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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DIFERENÇAS CULTURAIS ENTRE CABOCLOS E TEUTO-BRASILEIROS DE PORTO NOVO: A SEGREGAÇÃO SOCIAL DO CABOCLO PATRÍCIO REICHERT ORIENTADORA: PROFª. DRª. ROSA MARIA VIEIRA MEDEIROS PORTO ALEGRE, MAIO DE 2008. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DIFERENÇAS CULTURAIS ENTRE CABOCLOS E TEUTO-BRASILIEROS DE PORTO NOVO: A SEGREGAÇÃO SOCIAL DO CABOCLO PATRÍCIO REICHERT Orientadora: Profa. Dra. Rosa Maria Vieira Medeiros Banca examinadora: Prof. Dr. Paulino Eidt (Centro de Ciências Humanas - UNOESC) Prof. Dr. Antônio Carlos Castrogiovanni (PPG em Geografia – UFRGS) Prof. Dr. Álvaro Luiz Heidrich (PPG em Geografia - UFRGS) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia, como requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia. PORTO ALEGRE, MAIO 2008. 2 Dedico este trabalho a população cabocla e teuto- brasileira que construiu e está construindo o território do antigo Porto Novo. 3 AGRADECIMENTOS À família que me deu a base educacional ensinando-me os valores humanos fundamentais para a vida, e que perto ou longe sempre me incentivou nos estudos. Á família de José Flávio Weber, a minha segunda família como costumo mencionar, pela hospitalidade durante o curso de graduação e pela nova acolhida no período da pesquisa a campo. Por terem sempre me tratado como um integrante do seu meio familiar serei eternamente grato. Ao meu tio e padrinho José Flávio Weber por ter me auxiliado nas traduções do alemão, pelo seu constante interesse no tema da pesquisa, pela sua sabedoria e profunda capacidade de argumentação, em fim, por sempre ter compartilhado comigo o gosto pelo saber. Reciprocidades estas que continuamente formam calorosas conversações e enraizaram entre nós uma profunda relação de amizade. Ao meu amigo de infância Claunei Paulo Weber, que como sempre, durante o trabalho da pesquisa não deixou de demonstrar o valor da nossa amizade. Bastante interessado, entre nossos longos e constantes diálogos, contribuiu com suas profundas argumentações. E enquanto estava em Vale Real – RS na escrita da dissertação, ele mostrou-se um excelente auxiliar na pesquisa, com grande disposição buscou necessárias informações, documentos e realizou inúmeras fotos, sempre superando as expectativas da ajuda que lhe foi pedida. Aos meus amigos filhos de Porto Novo: Vianei, Douglas, Lorival e Ivan. Como amantes do saber e da pesquisa, mostraram constante interesse no meu trabalho e contribuíram significativamente com suas argumentações e informações. No isolamento da escrita, separado pela distância geográfica, senti muita falta dos nossos diálogos, apesar de terem continuado virtualmente por meio da internet. Aos meus amigos de farra, do oeste catarinense e de Vale Real, que em meio ao trabalho exaustivo da pesquisa me proporcionaram momentos de muita alegria e descontração, me desculpo das vezes que não pude estar com vocês devido as minhas ocupações. Ao meu professor do curso de graduação de Geografia da UNOESC, amigo e colega de jornada Antônio Carlos Moreira, que com a sua sabedoria e persistência me ensinou a ter um olhar mais múltiplo e profundo na análise do espaço geográfico, me despertou com mais intensidade o gosto pela pesquisa e que continua tendo o bom hábito de me provocar incertezas que me impulsionam a ir em busca de respostas às minhas inquietações. 4 Ao meu professor do curso de graduação de Geografia da UNOESC e amigo Paulino Eidt, que em meio às ocupações na fase final da sua tese, mostrou atenção e interesse a minha pesquisa, agendou tempo para dialogarmos e compartilhou comigo seu conhecimento sobre a construção do espaço geográfico de Porto Novo. E quando afastados pela distância geográfica, apoiou-me de forma criativa através da comunicação pela internet. Às demais pessoas que se mostraram dispostas em contribuir à pesquisa a campo: os entrevistados que tiveram a generosidade da acolhida para a conversação das entrevistas qualitativas; os estudantes que responderam aos questionários; e todos aqueles que de alguma forma forneceram informações, em especial as agentes de saúde municipal, que sem esta ajuda espontânea a pesquisa a campo não poderia ter sido realizada com tal êxito. Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Geografia, pelas novas amizades e pelo conhecimento compartilhado. À Zélia, pela dedicação e espontânea ajuda nas necessárias burocracias junto à secretaria do Programa de Pós-Graduação em Geografia. À Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, universidade pública e gratuita, que me concedeu a oportunidade de estudar e a desenvolver a pesquisa, disponibilizando uma boa estrutura física e profissionais qualificados. A instituição proporcionou também a oportunidade de participar em seminários, congressos e outros eventos. Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, a sua coordenação e ao seu competente corpo docente, em especial aos professores que me lecionaram as disciplinas freqüentadas no curso, que com seu conhecimento e sabedoria me proporcionaram uma excelente aprendizagem. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil, que me concedeu o suporte financeiro para a dedicação exclusiva ao estudo e a realização da pesquisa. Um agradecimento especial à professora orientadora Dr. Rosa Maria Vieira Medeiros, pela constante atenção e estímulos em todos os momentos da orientação, pela sabedoria em me guiar no rumo da pesquisa, e pela relação de amizade e confiança que se formou no decorrer deste trabalho. 5 A cegueira Muitas são as fontes de cegueira: em relação a si e ao outro, fenômeno geral cotidiano; cegueira pela marca da cultura nos espíritos; cegueira resultante de uma convicção fanática, política ou religiosa, de uma possessão por deuses, mitos, idéias; cegueira proveniente da redução e da disjunção; cegueira por indiferença, ódio ou desprezo; cegueira criada pelos turbilhões históricos que arrastam os espíritos; cegueira antropológica vinda da demência humana; cegueira oriunda de um excesso de racionalização ou de abstração, as quais ignoram a compreensão subjetiva. Cegueira por desconhecimento da complexidade. Edgar Morin 6 RESUMO O projeto de colonização Porto Novo iniciado em 1926 na microrregião do extremo oeste de SC, organizado pelos jesuítas alemães de São Leopoldo – RS, almejava a formação de uma colônia étnica e religiosamente homogênea: católica e alemã. O caboclo que em parte já se encontrava antes do imigrante de origem alemã na região e posteriormente atraído pelos trabalhos da colonização, não se enquadrou nos requisitos impostos para ser incluído ao projeto Porto Novo. Desde o inicio da formação da colônia até os dias atuais, o caboclo pertence a uma minoria étnica que em geral vive uma situação de segregação social. Nesta pesquisa trabalha-se na idéia de que as diferenças culturais, o estranhamento e a intolerância diante destas diferenças é o principal fator da pouca integração social do caboclo num território onde há a supremacia da cultura teuto-brasileira. Para compreender as principais diferenças culturais entre as duas etnias (a cabocla e a teuto-brasileira) primeiramente faz-se um resgate e uma contextualização da identidade cultural de cada uma, em seguida destaca-se alguns valores nucleantes que se diferenciam de forma marcante entre os dois grupos, especialmente na sua reprodução camponesa: a religião, a língua, a propriedade da terra, o ethos trabalho e a família. Posteriormente faz-se uma análise da atual segregação social do caboclo no antigo território de Porto Novo, uma segregação que será identificada a partir da observação da paisagem e das relações humanas nos diferentes espaços sociais de predominância teuto-brasileira, como nas relações de vizinhança, na igreja, no clube social e na escola. Por fim, acredita-se numa maior possibilidade de inclusão social da minoria étnica cabocla, numa melhor interação entre caboclos e teuto-brasileiros, e a partir da análise de algumas possíveis propostas, se aposta principalmente no papel da escola, um espaço capaz de desenvolver o germe deste processo, na qual a Geografia consegue trazer uma significativa contribuição. Palavras – chave: colonização, identidade cultural, segregação, inclusão. 7 ABSTRACT The Porto Novo settling project was started in 1926 in the most western micro region in Santa Catarina (Brazil). Organized by the German Jesuits from São Leopoldo – Rio Grande do Sul (Brazil), this project aimed at the establishment of an ethnically and religiously homogeneous German Catholic colony. The caboclo who had been in that region before the German immigrants arrived, and who were afterward attracted by the settling works, did not fit the requisites to be included in the Porto Novo project. From the beginning of the colony formation to the present, the caboclo belongs to an ethnical minority that, in general, lives through social segregation. This study is based on the idea that cultural differences, strangeness and intolerance in face of these differences are the main factors of the little social integration of the caboclo in a territory where there is a German-Brazilian cultural supremacy. To understand the main cultural differences between the two ethnics (the cabocla and the German-Brazilian), firstly, an identity rescuing and contextualization of each of the two is proposed. Secondly, some main values that clearly differentiate the two groups are pointed