O Imaginêrio De Antonio Carlos Jobim
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O IMAGINÁRIO DE ANTONIO CARLOS JOBIM: REPRESENTAÇÕES E DISCURSOS Patrícia Helena Fuentes Lima A dissertation submitted to the faculty of the University of North Carolina at Chapel Hill in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Philosophy in the Department of Romance Languages (Portuguese). Chapel Hill 2008 Approved by: Advisor: Monica Rector Reader: Teresa Chapa Reader: John Chasteen Reader: Fred Clark Reader: Richard Vernon © 2008 Patrícia Helena Fuentes Lima ALL RIGHTS RESERVED ii ABSTRACT PATRÍCIA HELENA FUENTES LIMA: Antonio Carlos Jobim: representações e discursos (Under the direction of Monica Rector) My aim with the present work is to describe the personal and creative trajectory of this artist that became known to his audience and people as a hero in the mythological sense—an individual that constructs a series of victories and defeats that continues until death, after which he is glorified by his community. Therefore, I approach the narratives that made him famous: the ones produced by the print press as well as those texts that negotiate meaning, memory, domain and identity created by his fans. I will place special emphasis on the fact that his public produced a definitive narrative about his figure, an account imbued with devotion, familiarity and creativity following his death. More specifically, I identify intertwined relations between the Brazilian audience and the media involved with creating the image of Antonio Carlos Jobim. My hypothesis is that Antonio Carlos Jobim’s image was exhaustively associated with the Brazilian musical movement Bossa Nova for ideological reasons. Specially, during a particular moment in Brazilian history—the Juscelino Kubitschek’s years (1955-1961). But his audience was able to read him in other ways. I presuppose image as an artifact—a text—which is ideologically constructed and inserted in a historical moment. This assumes the audience’s skillful reading and rewriting. Antonio Carlos Jobim’s work not only through his melodies and lyrics but also by means of his image, producing a iii different response and a different memory of him. The image constructed by the public and media produces a set of unique perspectives on Jobim and his legacy. The first chapter presents the recurrent discourses and definitions of Bossa Nova and how those perspectives fit Jobim into this artistic framework. The second chapter is an exploration of Jobim’s poetic works and how his lyrics inter-relate his works with those of other writers of the period previous to Bossa Nova. The third chapter is an investigative approach to his accounts, essays and memoirs. The fourth chapter investigates the relationship between the print media and the artist Antonio Carlos Jobim and the representation of his image. The fifth chapter analyzes the iconic and discursive representation of Jobim presented in the letters to him from his audience. Those letters reveal the relationship between the fans and the image and remembrance of Antonio Carlos Jobim following his death and how the public’s memory of him has been subsequently constructed and organized. I also mention further studies about the influence of Jobim and his work in the panorama of arts, anthropology and press in Brazil. iv A Maria da Penha, Josefa, Esmeralda, José Mâncio e Antenor, as árvores invisíveis que abrigam e habitam o meu interior. v AGRADECIMENTOS À Universidade da Carolina do Norte pelo apoio financeiro e imprescindível incentivo à pesquisa; Ao Institute for the Study of Americas e à Mellon Foundation pela bolsa de viagem concedida; a Monica Rector, por sua experiência como pesquisadora e mulher e que tem produzido uma linhagem de pesquisadores excepcionais; a Tom Smither e Sheena Melton pelo auxílio constante; à minha família no Brasil, nos Estados Unidos e na Suécia — primos, irmãos e pais, portos fraternos de afeto e compreensão; a Marcelo da Silva Amorim e Regina Lopes Santos, por serem inteiramente amigos e críticos amorosos de meu trabalho, a minha sincera gratidão. vi SUMÁRIO Capítulo INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1 Metodologia e dificuldades da pesquisa ............................................. 2 Dados biográficos .............................................................................. 7 I O IMAGINÁRIO DA BOSSA NOVA: DISCURSOS NARRATIVOS ... 14 II O IMAGINÁRIO DE ANTONIO CARLOS JOBIM: O VERSO E A PROSA ................................................................................................... 37 As paisagens do Brasil ....................................................................... 43 “Chapadão” ........................................................................................ 