Universidade Federal Do Rio De Janeiro Silvia Barbosa De
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO SILVIA BARBOSA DE CARVALHO O MUNDO E SEUS MUNDOS: Poder feminino, memória e tradição entre mulheres da Sociedade Òșòròngá no Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2019 Silvia Barbosa de Carvalho O MUNDO E SEUS MUNDOS: Poder feminino, memória e tradição entre mulheres da Sociedade Òșòròngá no Rio de Janeiro Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social do Instituto de Psicologia, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Psicologia (Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social). Orientadora: Professora Doutora Samira Lima da Costa Rio de Janeiro, 2019 FICHA CATALOGRÁFICA Carvalho, Silvia Barbosa de CC331m O MUNDO E SEUS MUNDOS: Poder feminino, memória e tradição entre mulheres da Sociedade Òșòròngá no Rio de Janeiro / SILVIA BARBOSA DE CARVALHO. -- Rio de Janeiro, 2019. 237 f. Orientadora: SAMIRA LIMA DA COSTA. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia, Programa de Pós Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social, 2019. 1. IYAMI OSORONGA. 2. PODER FEMININO. 3. MITOS. 4. MISTÉRIOS. I. COSTA, SAMIRA LIMA DA, orient. II. Título. Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo (a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283. AGRADECIMENTOS A vida é feita de trocas e encontros, são tantos, que não cabem no papel nem no coração. Correndo o risco de pecar ao nomeá-los, faço aqui reverência a todos eles, que foram, são fundamentais e contribuíram para que eu chegasse até aqui. Sem palavras para agradecer a honra de dividir parte da sua magia, meu profundo respeito às senhoras: Andréa, Rosemary e Daniele ti Òșún, Flavia ti Nana(n), e Ny ti Iyemọja. Ao Àșé Ile ti Oyá, pela abertura de suas portas e acolhida, em especial à Ìyáegbé Andréa ti Òșàálá, por me auxiliar como orientadora de campo, abrindo caminho para que este trabalho acontecesse, ao Bàbálòrìșá Sr. Célio Delduque ti Ọyá e ao Bàbákékeré, Sr. Rômulo ti Òṣún. Minha gratidão aos três pela acolhida. É preciso agradecer também aos entrevistados, sem vocês e sua visão peculiar sobre as sacerdotisas eu nunca as teria alcançado para realizar as entrevistas: Ìyádagan Mona ti Ọyá, Ekedji Bernadete ti Òșàálá, Ekedji Jéssica ti Ọșòósí, Ekedji Viviane ti Àiyrá, Ajibona(n) Karlla ti Ọşùmàrè, Agbeni Thayane ti Ọbalúwáiye, as Ìyàwó(s) Abayomi ti Ẹşú, Christina ti Şàngó, Thaís ti Òṣún, Samantha ti Òṣún e ao Ogan Dimitrius de Lògún Edé. Aos meus colegas da turma de 2015 que trilharam comigo os primeiros caminhos desse processo, compartilhando, trocando, incentivando, em especial: Regina Carmela, Rosa Valim, José, Jaqueline, Edilaine, Gustavo, Cintia, Tiare, Luana e Alex. Aos meus companheiros do Laboratório de memórias, territórios e ocupações: rastros sensíveis, compromisso coletivo de construção de saberes e carinhos: Alex, Samira Younes, Carolina, Ana Leon, Elena, Dulce, Cecilia, Bia Sam, Aurea, Renato, Geraldo, Antônio, Daniel, Rick, Bia, Claudia, Karen, Catalina, Patrícia, Eliana, Júlia, Heliana, Ellis, Thais, Larissa, Ana, Vitor, Rosa Alba, Rosa, Renata, Shirlene, Itamara, André e quem mais chegar... Às nossas crianças, Martina, Emiliano, Saulo, Madalena, Rosa, Sofia, Iran, Arai, Mateus e Maria Clara, que foram compondo este cenário de boas memórias. E também ao Kwame, Alessandro e Leandro, brincantes de cá e de além-mares, que me desafiam a buscar sempre melhores histórias. As professoras e aos professores do EICOS que contribuíram em minha formação, por semelhança ou antítese. Aos meus colegas de trabalho na CPST, em especial aos meus companheiros de trabalho da DEPS, na justa medida da encruzilhada onde o trabalho encontra a amizade: Alexandre, Riany, Renata, Regina, Myriam, Paulo, Samantha, Priscilla, Ana Mallet e às alunas do curso de TO, Aryel e Marcele. Ao Silvio e Silvana, irmandade-dádiva. Tarefa de me fazer existir reinventada em melhores versões de mim. À minha mãe, Eugenia, na linhagem das minhas matriarcas, aquela que me deu a vida e me ensinou a rezar. E a meu pai Mizael, Miguel, Miguilin (in memorian), tinha tantos nomes quanto humor. Sabia rir dos outros e de si mesmo, coisa que sempre me ajudou. Às mulheres da minha vida que me ensinam, protegem e revolucionam a vida e a escrita, cada uma com sua intensidade: Mary Gil, Viviane, Flavinha, Christina, Ana Amélia, Abayomi, Riany Brites, Samira Younes. Aos Contadores de histórias, essas gentes das maravilhas que jogam no vento as palavras sopradas pelos ancestrais... Aqui representados por Cecília Göpfert, Francisco Gregório, Regina Porto e o Instituto Rio de Histórias. Às minhas amigas radiantes: Rose, irmandade escolhida, Verônica, minha sempre vizinha de afetos, Rosa, artista de tempos intensos, Silvana, minha irmã, Marcinha, carinho sempre atual e Marly, dos dias de riso e festa. Às minhas orientadoras, Samira Lima da Costa e Andréa Coelho