“Produzidas No Polo Industrial De Manaus”
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Universidade de Brasília Instituto de Psicologia Departamento de Psicologia Clínica Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura “PRODUZIDAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS” EXPERIÊNCIAS DE MULHERES TRABALHADORAS VÍVIAN SILVA LIMA Brasília Julho – 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. ii Universidade de Brasília Instituto de Psicologia Departamento de Psicologia Clínica Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura “PRODUZIDAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS” EXPERIÊNCIAS DE MULHERES TRABALHADORAS VÍVIAN SILVA LIMA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PsiCC), como requisito parcial à obtenção do grau de mestre. ORIENTADORA: PROFESSORA GLÁUCIA RIBEIRO STARLING DINIZ, PhD Brasília Julho – 2009 iii Universidade de Brasília Instituto de Psicologia Departamento de Psicologia Clínica Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura “PRODUZIDAS NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS” EXPERIÊNCIAS DE MULHERES TRABALHADORAS BANCA EXAMINADORA Presidente: Gláucia Ribeiro Starling Diniz, PhD Universidade de Brasília – UnB Membro Externo: Dra. Lia Zanotta Machado Universidade de Brasília – UnB Membro Interno: Dra. Júlia Sursis Nobre Ferro Bucher Universidade de Brasília – UnB Membro Suplente: Heloísa Lara Campos da Costa Universidade Federal do Amazonas – UFAM Brasília, 31 de Julho de 2009 iv “Vou-me embora, vou-me embora Vou buscar a sorte Caminhos que me levam Não têm sul, nem norte Mas o meu andar firme E meu anseio é forte”. Paulo Diniz v À minha mãe, Denise e Às minhas avós, Crisólita e Neide, As estrelas Alfa da minha vida. vi Agradecimentos Não, não foi fácil. Mas meu andar é firme e meu anseio é forte , porque nunca estive sozinha. Agradeço... A essa energia invisível que me move, que me ilumina e que sempre esteve comigo. Ao meu pai pelo amor, pelo cuidado e pelas lágrimas de saudade. Agradeço à minha mãe pelo amor incondicional, pela força extraordinária e por ter me dito “vai, quando pensar em desistir, continua”. À minha irmã pelo carinho e atenção. Ao meu irmão simplesmente por ser o amor da minha vida. Ao meu anjo Fabiano pelo apoio, pela paciência, pelo amor. Obrigada por ter ensolarado meus dias mais nublados. Em ordem alfabética para evitar brigas, às minhas tias: Alba, Ana, Edineia, Ligia, Norma, Virgínia. Obrigada pelo carinho, pela torcida e pelas inúmeras recomendações, “qualquer coisa, liga pra sua tia”. Aos/Às melhores amigos/as que alguém poderia ter – Rodrigo, Juliana, Lívia, Pollyanna, Fernanda e Aline. A vocês a minha gratidão pela amizade, pelo apoio e, principalmente, por segurarem a minha mão nos momentos mais felizes e mais difíceis da minha vida. Às minhas irmãs de caminhada Marjorie e Gabi. Obrigada pela companhia, pelo ombro, pelos sorrisos. Mas, principalmente, pela oportunidade de compartilhar sonhos, angústias e conhecê-las verdadeiramente. Aos/às colegas do grupo de pesquisa que me proporcionaram as melhores lembranças do Planalto Central. Em especial, a Lú, o Bill, a Marcela, a Loló e a Cris. vii À minha orientadora por ter acolhido algumas ideias e por ter rejeitado outras. Agradeço a confiança e o entusiasmo depositados na execução deste trabalho. Também agradeço os bordados à mão com canetas coloridas. Às doutoras Heloísa Lara Costa, Júlia Bucher e Lia Zanotta Machado por terem aceitado esse diálogo e pelas contribuições ditas e escritas. À Universidade de Brasília – UnB – pelo ensino de qualidade e por ter acolhido tão bem alguém de tão longe. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM – pela bolsa concedida, mas principalmente por incentivar a produção de conhecimento e por acreditar nos/as pesquisadores/as amazonenses. À Prefeitura Municipal de Manaus por compreender e apoiar a qualificação dos/as seus/suas servidores/as públicos/as. Às minhas estrelas. Devo às participantes desta pesquisa mais que um agradecimento. Devo a elas a concretização deste trabalho, devo a elas a oportunidade de conhecer uma constelação de experiências e sonhos em cada feixe de luz. viii RESUMO Trata-se de pesquisa qualitativa, cujo objetivo geral foi entender o significado de se mulher e suas implicações para a saúde mental em mulheres trabalhadoras do Polo Industrial de Manaus – PIM. Os objetivos específicos foram: 1. Entender a realidade social das mulheres participantes; 2. Entender o significado de ser mulher e a visão que as participantes têm do seu papel na e para a sociedade; 3. Investigar o processo de desenvolvimento da sexualidade, ao longo do ciclo vital, e o olhar dessas mulheres sobre o próprio corpo; 4. Compreender a visão que as participantes têm sobre relacionamentos e família; 5. Explorar, a partir do ponto de vista das mulheres, a visão que os homens têm delas; 6. Entender o significado de ser trabalhadora e de trabalhar no PIM; 7. Pesquisar as expectativas e o projeto de vida das mulheres participantes. Participaram da pesquisa 14 mulheres amazonenses, com idades entre 18 e 50 anos, funcionárias de 4 empresas do PIM, sendo 6 delas trabalhadoras