0 Txtn01in.Docx
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.1-2, 2005 Índice Editorial Expediente Artigos Aprendendo a ler a televisão: uma confluência possível Felipe Muanis Corpo, sujeito e experiência: rede telemática, TV e leitura Alemar Rena A exclusão digital e a leitura literária no Brasil Marcelo Chiaretto O médium, a mediação e o imediato - livro, cinema e televisão em Beatriz Sarlo Georg Otte e Ianá Costa de Andrade Livro e leitura diante do potencial da mídia televisiva Larissa Casagrande Faller Entrevistas As incompletudes da televisão abrem espaço para a imaginação do telespectador Arlindo Machado por Mônica Ramos En el subte (metrô) uno puede ver casi siempre entre cinco y diez personas por vagón que están leyendo un libro Mario Camara por Maria Antonieta Pereira Sentimos a necessidade de criar um projeto específico para o incentivo da leitura Janice Fortini por Kênia Aulízia Herédia 1 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.1-2, 2005 Claro que brasileiro gosta de ler! Humberto Rolo Paulino por Kênia Aulízia Herédia Ficção A telinha e o texto João Baptista Santiago Sobrinho 2 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.3-4, 2005 Ilustração Alessandro Lima Editorial A revista txt – leituras transdisciplinares de telas e textos pretende ser uma publicação semestral — e, por enquanto, eletrônica — que abranja diversas áreas do saber contemporâneo: artes, ciências, filosofias e tecnologias. Nascida no interior do Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto , a revista traz consigo uma tradição investigativa sobre o tema da leitura, entendida em seu sentido amplo. Desenvolvendo desde 1998 pesquisas, cursos, oficinas e eventos em que se discutem as leituras da vida, da tela e do texto, o Programa tem atuado fortemente em debates acadêmicos e comunitários, na busca de soluções para os baixos níveis de leitura da população brasileira. A revista txt é, portanto, resultado dessas intervenções e ao mesmo tempo uma tentativa de potenciá-las na medida em que se auto-define como um fórum de debates dos problemas da leitura. Aberta à contribuição de todos que se interessem por esse tema — educadores, leitores, escritores, artistas, agentes culturais, agentes sociais, bibliotecários etc. —, a revista pretende debater assuntos cruciais e polêmicos, divulgar novos experimentos de leitura e estimular a abordagem transdisciplinar de telas e textos. Espaço de desconstrução de falsos consensos e de imagens estereotipadas, txt examina a performance do texto impresso na sociedade hipertextual e midiática, visando à ampliação do conceito de leitura e à atualização do processo de formação de leitores. Por isso, este primeiro número da revista foi organizado em torno da seguinte questão: “A televisão prejudica a leitura do livro?” A pergunta coloca em dúvida o velho estereótipo, tentando 3 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.3-4, 2005 fustigá-lo e desconstruí-lo, para reforçar debates mais avançados em torno das leituras necessárias à vida globalizada. A partir de seu próprio nome (que pode ser lido, na linguagem da informática, como a abreviação da palavra “texto”), a revista promete uma cooperação antagônica entre seus mais caros objetos de pesquisa (txt = telas x textos). Dessa forma, txt é a reafirmação constante do princípio da rede a partir do qual o Programa A tela e o texto se organiza, atua, estuda, ensina, discute, compartilha. Movidos por desejos, dificuldades, experimentos, derrotas e sucessos, os responsáveis pelo Programa e pela revista pretendem contribuir para que você, leitor, também participe de um coletivo pensante (Pierre Lévy) cuja rede — solidária, contemporânea, dinâmica — seja suficientemente forte para combater as exclusões culturais de nosso país e suficientemente porosa para admitir a dissonância, a diferença e a novidade. Belo Horizonte, junho de 2005. Maria Antonieta Pereira Coordenadora geral do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão A tela e o texto 4 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.5-6, 2005 Ilustração Alessandro Lima Expediente editores responsáveis Coordenação do Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto conselho editorial Álvaro Fernández Bravo (Universidad San Andrés, Argentina) Biagio D'Angelo (Universidad Católica Sedes Sapientiae, Peru) Bobby Chamberlain (University of Pittsburgh, EUA) Conceição Bicalho (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Hebert Benítez Pezzolano (Universidad de la República, Uruguai) Hernán Neira (Universidad Austral de Chile, Chile) Inês Assunção de Castro Teixeira (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Luiz Roberto Velloso Cairo (Universidade Estadual Paulista, Assis) Marcelo Chiaretto (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Marcelo Kraiser (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Mónica Bueno (Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina) Regina Dalcastagne (Universidade de Brasília, Brasil) Thaïs Flores Nogueira Diniz (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) projeto