FORTISSIMO Nº 9 — 2015 NOVEMBRO 62 Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam

SUMÁRIO

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Arvo Volmer, regente convidado PRESTO VELOCE Elissa Lee Koljonen, violino Quinta Sexta 05/11 06/11 MESSIAEN Hymne MENDELSSOHN Concerto para violino em mi menor, op. 64 STRAVINSKY Petrushka

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Christopher Seaman, regente convidado ALLEGRO VIVACE Daniel Müller-Schott, violoncelo Quinta Sexta 12/11 13/11 DVORÁK Danças eslavas, op. 72, nos 7, 2 e 5 HAYDN Concerto para violoncelo em Ré maior, Hob. VIIb:2 SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 10 em mi menor, op. 93

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Carlos Kalmar, regente convidado PRESTO VELOCE Ricardo Castro, piano Quinta Sexta 26/11 27/11

BRAHMS Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 83 KERNIS Musica Celestis NIELSEN Sinfonia nº 4, op. 29, “A inextinguível” 3

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

Novembro será um mês de Finalizando as comemorações dos imenso vigor na programação 150 anos do compositor dinamarquês da Filarmônica, com repertório Carl Nielsen, a Filarmônica extremamente diversificado e apresentará sua Quarta Sinfonia, com a presença de regentes e inextinguível fonte de energia e solistas convidados de grande surpresas, liderada pelo regente reputação internacional. convidado uruguaio Carlos Kalmar. Nesse mesmo programa recebemos Primeiramente será a vez do mais uma vez a visita de um dos regente estoniano Arvo Volmer grandes nomes do pianismo brasileiro, e da violinista norte-americana Ricardo Castro, fazendo uma Elissa Lee Koljonen, que oferecem a nova leitura do belíssimo Segundo singela beleza do querido concerto Concerto de . para violino de Mendelssohn, assim como a fantasia contida em Àqueles que já renovaram suas um dos primeiros balés célebres assinaturas, os nossos sinceros de Stravinsky. Em seguida, o agradecimentos. Aos que frequentam maestro inglês Christopher Seaman assiduamente nossas apresentações, apresenta a força dramática da fazemos o convite para que Décima Sinfonia de Shostakovich e explorem as opções de concertos a energia contagiante de três danças para o ano que vem e se associem eslavas de Dvorák. Em seu retorno mais firmemente à nossa família, a Belo Horizonte, receberemos tornando-se mais um dos milhares o violoncelista alemão Daniel de assinantes que hoje fazem parte Müller-Schott interpretando um desse importante projeto de sucesso. dos mais apreciados concertos de Haydn para o instrumento. Bom concerto a todos.

FABIO MECHETTI Diretor Artístico e Regente Titular FOTO: RAFAEL MOTTA RAFAEL FOTO: 5 FOTO: EUGÊNIO SÁVIO EUGÊNIO FOTO: 6 7

regente brasileiro a ser titular de uma Vencedor do Concurso Internacional orquestra asiática. Depois de catorze de Regência Nicolai Malko, na anos à frente da Orquestra Sinfônica Dinamarca, Mechetti dirige de Jacksonville, Estados Unidos, regularmente na Escandinávia, atualmente é seu Regente Titular particularmente a Orquestra Emérito. Foi também Regente da Rádio Dinamarquesa e a de Titular da Sinfônica de Syracuse Helsingborg, Suécia. Recentemente e da Sinfônica de Spokane. Desta fez sua estreia na Finlândia dirigindo última é, agora, Regente Emérito. a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Foi regente associado de Mstislav Sinfônica de Roma. Em 2016 fará Rostropovich na Orquestra Sinfônica sua estreia com a Filarmônica Nacional de Washington e com ela de Odense, na Dinamarca. dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da No Brasil, foi convidado a dirigir a Orquestra Sinfônica de San Diego, Sinfônica Brasileira, a Estadual de foi Regente Residente. São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais Fez sua estreia no Carnegie Hall de de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nova York conduzindo a Orquestra Trabalhou com artistas como Alicia Desde 2008, Fabio Mechetti é Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido de Larrocha, Thomas Hampson, Diretor Artístico e Regente Titular inúmeras orquestras norte-americanas, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, da Orquestra Filarmônica de Minas como as de Seattle, Buffalo, Utah, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Gerais, sendo responsável pela Rochester, Phoenix, Columbus, entre Shaham, Midori, Evelyn Glennie, implementação de um dos projetos outras. É convidado frequente dos Kathleen Battle, entre outros. mais bem-sucedidos no cenário festivais de verão nos Estados Unidos, musical brasileiro. Com seu trabalho, entre eles os de Grant Park em Chicago Igualmente aclamado como regente Mechetti posicionou a orquestra e Chautauqua em Nova York. de ópera, estreou nos Estados Unidos mineira nos cenários nacional e dirigindo a Ópera de Washington. internacional e conquistou vários Realizou diversos concertos no México, No seu repertório destacam-se prêmios. Com ela, realizou turnês Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu produções de Tosca, Turandot, pelo Uruguai e Argentina e realizou as orquestras sinfônicas de Tóquio, Carmen, Don Giovanni, Così fan Tutte, gravações para o selo Naxos. Sapporo e Hiroshima. Regeu também a La Bohème, Madame Butterfly, Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, O Barbeiro de Sevilha, La Traviata Natural de São Paulo, Fabio Mechetti a Orquestra da Rádio e TV Espanhola e Otello. Fabio Mechetti recebeu FABIO serviu recentemente como Regente em Madrid, a Filarmônica de Auckland, títulos de Mestrado em Regência Principal da Orquestra Filarmônica Nova Zelândia, e a Orquestra e em Composição pela prestigiosa da Malásia, tornando-se o primeiro Sinfônica de Quebec, Canadá. Juilliard School de Nova York.

FOTO: RAFAEL MOTTA RAFAEL FOTO: MECHETTI 8 9

ARVO VOLMER, regente convidado ELISSA LEE KOLJONEN, violino

PROGRAMA PRESTO Quinta Olivier MESSIAEN 05/11 Hymne

VELOCE Sexta Concerto para violino em mi menor, op. 64 06/11 ELISSA LEE • Allegro molto appassionato KOLJONEN • Andante violino • Allegretto non troppo – Allegro molto vivace

– INTERVALO –

Igor STRAVINSKY Petrushka

PARTE 1 • A Feira de Diversões • Dança Russa

PARTE 2 • O quarto de Petrushka

PARTE 3 • O quarto do Mouro • Valsa

PARTE 4 • O cair da noite na Feira de Diversões e a Morte de Petrushka 10 PRESTO E VELOCE 11

da Música em Milão e Torino. as sinfônicas da Rádio Finlandesa e Ainda na última temporada o de Gothenburgo e as filarmônicas de maestro estreou com a Orquestra Helsinki e Real de Estocolmo. Como Sinfônica da NHK e retornou às regente de ópera, apresentou-se no orquestras Nacional da Bélgica e Teatro Bolshoi, Ópera Nacional Sinfônica do Estado de São Paulo. da Finlândia e Den Norske Opera; realiza récitas regulares com a Ópera Ocupou os cargos de diretor Austrália em Sydney e Melbourne. artístico e regente principal da Ópera Nacional da Estônia e de Ao longo de sua carreira, o maestro diretor artístico da Orquestra gravou extensivamente, incluindo Sinfônica de Adelaide, Austrália. as sinfonias completas de Sibelius Conduziu a orquestra em turnês com a Orquestra Sinfônica de nos Estados Unidos, incluindo o Adelaide e as obras sinfônicas de Carnegie Hall de Nova York, e Eduard Tubin. Também gravou a em projetos como o seu aclamado obra completa de Leevi Madetoja Ciclo Mahler, de cinco anos. Volmer e compositores contemporâneos O maestro estoniano Arvo Volmer permanece ligado à orquestra suecos e estonianos. Seu lançamento é amplamente aclamado por suas como seu regente convidado mais recente apresenta os concertos performances intensas tanto em principal e consultor artístico. de sopro de Ross Edwards com óperas como em concertos. Ele é a Sinfônica de Melbourne. particularmente conhecido por O maestro já se apresentou em suas interpretações de Mahler muitas das principais salas de Arvo Volmer fez sua estreia e Sibelius, assim como obras do concerto e teatros de ópera do profissional com a Ópera Nacional repertório alemão, nórdico, russo mundo, com orquestras como a da Estônia aos 22 anos e permanece e de música contemporânea. City of Birmingham, sinfônicas de associado ao grupo desde então. Cingapura e Taiwan, filarmônicas da Foi diretor artístico da Orquestra Volmer foi nomeado diretor BBC e de Macau, Orquestra Nacional Sinfônica Nacional da Estônia por artístico da Orquestra Haydn de da França e Filarmônica da Radio oito anos. Da Orquestra Sinfônica Bolzano e Trento, Itália, a partir France, bem como as principais de Oulu, Finlândia, foi regente da temporada 2014/2015. Com orquestras da Austrália. Conduziu principal e diretor artístico durante o grupo fez um programa de a Orquestra da Komische Oper onze anos. Volmer é graduado pelo intercâmbio com a Orquestra Berlin, Konzerthausorchester Berlim, renomado Conservatório de São ARVO Sinfônica de Milão Giuseppe Verdi NDR Radiophilharmonie, Sinfônica Petersburgo, Rússia, e foi vencedor e turnês para o Maggio Musicale NDR de Hamburgo e a maioria dos de um prêmio no Concurso Nikolai

FOTO: TONY LEWIS TONY FOTO: VOLMER Fiorentino e o Festival Internacional principais grupos nórdicos, incluindo Malko, na Dinamarca, em 1989. 12 PRESTO E VELOCE 13

Já o Detroit News publicou “(...) Concertgebouw, Barbican Centre Koljonen reflete em suaperformance em Londres, Seoul Arts Center, não apenas uma técnica apurada, mas Symphony Hall de Boston e à propósito inabalável e confiança”. Academia de Música da Filadélfia.

