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Fundador: José Barão I Diretor: Fernando Reis quinta-feira I 13 de maio de 2021 I ANO LXV - N.º 3346 I Preço 1,30 € Porte Pago - Taxa Paga

www.jornaldoalgarve.pt Municípios vão debater Plano Ferroviário Nacional CCDR quer elétrico a ligar Faro ao aeroporto O presidente da CCDR Algarve sustentou esta semana que a zona central da região deverá ter uma linha de elétrico (tram train) que faça a ligação da atual estação da CP no centro de Faro ao aeroporto, universidade, Ao fim de 47 anos de prova Parque das Cidades (ou Patacão) e Loulé (além do futuro Hospital Central), cujo centro citadino dista quase uma dezena de quilómetros da estação ferroviária mais próxima Finalmente algarvio P 4 e 5 ganha a nossa Volta P 17

Ambiente Zona central do Algarve terá um Parque Marinho P 6

Covid-19 Distrito tem segundo índice mais baixo de transmissibilidade P 9 P 24

13 de maio Loulé e VRSA festejam dia da cidade na mesma data AHETA espera um verão melhor que em 2020 P 12 e 13

Fitur Abertura britânica Região mostra-se na Feira de Turismo de Madrid dá esperança aos hotéis P 24 P 3

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> João Prudêncio passam pelo já previsto aligei- ramento do trajeto até Lisboa A solução de uma linha de (supressão de curvas entre elétrico a ligar ao aeroporto, Tunes e Terra Vã, que agora advogada por José Apolinário fazem as composições perder e parecida com a que foi ado- velocidade), que permitirá A CCDR preconiza para a ligação aeroporto uma linha de elétrico semelhante à de Cádiz (na foto) tada na cidade espanhola de encurtar o tempo de viagem Cadiz, é defendida por espe- em cerca de 20 minutos. Mas roviário pensa que o comboio Faro não é incompatível com cialistas como o universitário a premissa que poderá ter regional deve continuar a ir a existência de uma estação Manuel Margarido Tão e, mais maior impacto é a intenção até ao centro da cidade, onde intermodal, seja no Patacão recentemente, pelo engenhei- da IEP de levar o comboio a estão as pessoas. O comboio seja no Parque das Cidades. ro José Caramelo, da Mais todas as localidades portu- para ser útil deve ir até onde Pelo contrário, da pers- Ferrovia (ver notícia ao lado), guesas às malhas urbanas estão as pessoas. Deve ir até petiva do atual inquilino da mas carece ainda de discus- das cidades com mais de 20 Lagos”, sustenta o responsável CCDR essa grande estação são no seio da Comunidade mil habitantes. máximo da CCDR, admitindo distribuidora de tráfego fer- Intermunicipal do Algarve No Algarve escapam a esta até a possibilidade de, no futu- roviário é fundamental para (AMAL). “O debate tem que desejável condição cidades ro, a linha ser posteriormente acolher uma futura via de ser feito com os municípios. tão importantes como Loulé, estendida até Vila do Bispo. ligação a Espanha (Huelva), Pela minha parte acompanho Quarteira (que rondam os 20 Apolinário recorda que têm independente da atual linha a ideia”, frisa o presidente da mil habitantes) e Albufeira, sido feitos estudos sobre a do Algarve até Vila Real de CCDR Algarve. esta última com uns assina- possível construção de uma Santo António, com múltiplas Não deverá tardar muito: láveis 30 mil habitantes. Nos estação intermodal entre Pa- estações e tráfego lento. os municípios do Algarve vão casos das duas cidades do tacão e Loulé e que há cerca A CCDR – tal como vários ser chamados a apresen- concelho de Loulé, a linha de dois meses saiu uma infor- municípios e a Mais Ferro- tar, até ao fim do ano, os tem a estação que as serve mação sobre um estudo da via - considera desejável a seus planos quanto ao futu- equidistante sete quilómetros IEP que preconizava a ligação construção de uma linha de ro das ligações ferroviárias de cada uma daquelas malhas Faro/aeroporto. Mas as con- velocidade alta (mais baixa no Algarve, que poderão ser urbanas, chamando-se signi- dições da mobilidade entre do que a Alta Velocidade, ou posteriormente vertidas no ficativamente Loulé/Praia de os municípios têm que ser TGV) paralela à Via do Infante, José Apolinário, presidente da CCDR Plano Ferroviário Nacional, Quarteira. Uma opção técnica discutidas em sede de AMAL. que ligue a cidade do oeste a ser colocado em consulta difícil aguarda os especia- andaluz à