas com Espécie Nativa do sul de Portu- pouca profundidade, fundos de gal, introduzida nas lagoas, areia, gravilha, lodo, pedras e devido à sua utilização como vegetação. Ocorre em sistemas isco. A sua presença faz-se de água doce com coberto sentir nas bacias hidrográficas arbóreo pouco desenvolvido, e do Minho, Douro, Vouga, Mon- rico em substrato fino. dego, Tejo, Sado, Mira e princi- palmente no Guadiana. Reprodução A época de reprodução desta Morfologia/Descrição espécie tem início na primavera, Peixe de pequenas dimensões ocorre sensivelmente entre (<20 cm). Apresenta um corpo maio e julho. Os ovos são pe- pequeno e alongado, estreito e quenos (aproximadamente 1,7 baixo, coberto de pequeníssi- mm), normalmente depositados 43 mas escamas e bastante escor- sobre a vegetação densa, quan- regadio, com três pares de do existente. barbilhos na região da boca. A barbatana dorsal é pequena, Pormenor dos barbilhos geralmente os machos são menores que as fêmeas. Possui manchas escuras nos flancos e dorso. Os machos apresentam manchas laterais que formam linhas bem definidas.

Muito sensível à contaminação das águas, estando a sua existên- cia seriamente ameaçada já que tem vindo a diminuir significati- vamente. Cobitis paludica (de Buen, 1930)

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Cobitis paludica - aspeto geral

Ameaças As medidas de conservação O uso como isco vivo na pesca passam pela criação ou extensão desportiva tem sido uma grave das reservas naturais, elabora- ameaça para o verdemã. A cons- ção de legislação específica e trução de estruturas hidráulicas, reabilitação de habitats degrada- extração de inertes (que se faz dos; controlo das espécies exóti- no habitat preferencial da espé- cas; proibição da espécie como cie) tem levado à redução do utilização para isco vivo; miniza- 44 habitat desta espécie. Introdu- ção dos impactos das obras ção de espécies exóticas preda- hidráulicas; manutenção de um doras, como o lagostim-de-água- caudal mínimo; produção em doce, o achigã e a perca. O au- cativeiro, de forma a possibilitar mento da poluição e a extração a realização de programas de de água também têm levado ao repovoamentos levando à reco- declínio da espécie. nexão de populações fragmenta- das. Conservação Listada como Pouco Preocupan- te no Livro Vermelho de Verte- brados de Portugal e Vulnerável no Livro Vermelho de Espanha. Esgana-gata, Peixe-espinho

Nome Científico: Habitat Gasterosteus aculeatus Espécie de água doce, habita em lagoas e troços baixos dos 6 Origem/Distribuição rios, sempre que as águas sejam Espécie Nativa. Em Portugal tranquilas e ricas em vegetação. distribui-se com maior abun- Pode ocorrer em águas salobras dância desde o Minho à Beira e no litoral marinho. O esgana- Litoral. gata ocorre preferencialmente em zonas de corrente fraca. Morfologia/Descrição Forma cardumes fora da época Corpo ligeiramente alongado, reprodutiva, especialmente de pequenas dimensões (10 quando jovens. cm), fusiforme e sem escamas. O corpo encontra-se coberto Reprodução por placas ósseas (não possui Na altura da reprodução sobe escamas). Os ossos pélvicos os rios para nidificar e escolhe estão completamente soldados um território de preferência na linha média formando um arenoso. Apresenta elevado 45 escudo. O esgana-gata possui dimorfismo sexual durante a três a dez espinhos dorsais época reprodutiva. O macho livres situados à frente da bar- adquire um magnífico traje batana dorsal, que eriça em nupcial: dorso com reflexos caso de perigo. No que diz res- azuis, esverdeados e prateados, peito à coloração apresenta e abdómen avermelhado. Após tons esverdeados e prateados atrair a fêmea através de um no corpo com reflexos azuis. ritual de acasalamento, este encaminha-a até ao ninho, onde a fêmea deposita cerca de uma Pormenor dos espinhos - Esgana-gata centena de ovos, que ele fecun- da de imediato. Durante o período de incubação, persegue os intrusos, repara o ninho e ventila os ovos através de movi- mentos vigorosos das barbata- nas peitorais. Gasterosteus aculeatus (Linnaeus, 1758 )

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Gasterosteus aculeatus - Aspeto geral

Ameaças Conservação As principais razões que levaram Listada como Em Perigo no Livro 46 ao declínio desta espécie são: Vermelho de Vertebrados de introdução de espécies exóticas, Portugal e no Livro Vermelho de nomeadamente o lagostim de Espanha. água doce, que destrói as plan- Medidas de conservação passam tas submersas, utilizadas como por reduzir a poluição através do refúgio na época de reprodução. controlo e tratamento de efluen- A construção de infraestruturas tes. Corrigir os impactos deriva- hidráulicas tem levado à redu- dos das obras hidráulicas. Não ção do habitat. Aumento da dar concessões de rega quando poluição e extração de inertes e o nível das águas for muito bai- água. xo. Controlar as espécies exóti- cas. Reduzir os impactos de extração de inertes. Proteger as zonas húmidas e ribeirinhas.

Tainha, fataça ou muge

Nome Científico: torno da cabeça forma um Liza ramada ângulo obtuso. Apresenta uma boca transver- 6 Origem/Distribuição sal pequena, com capacidade de Espécie Nativa. Ocorre natural- se estender para a frente ou mente na costa Este do Atlânti- para baixo. Espécie de tom co, desde a Noruega até Marro- esbranquiçado e cinzento claro, cos. Presente também no Mar com 6 a 10 listas longitudinais Mediterrâneo e Mar Negro. Em mais escuras nos flancos. Portugal esta espécie encontra- se em toda a nossa costa e Habitat entra nos rios, normalmente, Ocorre em águas salobras onde até onde se fazem sentir a influ- possui hábitos mais bentónicos, ência das marés. porém, em águas doces vive junto à superfície. Exploram as Morfologia/Descrição zonas mais profundas das lago- Peixe de dimensões médias as. Sobrevive em meios de (comprimento máximo de 50 salinidade bastante baixa ou 47 cm) com duas barbatanas dor- mesmo nula. A tainha é ativa sais bem separadas, sendo a durante o dia, altura em que os primeira barbatana dorsal cons- adultos se alimentam de plantas tituída por 4-5 raios. A cabeça é e de invertebrados que suga do pontiaguda e achatada, o con- fundo. Tolerante à poluição.

Pormenor da cabeça- Tainha Liza ramada (Risso, 1827)

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Aspeto geral - Tainha

Reprodução Ameaças Espécie catádroma pois, quando Em Portugal, as principais causas adulta, efetua migrações dos de ameaça são a construção de rios ou estuários em direção ao obstáculos às rotas migratórias 48 mar para aí se reproduzirem (como as barragens e os diques), (setembro a fevereiro). Esta a destruição dos locais de deso- migração ocorre muitas vezes va, a pesca intensiva, a pesca em grandes cardumes, estende- ilegal e a poluição generalizada. se pelos meses de setembro a novembro e os reprodutores Conservação podem chegar até ao limite da A espécie Liza ramada encontra- plataforma continental, que na se listada como Pouco Preocu- nossa costa atinge uma profun- pante no Livro Vermelho dos didade de cerca de 200 metros. Vertebrados de Portugal.

Barbo-comum

Nome Científico: Habitat Luciobarbus bocagei Ocorre nos troços médios e inferiores dos rios e lagoas onde 6 Origem/Distribuição ocupa o fundo (bentónico), Espécie Nativa. Endemismo prefere zonas com pouca ou Ibérico. Ocorre na vertente moderada velocidade de cor- atlântica de Espanha e Portugal, rente (à exceção da época de muito comum em Portugal, reprodução). O habitat preferi- principalmente nas bacias hidro- do apresenta áreas com elevada gráficas da região norte. cobertura ripária de cursos de água permanentes com marca- Morfologia/Descrição das características lóticas e Espécie de tamanho médio (<50 reduzida instabilidade hídrica. cm) , que tem o perfil da cabeça Tem preferência por zonas mais ligeiramente convexo, parte profundas, com mais oxigénio e inferior da boca com dois pares substrato fino. Os juvenis ocor- de barbilhos. O lábio superior é rem em zonas com alguma grande e espesso estando o profundidade, próximas da 49 lábio inferior ligeiramente retra- margem e sem corrente, evitan- ído. Corpo fusiforme, ligeira- do habitats com muita cobertu- mente comprimido lateralmen- ra arbórea. Esta espécie é um te. A região dorsal é castanha- nadador ativo com grande capa- esverdeada e a ventral branca cidade de dispersão. ou avermelhada. Os juvenis apresentam manchas escuras na zona dorsal que desa- parecem quando adultos.

Barbo juvenil Luciobarbus bocagei (Linnaeus, 1758)

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Pormenor da boca e barbilhos - Luciobarbus bocagei 50 Reprodução Ameaças A época da reprodução ocorre Entre os principais fatores de de finais de abril a junho/julho; ameaça encontra-se a poluição; nessa altura os machos exibem a construção de barragens; a umas pontuações brancas à regularização dos cursos de volta das narinas designados de água; a extração de água e iner- tubérculos nupciais. Durante tes que provoca o aumento da este período realizam migrações turbidez e a destruição dos para montante surgindo em locais de desova e a introdução zonas de corrente rápida, onde de espécies exóticas. ocorre a desova, em locais de fundos constituídos essencial- Conservação mente por pedras e areia, zonas A espécie Luciobarbus bocagei de águas pouco profundas e encontra-se listada como Pouco ricas em oxigénio. Preocupante no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Boga

Nome Científico: Habitat Pseudochondrostoma polylepis Vive nos troços médios dos rios, em zonas com corrente mas 6 Origem/Distribuição também prolifera em barragens Espécie Nativa. Endemismo e lagoas. Esta espécie ocorre em Ibérico. Ocorre essencialmente habitats de maiores profundida- nas bacias hidrográficas do des, maiores velocidades de Norte. corrente exceto no verão, onde ocorre em zonas de menor Morfologia/Descrição profundidade e com pouca Espécie de tamanho médio, com corrente. Os juvenis preferem corpo alongado e esguio. A boca zonas com substrato fino e apresenta uma abertura retilí- baixas velocidades de corrente nea, o lábio inferior é grosso e enquanto que os adultos ocor- possui uma lâmina córnea de- rem em zonas mais profundas e senvolvida. A barbatana dorsal é sem abrigo. pequena com perfil côncavo. O seu traço mais saliente é a Barbatanas avermelhadas, a boca especializada em raspar caudal é pronunciadamente 51 material vegetal de pedras, tron- bifurcada. Corpo esverdeado e cos e outros suportes. Espécie dourado, com pequenas man- sensível à poluição. chas negras e muito evidentes.

Pseudochondrostoma polylepis Pseudochondrostoma polylepis (Steindachner, 1864 )

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Aspeto geral - boga

Reprodução Ameaças Alcançam a maturidade sexual Perda de habitat devido à cons- entre os 3 e os 4 anos quando trução de infraestruturas hidráu- têm cerca de 10-12 cm de com- licas. Aumento da poluição in- primento. Espécie potamódro- dustrial, urbana e agrícola. Intro- ma, efetua migrações logo no dução de espécies piscívoras início da Primavera para execu- exóticas. Destruição de habitat 52 tar a desova, a montante dos devido à extração de inertes e cursos de água com pouca pro- água. A extração de inertes leva fundidade e de fundos de areia e à destruição das zonas de habi- cascalho onde se dá a fecunda- tat quer pela colmatação quer ção externa. pela destruição física destas zonas. Inexistência de passagens adequadas para peixes nas bar- ragens.

Conservação Espécie listada como Pouco Preocupante no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Peixe-gato-negro

Nome Científico: acastanhados ou ligeiramente Ameiurus melas esverdeados no dorso e claros no ventre. Nas barbatanas pei- 6 Origem/Distribuição toral e dorsal tem um forte e Espécie Exótica originária da aguçado raio espinhoso, que América do Norte. Atualmente pode ferir e causar sensações parece encontrar-se em plena dolorosas nos predadores. fase de expansão na Península Ibérica. Em Portugal a informa- Habitat ção sobre a existência do peixe- O peixe-gato vive nos fundos gato é ainda reduzida, existindo das lagoas, rios e barragens, relatos da sua ocorrência no pois, esta espécie prefere zonas Tejo e Guadiana, e mais recen- de corrente lenta e fundos de temente nas lagoas de Mira. areia ou vasa. O peixe-gato é extremamente resistente à Morfologia/Descrição poluição, escassez de oxigénio e Peixe de tamanho médio (<50 altas temperaturas (30oC). Está cm), com uma boca bastante mais ativo durante a noite. O 53 larga, com pequenos dentes, de peixe-gato tem uma alimenta- onde se destacam oito barbilhos ção generalista, predominante- bastante desenvolvidos. Com mente omnívoro, ingerindo um corpo desprovido de esca- plantas, invertebrados e peixes. mas e ligeiramente viscoso possui cores escuras em tons

Pormenor dos barbilhos - Peixe-gato-negro Ameiurus melas (Rafinesque, 1820)

Reprodução Impactes A época de reprodução dá-se a O peixe-gato-negro reduz de finais de Primavera e princípios forma bastante considerável a do Verão. As fêmeas cavam um biodiversidade dos habitats, 7 buraco no substrato entre a uma vez que é considerado um vegetação que serve como ni- predador muito voraz, e a sua nho. O casal descreve círculos alimentação é à base de peque- entre si até que a fêmea deposi- nos peixes, ovos de outras espé- ta os ovos no ninho, entre 2000 cies piscícolas e pequenos crus- a 5000 ovos, os quais ficam ao táceos. cuidado do macho até a eclosão, que ocorre 5 a 7 dias depois.

