NA PROSA E NA POESIA: PERCURSOS DO EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR by CRISTIANE LIRA (Under the Direction of Robert Henry Moser) ABST
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NA PROSA E NA POESIA: PERCURSOS DO EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR by CRISTIANE LIRA (Under the Direction of Robert Henry Moser) ABSTRACT This study discusses some of the various definitions of the term “exile” and locates some of these concepts within the work of the Brazilian poet and playwright Ferreira Gullar. It is proposed that, collectively, certain characteristics of these concepts in the work of Gullar can be taken as constituting a literature of exile. After analyzing the category of exile independently, the work of the poet is then explored. During the Brazilian military dictatorship, Gullar lived a clandestine existence while in his own country and later spent time in exile abroad in the 70's. Throughout this period, the author produced many works, including Dentro da noite veloz (1975) and Poema sujo (1975). In addition to these two, the corpus for the present study also includes Rabo de Foguete (1998), a memoir in which Gullar details his experiences during his years of exile. Through an analysis of these works of prose and poetry, it is possible to identify both the presence and absence of exile in Gullar’s writing. INDEX WORDS: Exile, Ferreira Gullar, Poetry, Narrative, Brazilian literature, Dentro da noite veloz, Poema Sujo, Rabo de Foguete. NA PROSA E NA POESIA: PERCURSOS DO EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR by CRISTIANE LIRA B.A., Centro Universitário FIEO, Brasil, 2002 A Thesis Submitted to the Graduate Faculty of The University of Georgia in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree MASTER OF ARTS ATHENS, GEORGIA 2011 © 2011 Cristiane Lira All Rights Reserved NA PROSA E NA POESIA: PERCURSOS DO EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR by CRISTIANE LIRA Major Professor: Robert Henry Moser Committee: Susan Canty Quinlan Luis Correa-Díaz Electronic Version Approved: Maureen Grasso Dean of the Graduate School The University of Georgia May 2011 iv DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao Henrique Duarte, meu companheiro, a quem nomeei Vida pela vida que me deu e me dá todos os dias. v AGRADECIMENTOS A Deus, por Sua força vital que move o Universo e que faz com que o meu desejo pelo saber seja uma constante. Ao meu eterno amor, Henrique Duarte, Folha dançarina do ballet do Vento, por todo o carinho, compreensão e, sobretudo, paciência, nos altos e baixos da minha mente inquieta sussurrando poemas e exilada dentro de seu próprio mundo na tentativa de desvendar os percursos gullarianos. Ao Professor Robert Moser pela paciência e, principalmente, pelas palavras sempre sábias e confiantes no difícil processo de orientar e apresentar caminhos. Muito obrigada mesmo por todas as dicas e pela leitura sempre tão especial dos meus textos e os inúmeros emails. À Professora Susan Quinlan por todas as longas conversas regadas por sabedoria, troca, abertura de possibilidades e muita risada, além de todas as correções e sugestões para a melhoria deste trabalho. Ao Professor Luis Correa-Díaz por ter abraçado a empreitada de fazer parte da minha banca. À Professora Amélia Hutchinson por todo o auxílio e presença, sendo em inglês ou em português, nas longas conversas e palavras de conforto e sabedoria, além de todo o conhecimento dividido e disposição. Aos meus outros professores do passado e de hoje pela presença constante e o eterno carinho no desenvolvimento da minha paixão pelo saber. Destaco, porém, as professoras Mona Mohamad Hawi, minha guru eterna; a professora Maria Célia Rua Paulillo, que é um ícone na minha carreira acadêmica, para quem eu disse uma vez, vi “quero ser como você quando eu crescer;” a professora Ivone Daré Rabello, que embora distante é uma figura tão importante nos meus caminhos interpretativos; a professora Claudia Arruda Campos, que foi quem despertou a minha paixão por Gullar; e finalmente a professora Betina Kaplan e o professor Nicolás Lucero por terem me apresentado um outro universo na América Latina. Aos amigos que fiz durante o curso de mestrado pela companhia na jornada. Em especial ao Dorian Lee Jackson pelo incentivo, pela prontidão em me ajudar com os materiais de pesquisa e, principalmente, por todo o auxílio com o inglês. Muito obrigada do fundo do coração, Lee. À Rubia Yatsugafu por ter sido tão gentil tão logo quando cheguei aos Estados Unidos e por ter se tornado uma grande amiga, além de ter dedicado horas e horas do seu tempo lendo esta pesquisa, comentando e enviando palavras de confiança e carinho. À Fernanda Guida por ter sempre o melhor incentivo, a melhor risada e os papos intermináveis, além de ter estado ao meu lado nas horas mais difíceis, quando a frustração e a falta de confiança batem à porta, sempre me colocando para