da linha de produção, 6 do setor administrativo, e 2 ocupantes de cargos executivos. Foram utilizadas quatro estratégias de coleta de dados: grupo focal, entrevista individual semi-estruturada, questionário sócio-demográfico e o Questionário de Saúde Geral de Goldberg – QSG. O material coletado nos grupos focais e nas entrevistas foi submetido à análise de conteúdo temática. O QSG foi analisado conforme instruções do manual. O material foi agregado em categorias de acordo com os objetivos específicos. Os pontos cruciais revelados pelas participantes como geradores de dilemas foram: 1. Na família: educação rígida e grande exigência quanto às atividades domésticas, já na infância, que tornaram a vivência familiar sofrida; pouca participação dos companheiros na divisão das obrigações domésticas e no cuidado dos filhos; as múltiplas jornadas de trabalho; a falta de lazer. 2. No trabalho: as desvantagens salariais e as menores chances de ascensão profissional; a carga horária de trabalho excessiva que gera dilemas e culpas, pois obriga as funcionárias a passarem longos períodos longe da família. Essas situações podem tornar o ambiente de trabalho hostil e desmotivador, pois interferem na confiança, no desempenho, e na auto-estima das trabalhadoras; 3. Em relação ao corpo e à sexualidade: a exigência de boa aparência para a contratação, somada aos rígidos padrões estéticos presentes na cultura contemporânea podem implicar em distorções na autoimagem e despertar sentimentos de autodesvalorização; preconceitos atribuídos às mulheres, muitas vezes são revertidos em atos de violência – assédios sexual e moral. 4. Saúde mental: Foram identificados fatores de risco para a saúde mental e a presença de transtornos mentais comuns, do tipo não-psicótico, em diferentes níveis, para cada grupo de trabalhadoras. As trabalhadoras da linha de produção tiveram resultado no QSG que indica maior vulnerabilidade. Novos estudos utilizando o QSG em maior número de trabalhadoras da produção são indicados para que possamos conhecer melhor essa condição de vulnerabilidade. Esta pesquisa buscou dar visibilidade às condições femininas na Amazônia, em especial, àquelas referentes a um grupo de mulheres trabalhadoras do PIM. Os vários benefícios, dilemas e desafios apontados pelas participantes revelaram a complexidade do significado de ser mulher no PIM. Esperamos que esta pesquisa possa dar subsídios para futuros estudos sobre a saúde mental de mulheres no Amazonas. Palavras-Chave : Gênero; Condições femininas; Família; Trabalho; Saúde Mental; Polo Industrial de Manaus. ix ABSTRACT This was a qualitative research. The general objective of the study was to understand the meanings of being women and its implications for the mental health condition of female workers of the Manaus Free Trade Zone – MFTZ. The specific objetives were: 1. To understand the social reality of the participants; 2. To understand the workers’ visions on being women and on their roles in and for society; 3. To investigate the development of sexuality throughout the life cicle, and the participants’ perpectives regarding their bodies; 4. To understand the participants’ perspectives on relationships and family life; 5. To investigate, from the perspective of the female workers, the point of view of men about their roles; 6. To understand the meanings of being a worker in the MFTZ; 7. To search for the expectations and life projects of these women. The partipants were 14 women born in the State of Amazonas. Ages varied from 18 to 50 years old. They were all workers of the MFTZ – 6 worked in the assembley lines; 6 in the administrative sector and 2 held executive positions. Four data collection strategies were used: focal groups, semi-structured interviews, a socio-economic questionnaire and Goldberg’s General Health Questionnaire – GHQ. The data collected in the focal groups and interviews were submitted to a thematic content analysis. The GHQ was scored according with the manual. Several factors were identified by the participants as potential stressors: 1. In the family area: strict educational rules and strong demands to perform houselhold shores at an early age, made family life difficult; little to no partners’ participation in household shores and child care; multiple labor journeys; lack of leisure time. 2. In the work area: lower wages and less access to promotions when compared to male workers; long labor hours and the pressure to work double shifts which generate dilemmas and guilt as they keep them away from the family and loved ones; 3. In relation to perceptions of the body and sexuality: personnal appearance is seen as an important factor to be hired – such demand together with rigid aesthetic patterns present in contemporary society add stress for women workers and may provoke distortions in their self-image and generate feelings of self-devaluation; many prejudices surround women that work at the MFTZ and reverberate in the form of sexual and moral harassment; 4. In the mental health area: several risk factors were identified and GHQ scores showed the presence of mental health problems of a non-psychotic nature for all participants.