Aspeto geral - Ameiurus melas

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Introduzido em muitos países como um predador das larvas de mosqui- to. Mais tarde confirmou-se que esta medida foi um tremendo erro, devido à sua alta capacidade de adaptação, esta espécie transformou-se numa verdadeira "praga", pois além de se alimentar das larvas de mos- quito, também preda todos os alevins de outros peixes do seu habitat, reduzindo drasticamente as suas populações. Pimpão

Nome Científico: chamativos, usado como peixe Carassius auratus ornamental. Supõe-se que este fenómeno é devido às diferen- 6 Origem/Distribuição ças existentes no tipo de ali- Espécie Exótica com origem na mentação no cativeiro e no China. No nosso país encontra- meio natural. Alimenta-se, se praticamente em todas as junto ao fundo e consome prin- bacias hidrográficas. cipalmente material vegetal. Também podem fazer parte da Morfologia/Descrição sua dieta larvas de insetos. Espécie de tamanho médio (<50 cm), com uma barbatana dorsal Habitat comprida com pelo menos o O pimpão habita preferencial- dobro do comprimento da anal. mente em águas paradas, pouco Cabeça grande relativamente ao profundas e ricas em vegetação. tamanho do corpo, apresentan- É igualmente uma espécie bas- do uma boca pequena, terminal tante resistente a diversos tipos e sem barbilhos. Coloração de contaminação das águas ou a 55 variável entre castanho esver- baixos níveis de oxigenação. deado e dourado, existindo formas com cores e aspetos

Aspeto geral - Pimpão Carassius auratus (Linnaeus, 1758)

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Carassius auratus - Pormenor da cabeça

Reprodução Impactes A primeira maturação sexual Promove o desequilíbrio nos ocorre aos 3 anos. A desova ecossistemas onde é introduzido ocorre nos meses de maio a devido aos seus hábitos alimen- 56 junho quando a temperatura da tares vorazes, um peixe omnívo- água ronda os 18oC. Os ovos são ro, baseando a sua alimentação colocados em águas pouco pro- em plâncton, larvas de insetos e fundas com uma vegetação de algumas plantas aquáticas ou densa e abundante e boa exposi- algas. A sua introdução está ção à luz solar, ficando presos às diretamente relacionado com a folhas das plantas aquáticas. As pesca desportiva uma vez que é fêmeas podem chegar a libertar muito utilizado como isco vivo e cerca de 200 000 ovos. Os ale- com o seu uso como espécie vins eclodem ao fim de cinco a ornamental. oito dias permanecendo numa fase inicial agarrados às plantas. Durante o Inverno permanece quase totalmente enterrado nos fundos vasosos reduzindo a sua atividade. Carpa

Nome Científico: Habitat Cyprinus carpio A carpa vive sobretudo em águas paradas, lagoas ou albu- 6 Origem/Distribuição feiras, ou com pouca velocidade Espécie Exótica com origem na de corrente e com vegetação Europa Oriental e Ásia Ociden- abundante, preferindo rios com tal. Em Portugal existem atual- grandes profundidades. É uma mente numerosas populações espécie bentónica que ocorre em praticamente todas as baci- nas zonas litorais dos rios, bar- as hidrográficas. ragens e lagoas e raramente ocorre em zonas com uma pro- Morfologia/Descrição fundidade inferior a 1 metro. Corpo arredondado, de tama- nho médio a grande (>50 cm), coberto de escamas grandes. Tolera salinidade, turvação, Boca terminal proeminente com águas pouco oxigenadas e algu- dois pares de barbilhos, um de ma poluição aquática. Consegue cada lado da boca. A barbatana prosperar em habitats degrada- 57 dorsal é longa e com raios. dos. Dorso castanho esverdeado com flancos dourados e ventre amarelado.

Pormenor da coloração - Cyprinus carpio Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758)

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Aspeto geral - Cyprinus carpio

Reprodução de perturbação para os habitats, Atinge o estado adulto por volta comunidades bentónicas de dos 4 anos e tem o hábito de se macroinvertebrados, vegetação reproduzir com grande frenesim subaquática enraizada, macrófi- 58 em locais de pouca profundida- tas, originando também altera- de e com abundante vegetação ções na qualidade da água atra- aquática ou submersa, quando a vés da libertação de nutrientes e temperatura da água chega aos de partículas em suspensão 18/19oC, de abril a junho. (turvação). As fêmeas realizam várias postu- A carpa reduz consideravelmen- ras durante a época de reprodu- te a biodiversidade dos habitats ção. invadidos, nomeadamente ma- crófitas e macroinvertebrados, Impactes provoca perturbações na restan- A introdução da carpa contribuiu te cadeia trófica e origina declí- para a redução da qualidade da nios na biodiversidade de peixes água e degradação de habitats nativos e anfíbios. aquáticos. O hábito de agitar o fundo em busca de alimento, constitui uma importante fonte Gambúsia

Nome Científico: Habitat Gambusia holbrooki Vive em troços de águas lentas e temperadas, característicos de 6 Origem/Distribuição vegetação abundante e baixa Espécie Exótica oriunda dos profundidade. Adapta-se muito Estados Unidos da América. Em bem a ambientes perturbados e Portugal está presente em condições adversas como sejam praticamente todos os sistemas temperaturas elevadas e águas aquáticos. pouco oxigenadas. Esta espécie é também comum em ambien- tes salobros. Foi introduzida na Europa no início do século XX para comba- ter os mosquitos vetores da malária, pois alimenta-se das larvas de mosquito.

Morfologia/Descrição 59 Espécie de reduzidas dimen- sões, com barbatana caudal homocerca e abertura bocal dorsal com a maxila inferior proeminente. As fêmeas quan- do estão sexualmente ativas apresentam uma mancha negra na zona ventral, estas são geral- mente maiores que os machos e com o ventre mais dilatado. No macho o raio da barbatana anal transforma-se em órgão copula- Mancha negra na zona ventral dor, de forma a ocorrer fertiliza- ção interna.

Gambusia holbrooki (Girard, 1859 )

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Gambusia holbrooki – Aspeto geral

Reprodução Impactes Espécie vivípara de elevada Espécie muito voraz, que se fecundidade, com uma gestação alimenta de praticamente todos que varia de duas semanas a um os pequenos animais aquáticos, 60 mês, que no término leva à sobretudo macroinvertebrados, libertação média de 30 alevins. peixes juvenis e ovos, colocando Possui uma enorme facilidade assim, o ecossistema em dese- de reprodução e tem a capacida- quilíbrio. É uma espécie canibal, de de proliferar de tal forma que uma vez que preda a própria pode constituir uma praga. A descendência. época reprodutiva vai normal- mente de abril a outubro.

Inserida pelo Grupo Especialista em Invasões Biológicas nas 20 espécies exóticas de maior impacto em Espanha e na lista da IUCN como uma das 100 espécies invasoras mais prejudiciais. Perca-sol

Nome Científico: Lepomis gibbosus

6 Origem/Distribuição Espécie Exótica originária da América do Norte. Em Portugal, a Perca-Sol aparece em todas as bacias hidrográficas sendo mais numerosa em algumas áreas consoante as condições naturais que aí encontra e em função do resultado do seu processo re- Pormenor da mancha negra produtivo. Habitat Morfologia/Descrição Coloniza frequentemente habi- Espécie que pode medir entre tats lênticos com águas pouco 10 e 30 cm. Corpo fortemente profundas e com muita vegeta- comprimido lateralmente, em ção, quer em albufeiras e lago- 61 forma oval. Bandas azuladas as quer em rios e ribeiras com que irradiam da cabeça até aos corrente fraca. flancos. Mancha negra e verme- Durante a época de reprodução lha na parte posterior do opér- constroem ninhos em fundos de culo e ventre amarelado. A areia e gravilha. O ninho que barbatana dorsal é grande e consiste numa depressão é com raios espinhosos muito escavado no fundo pelo macho. cortantes. Nos rios nidificam junto a vege- tação de macrófitas aquáticas submersas, enquanto que nas Pormenor da barbatana dorsal barragens nidificam em zonas descobertas menos profundas com declive suave, com areia e cascalho fino e médio.

Esta espécie suporta níveis bai- xos de oxigénio e altas tempera- turas. Lepomis gibbosus (Linnaeus, 1758)

Reprodução Impactes Ocorre entre maio e junho e Espécie altamente territorial, quando a temperatura da água compete com qualquer outro atinge 16 a 18ºC em locais de que tente ocupar o seu 7 fraca corrente e de baixa profun- habitat, especialmente na altura didade. Os ovos são depositados da reprodução. Os seus hábitos em pequenas escavações feitas alimentares causam também nos fundos arenosos. Após a sérios problemas sobre as espé- postura a fêmea é expulsa do cies piscícolas nativas, uma vez ninho, ficando os ovos sob a que se alimentam dos peixes vigilância do macho, este assu- jovens e dos seus ovos. me um comportamento territo- rial, protegendo assim os ovos e os juvenis ate às 4 semanas.

Esta espécie constitui uma das mais sérias ameaças à conservação de peixes nativos. 62

Perca-sol - Aspeto geral Achigã

Nome Científico: Tem uma barbatana dorsal Micropterus salmoides dividida em duas partes, sendo a primeira constituída por raios 6 Origem/Distribuição espinhosos. Possui um aspeto Espécie exótica originária dos claramente agressivo. Estados Unidos da América e sul do Canadá. O achigã foi introdu- Habitat zido em Portugal no início do Peixe sedentário que prefere séc. XX, encontrando-se atual- águas quentes, límpidas, com mente por todo o país. Ocorre vegetação abundante e corren- com maior abundância na bacia te escassa, como lagoas. Nos hidrográfica do Tejo e a sul rios coloniza tipicamente as desta. zonas média e terminal. Os juvenis ocorrem em zonas me- Morfologia/Descrição nos profundas enquanto os Corpo altivo e alongado, de adultos em zonas mais profun- tamanho médio (<50 cm), cabe- das. Habitualmente vive solitá- ça grande e boca larga com rio ou em pequenos grupos. 63 numerosos e minúsculos den- tes, a maxila inferior proemi- nente e mais saliente do que a Espécie de superfície, raramente superior. Possui um dorso e ocorre a profundidades superio- cabeça de coloração verde res a 6 metros, vive perfeita- azeitona, com flancos dourados mente em águas salobras. e ventre branco. A linha lateral é caracterizada por ter manchas castanhas ou negras.

Aspeto geral - Achigã Micropterus salmoides (Lacepède, 1802)

Reprodução Impactes Durante o período de reprodu- O achigã quando adulto assume ção, de abril a junho, o macho um papel de predador muito tem um comportamento territo- voraz, alimentando-se preferen- 7 rial, protegendo o ninho até os cialmente de outros peixes e alevins terem 3 a 4 semanas de crustáceos, mas também de idade. Após este período, per- insetos aquáticos. Exerce uma manecem em cardumes pouco forte pressão de predação sobre numerosos durante aproximada- as comunidades invadidas e mente 2 ou 3 meses. promove a redução ou extinção A desova ocorre quando a tem- de populações locais de peixes, peratura da água atinge os 16 a fazendo com que efeitos sejam 18ºC, em locais de fraca corren- refletidos para toda a comunida- te e pouca profundidade. A de e ecossistema. postura realiza-se em ninhos feitos pelos machos sobre cama- das de pedras, cascalho, areia ou Ao contrário da maioria das entre raízes aquáticas, ficando espécies autóctones consegue os ovos aderidos ao substrato. O adaptar-se muito bem a ecossis- 64 ninho é vigiado pelo macho que temas alterados pelo homem, tende a agitar-se constantemen- como as barragens. te para melhor oxigenação dos ovos.