capital de distrito debate sobre o Plano Ferro- concurso para a empreitada pública pela Infraestruturas de listas em ferrovia, caso não Uma linha à parte portuguesa. Eventualmente viário Nacional, a empreender do troço Tunes/Lagos, que (IEP), adiantou José haja desdobramento de via para ligar a Espanha com uma ou duas estações ainda este ano, para acelerar deverá ser consignada no 4º Apolinário ao JA. e as duas povoações sejam, Quanto à construção de intermédias, como admite decisões e despertar cons- trimestre deste ano e con- Além da eletrificação da no futuro, servidas por uma uma rede de elétrico (tram José Apolinário. Não mais ciências entre os autarcas. cluída em finais de 2023. via, que deverá estar totalmen- mesma linha. train) entre Loulé, Faro, Uni- estações do que isso, para o Espera portanto Apolinário O investimento ronda os 23 te em execução antes do fim Para José Apolinário, o versidade, aeroporto. Futuro comboio se poder considerar que este debate não seja mais milhões de euros. do ano e concluída em 2023, comboio deve ir até Lagos. Hospital Central e Parque de velocidade alta, como enfa- um fogo fátuo, semelhante a Quanto ao eixo Faro/Vila as premissas da IEP no Plano “Quem faz planeamento fer- das Cidades (ou Patacão), tiza o próprio: “Não pode haver outros nas últimas décadas, Real de Santo António, a obra ela deverá percorrer os prin- já está em fase de contra- PUB um comboio de velocidade que tiveram a festividade e cipais eixos ferroviários entre alta com paragens de 10 em a propaganda política como tação, depois da aprovação aquelas localizações e ter as 10 quilómetros”. Daí a ligação locomotivas. “Acho que houve da Declaração de Impacte principais estações com su- espanhola precisar de ter uma uma evolução dos municípios. Ambiental, em maio de 2020. perfícies pedonais elevadas, à linha cativa. Já tivemos um encontro com- A presente eletrificação semelhança do que acontece “Espero que no debate promisso sobre o Hospital e há da linha em toda a sua exten- em várias cidades europeias. sobre o Plano Ferroviário Na- outro entendimento em curso são consta do atual quadro Tudo depende agora dos mu- cional haja oportunidade para sobre as energias. E há todas comunitário financeiro, que nicípios, que terão que se discutir a ligação a Espanha. as condições para os municí- termina no fim de 2021, mas entender sobre este modelo. Faz mais sentido pensar uma pios da região se entenderem não do Plano de Recuperação Para já, uma das principais di- linha de ligação Huelva/Faro. a breve prazo, quer sobre o e Resiliência (PRR), onde vergências aponta para a futu- Há quem entenda que essa aeroporto quer sobre os eixos por seu turno está inserido ra estação intermodal de Faro, ligação deve ser no Parque da ligação a Espanha. o aligeiramento de percurso com Patacão e Parque das das Cidades e quem entenda “Para já, contamos que a Tunes/Torre Vã. Cidades como localizações que deve ir até ao Patacão, é eletrificação em curso será “Isto agora é curto e médio candidatas. E uma câmara de um debate que compete aos uma motivação para aprofun- prazo. A exceção é a ligação a Faro que defende a retirada do municípios decidir”, salienta dar o debate sobre soluções Espanha que está fora do PRR comboio do centro da cidade e o presidente da CCDR. futuras. Há todo um debate e não é para amanhã, vai de- a sua substituição pela locali- que se vai abrir com esta con- morar”, assevera José Apoliná- zação Patacão. “Quem é que Há condições cretização. É espectável que rio, reforçando que as ligações mora no Patacão?”, contrapõe para municípios a consignação destas obras ao aeroporto e a construção José Apolinário, sublinhando se entenderem se faça até ao final de 2021. da estação intermodal de Faro que, em toda a Europa, os O debate já se faz há dé- Até ao fim de 2023 deverão dependem da capacidade de comboios passam pelos cen- cadas, com as respostas no estar concluídas no terreno”, entendimento dos municípios, tros urbanos das cidades. E terreno sempre à velocidade calendariza Apolinário. em sede de AMAL. Sobrará destacando que a existência do carvão, mas a CCDR conta Para já, quanto à eletrifi- para eles a próxima “batata de uma estação no centro de agora com a premência do cação, abriu em dezembro o quente” deste dossiê. 13 I maio I 2021