Em seu retorno com a Orquestra Como recitalista, Elissa já se da Filadélfia, Elissa interpretou apresentou em muitas capitais o Concerto para violino nº 1 de musicais, incluindo Londres, Shostakovich. Compromissos Amsterdã, Salzburgo, Seul, recentes e futuros incluem a sua Washington, Filadélfia e Nova York. estreia na Espanha com James Judd Uma performance no Carnegie Hall e a Orquestra Sinfônica de Bilbao, em 2004 foi saudada com excelente performances com José-Luis Novo crítica. Em intensa atividade com e orquestras em Annapolis e música de câmara, ela se apresenta Binghamton, a Sinfônica de regularmente em festivais em toda Delaware, Reading Symphony, a América do Norte, Europa e Ásia. Kimmel Center’s Summer Solstice Foi aclamada pela crítica em sua e a estreia na Filadélfia doConcerto estreia no Queen Elisabeth Hall, para Violino de Behzad Ranjbaran, em Londres, e em suas performances Reconhecida como uma das violinistas com JoAnn Falletta. Sua agenda com o London Mozart Players mais célebres de sua geração, Elissa Lee ainda inclui a Orquestra Boston e a Orquestra Filarmônica de Koljonen tem emocionado plateias e Pops, Orquestra de Minnesota, Monte-Carlo, em um concerto críticos em mais de cem cidades em Royal Philharmonic e as sinfônicas especial comemorando o 700º todo o mundo. Inicialmente, Elissa de Baltimore, Cincinnati, Dallas, aniversário da dinastia Grimaldi. recebeu aclamação internacional Detroit, Oregon, Pittsburgh, Helsinki quando se tornou a primeira a receber e Seul. Elissa já trabalhou com Elissa é pupila do grande Aaron o prestigiado Prêmio Fundação maestros notáveis como Mattias Rosand no Curtis Institute of Music. Henryk Szeryng e a medalha de Bamert, James DePreist, Lawrence Por sua influência, ela continua o prata do Concurso Internacional de Foster, Richard Hickox, Neeme legado e a tradição de Leopold Auer Violino Carl Flesch. Sua performance Järvi, Louis Lane, Andrew Litton, e sua lendária escola de violino. foi elogiada pelo Helsingin Sanomat, Eiji Oue e Bryden Thompson. Seus de Helsinki, como “brilhante, sensual compromissos a têm levado a algumas A violinista passa metade de ELISSA LEE e pessoal”. Dan Tucker, do Chicago das salas mais importantes do mundo, sua vida na Filadélfia mantendo Tribune, escreveu: “Ela mostrou entre elas o Musikverein de Viena, Roberto, Sofia, Niko e Sammy técnica e musicalidade sem limites”. Salzburg Mozarteum, Amsterdam longe de problemas.

FOTO: J HENRY FAIR J HENRY FOTO: KOLJONEN 14 PRESTO E VELOCE 15

Olivier Messiaen | França, 1908 – 1992 INSTRUMENTAÇÃO 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas. HYMNE (1932, versão original – 1946, versão reconstruída) 14 min

Um compositor católico. Não no Prisioneiro de guerra entre 1940 e Em 1932, Messiaen compõe uma de Messiaen, estreado em Paris no sentido político ou religioso do 1942, compõe e executa, no campo obra intitulada Hymne au Saint- ano de 1933, pela Orcherstre des termo, mas no sentido radical: de concentração, sua obra mais Sacrement. A partitura dessa obra Concerts Straram, sob a regência “universal”. Se Messiaen define a sua famosa: o Quarteto para o Fim do perdeu-se durante a guerra, mas de Walther Straram, já revela a música como “teológica”, explica Tempo. Professor do Conservatório Messiaen a reconstituiu em 1946, grande testemunha de nossa era ele que é porque ela estabelece uma de Paris desde 1942, figuram encurtando-lhe o título: Hymne que formará toda uma geração de relação com Deus. Seu misticismo entre seus alunos nomes como (Hino). Segundo o autor, “essa obra compositores e que norteará toda provocou suspeitas, é certo, mas ele Boulez, Xenakis e Stockhausen. se caracteriza sobretudo por seus uma corrente de pensamento musical. mesmo nunca se arvorou em místico, efeitos de cor”. Cores de acordes, apesar de intensamente crente e Católico, pois, no sentido radical. cores de timbres, cores melódicas, MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, fervorosamente devoto. Na sua O ecletismo de sua cultura impede contrastes... A música de Messiaen Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, música, a sua relação com Deus se dá esse professor exemplar de se fala por ela só: universal e moderna. professor da Universidade do Estado de Minas por uma relação sensual e sensorial instalar no conforto de qualquer Por isso mesmo, sólida. O Hymne Gerais e da Fundação de Educação Artística. com o mundo... Desde o início. academismo – Messiaen dizia que se nutria de tudo: o folclore, o Quando aluno do Conservatório de cantochão, Bach, a música russa, Paris, onde ensinavam Dupré, Gallon Debussy, Bartók, o canto dos e Dukas, entre 1919 e 1930, estuda pássaros, os ruídos da natureza. paralelamente o cantochão, a rítmica Tudo isso lhe proporciona material PARA OUVIR indiana, a música em quartos de tom, que ele sintetiza em uma música CD Messiaen – Des Canyons aux Étoiles; o canto dos passarinhos, as Sagradas de efeito inaudito e de inesgotável Hymne au Saint-Sacrement; Les Offrandes Escrituras, a poesia surrealista. riqueza. Em um texto datado de Oubliées – Ensemble Ars Nova; Orchestre Em 1931, é nomeado organista da 1944 (Técnicas da Minha Linguagem Philharmonique de l’ORTF – Marius Constant, Igreja da Santíssima Trindade, em Musical), Messiaen define essa síntese regente – Apex – 2006 Paris. Ali, suas improvisações e suas como uma ampliação ou amplificação Orquestra Real do Concertgebouw – Mariss primeiras composições para órgão de certas noções antigas e a adoção Jansons, regente | Acesse: fil.mg/mhymne atraem a atenção do mundo musical. de regras universais, princípios unificadores. O primeiro aspecto PARA LER Filho de um professor de Letras, garante o vínculo com a tradição. Peter Hill e Nigel Simeone – Messiaen – Yale University Press – 2005 tradutor de Shakespeare, e de O segundo, garante a possibilidade

uma poeta simbolista, Messiaen de continuar lidando, no processo Roland de Candé – História Universal da Música – cresce em um ambiente intelectual, de criação musical, com esquemas Eduardo Brandão, tradução – vol. 2 – determinante de sua cultura eclética. melódicos, harmônicos e rítmicos. Martins Fontes – 1994 16 PRESTO E VELOCE 17

Felix Mendelssohn | Alemanha, 1809 – 1847 INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas. CONCERTO PARA VIOLINO EM MI MENOR, OP. 64 (1844) 28 min

Neto do filósofo Moses Mendelssohn, principalmente o Beethoven da última bem-sucedida e de efeito irresistível, ao e a orquestra torna-se mais cerrado, importante figura do Iluminismo fase. Nasceram assim vários quartetos deslocar a cadenza, do final do primeiro construindo um jogo virtuosístico alemão, Felix Mendelssohn recebeu de cordas e o admirável Octeto, escrito movimento para a transição entre o que, em sua espontaneidade, educação sofisticada e musicalmente aos dezesseis anos. Longe de mera desenvolvimento e a reexposição dos jamais se mostra superficial. abrangente, obtendo grande sucesso imitação, essas obras surpreendem dois temas. Com esse procedimento como regente, pianista e compositor. pela originalidade – quanto mais inovador, a cadenza transforma-se, Terminado aos 35 anos, este Concerto Maestro audacioso, reapresentou se percebem as influências, maior de simples exibição virtuosística em foi dedicado ao violinista Ferdinand a Paixão segundo São Mateus de a qualidade do resultado. elemento constituinte da forma. David, que o estreou, sob a regência do Bach, exatamente um século após compositor dinamarquês Niels Gade, sua primeira audição; executava Por outro lado, o apego ao melhor O Andante tem a forma de um em 1845. Mendelssohn, entretanto, só o frequentemente os concertos para cânone da música ocidental fez o lied ternário. Com caráter ouviria um mês antes de sua morte, em piano de Mozart e Beethoven; revelou compositor menos ousado que o sonhador e sentimental, fornece 1847, interpretado por Josef Joachim. ao público a Grande Sinfonia em regente. Mesmo em suas composições ao instrumento solista belas frases Dó maior de Schubert e divulgou mais originais e a despeito de um longas e de delicadas ondulações. a música renovadora de seus agradável colorido romântico, ele se PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor contemporâneos, com primeiras manteve ortodoxamente apegado O terceiro e último movimento, dos livros Músico, doce músico e O grão audições de Schumann e Berlioz, entre a esse passado, ainda recente. Allegretto non tropo – Allegro molto perfumado – Mário de Andrade e a arte do outros compositores de seu tempo. Entretanto, a clareza das formas, vivace, traz o espírito de um rondó, na inacabado. Apresenta o programa semanal a elegância da escrita, a suavidade forma sonata. O diálogo entre o solista Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. Sua trajetória marcou-se pela das melodias e a engenhosidade de precocidade: antes dos dezenove composição dessas muitas obras- anos, Mendelssohn já compusera primas afastam-no da mediocridade PARA OUVIR muitas de suas mais importantes dos mendelssohnianos, que, no final CD Mendelssohn – Concerto para violino em mi obras, principalmente para a música do século XIX, transformaram menor, op. 64 – Gewandhaus Orchester Leipzig – Kurt Mansur, regente – Anne-Sophie Mutter, de câmara, e a célebre abertura de o Conservatório de Leipzig – violino – Deutsche Grammophon, Alemanha – 2008 Sonho de uma noite de verão. O talento instituição fundada pelo compositor – precoce sedimentou-se com inusitada em uma fortaleza do academismo. PARA ASSISTIR formação musical, viabilizada por Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt – um privilegiado ambiente familiar O Concerto para violino op. 64 Paavo Järvi, regente – Hilary Hahn, violino Acesse: fil.mg/mviolino e por viagens de estudos. Aluno de tem três movimentos. grandes mestres, amigo próximo PARA LER do velho Goethe, o jovem pianista O Allegro molto appassionato inicial traz François-René Tranchefort – Guia da Música soube escolher seus modelos musicais, uma novidade formal extremamente Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 18 PRESTO E VELOCE 19

Igor Stravinsky | Rússia, 1882 – Estados Unidos, 1971 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, PETRUSHKA (1910 / 1911, versão original – 1947, versão revisada) percussão, celesta, piano, harpa, cordas. 33 min

