A Interbau 1957 Em Berlim: Diferentes Formas De Habitar Na Cidade Moderna
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A INTERBAU 1957 EM BERLIM: DIFERENTES FORMAS DE HABITAR NA CIDADE MODERNA DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA (PROPAR) DA FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ARQUITETURA. MARA OLIVEIRA ESKINAZI ORIENTAÇÃO: PROF. DRA. CLÁUDIA PIANTÁ COSTA CABRAL PORTO ALEGRE, AGOSTO DE 2008 3 4 AGRADECIMENTOS Um entusiasmado telefonema do professor José Albano Volkmer, em fevereiro do ano 2000, me convidando para auxiliá-lo na organização de um workshop a ser realizado naquele mesmo ano na Faculdade de Arquitetura da UFRGS em conjunto com estudantes da Universität Stuttgart – que resultou na ida, no ano seguinte, de um grupo de estudantes e professores de Arquitetura da UFRGS à Alemanha, ocasião em que estabeleci meu primeiro contato com o país – foi o pontapé inicial para o desenvolvimento pessoal e intelectual de um enorme interesse pela cultura, pela sociedade e pelo modo de vida alemães, mas, em especial, pela arquitetura produzida neste pais. Dedico esta dissertação ao professor Albano, como agradecimento e como forma de oferecer- lhe uma singela homenagem póstuma, por ter plantado, há mais de 8 anos atrás, a semente não só para este trabalho, mas também para incontáveis e imensuráveis oportunidades de experiências de vida. À Claudia Piantá Costa Cabral, por ter me acompanhado como orientadora, como amiga e como mãe neste processo. Ao José Artur D`Aló Frota, pela orientação na etapa inicial deste trabalho. Ao Carlos Eduardo Dias Comas, pela informal co-orientação, pelos assessoramentos, e pela parceria no artigo “Niemeyer em Berlim”. Ao Edson da Cunha Mahfuz, pela oportunidade de aprendizado neste início efetivo de vida acadêmica como professora substituta desta faculdade. À Marlene Zlonicky, pelas frias tardes de ensinamentos em seu apartamento no Hansaviertel, regadas a quentes chás alemães e a calorosas e aconchegantes conversas. À Gabi Dolf-Bonekämper, pela acolhida em Berlim, pela abrangente pesquisa realizada sobre o Hansaviertel e sobre a arquitetura moderna no pós-guerra em Berlim, pelas incontáveis dicas sobre a cidade, e pela oportunidade de estágio no Schinkel Zentrum da TU Berlim. Ao Alexander Jachnow, à Dagmar Renfranz e à Ulrike Laible, pelas oportunidades na TU Berlim. Ao Instituto Goethe Porto Alegre, na figura de seu diretor, Reihnardt Sauer, e ao DAAD, pelas oportunidades de apendizado e pesquisa na Alemanha. À Eike, pelo prazer em ensinar a complexa riqueza da língua alemã. À vó Lila, pelo afeto e pela torcida permanente em todos os meus projetos de vida. Ao Raphael, pela motivação e pelo carinho. E, finalmente, aos meus pais, Davit e Maria Celina, pelo exemplo, e por compartilharem da paixão pela arquitetura. 5 6 RESUMO A cidade de Berlim, atual capital da Alemanha, passou, desde o final da II Guerra Mundial, por um processo urbano singular, submetendo-se a planejamentos decorrentes do seu estado de destruição e posteriores divisão e reunificação. A cidade, que apresenta expressiva tradição de vanguarda arquitetônica, inaugurou em 1957 a Interbau (Internationale Bauausstellung), a primeira Exposição Internacional de Arquitetura ocorrida após a II Guerra Mundial. Inserida na Berlim Ocidental, que então desejava refletir uma nova sociedade, livre e democrática, a Interbau enquadra-se dentro do contexto estabelecido no pós-guerra de implementação de grandes projetos de destruição da antiga organização de ruas e praças. Para tanto, a exposição utilizou-se do lema “a cidade do amanhã” (die Stadt von Morgen) entre suas premissas básicas para reconstruir o Hansaviertel, bairro em grande parte destruído pelos bombardeios da II Guerra Mundial, e exemplificar o que de melhor a arquitetura e o urbanismo modernos ofereciam em termos de habitação social. De localização extremamente central na cidade, junto ao parque Tiergarten, o Hansaviertel possuia, antes da destruição, uma configuração oitocentista, sendo sua formação original bastante integrada ao tecido urbano tradicional então predominante na cidade. O arranjo urbanístico do novo Hansaviertel é definido através de um concurso realizado em 1953. No entanto, sua reconstrução já havia sido pensada, antes mesmo de sua ligação com a realização de uma exposição de arquitetura, como adversário moderno para a construção da Stalinallee – avenida de proporções monumentais, com eixos hierarquicamente organizados e uma arquitetura eclético-acadêmica, que é reflexo do sistema socialista então vigente na Berlim Oriental. Assim, a exposição trouxe para o parque Tiergarten um modelo de urbanismo que expressa também uma clara oposição política ao regime socialista. O projeto vencedor do concurso urbanístico, de autoria de Gerhard Jobst e