Universidade Federal De Goiás Faculdade De História Programa De Pós-Graduação Em História
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA RAQUEL MACHADO GONÇALVES CAMPOS ENTRE ILUSTRES E ANÔNIMOS: A CONCEPÇÃO DE HISTÓRIA EM MACHADO DE ASSIS. Goiânia 2009 1 RAQUEL MACHADO GONÇALVES CAMPOS ENTRE ILUSTRES E ANÔNIMOS: A CONCEPÇÃO DE HISTÓRIA EM MACHADO DE ASSIS. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás, como requisito para a obtenção do título de Mestre em História. Área de concentração: Culturas, Fronteiras e Identidades. Linha de Pesquisa: História, Memória e Imaginários Sociais. Orientador: PROF. DR. NOÉ FREIRE SANDES Goiânia - Goiás 2009 2 RAQUEL MACHADO GONÇALVES CAMPOS Entre ilustres e anônimos: A concepção de história em Machado de Assis. Dissertação defendida pelo Programa de Pós-Graduação em História, nível Mestrado, da Faculdade de História, da Universidade Federal de Goiás. Aprovada em: _____/_____/_____, pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: _______________________________________________________________________ PROF. DR. NOÉ FREIRE SANDES (UFG) (PRESIDENTE) _______________________________________________________________________ PROF. DR. MANOEL LUÍS SALGADO GUIMARÃES (UFRJ) (ARGÜIDOR) _______________________________________________________________________ PROFA. DRA. FABIANA DE SOUZA FREDRIGO (UFG) (ARGÜIDORA) _______________________________________________________________________ PROF. DR. SEBASTIÃO RIOS CORRÊA JÚNIOR (UFG) (SUPLENTE) Goiânia 2009 3 Para Marlon 4 AGRADECIMENTOS A meu orientador, Dr. Noé Freire Sandes, agradeço pela seriedade, paciência e generosidade com que pautou a relação de orientação. Sua confiança, bem como sua desconfiança, foram fundamentais para o desenvolvimento do trabalho, nortearam a estruturação e o aprofundamento das discussões propostas. Como lhe disse, ele foi, indiscutivelmente, meu primeiro leitor, aquele a quem, acima de todos, cabia convencer. É para mim motivo de grande satisfação poder contar com a leitura criteriosa e instigante dos professores Manoel Luís Salgado Guimarães e Fabiana Fredrigo. A eles envio meus sinceros agradecimentos, por terem gentilmente aceito participar da banca examinadora da dissertação. Com a professora Fabiana, minha dívida é dupla: o trabalho deve muito às críticas e sugestões por ela oferecidas quando da banca de qualificação, pelo que muito lhe agradeço. Agradecimentos que endereço igualmente ao professor Sebastião Rios, argüidor rigoroso e de cujos questionamentos a qualificação permitiu-me usufruir. Ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, onde desenvolvi esta dissertação, pelo apoio no cumprimento dos trâmites burocráticos necessários. Nomeadamente, às funcionárias Neusa e Elaine, sempre prestativas e simpáticas. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, pela concessão de bolsa de pesquisa, a qual propiciou as melhores condições para a realização do trabalho. Aos professores Márcio Pizarro Noronha e Carlos Oiti Berbert Jr.(do Programa de Pós- Graduação em História) e Heleno Godoy (do Programa de Pós-Graduação em Letras), cujos seminários contribuíram não apenas para o desenvolvimento desta pesquisa, como também para a descoberta de novas e estimulantes abordagens. Thiago, Euzébio e Fabiane proporcionam-me mais do que a alegria de contar com suas amizades. Também apaixonados historiadores, não deixam de procurar contribuir. A querida Fabiane ajudou-me com as normas da ABNT. Os meninos ofertaram-me livros raros e fundamentais da fortuna crítica machadiana, como Fontes para o estudo de Machado de Assis, obra já esgotada de J. Galante de Sousa, presente do Euzébio de que me utilizei inúmeras vezes. 5 Com Ana, Matheus e papai, tenho dívidas enormes, impagáveis como os Padre-Nossos de Bentinho – e tanto mais quanto, como o Deus do personagem machadiano, eles estão sempre prontos a aceitar novos pedidos. Meus queridos irmãos receberam-me em suas casas, em Brasília, para realização de pesquisas na Biblioteca Central da Universidade de Brasília e nas Bibliotecas do Senado e da Câmara dos Deputados. Em suas primeiras semanas de férias no Brasil, após um afastamento de dez meses que nos deixou muito saudosas, Aninha pacientemente entendeu a ausência de uma irmã envolvida na conclusão de seu mestrado. Como em outras ocasiões, Matheus aceitou de pronto a incumbência de traduzir o resumo para o inglês, realizando-a com a competência que lhe é própria. Sinto cada vez mais a infelicidade de já não poder agradecer aos meus pais, assim no plural, mas apenas ao meu pai, cujo apoio e estímulo desdobraram-se nos últimos anos, no esforço de valer pelo de dois. Apoio e estímulo sem os quais meus projetos permaneceriam irrealizados e minhas ambições intelectuais morreriam no nascedouro. Assim, agradecer em dobro não é apenas insuficiente, pois o fato é que não há agradecimento possível, não há agradecimento que baste. Antes do Marlon, esta dissertação era outra, teria sido outra. Porque ele foi o encontro com a obra de Jacques Rancière, o desvio em relação ao projeto inicial, sobre os homens livres pobres na obra de Machado de Assis. Porque foi um interlocutor incansável e judicioso, lendo o trabalho, fazendo críticas, sugerindo caminhos e leituras. Mas, mais do que isso, antes do Marlon, eu é quem era outra. E, diante desse ganho não previsto, toda palavra de reconhecimento é pouca. 