A Liberdade E a Felicidade Do Indivíduo Na Racionalidade Do Trabalho No Capitalismo Tardio: a (Im)Possibilidade Administrada
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JULIANA DE CASTRO CHAVES A LIBERDADE E A FELICIDADE DO INDIVÍDUO NA RACIONALIDADE DO TRABALHO NO CAPITALISMO TARDIO: A (IM)POSSIBILIDADE ADMINISTRADA Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Psicologia Social sob a orientação da Professora Doutora Bader Burihan Sawaia. São Paulo 2007 JULIANA DE CASTRO CHAVES A LIBERDADE E A FELICIDADE DO INDIVÍDUO NA RACIONALIDADE DO TRABALHO NO CAPITALISMO TARDIO: A (IM)POSSIBILIDADE ADMINISTRADA Tese defendida no Curso de Doutorado em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, para obtenção do título de Doutora em Psicologia Social. São Paulo, 28 de junho de 2007 BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Profa. Dra. Bader Burihan Sawaia (PUC-SP) __________________________________________ Prof. Dr. José Leon Crochík (USP) __________________________________________ Profa. Dra.Anita Cristina Azevedo Resende (UFG, UCG) ___________________________________________ Profa. Dra.Sylvia Leser de Mello (USP) ____________________________________________ Prof. Dr.Odair Furtado (PUC-SP) Suplentes Profa. Dra. Maria do Carmo Guedes (PUC–SP) Profa. Dra. Maria Regina Namura (UNITAU) DEDICO ESTA OBRA À minha querida mãe, Julieta de Castro Chaves, por seu exemplo de coragem e de alegria de viver, e a meu pai, Alcides de Sousa Chaves, que infelizmente não está mais entre nós para compartilhar essa etapa da minha vida, mas sei que seria sua satisfação serena. AGRADEÇO À minha mãe, aos meus irmãos Luciano e Alcides Júnior, e aos demais familiares, Karla, Tia Luda, Tia Mundinha, Tia Terezinha, Tereza Cristina, Nivaldo e sobrinhos, que pacientemente entenderam a minha falta de tempo para o encontro com a família. À Profa Dra. Bader Sawaia, orientadora sensível, flexível e competente, por ter sabido, com paciência, me escutar e orientar nessa caminhada permeada por percalços. Ao Prof. Dr. Leon Crochík, por ter me instigado com seu amor pelo saber e profundidade no conhecer. A ele todo o meu respeito e carinho. À querida amiga e colega de trabalho, Anita Resende, por todos os momentos em que se debruçou em discussões e revisões teóricas. À Rochane Torres, por me instigar a ter experiências de rupturas e de intensa criação que me deram coragem para enfrentar essa caminhada. À Andréa, pelas longas correções, pela serenidade da sua certeza de que eu seria capaz de finalizar esse processo. À Edileuza, minha amiga cearense, que sempre esteve de braços abertos para me receber. À Branca, amiga e parceira de doutorado, companheira fiel dos desafios acadêmicos. À Mônica pelas traduções de espanhol e pela abertura de espaço para discussões. Aos amigos de Goiânia, Madalena, Rozi, Nilvani, Vitória, Celia, Giovane e Ana França que pacientemente me aturaram nessa caminhada. Ao Pedro Fernando e a Rose, que tornaram meus dias em São Paulo mais intensos em sabores e cores. À Leiliane, pela disponibilidade de juntar-se a mim no estudo sobre Kant. À D. Terezinha, minha morada segura e agradável, harmonia necessária para os momentos turbulentos da produção da tese. À Juliana Adorno, minha médica, que me recebeu no desespero de minhas crises renais com competência e acolhimento. Aos professores do programa, que em muito ampliaram os meus conhecimentos. À Kety Franciskatti, que compartilhou minhas primeiras inquietações teóricas em São Paulo e as grandes aquisições de obras em sebos. À Anne Mary, por possibilitar meu pouso inicial em São Paulo. À Margarida Barreto, Dionísia, Israel e demais “nexianos”, que viveram comigo as angústias do saber e ajudaram a tornar essa empreitada menos difícil. À Marlene, secretária do programa, pela antecipação de resoluções e pela presteza no que diz respeito a dúvidas operacionais do doutorado. Aos professores-examinadores da banca, por terem aceitado se debruçar sobre minha produção escrita, discutir e participar do aprimoramento deste trabalho. Ao Pe. Pitombeira, pela disponibilidade de estar comigo tentando desvendar conceitos e textos filosóficos. Aos meus amigos, Gilmar Chaves, Fernanda e Aninha, por tornar os meus longos dias de estudo em Limoeiro do Norte menos enfadonhos, mais leves e, por isso, mais produtivos. À Suzana Oellers, que efetivou com bom humor um trabalho dedicado e profissional de revisão de texto e aperfeiçoamento da escrita. À Darcy, por ter aceitado me auxiliar neste trabalho, mesmo estando com sua agenda completamente comprometida. À UEG e à UCG, pela aprovação da liberação para o meu aperfeiçoamento. Ao programa de Psicologia Social da PUC-SP, pela abertura que oferece para a diversidade do saber crítico e para o comprometido com o indivíduo emancipado. À Capes e ao Cnpq, pelo incentivo