Universidade De São Paulo Faculdade De Filosofia Letras E Ciências Humanas Departamento De História Programa De Pós-Graduação Em Historia Social
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTORIA SOCIAL REGINA MÁRCIA BORDALLO DE MESQUITA Da Bossa à Barricada? Engajamento político e mercado na carreira de Geraldo Vandré (1961-1968) SÃO PAULO 2015 2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTORIA SOCIAL Da Bossa à Barricada? Engajamento político e mercado na carreira de Geraldo Vandré (1961-1968) Regina Márcia Bordallo de Mesquita Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor em História Social. Orientador: Prof. Dr. Marcos Francisco Napolitano de Eugenio São Paulo Agosto de 2015 3 Recusarei a velha sociedade E saudarei o novo dia Porei nos meus cantos todo o meu coração Para que o mundo o escute. (Tien Cien) 4 RESUMO MESQUITA, Regina M. B. Da Bossa à barricada? Engajamento político e mercado na carreira de Geraldo Vandré (1961-1968). Tese de doutorado em História Social. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2015. Este trabalho teve por objetivo analisar, a partir do estudo da trajetória musical de Geraldo Vandré, no período compreendido entre o surgimento da chamada Bossa Nacionalista na canção popular brasileira e o ano de 1968 - quando da implementação do AI 5 - a mudança de postura de certos setores do campo musical que, acompanhando as transformações ocorridas na conjuntura política do país, paulatinamente vão deixando de lado o caráter inicialmente denunciativo da bossa engajada para ingressar na luta de resistência ao regime militar. Durante este processo, foi possível observar as imbricadas relações entre a construção de um projeto estético ideológico de esquerda e a necessária ligação com o mercado fonográfico e de entretenimento, assim como o entrecruzamento com setores envolvidos com a luta armada contra o governo. Palavras-chave: Música popular, Música Brasileira, Canção popular, Regime militar, Mercado Fonográfico, Luta armada. 5 ABSTRACT MESQUITA, Regina M. B. Da Bossa à barricada? Political Engagement and Market Geraldo Vandré Career (1961-1968). Tese de doutorado em História Social. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2015. This paper had the aim of analyzing throughout the study of Geraldo Vandré’s career compromised in a period between the appearance of Bossa Nacionalista in Brazilian popular song and 1968-during the AI 5 implementation- the different behavior in certain sections of the musical field that following the changes in the country’s political context leaves behind the initial bossa’s criticizing tone to engage in resistance with the military regime. In this process, it was possible to observe the interlinking relations between the construction of an ideological esthetic Right-wing project and the necessary connection with the entertainment and phonographic market, likewise the intersection with evolved sections with the armed struggle against the military government. Key words: Popular music, Brazilian music, Popular song, Military regime, Phonographic market, Armed struggle. 6 AGRADECIMENTOS Ao CNPQ, pela bolsa de pesquisa que financiou quase a totalidade do processo de elaboração da tese. Ao Programa de Pós-graduação em História da USP, pela possibilidade de desenvolver o trabalho mesmo morando em outra cidade. Aos professores da USP, que direta ou indiretamente contribuíram com idéias para o desenvolvimento da pesquisa. Aos funcionários da Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional, FUNARTE, MIS, APERJ, APESP, Arquivo Edgard Leuenroth – AEL - IFCH/UNICAMP e Biblioteca da ECA/USP, pela atenção dispensada. Aos familiares, amigos, colegas e pessoas queridas, Maria Salomé Dantas da Silva, Eduardo Bordallo, Alessandra Nicodemos, Marcela Castro, Suraia Mockdece El- Kaddoum, Marcelo Mesquita, Ivone Barros, Rafaela Lunardi, por distintas contribuições. À todos, que com pequenas contribuições, ajudaram muito a realização desta pesquisa. Por fim, ao professor Marcos Napolitano, por toda compreensão, atenção, liberdade intelectual, paciência e tudo mais que deveria constar no manual dos verdadeiros orientadores, agradeço profundamente. A ele atribuo a conclusão desta tese. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................................09 CAPÍTULO 1: Para “entender o brasileiro Geraldo Vandré” (1961-1964)........................24 1.1. Pressupostos da formação estético-ideológica de Geraldo Vandré..............................24 1.2. Do bolero à bossa nova participativa: à caminho de um projeto autoral......................32 1.3. A passagem pelo Movimento Estudantil e pelo CPC UNE direcionando....................43 a trajetória engajada do artista-intelectual. CAPÍTULO 2: Hora de Lutar (1965)..................................................................................46 2.1. Experimentações e misturas musicais: sonoridades nordestinas e jazzísticas..............46 2.2. A busca da comunicabilidade com o povo: A melodia a serviço da mensagem...........70 engajada. 2.3. A consolidação de um projeto autoral...........................................................................76 CAPÍTULO 3: Cinco anos de canção (1966)......................................................................84 3 3.1. Cinco anos de canção: síntese de uma trajetória..........................................................84 3.2. A Hora e a vez de Geraldo Vandré: a trajetória do artista-intelectual..........................95 engajado por diversas áreas da produção cultural 3.3. O “papa festivais”: Os festivais como vitrine da Moderna Música............................105 Popular em seu processo de institucionalização. CAPÍTULO 4: Canto Geral, canto do cisne (1967-1968).................................................128 4.1. O embate estético ideológico entre a música nacionalista e o tropicalismo...............128 4.2. Canto Geral: A radicalização do discurso como resposta à perda do.........................143 espaço devido ao desgaste do modelo nacional-popular na canção 4.3. A “paixão” e “Morte” do personagem Vandré...........................................................158 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................167 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................168 FONTES............................................................................................................................ 183 ANEXOS............................................................................................................................184 9 INTRODUÇÃO Em sua coluna Música Popular, do Jornal do Brasil, datada de 22 de janeiro de 1974, o jornalista, historiador e estudioso de música brasileira, José Ramos Tinhorão1, analisou o disco do cantor e compositor Geraldo Vandré intitulado Das terras de Benvirá, lançado no Brasil no ano anterior. O artigo, que ganhou o nome de Como entender o Brasileiro Geraldo Vandré? foi uma ferrenha defesa do disco e do artista, que após quatro anos de exílio, havia voltado ao Brasil e relançado o LP La Passion Bresilienne, como se chamou o mesmo em sua versão francesa de 1970, então em compacto simples.2 Os argumentos utilizados por Tinhorão na defesa do artista, frente à má aceitação do disco no Brasil, possivelmente respondiam ao critico musical Maurício Kubrusly3, que 1 José Ramos Tinhorão possui uma extensa produção literária direcionada para o estudo da música brasileira, baseado em pesquisas bastante documentadas sobre o mesmo tema. Extremamente radical em sua defesa do que considera a autêntica música brasileira, cuja base seria a utilização do marxismo de forma bastante ortodoxa, Tinhorão se tornou um dos grandes críticos do que chamava de “apropriação da burguesia sobre a cultura popular”, a Bossa Nova e a submissão a musica estrangeira, o tropicalismo. Sobre o autor ver: LORENZOTTI, Elizabeth. José Ramos Tinhorão: o legendário. São Paulo: IMESP/Imprensa Oficial, 2010. LAMARÃO, Luisa Quanti. As muitas histórias da MPB. As ideias de José Ramos Tinhorão. Niterói/RJ: Dissertação de mestrado, 2008. Sobre as obras do autor: A Província e o Naturalismo (1966), Música popular em debate (1966), O samba agora vai: a farsa da música brasileira no exterior (1969), Música popular – teatro e cinema (1972), Música popular – de índios, negros e mestiços (1972), Pequena História da Música Popular: Da modinha à canção de protesto (1975), Música popular – Os sons que vêm das ruas (1976), Música popular – do gramofone ao rádio e TV (1981), Negros em Portugal – uma presença silenciosa (1988), Os sons dos negros no Brasil: cantos, danças, folguedos: origens (1988), História Social da Música Popular Brasileira (1990), A Música Popular no Romance Brasileiro: Séculos XVIII e XIX - Vol. 1, A Música Popular no Romance Brasileiro: Século XX - Vol. 2, A Música Popular no Romance Brasileiro: Século XX, - Vol. 3 (1992), Fado. Dança do Brasil, Cantar de Lisboa (1992), As Origens da Canção Urbana (1997), As Festas no Brasil Colonial (1999), A Imprensa Carnavalesca no Brasil (Um panorama da linguagem cômica), (1999), Cultura Popular: Temas e Questões (2001), História Social da Música Popular Brasileira (2001),