46 “Le Jardin Botanique à vol d’oiseau” ................................................. 65 “Gabriela”, “Lígia”, “Ângela” e “Fotografia”: os romances da cidade e do campo ......................................................................................... 68 “Falando de amor” e “Bebel”: tesouros do cotidiano ......................... 75 “Ana Luiza”, “Luiza” e “Samba de Maria Luiza”: musas de todos os tempos ................................................................................................ 76 “Querida” ........................................................................................... 80 “Espelho das águas” ........................................................................... 81 “Borzeguim” e “Pato Preto” ............................................................... 83 “Águas de março”, “Passarim” e “Chovendo na roseira”: o fabulário 89 jobiniano ............................................................................................ “Two kites” e “Samba do avião” ........................................................ 98 III O IMAGINÁRIO DA MEMÓRIA: ENSAIOS, RELATOS E MEMÓRIAS .......................................................................................... 102 vii IV JOBIM E A IMPRENSA: IMAGEM E DISCURSO ............................... 122 Jobim e o discurso jornalístico (1956-1984) ....................................... 126 Patrulhas ideológicas e Jobim ............................................................ 132 A consagração e o reconhecimento .................................................... 144 V JOBIM E SEU PÚBLICO: O DISCURSO DO ADEUS ......................... 162 A origem da correspondência e a metodologia de trabalho ................. 164 O discurso sobre a elegância, a erudição e a genialidade musical ...... 173 O discurso ao ecologista ..................................................................... 175 O discurso artístico ou a memória por meio de ícones ....................... 178 O discurso da nostalgia ...................................................................... 182 O discurso do afeto e do parentesco ................................................... 185 O discurso ao patriota e ao herói ........................................................ 187 CONCLUSÃO …………………………………………………………… 200 BIBLIOGRAFIA ………………………………………………………… 206 viii INTRODUÇÃO No ano de 2007, comemoraram-se os oitenta anos do nascimento de Antonio Carlos Brasileiro Jobim. Há treze anos exatos partiu para “as terras encantadas de Pindorama” um dos gigantes da música e da estética contemporânea brasileira. Este trabalho só conseguiu ser gerado graças à pertinácia e ao espírito de conservação de seu gênio e à criação de um arquivo pessoal, por desejo e empenho do próprio Jobim enquanto ainda vivia. Após a sua morte, a iniciativa de Jobim foi continuada por sua família e por três gerações de profissionais de Museologia, Arquivo e Letras. Tais equipes — das quais fiz parte de 2001 a 2003 e com as quais contribuí como pesquisadora e organizadora, de forma independente, nos anos subseqüentes — são representadas, respectivamente, por Eliane Vasconcellos, Gleise Andrade Cruz e Manuela Daudt. Este trabalho é a história parcial de minha relação com a obra de Jobim e dos relatos por ele selecionados: cartas, bilhetes, proto-textos de poemas e canções e ensaios manuscritos incompletos. Realizarei aqui uma revisão crítica sobre o mito da bossa nova1 e o que ela representou no cancioneiro Jobim, em termos de sedimentação e contradição do imaginário musical brasileiro. Além disso, procederei a uma análise da contribuição de Jobim na construção de uma identidade cultural brasileira. É com estes objetivo, portanto, que efetuo a 1 A bossa nova é um movimento da música popular brasileira surgido no final da década de 1950 e princípio da de 1960. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba na época. Anos depois, a bossa nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo, especialmente associado a João Gilberto, Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim. É também uma expressão relativa à ou próprio da bossa nova — “jeito novo de fazer”, “movimento musical”; bossa-novista. escolha do corpus da pesquisa e do material bibliográfico. O aparato teórico selecionado procura equacionar as perspectivas teóricas em relação à bossa nova, apresentando tanto pontos de vista conflituosos quanto unânimes de historiadores, teóricos da literatura e estudiosos da cultura popular brasileira. O aparato teórico leva em consideração a abordagem dos cientistas da área de comunicação, que advogam teorias relacionadas à recepção, à semiótica, à indústria cultural e ao público. Metodologia e dificuldades da pesquisa Devido ao escopo da pesquisa, serão analisados,