financeiro. RESUMO Este trabalho está estruturado em uma pesquisa teórica que procura analisar a possibilidade de liberdade e de felicidade na racionalidade do trabalho no capitalismo tardio. A base teórica que o sustenta é a Teoria Crítica da Sociedade, vinculada à Escola de Frankfurt e representada por Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, em diálogo com outros referenciais teóricos que auxiliam a aprofundar o debate. Para os autores da Teoria Crítica, a liberdade e a felicidade só podem ser concebidas na vinculação do indivíduo com a sociedade. Por isso, nesta tese são problematizadas as contribuições de Marx e Freud, autores que levam em conta essa relação e indicam que o trabalho deve ser questionado como categoria central para a formação dos homens, por produzir o sofrimento, a dominação e a fragilidade do Ego. A partir da discussão das concepções de liberdade e de felicidade, em organizações diferenciadas, e de suas articulações com a racionalidade do trabalho, são desenvolvidas bases para a análise dessas duas dimensões na atualidade. Em seguida, discute-se a configuração da racionalidade do trabalho na sociedade contemporânea, que se alastra por vários âmbitos sociais, determinando modos educacionais e o tempo livre. Essa racionalidade é contraditória, pois enfatiza a formação de um trabalhador-cidadão portador de competências que enaltecem a individualidade e a potencialidade de ser autônomo e livre para buscar o bem-estar e a felicidade, mas que, no entanto apresenta uma heteronomia avassaladora. Paralelamente ao enaltecimento da emancipação, instala-se a apatia, a alegria fortuita, o sacrifício, o medo e a falta de prazer no indivíduo. A semiformação, ampliada pela indústria cultural, auxilia a propagação dessa lógica quando forma um indivíduo frágil, receptivo e funcionalmente reprodutor da racionalidade do trabalho que, embora apresente contradições mais agudas e claras, não são refletidas. A combinação de condições objetivas e subjetivas favorece a formação de uma subjetividade massificada, instrumental e reificada que não oferece resistência à ordem estabelecida e ainda é objeto de concordância, de propagação e de concretização de novos mecanismos de sujeição. A resistência envolve a análise dessa formação no interior das condições objetivas que a determinaram, o reconhecimento do que dificulta a realização da liberdade e da felicidade e a preparação do indivíduo para a reflexão. Palavras-chave: liberdade, felicidade, capitalismo tardio, trabalho, formação e educação. ABSTRACT FREEDOM AND HAPPINESS OF THE INDIVIDUAL IN THE RATIONALITY OF WORK IN LATE CAPITALISM: THE ADMINISTERED (IM)POSSIBILITY This paper is based on a theoretical research aiming to analyze the possibility of freedom and happiness in the rationality of work in late capitalism. The foundation of this study is the Critical Theory of Society, connected to the School of Frankfurt and represented by Max Horkheimer, Theodor Adorno and Herbert Marcuse, in dialog, discussion, and confront with other theoretical references in order to deepen the debate. To the authors of the Critical Theory, freedom and happiness can only be conceived in the attachment of the individual to society. Thus, this thesis brings to the discussion the contributions of Marx and Freud, authors that take into consideration this relationship and indicate that work must be questioned as a category fundamental for the formation of man, because it produces Ego suffering, domination, and fragility. The foundations to analyze freedom and happiness in the present are developed based on discussions about the concepts of these two dimensions in differentiated organizations, and their articulations with the rationality of work. After that, it is discussed the configuration of rationality of work in contemporary society, which is spread over several social spheres, determining educational modes and leisure time. This rationality is contradictory, because it emphasizes the formation of a worker-citizen possessing competences that enhance the individuality and the potential to be autonomous and free in order to search for welfare and happiness, although presenting an overwhelming heteronomy. Concomitantly with the emancipation enhancement, apathy, fortuitous happiness, sacrifice, fear and lack of pleasure are installed in the individual. Semiformation, amplified by the cultural industry, causes the individual to become fragile, thus making him receptive and functionally a reproducer of work rationality, which presents more acute subjective contradictions, although they are not reflected. The combination of objective and subjective conditions favors the formation of a massive, instrumental, and reified subjectivity that does not offer resistance to the established order and is also object of agreement,