Uma Associação Com As Imagens De Celebridades No Blog 'Te Dou Um

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Uma Associação Com As Imagens De Celebridades No Blog 'Te Dou Um Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013 APROXIMAÇÕES COM O CONCEITO DE APROPRIAÇÃO: uma associação com as imagens de celebridades no blog ‘Te Dou Um Dado?’ 1 APPROACHES TO THE CONCEPT OF APPROPRIATION: an association with celebrities pictures on ‘Te Dou Um Dado?’ blog Camila Cornutti Barbosa 2 Susan Liesenberg 3 Resumo: O presente artigo propõe apresentar uma discussão sobre o conceito de apropriação a partir de relações com distintos campos do conhecimento, como as Artes Visuais, a Filosofia da Linguagem e a Comunicação. Blogs e sites de rede social têm sido apontados como ambientes propícios para fazer emergir novos conteúdos e imagens apropriadas de outros contextos. Assim, em um segundo momento, busca-se criar uma categorização de tipos de apropriações relacionadas às imagens de celebridades veiculadas no blog de humor “Te Dou Um Dado?”, procurando evidenciar a importância de se pensar sobre a apropriação também no contexto de artefatos digitais amplamente difundidos na rede. Palavras-Chave: Apropriação. Imagem. „Te Dou Um Dado?‟. Abstract: This article aims to present a discussion of the concept of appropriation from relationships with different fields of knowledge such as the Visual Arts, Philosophy of Language and Communication. Blogs and social networking sites have been identified as environments conducive to bringing out new content and images appropriated from other contexts. Thus, in a second step, we seek to create a categorization of types of appropriations related to images of celebrities that are transmitted on the humor blog "Te Dou Um Dado?", seeking to highlight the importance of thinking about the appropriation also in the context of digital artifacts widespread on the Internet. Keywords: Appropriation. Image. „Te Dou Um Dado?‟. 1 Introdução O ponto de interesse deste artigo se dá na discussão do termo apropriação, a partir de leituras como Smolka (2000) e Bar, Pisani e Weber (2007), além da busca por outros autores 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do XXII Encontro Anual da Compós, na Universidade Federal da Bahia, Salvador, de 04 a 07 de junho de 2013. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação (UFRGS), bolsista CAPES. Linha de pesquisa: Informação, Redes Sociais e Tecnologias. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Comunicação e Informação pelo PPGCOM/UFRGS. Linha de pesquisa: Informação, Redes Sociais e Tecnologias. E-mail: [email protected] www.compos.org.br 1 Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013 que possam contribuir para esta reflexão, como Bakhtin (1998), Kristeva (1974) e Deleuze (1998). Ao investigar quais são os usos imbricados no conceito de apropriação, vê-se que muitas vezes temos sentidos tácitos de entendimento do mesmo, sem uma tentativa de conjugar outras áreas do conhecimento para uma compreensão mais ampla de algo caro à Comunicação e à Cibercultura. Primeiramente, faz-se esta exploração inicial de abordagens do conceito em campos como as Artes Visuais, a Filosofia da Linguagem e a Comunicação. O passo seguinte envolve questões relativas à centralidade que as imagens adquiriram na vida contemporânea a partir da apresentação do blog “Te Dou Um Dado?4”. Assim, tendo o entendimento de que as imagens são representações cumpridoras de um papel de mediação entre o espectador e a realidade (AUMONT, 2005), passa-se aqui ao questionamento e à observação de como as imagens de celebridades (tão repercutidas na web) têm sido apropriadas neste âmbito e, em particular, tangenciando a temática do humor no “TDUD?”5. Em seguida, são apresentados os procedimentos empregados para a seleção das imagens e a análise – que diz respeito a um levantamento inicial e exploratório de imagens que têm sido veiculadas neste blog. Ainda que aqui se refira a textos escritos que por vezes estão associados às imagens, o interesse deste trabalho recai sobre as imagens em si – delineando a opção de observação delas e classificando-as a partir da criação de uma categorização de distintas formas de apropriação de imagens de celebridades pelo referido blog. 2 Aproximações acerca do conceito de apropriação O conceito de apropriação aparece com frequência na redação de trabalhos acadêmicos. No entanto, percebe-se ser pouco apresentado sob um aspecto prismático, que explore as diversas nuances do que seja uma apropriação. Tais nuances emergem quando lançam-se vistas em um dicionário analógico, por exemplo, na procura pela palavra “apropriação”. Figuram aí significados como “apropriar-se de, tomar, arrebatar, fisgar, agafanhar, agadanhar, agarrar, ensacar, embolsar, meter no bolso, aquinhoar-se, receber, aceitar, empalmar, reter, represar, pagar-se com as próprias mãos, colher, apanhar, obter (...)” 4 www.tedouumdado.com.br 5 A partir daqui denominaremos o blog com o uso da expressão “TDUD?” www.compos.org.br 2 Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013 (AZEVEDO, 2010, p. 370). Com estes sentidos, crê-se que o uso mais frequente do conceito na Comunicação tem sido o de se utilizar de alguma coisa, se apoderar, tomar emprestado. Pesquisando-se a origem do conceito, encontra-se a apropriação bastante discutida nas Artes Visuais – primeiramente como um caminho de questionamento de se o artista estaria se apropriando de conceitos e imagens do mundo a sua volta para constituir suas criações. Como ponto de partida, toma-se a questão que há muito tempo se apresenta nas Artes: o fato de uma obra anterior ser citada dentro de uma nova obra e a incorporação de objetos múltiplos, do cotidiano, e algumas vezes de outras obras, em um outro trabalho de arte. De toda forma, há que se considerar