cima, fazendo-me acreditar nas possibilidades. À Sarah Martin por toda a ajuda e presença, além dos empurrõezinhos com o inglês. Aos amigos no Brasil, que embora tão distantes se fazem tão perto, especialmente, à Luzia Schalkoski Dias, por ter me recebido na sua casa aqui nos Estados Unidos com as portas abertas e ter me incentivado a entrar em contato com o programa de Línguas Românicas. Sem você, Lu, não sei se tudo o que aconteceu na minha vida teria, realmente, acontecido. À Leda por sua leitura da minha tese, mas, sobretudo, pela força dada na hora do branco, do instante nu do papel. Ao Fábio, por ser o afilhado mais querido e o melhor amigo que alguém pode ter. À Celi Fortes por ser sempre tão amiga. À Alice, que transcendeu os laços de família que nos unem e se vii tornou minha grande amiga com quem eu sempre posso dividir minhas alegrias e angústias, além de muita risada e poesia. Aos meus pais, José Barbosa de Brito Lira e Vicentina Barbosa de Lira, minhas irmãs, Célia e Camila, minha sobrinha Gabrielle, além da minha família aumentada, por todo o carinho, confiança e amor. À Universidade da Geórgia e ao grupo de funcionários do departamento de Línguas Românicas, principalmente Amy Parker e Maryanna Axon, por estarem sempre dispostas a me ajudar nos complicados caminhos da burocracia. Aos meus alunos do presente e do passado com quem estou sempre a aprender. Ao Ferreira Gullar por preencher o mundo com os seus sons cheios de poesia e vencer, dia após dia, a luta com as palavras. viii SUMÁRIO Page AGRADECIMENTOS ........................................................................................................v CAPÍTULO 1 INICIANDO A CAMINHADA .........................................................................1 2 PASSOS E RASTROS: O PEREGRINO E AS MUITAS VOZES ..................8 Andanças ....................................................................................................10 3 INTERREGNO, OU POR UMA ESTÉTICA DO EXÍLIO ............................40 No princípio era o verbo ............................................................................41 Compreendendo o exílio: considerações ...................................................44 No palco da vida: uma literatura do exílio .................................................60 A última flor do Lácio e seu diálogo exilado: vestígios .....................67 Portugal e África ........................................................................67 Brasil ..........................................................................................76 4 NA PROSA E NA POESIA: PERCURSOS DO EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR .........................................................................................................94 O exílio gullariano: memórias e poemas ...................................................95 Os esconderijos do poeta: o corpo clandestino ...................................97 Um corpo que parte I: a URSS ................................................114 Um corpo que parte II: o Chile ................................................125 Um corpo que parte III: Lima, Buenos Aires e uma poética do sujo .....................................................................................140 O desexílio e outras latências ............................................................152 ix 5 TRADUZINDO-SE .......................................................................................159 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................164 1 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO INICIANDO A CAMINHADA: APROXIMAÇÕES Linguagem é coragem: a habilidade de conceber um pensamento, de proferi-lo, e assim torná-lo verdadeiro. Salman Rushdie, Os versos satânicos 306 Na tradição literária existe uma tentativa de agrupar as obras dentro de um mesmo período, estilo, escola, visando a junção daquilo que as torna comuns umas as outras. Dessa maneira, de acordo com determinadas características que pressupõem diálogo, colocam-se as obras ao lado umas das outras, gerando, assim, a estética romântica, realista, modernista e outras. Além das características que podem ser, por exemplo, de cunho estilístico, há também a intenção de se fotografar a alma e o modo de viver do homem flagrado dentro dessas normas. Segundo Otto Maria Carpeaux em História da literatura Ocidental, há um modelo de homem para cada época, assim, “o homem medieval, o homem renascentista, o homem barroco, o homem classicista, o homem romântico (. .) seriam mudos, e, por conseqüência, esquecidos, se certos entre eles não tivessem o dom individual da expressão artística, realizando-se em obras que ficam” (qtd. in Cadermatori: 9). Obras essas que são concebidas a partir de um ato de coragem, como apresenta a epígrafe que abre este capítulo, haja vista que funcionam como testemunhas do tempo. Os textos são como se o autor fornecesse um alvará ao seu íntimo, permitindo