RODOLFO RORATO LONDERO a RECEPÇÃO DO GÊNERO CYBERPUNK NA LITERATURA BRASILEIRA: O Caso Santa Clara Poltergeist Três Lagoas M
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RODOLFO RORATO LONDERO A RECEPÇÃO DO GÊNERO CYBERPUNK NA LITERATURA BRASILEIRA: o caso Santa Clara Poltergeist Três Lagoas Mestrado em Letras – UFMS/CPTL 2007 RODOLFO RORATO LONDERO A RECEPÇÃO DO GÊNERO CYBERPUNK NA LITERATURA BRASILEIRA: o caso Santa Clara Poltergeist Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação da UFMS/CPTL, Mestrado em Letras, na área de Estudos Literários, como requisito para obtenção do título de Mestre em Letras, sob orientação do Prof. Dr. Edgar Cézar Nolasco. Três Lagoas Mestrado em Letras – UFMS/CPTL 2007 L847r Londero, Rodolfo Rorato. A recepção do gênero cyberpunk na literatura brasileira: o caso Santa Clara Poltergeist/Rodolfo Rorato Londero. Três Lagoas,MS: [s.n.], 2007. 178f. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus de Três Lagoas, 2007. Orientador: Profº. Drº. Edgar Cézar Nolasco. 1. Literatura comparada. 2. Ficção científica. 3. Pós-modernismo. I. Nolasco, Edgar Cézar. II. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Câmpus de Três Lagoas. III. Título. CAMPUS DE TRÊS LAGOAS SECRETARIA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM LETRAS Dissertação intitulada A recepção do gênero cyberpunk na literatura brasileira: o caso Santa Clara Poltergeist, de autoria do mestrando Rodolfo Rorato Londero, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: __________________________________________________________ Prof. Dr. Edgar Cézar Nolasco (UFMS/CCHS) – Presidente __________________________________________________________ Profª. Drª. Adriana da Rosa Amaral (UTP) – Titular __________________________________________________________ Profª. Drª. Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS/CCHS) – Titular Três Lagoas, 26 de outubro de 2007 Para Michelle AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Raul e Leda, pelo imenso amor e apoio; Ao professor Edgar Cézar Nolasco, orientador que virou amigo; Aos professores Paulo Sérgio Nolasco dos Santos e Rosana Cristina Zanelatto Santos, pelas lições e dicas prestadas na qualificação; À professora Adriana da Rosa Amaral, parceira on-line desde os tempos da minha graduação; Aos escritores Fausto Fawcett, Guilherme Kujawski e Fábio Fernandes, pela disposição ao responder minhas perguntas; Ao escritor Roberto de Sousa Causo, pelas reflexões sobre o estranho mundo da ficção científica brasileira; A R. C. Nascimento, pela visita ao seu acervo particular de ficção científica, o maior do Brasil; Ao Programa de Pós-Graduação, pelo custeio da viagem de pesquisa para São Paulo. RESUMO Surgido na década de 1980, no contexto social e tecnológico norte-americano, o cyberpunk é um gênero da ficção científica que representa um futuro próximo distópico, onde corporações multinacionais governam um mundo povoado por cyborgs, tecno-marginais e drogas. Sendo assim, considerando que o gênero cyberpunk representa, fundamentalmente, a realidade norte- americana e que a noção de “influência” sempre deve ser relacionada com a situação do país receptor, a recepção do gênero cyberpunk na literatura brasileira apresenta-se como problema pertinente para uma análise aprofundada, principalmente no que tange às distinções entre a produção norte-americana e a brasileira. Entre as obras representantes do gênero cyberpunk na literatura brasileira, a escolha de Santa Clara Poltergeist (1991), de Fausto Fawcett, como estudo de caso deve-se, principalmente, à quantia de autores que a abordam em artigos e livros – Ginway (2005), Causo (1996), Lemos (1993), Tavares (1992), entre outros –, possibilitando um diálogo enriquecedor para a pesquisa. A atualidade e a importância do tema também se verifica nas discussões sobre o pós-modernismo, onde alguns autores apresentam o cyberpunk como um gênero tipicamente pós-moderno (Amaral, 2003) e outros como a suprema expressão literária do capitalismo tardio (Jameson, 2006). PALAVRAS-CHAVES Literatura comparada – Ficção científica – Pós-modernismo ABSTRACT Appeared in 1980’s, in North-American social and technologic context, the cyberpunk is a genre of the science fiction as represents a near and anti-utopian future, where multinationals corporations rule a world populated by cyborgs, tecno-vandals and drugs. If the cyberpunk genre represents, fundamentally, the North-American reality and the notion of “influence” ever have to be related with the situation of receptor country, the reception of the cyberpunk genre in Brazilian literature shows a pertinent problem for a deepened analysis, principally the distinctions between North-American and Brazilian production. Among the representatives works of the cyberpunk genre in Brazilian literature, we choose Santa Clara Poltergeist (1991), by Fausto Fawcett, as study of case because many authors broach that work in articles and books – Ginway (2005), Causo (1996), Lemos (1993), Tavares (1992), and others –, making a rich dialogue for this research. The actuality and the importance of the theme is verified in the discussions about the post-modernism, where some authors show the cyberpunk as typically post-modern genre (Amaral, 2003) and others as the supreme literary expression of late capitalism (Jameson, 2006). KEY-WORDS Comparative literature – Science fiction – Post-modernism SUMÁRIO INTRODUÇÃO – VISÕES DE UM FUTURO CYBERPUNK……………….. 