Em Petrushka, desde os compassos visão de um “fantoche subitamente sucumbiu, mas agora vitimado começam a dançar, para espanto iniciais, Stravinsky conduz o ouvinte furioso que, por suas cascatas de pelas emoções consequentes a um dos presentes. Essa Dança Russa, através de um cenário multicolorido, arpejos diabólicos”, exasperava a amor não correspondido. Mesmo trepidante, encerra a primeira cena. no qual a diversidade de atmosferas e paciência da orquestra, que replicava na apresentação em concerto, sem A multidão só voltará na cena final, de timbres, a vivacidade da invenção com suas “fanfarras ameaçadoras”. o recurso à cena coreográfica, após duas cenas relativamente breves, rítmica e a riqueza de contrastes Na sequência, uma “terrível luta” alguns dados do argumento podem mas capitais para o desenvolvimento convidam à imersão em um mundo levava à queda “dolorosa e lamentosa contribuir para a apreensão e fruição do drama. Na primeira delas, singular. A história do fantoche, que do pobre fantoche”. Quando da obra. “Burlesca em quatro cenas”, Petrushka é brutalmente empurrado se emociona, cria alma e não passa trechos da nova composição tal como anotado na partitura, porta adentro pelo charlatão e, imune às vicissitudes da existência, foram apresentados a Diaghilev, o Petrushka se inicia com um cenário em seu quarto, se vê a sós com ecoa em cada um de nós, por sua fundador e diretor dos Balés Russos no qual uma multidão na praça do sua triste sorte. Sua expressão de humanidade, conduzida pela magia a princípio se mostrou surpreso com Almirantado, em São Petersburgo, dor é, por enquanto, apenas um da invenção musical stravinskiana. a interrupção da composição de uma festeja o Carnaval Ortodoxo. lamento, representado pelos arpejos obra encomendada após o sucesso de superpostos de dois clarinetes, em Petrushka é um dos três balés da O Pássaro de Fogo – precisamente O fervilhamento de timbres, de tonalidades que distam um trítono chamada fase russa de Stravinsky. A Sagração da Primavera –, mas a melodias de inspiração folclórica, entre elas. A entrada em cena da Estreada em 1911, ladeada por duas surpresa cedeu lugar ao entusiasmo, a riqueza rítmica estão entre os Bailarina que repudia o amor de outras obras marcantes – O Pássaro de pela qualidade do material elementos que compõem o cenário Petrushka só faz aumentar seu Fogo (1910) e A Sagração da Primavera apresentado e pelo sucesso que o tino onde passa, dançando, um grupo de desespero, que a orquestra ilustra (1913) –, ocupa lugar importante comercial de Diaghilev antevia, caso o bêbados, e aparecem, em delicado com a transformação do lamento, na multifacetada produção do compositor aquiescesse às necessárias contraste, um tocador de realejo, agora um grito executado pelos compositor. É quase mesmo uma reformulações em Petrushka, no uma dançarina que marca o compasso trompetes. A cena seguinte, nos preparação oportuna e bem-vinda sentido de transformá-la em balé. com a ajuda de um triângulo... É aposentos do Mouro, é marcada por para o cometimento da Sagração, nesta cena de rua, caleidoscópica, que uma valsa, “à maneira de” Joseph um meio caminho no qual traços O argumento da obra definitiva surgem as personagens centrais da Lanner, compositor austríaco, em significativos da personalidade ficou a cargo do compositor, com o história. Anunciado pelos tambores, contraponto com a melodia de uma stravinskiana já se impunham. qual colaborou Alexander Benois, um teatro de marionetes atrai a conhecida canção parisiense da também responsável pela cenografia. atenção do público. Conduzido época. Esse divertido jogo musical é Segundo o próprio compositor, Vestígios da ideia original, da visão por um velho, misto de mago e o pano de fundo para a exasperação Petrushka foi, de início, idealizada que amalgamava elementos musicais de charlatão, o teatro abriga os de Petrushka. Uma briga com o como uma espécie de “peça de e dramáticos, marcaram a versão fantoches que ganham vida, tocados Mouro encerra a cena e, com a concerto”, na qual o piano teria um da estreia: a parte pianística foi pelos sortilégios de um solo de flauta: volta da multidão, o cenário se papel relevante. Stravinsky relatou a tratada com destaque e o fantoche Petrushka, a Bailarina e o Mouro enche de situações e de atmosferas 20 PRESTO E VELOCE 21

contrastantes. Em meio à animação o velho mago sai de cena. Stravinsky geral, passam despercebidos os nos reserva um final surpreendente, gritos que partem do teatro de um golpe de gênio ao envolver, em marionetes, até que surge Petrushka, uma orquestração de meias tintas, a perseguido pelo Mouro, que o atinge, aparição fantasmagórica. E o último mortalmente, com um sabre. Diante grito de Petrushka, nos trompetes, da multidão estupefata, o charlatão parece interrogar, a todos nós, sobre segura o corpo do fantoche, tentando a verdadeira natureza do fantoche. convencer a todos de que, no final das contas, trata-se apenas de um boneco.

A multidão se dispersa e, ao ver, sobre OILLIAM LANNA Compositor e regente, Doutor o teatro de marionetes, a sombra em Linguística (Análise do Discurso), professor ameaçadora de Petrushka, também da Escola de Música da UFMG.

PARA OUVIR CD Le Sacre du Printemps; Pétrouchka – Boston Symphony Orchestra – Pierre Monteux, regente – RCA Red Seal, 62314 – 2004

PARA ASSISTIR Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Italiana – Aleksandr Vedernikov, regente Acesse: fil.mg/spetrushka

PARA LER Robert Siohan – Stravinsky – Éditions du Seuil – 1982

Robert Craft – Conversas com Igor Stravinski – Editora Perspectiva – 1984 FOTO: RAFAEL MOTTA RAFAEL FOTO: 22 23

CHRISTOPHER SEAMAN, regente convidado DANIEL MÜLLER-SCHOTT, violoncelo

PROGRAMA ALLEGRO Quinta Antonín DVORÁK 12/11 Danças Eslavas, op. 72 • Dança nº 7 em Dó maior: Allegro vivace VIVACE • Dança nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso Sexta • Dança nº 5 em si bemol menor: Poco adagio 13/11 Franz Joseph HAYDN Concerto para violoncelo em Ré maior, Hob. VIIb:2

DANIEL • Allegro moderato MÜLLER-SCHOTT • Adagio violoncelo • Rondo: Allegro

– INTERVALO –

Dmitri SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 10 em mi menor, op. 93 • Moderato • Allegro • Allegretto • Andante PATROCÍNIO 24 ALLEGRO E VIVACE 25

criou uma nova série de concertos, Em 2009, a Universidade de contribuição reconhecida com um Rochester fez de Christopher prêmio da Sociedade Americana de Doutor Honorário em Música, em Compositores, Autores e Editores. reconhecimento à sua excepcional liderança como maestro, seu trabalho Christopher também foi diretor em gravações, como professor e como musical da Filarmônica de Nápoles, parceiro da comunidade artística. maestro residente na Sinfônica de Seu primeiro livro, Inside , Baltimore, consultor artístico da publicado pela universidade, está Sinfônica de San Antonio e, no entre os favoritos de 2013 do Financial Reino Unido, maestro principal da Times e da revista ; o Sinfônica da BBC da Escócia e livro “desmistifica a arte e a figura da Northern Sinfonia. do maestro”, escreveu The Spectator.

A temporada 2015/2016 inclui Envolvido com o incentivo a compromissos com orquestras norte- jovens talentos, há muitos anos americanas, tais como as sinfônicas Christopher é diretor de curso do de Cincinnati, Baltimore, Vancouver, Programa de Aperfeiçoamento de Milwaukee e do Havaí. Christopher Maestros da Symphony Services abre a temporada da Filarmônica de International, na Austrália. Com o Auckland e estreia com a Sinfônica mesmo objetivo trabalhou com a O maestro britânico Christopher de Kristiansand e com a Filarmônica Tonhalle-Orchester Zürich, com a Seaman é reconhecido de Minas Gerais, no Brasil. Orquestra Nacional da Juventude internacionalmente pelo seu modo da Grã-Bretanha e a Guildhall inspirador de fazer música. Em Como maestro convidado, é presença School of Music and Drama. seu vasto repertório, destacam-se frequente no Festival de Música de as interpretações de música Aspen e recentemente esteve com as Em gravações, trabalhou com a Royal inglesa do início do século XX, sinfônicas de Detroit, Houston, Philharmonic e a Philharmonia, Bruckner, Brahms e Sibelius. St. Louis e Seattle; com a Filarmônica entre outras. Seus álbums com a de Varsóvia, Sinfônica do Porto Filarmônica de Rochester têm sido Com uma longa e notável carreira Casa da Música e a Orquestra da aclamados pela crítica. Gravou nos Estados Unidos, Christopher Opera North. Apresenta-se sempre pelo selo Harmonia Mundi a obra foi diretor musical da Filarmônica na Austrália e na Ásia, onde conduziu A London Symphony de Vaughan FOTO: KURT BROWNELL KURT FOTO: de Rochester por treze anos e, as filarmônicas de Hong Kong Williams, descrita pelo The Sunday CHRISTOPHER depois, maestro laureado. Ele elevou e Nacional de Taiwan, além das Telegraph como uma “gravação o nível artístico da orquestra, sinfônicas de Sydney, Melbourne, finíssima de um clássico inglês (...) SEAMAN ampliou sua base de audiência e Adelaide e Singapura, entre outras. impressionante como jamais ouvi”. 26 ALLEGRO E VIVACE 27

