As Muitas Histórias Da MPB. As Idéias De José Ramos Tinhorão
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CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA LUISA QUARTI LAMARÃO As muitas histórias da MPB As idéias de José Ramos Tinhorão Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Jorge Ferreira Niterói 2008 2 LUISA QUARTI LAMARÃO As muitas histórias da MPB As idéias de José Ramos Tinhorão Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de História do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História. Área de concentração: História Política; História Contemporânea. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Jorge Ferreira – UFF ____________________________________________________________ Prof. Dr.ª Denise Rollemberg – UFF ___________________________________________________ _________ Prof. Dra. Santuza Cambraia Naves – Universidade Pontifícia Católica (RJ) ___________________________________________________ _________ Prof. Dr. Ricardo Figueiredo de Castro – UFRJ Niterói 2008 3 Resumo A dissertação faz uma apresentação das idéias do crítico musical José Ramos Tinhorão a partir da análise de seus artigos presentes em dois momentos de sua carreira no Jornal do Brasil : a coluna semanal “Primeiras lições de samba” (1961-1962) e a “Música Popular” (1974-1982). O jornalista ficou conhecido por sua visão “radical” da música popular brasileira, apresentando-a, em seus escritos, com um enfoque marxista e nacionalista. Embora a década de 1960 tenha sido marcada por um forte discurso nacionalista entre as esquerdas, Tinhorão parece ter ido além. Muitos artistas de sucesso da MPB foram fortemente criticados por ele. Dessa maneira, não era bem-visto em determinados setores da cultura brasileira. Entretanto, o jornalista contribuiu enormemente com suas inúmeras pesquisas sobre música popular brasileira. O presente estudo visa, portanto, por meio do exame de suas idéias sobre a música brasileira, compreender o nacionalismo que norteou seu pensamento e analisar a ambigüidade de sentimentos despertados por Tinhorão no cenário cultural brasileiro. 4 Abstract The dissertation presents the ideas of the critic musical José Ramos Tinhorão from the analysis of his articles in two moments of his career in Jornal do Brasil : the weekly column “Primeiras lições de samba” (1961-1962) and “Música Popular” (1974-1982). The journalist was known for his radical vision of Brazilian popular music, presenting it, in his writings, with a marxist and nationalistic approach. Although the decade of 1960 has been marked for a strong nationalistic speech among the lefts, Tinhorão seems to have gone beyond. Many successful MPB artists had been criticized by him. Thus, determined sectors of the Brazilian culture didn’t see his productions very well. However, the journalist contributed enormously with his innumerable researches on Brazilian popular music. The present study wants, through the examination of his ideas about Brazilian music, to understand the nationalism that guided his thoughts and analyze the ambiguity of feelings awoke by Tinhorão in the Brazilian cultural scene. Palavras-chave: 1. Música e política. 2. Música Popular Brasileira. 3. José Ramos Tinhorão. 5 SUMÁRIO Introdução .................................................................................................. 8 Capítulo I – Questão nacional: um tema em debate .................................. 19 1. Ser brasileiro no Brasil .....................................................................................20 2. Rio de Janeiro: cidade, palco e identidade brasileira .......................................34 3. A euforia bossa-novista ....................................................................................37 4. O moderno conceito de MPB....................... .....................................................48 Capítulo II – Samba se aprende no jornal (1961-1962) 1. Os precursores .................................................................................... ..............57 2. A década de 1960 .................................................................................................... 63 3. Primeiras lições ............................................................................................... 66 Capítulo III – A Música Popular de Tinhorão (1974-1982) 1. A indústria cultural no Brasil: reflexões acerca de seus desdobramentos .......85 2. “Ser moderno é ser conservador?” .................................................. ...................... 