Marino Pinto, Um Compositor Modesto

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Marino Pinto, Um Compositor Modesto André Luís Pires Leal Câmara Eu faço sambas de ouvido pra você: Marino Pinto, um compositor modesto Tese de Doutorado Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade/ Letras. Orientador: Prof. Júlio Cesar Valladão Diniz Rio de Janeiro Abril de 2017 ANDRÉ LUIS PIRES LEAL CAMARA Eu faço sambas de ouvido pra você: Ma- rino Pinto, um compositor modesto Defesa de Tese apresentada como requi- sito parcial para obtenção do grau de Dou- tor pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade do Departamento de Letras do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. Júlio Cesar Valladão Diniz Orientador Departamento de Letras – PUC-Rio Prof. Miguel Jost Ramos Departamento de Letras – PUC-Rio Prof. Antonio Edmilson Martins Rodrigues Departamento de História – PUC-Rio Profa. Sylvia Helena Cyntrão UNB Prof. Frederico Augusto Liberalli de Góes UFRJ Profa. Monah Winograd Coordenadora Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas – PUC-Rio Rio de Janeiro, 12 de abril de 2017. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador. André Luís Pires Leal Câmara Jornalista e pesquisador, integrou a equipe do Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira, publicou artigos na imprensa e em blogs na internet, além de atuar nas áreas de comunicação empresarial e assessoria de comunicação. Mestre em Letras pela PUC-Rio, em março de 2004 defen- deu a dissertação Na encruzilhada da Lopes Chaves: encontros e descaminhos em Mário de Andrade. Ficha Catalográfica Câmara, André Luís Pires Leal Eu faço sambas de ouvido pra você: Marino Pinto, um compositor modesto / André Luís Pires Leal Câmara; orienta- dor: Júlio Cesar Valladão Diniz. – 2017. 268 f. : il. color. ; 30 cm Tese (doutorado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Letras, 2017. Inclui bibliografia 1. Letras – Teses. 2. Marino Pinto. 3. Era do rádio. 4. Samba-canção. 5. Música popular brasileira. 6. Direito autoral. I. Diniz, Júlio Cesar Valladão. II. Pontifícia Universidade Cató- lica do Rio de Janeiro. Departamento de Letras. III. Título. CDD:800 Para Maria, que fez este trabalho acontecer. Para Camila e Pedro, de novo e sempre. E também para Mariana, Carol e Pedro, que me cederam o espaço antes reservado a brincadeiras e festas. Agradecimentos À Capes e à PUC-Rio pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não poderia ser realizado. A meu orientador, Júlio Diniz, pelo apoio e observações desde a primeira conversa sobre este projeto. Aos professores Miguel Jost e Claudia Neiva Matos pelas críticas e sugestões, durante a qualificação, em 2015. E também aos professores Renato Cordeiro Gomes, Marilia Rothier Cardoso, Heidrun Olinto, Karl Eric Schollhamer, Ana Paula Kiffer, Paulo Henriques Brito, Paulo Roberto Tonani do Patrocínio e Frederico Coelho, pelas avaliações, críticas e sugestões, que contribuíram para a formulação desta tese. Um agradecimento carinhoso a Eliana Yunes, que sobre Ma- rino Pinto me revelou o que anos depois fez mais sentido: “Ele era muito discreto”. Agradeço também à equipe da Secretaria: Rodrigo, Dani, Di e Chiquinha. Agradeço especialmente aos que colaboraram concedendo entrevistas, cedendo do- cumentos e fotografias, fazendo indicações, sugestões e comentários: Jairo Severi- ano, Carlos Lyra, Tárik de Souza, Orlandivo (em memória), Paulo Perçu, Marina Perçu, Walkir Ferreira Pinto, Eduardo Levefre, Arminda Lefevre, Carlos Didier, Carla Gagliardi, Magda Botafogo, Lauro Gomes de Araújo, Nirez (Miguel Angelo de Azevedo), Patrícia Rodrigues (Sbacem), Euler Gouvêa (IMS), Rodrigo Ferrari (Livraria Folha Seca), Rodrigo Alzuguir, Lira Neto, Stella Caymmi, Ruy Castro, Cyva Leite, Carlos Alberto Affonso (Toca do Vinícius), Angela de Almeida, Luiz Antônio de Almeida (MIS/RJ), Cristiano Menezes (em memória), Antônio Carlos Miguel, Rodrigo Faour, Alaíde Costa, Lucienne Franco, Francisco Bosco, Yaçanã Martins, Sérgio Malta, Equipe da Divisão de Música da Biblioteca Nacional, e à equipe da Secretaria de Turismo, Esporte, Cultura e Lazer do Município de Bom Jardim (RJ), que me atendeu entre fevereiro e março de 2014. Para desenvolver este projeto, contei com a compreensão de meus superiores e co- legas de trabalho. Sou grato especialmente a Sandra Marin e também a Solange Ayrosa. Agradeço ao apoio de Renata Charão, Andrea Vianna, Luciana Renna, Marianne Antabi, Reinaldo Lee, Leonardo Bruno, Mário Emílio Coelho, Leandro Izidoro, Davi Coelho, Tereza Lobo e Manoel de Gois, entre outros. Amigos, familiares e colegas de doutorado contribuíram com sugestões, incentivo, discos e livros: Márcia Leone, Marcos Derizans, Maria Caldas, Jo Oliveira, Luiz Antônio Marinho, João Fernando Coelho, Cesar Castro, Elvia Bezerra, Andrea Chakur, Nilo Sérgio Gomes, Ana Letícia Leal, Evandro Câmara, Daniela Carioca, Gabriela Silveira, José Maurício Porto, Flávio Abreu, Léo Ribeiro, Antônio S. Braga, Cleide Wanderley, Dacles e Branca Câmara, Lúcia Freire e Ricardo Vasques, Ana Freire e João, Alfredinho e Bip-Bip, Zé Gradel, Heloísa Carvalho Tapajós (em memória), Lúcia Quental (em memória), Elza Vieira (em memória), Romildo Guerrante, Victor Passos, Affonso Nunes, Silvio Barsetti, Wilson França, Marcelo Carneiro, Felipe Tadeu e muitos mais. E, claro, pelos primeiros livros, dis- cos e a primeira vitrola, agradeço a meus pais (em memória). Resumo Câmara, André Luís Pires Leal; Diniz, Júlio Cesar Valladão. Eu faço sambas de ouvido pra você: Marino Pinto, um compositor modesto. Rio de Janeiro: 2017. 