Micropterus salmoides - Pormenor cabeça LISTA DE ICTIOFAUNA

Lagoa Lagoa Lagoa das Barrinha Taxa de da Braças de Mira Mira Vela X X X X Anguilliformes X X X - Anguillidae X X X - Anguilla X X X - Anguilla anguilla X X X - X X - X X - Cobitis - X X - Cobitis paludica - X X - Cyprinidae X X X X Achondrostoma - X - - Achondrostoma oligolepis - X - - Carassius - X - - Carassius auratus - X - - 65 Cyprinus X X X X Cyprinus carpio X X X X Luciobarbus - X X - Luciobarbus bocagei - X X - Pseudochondrostoma - X X - Pseudochondrostoma duriense - X X - Cyprinodontiformes X X X X Poeciliidae X X X X Gambusia X X X X Gambusia holbrooki X X X X Gasterosteiformes - X X - Gasterosteidae - X X - Gasterosteus - X X - Gasterosteus aculeatus - X X - LISTA DE ICTIOFAUNA

Lagoa Lagoa Lagoa das Barrinha Taxa de da Braças de Mira Mira Vela Perciformes X X X X 7 Centrarchidae X X X X Lepomis X X X X Lepomis gibbosus X X X X Micropterus X X X X Micropterus salmoides X X X X Mugilidae - X X - Liza - X X - Liza sp. - X X - Siluriformes - X - - Ictaluridae - X - - Ameiurus - X - - Ameiurus melas - X - - 66 MACRÓFITOS

Bolboschoenus maritimus - Lagoa da Vela

MACRÓFITOS

Designam-se por macrófitos as plantas visíveis a olho nu do grupo das macroalgas, das divisões dos briófitos (musgos), pteridó- 6 fitos (fetos) e espermatófitos (plantas com semente, subdivididos em gimnospérmicas - maior parte das resinosas, como o pinheiro- bravo, e angiospérmicas – as que dão flores) que vivem no sistema fluvial. Os macrófitos desempenham papéis fulcrais na cadeia trófi- ca, com a depuração e reinserção de nutrientes no meio; constitu- em proteção e microhabitats para diversos seres vivos; proporcio- nam ensombramento e estabilizam as margens. Fisionomicamente consideram-se, da forma mais genérica, macrófitos aquáticos, anfíbios e terrestres. Mais tecnicamente, os hidrófitos vivem apenas na coluna de água, incluindo as suas raízes. Helófitos são aqueles que têm a parte superior emersa e normal- mente enraízam na vasa. Dos terrestres, são higrófitos aqueles que vivem em terrenos encharcados ou em ambiente húmido e os res- tantes são classificados com outros termos, segundo a posição e distância das suas gemas de renovo em relação à linha do solo, tendo em consideração a longevidade da planta. As plantas lenho- sas da galeria ripícola Canal colonizado por várias espécies de mácrofitos 69 são classificadas desta forma por caméfitos (gemas até 0,5 m acima do solo) e fanerófitos (gemas a mais de 0,5 m do solo).

MACRÓFITOS

A região estudada apresenta formações dunares e lagoas de água doce a escassos 5 km (em média) da linha de costa. Atestando estas singularidades, a flora aqui presente tem características pecu- 7 liares. Nas formações dunares ocorrem 4 endemismos: Halimium multiflorum; Iberis microcarpa; UIex latebracteatus; Myrica faya (esta última considerada por alguns como endémica apenas da Macaronésia) e, nas lagoas, ocorrem outros 2: Rhynchospora rugo- sa e Scrophularia frutescens. Todos estes restritos a uma franja do litoral Oeste da Península Ibérica. Ocorre ainda nas matas com alguma humidade relativa, uma madressilva endémica do Centro e Sul da Península e Noroeste de África, Lonicera hispanica. Todo o litoral português tem mais ou menos quantidade de plantas exóticas introduzidas por razões e em tempos diversos. Compõem, nesta zona, cerca de 12% dos taxa encontrados. Nas dunas e matas aponta-se indiscutivelmente uma árvore mimosa, Acacia longifolia, com densidades e coberturas muito elevadas, formando por vezes extensos bosques pouco diversos; nas lagoas aparecem a Erva-pinheirinha (Myriophyllum aquaticum) e o Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) com moderada expressi- vidade. Estes fatores contribuem para uma perda de identidade 70 desta região.

Tapete formado por Myriophyllum aquaticum e Eichhornia crassipes Cárice

Nome Científico: Carex trinervis Degl. in Loisel.

6 Origem/Distribuição Espécie endémica da costa Oeste da Europa. Espécie rara em Portu- gal que pode encontrar-se ao longo de uma estreita faixa costeira entre Porto e Leiria.

Morfologia/Descrição Erva perene, cespitosa, que forma tufos e possui um rizoma de entre- nós compridos. Caules até 40 cm, lisos ou com alguma rugosidade. Folhas rígidas, alternas, dispostas Espiga - Carex trinervis ao longo do caule, as basais com as bainhas e limbo castanhos, este mais curto que nas folhas médias e superiores, que são canaliculadas pelas nervuras (paralelas), estreitas e compridas, lisas ou ásperas nas margens, verdes mas algo esbran- quiçadas. Inflorescências terminais 71 (com bráctea inferior mais compri- da que a inflorescência) dispostas em cacho de espigas de flores unissexuais, as superiores masculi- nas. O fruto é um aquénio em forma de ovo e escuro.

Habitat Surge sobretudo nas margens de Aspeto geral - Carex trinervis lagoas costeiras e areais.

Erva-mata-pulgas

Nome Científico: todos densamente cobertos em Dorycnium rectum (Linnaeus) Ser. ambas as páginas por pelos longos e macios. As flores, rosa- Origem/Distribuição das, agrupam-se em inflores- 7 Espécie originária da região cências arredondadas, com 15 a Mediterrânica, ocorre em Portu- 35 flores. O fruto caracteriza-se gal no Litoral Centro, onde é por uma vagem cilíndrica, gla- muito frequente, porém tam- bra, castanho-arroxeada com 7 bém surge no Sul. a 9 sementes. A floração ocor- re de maio a julho.

Habitat Matagais, juncais e comunida- des herbáceas altas em margens de cursos de água, lagoas e charcos. Em substratos básicos ou ácidos.

Inflorescência - Erva-mata-pulgas

Morfologia/Descrição Erva perene ou subarbusto até 2 72 m, muito ramificado, com cau- les eretos ou ascendentes com numerosas ramas laterais oblí- quas, entrenós maiores que as folhas, compostas por 5 folíolos de duas formas: os dois basais ovados, agudos, com base assi- Aspeto das folhas - Dorycnium rectum métrica, os três restantes, ova- do-espatulados, mucronados, Sargaça, Sargaça-amarela

Nome Científico: e 5 pétalas amarelas até 1,5 cm, Halimium halimifolium subsp. largas e geralmente algo imbri- multiflorum(Salzm. ex Dunal) Maire cadas. Possui numerosos esta- 6 mes e 1 estilete curto ao centro Origem/Distribuição com estigma capitado. O fruto é Espécie Nativa. Em Portugal uma cápsula com 3 lóculos encontra-se distribuído desde o parcialmente envolvida pelas sudoeste alentejano até à Beira sépalas internas acrescentes; Litoral numerosas sementes. Floração: março a julho. Morfologia/Descrição Arbusto ou subarbusto até 100 Habitat cm de altura, ramoso e ereto, Ocorre preferencialmente em com folhas elípticas, oblongas dunas e matagais costeiros, ou espatuladas de cor verde porém também ocorre na orla claro acinzentado, com densos ou em clareira de pinhais, so- pelos curtos, estrelados. Inflo- breirais e eucaliptais. Em solos rescências terminais, por vezes arenosos, perto do litoral. densas na parte superior, glan- dulosas, com flores de 5 sépalas

Sargaça-amarela em floração 73 Assembleias

Nome Científico: Iberis procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva 7 Origem/Distribuição Espécie Endémica da costa entre a Estremadura e Beira Litoral. Ocorre essencialmente no lito- ral, em arribas e areais.

Morfologia/Descrição Planta herbácea que atinge os Aspeto geral - Assembleia 40cm, perene, lenhosa na base e com alguns caules parcialmente As flores agrupam-se em inflo- deitados. Apresenta várias rami- rescências semelhantes a ca- ficações, cujos ápices caulinares chos, em que os pecíolos têm são característicos pelas rosetas comprimentos desiguais mas de folhas. As folhas são ligeira- arranjam-se de forma a que as mente carnudas, de forma oval flores fiquem mais ou menos no espatulada, geralmente providas mesmo plano. Cada uma das de pelos finos, nas margens. pequenas flores tem 4 pétalas dispostas em forma de cruz, com 4 sépalas, brancas ou rosadas, Pormenor da flor - Assembleia alternadas entre elas e 6 esta- mes, com nectários. Floração: 74 abril a julho.

Habitat Ocorre preferencialmente em dunas, encostas marítimas e terrenos incultos, com especial preferência pelos solos calcários.

Madressilva, Madressilva-das-boticas

Nome Científico: Lonicera periclymenum subsp. hispanica (Boiss. et Reut.) Nyman 6 Origem/Distribuição Espécie que ocorre desde o centro norte da Península Ibérica até ao noroeste de Áfri- ca. Em Portugal encontra-se distribuída por todo o território.

Morfologia/Descrição Arbusto trepador que chega a Aspeto geral - Madressilva atingir os 6 m. Caules volúveis, ocos, pelosos sobretudo para o Habitat ápice, com pelos glandulosos ou Espécie presente em silvais e não, com folhas opostas e peci- matagais densos. A planta dá-se oladas. Estas são caducas, geral- bem tanto em solos alcalinos mente ovadas e agudas, inteiras como em solos ácidos, assim e descolores (verde escuro na como prospera tanto em locais página superior, esbranquiçadas sombrios como expostos. É uma e muito pelosas, na página planta muito visitada por borbo- inferior). As flores, hermafrodi- letas diurnas, e noturnas. Ofere- tas, apresentam-se como tubos ce um bom local para as aves 75 rosados que abrem em pétalas nidificarem. brancas ou amareladas o seu odor é agradavelmente adocica- Pormenor da flor - Madressilva do, por esse motivo são procu- radas por insetos voadores. Floração: maio a julho.

Faia, Samouco

Nome Científico: Myrica faya Aiton

Origem/Distribuição 7 Espécie Nativa. Macaronésia e Portugal, onde ocorre em areais e matas litorais desde a Beira Litoral ao Algarve.

Morfologia/Descrição Samouco em frutificação Árvore ou arbusto em geral dióico com ritidoma liso e cin- arroxeadas quando maduras. zento, gretado quando velho; Floração: maio a junho. ramas castanhas e copa ovóide. Folhas curtamente pecioladas, Habitat glabras, de lanceoladas a oblan- Bosques da Laurissilva, matagais ceoladas, com recorte marginal termófilos em barrancos e em pouco pronunciado a inteiras, dunas, por vezes, no subcoberto cor verde-vivo e brilhante na de pinhais algo perturbados. página superior; mais claras, mates, e ponteadas de glândulas Aspeto geral - Myrica faya na página inferior. Inflorescên- cias em amentilhos. Os amenti- lhos masculinos com ramifica- ções curtas e espiciformes de 76 várias flores compactas, amare- las a esverdeadas, que possuem uma bráctea e 4 estames. Amen- tilhos femininos de eixo escamo- so com glomérulos densos de 3 a 4 flores rosadas envoltas por bractéolas. Infrutescências qua- se esféricas, irregularmente lobadas e carnudas, negro-

Nenúfar-branco

Nome Científico: Floresce e frutifica de março a Nymphaea alba Linnaeus outubro. O fruto amadurece debaixo de água libertando 6 Origem/Distribuição depois as sementes que, sendo Espécie Nativa. Ocorre desde o flutuantes, facilitam a sua dis- Norte a Sul de Portugal, encon- persão. tra-se distribuída por toda a Europa, Norte de Africa e oeste Habitat da Ásia. Planta originária de clima tem- perado, tolera baixas tempera- Morfologia/Descrição turas e prefere um clima ameno. Planta aquática perene de folhas Ocorre sobretudo em habitats carnudas e cerosas, de tonalida- de água doce estagnada ou de de verde-escuro na página supe- corrente fraca, essencialmente rior e avermelhada na página nas lagoas. inferior, apresentando até 30 cm de largura. As flores solitá- rias surgem em longos pedúncu- los, são brancas com muitos estames e anteras amarelas.

Nenúfar-branco pormenor da flor e aspeto sobre a superfície da água 77

Caniço

Nome Científico: Phragmites australis (Cav.) Trin. ex Steud. 7 Origem/Distribuição Espécie Nativa Cosmopolita de caracter invasivo. Em Portugal é Caniçal vulgar em todo o território, exceto nas zonas de maior altitu- Habitat de. Ocorre em locais permanente- mente encharcados, como cur- Morfologia/Descrição sos de água de corrente fraca, Planta vivaz de colmos lenhifica- lagoas, açudes, zonas estuarinas dos que atingem os 4 m de altu- e lagunares, com níveis médios a ra, possui rizomas compridos e elevados de nutrientes, tolera rastejantes. As flores são herma- alguma salinidade. froditas, dispondo-se em peque- Em zonas sob forte pressão nas espigas reunidas em panícu- antrópica forma extensos cani- las plumosas com comprimento çais. que chega a atingir os 50 cm, frequentemente acastanhadas O caniço é uma das plantas mais ou purpúreas, as folhas são utilizadas no tratamento de alternas, largas, lineares a linear- águas residuais, devido à capaci- lanceoladas, maiores na parte dade de absorver poluentes superior. orgânicos e metais pesados. 78 Pormenor da espiga - Phragmites australis

Nome comum desconhecido

Nome Científico: Surge sob a forma de turfeiras Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale em areias, terrenos alagados e outros locais húmidos e panta- 6 Origem/Distribuição nosos perto do litoral. Espécie Nativa. Ocorre no nosso país em zonas muitos restritas ao longo do litoral. Presente no litoral atlântico da Península Ibérica e Noroeste de África.

