Ìyàmì Òsòróngà PODER FEMININO NO CONTRASTE DE AMOR E MEDO
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
1 Ìyàmì Òsòróngà PODER FEMININO NO CONTRASTE DE AMOR E MEDO Coletânea diversa 2004 2 ÌYÀMÌ ÒSÒRÓNGÀ - PODER FEMININO NO CONTRASTE DE AMOR E MEDO Sem sombra de dúvida, a mulher e seu Poder é um dos Mitos mais profundos da história humana. Principalmente, por serem possuidoras de uma força misteriosa, até nos dias de hoje são exageradamente cercadas de medos, o que provocou no ocidente muitos equívocos referente a forma de cultuar ÌYÀMÌ ÒSÒRÓNGÀ. Irrevogavelmente o Poder da mulher em todas as culturas do planeta sempre foi reverenciado e consequentemente muito temido. Se olhássemos para trás alcançaríamos as analises bem especificas do desempenho da mulher e os cultos originados através de seus poderes...Isso principalmente nas Culturas Africanas, e se pudéssemos ainda voltar para ouvir dentro de nós a VOZ do Poder da Fêmea Universal, escutaríamos possivelmente algo bem próximo a isto: Meu culto data desde a Idade da Pedra. Na forma centralizada de um grande culto à fertilidade. No inicio da existência quando os seres humanos davam seus primeiros passos para evolução sobre as planícies intocadas do planeta... Eu ÌYÀMÌ, estava lá também. O tempo passou... passou... passou, e os homens desceram das planícies e foram construir suas cidades. E eu abstratamente fui com eles. Eles me cultuaram na Babilônia onde fui adorada e chamada de ISTHAR. Já no terceiro milênio antes de Cristo, os homens me invocavam de tal maneira com sabedoria, meu Poder era apaziguado... e minha força então podia ser detida, como poder feminino gerei muitos filhos (seres humanos) mais de cem ao dia. No Egito fui amada com o nome de NEITH apreciada como a mais velha e a mais sábia das Divindades, sempre à frente das artes úteis. Contemplada no céu noturno que se arqueava sobre a Terra formando com minhas mãos e pés as portas da Vida e da Morte. Por isso fui também cultuada principalmente em seus cultos fúnebres como Guerreira Protetora de seus mortos, Eu, era associada a vida e a morte, como a principal representante de DEUS, para os Egípcios, Eu era uma totalidade do Supremo. Posteriormente fui relacionada a ÍSIS, por ser Ela, uma deusa da beleza e fertilidade. Entre os Hebreus fui chamada de ASTARTE. Na Frígia apareci como CIBELE (a guerreira caçadora possuidora dos 9 fogos), indicando a fertilidade. Na Grécia, recebi o nome de REA, GEA e DEMETER, por ser sempre densa, profunda, misteriosa e escura (TERRA). Senhora do mundo inferior no sentido vertical das profundezas da terra, por isso fui relacionada também à Morte. Meu ventre terreno e magnético que guarda os mortos, numa eterna restituição, Meu ventre que é também o centro da fertilidade de onde a vida emana. Por isso sou como labirinto que significa entrar no ventre para encontrar a morte, e dele tal qual o grão de trigo gloriosamente brota. Na Grécia, sou chamada de LAMIA, amada e alimentada por homens e seus filhos homens. Como Deusa celta fui chamada de ANNIS e meu culto alcançou a Europa. Porém, a forma que mais fui conhecida e meu culto se desenvolveu, foi como Mãe-Negra (Densa Terra). Fui cultuada na cultura Cretense-Egéia, onde Eu era originariamente venerada em grutas e cujos sacerdotes eram mulheres. Eu era e sou a Lady of the Beasts (Senhora Pássaro) mulher de instinto animal venerada nas montanhas. Como em várias culturas fui comparada como a Mãe Animal de seios sempre descoberto que amamenta seus filhotes, como a cabra, vaca, etc. como indicam as vestes de peles e as roupas das sacerdotisas que sempre apareciam diante de meu altar com seus seios descobertos. Em algumas culturas, Eu tinha nas costas linhas verticais que lembravam penas da cauda dos pássaros. Em outras culturas, uma pequena estatueta na qual Eu era representada com uma criança em meu colo, às vezes com cabeça de cobra. Na Suméria fui cultuada como INANNA, popularíssima força de dupla personalidade: Eu era Tida de manhã como uma valorosa mulher "Senhora Guerreira" a deusa de muitos heróis, e de noite Eu era a deusa da fertilidade, dos prazeres e do amor, fertilizando as sementes na terra como também o próprio homem. Por isso, fui chamada de Divindade Decaída, isso, por meus vários aspectos e características, ou seja, a própria posição vertical da Terra, metade inferior da cabaça, a posição da mulher quando recebe seu homem para ser fecundada numa posição da vida, como também a posição da morte, sempre de barriga ou ventre para cima. Chamada também de divindade decaída, por Eu ser força (energia) contida mundialmente em todas as mulheres, por isso, sou a Força que não é subordinada a um só homem, mas a vários... Fato que minhas sacerdotisas respeitosamente representam de forma figurativa as "sagradas 3 prostitutas", por não pertencerem a um e sim a todos os homens (Òrìsà’s Masculinos) sem distinção. Assim eu possuo múltiplos ventres, pois sou Eu o ventre principal (Mãe Terra), na qual todas as minhas sacerdotisas sobrenaturais se transformam e ganham distinções. Esta era a necessidade que a humanidade tinha de conciliar sexualidade e religião, como me cultuavam nos primórdios, me integrando ao poder dos opostos. Me