Londres, Sinfônica da Cidade de Previn e Peter Ruzicka dedicaram a Birmingham, London Philharmonia, ele um concerto, estreado por Daniel Berliner Philharmoniker, Gewandhaus sob regência dos compositores. de Leipzig, as orquestras das rádios de Berlim, Munique, Frankfurt, Em festivais internacionais, é Stuttgart, Leipzig e Hamburgo; a convidado frequente. Entre eles os Orquestra Nacional da Radio France, Proms em Londres, o Schubertiade, Filarmônica da Holanda e Orquestra Schleswig-Holstein, Rheingau, Nacional da Espanha. Na Ásia, com a Schwetzingen, Mecklenburg- Sinfônica NHK de Tóquio, Sinfônica Vorpommern e Heidelberger Frühling; Nacional de Taiwan e Filarmônica de Festival Vancouver; Tanglewood, Seul. Esta é a segunda apresentação Ravinia e Hollywood Bowl em Los de Daniel Müller-Schott com a Angeles. Em sua intensa atividade Filarmônica de Minas Gerais. como músico de câmara, Daniel colaborou com Nicolas Angelich, Daniel Müller-Schott tem se Renaud Capuçon, Julia Fischer, Igor apresentado sob a batuta de maestros Levit, Anne-Sophie Mutter, Francesco de renome como Marc Albrecht, Piemontesi, Lauma Skride, Baiba Thomas Dausgaard, Charles Dutoit, Skride, Christian Tetzlaff, Jean-Yves Christoph Eschenbach, Iván Fischer, Thibaudet, Simon Trpčeski, Lars Alan Gilbert, Gustavo Gimeno, Vogt e os quartetos Ebène e Vogler. Daniel Müller-Schott está entre Bernard Haitink, Jakub Hrůša, O músico construiu uma respeitável os melhores violoncelistas do Pietari Inkinen, Neeme Järvi, discografia com álbuns premiados. mundo de sua geração e pode ser Dmitrij Kitajenko, Lorin Maazel, ouvido nos mais importantes Jun Märkl, Kurt Masur, Andris Daniel recebeu o Prêmio Aida Stucki palcos internacionais. Segundo Nelsons, Gianandrea Noseda, Sakari 2013, conferido pela Fundação The New York Times, ele é “um Oramo, Andrés Orozco-Estrada, Anne-Sophie Mutter, instituição artista destemido com técnica de Vasily Petrenko, Sir André Previn, que o apoiou desde cedo. Estudou sobra”. Graças às suas interpretações Michael Sanderling, Jukka-Pekka com Walter Nothas, Heinrich Schiff, intensas e uma personalidade Saraste, Dima Slobodeniouk Steven Isserlis e com Mstislav vencedora, suas apresentações e Krzysztof Urbański. Rostropovich. Aos quinze anos, são experiências memoráveis. recebeu o primeiro prêmio no Além dos grandes concertos para Concurso Internacional Tchaikovsky Daniel trabalha com orquestras violoncelo, Daniel se interessa em para Jovens Músicos, em Moscou. pioneiras. Nos Estados Unidos, com descobrir novas obras e expandir o DANIEL as orquestras de Nova York, Boston, repertório do instrumento com suas Daniel Müller-Schott se apresenta Cleveland, Chicago e Filadélfia; próprias adaptações e em cooperação com o violoncelo Ex Shapiro feito por

FOTO: MAIWOLF FOTO: MÜLLER-SCHOTT na Europa, com a Filarmônica de com os compositores. Sir André em Veneza, 1727. 28 ALLEGRO E VIVACE 29

Antonín Dvorák | Boêmia, atual República Tcheca, 1841 – 1904 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas. DANÇAS ESLAVAS, OP. 72 (1886 / 1887) Nº 7 em Dó maior: Allegro vivace (3 min) Nº 2 em mi menor: Allegretto grazioso (6 min) Nº 5 em si bemol menor: Poco adagio (3 min)

É interessante que as ditas escolas modelos para seu compatriota dessas pequenas obras que solicitou ao os estudiosos, evoca uma lembrança nacionais encontrem, nas danças mais famoso: Antonín Dvorák. compositor que delas fizesse também cara, como a de um primeiro amor. tradicionais, arcabouço para expressões uma versão orquestral. Ambas as A última se trata de uma dança não regionais, a partir da segunda metade As duas coleções de danças eslavas de versões foram publicadas no mesmo muito rápida e o nome em tcheco do século XIX. Mais interessante ainda Dvorák, porém, têm uma fonte curiosa, ano. Diante do sucesso que tiveram, deriva do alemão spazieren (passear). é notar que essas escolas nacionais e mais imediata: as Danças Húngaras seu editor lhe encomendou mais uma extravasam a linguagem romântica e de Brahms. Ora, Brahms, que não coleção de danças, publicada como As Danças Eslavas op. 46, estreadas entram século XX adentro, abrindo tinha nada de húngaro, explora, com op. 72, também em duas versões: para em Dresden em 1878, foram decisivas caminhos originais, à margem das visão estereotipada, mas ainda assim orquestra e para piano a quatro mãos. para projetar Dvorák para além de suas grandes correntes europeias. muito atraente e cheia de brilho, o fronteiras. As do op. 72 foram estreadas folclore alheio. Essas pequenas obras Kolo, Starodávny e Spacirka são, em 1887, no Teatro Nacional de Praga, Já não se digam das polonaises compostas para piano a quatro mãos respectivamente, as danças números sob a batuta do próprio compositor. e mazurcas de Chopin, ou das exerceram tamanho fascínio em um 7, 2 e 5 do op. 72. A primeira é comum rapsódias húngaras de Liszt, cujo Dvorák que via efervescer em sua a diversos povos eslavos e se trata de MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, “nacionalismo” é discutível, mas terra o sentimento nacionalista, que uma dança circular. A segunda, por Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, que trabalham, com estilização ele mesmo orquestrou algumas delas. sua vez, é uma dança típica da Silésia. professor da Universidade do Estado de Minas exponencial, certos materiais O título, de difícil tradução, segundo Gerais e da Fundação de Educação Artística. regionais. Digam-se, antes, das obras Da mesma forma que as Danças Húngaras de Albéniz e Granados (e, mais de Brahms, os dois cadernos das Danças tarde, Manuel de Falla), na Espanha, Eslavas de Dvorák foram compostos das danças e coros nas obras do originalmente para piano a quatro mãos. Grupo dos Cinco, na Rússia e, mais Nelas, ele tem plena liberdade de explorar adentrados no século XX, parte das os ritmos e gêneros de seu próprio PARA OUVIR obras de Bartók e Kodály, na Hungria, folclore, sem mascará-los em formas CD Dvorák – Slavonic Dances, op. 46 & op. 72 – e de Ginastera, na Argentina. supostamente universais. Com isso, Minneapolis Symphony Orchestra – Antal Dorati, Dvorák traz ao mundo danças até então regente – Phillips – 1997 Na escola tcheca, Smetana, nome pouco ou nada conhecidas pelo Ocidente: frequente e injustamente olvidado, a Sousedská, o Kolo, a Dumka, a Furiant. Filarmônica Tcheca - Václav Talich, regente Acesse: fil.mg/deslavas72 explora as danças típicas do folclore eslavo principalmente em sua obra O primeiro caderno, op. 46, foi PARA LER para piano e para conjuntos de composto em 1878. Seu editor ficou tão Michael Beckerman – Dvorák and his world – câmara. Foi ele um dos principais impressionado com o brilho e encanto Princeton University Press – 1993 30 ALLEGRO E VIVACE 31

Franz Joseph Haydn | Áustria, 1732 – 1809 INSTRUMENTAÇÃO 2 oboés, fagote, 2 trompas, cordas. CONCERTO PARA VIOLONCELO EM RÉ MAIOR, HOB. VIIB:2 (1783) 25 min

Por quarenta anos, Haydn trabalhou caráter utilitário e imediatista de tema predominará ao longo de todo principal do primeiro movimento. para a poderosa família Esterházy, sua gênese, permaneceram apenas o andamento que, unificado por Desenvolve-se calmamente, numa combinando as funções de regente esboçadas; outras foram destruídas no esse motivo inicial, apresenta uma atmosfera admiravelmente lírica. e compositor. O ritmo de trabalho incêndio da Casa de Ópera de Esterháza infinidade de episódios contrastantes. era alucinante, envolvendo música (1779) e muitas se extraviaram. Terminada a introdução, o solista O Finale é um Allegro – o violoncelo de câmara, concertos sinfônicos, reexpõe os temas e os desenvolve. introduz o tema que serve de refrão óperas, música religiosa e para De 1778 a 1790, o principal violoncelista A extensa parte central permite-lhe para os diferentes episódios, criando o teatro. Felizmente, Haydn da orquestra Esterházy foi Anton Kraft, rasgos virtuosísticos e, na conclusão, um rondó com forte sabor popular dispunha de excelente orquestra, para quem Haydn compôs o célebre ele alcança as notas mais agudas e de grande vivacidade melódica. disponível para testar e ensaiar Concerto em Ré maior. Durante muito do instrumento. suas obras, privilégio que ele soube tempo duvidou-se da autenticidade dessa aproveitar com sabedoria. Optando peça que, até uma data relativamente O Adagio em Lá maior, com a PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, pelo experimentalismo, Haydn recente, julgava-se escrita pelo próprio orquestração reduzida, constrói-se Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão desenvolveu uma linguagem musical Anton Kraft (ele, efetivamente, deixou como um solo para violoncelo. perfumado – Mário de Andrade e a arte do própria, detalhista, intelectual e alguns concertos para seu instrumento). No motivo rítmico inicial (de três inacabado. Apresenta o programa semanal espirituosa. Sua obra foi decisiva Sintomaticamente, o criador dessa notas) ecoa a conclusão do tema Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência. para a fixação e a plena maturidade polêmica foi Nikolaus Kraft, filho

dos vários gêneros ligados à forma de Anton e também violoncelista. PARA OUVIR sonata clássica (sobretudo a O descobrimento da partitura CD Haydn Concertos – Cologne Chamber sinfonia e o quarteto de cordas). autógrafa de Haydn, em 1953, dissipou Orchestra – Helmut Muller-Bruhl, regente – Maria finalmente as dúvidas e restituiu a obra Kliegel, violoncelo – Naxos, Alemanha – 2001 Entre as músicas sinfônicas exigidas de ao verdadeiro autor; como, aliás, suas PARA ASSISTIR um compositor de corte, os concertos características e a excelência musicais DVD – Cello Concertos – Haydn; para instrumentos solistas possuiam indicavam. Trata-se de um concerto Schumann – Wiener Symphoniker; Wiener características fundamentalmente da plena maturidade do compositor, Philharmoniker – Leonard Bernstein, regente – diferenciais. Compostos para ocasiões notável por explorar sabiamente as Deutsche Grammophon GmbH, Alemanha – 2007 e solistas específicos, consideravam os possibilidades técnicas do instrumento Grupo de Câmara da Academia Estatal recursos individuais do instrumentista (por exemplo, seus efeitos de cordas Shostakovich da Filarmônica de São e o gosto particular de quem fizera a duplas e triplas) e pela beleza melódica. Petersburgo – Vladimir Altschuler, regente – encomenda. Na corte de Esterházy Leonard Elschenbroich, violoncelo havia brilhantes solistas e, para No primeiro movimento, Allegro Acesse: hvioloncelo2 eles, o compositor escreveu muitos moderato, os dois temas principais são PARA LER concertos, cuja maioria se perdeu. apresentados em longa introdução H. C. Robbins Landon – Haydn, sinfonias – Algumas dessas partituras, pelo orquestral. A bela melodia do primeiro Guias Musicais BBC – Zahar Editores – 1984 32 ALLEGRO E VIVACE 33