Ferreira, porque souberam cuidar dos meus desalinhos, com generosidade. E também ao Emílio Nolasco de Carvalho, que me acompanhou como coorientador durante os três primeiros anos e que, com grande respeito e compreensão, acolheu as ponderações das sacerdotisas sobre sua participação na pesquisa. Aprendi muito com o modo com que conduzem a vida e fazem ciência. Ao Marco Antônio Guimarães, que me presenteou com seus cuidados ao longo desse percurso, oferecendo conselhos, chamegos, recadinhos amorosos. E à minha querida Andréa Chagas, amiga que põe o sol pra brilhar. E também ao Rafael Emídio e Binho Maturano, Denilton Santos, Alexandre Schreiner, pelas conversas e aconchego. Aos profissionais do EICOS, Ricardo e Maicow, por contribuir no caminho de construção desse longo processo. Aos membros da banca de qualificação, Claudio São Thiago Cavas, Emilio Nolasco de Carvalho e Pratícia Silva Dornelles e às mulheres que compuseram a banca de defesa e que me ajudam no caminho de conjugar as palavras com as intenções: Samira Lima da Costa, Dulce Santoro Mendes, Andrea Moreira Chagas, Catalina Revollo Pardo e Beatriz Akemi Takeiti. Obrigada. Ìyàmì Òșòròngá (Esculpida em madeira – Claudio Kafé) Acervo de Ìyálòdé Foto: Silvia Carvalho Às sacerdotisas do culto à Ìyàmì Òșòròngá. Mulheres que silenciosamente tecem as tramas de histórias sobre o poder feminino e que me ensinaram sobre o sagrado que me habita. Ọfó Ìyàmì Òşòròngá Mojúbà enyin Ìyàmì Òșòròngá O tonón ẹjẹ enun O tooken e ẹjẹ edo Mojúbà enyin Ìyàmì Òșòròngá O tonón ẹjẹ enun O tooken e ẹjẹ edo Ẹjẹ ó yè mí kále o Ó yíyè, yíyè,yíyé kòkò Ó yíyè, yíyè, yíyé kòkò Meus respeitos a vós, minha mãe feiticeira Vós que seguies os rastros do sangue interior Vós que seguies os rastros do coração e do sangue do fígado Meus respeitos a vós mãe feiticeira Vós que seguies os rastros do sangue interior Vós que seguies os rastros do coração e do sangue do fígado O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos E ele sobrevive, sobrevive, ó mãe muito velha O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos E ele sobrevive, sobrevive, ó mãe muito velha. Resumo CARVALHO , Silvia Barbosa de. O mundo e seus mundos: Poder feminino, memória e tradição ente mulheres da Sociedade Òșòròngá no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019. Tese (Doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. O presente trabalho tem por objetivo apresentar os percursos da memória da Sociedade Òșòròngá de culto à Deusa Ìyàmì Òșòròngá, em uma casa de santo no bairro de Pilares, no Rio de Janeiro. O culto é secreto, exclusivamente feminino e tem nas Ìyálòdé(s), suas sacerdotisas, os caminhos para a propagação do poder de Ìyàmì Òșòròngá, uma das muitas facetas da cosmovisão Yorùbá e da resistência feminina, presentes no Brasil desde os tempos do intenso tráfico negreiro. A pesquisa se desenvolveu em caráter colaborativo com as Ìyálòdé(s) e foi concebido na direção de colher histórias da comunidade de terreiro sobre a imagem e o que conheciam sobre as sacerdotisas e seus poderes. A partir dessas narrativas foram elencadas algumas perguntas que guiaram o encontro com as sacerdotisas. O estudo mostrou que a expressão do poder feminino para as Ìyálòdé(s) tem uma vertente absolutamente pessoal e outra coletiva, que congrega as histórias, memórias e a magia que envolve o culto à Ìyàmì. Estes encontros possibilitaram a produção de narrativas, norteadas pelos estudos pós-coloniais, os estudos de memória, estudos culturais, valendo-se da história oral de vida como meio para a produção dessas memórias. Denota-se que o movimento de resistência da Sociedade Òșòròngá, vale-se do segredo e do mistério para sobreviver ao longo processo de colonização e suas constantes investidas contra os saberes contra-hegemônicos. Tendo como referencial teórico os estudos pós-coloniais, bem como os conceitos de memória e tradição, pautados na premissa de que as vozes silenciosas constituem um projeto de resistência, sobrevivendo em constante condição de enfrentamento do pré-estabelecido, sua simples existência já é um movimento contra colonial. Palavras-chave: Poder Feminino, Memória, Tradição, Ìyàmì Òșòròngá, Psicossociologia. Abisi CARVALHO, Silvia Barbosa de. Aye ati awọn aye rẹ: Agbara obirin, iranti ati aṣa laarin awọn obirin ti Society Òșòròngá no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019. Ikọwe (Doctorate ni Egbẹ Oroinuokan ti Awọn Agbegbe ati Ẹkọ Awujọ) - Institute of Psychology, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. Iwadi yi ni ero lati mu awọn ọna ti iranti Òșòròngá Society of Goddess sin Ìyàmì Òșòròngá, ni a mimọ ile ni adugbo Origun, ni Rio de Janeiro. Awọn egbeokunkun ni ìkọkọ, gbogbo-obinrin ati ni o ni awọn Ìyálòdé, wọn priestesses, awọn ọna si itankale ti agbara Ìyàmì Òșòròngá, ọkan ninu awọn ọpọlọpọ awọn facets ti awọn Yorùbá worldview ati obirin resistance, bayi ni Brazil niwon awọn igba ti intense ẹrú isowo.