105 Os Bairros Do Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico
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105 Os bairros do Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico, São Conrado e Vidigal na R.A. da Lagoa apresentam números satisfatórios, tanto em relação ao abastecimento de água via rede geral (figura 47), rede de esgoto (figura 32) e serviço de coleta de lixo (figura 41), excetuando-se alguns setores relacionados à áreas de favela. Mesmo nestes setores, o serviço de coleta de lixo vem sendo executado em percentuais altos, em atendimento aos instrumentos legais que versam sobre a universalização do serviço. Contudo, na R.A da Rocinha e em outros pontos da R.A da Lagoa, ainda existem domicílios que não são atendidos pelo serviço. Atenção especial, neste sentido, deve ser dada a um setor censitário na Rocinha com menos de 50% dos domicílios servidos de coleta de lixo, por exemplo (figura 40). Não se deve perder de vista que, sobretudo nos setores localizados em áreas de encosta, o déficit em coleta de lixo e o acúmulo deste corrobora à potencialização do risco de acidentes, tais como os deslizamentos comuns na região, quase sempre com vítimas (SOBREIRA, 1989; GEO-RIO, 2000). Além disso, em época de chuvas o lixo não coletado é carreado para a drenagem deteriorando ainda mais a qualidade da água do mar e areia nas praias locais e aumentando o risco de disseminação de doenças. (FEEMA, 2007). Há ainda de se considerar a contaminação do lençol freático pela percolação de material tóxico proveniente da decomposição do lixo e do despejo de esgoto in natura direto no solo. Dessa forma, em setores da Rocinha e Vidigal e em outros setores localizados na R.A da Lagoa com percentual alto de domicílios não servidos por abastecimento de água tratada via rede geral, a ineficiência no que tange os serviços de esgotamento sanitário e coleta de lixo pode ainda trazer sérios prejuízos a saúde da população residente pelo consumo de água subterrânea, se esta encontrar-se contaminada. Ainda com relação a saúde, recentemente foi veiculado um estudo que aponta a Rocinha como tendo a maior incidência de casos de tuberculose no País. Mesmo não sendo uma doença de veiculação hídrica, o bacilo de koch, bactéria causadora da doença, encontra ambiente favorável em áreas com déficit em saneamento, úmido, com pouca circulação causada por exemplo pela densidade de domicílios, altíssima na R.A. da Rocinha e em outros setores considerados áreas de favela na R.A da Lagoa (figuras 46 e 48). 106 XXVII - R.A Rocinha: Rendimento mensal médio dos responsáveis por domicílios particulares permanentes Referência: Município de Rio de Janeiro Legenda: Lagoa N Rocinha Reais ($) 0 - 400 401 - 800 0.7 0 0.7 Kilometers PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ELIPSÓIDE SAD 69 Meridiano Central 45 W. GR. ESCALA 1: 20.000 Figura 42 - R.A. Rocinha: rendimento mensal médio dos responsáveis por dpp. 106 107 VI - R.A Lagoa: Rendimento mensal médio dos responsáveis por domicílios particulares permanentes Referência: Município de Rio de Janeiro Legenda: Rocinha Lagoa Reais ($) 0 - 400 N 401 - 800 801 - 1200 1201 - 1600 1601 - 2000 2001 - 2400 2401 - 5000 5001 - 11384.1 3 0 3 Kilometers PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ELIPSÓIDE SAD 69 Meridiano Central 45 W. GR. ESCALA 1: 50.000 Figura 43 - R.A. Lagoa: rendimento mensal médio dos responsáveis por dpp. 107 108 Quanto aos dados sócio econômicos, podemos observar que a média de anos de estudo dos responsáveis por domicílios por setores censitários (figura 44 e 45) coincide com os dados referentes ao nível de renda (figuras 42 e 43). Ou seja, para aqueles setores cuja renda apresenta-se em níveis baixos, a média de anos de estudos também é baixa. Se integrarmos ainda esses dados àqueles referentes a infra estrutura de esgoto, água e coleta de lixo, percebemos o quanto a ação do Estado em determinado espaço geográfico é proporcional à influência, dos grupos economicamente dominantes. Áreas como a R.A. da Rocinha e da comunidade do Vidigal, no bairro de mesmo nome, além de outros setores considerados de agrupamentos precários, componentes da RA Lagoa, apresentam em comum baixos percentuais de domicílios ligados a rede de esgoto ou fossa séptica, assim como baixos níveis de renda e escolaridade. Sobretudo se comparados aos bairros vizinhos de São Conrado, Leblon, Ipanema. Estes últimos com média de renda elevada dos responsáveis por domicílios (figura 43) e acesso satisfatório a infra estrutura de saneamento. Percebe-se que mesmo com as diretrizes para o planejamento e gestão territoriais lançadas em documentos como o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro de 1992 e mesmo o atual em fase de revisão pela câmara dos vereadores da cidade, ainda existe uma distância grande entre o discurso e a ação efetiva. Em termos práticos, a resolução dos problemas concernentes a degradação ambiental não pode estar de maneira alguma dissociada de ações voltadas à inserção social, pois não seriam mais do que medidas paliativas