Morfologia/Descrição Planta perene, rizomatosa, e densa. Caules de forma trigonal que atingem os 90 cm. As folhas, normalmente basais, apresen- tam-se com uma forma canalicu- lada, por vezes ocorrem mesmo enroladas, têm ainda a particula- ridade de apresentar uma certa rugosidade junto às margens. A época de floração dá-se entre maio a setembro. Inflorescências formadas por 3 a 5 cimas de Aspeto geral- Rynchospora rugosa poucas espiguetas, distanciadas. 79 Espiguetas fusiformes, com Pormenor da inflorescência glumas em espiral, ovais e agu- das, normalmente escuras, que encerram 0 a 5 cerdas que cons- tituem o recetáculo floral, cons- tituído por 1 a 3 estames e um ovário com estilete apical de base triangular e 2 estigmas.

Habitat

Salgueiro-anão, Salgueiro-rastejante

Nome Científico: nas, porém ocorrem opostas por Salix repens Linnaeus vezes na base, serradas a intei- ras, de forma variável desde Origem/Distribuição obovadas a lanceoladas, com 7 Espécie Nativa. Presente na ápice agudo recurvado, base Península Ibérica em areais de arredondada, verde-escuras na dunas costeiras. Em Portugal página superior e esbranquiça- ocorre no Minho e Beira Litoral. das na página inferior. Flores constituídas por um disco nec- Morfologia/Descrição tarífero reduzido a uma ou duas Arbusto de folha caduca que glândulas. Fruto, 1 cápsula val- alcança 1 m. Caules enraizantes, var com numerosas sementes rastejantes a decumbentes, com que se dispersam com penacho ramas eretas. Ramas adultas de pelos. A época de floração castanho-avermelhadas a violeta ocorre entre abril e junho. ou negras, cujo ritidoma se exfolia quando atinge um estado Habitat considerado adulto. Folhas alter- Habita preferencialmente em areais de dunas costeiras, orlas de pântanos e prados húmidos mais interiores.

Salgueiro-anão - pormenor folhas 80

Pormenor das flores masculinas

Nome comum desconhecido

Nome Científico: Schoenoplectus pungens (Vahl) Palla 6 Origem/Distribuição Espécie Nativa. Planta cosmopo- lita, com ampla distribuição (Europa Ocidental, América e Oceânia). Em Portugal é encon- trada no litoral do Algarve e entre a Beira Litoral e Minho.

Aspeto geral Morfologia/Descrição Erva perene até 1,5 m, de rizo- agudamente trigonais, às vezes ma com entrenós compridos e escábridos no ápice. Folhas caules até 5 mm de largura, basais reduzidas a baínhas, e 1 a 4 folhas caulinares com limbo desenvolvido, geralmente maior que a baínha, algo rígidas, de secção triangular, que podem ser ásperas para o topo. Inflorescência de aparência lateral constituída por um fascí- Escrofulária culo de espiguetas sésseis (1 a 81 4, raramente até 6). Os frutos são aquénios obovoides, plano- convexos, oliváceo-escuros a amarelados. Floração de julho a agosto.

Habitat Matagais, zonas encharcadas, margens de cursos de água ou Espiguetas lagoas, arrozais.

Escrofulária-das-praias

Nome Científico: com os lóbulos laterais esbran- Scrophularia frutescens Linnaeus quiçados, dispostas em cimeiras var. latifoliaBenth. (3 a 15 flores) agrupadas em inflorescências em cacho. 7 Origem/Distribuição Floração: março a junho. Espécie distribuída pelo Noroes- te de África e Península Ibérica. Em Portugal ocorre ao longo do Escrofulária-das-praias - flores litoral, desde o Minho até ao Algarve .

Morfologia/Descrição Subarbusto que pode atingir cerca de 70cm, apenas lenhoso na base. Caules quadrangulares, muito ramificados. Folhas car- nudas opostas, arredondadas, cuneiformes na base e obtusas no ápice, geralmente inteiras, de nervação reticulada e recorte marginal serrado. Flores com corola bilabiada de cor roxa,

Escrofulária-das-praias - aspeto geral Habitat Areias litorais e dunas consoli- 82 dadas na zona costeira. É consi- derada como espécie psamófila (desenvolve-se normalmente em terrenos arenosos). Ocorre igualmente, embora menos frequentemente nas margens de cursos de água. Tábua-estreita, Foguetes

Nome Científico: águas muito ricas em nutrientes Typha domingensis (Pers.) Steud. ou mesmo contaminadas com poluentes. 6 Origem/Distribuição Espécie Nativa, possivelmente cosmopolita na atualidade. Em Portugal ocorre por praticamen- te todo o território à exceção do litoral Norte.

Morfologia/Descrição Planta aquática, herbácea, emer- gente, perene, que atinge 2,5m de altura. As inflorescências são formadas por uma espiga femini- na, larga e em posição inferior, e uma espiga masculina mais estreita e em posição superior. A espiga feminina é por norma 10 ou mais vezes mais comprida que larga, castanho escura, e Pormenor da espiga separada da espiga masculina por 0,6 a 6 cm. As folhas estrei- tas (5 a 15 mm) igualam ou exce- Aspeto geral - Typha domingensis 83 dem a altura das espigas. Flores- ce de julho a novembro.

Habitat Ocorre em valas e leitos de cur- sos de água lênticos, charcos, lagoas, lagos e outros locais com água abundante. Em solos com água abundante durante a maior parte do ano. Prosperam em Tojo-arnal-do-litoral

Nome Científico: opostas, é amarelo e peludo. A Ulex europaeus Linnaeus subsp. corola tem 5 pétalas, uma mai- latebracteatus (Mariz) Rothm. or, externa e superior cobrindo duas pétalas laterais e duas 7 Origem/Distribuição internas e inferiores. Espécie Endémica da Península Fruto em forma de vagem pelo- Ibérica. Ocorre em Portugal com sa e séssil, comprimida lateral- mais expressão no litoral Norte, mente, com 2 a 8 sementes. porém também se encontra no Tojo-arnal-do-litoral - aspeto geral litoral Centro.

Morfologia/Descrição Arbusto que pode atingir 250 cm de altura, ereto, rígido, muito denso, perene, com rebentos novos verde escuros e folhas transformadas em espinhos de forma linear e dispostos alterna- damente nos caules. As flores, Habitat de um amarelo brilhante, são Charnecas (tojais, urzais) e orlas por vezes solitárias e axilares de bosques e pinhais. Também mas quase sempre estão reuni- em locais perturbados como das em cacho, no extremo dos taludes de estrada e campos ramos. O cálice, formado por 5 agrícolas abandonados. Em sépalas divididas em duas partes substratos ácidos, em zonas 84 perto do litoral. Adaptam-se Tojo-arnal-do-litoral - inflorescência perfeitamente a solos pobres e secos tendo desenvolvido um sistema radicular profundo adaptados a ambientes secos. Aquando da floração liberta um odor muito característico e intenso. Têm ainda a particulari- dade de ser muito resistente.

Acácia-de-espigas

Nome Científico: Ocorre sobretudo em dunas Acacia longifolia (Andrews) Willd. costeiras, e margens de linhas de água. Encontra-se também 6 Origem/Distribuição em zonas adjacentes às vias de Espécie Exótica Invasora originá- comunicação e áreas de monta- ria do Sudeste da Austrália, tem nha. grande expressão no Norte e Características Invasoras Oeste da Península Ibérica. Pormenor da flor- Acacia longifolia

Morfologia/Descrição Arbusto ou árvore de pequeno porte, atinge um máximo de 8 m. Folhas perenes, reduzidas a filódios laminares, oblongos- lanceolados, com 2 a 4 nervuras longitudinais. Flores amarelo- vivo reunidas em espigas axila- res, constituídas por 4 sépalas. Forma povoamentos muito Vagens cilíndricas, contorcidas densos, o que impede o desen- durante a maturação. volvimento da vegetação nativa. Habitat Produz muitas sementes, que Vagens - Acacia longifolia têm a particularidade de se manterem viáveis no solo du- rante vários anos. Surge fre- 85 quentemente após a ocorrência de um incêndio. Produz muita folhada rica em azoto, o que promove a alteração das carac- terísticas do solo, possui ainda uma taxa de crescimento eleva- da. A razão da sua introdução está relacionada com fins orna- mentais e para controlo da erosão, essencialmente nas dunas costeiras. Jacinto de água

Nome Científico: Eichhornia crassipes (Mart.) Solms

Origem/Distribuição 7 Espécie Exótica originária da bacia Amazónica, na América do Sul. Em Portugal encontra-se nas zonas litorais , mas também em zonas mais interiores como Ribatejo e Alto Alentejo. Jacinto de água

Morfologia/Descrição Características Invasoras Erva aquática rizomatosa, geral- Reproduz-se facilmente tanto mente flutuante. As folhas são por semente como vegetativa- pecioladas e apresentam um mente, por rizomas ou peque- limbo com 15 cm de compri- nos fragmentos. Possui um mento máximo. Como inflores- crescimento extremamente cência, que ocorre entre junho e rápido, formando tapetes que julho, apresenta uma espiga podem cobrir totalmente a com aproximadamente 15 cm superfície da água. Apesar de composta por 8 a 12 flores azul- ser uma espécie aquática sobre- violáceas e anteras amarelas, vive em terra se existir muita matizadas de azul. água.

Inflorescência - Jacinto de água Impactes 86 A proliferação desta espécie causa problemas ecológicos graves, devido ao fato de cobrir a superfície da água, o que reduz de forma considerável a qualidade da água, a biodiversi- dade, a luz disponível e o fluxo de água evitando o crescimento da vegetação aquática imersa, e aumenta a eutrofização. Mióporo

Nome Científico: Habitat Myoporum laetum G. Forst. Cultivada como ornamental e naturalizada junto a caminhos e 6 Origem/Distribuição campos de cultivo. Sensível a Espécie Exótica. Originária da geadas quando jovem, suporta a Nova Zelândia. Encontra-se proximidade ao mar, o vento e presente ao longo de todo o os terrenos arenosos. litoral da Península Ibérica.

Morfologia/Descrição Árvore ou arbusto que pode atingir os 12 m, com um ritido- ma fendido e rugoso. As folhas dispõem-se de forma alternada, são lanceoladas a elípticas, intei- ras ou pouco dentadas. Na pági- na superior são verde-vivo bri- lhante, enquanto que na página inferior são mais pálidas. As inflorescências estão dispos- tas em cimeiras solitárias ou em Pormenor da flor - Mióporo grupos de 5 a 9 flores, situadas Aspeto geral - Myoporum laetum na axila das folhas. Cálice fendi- do em 5 segmentos ovado- 87 triangulares ou lanceolados. A corola é branca, com 5 pétalas arredondadas, que se abrem em estrela, com pequenas man- chas purpúreas. Possui 4 esta- mes bastante salientes. O fruto, uma drupa com 2 a 4 lóculos, ovóide ou elipsóide, pouco car- nuda, que no início é verde e aquando da maturação passa a púrpura-anegrado. Pinheirinha, Erva pinheirinha

Nome Científico: superior do caule, por norma Myriophyllum aquaticum (Velloso) amareladas e unissexuais. Verdc. Características Invasoras 7 Origem/Distribuição Fora da área de distribuição Espécie Exótica Invasora. Oriun- nativa, reproduz-se apenas da da América do Sul, ocorre em vegetativamente por fragmen- Portugal no Litoral Centro e tação dos caules. Porém, apesar Norte. da fragmentação ocorrer exclu- sivamente por ações mecânicas, Morfologia/Descrição enraízam rapidamente. Planta aquática perene que Os rizomas são resistentes, enraíza na vasa e forma agrega- viajando longas distâncias agar- ções densas capazes de ocupar rados ao fundo de embarca- grandes volumes dos reservató- ções. As partes aéreas crescem rios de águas paradas e áreas de tanto fora de água como sub- terrenos encharcados. Erva mersas. Coloniza com uma perene rizomatosa, normalmen- elevada taxa de sucesso lagoas, te dióica, constituída por caules, valas, linhas de água, pântanos por vezes lenhosos na base, e solos encharcados. muito longos podendo atingir os 2 m, ao longo dos quais estão Impactes dispostas 4 a 6 folhas por verti- Ao formar tapetes que podem cilo. Possui em cada nó 4 a 6 cobrir totalmente a superfície folhas recortadas, emergentes, da água, reduz a qualidade da 88 sendo as emersas maiores que água, a biodiversidade, a luz as submersas. Inflorescência disponível e o fluxo de água. disposta ao longo da parte

Tapete formado pela Pinheirinha e pormenor do caule e folhas Taxódio, Cipreste-dos-pântanos

Nome Científico: los ou quase, com folhas esca- Taxodium distichum (Linnaeus) Rich. miformes ou sem elas. Rami- nhos do ano verdes com folhas 6 Origem/Distribuição em disposição dística (pares de Espécie Exótica. Natural do folhas opostas no mesmo pla- sudeste dos Estados Unidos da no). Cones masculinos em ca- América. Ocorre em Portugal cho, nos ramos do ano anterior; sobretudo na região centro. constituídos por 6 a 8 escamas com 4 a 9 sacos de pólen cada e Morfologia/Descrição brácteas esverdeadas na base. Árvore de folha caduca que Pinhas que se desfazem quando atinge os 45 m, de tronco reto, maduras, quase esféricas, sés- fissurado, com ritidoma escuro seis ou sobre curtos pedúncu- que se desprende em tiras lon- los, na parte terminal dos ramos gitudinais. Raízes aéreas presen- do ano anterior, de verde- tes quando em zonas pantano- azulado que passa a castanho sas. Copa de aplanada a arre- ao amadurecer. Floração: abril a dondada, com ramas quase julho. horizontais dispostas em vertici- Aspeto geral - Taxódio Habitat Tem por habitat margens de cursos de água e terrenos pan- tanosos. Cultivado na Península Ibérica como ornamental, onde 89 se encontra esporadicamente.

