Reflexões Críticas a Partir Da Música De Racionais Mc's E Bezerra Da Silva
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO O DIREITO POR OUTRAS VOZES: REFLEXÕES CRÍTICAS A PARTIR DA MÚSICA DE RACIONAIS MC’S E BEZERRA DA SILVA Ana Carolina Palma de Araújo Orientadora: Profª. Dra. Fabiana Cristina Severi RIBEIRÃO PRETO 2013 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO DE RIBEIRÃO PRETO O DIREITO POR OUTRAS VOZES: REFLEXÕES CRÍTICAS A PARTIR DA MÚSICA DE RACIONAIS MC’S E BEZERRA DA SILVA Ana Carolina Palma de Araújo Orientadora: Profª. Dra. Fabiana Cristina Severi Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto 2013 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA Araújo, Ana Carolina Palma de. O Direito por outras vozes: reflexões críticas a partir da música de Racionais MC‟s e Bezerra da Silva / Ana Carolina Palma de Araújo - Ribeirão Preto, 2013. 252p.: il.; 30cm Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Orientadora: Professora Doutora Fabiana Cristina Severi. 1. Direito. 2. Estado (Direito) 3. Ideologia. 4. Desigualdades. 5. Marginalidade Social. 6. Cultura popular. 7. RAP. 8. Samba. Nome: ARAÚJO, Ana Carolina Palma de. Título: O Direito por outras vozes: reflexões críticas a partir da música de Racionais MC‟s e Bezerra da Silva Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Aprovado em: Banca Examinadora Orientadora:___________________________ Instituição:_______________________________ Julgamento:___________________________ Assinatura:______________________________ Nome:________________________________ Instituição:_______________________________ Julgamento:___________________________ Assinatura:______________________________ Nome:________________________________ Instituição:_______________________________ Julgamento:___________________________ Assinatura:______________________________ A todas as vozes historicamente silenciadas que, ainda assim, cantam lindamente o cotidiano deste Brasil. Às minhas três mulheres: mãe e irmãs, companheiras da luta pela vida. Aos Josés: meu pai, que já partiu, e meu amor, que comigo está. Ao primeiro por plantar em mim e ao segundo por me devolver a utopia e a vontade de mudar. AGRADECIMENTOS Às mulheres guerreiras lá de casa: mãe Delma, pelo amor maior do mundo. E, sobretudo, por me ensinar que nunca é tarde para buscar a transgressão como caminho para a felicidade; irmã Ester, por me olhar com aqueles olhos azuis mais cheios de carinho e compreensão que o mundo já viu. Especialmente nos momentos em que eu estive mais ausente; irmã Silvana, por ser minha referência de ousadia e superação. Ao José pai, in memoriam, por me contar repetidas vezes como foram importantes aqueles “padres” da teologia da libertação. E por viver uma vida dedicada à semeadura. Ao José amor, por me dar aconchego cotidiano em seu coração. E por querer o meu aconchego também. Por crer e me fazer crer, desde o começo, que essa empreitada seria possível. Por doar um bom tempo, no início de tudo, formulando sugestões e vigiando para que o projeto deste trabalho tivesse firmeza ideológica e metodológica. Mas também espontaneidade. Por me ajudar a amadurecer a crítica e a crescer nas relações humanas. E por fazer tudo isso, no mais das vezes, deitadinho junto de mim. À Professora Dra. Fabiana Cristina Severi, de quem tenho muita alegria em ser orientanda, por dar o tom fundamental às sonoridades deste trabalho. Por oxigenar os debates dentro da academia e por praticar corajosamente a crítica. Por me estimular a dar cambalhotas nos corredores tão simétricos, limpinhos e cheios de grade do pensamento jurídico tradicional. Por me mostrar (e a tantos outros) que a crítica não precisa ser carrancuda. Por me mostrar (e a tantos outros) que a crítica se faz melhor com um lindo sorriso no rosto. Aos amigos, que não nomeio para não pecar pela falta. Por rirem os risos mais sinceros comigo. Por me ajudarem a cantar a música da juventude e da amizade durante os cinco anos dessa graduação. Às amigas lá do GAEMA – MPSP, pelo companheirismo e pela preocupação diária comigo. Por me alimentarem com incontáveis marmitas e impagáveis conselhos. E por me “cobrirem” nas minhas férias, para que eu pudesse “dar um gás” nesse TCC. Ao professor Luis Alberto Warat, in memoriam, por querer trazer o sonho, a arte e o amor para dentro do Direito. Aos professores da casa: Márcio Henrique Pereira Ponzilácqua, Eduardo Saad Diniz, Benedito Cerezzo Pereira Filho, Paulo Eduardo Alves da Silva, Nuno Manoel Morgadinho dos Santos Coelho e Caio Gracco Pinheiro Dias por, de alguma forma contribuírem para que os caminhos da graduação em Direito fossem menos áridos e mais críticos. À toda a moçada do NAJURP, por me deixarem feliz e tranquila de deixar FDRP-USP, sabendo que eles existem. E lutam. São, com certeza, uma das coisas mais bonitas e incríveis que