Dmitri Shostakovich | Rússia, 1906 – 1975 INSTRUMENTAÇÃO 2 piccolos, 2 flautas, 3 oboés, corne inglês, requinta, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, SINFONIA Nº 10 EM MI MENOR, OP. 93 (1953) percussão, cordas. 53 min

Na esteira do neoclassicismo À música de Shostakovich foi Desse movimento surgem páginas foram atenuadas e Shostakovich inaugurado por Prokofiev, diversos injustamente atribuído um impressionantes: os vinte e quatro enviado entre os representantes. compositores da então União neorromantismo grandiloquente. prelúdios e fugas (em referência Soviética despontam com maior Que se dirá, então, da música óbvia ao Cravo Bem Temperado de A Décima Sinfonia é a primeira ou menor brilho, como é o caso, de Rachmaninoff?! Na verdade, J. S. Bach) para piano, op. 87, a ópera grande obra sinfônica do compositor por exemplo, de Katchaturian ou Shostakovich raramente escapa às Katerina Ismailova, a impressionante criada após a segunda denúncia. Dela, de Kabalevsky. No entanto, quase formas, estruturas e procedimentos cantata A morte de Stenka Razin, o encontram-se esboços que datam toda essa geração de compositores da tradição, nem a um sistema oitavo e décimo segundo quartetos ainda de 1946, embora, de acordo acaba frequentemente sucumbindo tonal já expandido e entremeado de cordas (de um total de quinze) e com cartas do compositor, o ano de a uma espécie de folclorismo, em das subversões que Debussy, Ravel, a décima de suas quinze sinfonias. sua composição tenha sido 1953. Foi parte imposto pelas exigências Stravinsky e mesmo a Segunda estreada em dezembro do mesmo do Partido Comunista, alheio às Escola de Viena conseguiram No entanto, foi justamente por ano, pela Orquestra Filarmônica de conquistas surpreendentes que elaborar. A Shostakovich não são causa da escolha desse caminho Leningrado, sob a batuta de ninguém lograram atingir, em outras regiões, estranhos a fuga, o prelúdio, a conciliatório que ele foi denunciado menos que Yevgeny Mravinsky. um Bartók, um Manuel de Falla, um sinfonia, o quarteto de cordas, a duas vezes ao Partido Comunista Janacek, ou mesmo, na Rússia, um forma sonata, as funcionalidades (a primeira, em 1936, após a estreia 1953 também foi o ano da morte Stravinsky como o de Les Noces. tonais, os acordes perfeitos. Mas da ópera Lady Macbeth, à qual estava de Stalin. Por isso, alguns críticos sua música denota uma espécie de presente Stalin, e a segunda em 1948), consideram essa sinfonia um Prokofiev não formou escola, expressionismo até então raramente por compor uma música demasiado manifesto contrário ao regime mas tornou-se um modelo para explorado, cuja dramaticidade formalista e ocidentalizante, de stalinista. Isso é contestável. Até os compositores soviéticos da surpreendente faz transcender base nitidamente não russa, que não mesmo a fonte de onde se origina geração que o sucedeu: foi o quaisquer neoclassicismos e atingir atingia as massas proletárias. As tal especulação é discutível: o desbravador de um caminho de essencialmente as elaborações consequências da segunda denúncia, Testemunho, obra publicada em 1979 criação, sob as imposições do artísticas e criativas mais legítimas. para o compositor, foram funestas: a e atribuída a Shostakovich, tem regime comunista, ao reabilitar maior parte de suas obras foi banida, sua autoria largamente estudada a melodia e o contraponto, ao Por isso mesmo é que ele optou ele foi demitido de seu cargo no e discutida. Daí a atribuição, por ampliar, em certo sentido, o próprio pela reelaboração (em parte, bem Conservatório de Leningrado e a alguns, de um programa velado sistema tonal, e ao recuperar pessoal) da tradição musical, não maior parte dos privilégios de sua para a construção dessa obra. Isso, formas e procedimentos clássicos, por comodismo, mas por encontrar família foi cancelada. Somente em no entanto, se mostra irrelevante sem abrir mão da modernidade. nisso um meio conciliatório 1949, quando Stalin decidiu mandar diante do resultado musical. É abraçando abertamente esse entre suas próprias necessidades representantes soviéticos para o modelo que emerge, do cenário criativas e as demandas do regime Congresso para a Paz Mundial, em Mais interessante é notar que, na soviético, Dmitri Shostakovich. político a que estava submetido. Nova York, é que essas medidas Décima Sinfonia, o compositor faz 34 ALLEGRO E VIVACE 35

uso, como em outras obras suas, O primeiro movimento dessa obra de um motivo melódico recorrente, recupera o tema de uma de suas obras alusivo de seu próprio nome: a incidentais: o segundo de seus Quatro sequência das notas ré, mi bemol, Monólogos de Pushkin, intitulado “que nome dó e si (que, na notação teutônica, é o meu?”. Esse mesmo tema é retomado tomariam as siglas DSCH). Esse no terceiro e quarto movimentos. motivo aparece, como elemento de unidade, transmutado ou Se alguns críticos posicionam, com explícito, no primeiro, terceiro certa razão, Shostakovich aquém das e quarto movimentos. conquistas do século XX, ignoram seu gênio criativo. Sua Décima Chame-se a atenção, ainda, para Sinfonia é testemunho dele. certas reminiscências mahlerianas do terceiro movimento, cujo aspecto MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, dançante contrasta vivamente Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, com o furioso e sincopado scherzo professor da Universidade do Estado de Minas do movimento anterior. Gerais e da Fundação de Educação Artística.

PARA OUVIR CD Shostakovich – Symphony nº 10 – Leningrad Philharmonic Orchestra – Yevgeny Mravinsky, regente – Erato – 1992

PARA ASSISTIR Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt – Stanisław Skrowaczewski, regente Acesse: fil.mg/ssinf10

PARA LER Solomon Volkov – Testimony: the memoirs of Dimitri Shostakovich – Limelight Editions – 2004 FOTO: ALEXANDRE REZENDE FOTO: 36 37

CARLOS KALMAR, regente convidado RICARDO CASTRO, piano

PROGRAMA PRESTO Quinta 26/11 Johannes BRAHMS Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, op. 83 VELOCE • Allegro non troppo Sexta • Allegro appassionato 27/11 RICARDO CASTRO • Andante piano • Allegretto grazioso

– INTERVALO –

Aaron KERNIS Musica Celestis

Carl NIELSEN Sinfonia nº 4, op. 29, “A Inextinguível” • Allegro • Poco allegretto • Poco adagio quase andante • Allegro 38 39

Para a New Yorker, o desempenho da (Figaro, Die Entführung), Ópera Sinfônica do Oregon sob a batuta Nacional de Bruxelas (Il Barbiere Kalmar foi “o destaque do festival di Siviglia), Volksoper de Viena e um dos eventos mais emocionantes (Contes d’Horffmann), Frankfurt da temporada atual”. Musical America (Die Fledermaus), Weimar (Rigoletto) descreveu a interpretação da Quarta e os festivais de verão Aix en Sinfonia de Vaughan Williams como Provence e Carinthischer. “positivamente ardente (...) com tempos ousados que nos deixam Registrou obras de Lalo com a entusiasmados (...) unanimemente Orquestra RTVE de Madrid (Warner estonteante”. A Sinfônica do Classics). Além do CD Music for a Oregon voltou a vencer um Time of War, gravou mais dois álbuns cobiçado concerto Spring for com a Sinfônica do Oregon. Pelo Music no Carnegie Hall em 2013. selo Cedille gravou compositores norte-americanos, Szymanowski, Como maestro convidado, Martinu e Bartók. Gravou Joachim Carlos Kalmar está em sua décima apresenta-se frequentemente com e Brahms com a Sinfônica de terceira temporada como diretor grandes orquestras do mundo, Chicago e também Dohnanyi, musical da Sinfônica do Oregon. como as sinfônicas de Chicago, Enescu e D’Albert com a Sinfônica Também é regente titular e diretor Boston, São Francisco, Los Angeles, da BBC da Escócia e o violoncelista artístico da Orquestra RTVE, Cincinnati, Dallas, Houston, Alban Gerhardt (Hyperion). em Madrid, diretor artístico e Minnesota, NACO, Vancouver, Lahti, maestro principal do Festival de Rádio Berlim, Rádio de Frankfurt, Carlos Kalmar nasceu no Uruguai, Música Grant Park, em Chicago. Mozarteumorchester Salzburgo, filho de pais austríacos. Começou Rádio de Viena, Rotterdam, Helsinki, seus estudos de violino aos seis Sua estreia no Carnegie Hall de Filarmônica Tcheca, Seattle, anos de idade e, aos quinze, voltou Nova York com a Sinfônica do Detroit e Cidade de Birmingham. com a família para a Áustria, Oregon, como parte da inauguração O maestro retorna em breve para a fim de estudar regência com do festival Spring for Music, St. Louis, Baltimore e Milwaukee. Karl Osterreicher na Academia recebeu elogiosas críticas do jornal de Música de Viena. Atuou como The New York Times e de revistas. Um conceituado regente de ópera, diretor musical da Sinfônica de A apresentação, com o criativo Kalmar foi convidado pela Ópera Hamburgo, da Filarmônica de CARLOS programa Music for a Time of War, do Estado Hamburgo, Ópera Estatal Stuttgart, da Tonnkunsterorchester foi gravada pelo selo Pentatone e de Viena (Die Zauberflöte, Così de Viena e do Teatro Anhaltisches

FOTO: MICHAEL JONES MICHAEL FOTO: KALMAR nomeada para um Grammy. fan tutte), Zurich Opera House em Dessau, Alemanha. 40 41