www.jornaldoalgarve.pt JORNAL do ALGARVE [5] Atualidade Ligação entre eles acontecerá no futuro Mais Ferrovia propõe dois metropolitanos de superfície Um metro de superfície entre Faro e VRSA e de um outro de Estômbar a Lagos é a solução de curto prazo para a linha do Algarve preconizada pelo algarvio Movimento Mais Ferrovia. Razão: na zona central da região a linha passa ao largo da maioria dos aglomerados urbanos. É precisa uma nova linha, que passe por povoações como Vilamoura, Quarteira ou a malha urbana de Albufeira, atualmente excluídas da ferrovia. Depois de concluída, o Algarve terá um único metro de superfície. Uma espécie de , ainda que muito menos concorrida

> João Prudêncio os comboios com lotação da velocidade comercial”. esgotada. Passageiros não O movimento Mais Ferrovia A criação de um verdadeiro faltam e mais haveria se hou- sinaliza que o atual traçado metropolitano de superfície vesse mais comboios, defende de 139,5 km entre Lagos e no sotavento e de um outro a o MMF. VRSA tem dois troços extre- A eletrificação da via, em toda a sua extensão, tem conclusão prevista para finais de 2023 barlavento é um dos objetivos “O troço entre Faro e Vila mos (Faro – VRSA e Estômbar do Movimento Mais Ferrovia Real é terminal da rede ferro- – Lagos) que se inserem em lista em ferrovia. alta velocidade, a construir na “Quanto à perspetiva da (MMF), que há vários anos viária nacional e isso favorece áreas densamente povoadas Advogando que a utilização falda da serra algarvia. Esta li- ligação a Lisboa, que passa- pugna pelo primado do com- a possibilidade de uma auto- e turísticas, em que o caminho da palavra “metro” deve ser gação cruzar-se-ia com o atual geiros servirá? Dos poucos boio na região e combate o nomização da exploração que de ferro pode servir como entendida como caracterizan- traçado na zona Patacão – S. desembarcados em Faro e desprezo a que o transporte não colida com outras famílias infraestrutura privilegiada de do o tipo de exploração da João da Venda, numa estação que tenham destino Lisboa, ferroviário tem estado sujeito de tráfego”, enuncia. transporte local, tipo metro de linha e não a infraestrutura, multimodal a construir”, disse alguns terão a sorte de tomar pelos sucessivos governos. superfície. Caramelo reforça a defesa das José Caramelo ao JA. o comboio de horário. Os ou- Mas antes de apontar as Velocidade duas linhas de metro de super- O movimento acentua, con- tros esperarão pelo próximo soluções, o MMF caracteriza não é problema Um troço que não serve fície (e para a futura, após a tudo, que a ligação ao aeropor- comboio”, afirma, observando o transporte ferroviário na Segundo o Mais Ferrovia, a (quase) ninguém preconizada ligação entre Faro to se deve fazer na perspetiva que “as ligações Faro – Lisboa região, com troços muito di- decisão das pessoas em optar Além desses dois extre- e Estômbar) de maior proximi- da ligação a Espanha e não serão sempre escassas face à ferentes nas várias zonas da pelo modo ferroviário está a mos, a linha conta com um dade de pontos de paragem, do transporte regional nem da frequência dos aviões”. linha que liga Lagos e Vila Real ser inibida por fatores como troço central entre Faro e Es- bem como uma frequência ligação a Lisboa. Em concreto, no que res- de Santo António. o receio de esperas longas tômbar que por ser muito afas- elevada, composições afetas “Sim, deve fazer-se essa peita à ligação ao aeroporto, Assim, na região do Sota- para embarcar, em que é ne- tado das zonas mais litorais da em exclusivo e adaptadas ao ligação. Mas com uma nova o MMF privilegia a solução vento, o Mais Ferrovia aponta cessário consultar um horário região deve ser reservado às tipo de serviço. E compara: linha de velocidade alta, a light rail (elétrico ou tram train) uma situação de estrangula- porque não se conhece qual ligações ao resto do País. “Assim, poder-se-ia chamar construir. Nesse caso justifi- em alternativa ao comboio mento da mobilidade longitu- o tempo máximo de espera “Nos dois extremos deve, metro de superfície à linha car-se-ia uma nova estação na convencional, por ser a mais dinal, devido ao facto de a EN e essa espera é muito longa. desde já, ser implementada de Cascais ou ao troço Se- zona do Patacão que seria de adequada à escassa procura 125 não ter capacidade