gráfico Carolina Salomé Daniele ASCipriano 5 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.5-6, 2005 edição de arte Carolina Salomé Daniele ASCipriano Ilustrações Alessandro Lima Anderson Brito Conceição Bicalho Daniele ASCipriano Eber Faioli Milton Rita da Glória editorial Coordenação do Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto artigos Alemar Rena Felipe Muanis Georg Otte / Ianá Costa de Andrade Larissa Casagrande Faller Marcelo Chiaretto entrevistas Arlindo Machado Humberto Rolo Paulino Janice Fortini Mario Camara ficção João Santiago revisão de textos Georg Otte Marcelo Chiaretto Maria Antonieta Pereira realização Programa de ensino, pesquisa e extensão A tela e o texto apoio FALE - Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais 6 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.7-21, 2005 Ilustração Conceição Bicalho Aprendendo a ler a televisão: uma confluência possível Felipe Muanis Felipe Muanis é professor de cinema no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Foi coordenador do canal de TV universitária da PUC-Rio e trabalhou como diretor de arte em filmes e comerciais. Resumo A televisão, desde que foi inventada, passou por transformações na forma e no modo de percepção de seus espectadores. A palavra escrita, desde então, se ressentiu da maneira como a imagem se popularizou, gerando uma preocupação presente ainda nos dias de hoje, um antagonismo entre as letras e o audiovisual, mais especificamente à televisão. É importante, então, pensar qual é a inserção da televisão na formação de públicos. A questão do conteúdo é sempre discutida, mas passa a ser essencial a transformação do espectador comum, passivo, de homem-montador para montador cinematográfico, ativo, para que o antagonismo se resolva através da educação. Palavras-chave : homem-montador, audiovisual, educação. Uma imagem fala mais do que mil palavras. Agora experimente descrever imagem sem as palavras? Essa é uma forma de mostrar o quão difícil é trabalhar com a idéia de um embate entre imagem e texto e, especificamente, entre literatura e 7 eISSN 1809-8150 DOI 10.17851/1809-8150.1.1.7-21 Txt: Leituras Transdisciplinares de Telas e Textos , Belo Horizonte, v.1, n.1, p.7-21, 2005 audiovisual. Discussão antiga que vem criando um certo sentimento de impotência na literatura frente a concorrência desleal das sedutoras imagens televisivas que, a cada dia, fazem diminuir o número de leitores, ou melhor, reduzir o número de possíveis amantes da leitura. Discussão antiga em todos os sentidos: talvez hoje o grande concorrente, até maior que a televisão, sejam os videogames que afastam a criança e o jovem até da informação que também vem da televisão. Falar da televisão, portanto, está em uma região limítrofe entre o novo e o superado, entre o discurso de buscar um caminho de diálogo e entender como fazer dela, e das novas mídias audiovisuais, um aliado na educação e na formação de novos públicos letrados, ou de atacá-las como uma influência monstruosa e predatória diante da qual a solução seria, para muitos evitá-las. A intolerância e a incompreensão com alguns setores do audiovisual por parte de um segmento de intelectuais, inclusive de pensadores da comunicação, é, muitas vezes, conseqüência de pré-julgamentos, estabelecidos no senso comum e que nada ajudam para achar um caminho de confluência onde a televisão e, por exemplo, a literatura andem juntas e colaborem uma com a outra, gerando um público cada vez mais instruído e preparado. Para Henri Lefebvre, Uma teoria nova não é jamais compreendida se se continua a julgá- la através de teorias antigas e de interpretações fundadas (à revelia daquele que reflete) sobre essas teorias antigas. (1) Dentro dessa perspectiva talvez seja válido apontar um exemplo, antes de se chegar à televisão, de como o mundo das letras se ressente do mundo da imagem. Durante muito tempo as histórias em quadrinhos foram vilãs para uma elite cultural que as considerava divertimento fácil, subliteratura e até mesmo perigosas para a educação das crianças. Vários trabalhos citavam os quadrinhos como algo a ser evitado pelos pais e educadores, como se eles idiotizassem as crianças e ensinassem valores e posturas perigosas para a família. É notório o trabalho dos anos 50, A sedução do inocente , do psiquiatra Frederic Wertham, que acusa os quadrinhos de promovem a delinqüência juvenil, a alienação e o homossexualismo. A sociedade macarthista começa então a boicotar e queimar histórias em quadrinhos em praça pública e, com medo de uma intervenção do congresso americano, a indústria dos comics cria um selo de ética para colocar nas capas das revistas, uma espécie de aval para o seu conteúdo. Nada muito diferente da auto-regulamentação que a indústria do cinema criara, ainda no início do século, para evitar a intervenção do governo no lucrativo negócio. Com essa limitação várias histórias mudaram, a palavra crime não poderia aparecer na capa das revistas, não podia haver qualquer menção desonrosa aos agentes da lei e o bem sempre deveria vencer no final.