Tóquio e Mozarteum de Salzburg. de Membro Honorário da Royal Tocou sob regência de Sir Simon Philharmonic Society de Londres. Rattle, Yakov Kreizberg, Alexander Além de seu trabalho artístico e Lazarev, John Neschling, Kazimierz educativo com o Neojiba, Ricardo Kord e Michioshi Inoue. Este é o leciona Piano na Haute École de quinto encontro de Ricardo Castro Musique de Lausanne, Suíça. com a Filarmônica de Minas Gerais. Ricardo começou seus estudos Em duo com a pianista Maria João musicais aos cinco anos, na Escola Pires apresentou-se no Concertgebouw de Música e Artes Cênicas da de Amsterdã, Tonhalle de Zurique, Universidade Federal da Bahia, Palau de La Musica em Barcelona, então liderada por Hans Joachim Auditório Nacional de Madri, Koellreuter e Ernest Widmer. Três entre outras. O primeiro álbum do anos depois estreou em recital duo, pela Deutsche Grammophon, solo. Aos dez anos foi solista com a contém obras de Schubert. Pela Orquestra Sinfônica da Universidade BMG eles gravaram cinco CDs com Federal da Bahia e aos dezesseis obras de Chopin e outros dedicados apresentou-se com a Orquestra a Mozart, De Falla e Liszt. Sinfônica do Estado de São Paulo regida por Eleazar de Carvalho. Ricardo Castro é pianista, Ricardo é fundador e diretor artístico regente de orquestra, educador e do Neojiba, Núcleo Estadual de Até os dezoito anos estudou sob administrador cultural. Vencedor Orquestras Juvenis e Infantis da orientação de Esther Cardoso, dos concursos Internacional da ARD Bahia. Com a Orquestra Jovem aprimorando-se com Madalena de Munique, Rahn de Zurique e da Bahia tem se apresentado em Tagliaferro. Em 1984 Ricardo Pembaur de Berna, foi o primeiro importantes salas do mundo, como o ingressou no Conservatório Superior latino-americano a vencer o Queen Elizabeth Hall e Royal Festival de Música de Genebra, na classe de Concurso Internacional de Piano Hall de Londres, Victoria Hall de virtuosidade de Maria Tipo e na de Leeds, um dos mais importantes Genebra, Konzerthaus de Berlim, classe de regência de Arpad Gerecz. do mundo, o que impulsionou Centro Cultural Belém e Sala São Diplomou-se com o Premier Prix sua carreira internacional. Paulo, além de concertos regulares de Virtuosité avec Distinction et no Teatro Castro Alves, em Salvador, Felicitacions du Jury e completou Atuou como solista da BBC e outros teatros na América do Sul. seus estudos de piano em Paris com Philharmonic de Londres, Orquestra Dominique Merlet. Encontros com da Suisse Romande, English Ricardo Castro recebeu, em 2011, o Friedrich Gulda, Alicia de La Rocha, RICARDO Chamber Orchestra, Academy of Prêmio Bravo como Personalidade Martha Argerich e Maria João St. Martin in the Fields, Sinfônica Cultural do Ano. Em 2013 foi o Pires foram determinantes para a de Birmingham, Filarmônica de primeiro brasileiro a receber o título construção de sua estética musical.

FOTO: RAFAEL MOTTA RAFAEL FOTO: CASTRO 42 PRESTO E VELOCE 43

Johannes Brahms | Alemanha, 1833 – Áustria, 1897 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas. CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR, OP. 83 (1878 / 1881) 47 min

Brahms compôs dois concertos para O primeiro movimento, Allegro fortíssimo ao quase inaudível, O terceiro movimento, Andante, piano, separados por um intervalo de non troppo, marca-se por grandes efeito impressionista que conduz à apresenta um segundo solista, mais de vinte anos. O Concerto nº 2 contrastes emocionais e sutis reexposição, com as trompas evocando o violoncelo, confiando-lhe a foi planejado como uma grande combinações instrumentais. o primeiro tema. A longa Coda emocionante melodia do tema sinfonia com piano, em quatro Escrito em forma sonata, inicia-se, inicia-se com esse mesmo tema principal. O piano nunca toma essa movimentos – à tradicional forma entretanto, com longa introdução ressoando nas trompas, no oboé e na melodia; transfigura-a e parece tripartida, Brahms acrescentou em que os temas principais são flauta, sobre trinados do piano. O meditar sobre ela, em divagações um Scherzo (Allegro appassionato), antecipados. A entrada do solista movimento termina depois de impor que soam como um improviso antes do Andante. O concerto tem acontece logo no segundo compasso ao solista momentos de bravura, introspectivo. Com a mudança do proporções inéditas, e os pianistas o do primeiro tema, anunciado por criados pelo forte antagonismo andamento para più adagio, em fá consideram um dos mais difíceis do duas trompas. Ecoado nas madeiras entre o piano e a orquestra. sustenido maior, o piano e dois repertório, devido à profundidade e cordas, esse tema é retomado pelo clarinetes apresentam um episódio de sua expressão e à complexidade piano, que o desenvolve explorando a O segundo movimento, Allegro de extraordinária ternura, sobre um da escrita. Entretanto, as enormes oposição de registros no instrumento. appassionato, é um scherzo de fundo quase inaudível das cordas. dificuldades técnicas exigidas do Só então a orquestra, em tutti, volta caráter fantástico, com acentos Quando o violoncelo retoma seu solista nunca se rendem ao simples ao tema inicial. Seguem-se outros tumultuosos e ritmo vigoroso, tema, o piano o comenta com trilos virtuosismo e são determinadas pelo dois temas, nas cordas: um melódico facilmente caracterizado como e arpejos, até cobrir com trinados as desenvolvimento lógico do discurso e apaixonado; o outro iniciado por uma dança macabra. Em cartas a últimas notas desse segundo solista. sonoro. Em alguns momentos o rápida escala, de caráter rítmico amigos, Brahms ironicamente se A serenidade de todo o movimento pianista deve imperar com o máximo e marcial. Chega-se à verdadeira referia a ele como um “pequeno produz um efeito maravilhoso. de sua potência, em outros atua exposição formal, com o primeiro movimento inocente, inofensivo ou com extrema delicadeza, limpidez tema ampliado habilmente pelo ingênuo”. Na verdade, o scherzo tem O último movimento, Allegretto de toque e a discrição de um piano. O segundo motivo, que papel fundamental na estrutura da grazioso, é um rondó-sonata. À acompanhador ideal. As exigências aparece nas cordas, é retomado obra. Sem ele, o lirismo do próximo forma sonata pertence sua tendência feitas a toda a orquestra se equiparam pelo solista e, depois, trabalhado movimento teria um efeito menor. ao desenvolvimento; ao rondó, a às do piano, formando, assim, um em conjunto com a orquestra. O Trio central (Largamente), com apresentação de numerosos temas universo instrumental de máxima A terceira ideia também reaparece, o tema nos violinos em staccato, episódicos de caráter dançante. coesão. Sobretudo – e apesar de suas antes que o piano, em passagens sobre figurações de trompas, Esse caráter, ora lembrando a leveza dimensões –, o concerto consegue brilhantes, conduza ao desenvolvimento. e violoncelos, lembra uma da música vienense, ora de sabor o milagre de revelar, dentro do Este – inteiramente baseado em dança camponesa e, antes do húngaro (ou cigano), faz diferir aparato orquestral, a intimidade transformações dos três motivos retorno ao scherzo, apresenta esse movimento dos anteriores e do discurso da música de câmara, iniciais, submetidos a fascinantes uma cantilena de surpreendente conclui o concerto em clima de sugerindo uma ampliação das obras mudanças de tonalidade – termina lirismo. A Coda sintetiza todos muita luminosidade instrumental, de Brahms para cordas e piano. quando o piano passa de um os motivos anteriores. entusiasmo e otimismo. 44 PRESTO E VELOCE 45

O Concerto em Si bemol maior foi do incômodo rótulo de música apresentado pela primeira vez em conservadora e reacionária. Coube Budapeste, a 9 de novembro de 1881, às vanguardas do século passado, com o autor ao piano. Brahms dedicou-o notadamente a Schoenberg e a seu velho professor Marxsen. Webern, o mérito de desfazer esse preconceito, ao ressaltar aspectos Influentes músicos contemporâneos inovadores da obra de Brahms. de Brahms consagraram-no como figura emblemática da tradição musical alemã, em oposição à PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, novidade então representada pelo Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão wagnerismo. Ainda nas primeiras perfumado – Mário de Andrade e a arte do décadas do século XX, a recepção inacabado. Apresenta o programa semanal da obra de Brahms ressentia-se Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

PARA OUVIR CD J. Brahms – Concertos pour piano 1 et 2 – Philharmonia Orchestra – Carlo Maria Giulini, regente – Claudio Arrau, piano – EMI Records Ltd., France – 2002

PARA ASSISTIR Orquestra Filarmônica de Munique – Sergiu Celibidache, regente – Daniel Barenboim, piano Acesse: fil.mg/bpiano2

PARA LER François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 FOTO: RAFAEL MOTTA RAFAEL FOTO: 46 PRESTO E VELOCE 47

Aaron Kernis | Estados Unidos, 1960 INSTRUMENTAÇÃO cordas. MUSICA CELESTIS (1990, versão original – 1991, versão para orquestra de cordas) 11 min

“O ofício do canto agrada a Deus louvor a Deus, foram as principais existentes e a voz do contrabaixo. Segundo a sucinta descrição de quando diligentemente realizado. Se influências para o compositor norte- Desde a estreia da versão orquestral, Kernis, Musica Celestis baseia-se a mente e o espírito forem atentos, americano Aaron Jay Kernis produzir, realizada em 1992 por Ransom Wilson em uma melodia simples, juntar-nos-emos aos coros dos anjos em 1990, seu Quarteto de Cordas nº 1, à frente da Orquestra Sinfônica de desenvolvida em amplo padrão que, incessantemente, louvam ao do qual faz parte o Adagio – Musica San Francisco, Musica Celestis tem harmônico, através de uma série de Senhor”, assim descreve o monge Celestis, como segundo movimento. sido a obra mais executada de Kernis. variações e modulações emolduradas Aureliano de Réome, autor do livro É importante e esclarecedor salientar É comum associá-la ao Adagietto de por uma introdução e uma coda. Musicae disciplinae, o primeiro que o Quarteto de Cordas nº 2, ou ao famoso Adagio Estruturada como uma passacaglia tratado do canto gregoriano e chamado Musica Instrumentalis de Samuel Barber, outro compositor barroco-minimalista, a obra possui o mais antigo existente sobre a e, por sua vez, inspirado em norte-americano que transcreveu variações que se adensam a cada música. Musica celestis, em sua danças barrocas e renascentistas, para orquestra o movimento lento seção e extinguem-se celestialmente, concepção medieval, define-se como valeu a Kernis o Prêmio Pulitzer de seu primeiro quarteto para com sons em surdina, sem vibrato a arte laudatória dos anjos no céu. para Música em 1998. cordas. Porém, a tradição do hino e em harmônicos. A imersão em obras medievais, de louvor instrumental remete ao especialmente no misticismo musical Vislumbrando a potencialidade Quarteto opus 132 de Beethoven, cujo da monja beneditina Santa Hildegard sinfônica do , Kernis, em 1991, , um coral no modo lídio, Adagio Adagio MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela de Bingen, reforçada pela imagem arranjou-o para orquestra de cordas, intitula-se “canção em ação de graças Universidade Federal de Minas Gerais, professor celestial do canto dos anjos em adicionando divisi nos instrumentos a Deus por um convalescente”. na Universidade do Estado de Minas Gerais.