Pormenor das pinhas - Taxódio LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Equisetopsida - - X - Equisetales - - X - 7 Equisetaceae - - X - Equisetum palustre - - X - Liliopsida - X X X Alismatales - X X X Araceae - X X X Arum italicum - - X - Lemna minor - X X X Asparagales - X X - Iridaceae - X X - Limniris pseudacorus - X X - Commelinales - X - - Pontederiaceae - X - - Eichhornia crassipes - X - - Magnoliopsida X X X X Apiales X X X X Apiaceae X X X X Angelica sylvestris - - X - Apium graveolens - X X - Apium nodiflorum - X - X Hydrocotyle bonariensis - - - X Oenanthe crocata X X X - Torilis arvensis subsp. recta - - X - 90 Araliaceae X - X - Hedera hibernica X - X - Asterales X X X - Asteraceae X X X - Anacyclus radiatus - - X - Arctotheca calendula - X - - Bidens aurea - X - - Chamaemelum mixtum X - - - Chrysanthemum coronarium - X X - Cichorium intybus - - X - Conyza albida X X X - LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Crepis capillaris X - X - 6 Crepis lampsanoides X - - - Hedypnois crética - - X - Lactuca virosa X - - - Leontodon taraxacoides X - - - Picris echioides - X X - Sonchus asper - X X - Urospermum picroides X - X - Brassicales - - X X Brassicaceae - - X X Iberis procumbens subsp. microcarpa - - - X Rorippa nasturtium-aquaticum - - X - Sisymbrium officinale - - X - Caryophyllales - X X X Caryophyllaceae - X - - Silene gallica - X - - Polygonaceae - X X X Fallopia convolvulus - - - X Polygonum amphibium - - - X Polygonum salicifolium - X - - Rumex conglomeratus - X X X 91 Rumex crispus - X - - Cucurbitales - X - - Cucurbitaceae - X - - Bryonia dioica - X - - Dipsacales X X X - Caprifoliaceae X - - - Lonicera periclymenum subsp. hispanica X - - - Valerianaceae - X X - Centranthus calcitrapae - X X - Ericales - - - X Ericaceae - - - X Erica scoparia - - - X LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Fabales X X X X Fabaceae X X X X 7 Acacia longifolia X - - X Acacia melanoxylon X - X - Dorycnium rectum - X - - Lotus uliginosus X - - - Medicago lupulina - X - - Melilotus indicus - - X - Mentha pulegium X X X X Trifolium repens - X - - Trifolium tomentosum - X - - Ulex europaeus subsp. latebracteatus - - - X Fagales - X X - Betulaceae - X X - Alnus glutinosa - X X - Gentianales X X X X Rubiaceae X X X X Galium aparine - X X - Galium palustre X X X X Galium palustre var. elongatum X - - - Geraniales - X X - Geraniaceae - X X - Geranium molle - - X - 92 Geranium purpureum - X X - Juglandales - - X X Myricaceae - - X X Myrica faya - - X X Juncales X - X X Juncaceae X - X X Juncus conglomeratus X - X X Lamiales X X X X Lamiaceae X X X X Lycopus europaeus X X X X Mentha suaveolens - X X - LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Oleaceae X - - X 6 Fraxinus angustifolia X - - X Plantaginaceae - X X - Plantago coronopus - X X - Plantago lanceolata - X X - Plantago major - X - - Scrophulariaceae - X X X Myoporum laetum - X - - Scrophularia auriculata subsp. auriculata - - X - Scrophularia frutescens. var. latifolia - X - - Veronica anagallis-aquatica - X - X Malpighiales X X X X Euphorbiaceae - X X - Euphorbia characias - X - - Euphorbia hirsuta - X X - Euphorbia peplus - - X - Linaceae X - - - Linum bienne X - - - Salicaceae X X X X Populus nigra - - - X Salix alba - X X X Salix atrocinerea X X X X 93 Salix babylonica - - X - Salix repens - - - X Malvales - - - X Cistaceae - - - X Halimium halimifolium subsp. multiflorum - - - X Myrtales X X X X Lythraceae X X X X Lythrum salicaria X X X X Lythrum sp. X - - - Onagraceae - X X X Epilobium hirsutum - X X - Ludwigia palustris - - - X LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Barrinha Lagoa Taxa das de de Mira da Vela Braças Mira Nymphaeales - - - X Nymphaeaceae - - - X 7 Nymphaea alba - - - X Oxalidales - - X - Oxalidaceae - - X - Oxalis corniculata - - X - Poales X X X X Cyperaceae X X X X Bolboschoenus maritimus - - - X Carex sp. - - X - Carex trinervis X - - X Cladium mariscus X - - X Cyperus eragrostis - - X - Cyperus longus - X X X Eleocharis flavescens - - - X Eleocharis palustris - - - X Isolepis cernua X - - - Isolepis fluitans - - - X Rhynchospora rugosa - - - X Schoenoplectus pungens - - - X Schoenoplectus tabernaemontani - - - X Schoenus nigricans - - - X Poaceae X X X X 94 Agrostis castellana - - - X Arundo donax - X X - Avena barbata subsp. barbata - X X - Brachypodium distachyon X - X - Brachypodium sylvaticum - - X - Briza maxima X - - - Bromus catharticus - X - - Bromus diandrus - X X - Bromus hordeaceus - - X - Cynodon dactylon - X X - Cynosurus echinatus X - - - LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Dactylis glomerata subsp. sitanica X X X - 6 Ehrahrta erecta X - - - Festuca paniculata X - - - Holcus lanatus X X X - Hordeum murinum subsp. leporinum - - X - Lagurus ovatus - X X - Leersia oryzoides - - - X Lolium perenne - X - - Lolium rigidum X - - - Panicum repens X - - X Paspalum paspalodes - - - X Phalaris minor X - X X Phragmites australis X X X X Piptatherum miliaceum X - - - Poa annua - - X - Poa trivialis subsp. trivialis - - X - Stenotaphrum secundatum X - - - Trisetaria panicea - - X - Vulpia geniculata - X - - Sparganiaceae - X X X Sparganium erectum - X X X 95 Ranunculales X X X X Papaveraceae X X X - Fumaria muralis X X X - Ranunculaceae X X - X Ranunculus peltatus - - - X Ranunculus repens X X - - Rhamnales X - - X Rhamnaceae X - - X Frangula alnus X - - X Rosales X X X - Moraceae - - X - Morus alba - - X - LISTA DE MACRÓFITOS

Lagoa Lagoa Lagoa Barrinha Taxa das de da de Mira Braças Mira Vela Rosaceae X X X - Geum urbanum - X - - 7 Pyracantha coccinea X - - - Rubus ulmifolius X X X - Saxifragales - X - X Haloragaceae - X - - Myriophyllum aquaticum - X - X Solanales X X X X Convolvulaceae X X X X Calystegia sepium X X X X Solanaceae - X X - Solanum chenopodioides - - X - Solanum dulcamara - X X - Solanum luteum - X X - Typhales X X X X Typhaceae X X X X Typha domingensis X X X X Urticales X - X - Ulmaceae X - - - Ulmus minor X - - - Urticaceae - - X - Parietaria judaica - - X - 96 Pinopsida X - - - Pinales X - - - Cupressaceae X - - - Taxodium distichum X - - - Pinaceae X - - - Pinus pinaster X - - - Polypodiopsida X - - - Polypodiales X - - - Dryopteridaceae X - - - Dryopteris guanchica X - - - GESTÃO DE EXÓTICAS

A introdução acidental, ou deliberada, e consequente expansão de espécies exóticas invasoras tem vindo a tornar-se um problema 6 sério a diferentes níveis tais como ecológicos, económicos e sociais. Estas espécies têm vindo a alterar os ecossistemas terrestres e aquáticos a taxas sem precedentes e representam agora um dos problemas mais importantes que preocupa a comunidade científica. Uma vez estabelecidas, as espécies exóticas aquáticas são difíceis, se não impossíveis, de erradicar. De modo geral, um programa de erradicação é complexo e oneroso, e quase impossível, por defini- ção, quando prevalecem novas condições ecológicas que não são compatíveis com o ciclo biológico e ecológico das espécies nativas. Algum controlo obriga à aplicação de uma gama de medidas para garantir alguma eficácia na redução da espécie invasora alvo. Em Portugal estima-se que aproximadamente 25% do número de espécies piscícolas de água doce são exóticas. Várias espécies da fauna aquática consideradas exóticas e invasoras abundam nas bacias hidrográficas de Portugal devido ao elevado grau de inter- venção humana, resultando na degradação dos habitats naturais e na diminuição da distribuição e abundância das espécies nativas. Ao nível dos ecossistemas aquáticos, as espécies exóticas inva- soras incluem, por exemplo bivalves (de destacar a amêijoa-asiática - Corbicula fluminea), peixes (de destacar o siluro - Silurus glanis e o lúcio - Esox lucius) e macrófitas aquáticas (de destacar a azola - Azzola filiculoides e o jacinto-de-água - Eichhornia crassipes). 97 Corbicula fluminea Eichhornia crassipes GESTÃO DE EXÓTICAS

Neste contexto são apresentadas algumas estratégias de ges- tão de espécies exóticas: - A sensibilização e educação ambiental procuram alertar as 7 populações locais para a preservação destes ecossistemas laguna- res e quais os cuidados a ter por forma a assegurar a perenidade e êxito das medidas de salvaguarda e desenvolvimento sustentável. - A prevenção é a melhor forma de limitar o impacto destas espécies. Os métodos como descontaminação do material e equipa- mentos de transporte, que podem conter formas de propagação destes organismos, e a restrição das importações deliberadas de espécies potencialmente nocivas, são alguns dos cuidados a ter. De seguida são apresentadas algumas medidas simples que devem ser utilizadas pela comunidade local de forma a prevenir/ evitar a invasão de espécies exóticas: 1. Aprender a identificar as espécies invasoras, que se encon- tram inseridas neste livro; 2. Não contribuir para a introdução de novas espécies, por mais inofensivas que possam parecer; 3. Ao adquirir novas espécies, prefira espécies nativas, caso opte por espécies exóticas procure informar-se sobre o seu potenci- al invasor; 4. Quando proceder a operações de limpeza, como jardins ou terrenos de cultivo, não deposite os resíduos na natureza, pois podem conter espécies exóticas; 5. Nunca despeje o seu aquário num lago ou rio, pois as espé- 98 cies são maioritariamente exóticas; 6. Procure participar e/ou organizar ações de controlo de espé- cies exóticas. GESTÃO DE EXÓTICAS

- A erradicação pode ser viável no início de uma invasão ou numa área restrita. A deteção precoce e resposta rápida é uma tática eficiente para a erradicação local dos novos invasores. - A contenção (impedindo a continuação do transporte de espécies exóticas) é uma ferramenta importante para reduzir o impacte dos invasores existentes. Estratégias para contenção com- binam geralmente ferramentas utilizadas na prevenção e erradica- ção. As medidas de “erradicação” ou de “controlo” podem ser agru- padas em 5 categorias que descrevem o método de intervenção: (i) legislativa, (ii) física, (iii) química, (iv) biológica e (v) mecânica. - Medidas legislativas: fornecem um quadro legal para impe- — dir ou controlar o movimento e a propagação de espécies invasoras entre regiões afetadas e não afetadas pelas mesmas. Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 565/99, de 21 de Dezembro, alterado pela Decla- ração de Retificação n.º 4-E/2000, de 31 de Janeiro e parcialmente revogado pelo Decreto-Lei n.º 205/2003, de 12 de Setembro, regula a introdução na Natureza de espécies não indígenas de flora e fauna. Na alínea l) do artigo 2º, o risco ecológico significa um “impacte negativo potencial, suscetível de causar uma modificação significativa nos ecossistemas de um dado território”. - Métodos físicos/mecânicos: traduzem-se pela remoção física das espécies invasoras ou modificação das condições de habitat. Estes métodos são muitas vezes bem-sucedidos, mas têm a desvan- tagem de serem bastante dispendiosos e requererem muita mão- 99 de-obra. A modificação das condições de habitat, através da altera- ção de regimes de caudais, é uma opção de controlo mecânico quando a remoção de indivíduos é inviável, não sendo, por isso, aconselhável a sua aplicação na natureza. Alguns dos métodos de GESTÃO DE EXÓTICAS controlo físico utilizados são a água aquecida, indicada para equipa- mentos de campo e embarcações ou para motores e tubagens, quando aplicada em contracorrente. Outros métodos físicos inclu- em a dessecação, que requer mais tempo de aplicação, de acordo com a resistência da espécie alvo, colocação de armadilhas ou redes para a fauna, drenagem do meio aquático e construção de barreiras para impedir a sua progressão - Métodos químicos (uso de pesticidas, herbicidas ou fungici- das): podem ser efetivamente usados para eliminar as espécies invasoras, podendo contudo, acarretar efeitos colaterais negativos devido a impactos noutras espécies, incluindo seres humanos. O — uso prolongado destes agentes químicos é dispendioso, e pode ser ineficaz quando os organismos alvo desenvolvem resistência a determinados produtos químicos. Dadas as desvantagens destes agentes, têm sido desenvolvidas outras alternativas, como por exemplo a encapsulação de biocidas em microcápsulas, o que per- mite uma administração direta e seletiva do agente biocida nos organismos-alvo. Porém vários estudos têm demonstrado que os métodos de controlo químico são indicados essencialmente para populações restritas ou isoladas, tais como em canais de rega, tubagens e sistema de arrefecimento em hidro e termoeléctricas. Os possíveis efeitos nefastos em organismos não-alvo desacon- selham o uso de métodos químicos de controlo diretamente no ambiente. 100 GESTÃO DE EXÓTICAS