essa faculdade já “articulou”. Valeu também por isso, Fabiana. Aos funcionários da FDRP-USP, pela dedicação constante. Em especial, à Tamie Lança, bibliotecária fantástica que deu uma ajuda igualmente fantástica a esta monografia. A Deus, um pai que é lá do andar de cima, mas acaba ficando muito mais aqui no térreo, tentando ajudar os homens a ajeitarem a bagunça. Por fim, aos Racionais MC‟s e a Bezerra da Silva, in memoriam: se não fosse a “falta de papas na língua” deles, o que seria deste trabalho? Fica difícil você falar para uma criança sem pai, que passa fome e tal, que ele tem que ser honesto, que ele não pode roubar. Eu chego a dizer que eu nem considero eles desonestos, né? Dentro da realidade das armas que eles têm para lutar, eles são honestos. [...] A nossa sociedade é criminosa. É omissa. Ela é cega quando quer, surda quando quer. Omissão é crime, né? Mas a saída não seria a lei para todo mundo? A lei não é para todo mundo, nunca vai ser para todo mundo... Mano Brown Porque se a justiça consiste em dar a cada um o que é seu, dê-se ao pobre a pobreza, ao miserável a miséria, ao desgraçado a desgraça, que isso é o que é deles... Nem era senão por isso que ao escravo se dava a escravidão, que era o seu, no sistema de produção em que aquela fórmula se criou. Mas bem sabeis que esta justiça monstruosa tudo pode ser, menos justiça. João Mangabeira RESUMO ARAÚJO, Ana Carolina Palma de. O Direito por outras vozes: reflexões críticas a partir da música de Racionais MC‟s e Bezerra da Silva. 2013. 252p. Monografia (Graduação em Direito) – Faculdade de Direito – USP, Ribeirão Preto, 2013. Por que alguns sujeitos são “juridicamente mudos” se todos são iguais perante a lei? O presente trabalho se lança à tarefa de analisar criticamente algumas das formas de reprodução simbólica do Direito, a partir de uma perspectiva de abertura aos sentidos de justiça, Estado, Direito e desigualdades presentes na música popular brasileira. Essa abertura se mostra fundamental a um Direito que, de longa data, parece estar “surdo” a determinadas vozes sociais. Em razão disso, inicialmente pretende-se identificar o papel mistificador da ideologia jurídica e da insensibilidade no operar deste Direito. Partindo destas reflexões, é possível investigar com maior lucidez as vozes eleitas para este estudo, bem como os movimentos culturais em que se inserem: Racionais MCs e Bezerra da Silva, hip hop e samba. Tais vozes, intimamente atreladas ao lugar social de onde são proferidas, exercem importante função na luta pela hegemonia e na crítica a práticas associadas às normas jurídicas, aos controles e à repressão estatal. Nesse sentido, a proposta central deste trabalho é ouvir e analisar o que dizem estes “porta-vozes da mudez jurídica”, especialmente no que se refere a: a) criminalidade; b) repressão policial; c) Estado e Direito; d) questões de raça; e) pobreza, exclusão e capitalismo; e f) favela e periferia. A arte popular pode ser um caminho para que o Direito se desenclausure e destampe seus ouvidos. Mas não só: um caminho para que ele efetivamente consiga ouvir observações críticas acerca daquilo que lhe diz respeito, sensibilize-se e permita-se a transformação. Palavras-chave: Direito. Cultura popular. Ideologia jurídica. Crítica do Direito. Sensibilidade. Transformação social. Racionais MCs. Bezerra da Silva. ABSTRACT ARAÚJO, Ana Carolina Palma de. Law by other voices: critical reflections from Racionais MC‟s and Bezerra da Silva‟s music. 2013. 252p. Monografia (Graduação em Direito) – Faculdade de Direito – USP, Ribeirão Preto, 2013. Why are some people “juridically voiceless” if all people are equal before the law? This work intends to analyze some of the forms of the symbolic reproduction of the Law from an openness perspective of the senses of justice, State, Law and inequalities present in the Brazilian popular music. This openness is fundamental to a Law that seems to be “deaf” to certain social voices for a long time. For this reason, this study initially intends to identify the mystifying role of juridical ideology and insensitivity that works in Law. Based on these considerations, it is possible to investigate with greater clarity the voices chosen for this study as well as the cultural movements in which they operate: Racionais MC‟s and Bezerra da Silva, hip hop and samba. Such voices, closely linked to the social place from where they are spoken, play an important role in the struggle for hegemony and in the criticism of practices related to the juridical rulings, controls and state repression. In this way, the main proposal of this work is to listen and to analyze what these “juridical muteness spokespeople” are saying, especially with regard to: a) criminality; b) police repression; c) State and Law; d) issues of race; e) poverty, exclusion and capitalism; and f) favela.