regressando ao primeiro plano da consciência coletiva para lhes assegurar a queda da rigidez patriarcal. Em Roma, sou apaziguada pelo terrível festival de Lemúria, com suas cerimônias de deificação à seus mortos... minhas equivalentes romanas são TELLUS, CERES e MAIA. O medo dos homens ainda é imenso, eles acham que sou culpada de suas fraquezas e até por suas incapacidades. Assim, eles abençoavam e ainda abençoam as espadas, com as quais matam uns aos outros, e eu, por minha empatia as sinto atravessarem em minha garganta. Figurativamente eles me submergem nas águas, me cremam e espalham minhas cinzas ao vento. Eles extraem meu coração e cozinham com vinagre. Selam em minha sepultura quente com pétalas de rosas, arroz e ferro,... tentando me destruir, e Eu, sempre acabo voltando. Ao redor do mundo eu sempre volto. Nas planícies inglesas, onde os primeiros Anglo-saxãos escreveram poesia sobre mim. Eles me amaram e ainda me amam a seu modo particular... e Eu também os Amo do meu modo ! Sou sempre amada e temida. Os Japoneses me chamam de HANNYA, temendo minha boca e meu andar. Seus homens, jovens macios se escondem e tremem diante de minha presença, mas eu sinto seu sangue pulsar quando os revelo meus lábios. Entretanto, os mexicanos me chamam de LA-LORONA (A Chorona) por Eu ser o jorro menstrual de minhas filhas, possibilitando nascer em todo mundo milhões de seres ao mesmo tempo, abundantemente como o choro das águas nas cachoeiras. Na Índia fui chamada de RAKSHASI, tão bela e terrível, cultuada, Amada e temida pelos homens aqui como em qualquer lugar. Eu existo muito antes das tribos, e o medo dos homens de pronunciarem o Meu Nome já é passado, como um grito herdado de pai para filho século a século. Eu, sempre aparentemente tenho uma função para com eles, suas estranhas sociedades são constituídas e firmadas sob uma ameaça imaginaria, o que me faz, ser cuidadosamente colocada além das luzes de suas tochas. Evolutivamente, enquanto suas tochas se transformam em lampiões, e seus lampiões se transformam em luz néon, sua pequena casa de medo honrado (consciência) permanece intocável. Hoje, eles até acham que me conhecem profundamente, mas apesar de Eu possuir muitos nomes, sou Única, e eles nem conseguem considerar tal fato. Por tantos outros Povos eu ÌYÀMÌ, singularmente sou chamada de tantos nomes diferentes, Ex.: ÒSÒRÓNGÀ - ANANANGEL - CIVATATEO, SWAWMX – IYEMONJA – IYEMONJA-ODUA – TALAMAUR – UPYR – ÒDU – EGAEPONA – DIANNA – NÃNÃ – IYAORI –NANBUKU - CIBELLE – IYANILÈ – ONILÉ – IYALAIYE – AZERI – IYABUKU – NANKUABA – IYANLÀ – IYELALA – IYAMASE – IYAMI-AJÉ – ELEYE – ALAYÉ – IYAALÉ – IYEMOWO – MAWÙ – ÒDUWA e centenas de outros nomes já citados anteriormente... Mas todos para mim significam quase que a mesma coisa. Os nomes não dizem nada do que penso ou do que sinto. Sou quase sempre, uma coisa a ser deturpada, caçada e metaforicamente morta. Coisa que os seres humanos fazem quando suas mentes vazias requerem algo negro (sujo) para suas fantasias, principalmente sexuais. Assim me desonram, fazendo comigo o mesmo que fazem com minhas físicas Filhas, através delas me transformando em objeto de seus prazeres e maus-tratos. Ainda sim sou Divindade decaída, que além de tudo, sou Aquela que é base da humanidade sustentando seus pés, amparando suas almas e corpos em minha residência, propiciando estrutura de vida, aquela que provê abundância e riquezas, sou sim, á MÃE UNIVERSAL, chamada pelos Yorubà’s, ODÙ para uns, e ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ para outros “. Ìyàmì Òsòróngà “A Mãe Ancestral Universal”. 4 Na liturgia tradicional Yoruba a que deu origem a Afro-brasileira, a Mãe Universal é denominada como a própria Terra-Negra, consequentemente possuindo vários nomes referentes a seus vários aspectos, não só dentro do âmbito natural como também dentro de vários âmbitos religiosos Yorubà. Um de seus títulos mais respeitado é ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ, nome que é cultuada na "Sociedade Òsòróngà". Já na sociedade Òrìsà onde é cultuada primordialmente junto com ÒÒRÌSÀNLÀ-ÒBÁTÁLÀ, principalmente por ser o âmbito que ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ entra ritualmente no contexto feminino na interação com o oposto através de tudo que é Branco, se relacionando intimamente no culto da cabaça de Efun, atuando como um significante complemento na formação do Par universal e sobrenatural, ou seja, a união dos opostos refletida numa visão da união de ÒÒRÌSÀNLÀ como o esposo mítico da grande Mãe Òrìsà ÌYÀMÌ-NLÀ, renomeada necessariamente com o nome de ÌYÀMÌ-ÒSÒRÓNGÀ onde é primordialmente proprietária da cor vermelha, cor símbolo da vida, fonte de energia, poder sobrenatural, vivacidade, crescimento, dinamismo, movimento, possibilidade, sensibilidade, fertilidade. Somente após a união ritual do branco com o vermelho, os quais unidos ritualmente são aspecto rituais capazes de dar existência à algo, tanto espiritual quanto físico, ou seja, a única forma de se fazer nascer ritualmente a força de um determinado Òrìsà no culto e principalmente numa cabeça de Yawo, como também expressam a forma de união dos gêneros (macho e fêmea) presidindo o nascimento de seres físicos no planeta.