sem grande alcance e efeito a médio e longo prazo. Obras de pequeno porte em infra estrutura, pontuais, acabam por mascarar temporariamente problemas maiores, como aqueles relacionados às desigualdades sociais, que levam o indivíduo a buscar alternativas como o estabelecimento de moradias em encostas, nas Regiões Administrativas da Lagoa e Rocinha. Dessa forma, o alcance de intervenções propostas, como aquelas relacionadas ao Plano Diretor da Rocinha, deve ser medido pela sua capacidade de promover mudanças não apenas no que tange as melhorias infraestruturais locais (mesmo reconhecendo que estas são fundamentais à qualidade de vida da população residente), mas, mais ainda, pelo seu alcance em termos de melhorias sócio ambientais para todo o seu entorno. Pois, como já fora discutido anteriormente, são notórios os reflexos de problemas sócio-ambientais na área de estudo, dada a distância geográfica e fragilidade dos ecossistemas envolvidos, e as relações sócio-econômicas intrínsecas, engendradas pelos atores de realidades tão distintas. 109 Portanto, completar a infra-estrutura de saneamento, conforme apresentado no referido plano torna-se preponderante a fim de equacionar, em caráter emergencial, os problemas derivados da descarga de esgoto direto nas encostas, rios e praias da região, que além da deterioração do meio ambiente, com freqüência determinam problemas de saúde à população local. Mas também, à outras questões referentes as condições sócio econômicas da população residente, não apenas na Rocinha, mas também nas demais áreas carentes nas R.As estudadas, não deve-se relegar um segundo plano. Em se tratando o estabelecimento de moradias nestas áreas, expostas a toda sorte de eventos catastróficos tais como os deslizamentos e escorregamentos nas encostas, uma condição e reflexo de um modelo sócio econômico desigual, há de se promover estratégias que garantam, não apenas a repressão na forma de remoções e/ou impedimento de fixação de novas moradias nestas áreas, mas também, uma maior inserção das populações envolvidass em políticas públicas, tais como aquelas voltadas à educação. E não apenas isso, mas também, outras questões, em ambito nacional, obviamente não abarcadas no PD Rocinha e que devem ser consideradas, à melhoria da qualidade de vida da população como um todo. Principalmente ações do Estado à redistribuição da renda, como forma de aplacar as desigualdades pujantes na sociedade brasileira. Percebe-se, ainda quanto ao PD da Rocinha que este guarda estreita relação com o PD da Cidade do Rio de Janeiro, sobretudo no tocante às melhorias na infraestrutura urbana básica. Contudo, a simultaneidade com ações voltadas à inserção sócio econômica da população da Rocinha, além do avanço destes projetos para outras áreas da cidade e em especial da própria R.A. da Lagoa (como no caso das comunidades do Vidigal, da Chácara do Céu, da Vila Parque da Cidade, do Cantagalo, da Vila das Canoas), de maneira integrada a população, mesmo não sendo a solução definitiva de problemas de ordem social e ambiental nestas localidades, garantiriam melhorias delicadas à qualidade ambiental e por conseguinte à qualidade de vida da população. 110 XXVII - R.A Rocinha: Anos de estudos dos responsáveis por domicílios particulares permanentes Referência: Município de Rio de Janeiro Legenda: Lagoa N Rocinha Anos de estudo 0 - 4 4.1 - 8 8.1 - 12 12.1 - 16 0.7 0 0.7 Kilometers PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ELIPSÓIDE SAD 69 Meridiano Central 45 W. GR. ESCALA 1: 20.000 Figura 44 - R.A. Rocinha: Anos de estudo dos responsáveis por dpp. 110 111 VI - R.A Lagoa : Anos de estudos dos responsáveis por domicílios particulares permanentes Referência: Município de Rio de Janeiro Legenda: Rocinha N Lagoa Anos de estudo 0 - 4 4.1 - 8 8.1 - 12 12.1 - 16 303KilometersPROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ELIPSÓIDE SAD 69 Meridiano Central 45 W. GR. ESCALA 1: 50.000 Figura 45 – R.A. Lagoa: Anos de estudo dos responsáveis por dpp. 111 112 Em lugares como a cidade do Rio de Janeiro, onde a cidade formal, materializada nos bairros para as classes mais elevadas e a favela se avizinham, as diferenciações no que tange o acesso às benesses do Estado servem para acirrar ainda mais as inquietações de um ou outro grupo social e se fazem sentir de sobremaneira na forma de impactos no meio ambiente. Pois é nessa lacuna - e aí citamos além do problema em saneamento, o déficit em educação e o nível de renda – que encontram esteio e se desenvolvem, inclusive, práticas de natureza ilícitas, tais como o narcotráfico. Conforme citado anteriormente, merece destaque o adensamento populacional e de domicílios na Rocinha e nos Bairros componentes da RA Lagoa. A Rocinha, apesar de ter a menor área, tem o terceiro maior número de domicílios e a maior população absoluta computando os demais bairros da RA Lagoa. Estes dados, conjugados aos índices deficitários no que tange a infra estrutura de esgoto já mencionados, fazem aumentar ainda mais a demanda por ações específicas com vistas ao saneamento.