268 p. Tese de Doutorado. Departamento de Letras. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Este trabalho se propõe a destacar a obra do compositor Marino Pinto, no panorama da música popular brasileira, enfocando aspectos da vida cultural no Rio de Janeiro entre as décadas de 1930 e 1960. Procurou-se discutir a atualidade de suas canções, constantemente gravadas pelos mais diversos intérpretes. A era do rádio, a convivência entre parceiros musicais em ambientes como o Café Nice, a profissionalização do mercado fonográfico, a luta pelo direito autoral, a produção musical para o carnaval e o meio do ano, as boates de Copacabana e o aparecimento da bossa nova são alguns dos temas tratados. Sem tocar instrumentos musicais, a não ser batucando em caixa de fósforos, ora fazendo a letra, ora a melodia, Marino Pinto criou composições com os mais variados parceiros. Este trabalho reúne gra- vações raras, imagens pouco divulgadas e entrevistas inéditas com músicos, pes- quisadores e pessoas ligadas ao compositor. Palavras-chave Marino Pinto; era do rádio; samba-canção; música popular brasileira; direito autoral. Abstract Câmara, André Luís Pires Leal; Diniz, Júlio Cesar Valladão (Advisor). I make sambas by ear for you: Marino Pinto, a modest songwriter. Rio de Janeiro: 2017. 268 p. Tese de Doutorado. Departamento de Letras. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. This study intends to highlight the works of songwriter Marino Pinto, in the scenery of Brazilian popular music, focusing on some aspects of cultural life in Rio de Janeiro between the 1930s and the 1960s. With his lyrics being constantly rec- orded by different singers, the topicality of his songs was discussed. The Radio Era, the relationship musical partners that met constantly in places like Café Nice, the professionalization of the phonographic market, the fight for authors’ rights, musi- cal production for Carnival and the middle of the year, Copacabana’s nightclubs and the rise of bossa nova are some of the topics examined. Without being able to play any instrument but a matchbox, sometimes writing the lyrics and sometimes the melody, Marino Pinto created songs with diverse collaborators. This work gath- ers rare recordings, little known images and unpublished interviews with musical artists, researchers and others linked to the songwriter. Keywords Marino Pinto; Radio Era; Samba-Canção; Brazilian Popular Music; Authors’ Rights. Sumário 1.Introdução 9 1.1. Nota sobre as gravações no arquivo anexo 25 2. Um tipo de compositor modesto 2.1. Entre o samba e o bolero 26 2.2. Influências na memória da canção 38 2.3. Melodia e palavra na ideia 48 2.4. Na bossa das contradições 54 2.5. No telecoteco em parceria 66 2.6. O ritmo da calçada 72 2.7. Nas rodas do Café Nice 77 3. Das mesas do Nice às noites de Copacabana 3.1. Ele não sabe até hoje o amor que perdeu 91 3.2. A Lapa e as razões que a razão desconhece 103 3.3. Memória, política e desencanto 118 3.4. Ninguém tem culpa da nossa desunião 139 3.5. No ritmo do sassaruê 152 3.6. Dentro da noite magnífica 159 3.7. Se eu fosse poeta 165 4. Conclusão 180 5. Referências bibliográficas 186 6. Apêndices 6.1. Apêndice 1: obra 196 6.2. Apêndice 2: 110 letras de canções 202 6.3. Apêndice 3: discografia 246 6.4.Apêndice 4: relação das canções no arquivo digital 261 1. Introdução Artistas da música popular brasileira há muito têm uma presença marcante na imprensa, com declarações às vezes polêmicas, que movimentam o cenário cultural do país. Essa presença ficou ainda mais destacada, na virada da década de 1960 para 1970, com o aparecimento de publicações alternativas como O Pasquim, Opi- nião e Bondinho. Esta última, “com tanta circulação de ideias e (pro)posições se tornou também cenário de interlocução para estes artistas”, (JOST &COHN: 2008, p.6). Nessa época, em plena ditadura militar, as ideias dos artistas da música popular podiam circular com restrições em veículos da grande imprensa, mas muitas repor- tagens sobre eles também eram publicadas nesses meios, como se pode constatar em Nada será como antes: MPB nos anos 70, de Ana Maria Bahiana. A música popular brasileira já permeava as páginas de jornais brasileiros na década de 1930, quando Noel Rosa, por exemplo, era convidado para falar sobre o samba tanto em O Globo, no Rio de Janeiro, como em O Debate, em Belo Hori- zonte.
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