6 RESUMO Esta dissertação investiga a concepção de história presente no pensamento sobre a literatura e na literatura de Machado de Assis, buscando demonstrar como elas abrem a possibilidade de que os anônimos sejam considerados sujeitos da história. Afirmando a igualdade da indiferença, elas questionam o cerne da concepção de história dos historiadores brasileiros do século XIX. Para estes, há história porque há desigualdade, porque há homens que são dignos de eterna lembrança e vidas destinadas ao esquecimento. Reivindicando o “princípio do qualquer representável” e equiparando ilustres e anônimos, Machado de Assis recusou uma partilha do sensível que assinala a cada um o seu lugar próprio: para a literatura nacional, temas nacionais; para a história, o homem ilustre. Instaurando um “pensamento da desordem nova” (Jacques Rancière), sua obra permitiria transformar em objeto da história e da literatura aquele que, por definição, era delas excluído: o qualquer um. Palavras-chave: estética, história da historiografia, IHGB, literatura, Machado de Assis, sujeitos da história, objeto do saber histórico. 7 ABSTRACT This dissertation investigates the conception of history in Machado de Assis' literature and thinking on literature, seeking to demonstrate how they set up the possibility of anonymous people being considered subjects of history. Asserting the equality of the indifference, they question the core of the conception of history of the 19th century Brazilian historians. According to them, there is history because there is inequality, because there are men who are worth of eternal memory and lives destined to oblivion. Claiming the "principle of any representable" and making equal the distinguished and the anonymous, Machado de Assis refused a partition of the sensible which gives each one its own place: for national literature, national themes; for history, the distinguished man. Stablishing a "thinking of the new disorder" (Jacques Rancière), Assis' work admits to turn into objects of history and literature those that, by definition, were once excluded: the anyone, and the anything. Keywords: aesthetics, history of historiography, IHGB, literature, Machado de Assis, subjects of history, object of history knowledge 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................10 CAPÍTULO I – Em face dos nomes da história ..................................................................14 1.1 Um autor defunto .....................................................................................................14 1.2 A concepção de história dos historiadores ..............................................................16 1.3 “Um fecundo seminario de heróes” .........................................................................30 1.4 Tradicional ou moderna? ........................................................................................ 45 1.5 O povo como sujeito? – Capistrano de Abreu e o IHGB .......................................62 CAPÍTULO II – O acontecimento Machado de Assis ........................................................77 2.1 Um Machado de Assis historiador ...........................................................................77 2.2 Literatura, revolução estética e concepção de história ............................................89 2.3 Literatura brasileira, nacionalismo literário e Machado de Assis ...........................98 2.4 O acontecimento Machado de Assis: uma análise da “Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade” ................................................................................................107 2.5 Heresias machadianas ............................................................................................139 2.6 A arte das traduções ...............................................................................................153 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................166 REFERÊNCIAS ................................................................................................................168