95 3. A “Música Popular” em debate ................... .....................................................97 4.Veneno antimonotonia ....................................................................................127 Considerações finais ................................................................................ 131 Fontes ............................................................................................... .........147 Bibliografia .............................................................................................. 149 6 AGRADECIMENTOS Esse é um momento especialmente difícil para mim. Protelei até o último momento, pois sabia que seria o sinal inevitável de encerramento de um ciclo. Finalizo essa importante etapa da minha vida com a certeza da missão cumprida e principalmente com a certeza de que, sem determinadas pessoas, nada disso seria possível. Obrigada a minha grande família, nas suas mais variadas vertentes – pai, mãe, avó, irmãos, tias, primos... Amo todos vocês, que sempre torceram por mim. Agradeço à minha querida avó Elyanna, pelo amor imensurável. Mais do que minha “mãe com açúcar”, foi e sempre será meu exemplo de mulher e profissional. Agradeço à minha mãe Márcia pelo carinho e a confiança incondicionais e a voz amiga em momentos de desespero. Aos meus irmãos Leandro, Fabiano e Vinícius – súditos fiéis no meu reinado de princesa. De perto ou de longe, sempre acreditaram em mim e, tenho certeza, tiveram orgulho da irmã historiadora. Ao meu pai, Sérgio. Nos momentos cruciais de minha trajetória no mestrado, deixou claro que sua presença em minha vida faz muita diferença. Por incrível que pareça, foi sua voz de barítono que muitas vezes conseguiu acalmar meu coração. Além disso, sua detalhada visão de raio X em meus textos me deixou muito mais segura. Muito obrigada. Ao Bruno. Aquele que me incentivou a ir em busca do meu sonho de estudar música brasileira e que tornou minha jornada acadêmica menos solitária e muita mais prazerosa. Aquele que eu escolhi com muito orgulho para ser meu companheiro para sempre e que tornou minha passagem, nesse mundo, inesquecível. São esses encontros que fazem a gente perceber que tudo vale a pena. Compartilho com você, meu amor, as alegrias desse momento. Obrigada aos meus queridos amigos e amigas que, na época do colégio, na faculdade ou no trabalho, estiveram ao meu lado em vários momentos. A energia positiva de cada um de vocês ajudou a construir o caminho por mim percorrido. Agradecimentos especiais a Leo, Camila, Dany, Vivi, July, Rodrigo e Janaína. Sempre devolveram com palavras de apoio e amizade minhas inseguranças típicas de mestranda. 7 Hoje vejo a diferença que bons professores fazem em nossa formação. Devo muito a experiências especiais no CAp-UFRJ e na UFF. Agradeço à confiança de Martha Abreu, orientadora de monografia, que me estimulou a iniciar esse trabalho. Agradeço ao meu orientador, Jorge Ferreira, que apostou em meu talento para o estudo da MPB. Agradeço imensamente à Denise Rollemberg, por seu carinho, disponibilidade e dedicação. Sua ajuda me deu a segurança necessária para eu prosseguir. E um obrigada especialíssimo a Santuza Naves, que acreditou em minha pesquisa, sempre com sua delicadeza e inspiração dispostos a me ajudar. A todos que fizeram parte da minha História, obrigada. 8 INTRODUÇÃO Vivemos, ainda hoje, num país em constante busca de sua identidade nacional. Em termos musicais, a cada momento é resgatado um gênero nacional que sintetize a “alma do Brasil”. Em muitos casos, quando este entra no chamado “circuito mercadológico” e passa a ser “consumido”, muitas vezes perde o valor nesse mesmo mercado. Sinais de uma indústria cultural perversa e autodestrutiva? Sinais de um negócio renovável? Muitos pensadores tentam encontrar respostas para tais perguntas. Nesse sentido, persiste a dúvida sobre os rumos tomados pela cultura nacional. E mais: ainda há espaço para o nacional em meio à “invasão” da cultura estrangeira? Temas como esse dão margem a longas discussões. Como afirma Jorge Schwartz, “brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão crítica desde os tempos da Independência. Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras, por românticos, naturalistas, modernistas, esquerda, direita, cosmopolitas, nacionalistas etc., o que faz supor que corresponda a um problema durável e de fundo .” 1[grifos meus] Por esse motivo, permanece a atualidade do estudo de intelectuais brasileiros que entregaram sua trajetória profissional ao estudo dessa questão. Sobre o modernismo brasileiro – para muitos o ponto de partida da discussão nacionalista no Brasil no século XX –