O Brasil Na Potência Criadora Dos Negros O Necessário Reconhecimento Da Memória Afrodescendente
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Nº 517 | Ano XVII | 18/12/2017 O Brasil na potência criadora dos negros O necessário reconhecimento da memória afrodescendente Kabengele Munanga Lima Barreto por Lilia Schwarcz Carolina Maria de Jesus por Jeferson Tenório Theodoro Sampaio por Ademir Pereira dos Santos Machado de Assis por Luís Augusto Fischer Abdias Nascimento por Sandra Almada André Rebouças por Maria Alice Rezende de Carvalho Leia também Dossiê ■ Eventos IHU 2018 Cem anos de solidão ■ Leonardo Bomfim Sergius Gonzaga ■ ■ Márcia Junges Márcia Lopes Duarte ■ ■ Bruno Lima Rocha Karina Lucena ■ EDITORIAL O Brasil na potência criadora dos negros O necessário reconhecimento da memória dos afrodescendentes história do Brasil é repleta de protagonistas professor Abdias, o senador Abdias, o dramatur- negros, de Zumbi dos Palmares a Milton go Abdias, o poeta Abdias, o ator Abdias, o artista Santos, passando por mulheres como Dan- plástico Abdias insubordinava-se (contra o racis- Adara e Carolina Maria de Jesus. Fazer memória mo e a discriminação), insurgia-se, sempre com- destes importantes personagens é, de certa manei- batendo o ‘bom combate’”, pondera. ra, reconhecer a importância do negro como cria- A professora Maria Alice Rezende de Carva- dor de um Brasil que nunca se realizou por com- lho discute a importância de André Rebouças e pleto. É reconhecer que a luta por justiça social e suas obras, que foram o primeiro sinal de um desejo igualdade étnico-racial continua mais viva do que de Brasil desenvolvido para toda a população, não nunca. Para jogar luz sobre alguns desses perso- somente para os senhores donos de escravos. nagens, a revista IHU On-Line reúne entrevistas com diversos pesquisadores. Na reportagem Em uma escola pública de Porto Alegre, educadores buscam diminuir desigual- O antropólogo e pesquisador Kabengele Mu- dade a partir do debate sobre estética feminina, nanga, ao analisar a narrativa historiográfica a realidade das mulheres negras é vista por outra hegemônica sobre os afrodescendentes no Brasil, perspectiva. ressalta que o “negro só pode ser protagonista da História do Brasil ao mostrar que ele faz parte Esta edição publica um dossiê sobre os 50 anos do dessa história não apenas como força muscular romance Cem anos de solidão, de Gabriel García humana, mas como cérebro, resistente apesar do Márquez, com entrevistas de Sergius Gonzaga, rolo compressor da escravidão”. Márcia Lopes Duarte e Karina Lucena. Outra efeméride, o meio século da estreia do filme Terra 2 A força política e literária da obra de Lima Bar- em transe, de Glauber Rocha, é tratada no artigo reto é retomada pela historiadora Lilia Schwarcz, de Leonardo Bomfim. destacando que o autor “nos interpela como negro e com os projetos que ele trazia para que a população Trazemos um apanhado geral sobre os eventos que brasileira não esquecesse jamais o fato de que o Bra- o Instituto Humanitas Unisinos – IHU realizará em sil foi o último país a abolir a escravidão”. 2018, apresentando cada uma das atividades pre- vistas. A reportagem O ar fresco de uma Igreja Em outro contexto, mas com uma literatura de em saída discute como o pontificado de Francisco igual densidade, Carolina Maria de Jesus é assume um protagonismo no contexto geopolítico retratada na entrevista com o professor Jefer- global, que é tema do XVIII Simpósio Internacional son Tenório, que aponta a “fome existencial” do IHU. Complementam a edição os artigos A frágil dela como um traço marcante de seu texto. posição de um país baseado em economia comodi- Theodoro Sampaio foi um dos principais no- ficada, de Bruno Lima Rocha, e Desativar o dispo- mes a pensar um Brasil mais inclusivo, segundo sitivo do dever-ser e poder a própria impotência, relata o professor e pesquisador Ademir dos de Márcia Junges. Santos, que frisa que “o grande valor da contri- A todas e a todos uma boa leitura e os votos de buição de Theodoro Sampaio foi ter empreendido boas festas de Natal e de Ano Novo. uma obra plural, com contribuições importantes para vários campos conexos das geociências e hu- manidades”. Um dos mais célebres negros da história do Brasil, Machado de Assis, é o tema da entrevista com o professor Luís Augusto Fischer. A literatura machadiana foi capaz de exprimir o espírito de seu próprio tempo, “um caso realmente raro de um su- jeito especialmente inteligente e ao mesmo tempo operoso, em cuja obra podemos encontrar um tanto da alma do país em sua época”. O multifacetado Abdias Nascimento é o per- sonagem que Sandra Almada, jornalista e auto- Foto: Stock Snap/ ra da biografia dele, aborda em sua entrevista. “O Pixabay 18 DE DEZEMBRO | 2017 REVISTA IHU ON-LINE Sumário 4 ■ Temas em destaque 6 ■ Dossiê Cem anos de solidão | Sergius Gonzaga: O livro que pôs de pé um mundo próprio, inconfundível e inimitável 10 ■ Dossiê Cem anos de solidão | Márcia Lopes Duarte: Cem anos de solidão contribuiu para reinventar a América Latina 12 ■ Dossiê Cem anos de solidão | Karina Lucena: Um