Enciclopédia, Estado E Escola Os Sentidos De Música

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Enciclopédia, Estado E Escola Os Sentidos De Música Laboratorio de Estudos Urbanos Nudecri – Unicamp Reitor Coordenação do Labeurb Jose Tadeu Jorge Eduardo Guimarães Vice-Reitor Editor Responsável Alvaro Penteado Crósta Eduardo Guimarães Coordenação da COCEN Revisão Jurandir Zullo Junior Jorge Abrão Coordenação do NUDECRI Produção Gráfica e Capa Claudia Castellanos Pfeiffer Jorge Abrão e Fábio Bastos Eduardo Guimarães (Org.) Cidade, Linguagem e Tecnologia 20 Anos de História Campinas LABEURB/UNICAMP 2013 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Eduardo Guimarães LINGUAGEM, CIDADE E TECNOLOGIA A palavra dança e o mundo roda: Polícia! ............................................................................ 13 Eni Orlandi O nome da voz processos de subjetivação no filme Tropa de Elite ........................................ 31 Pedro Souza Sujeito digital: sentidos de um novo paradigma .................................................................... 51 Cristiane Dias Un cas d'onomastique pragmatique les pratiques urbaines de la nomination ........................ 65 Bernard Bosredon Estacionar os sentidos em trânsito no espaço urbano ........................................................... 79 Marcos Barbai Percursos em um saber urbano e linguagem ......................................................................... 93 Claudia C. Pfeiffer DEADLINE. A Função-autor e os Efeitos do Discurso de Produtividade na Ciência ....... 109 Mónica G. Zoppi Fontana Enciclopédia, Estado e Escola os Sentidos de Música ........................................................ 137 José Horta Nunes Entre laços ........................................................................................................................... 159 Suzy Lagazzi UMA HISTÓRIA PARTICULAR História de uma Área de Conhecimento Saber Urbano e Linguagem ................................ 169 Eduardo Guimarães POESIA Lembrete .............................................................................................................................. 187 Carlos Vogt Realismo .............................................................................................................................. 189 Carlos Vogt ITINERÁRIO HISTÓRICO-FOTOGRÁFICO Apresentação Esta obra está articulada por dois eixos fundamentais. De um lado, é uma obra que reúne trabalhos vinculados à área de pesquisa “Saber Urbano e Linguagem”, que organiza as atividades de pesquisa do Laboratório de Estudos Urbanos, do Nudecri da Unicamp. Estes textos são de pesquisadores que têm relação com a história do Labeurb (tanto pesquisadores do próprio Labeurb, quanto de outras instituições que mantêm relações de trabalho com o Laboratório). Por outro lado é uma obra que se faz como parte do registro dos 20 anos de atividades do Laboratório (completados em 2012, momento em que se projetou a organização desta obra que ora se publica). E nesta medida é uma obra que reúne também poesia e um registro fotográfico de sua história. Deste modo ela cruza trabalhos que fazem operar de vários modos a multidisciplinaridade. De um lado cruza trabalhos de disciplinas científicas do domínio das ciências humanas e sociais e de outro cruza estes trabalhos com o domínio da arte, tanto porque se ocupa de análises sobre produções artísticas nos artigos de sua primeira parte, quando pela publicação de dois poemas e de um itinerário fotográfico-histórico. Os textos da primeira parte do livro trazem análises de vídeos (“A palavra dança e o mundo roda: Polícia!” de Eni Orlandi); de música (“O nome da voz. Processos de subjetivação no filme Tropa de Elite” de Pedro Souza); da questão da linguagem e da tecnologia, aí incluindo o digital (“Sujeito digital: sentidos de um novo paradigma” de Cristiane Dias e “Enciclopédia, Estado e Escola os Sentidos de Música” de José Horta Nunes). Traz ainda uma análise sobre a nomeação dos espaços da cidade (“Un cas d'onomastique pragmatique les pratiques urbaines de la nomination” de Bernard Bosredon); das relações de controle do espaço urbano (“Estacionar os sentidos em trânsito no espaço urbano” de Marcos Barbai); das relações do domínio do saber com a cidade, a linguagem e a ciência e suas políticas (“Percursos em um saber urbano e linguagem” de Claudia C. Pfeiffer e “DEADLINE. A Função-autor e os Efeitos do Discurso de Produtividade na Ciência” de Mónica G. Zoppi Fontana). Esta parte traz, ao final, um artigo de Suzy Lagazzi (“Entre laços”), que apresenta um percurso particular na história deste domínio de saber sobre a linguagem e a cidade. A segunda parte traz um artigo (“História de uma Área de Conhecimento Saber Urbano e Linguagem” de Eduardo Guimarães) sobre a história da constituição da área de conhecimento “Saber Urbano e Linguagem”, que se desenvolve a partir da