- Métodos biológicos (introdução de um inimigo natural, predador ou parasita, geralmente com a mesma origem do inva- sor): são muitas vezes a única alternativa para o controle de uma espécie invasora que estabeleceu densas populações em grandes áreas. Podem ser uma forma ambientalmente segura para contro- lar as espécies invasoras com a mínima despesa, mas alguns agen- tes de controlo não sobrevivem e outros atacam organismos não- alvo, podendo mesmo tornar-se numa espécie invasora. Torna-se por isso, necessário efetuar estudos prévios das preferências ecoló- gicas de cada espécie e a sua interação com a espécie invasora alvo — para garantir a eficácia do programa de erradicação. No caso das lagoas, a enguia seria a única espécie predadora que poderia ser utilizada no controlo biológico da fauna piscícola. Por sua vez, a lontra Lutra lutra (Classe Mammalia, Ordem Carnívora) poderia também ser usada visto que é uma predadora voraz de Procamba- rus clarkii (lagostim-vermelho-do-Louisiana) e de peixes de tama- nho pequeno/médio.

Lutra lutra (Linnaeus, 1758)

101 GESTÃO DE EXÓTICAS

Procambarus clarkii (Girard, 1852) — - A restauração das comunidades nativas (restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próxi- mo possível da sua condição original) é uma estratégia importante de forma a minimizar as hipóteses de uma área ser reinvadida. A restauração de ecossistemas tem vindo a ganhar espaço em todo o mundo e, em Portugal tem vindo a ser amplamente utilizada em ecossistemas aquáticos e terrestres. Há uma tendência em considerar que o processo de restauração seja uma utopia, pois nunca será possível refazer um ecossistema com toda a sua biodi- versidade original. Contudo, considera-se que o principal fator numa proposta de restauração seja o de “ajudar a natureza a re- compor-se de forma que as etapas de uma sucessão ocorram na área degradada”, restabelecendo uma biodiversidade compatível com o clima regional e com as potencialidades locais do solo. Mais 102 do que a proximidade à condição anterior, níveis de sucessão de- vem ser alcançados, os quais atendam ao conceito de estabilidade (resiliência, persistência, resistência, variabilidade).

GLOSSÁRIO

Acidificação - processo quími- atividades humanas podem co em que um determinado produzir água salobra, como em sistema sofre uma redução represas. 6 (pH). Este processo pode gerar Águas residuais – termo impactos maiores ou menores usado para as águas que, após a na natureza dependendo da utilização humana, apresentam concentração, da pressão e da as suas características naturais temperatura, no sentido de alteradas. Conforme o uso pre- formação dos produtos e rea- dominante: comercial, industrial gentes. ou doméstico essas águas apre- Acrescente - aplica-se aos sentarão características diferen- órgãos ou conjuntos de órgãos tes e são genericamente desig- que continuam o seu crescimen- nadas de esgoto. to após atingir o tamanho nor- Agudo(a) – refere-se ao órgão mal para o seu funcionamento, laminar (folhas, brácteas) cujas tais como epicálices e cálices. margens acabam por confluir Açude - construção para numa ponta, formando um represar águas de rio ou levada, ângulo agudo. represa, comporta. Albufeira - lago de origem Acunheado(a) – forma de artificial, normalmente concebi- cunha, isto é, triangular e com a do para armazenar água numa parte mais estreita no ponto de região seca, ou que resulta da inserção. O mesmo que cunei- construção de uma represa ou 101 forme. uma hidroelétrica. Agente oxidante - provoca a Alevim - forma embrionária oxidação, recebendo eletrões. dos peixes. Água salobra – água com Alga - organismos eucariontes mais sais dissolvidos que a água fotossintetizantes. Apenas abri- doce e menos que a água do ga um grupo de organismos que mar. Pode resultar da mistura possuem clorofila a, não possu- da água do mar com água doce, em um talo diferenciado em como em estuários, ou pode raíz, caule e folhas. ocorrer em aquíferos. Certas 103 GLOSSÁRIO

Alterno(a) – refere-se aqueles Antrópica – termo usado em órgãos que apresentam alter- Ecologia que se refere a tudo nância na sua inserção. aquilo que é derivado de ativi- Ambiente lêntico - corpos de dades humanas, em oposição a 7 água fechados que permanecem fenómenos de origem natural. parados. Compreendem todas Apical – que está no cimo; as águas interiores que não que pertence ao ponto terminal apresentam corrente contínua; ou ápice de qualquer órgão. isto é, águas paradas sem ne- Ápice – ponto terminal ou nhum fluxo de corrente, como vértice de qualquer órgão. os lagos, lagoas, charcos e pân- tanos. Aquacultura – o mesmo que aquicultura é a produção de Ambiente lótico - é aquele organismos aquáticos, como a cuja água é corrente, como por criação de peixes, moluscos, exemplo, rios, nascentes, ribei- crustáceos, anfíbios e o cultivo ras e riachos. Têm como carac- de plantas aquáticas para uso terísticas o movimento da água. do homem. Amentilho – espiga alongada Aquarista – designação atri- ou em cacho espiciforme de buída à pessoa que cria peixes flores unissexuadas e nuas, em aquário. característica pelo facto de se desprender pela base do eixo, Aquénio – fruto seco indeis- caindo portanto inteira. cente monospérmico, no qual o pericarpo não adere à semente. Anfíbio – a palavra anfíbio, de origem grega, significa "vida Ascendente – tipo de orienta- dupla", porque esses animais ção dos caules aéreos que co- são capazes de viver no ambien- meçam o seu crescimento como te terrestre na fase adulta, mas prostrados ou sub-prostrados, dependem da água para a re- alterando posteriormente esta produção, como os sapos e as orientação para uma vertical ou rãs. ereta. Antera – parte do estame Assoreamento - processo de onde se forma e contem o pó- acumulação de sedimentos e len. outros detritos no fundo dos 104 GLOSSÁRIO

rios, canais, lagos ou estuários zar, impedir ou prevenir a ação que provoca a obstrução da de organismos vivos indeseja- passagem da corrente. dos ou nocivos. 6 Avifauna – conjunto de aves Biodiversidade – o mesmo que existem numa determinada que diversidade biológica com- região. preende a totalidade de varie- Axila – vértice do ângulo dade de formas de vida que formado por um órgão com o podemos encontrar numa de- eixo em que se insere. terminada região (plantas, aves, mamíferos, insetos, microorga- Baínha – diz-se da estrutura nismos...). que inclui ou reveste a outra; na folha, parte inferior da mesma Bioindicador – o mesmo que que envolve o caule. indicadores biológicos, refere-se a espécies, grupos de espécies Barragem - barreira artificial, ou comunidades biológicas que feita em cursos de água para a refletem o estado biótico e retenção de grandes quantida- abiótico de um habitat e os des de água. A sua utilização é impactos sofridos pelos organis- sobretudo para abastecer de mos de uma região. água zonas residenciais, agríco- las, industriais, produção de Biota - conjunto de seres energia elétrica (energia hidráu- vivos de um ecossistema, e que lica), ou regularização de um inclui a flora, a fauna, os fungos caudal. e outros organismos. Biota é conhecida também por comuni- Basal – que faz referência à dade e por biocenose. base de qualquer órgão. Bráctea – folha mais ou me- Bentónico - organismos que nos modificada (distinta das vivem associados ao sedimento. normais pelas dimensões, for- Bilabiado(a) – tipo de invólu- ma, consistência ou cor), de cuja cro dividido em dois lábios (um axila sai a flor, ou situada próxi- inferior e o outro superior). mo da flor ou da inflorescência. Biocida - substância ativa utilizada para destruir, neutrali- 105 GLOSSÁRIO

Bractéola – bráctea de segun- perianto, diferenciadas morfolo- da ordem, geralmente menor gicamente das mais internas 90 que a bráctea, situada sobre o (pétalas), e adquirindo geral- eixo floral lateral ou inserida ao mente uma tonalidade verde e 7 longo do pedicelo. uma consistência herbácea. Brânquias – (vulgarmente Canaliculado(a) – escavado designadas de guelras) encon- longitudinalmente em forma de tram-se em diversos tipos de canal estreito, como certos organismos. Por exemplo, no pecíolos na face superior. caso dos peixes e outros animais Canibal – diz-se do animal que aquáticos, as brânquias são os devora os de sua própria espé- órgãos responsáveis pela respi- cie. ração, ou seja, é nelas que ocor- rem as trocas gasosas entre o Cardume - é o substantivo sangue ou linfa dos seus porta- coletivo que designa um grupo dores e a água. de peixes, normalmente da Cacho – inflorescência ra- mesma espécie e do mesmo cemosa ou indefinida, cujas grupo etário. flores estão providas de pedice- Catádroma - espécie que los que se inserem ao longo de passa grande parte da sua vida um eixo comum. Se o pedúnculo do cacho sustenta uma única em água doce, embora migre inflorescência é simples; se for para o meio marinho para se ramificado, o cacho é composto. reproduzir. Caduco(a) – que cai esponta- Cativeiro - também conhecido neamente, por vezes, precoce- como zoocria é a atividade hu- mente. São sépalas caducas que mana de manter preso, em área se desprendem antes da flor determinada, espécies não do- abrir por completo, como nas papoilas; estípulas caducas, as mésticas, em geral com propósi- 90 que se desprendem antes da tos de manutenção, crescimento folha. e reprodução de espécies ou Cálice – conjuntos de peças mesmo como diversão. florais externas (sépalas) do 106 GLOSSÁRIO

No caso dos zoológicos, também or a uma poça (pequena massa é um local propício para estudos de água efémera, que normal- científicos. mente é possível atravessar com 6 Cavidade paleal - cavidade um só passo) e inferior a um lago existente nos moluscos situada (massa de água com mais de 1 entre o corpo e o manto, onde hectare de superfície e uma se situam as brânquias respirató- profundidade que não permite a rias, geralmente, com a forma de sua estratificação). pente, denominadas ctnenídias. Cimeira – inflorescência com o Nos gastrópodes terrestres, eixo principal de crescimento como, por exemplo, o caracol, a limitado, terminando numa flor. própria cavidade paleal funciona Colonização - ato ou efeito de como um pulmão, já que é atra- colonizar, tomar conta de, pro- vés das suas paredes que ocor- pagar-se, invadir. rem as trocas gasosas. Composto – refere-se à com- Cefalópodes - classe de molus- posição ou divisão de um órgão em diferentes órgãos do mesmo cos marinhos de simetria bilate- tipo, formando conjuntos desses ral, a que pertencem os polvos, órgãos (folhas compostas ou as lulas e os chocos, que possu- formadas por mais do que um em uma cabeça grande rodeada limbo, inflorescência composta de tentáculos. ou formada por várias inflores- cências simples, etc.). Cespitoso(a) – que, pela densi- dade de caules que formam e Contaminação orgânica - originada por um conjunto vasto pela proximidade dos mesmos, de substâncias químicas (por adquirem forma de tapetes. exemplo: hidrocarbonetos, pes- Charco - massa de água para- ticidas, herbicidas, matéria orgâ- da ou de corrente muito reduzi- nica), da, de carácter permanente ou Contenção - ação ou efeito de temporário, de tamanho superi- conter (controlar ou reprimir). 107 GLOSSÁRIO

Córnea - parte anterior trans- Descendência - série dos parente e protetora do olho dos indivíduos que procedem de um vertebrados. progenitor comum. Coroa – conjunto de apêndi- Descontaminação - ato de 7 ces dispostos de forma circular. redução ou remoção dos micror- Crustáceos - são animais in- ganismos de objetos inanimados vertebrados que possuem patas por métodos quimiomecânicos, articuladas e uma carapaça tornando-os mais seguros de externa muito dura e resistente. serem manuseados ou tocados. Podem ser encontrados tanto em ambientes aquáticos Desenvolvimento sustentável (marinhos ou de água doce), - capacidade de responder às como terrestres. necessidades do presente sem Cuneiforme – ver Acunheado. comprometer as gerações vin- Decumbente – deitado em douras. É um processo evolutivo grande extensão sobre a terra, que se traduz no crescimento da mas com a extremidade levanta- economia, na melhoria da quali- da. dade do ambiente e da socieda- Degradação ambiental - pro- de para benefício das gerações cesso de degeneração do meio presente e futura. ambiente, onde as alterações biofísicas provocam alterações Desova – largar ou pôr ovos. na fauna e flora, com eventual Dessecação - é o estado de perda de biodiversidade. A de- extrema secura, ou o processo gradação ambiental é normal- de extrema secagem. mente associada a atividades humanas. Deteção precoce - ato ou Depressão - é uma forma de efeito de detetar antes do tem- relevo mais plana que o planalto po habitual. e sem irregularidades, que tem Detrito - significa resíduo, leve inclinação e altitude que pode ir de 100 a 500 metros. resto de qualquer substância.