Willy Kreuer, sofre diversas modificações que objetivaram, principalmente, introduzir uma maior variedade de tipologias residenciais. O projeto final priorizou a implantação dos edifícios dentro de uma ampla área verde, bem como a adoção de distintas tipologias dentro de uma mesma lógica de composição, como forma de exemplificar as alternativas que se apresentam para habitar em uma cidade moderna. Assim, a reconstrução moderna do Hansaviertel não objetivou resgatar o padrão urbano ou edílico do local, uma vez que foi implantada em uma área de densa urbanização, cujas ruas e quarteirões são bem definidos pelo alinhamento dos prédios. O presente estudo tem por objetivo, a partir da análise do projeto urbanístico para o Hansaviertel e dos projetos dos edifícios individualmente, retratar a viabilidade da coexistência, em um fragmento de cidade moderna, de distintas tipologias residenciais em vizinhança com uma série de equipamentos urbanos que, juntos, conferem ao bairro uma atraente diversidade tipológica e funcional. Assim, o Hansaviertel, ao exemplificar as diferentes alternativas que se apresentam para habitar em uma cidade moderna, se consolida como ideal de representação para a variedade, a heterogeneidade e a riqueza da vida urbana. 7 8 ABSTRACT The city of Berlin, the present capital of Germany, has undergone, since the end of Second World War, a unique urban process, submitting itself to plannings as a result of the needs due to the situation of destruction, and afterwards its division and reunification. The city, that presents an expressive tradition of architectural avant-garde, inaugurated in 1957 the Interbau (Internationale Bauausstellung), the first International Architecture Exhibition taking place after the Second World War. Inserted in West Berlin, that at the time wanted to reflect a new, free and democratic society, the Interbau sets itself within a post- war context characterized by the implementation of big projects that implied the destruction of the old streets and squares organization. The exhibition made use of the motto known as “the city of tomorrow” (die Stadt von Morgen) among its basic premises to rebuilt the Hansaviertel, a neighbourhood almost entirely destroyed by the war bombings, and to exemplify the best of modern architecture and urbanism offered in terms of social housing. Having an extremely central location within the city, near the Tiergarten, the Hansaviertel presented, before its destruction, an eighteenth century configuration, its original form being totally integrated in the traditional urban tissue predominant in the city. The urbanistic arrangement of the new Hansaviertel is defined through a contest that took place in 1953. Nevertheless, its reconstruction had already been thought, even before its connection with the promotion of an exhibition, as a modern counterpart to the construction of the Stalinallee – an avenue of monumental proportions, with hierarchically oriented axis and eclectic-academic architecture, reflection of the socialist system than rulling in East Berlin. So, the exhibition brought for the Tiergarten park an urbanistic model that also expresses a clear political opposition to the socialist regime. The urbanistic project winning the contest, designed by Gerhard Jobst and Willy Kreuer, has been modified through several interventions that aimed, mainly, to introduce a greater variety of residential typologies. The final project had as a priority setting the buildings amidst a large green area, as well as the adoption of different typologies within a unique logic of composition, as a way of exemplifying the possible alternatives of living in a modern city. This study aimed, based in an analysis of the Hansaviertel urbanistic project and of the individual building projects, to portray the viability of coexistence, in a fragment of the modern city, of distinct residencial typologies in a neighbourhood having several urban equipments that, together, assign the area an attractive typological and functional diversity. So, the Hansaviertel, exemplifying the diferents possibilities of living in a modern city, consolidates itself as an ideal representation for the variety, heterogeneity and richness of urban life. 9 10 SUMÁRIO • 1. INTRODUÇÃO.......................................................15 1.1. “DIE STADT VON MORGEN”...............................................16 1.2. A TRADIÇÃO ALEMÃ E BERLINENSE EM REALIZAR EXPOSIÇÕES DE ARQUITETURA...............................................26 1.3. A BERLIM DO PÓS-GUERRA...............................................40 • 2. A INTERBAU.........................................................45 2.1. O ANTIGO HANSAVIERTEL................................................46 2.2. A DESTRUIÇÃO PROVOCADA PELA GUERRA........................50