de Por outro lado, vários locais uma nova filosofia de oferta túbal – Pinhal Novo, onde só divergência entre Lisboa e a e a menos agressiva do ponto tráfego e a Via do Infante não de embarque são longínquos ferroviária a que, por simplifi- existem comboios de âmbito região algarvia”, diz Caramelo. de vista ambiental (raios de servir as povoações, por estar das residências situadas em cação, designamos tipo metro local”, acentua, consideran- E justifica: “Qual a parcela curvatura mais reduzidos, muito desviada do concentra- núcleos urbanos, o que obriga de superfície, mas que deverá do desadequadas as críticas dos passageiros desembar- maiores inclinações, possibili- do urbano. ao uso de transporte próprio, ser caracterizada por fatores quanto às inadequações da cados no aeroporto que está dade de inserção em ambien- Ao contrário, o caminho de pois – ainda por cima - são como frequência elevada, no- linha atual para a instalação disponível para substituir os te urbano). Por outro lado, a ferro une os núcleos de todos escassos os transportes pú- vos pontos de paragem e novo de um “metro” pensado à se- transfers por uma viagem de light rail “pode constituir um os centros urbanos situados blicos rodoviários. Acresce tipo de comboios”, defende melhança do metro de Lisboa comboio (com uma espera lon- embrião de um futuro prolon- a Leste da capital de distrito o problema da ausência de José Caramelo, remetendo, ou . ga) para tornar a desembarcar gamento a Gambelas, numa (Faro, Olhão, Fuzeta, Luz, Ta- parques de estacionamento. pois, para “segundas núpcias” numa estação que ficando primeira fase e a Almancil, vira, Conceição, Cacela e Vila O desconforto e obsolescência a ligação entre os dois troços Almancil e Quarteira longe do destino final obrigará Quarteira, etc, no médio pra- Real) e possibilita um acesso das carruagens é outro dos suscetíveis de ter metro ime- ligadas por elétrico a um adiado transfer?”. zo”, enuncia José Caramelo. rápido às várias praias duran- fatores inibidores do uso da diatamente, com uma nova Quanto à ligação à Andalu- te o verão. ferrovia em viagens no interior via, mais próxima dos povoa- zia, e à semelhança de José De acordo com o especia- da região. dos litorâneos. O especialis- Apolinário (ver texto ao lado) lista ferroviário José Caramelo, O engenheiro José Carame- ta recorda, a propósito, que o MMF preconiza o comboio daquele movimento, a utili- lo aponta que o traçado atual atualmente núcleos urbanos de Alta Velocidade a instalar zação do comboio (segundo permite velocidades máximas de considerável dimensão em nova linha, eventualmente dados de 2017 e 2018) só entre 80 e 120 km/h, o que é como Loulé, Vilamoura, Quar- paralela à Via do Infante, que em menos de 3% é feita por mais do que suficiente para a teira, Albufeira, Armação de faça a ligação, não só a Espa- passageiros que se destinem instalação de um futuro me- Pêra ou Lagoa têm as esta- nha, com o atravessamento do ou sejam oriundos de uma tro de superfície: “O tráfego ções mais próximas a vários Rio , como também estação além Faro. existente caracteriza-se por quilómetros de distância, para ao Alentejo e à linha que liga “O volume da procura tem paragens muito próximas, e o interior da região. a Lisboa/Porto, disse por seu sido prejudicado pela insufi- que deveriam ser multiplica- Como objetivo último, “a turno ao JA Cristina Grilo, da- ciente e insatisfatória oferta das, encurtando ainda mais região deve bater-se por, de quele movimento. ferroviária, com horários que os trajetos entre paragens”, modo gradual, ligar estes O movimento defende uma não possibilitam as viagens diz José Caramelo”, enfati- dois troços extremos, por uma ligação por light rail ao Ae- de retorno e com realização zando que “o aumento de linha a construir próxima do roporto de Faro, inserida na incerta”, enuncia o técnico, velocidade máxima deixa de litoral e que sirva a mobilidade rede ferroviária nacional, na ressalvando que, apesar dis- ter sentido porque não teria longitudinal de toda a região direção norte e “na perspetiva so, são frequentes, no verão, correspondência no aumento turística”, defende o especia- de uma ligação ferroviária de José Caramelo, especialista em ferrovia, dirigente do Mais Ferrovia

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