autores que instituem diferenças daquilo que, de forma geral, compreende- se como apropriação, mas que são definidas como o que é da ordem da releitura, da citação e da apropriação em si. Pillar (2003, p. 11) afirma que a releitura, o ato de reler, se associa a “fazer a partir de uma obra, é recriar o objeto, reconstruindo-o num outro contexto com novo sentido; é uma criação com base num referencial”. Barbosa (2005) faz distinções entre a citação, entendida como a utilização, em uma determinada produção, de elementos que possam se relacionar a artistas, movimentos e estilos específicos da história da arte, e a apropriação que seria o ato de retirar objetos ou imagens de seus locais de origem para construir uma obra. Em uma compreensão de linha do tempo, mesmo que muitos artistas já tivessem instituído práticas que são relacionadas à apropriação, ficam claros os exemplos a partir de movimentos de vanguarda do século XX, como o Cubismo Sintético – estendido de 1908 a 1914 e dividido entre as fases analítica e sintética – e o Dadaísmo. Para Pozenato e Gauer (2001, p. 94), “o Cubismo Sintético divide a figura em planos, segmentos e zonas de cor, trabalhando com escalas de tons. A figura é dividida, mas não é decomposta, e, para representá-la, usam-se signos plásticos baseados nos sólidos geométricos”. Baumgart (1999, p. 350) afirma que Picasso e Braque, neste período, “haviam utilizado em suas colagens pela primeira vez pedaços de jornais, papéis de parede, etc., como „material de pintura‟, retornando a realidade expulsa dos quadros de certa maneira pela porta dos fundos, agora como objeto real”. Baumgart (1999, p. 349-350) ainda coloca o exemplo do Dadaísta Kurt Schwitters, que pretendida mudar concepções “elevadas” de arte, “reunindo lixo recolhido de latas, da rua e de outros lugares em uma „pintura‟”, conforme se vê na figura (1) a seguir: www.compos.org.br 3 Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013 FIGURA 1 – “O Alienista” (1919)6 e “A Constelação” (1920) 7 de Kurt Schwitters Nas obras acima, têm-se a noção de apropriação pelo fato de o artista ter se utilizado de materiais externos à pintura para incorporar na concepção do todo por meio de colagem. Gombrich (1993, p. 477), ao se referir ao trabalho dos dadaístas, menciona a noção de “montagens de objetos descartados”. Em uma revisão e compilação sobre a Arte Moderna na Europa, Argan (2010, p. 475) indica que: A prova de que a colagem constitui, a partir de 1910, quase uma constante lingüística, se encontra no fato de que essa técnica e suas derivações não permanecem exclusivas do cubismo e dos movimentos que remetem a ela mais ou menos diretamente: Schwitters, cuja formação é essencialmente dadaísta, generalizou a técnica da colagem até construir composições inteiras (Merzbau) com objetos e fragmentos de objetos encontrados por acaso e justapostos. Trata-se, nesse caso, de um processo de colheita casual (bricolage) e de justaposição e acumulação (assemblage) (...) (ARGAN, 2010, p. 475). Schwitters, em especial, qualifica esta estratégia de apropriação, como aproxima-se aqui, com o nome de Merz, um movimento em que esta palavra indica “a assemblagem artística de todos os materiais imagináveis e, por princípio, a igualdade de cada um desses materiais no plano técnico” (SCHWITTERS apud POLIDORO, 2010, p. 55). A partir daí, tem-se outros indicativos de associações com a noção de apropriação, como as técnicas de bricolagem (trabalho manual em que são reaproveitados diferentes materiais) e assemblagem 6 Imagem disponível em: http://www.epdlp.com/pintor.php?id=3217html - Acesso em 11/02/13. 7 Imagem disponível em: http://uploads6.wikipaintings.org/images/kurt-schwitters/merz-picture-25a-the-star- picture-1920.jpg - Acesso em: 11/02/13. www.compos.org.br 4 Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013 (onde “todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte”8).
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    “TUDO JUNTO E MISTURADO?”: a infância contemporânea no diálogo entre crianças e adultos Raquel Gonçalves Salgado(*) Anabela Rute Kohlmann Ferrarini(**) Rayany Mayara Dal Prá(***) Rayssa Karla Dourado Porto(****) INTRODUÇÃO As crianças, a cada dia, atestam experiências e saberes que desafiam os conhecimentos e os discursos historicamente produzidos sobre a infância e estabelecidos como paradigmas que definem e demarcam esse tempo de vida. O que é próprio da infância, se há, ainda, aspectos que a delimitam como um tempo de vida diverso dos demais? O que as crianças dizem, fazem, valorizam e significam como marcas de seu tempo de vida? O que os adultos têm a dizer sobre esses modos de viver a infância, interpelados que são por suas próprias histórias de vida e por valores seculares que consagram uma suposta “essência da infância”? Estas são algumas das questões que norteiam as análises que aqui fazemos em torno da infância contemporânea a partir de uma perspectiva intergeracional. Neste texto, trazemos para a discussão os diálogos entre crianças e adultos sobre diversas experiências de infância, ocorridos em dois contextos de pesquisa distintos. O objetivo da investigação é compreender tanto os discursos das crianças sobre o que identificam como próprio de seu tempo de vida quanto os dos adultos sobre como as crianças hoje se apresentam, atravessados por valores que marcam as suas histórias de infância. As experiências das crianças no universo contemporâneo revelam quão diluídas estão as fronteiras entre infância e idade adulta, tempos de vida tão distintos entre si, porém, historicamente atravessados um pelo outro. É, portanto, neste mundo globalizado e midiático que essas experiências vêm assumindo conotações cada vez mais próximas e semelhantes daquelas consideradas como específicas da vida adulta.
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