PARA OUVIR CD Aaron Jay Kernis – Second Symphony; Musica Celestis; Invisible Mosaic III – City of Birmingham Symphony Orchestra – Hugh Wolff, regente – Argo/Decca – 1997

PARA ASSISTIR Grupo Sinfônico de Neuchâtel – Alexander Mayer, regente | Acesse: fil.mg/kcelestis

PARA LER Leta E. Mille – Aaron Jay Kernis – Série American Composers – 1ª ed. – Editora da University of Illinois – 2014 48 PRESTO E VELOCE 49

Carl Nielsen | Dinamarca, 1865 – 1931 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas. SINFONIA Nº 4, OP. 29, “A INEXTINGUÍVEL” (1914 / 1916) 36 min

O próprio compositor dinamarquês exclusivamente à composição: em diretamente Nielsen e seu país, a musical. Uma formação rústica, Carl Nielsen batizou de “A 1914 ele deixara o cargo de regente guerra afetou-os profundamente. realizada no meio rural pobre, Inextinguível” sua quarta obra do assistente do Teatro Real de Nielsen, indignadamente, criticou como músico de banda, tocando gênero sinfônico. Não por sugerir Copenhagen e somente em 1916 a desfiguração do movimento diversos instrumentos de metal e a representação objetiva de uma tornar-se-ia professor da Academia nacionalista causada pela guerra: iniciando os estudos de piano e sinfonia sem fim, mas pela expressão Real de Música da Dinamarca. “o sentimento pátrio, que até aqui violino com o pai, músico amador e musical de algo que não pode ser Nielsen valia-se da maturidade de tinha sido considerado como algo de pintor de paredes. Outra, no então dominado: a continuidade da vida. sua carreira como compositor e criou nobre e belo, transformou-se numa recém-fundado Conservatório Real Ao iniciar a obra, em 1914, escreveu a o seu “melhor trabalho dos últimos espécie de doença espiritual que de Copenhagen, onde, com ajuda um amigo: “posso lhe dizer que estou anos”, em sua própria opinião. devora tudo com ódio enlouquecido”. financeira local, teve uma apropriada bem iniciado em um novo grande A despeito do longo prazo para Certa vez denominada “apoteose formação, alicerçada em autores trabalho orquestral, uma espécie compor a obra, o autor só finalizou a do ritmo”, a Sinfonia Inextinguível alemães, como Bach, Schumann, de sinfonia em um só movimento, Sinfonia cinco dias antes da primeira tem na utilização dos tímpanos uma Beethoven, Wagner e Brahms. para evocar tudo o que sentimos e apresentação, ocorrida em janeiro de suas características sonoras – e pensamos sobre o conceito de vida de 1916. Para a ocasião, foi impressa visuais – mais importantes. Nielsen Nielsen repudiava o sentimento em seu significado mais profundo”. uma nota de programa baseada nos solicitou que fosse impressa na romântico em suas obras e Nielsen compôs um conjunto de seis pensamentos de Nielsen acerca do partitura uma disposição pouco usual considerava desnecessários certos sinfonias, as quais compreendem conteúdo conceitual da sinfonia: para os dois conjuntos de tímpanos, refinamentos da escrita orquestral. Ele o melhor de sua produção, além “Música é vida. Logo, um único som os quais deveriam ser postos à frente optou por uma estética composicional das obras de câmara, concertos e no ar ou através do espaço é resultado da orquestra em oposição diametral: desafetada, “que seja como uma óperas. Nas suas sinfonias, não raro da vida em circulação; é por isso que “tenho uma ideia para um duelo espada tão pesada quanto cortante e nos deparamos com movimentos a música e a dança são as expressões entre dois conjuntos de tímpanos”, fácil de compreender”, tomando suas batizados pitorescamente: allegro mais imediatas da vontade para a escreveu a um amigo, “isso tem a ver palavras. Para isso, tratou a orquestra orgulhoso, allegro colérico, allegro vida. A sinfonia evoca as fontes mais com a guerra”. Os tímpanos, quando como uma reunião de grupos em fleumático, allegro sanguíneo, allegro primitivas da vida e do sentimento não interrompem brutalmente a contraponto, técnica conhecida expansivo, andante melancólico e o de viver. (...) Mais uma vez: música continuidade das frases melódicas, como polifonia de grupo, que propicia curiosíssimo proposta seria – é vida, e como ela, inextinguível”. fornecem caráter marcial à obra e, uma melhor inteligibilidade das assim mesmo, em italiano. segundo o autor, devem “manter sobreposições melódicas. Podemos A dramática interação narrativa certo caráter ameaçador, até o final, afirmar que a técnica composicional Os anos que abarcam a elaboração dos temas e motivos melódicos em mesmo quando tocam em piano”. de Nielsen evoluiu na medida da Sinfonia Inextinguível – 1914 a A Inextinguível deve-se, em grande em que se tornou mais livre e 1916 – foram os únicos nos quais parte, à eclosão da Primeira Guerra As composições de Carl Nielsen contrapontística. Uma qualidade Nielsen pôde se dedicar quase que Mundial. Mesmo não envolvendo refletem uma dualística formação desse desprendimento é o uso da 50 PRESTO E VELOCE 51

tonalidade progressiva, que permite a técnica e natureza. Não há uma conclusão de uma obra em tonalidade composição sua que não revele algo diferente da de seu início. Sob esse novo e criativo. Considerado pai aspecto não é acertado delimitar o tom da música moderna da Dinamarca, da Sinfonia Inextinguível, uma vez Nielsen é uma personalidade que ela se inicia em ré menor e avança absolutamente original, e sua para uma conclusão em Mi maior. música se perpetuará, fazendo jus à sinceridade de seu espírito. A obra do compositor Carl Nielsen vem sendo descoberta recentemente, MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela revelando a força indomável e fecunda Universidade Federal de Minas Gerais, professor de um artista progressivo que uniu na Universidade do Estado de Minas Gerais.

PARA OUVIR CD Carl Nielsen – Complete Symphonies – San Francisco Symphony – Herbert Blomstedt, regente – Collectors Edition – Decca, Londres – 2014 (Box com 3 CDs)

PARA ASSISTIR Orquestra Real Dinamarquesa – Simon Rattle, regente | Acesse: fil.mg/ninextinguivel

PARA LER Robert Simpson – Carl Nielsen: Symphonist – Taplinger Publishing Co. – 1986

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ACOMPANHE A FILARMÔNICA PRÓXIMOS Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO CONCERTOS começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.

CONCERTOS PARA A JUVENTUDE LABORATÓRIO DE REGÊNCIA Novembro Dezembro Realizados em manhãs de domingo, Atividade pioneira no Brasil, este são concertos dedicados aos jovens laboratório é uma oportunidade DIAS 12 E 13, ALLEGRO 11, VIVACE 11 DIAS 3 E 4, ALLEGRO 12, VIVACE 12 e às famílias, buscando ampliar para que jovens regentes brasileiros quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais e formar público para a música possam praticar com uma orquestra Christopher Seaman, regente convidado Fabio Mechetti, regente clássica. As apresentações têm profissional. A cada ano, quinze Daniel Müller-Schott, violoncelo Fabio Martino, piano ingressos a preços populares. maestros, quatro efetivos e onze DVORÁK / HAYDN / SHOSTAKOVICH GUARNIERI / BARTÓK / KATCHATURIAN / ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e PROKOFIEV CLÁSSICOS NA PRAÇA ensaios com o regente Fabio Mechetti. DIA 21, FORA DE SÉRIE 8 Realizados em praças da Região O concerto final é aberto ao público. sábado, 18h, Sala Minas Gerais DIAS 10 E 11, PRESTO 12, VELOCE 12 Metropolitana de Belo Horizonte, os Marcos Arakaki, regente quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais concertos proporcionam momentos TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS Trio Ceresio Fabio Mechetti, regente de descontração e entretenimento, Com essas turnês, a Orquestra Anthony Flint, violino Antonio Meneses, violoncelo buscando democratizar o acesso da Filarmônica de Minas Gerais Johann Sebastian Paetsch, violoncelo MEHMARI / SHOSTAKOVICH / MAHLER população em geral à música clássica. busca colocar o estado de Minas Sylviane Deferne, piano dentro do circuito nacional e BEETHOVEN DIA 14, CONCERTOS DE CÂMARA CONCERTOS DIDÁTICOS internacional da música clássica. QUINTETO DE METAIS Concertos destinados a grupos de DIA 23, CONCERTOS DE CÂMARA segunda, 17h, Aeroporto de Confins crianças e jovens da rede escolar TURNÊS ESTADUAIS GRUPO DE PERCUSSÃO MICHEL / GABRIELI / RIMSKY-KORSAKOV / e a instituições sociais, mediante As turnês estaduais levam a música de segunda, 17h, Aeroporto de Confins DEBUSSY / DVORÁK / KREISLER / BERNSTEIN inscrição prévia. Seu formato busca concerto a diferentes cidades e regiões de REICH / GOROSITO E ALBERTO / IAZZETTA / apoiar o público em seus primeiros Minas Gerais, possibilitando que o público BACH / FRIEDMAN / ALUOTTO / PASCOAL DIA 19, FORA DE SÉRIE 9 passos na música clássica. do interior do Estado tenha contato direto sábado, 18h, Sala Minas Gerais com música sinfônica de excelência. DIAS 26 E 27, PRESTO 11, VELOCE 11 Fabio Mechetti, regente FESTIVAL TINTA FRESCA quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais Pablo Rossi, piano Com o objetivo de fomentar a criação CONCERTOS DE CÂMARA Carlos Kalmar, regente convidado Mariana Ortiz, soprano musical entre compositores brasileiros e Realizados para estimular músicos Ricardo Castro, piano Denise de Freitas, mezzo-soprano gerar oportunidade para que suas obras e público na apreciação da música BRAHMS / KERNIS / NIELSEN Fernando Portari, tenor sejam apresentadas em concerto, este erudita para pequenos grupos. A Stephen Bronk, baixo barítono Festival é sempre uma aventura musical Filarmônica conta com grupos de Coral Lírico de Minas Gerais inédita. Como prêmio, o vencedor recebe Metais, Cordas, Sopros e Percussão. BEETHOVEN a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no DIA 20, FORA DE SÉRIE 9 ano seguinte, realimentando o ciclo da APRESENTAÇÃO EXTRA produção musical nos dias de hoje. domingo, 17h, Sala Minas Gerais 56 57

GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS Orquestra Fernando Damata Pimentel Angelo Oswaldo de Araújo Santos VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE Filarmônica de MINAS GERAIS DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR MINAS GERAIS Antônio Andrade Bernardo Mata Machado Minas Gerais Fabio Mechetti

REGENTE ASSOCIADO Marcos Arakaki Instituto Cultural Filarmônica (OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)

PRIMEIROS VIOLINOS VIOLONCELOS TROMPAS GERENTE Conselho DIRETOR DE ASSISTENTE DE AUXILIARES DE Anthony Flint – Spalla Philip Hansen * Alma Maria Liebrecht * Jussan Fernandes Administrativo PRODUÇÃO MUSICAL MARKETING DE SERVIÇOS GERAIS Rommel Fernandes – Robson Fonseca **** Evgueni Gerassimov *** Kiko Ferreira RELACIONAMENTO Ailda Conceição Eularino Pereira Márcia Barbosa Spalla Associado Camila Pacífico Gustavo Garcia Trindade INSPETORA PRESIDENTE EMÉRITO Ara Harutyunyan – Spalla Camilla Ribeiro José Francisco dos Santos Karolina Lima Jacques Schwartzman Equipe Técnica Assistente Eduardo Swerts Lucas Filho ASSISTENTE DE MENSAGEIROS GERENTE DE PRODUÇÃO Lucas Lima Ana Zivkovic Emilia Neves Fabio Ogata ASSISTENTE PRESIDENTE COMUNICAÇÃO Rildo Lopez Serlon Souza Arthur Vieira Terto Eneko Aizpurua Pablo ADMINISTRATIVA Roberto Mário Soares Bojana Pantovic Lina Radovanovic TROMPETES Débora Vieira Merrina Godinho Delgado MENOR APRENDIZ Dante Bertolino Marlon Humphreys * CONSELHEIROS Equipe GERENTE DE Diego Soares Hyu-Kyung Jung CONTRABAIXOS Érico Fonseca ** ARQUIVISTA Angela Gutierrez Administrativa Joanna Bello Colin Chatfield * Daniel Leal *** Sergio Almeida Berenice Menegale PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva GERENTE Marcio Cecconello Nilson Bellotto *** Tássio Furtado Bruno Volpini Sala Minas Guimarães ADMINISTRATIVO- Roberta Arruda Brian Fountain Jorge Scheffer ***** ASSISTENTES Celina Szrvinsk Gerais Rodrigo Bustamante Marcelo Cunha Bruno Lourensetto ***** Ana Lúcia Kobayashi Fernando de Almeida FINANCEIRA ASSESSORA DE Ana Lúcia Carvalho GERENTE DE Rodrigo Monteiro Marcos Lemes Claudio Starlino Ítalo Gaetani Rodrigo de Oliveira Pablo Guiñez TROMBONES Jônatas Reis Marco Antônio Pepino PROGRAMAÇÃO MUSICAL INFRAESTRUTURA Carolina Debrot GERENTE DE Renato Bretas Wallace Mariano Mark John Mulley * Marcus Vinícius Salum SEGUNDOS VIOLINOS Diego Ribeiro ** SUPERVISOR DE Mauricio Freire RECURSOS HUMANOS PRODUTORES Quézia Macedo Silva GERENTE DE OPERAÇÕES Frank Haemmer * FLAUTAS Wagner Mayer *** MONTAGEM Mauro Borges Geisa Andrade Jorge Correia Leonidas Cáceres *** Cássia Lima * Renato Lisboa Rodrigo Castro Octávio Elísio Luis Otávio Rezende ANALISTAS Gideôni Loamir Renata Xavier *** Paulo Brant Narren Felipe ADMINISTRATIVOS TÉCNICO DE Jovana Trifunovic Alexandre Braga TUBA MONTADORES Sérgio Pena Luka Milanovic Elena Suchkova Eleilton Cruz * André Barbosa João Paulo de Oliveira ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Martha de Moura Pacífico Hélio Sardinha Diretoria ANALISTAS DE Paulo Baraldi Rafael Franca Mateus Freire OBOÉS TÍMPANOS Jeferson Silva Executiva COMUNICAÇÃO Radmila Bocev Alexandre Barros * Patricio Hernández Klênio Carvalho Andréa Mendes ANALISTA CONTÁBIL ASSISTENTE (Imprensa) Graziela Coelho OPERACIONAL Rodolfo Toffolo Ravi Shankar *** Pradenas * Risbleiz Aguiar DIRETOR PRESIDENTE Marciana Toledo Rodrigo Brandão Tiago Ellwanger Israel Muniz Diomar Silveira Valentina Gostilovitch Moisés Pena PERCUSSÃO (Publicidade) SECRETÁRIA EXECUTIVA Mariana Garcia Flaviana Mendes Eliseu Barros ***** Rafael Alberto * DIRETOR (Multimídia) Thiago Mello ***** CLARINETES Daniel Lemos *** ADMINISTRATIVO- Renata Gibson ASSISTENTE Marcus Julius Lander * Sérgio Aluotto FINANCEIRO Renata Romeiro ADMINISTRATIVA VIOLAS Jonatas Bueno *** Werner Silveira Estêvão Fiuza João Carlos Ferreira * Ney Franco (Design gráfico) Cristiane Reis Roberto Papi *** Alexandre Silva HARPA DIRETORA DE ANALISTA DE ASSISTENTE DE Flávia Motta Giselle Boeters * COMUNICAÇÃO MARKETING DE RECURSOS HUMANOS Gerry Varona FAGOTES Jacqueline Guimarães FORTISSIMO RELACIONAMENTO Vivian Figueiredo Gilberto Paganini Catherine Carignan * TECLADOS Ferreira novembro Juan Díaz Mônica Moreira Victor Morais *** Ayumi Shigeta * nº 9 / 2015 Katarzyna Druzd Andrew Huntriss RECEPCIONISTA DIRETORA DE ISSN 2357-7258 ANALISTAS DE Lizonete Prates Luciano Gatelli Francisco Wellington MARKETING E MARKETING E Siqueira Marcelo Nébias da Silva PROJETOS EDITORA Merrina Nathan Medina Zilka Caribé PROJETOS Godinho Delgado Itamara Kelly AUXILIAR

Mariana Theodorica ADMINISTRATIVO EDIÇÃO DE TEXTO DIRETOR DE OPERAÇÕES Pedro Almeida Berenice Menegale Ivar Siewers

* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado FOTO DA CAPA: MARIANA GARCIA ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES 58 59

PARA APRECIAR CUIDE DO SEU UM CONCERTO PROGRAMA DE CONCERTOS OLÁ, ASSINANTE Fortissimo, além de seu programa mensal de concertos, é uma publicação indexada PONTUALIDADE aos sistemas nacionais e internacionais de Uma vez iniciado um concerto, qualquer catalogação. Elaborado com a participação No dia 12 de novembro abrimos a venda para novas assinaturas. movimentação perturba a execução de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da obra. Seja pontual e respeite o Você, que já é um grande incentivador da Filarmônica, pode fechamento das portas após o terceiro da leitura e estudo. Para evitar o desperdício, sinal. Se tiver que trocar de lugar ou pegue apenas um exemplar ao mês. contar sobre sua experiência para um amigo e nos ajudar a sair antes do final da apresentação, Caso não precise dele após o concerto, trazer novos ouvintes e assinantes para a nossa Orquestra. aguarde o término de uma peça. devolva-o nas caixas receptoras.

O programa se encontra também disponível em nosso site, na agenda de concertos. www.filarmonica.art.br APLAUSOS PERÍODO DE NOVAS ASSINATURAS Aplauda apenas no final das obras. de 12 nov 2015 a 30 jan 2016 Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente. CONVERSA COMO ASSINAR A experiência do concerto inclui o encontro www.filarmonica.art.br/assinaturas ou com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, Bilheteria da Sala Minas Gerais TOSSE mas nunca converse ou faça comentários Perturba a concentração dos músicos durante a execução das obras. Lembre-se e da plateia. Tente controlá-la com de que o silêncio é o espaço da música. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA BILHETERIA a ajuda de um lenço ou pastilha. De segunda a sexta – 12h a 21h Sábados – 12h a 18h

CRIANÇAS APARELHOS CELULARES Caso esteja acompanhado por criança, Confira e não se esqueça, por escolha assentos próximos aos corredores.

favor, de desligar o seu celular ou Assim, você consegue sair rapidamente BRANDÃO BRUNA FOTO: qualquer outro aparelho sonoro. se ela se sentir desconfortável.

FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO COMIDAS E BEBIDAS Não são permitidas na sala de concertos. Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.

CUMPRIMENTOS ESTACIONAMENTO Após a apresentação, caso queira Para seu conforto e segurança, a Sala cumprimentar os músicos e convidados, Minas Gerais possui estacionamento, e ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO dirija-se à Sala de Recepções, à seu ingresso dá direito ao preço especial esquerda do foyer principal. de R$ 15 para o período do concerto. [email protected] 3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h) www.filarmonica.art.br 60

SALA MINAS GERAIS Salas de naipes

A preparação do repertório de um desenvolvidas para os ensaios dos Todas as salas receberam um elaborado Com essas características, além de concerto muitas vezes exige que a naipes das Cordas, Madeiras e Metais, projeto de isolamento e tratamento possibilitar a preparação individual e orquestra realize ensaios de naipes e uma sala de grande porte para a acústico. Elas contam com sistema de por grupo de instrumentos, as salas separadamente, para depois voltar Percussão, com pé direito de nove ar condicionado com controle individual, de naipes podem ser utilizadas como a reuni-los nos ensaios gerais. Para metros e cem metros quadrados de área. o que possibilita a climatização do estúdio de gravações camerísticas, pois atender a essa demanda, a Sala Essas dimensões permitem percutir ambiente, sem ruído e movimentação também estão interligadas à Cabine Minas Gerais possui três espaços os instrumentos, desde uma dinâmica do ar em excesso e de acordo com o de controle de áudio e vídeo de todo o especiais: duas salas de porte médio, suave até os fortíssimos, sem agredir a naipe em ensaio. A iluminação, ainda em complexo Sala Minas Gerais. com oitenta metros quadrados, integridade física dos instrumentistas. desenvolvimento, contará com um sistema de dimerização e de cenários de luz. FOTOS: MARIANA GARCIA MARIANA FOTOS: MANTENEDORA

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