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Pode ser referente a: resíduo ou Dispersão - conjunto dos lixo: subproduto de atividades processos que possibilitam a humanas; detrito geológico: fixação de indivíduos de uma espécie num local diferente 6 pedaços de rochas extraídos de daquele onde viviam os seus um bloco maior; detrito orgâni- progenitores. co: materiais orgânicos resultan- Diversidade taxonómica - tes de processos metabólicos ou refere-se à variedade de espé- em decomposição, como fezes e cies que não estão relacionados, cadáveres. que vivem num determinado Diatomáceas - organismos ecossistema. unicelulares, e possuem como Drenar – consiste no escoa- característica uma carapaça mento de águas de um terreno encharcado, por meio de tubos, chamada frústula, localizada valas ou fossos. externamente à membrana Drupa – fruto carnudo indeis- plasmática. cente com uma (ou mais) se- Dióico(a) – refere-se á distri- mente(s), incluída(s) num só buição do sexo das estruturas caroço lenhoso ou ósseo (ou reprodutivas, de modo que um cada semente no seu caroço taxon é dióico se apresentar independente). unicamente estruturas sexuais Dulçaquícola - que vive em masculinas ou femininas num água doce. mesmo indivíduo. Eclosão - abertura natural de um ovo incubado fora do corpo Discolor(a) – de cores diver- da mãe, uma vez completado o sas, em geral, de duas cores desenvolvimento embrionário. (folhas de dois tons diferentes Educação ambiental - forma em cada uma das faces, flores abrangente de educação dos com invólucros de cores diferen- cidadãos, através de um proces- tes, etc.). so que procura incutir no edu- cando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. 109 GLOSSÁRIO

Elipsóide – com forma de que caracteriza todas as massas elipse. de água, esta erosão provoca o Elíptico(a) – plano, limitado desmoronamento das margens. por linha curvas, com o compri- 7 Erradicação - ação ou resulta- mento 2-3 vezes a largura e diminui do meio e igualmente do de erradicar, ato de eliminar. para os extremos. Escábrido(a) – com superfície Endémica(o) - espécies cuja áspera. distribuição está restrita a uma Espatulado(a) – em forma de área pequena. espátula, achatado, oblongo, Ensombramento - ação ou arredondado no cimo e muito efeito de ensombrar, ação de atenuado na parte inferior. originar ou fazer sombra a algo ou alguém. Espermatozóide - célula re- Entrenó – espaço existente produtiva masculina de todos os entre dois nós sucessivos. Estru- animais. É uma célula com mobi- tura presente nas plantas caules- lidade ativa, capaz de nadar centes. livremente, consistindo em uma Epicontinental - encontrado cabeça e uma cauda ou flagelo ou situado sobre um continente Espiciforme – em forma de ou uma plataforma continental. espiga ou que se assemelha a Época de defeso - medida que uma espiga. visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais Espiga – inflorescência indefi- críticas de seus ciclos de vida, nida simples, caracterizada pela como a época de sua reprodu- disposição alternada das flores, ção ou ainda de seu maior cres- sésseis, ao longo do eixo central cimento. da inflorescência. Erosão marginal - processo que Espigueta – pequena espiga ocorre naturalmente em todos os cursos de água. Este processo caracterizada pela presença de resulta do dinamismo natural duas brácteas basais, própria das monocotiledóneas. 110 GLOSSÁRIO

Estado trófico - refere-se ao Estuário - bacia costeira semi- estado nutricional fechada onde a água do rio se (especialmente devido ao fósfo- mistura com água do mar. Um estuário sofre a influência das 6 ro) de uma massa de água, des- marés e apresenta fortes gradi- crito em termos da atividade entes ambientais, desde águas biológica que ocorre como resul- doces próximos da sua cabecei- tado dos níveis nutricionais. ra, águas salobras, e águas mari- Estame – órgão masculino da nhas próximo da sua desembo- cadura. flor onde se produz o pólen; elemento básico do androceu Eutrofização - processo de degradação que sofrem os lagos nas plantas vasculares com e outros reservatórios naturais flores. de água quando excessivamente Estigma – parte terminal e enriquecidos de nutrientes, o glandular do pistilo sobre a qual que pode limitar a atividade se fixa e germina o pólen. Pode biológica. ser séssil, quando se situa dire- Exótica – (= alóctone, introdu- zida) Espécie que ocorre fora da tamente sobre o ovário, ou não, sua área de distribuição, após encontrando-se, neste caso, no ter sido transportada e introdu- extremo do estilete. zida, normalmente através de Estilete – parte estreita e ações humanas, ultrapassando delgada do pistilo, compreendi- assim as barreiras biogeográfi- cas. da entre o ovário e o estigma. Extinção - em biologia e ecolo- Estrutura hidráulica - estrutura gia é o total desaparecimento de submersa ou parcialmente sub- espécies, subespécies ou grupos mersa em qualquer massa de de espécies. água, que interrompe o fluxo natural da água. Podem ser Fase larvar – período de tem- utilizadas para desviar, interrom- po em que um animal sofre um per ou parar totalmente o fluxo. desenvolvimento a fim de atingir o estado adulto. 111 GLOSSÁRIO

Fecundação – o mesmo que Fusiforme – com forma de fertilização é o processo em que fuso, isto é, engrossado na parte um espermatozóide penetra, no central e estreitando gradual- ovócito II (ou óvulo). mente no sentido das margens. 7 Fecundidade - aptidão para Gastrópodes - animais inver- reproduzir, fertilidade. tebrados pertencentes ao Filo Fertilizantes – são compostos Mollusca e Classe Gastropoda. químicos ou orgânicos que vi- Geralmente apresentam concha sam suprir as deficiências em espiralada, de carbonato de substâncias vitais à sobrevivên- cálcio (CaCO3). Seu tamanho cia dos vegetais. São aplicados varia desde 1 mm até 70 cm de na agricultura com o intuito de comprimento. São exemplos de melhorar a produção. gastrópodes os caracóis, as lesmas, lebres do mar (também Filódio – pecíolo dilatado e conhecidas por tintureiras), achatado, com aspeto de limbo lapas e búzios. foliar (o qual se encontra fre- quentemente abortado) e de- Gestação - tempo que medeia sempenhando a função deste. entre a conceção e o nascimen- to. Fitoplâncton - conjunto dos organismos aquáticos microscó- Glabro(a) – desprovido(a) picos que têm capacidade fotos- quase ou totalmente de pelos. sintética e que vivem dispersos Glândulas – estrutura capaz flutuando na coluna de água ao de produzir uma secreção. sabor da corrente. Graças à Glanduloso – que possui glân- presença de pigmentos especi- dula(s). ais, em particular a clorofila, conseguem captar a energia do Gluma – bráctea escariosa sol para produzirem o seu pró- situada na base da espigueta das prio alimento a partir de dióxido Gramíneas e Cyperáceas. de carbono e sais minerais. Habitat - espaço onde seres Folíolo – cada um dos limbos vivos vivem, e se desenvolvem. parciais da folha composta ou Habitat é um termo utilizado na recomposta. ecologia, que compreende o espaço e o ecossistema onde os 112 GLOSSÁRIO

animais se desenvolvem, dentro Hotspot de biodiversidade – de uma comunidade. região biogeográfica que é si- Herbáceo(a) – de consistência multaneamente uma reserva de 6 e coloração semelhante à de biodiversidade, de relevância ervas, isto é, tenro, não ou pou- ecológica por possuir comunida- co lenhoso e verde. des diferenciadas das restantes. Hermafrodita – animal ou Inerte - um tipo de resíduo planta que possuem os órgãos que devido as suas característi- reprodutores masculino femini- cas e composição físico-química no em um mesmo indivíduo. não sofre transformações físicas, químicas ou biológicas de rele- Hibridar - produzir híbridos, vo, mantendo-se inalterados por cruzar. um longo período de tempo. Hidroeléctrica - tem por finali- Ínfera – parte inferior ligeira- dade produzir energia elétrica mente retraída face á parte através do aproveitamento do superior. potencial hidráulico existente em um rio. Inflorescência – Aplica-se ao conjunto de flores, que se dispõ- Hipóxia – refere-se ao baixo em sobre um mesmo pedúnculo. teor (concentração) de oxigénio. Inofensivo – que não provoca História filogenética - história dano, dócil. da evolução das espécies. Integridade ecológica - refere- Homocerca - designa a barba- se a ligações essenciais dentro tana caudal dos peixes, cujos de e entre ecossistemas que lóbulos são iguais e só formados devem ser mantidas de forma a de raios, sem representarem fornecerem áreas de habitat prolongamentos da coluna ver- contíguas e corredores ecológi- tebral. cos. Hospedeiro - organismo que Invasão biológica - processo abriga outro em seu interior ou que compreende a instalação e o carrega sobre si, seja este um grande proliferação de uma parasita. espécie não-nativa, levando a

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desequilíbrios na comunidade mais detalhados do mundo invadida. A espécie invasora sobre o estado de conservação pode interagir bioticamente com mundial de várias espécies de as espécies nativas levando à plantas, animais, fungos e protis- 7 extinção local destas. Invasões tas. biológicas afetam processos Jusante - lado para onde se ecológicos, o meio físico, a biota dirige a corrente de água. A foz é e podem trazer danos económi- o ponto mais a jusante de um cos e sociais. rio. Invasora – espécie que produz Lanceolado(a) – em forma de descendentes férteis frequente- lança. Aplica-se a órgãos lamina- mente e em grande quantidade, res com comprimento cerca de dispersando-os muito para além três vezes ou mais a largura dos da ocorrência da espécie-mãe, mesmos, que estreitam para com potencial para ocupar áreas ambos os extremos agudos ou extensas, em habitats naturais subagudos e cuja maior largura ou seminaturais. Podem produ- se situa um pouco abaixo do zir alterações significativas ao meio. nível do ecossistema. Lençol freático - água subter- Invertebrados – animais que rânea que preenche os espaços não possuem crânio, vértebras entre partículas e rochas, prove- ou coluna vertebral. niente do escoamento de águas Isco vivo - consideram-se superficiais. como iscos naturais todos os Lenhoso(a) – diz-se do tipo de seres vivos que se podem utilizar consistência endurecida provo- para a pesca. cada pela suberização da IUCN - Lista Vermelha da exoderme (tecido epidérmico União Internacional para a Con- mais externo). servação da Natureza e dos Limbo – parte terminal da Recursos Naturais (IUCN) das folha, geralmente laminar e espécies ameaçadas, também verde, que constitui vulgarmen- conhecida como Lista Vermelha te a folha propriamente dita. da IUCN, foi criada em 1963 e constitui um dos inventários 114 GLOSSÁRIO

Lobado - que está dividido em Metamorfose – é uma mu- lóbulos ou lobos, i. e., partições dança na forma e na estrutura pouco profundas, arredondadas. do corpo (tecidos, órgãos), bem 6 Mar dos Sargaços - área do como um crescimento e uma Atlântico Norte, localizada a diferenciação dos estados juve- Oeste dos Açores à latitude de nis ou larvares de muitos ani- 30ºN. Apresenta uma invulgar mais, como os insetos e anfíbios, cor azul profundo, com águas até chegarem ao estado adulto. quentes e cristalinas, e salinida- Microhabitat - requisitos de bastante elevada, numa área abióticos de pequena escala de que pode atingir cerca de 7000 um organismo ou população m de profundidade, diferencian- específica. do-se do resto do oceano. Migração - corresponde à Massa de água - subunidade mobilidade espacial de um indi- da região hidrográfica para a viduo, população, etc. qual são definidos objetivos Monitorização ambiental - ambientais e à qual está associa- consiste na realização de medi- da um único estado. ções e/ou observações específi- Maturidade sexual - corres- cas, dirigidas a alguns indicado- ponde à idade ou fase da vida res e parâmetros com a finalida- em que um organismo se pode de de verificar se determinados reproduzir sexualmente. impactos ambientais estão a Maxila - peça bucal de diver- ocorrer, podendo ser dimensio- sos organismos. nada a magnitude e avaliada a eficiência de eventuais medidas Medidas de salvaguarda - preventivas a adotar. medidas de "urgência" que podem ser aplicadas unicamente Montante - lugar que está durante o período necessário mais próximo da cabeceira de para prevenir ou reparar um um rio. A nascente é o ponto dano ambiental. mais a montante de um rio. Metais pesados - metais alta- Mucrão – ponta curta, aguda mente reativos e bioacumulá- e rígida, ocupando posição ter- veis. minal ou sub-terminal nos folío- los. 115 GLOSSÁRIO