9 1 CAPÍTULO I – FICÇÃO CIENTÍFICA E MARXISMO……………………. 14 1.1 Teoria cultural marxista........................................................................................... 17 1.1.1 Teoria marxista do romance..................................................................................... 24 1.1.2 Cultura de massa...................................................................................................... 31 1.2 Literatura comparada em viés marxista................................................................... 38 2 CAPÍTULO II – HIPOMODERNIDADE E CYBERPUNK BRASILEIRO.... 48 2.1 Definições para uma ficção científica brasileira...................................................... 52 2.2 Da recepção crítica à recepção criativa.................................................................... 77 2.2.1 Aspectos gerais da recepção.................................................................................... 78 2.2.2 As recepções da ficção cyberpunk........................................................................... 88 2.3 Leituras da ficção cyberpunk brasileira................................................................... 107 3 CAPÍTULO III – MÚSICAS, SANTAS E CYBORGS....................................... 122 3.1 Poesia cyberpunk brasileira?.................................................................................... 125 3.1.1 A perda da imagem do mundo................................................................................. 126 3.1.2 A técnica como vocabulário universal..................................................................... 131 3.1.3 A crise dos significados........................................................................................... 135 3.2 Uma análise de Santa Clara Poltergeist.................................................................. 139 3.3 Cyborgs norte-americanos e cyborgs brasileiros..................................................... 150 CONCLUSÃO – CONSTATAÇÕES DE UM MUNDO CYBERPUNK........... 160 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 166 INTRODUÇÃO VISÕES DE UM FUTURO CYBERPUNK Futuro, a fronteira final. Guilherme Kujawski, Piritas siderais. Esta dissertação poderia ter outro nome: “Uma leitura brasileira do capítulo lamentado por Fredric Jameson”. Certamente, um título pomposo, mas adequado para expressar o conteúdo. Nos justificamos: na primeira nota de Pós-modernismo (1991), Jameson afirma que “aqui é o lugar para lamentar a ausência neste livro de um capítulo sobre o cyberpunk, de agora em diante, para muitos de nós, a expressão literária suprema, se não do pós- modernismo, então do próprio capitalismo tardio”1. Se “capitalismo multinacional”, “sociedade do espetáculo ou da imagem” e “pós-modernismo” são sinônimos da expressão “capitalismo tardio”, como quer Jameson2, então o cyberpunk realmente é a representação máxima do último estágio do capitalismo. Surgido na década de 1980 e no contexto social e tecnológico norte-americano, o cyberpunk é um gênero da ficção científica que representa um futuro próximo distópico, onde corporações multinacionais (capitalismo multinacional) governam um mundo povoado por cyborgs e simulações (sociedade do espetáculo ou da imagem) e por utopias da modernidade fracassadas (pós-modernismo ou pós-utópico). A obra 1 JAMESON. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio, p. 414. (grifo do autor) 2 JAMESON. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio, p. 21. referencial do gênero é Neuromancer (1984), de William Gibson. Citando Featherstone e Burrows, Amaral afirma que o gênero “[...] está diretamente ligado às teorias pós-modernas, pois tanto o cyberpunk é uma fonte para essas teorias, sendo estudado por diversos autores, quanto, na contramão, as teorias fundamentam cultural e socialmente esse tipo de ficção”3. Obras literárias como Silicone XXI (1985), de Alfredo Sirkis, Piritas siderais (1994), de Guilherme Kujawski, e principalmente Santa Clara Poltergeist (1991), de Fausto Fawcett, apresentam uma releitura brasileira do imaginário cyberpunk. Na verdade, o cyberpunk é um gênero “[...] no qual podemos distinguir divergências claras nas obras brasileiras em relação aos textos anglófonos”4. São justamente as divergências