Daniel Ayres Arnoni Rezende Gaspar Da Cruz E
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HUMANIDADES, DIREITOS E OUTRAS LEGITIMIDADES DANIEL AYRES ARNONI REZENDE GASPAR DA CRUZ E O TRATADO DAS COISAS DA CHINA: MUNDIALIZAÇÃO E CONTATOS LUSO-CHINESES NO SÉCULO XVI (VERSÃO CORRIGIDA) São Paulo 2018 DANIEL AYRES ARNONI REZENDE GASPAR DA CRUZ E O TRATADO DAS COISAS DA CHINA: MUNDIALIZAÇÃO E CONTATOS LUSO-CHINESES NO SÉCULO XVI (VERSÃO CORRIGIDA) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientadora: Profa. Dra. Sandra Regina Chaves Nunes De acordo: ______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Chaves Nunes Data___/___/___ São Paulo 2018 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Rezende, Daniel Ayres Arnoni R467 g Gaspar da Cruz e o Tratado das Coisas da China: Mundialização e contatos luso-chineses no século XVI / Daniel Ayres Arnoni Rezende ; orientadora Sandra Regina Chaves Nunes. - São Paulo, 2018. 106 f. Dissertação (Mestrado)- Programa de Pós-Graduação Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades da Universidade de São Paulo. Área de concentração: Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades. 1. Historia de Portugal. 2. Expansão Marítima . 3. Literatura de Viagem. 4. Gaspar da Cruz. I. Nunes, Sandra Regina Chaves, orient. II. Título. REZENDE, Daniel Ayres Arnoni. Gaspar da Cruz e o Tratado das Coisas da China: Mundialização e contatos luso-chineses no século XVI. Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. Aprovado em: Banca Examinadora: Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________ Julgamento____________________________ Assinatura__________________________ Dedico este trabalho aos meus pais, Carlos e Roseli, com admiração e gratidão por seu apoio, e à minha avó Maria Cândida Rezende (in memorian), que me ensinou muitas estórias d’além-mar. AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Carlos e Roseli, por todo apoio e estruturas materiais necessárias para a minha permanência na Universidade. Aos queridos companheiros Luiz Carlos Seixas e Júlio César Conejo, por todas as conversas e ajudas ao longo desses três anos. À querida amiga Victoria Sayuri, pela amizade, apoio e trocas constantes de alegrias e lutas. À minha orientadora, Dra. Sandra Regina Chaves Nunes, que acreditou neste projeto. À Eliane e à Casa de Portugal, que me possibilitaram o acesso ao acervo bibliográfico sobre a as relações sino-portuguesas. À Profa. Dra. Zeila de Brito Fabri Demartini, pela experiência na produção de pesquisas no Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU-USP). A CAPES, pela pontualidade do repasse da bolsa mensal, que foi mantenedora das necessidades do pesquisador. RESUMO A presente dissertação tem como objetivo a análise do Tratado das Coisas da China (1570) de Frei Gaspar da Cruz, visando compreender a inserção desta literatura de viagem no processo de mundialização do século XVI, levado a cabo pelas naus da expansão ibérica, sobretudo portuguesa. A partir desta obra, pretende-se espelhar o processo de relações estabelecido entre portugueses e chineses, tomando a narrativa como registro histórico que constrói a imagem da China no século XVI. Palavras-chaves: Portugal. China. Mundialização Ibérica. Narrativas de viagem. Expansão marítima. ABSTRACT This study encompasses the analysis of the book Tratado das Coisas da China by Friar Gaspar da Cruz, as an attempt to understand the addition of travel literature in the 16th century's mundialization process, which was undertaken by the Iberian maritime exploration led by Portugal during the Age of Discovery. Taking Gaspar da Cruz's work as basis, the study aims to mirror the Portuguese-Chinese relations established at the time, understanding travel narrative as a historical record that substantiates such relations, providing for an intercultural process with interlaced views. Key-words: Portugal. Chine. Iberian mundialization. Age of discovery. Travel narrative. Maritime exploration. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................................11 CAPÍTULO 1: A IMAGEM DA CHINA NA EUROPA (XIV – XVI).........................................17 1.1 A China no século XVI............................................................................................................19 1.2 Tomé Pires e o primeiro contato sino-português......................................................................21 1.3 A segunda tentativa portuguesa................................................................................................27 1.4 Macau: o entreposto português e a rota comercial China-Japão..............................................29 CAPÍTULO 2: A IDEIA DE MUNDIALIZAÇÃO NO SÉCULO XVI........................................34 2.1 Lisboa no século XVI: centro mundial.....................................................................................46 2.2 Os desdobramentos da mundialização ibérica e as histórias conectadas..................................51 2.3 E quanto à nossa globalização (XX-XXI)?..............................................................................56 CAPÍTULO 3: FREI GASPAR DA CRUZ E O TRATADO DAS COISAS DA CHINA...........63 3.1 O panorama asiático e o estabelecimento de Frei Gaspar........................................................66 3.2 O Tratado: fascínios e estranhamentos.....................................................................................69 3.3 A questão religiosa e a (im)possibilidade de cristianização.....................................................84 3.4 O Tratado e a mundialização....................................................................................................92 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................102 “Se sabe mais em um dia agora pelos Portugueses, do que se sabia em cem anos Pelos Romanos.” Garcia da Orta, Colóquios dos simples, 1563. 11 INTRODUÇÃO A necessidade de transmitir toda a experiência adquirida no processo da expansão marítima europeia conduziu à elaboração de diferentes escritos, seguindo objetivos diversos, mas, na generalidade, buscando o conhecimento de um espaço que, cotidianamente, vai marcando a vida europeia ao longo do XVI. As cartas dos viajantes europeus nos informam sobre a vertente europeia do empreendimento marítimo, captando aquilo que interessa ou conforta à visão europeia. Ao começar a construção desta pesquisa, ainda como projeto, me deparei com uma infinidade de informações espalhadas. O tema inicial era trabalhar com o “olhar sobre o outro” que as narrativas de viagem portuguesas produziram diante do Oriente no século XVI. Haja fôlego. Como o material de análise é vasto, delimitei o tema: seria o contato luso-chinês no século XVI. Nas pesquisas sobre esta relação, um nome sempre pairou nas minhas indagações: Frei Gaspar da Cruz. Em toda a vida escolar, e mesmo na graduação, nunca tinha ouvido falar no primeiro europeu a escrever sobre a China de forma pragmática. Afinal, pouco se falava desta relação Europa-China nos bancos da faculdade. Tal inquietação levou-me para o estudo deste quinhentista e sua obra única, o Tratado das Coisas da China, publicado em 1570. Havia uma série de descobertas a serem feitas: por que um dominicano escrevendo em território cuja influência missionária era jesuíta? Quais os objetivos da viagem? Por que não havia referências, principalmente no âmbito das relações internacionais, sobre esta figura pioneira? O que este texto desdobrou ao chegar à Europa? Essas questões, assim como outras tantas, de alguma forma tentou-se responder nesta dissertação, ou ainda, as dúvidas foram recortadas ou formuladas, de maneira mais pungente, para uma pesquisa posterior e mais detalhada. Outra questão foi crucial: a ocupação portuguesa na China tinha aspecto inédito em relação ao que foi feito na América, nas costas africanas e na própria Índia. Talvez, a China fosse o único território em que os “conquistadores” lusitanos concluíram ser tão “civilizado quanto o ocidente”. A pena de Gaspar da Cruz só fortalece esse sentimento nas descrições maravilhadas do Celeste Império. No entanto, eu não deveria parar por aí, pois já estava dado que a colonização, ou mesmo o contato dos lusitanos com o mundo afora possuía muitas formas. Esta relação entre 12 as formas também não estava isolada,