romance que espelha a violência, a opressão e o conservadorismo latino-americano 15 ■ Leonardo Bomfim: Terra em transe chega aos 50 anos em um momento convulsivo 21 ■ Lara Ely: O ar fresco de uma Igreja em saída 23 ■ João Vitor Santos: Calendário de eventos do IHU abordará violência, política, economia nacional e Revolução 4.0 26 ■ Tema de capa | Kabengele Munanga: A transformação do negro em ser errante 33 ■ Tema de capa | Lilia Schwarcz: Mais do que uma biografia conturbada, o escritor da literatura de urgência 42 ■ Tema de capa | Jeferson Tenório: A fome de literatura de Carolina Maria de Jesus 47 ■ Tema de capa | Ademir dos Santos: O anti-herói que pensou um Brasil moderno e inclusivo 53 ■ Tema de capa | Luís Augusto Fischer: A polêmica tentativa de embranquecer Machado de Assis 3 60 ■ Tema de capa | Sandra Almada: O incessante bom combate de Abdias Nascimento 64 ■ Tema de capa | Maria Alice de Carvalho: A busca por uma civilização mais igualitária e livre 68 ■ Luciana Dornelles: Representatividade importa 71 ■ Márcia Junges: Desativar o dispositivo do dever-ser e poder a própria impotência 74 ■ Crítica internacional | Bruno Lima Rocha: A frágil posição de um país baseado em economia comodificada 76 ■ Publicações | Claudio de Oliveira Ribeiro: O Princípio Pluralista 77 ■ Dos Meios à Midiatização. Um Conceito em Evolução 79 ■ Outras edições Diretor de Redação Atualização diária do sítio Inácio Neutzling Inácio Neutzling, César Sanson, Patrícia ([email protected]) Fachin, Cristina Guerini, Evlyn Zilch, Anielle Silva, Victor Thiesen e William Coordenador de Comunicação - IHU Gonçalves. Ricardo Machado – MTB 15.598/RS ([email protected]) Jornalistas João Vitor Santos – MTB 13.051/RS ([email protected]) ISSN 1981-8769 (impresso) Lara Ely – MTB 13.378/RS ISSN 1981-8793 (on-line) ([email protected]) Patricia Fachin – MTB 13.062/RS ([email protected]) A IHU On-Line é a revista do Institu- to Humanitas Unisinos - IHU. Esta Vitor Necchi – MTB 7.466/RS Instituto Humanitas Unisinos - IHU publicação pode ser acessada às segun- ([email protected]) das-feiras no sítio www.ihu.unisinos.br e Av. Unisinos, 950 | São Leopoldo / RS no endereço www.ihuonline.unisinos.br. Revisão CEP: 93022-000 Carla Bigliardi Telefone: 51 3591 1122 | Ramal 4128 e-mail: [email protected] Projeto Gráfico A versão impressa circula às terças-fei- Ricardo Machado ras, a partir das 8 horas, na Unisinos. O Diretor: Inácio Neutzling conteúdo da IHU On-Line é copyleft. Editoração Gerente Administrativo: Jacinto Schneider Gustavo Guedes Weber ([email protected]) EDIÇÃO 517 TEMAS EM DESTAQUE Entrevistas completas em www.ihu.unisinos.br/maisnoticias/noticias Confira algumas entrevistas publicadas no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A crise da intelectualidade brasileira e a interdição do debate “Em grande parte, a intelectualidade seguiu a maré e mantém-se fiel ao PT e suas narrativas, mesmo que para isso sejam forçados a prostituir-se academi- camente. As consequências estamos vendo hoje: interdição do debate.”. Raphael Tsavkko Garcia, graduado em Relações Internacionais, mestre em Comunicação e douto- rando em Direitos Humanos. O STF deve entrar em questões técnicas ao julgar novo Código Florestal; não há outro caminho “O novo Código Florestal alinha-se a uma série de políticas que inviabilizam nosso futuro com qualidade e dignidade, ao trazer padrões ambientais menos restritivos ao direito de propriedade, especialmente aos imóveis rurais, em um cenário de acirramento dos problemas ambientais e sociais”. Virginia Totti Guimarães, professora de Direito Ambiental e Direito Urbanístico da PUC-Rio e coor- denadora assistente do curso de Graduação de Direito da PUC-Rio. 4 Eliminação dos custos associados ao trabalhador é espinha dorsal da reforma trabalhista “Para pensarmos nas consequências da reforma, temos primeiramente de olhar para a estrutura do mercado de trabalho brasileiro. É preciso ter em mente que o mercado de trabalho se fundamenta desde sempre em uma profunda desigualdade social e uma precariedade permanente”. Ludmila Abilio, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho - Cesit, na Faculdade de Economia da Unicamp. Instruções do Banco Mundial podem levar ao fim da pesquisa científica no Brasil “O relatório menciona apenas de passagem os avanços na inclusão social no acesso à universidade pública. Apresenta o dado de que em 2002 ape- nas 4% dos estudantes integravam o grupo dos 40% mais pobres. Em 2015 essa proporção subira para 15%.”. Peter Schulz, graduado, mestre e doutor em Física. O topo do topo - Quem é a classe média e quem é quem nas estratificações do Brasil “A maioria do povo brasileiro trabalha para viver, e os dados de desi- gualdades são muito apoiados nas rendas do trabalho. Portanto, isso faz com que aumente a percepção entre desigualdade e renda, o que está de acordo com qualquer visão de desigualdade fora do Brasil”. Rafael Georges, graduado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC -SP, mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília - UnB, doutorando em Ciência Política na UnB.