criação do Labeurb em 2002. A terceira parte faz entrar no trabalho de sentidos do livro uma seção de poesia com dois poemas de Carlos Vogt, que não só é, no livro, um contraponto, até no sentido musical do termo, mas é também a sustentação da relação dos trabalho do Labeurb e do Nudecri com o mundo da arte. A quarta parte é uma história fotográfica das atividades do Laboratório. Um história “sem palavras”, como história de um laboratório de pesquisa que se pauta pela reflexão sobre a linguagem e a cidade, nos seus diversos modos de articulação, mesmo que contraditórios. A relação dos dois eixos que organizam o livro dá a esta obra tanto um valor de apresentação de resultados de pesquisa, como coloca estes resultados como próprios de uma história e de suas relações com o domínio das artes, que sempre foi, desde seu primeiro número, uma das seções permanentes da Revista Rua do Laboratório de Estudos Urbanos. Esperamos que estes cruzamentos, que são mais ricos do que esta apresentação deixa entrever, possam propiciar novas discussões, novas relações de trabalho. Novembro 2013 Eduardo Guimarães LINGUAGEM, CIDADE E TECNOLOGIA A palavra dança e o mundo roda: Polícia!! Eni Puccinelli Orlandi Unicamp/Univás Aí molecada criada a leite com pera que está acostumada a ouvir o pseudo-funk nojento, o escroto axé ou o diabo que o parta só para ver gostosa rebolando, música com mulher gostosa só existe uma banda e ela se chama "Fausto Fawcett e o Básico Instinto", que o fez magistralmente. E tenho dito! (Wikipédia) Na ante-sala Este texto nasceu de minha necessidade de mostrar uma forma de música que traz em si a alusão ao digital, ao corpo de mulheres no tablado incitando à dança e à sensualidade, ao ritmo, e fazendo significar a sociedade, mundializada, técnica, violenta, punk. Uma tomada em cena de um recorte da cidade em todos seus componentes juntos e misturados. Mais tarde este discurso tem seu desenvolvimento nos bailes funks, nas festas raves, nos programas de televisão. Em Fausto Fawcett, nos anos 80 do século XX, isto era uma tomada de posição. E a instalação em certas condições de produção1. É sobre isso que vamos falar. Para fazê-lo, analisaremos Kátia Flávia, música que alude a uma lenda, neste caso, urbana, que se constrói com um discurso cyberpunk. Mas, para que a visibilidade do que viso mostrar com esta análise seja aguçada, proponho colocar em relação um vídeo do Bonde das Maravilha, com seus corpos, cenário, som, música e letra e o de Regininha Poltergeist, de Fausto Fawcett, no Programa Livre de Groissman, em 1993. Corpos, música, tecnologia de imagens e sons diferentes: duas formações discursivas, podemos dizer, em que a figura da mulata e a da loura podem resumir esta diferença. 1 Fausto Fawcett e as loiras do Básico Instinto são conhecidos como precursores das músicas, com mulheres pouco vestidas e provocantes apresentando-se nos palcos. Isso se deu nos anos de 1980 e começo de 1990. A diferença de Fawcett com o que veio depois está, segundo muitos, na qualidade das letras das músicas, acima da média das músicas com “mulheres gostosas rebolando”. Fausto Fawcett popularizou símbolos sexuais como Marinara, Regininha Poltergeist e Kátia Flávia; quase sempre se apresentando com pouca roupa, estas loiras fazem parte do imaginário sexual dos jovens destes anos e, como veremos, prenuncia o que virá depois em abundância, com músicas encenadas no palco por mulheres. 13 Palavra-discurso Introduzo uma nova noção: a de palavra-discurso. Acumulação simbólica de diferentes materiais significantes. E que me traz à mente a expressão “mot-chose”. Comecemos por aí esta nossa reflexão. Temos, na tradição linguístico-literária, a distinção entre metalinguagem e a linguagem objeto sobre a qual aquela incide. Distinta da noção de metalinguagem e da de linguagem objeto, podemos observar, em Sartre, um deslocamento que nos leva à de palavra-coisa (mot-chose). Diz ele, falando de um texto de romance: Quando leio “esta bela pessoa”, sem dúvida, e antes de tudo, estas palavras significam uma certa jovem, heroína de romance. Mas elas representam em certa medida a beleza da jovem; desempenham o papel desta “alguma coisa” que é uma bela jovem (...). Não se trata pois mais exatamente aqui de um saber imageante2 vazio; a palavra desempenha frequentemente o papel de representante sem deixar o do signo e nós temos a ver, na leitura, com uma consciência híbrida, meio- significante, meio-imageante. (SARTRE, 1948 p.91). Estas considerações, que dizem respeito a discussões que Sartre faz face a escritura do domínio literário (romance: L´être et le Néant, Le Mur, La Nausée) reconciliam uma divisão antes por ele discutida entre palavra signo e palavra coisa, esta voltada à poesia e aquela à prosa. Questão que chamaríamos de referencial. Com efeito, referindo Rimbaud e seus versos “O saisons! Ô châteaux!/Quelle ame
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