Mucronado(a) – que tem Omnívoras - são espécies com mucrão. capacidade para metabolização Nativa - (= autóctone, indíge- de diferentes tipos de alimento, na) espécie que é natural, pró- tendo assim uma dieta menos 7 pria da região onde vive, ou seja, restrita que a dos carnívoros ou que cresce dentro dos limites herbívoros. São aqueles organis- naturais incluindo a sua área mos que se alimentam tanto de potencial de dispersão. animais como de plantas. Nectário - órgão onde é segre- Organismo-alvo – ao qual se gado e se acumula o néctar, pretende aplicar uma determi- encontrando-se geralmente na nada ação. flor e eventualmente nalgum Ovado(a) – diz-se dos órgãos órgão vegetativo. laminares com a forma da sec- Nível trófico - nível de nutri- ção longitudinal de um ovo, isto ção a que pertence um indivíduo é, com uma base larga e arre- ou uma espécie, que indica a dondada, lados curvos conver- passagem de energia entre os gentes para o ápice, que pode seres vivos num ecossistema. ser obtuso ou agudo e o compri- mento um tanto maior que a Nocivo - que prejudica, que largura. ocasiona danos, prejudicial. Ovóide – com a forma de um Oblongo(a) – em forma de ovo, isto é, corpo sólido da su- elipse alongada (com eixo maior perfície convexa, mais espesso 3-6 vezes mais comprido que o na base que no cimo, de secção menor), de forma que os lados transversal circular e de secção são quase paralelos. longitudinal ovada. Obovado(a) – de forma ovada, Ovovípara(o) - animal cujo mas com a parte mais larga para embrião se desenvolve dentro cima. de um ovo alojado dentro do Obovóide – de forma ovóide corpo da progenitora. invertida, como um ovo com a Parasitismo - associação entre parte mais larga para cima. seres vivos, na qual existe uma unilateralidade de benefícios, 116 GLOSSÁRIO

sendo um dos associados preju- agente biológico (tal como um dicado nessa relação. Desse vírus ou bactéria) que é lançada modo, surge o parasita, organis- contra as pragas que estiverem 6 mo agressor e o hospedeiro, destruindo uma plantação, organismo que abriga o parasita. disseminando doenças, incomo- Passagens para peixes - dispo- dando pessoas, etc. sitivos que permitem a desloca- Peixe ornamental - espécies ção dos peixes de montante de peixes que são selecionadas para jusante e vice-versa trans- pela exuberância das suas cores pondo obstáculos transversais e formas e pela facilidade de nos cursos de água. manutenção em cativeiro. Paul - ecossistema lagunar Plâncton - organismos uni ou formado por uma zona húmida, pluricelulares, em sua grande terreno alagadiço; pântano. maioria microscópica, que flutu- Peciolado(a) – que tem pecío- am e têm pouca capacidade de lo. locomoção nos oceanos e ma- res, na superfície de águas salo- Pecíolo – porção mais ou bras, doces ou lagos. O plâncton menos alongada da folha que é a base da cadeia alimentar dos une o limbo à baínha ou direta- ecossistemas aquáticos. mente ao eixo quando não exis- te baínha. Plantas emersas - são aquelas plantas enraizadas no sedimento Pedúnculo – eixo da inflores- e com folhas fora da água. cência simples (suportando uma só flor) ou composta. Plantas submersas - podem ser submersas com folhas flutu- Perene – diz-se da planta que antes: são as macrófitas enraiza- vive três anos ou mais. das no sedimento e com folhas Pesticida – são todas as subs- flutuando na superfície da água; tâncias ou misturas que têm ou submersas enraizadas: são como objetivo impedir, destruir, plantas herbáceas, que podem repelir ou mitigar qualquer ser encontradas em todas as praga. Um pesticida pode ser profundidades desde que esteja uma substância química ou um dentro da zona fótica. 117 GLOSSÁRIO

Plasticidade ecológica - é um Potamódroma - espécie que fenómeno bem conhecido no realiza migrações reprodutivas reino animal, em que diferentes de longa distância dentro dos populações de uma espécie, que sistemas fluviais. 7 vivem em habitats ecologica- Praga ou peste - surto de mente distintos, existem em determinadas espécies nocivas diferentes formas, mas não são ao desenvolvimento agrícola ou geneticamente distintos. que destroem a propriedade Poluente - substância que, humana, perturbam os ecossis- pela sua concentração, possa temas, ou que provocam doen- torná-la imprópria, nociva ou ças epidémicas no homem ou ofensiva à saúde, causando mal- outros animais. O conceito ofici- estar público, danos aos materi- al de praga é estabelecido pela ais, à fauna e à flora ou prejudi- Organização para a Agricultura e cial à segurança e às atividades Alimentação (FAO) como sendo: normais da comunidade. "qualquer espécie, raça ou bióti- Poluição difusa – resulta de po de vegetais, animais ou agen- uma fonte de poluição sem um tes patogénicos, nocivos aos foco definido, tornando-se assim vegetais ou produtos vegetais". difícil o controlo e identificação. Predador - animal que ataca, Exemplo de poluição difusa: a mata e se alimenta de presas, infiltração de agrotóxicos no em geral indivíduos de outras solo provenientes de campos espécies. agrícolas. Presa - animais predados que Poluição tópica – resulta de sofrem predação, isto é, que uma fonte de poluição identifi- servem de alimentação a outros cada e possível de controlar, animais. como o lançamento de esgotos Preservação - prática de sanitários ou de efluentes indus- preservar/proteger o meio ambi- triais para um curso de água. ente. Essa preservação é feita Postura - ato ou efeito de pôr para beneficiar o homem, a ovos. natureza ou ambos.

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Prevenção - ato de se anteci- Rede hidrológica - nome que par às consequências de uma se dá ao conjunto formado pelo ação, no intuito de prevenir o rio principal, e por todos os seus seu resultado, corrigindo-o e 6 afluentes e subafluentes. redirecionando-o por segurança. Produtividade primária - Rede Natura 2000 - rede de traduz-se pela velocidade de áreas designadas para conservar produção de matéria vegetal os habitats e as espécies selva- seca pelas plantas. gens raras, ameaçadas ou vulne- Proeminência - estado ou ráveis na União Europeia. aspeto do que é proeminente, Reserva Natural - zonas limi- saliência, relevo. tadas onde se procura evitar as Proliferar - multiplicar-se, alterações nos ecossistemas que tornar-se mais numeroso. podem levar à sua rutura. O Propulsão - é o movimento território de uma reserva natural criado a partir de uma força que destina-se, mediante providên- dá impulso. A propulsão pode ser criada em qualquer ato de cias adequadas, à proteção e impelir para frente ou dar impul- conservação da fauna e flora so. naturais, bem como da paisa- Reabilitação – ação de rege- gem. nerar ou recuperar, devolver Resiliência - capacidade que padrões e funcionalidades perdi- um indivíduo ou uma população das. apresenta, após um momento Reciclagem de nutrientes - de adversidade, conseguindo reinserção de nutrientes no ciclo adaptar-se ou evoluir positiva- de utilização é regulada e con- trolada a diversos níveis, repre- mente face à situação. senta a utilização sustentável de Resinosas - conjunto de espé- recursos naturais e é ambiental- cies de árvores florestais, que mente correta. geralmente apresentam folhas

119 GLOSSÁRIO perene e em forma de agulhas te desta não só pela estrutura, ou escamas. Inclui os pinheiros, mas também por possuir esca- os ciprestes, os zimbros e os mas (catáfilos) e gemas. 7 cedros, entre outras. Estas árvo- Salinização - consiste na acu- res são igualmente identificadas mulação de sais solúveis de pelos seus frutos em forma de sódio, magnésio e cálcio nos cone, razão pela qual, são tam- solos, reduzindo a fertilidade do bém designadas por coníferas. local onde ocorre. Este processo resulta de fatores como a irriga- Ripícola – habitat natural ção, manutenção das estradas criado pela presença de um com sais durante o Inverno e curso fluvial, proporcionando exploração excessiva de águas uma humidade e sedimentação subterrâneas em zonas costei- determinada, de modo a facilitar ras. a formação de uma vegetação Sapal - terreno alagado tem- própria. porariamente inundado pelas águas de um rio e que, quando Riqueza específica - termo localizados junto à foz, variam utilizado em ecologia para desig- com a subida e a descida das nar o número de espécies de marés. uma determinada região, sendo Sedimento - produto de alte- a unidade fundamental para a ração de uma rocha preexistente avaliação da homogeneidade de que sofreu transporte e posteri- um ambiente. or deposição. Sensibilização ambiental – Ritidoma – parte da casca das trata-se de informar e esclarecer árvores e arbustos, formada por as pessoas sobre os problemas tecidos mortos, mais ou menos ambientais e as suas possíveis rugosa e fendida e que se desta- soluções, procurando transfor- ca de maneiras diversas. mar os cidadãos em participan- tes ativos na proteção dos valo- Rizoma – caule subterrâneo, res naturais. com aspeto de raíz, mas diferen- 120 GLOSSÁRIO

Sépala – cada uma das peças nental e o domínio marinho. É que formam o cálice, quer com- uma faixa complexa, dinâmica, pletamente livres, quer mais ou mutável e sujeita a vários pro- menos concrescentes. No último 6 cessos geológicos. caso, as partes livres designam- se por lóbulos ou segmentos do Sítio Prioritário de Conserva- cálice, conforme a sua extensão. ção – considera-se interessante Séssil – que se insere pela do ponto de vista da conserva- base e diretamente, sem ser por ção. Esta conservação articula-se intermédio de qualquer pé ou partindo de dois pilares básicos suporte (folha séssil não tem que são, de um lado a incorpora- pecíolo; flor séssil não tem pedi- ção das espécies de interesse celo). nos respetivos catálogos de Sifão exalante - também espécies protegida, e do outro designado de sifão cloacal, con- lado, a designação de um seria- siste na abertura por onde sai a do de áreas com importante água, os resíduos e os gâmetas conteúdo em espécies e habitats de um bivalve. incluídas na Diretiva Habitats. Sifão inalante - também cha- Substância mucosa – o mes- mado de sifão oral (onde se mo que muco é uma substância localiza a boca do animal), per- visco-elástica de origem biológi- mite a entrada de água rica em ca. É produzida como método de oxigénio e partículas alimentares proteção de superfícies no ser que ficam retidas nas brânquias. vivo, contra a desidratação Silte – o mesmo que limo, (pulmão), ataque químico todo e qualquer fragmento de (mucosa do estômago), bacteri- mineral ou rocha menor do que ológico (mucosa respiratória) ou areia fina e maior do que argila simplesmente como lubrificante segundo a escala de Wentworth. (esófago, cólon). Sistema costeiro - zona de Sustentabilidade ambiental - transição entre o domínio conti- trata-se de manter a qualidade 121 GLOSSÁRIO

de vida e manter o meio ambi- Vertebrados - animais que ente em equilíbrio. O próprio possuem vértebras, ou seja, os conceito de sustentabilidade ossos que compõem a coluna vertebral, como por exemplo aplica-se a longo prazo, significa 7 peixes, répteis, anfíbios, aves e cuidar de todo o sistema para mamíferos. que as gerações futuras possam Vivíparo - animal cujas crias usufruir do mesmo. nascem já desenvolvidos e não Termoeléctrica - é uma insta- envolvidos em ovo. lação usada na produção de Volúvel - diz-se da planta energia elétrica a partir da ener- trepadeira, ou do caule, que se gia libertada em forma de calor, enrola em hélice sobre um su- normalmente mediante a com- porte. bustão de combustíveis fósseis Voraz - que devora, ou come como petróleo, gás natural ou com avidez, que exige grande carvão. quantidade de alimentos. Turvação - ação ou efeito de Zona fótica - é a parte de um turvar, tornar escuro, opaco. corpo de água (oceano ou lago) Ubíquo - que pode ser encon- que recebe luz solar suficiente trado em todos os lugares; que para que ocorra a fotossíntese. está em toda ou qualquer parte, A profundidade desta zona é onipresente. bastante afetada pelas variações Vasa - lama, lodo e limo. que possam ocorrer na turbidez Vegetação ripária - também da água. chamada mata ciliar, vegetação Zooplâncton - conjunto dos ribeirinha ou vegetação ripícola organismos aquáticos que não é a designação dada à vegetação têm capacidade fotossintética que ocorre nas margens dos (heterotróficos) e que vivem cursos de água. O termo refere- dispersos na coluna de água, se ao fato de que esta pode ser apresentando pouca capacidade tomada como uma espécie de de locomoção (são, em grande "cílio" que protege os cursos de parte, arrastados pelas corren- água. São áreas que estão sujei- tes oceânicas ou pelas águas de tas a inundações frequentes. um rio). 122 BIBLIOGRAFIA

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