A Poesia Romântica • 1ª Geração: Gonçalves Dias Gonçalves De Magalhães

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A Poesia Romântica • 1ª Geração: Gonçalves Dias Gonçalves De Magalhães “Como é perversa a juventude do meu coração Que só entende o que é cruel, o que é paixão” Belchior Início: final do século XVIII, na Inglaterra e na Alemanha. Origem: Alemanha e Inglaterra. Momento Histórico: - Alemanha: - 1774 - Goethe publica “Werther” - 1781 - Schiller lança “Os salteadores” e, mais tarde, o drama “Githens Seil” - Inglaterra: - Primeiros anos do século XIX. - Lord Byron - poesia ultrarromântica. - Walter Scott - romances históricos. Surge entre duas grandes revoluções: a Revolução Francesa (século XVIII) e a Revolução Industrial (século XIX). ARCADISMO ROMANTISMO Razão: modelo clássico / disciplina Emoção: não há modelos / libertação Objetividade, universalismo (o mundo) Subjetividade, individualismo (o eu) Imitação de modelos (formas fixas) Inspiração ou liberdade criativa Gosto pelo soneto Gosto pelas redondilhas Valorização da cultura greco-latina Valorização da cultura popular Equilíbrio, racionalismo Sentimentalismo, melancolia Natureza como cenário para idílios Natureza mais real, que interage com o amorosos eu lírico Domínio histórico no Brasil: - 1836 – Revista “Niterói” e “Suspiros poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães. - 1881 – “O mulato”, de Aluísio Azevedo, e “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis Sentimentalismo: predominância da emoção sobre a razão (impulsividade, euforia, saudosismo, tristeza, desilusão ). Subjetivismo: foco na realidade interior e parcial – tratamento temático pessoal e fantasioso. Egocentrismo: culto do "eu" interior, atitude narcisista e individualista; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior). “Ah! vem, pálida virgem, se tens pena / De quem morre por ti, e morre amando,/ Dá vida em teu alento à minha vida, / Une nos lábios meus minh'alma à tua!/ Eu quero ao pé de ti sentir o mundo / Na tua alma infantil; na tua fronte/ Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros / Sentir as virações do paraíso;/ E a teus pés, de joelhos, crer ainda / Que não mente o amor que um anjo inspira,/ Que eu posso na tua alma ser ditoso, / Beijar-te nos cabelos soluçando/ E no teu seio ser feliz morrendo!” (Álvares de Azevedo) Idealização: consequencia da fantasia e da imaginação: a pátria = o melhor dos mundos; a mulher = virgem frágil, bela, submissa; o amor = espiritual e inalcançável; o índio = herói nacional. Pessimismo: o “mal do século” – incapaz de realizar o sonho do “eu”, a personagem cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, chegando, muitas vezes, ao suicídio - solução definitiva. Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação, a fantasia, que não carecem de fundamentação lógica. "Por isso, morte, eu amo-te e não temo. Por isso, morte, eu quero-te comigo. Leva-me à região da paz horrenda, Leva-me ao nada, leva-me contigo." (Junqueira Freire) "Pensamento gentil de paz eterna, Amiga morte, vem." (Junqueira Freire) Liberdade de criação: padrão clássico é abolido; uso do verso livre e branco. Medievalismo: interesse pelas origens do país, do povo. Na Europa, o cavaleiro e seus valores. No Brasil, o índio como herói nacional. Religiosidade: ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real, uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos. Escapismo psicológico: sem aceitar a realidade, o romântico volta ao passado individual (fatos da sua história, da sua infância) ou histórico (época medieval). "Oh, que saudades que eu tenho Da aurora da minha vida Da minha infância querida Que os anos não trazem mais !" (Casimiro de Abreu) Byronismo: influência de Lord Byron, cultor de um estilo de vida e de uma forma particular de ver o mundo (boemia, noturnismo, prazeres da bebida, do fumo e do sexo, satanismo). Condoreirismo: corrente de poesia político-social; influenciados por Victor Hugo, os poetas condoreiros defendem a justiça social e a liberdade. Nativismo: fascinação pela natureza – o romântico se vê envolvido por paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza. Sentimento que o homem nutre pelo lugar em que nasceu (sua cidade, seu estado etc.) Nacionalismo: exaltação da pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas. A produção literária do Romantismo Na lírica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e Sousândrade. Na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves. No romance: José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay e Franklin Távora. No conto: Álvares de Azevedo. No teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo. As gerações da poesia romântica • 1ª Geração: Gonçalves Dias Gonçalves de Magalhães • 2ª Geração: Álvares de Azevedo Casimiro de Abreu Junqueira Freire Fagundes Varela • 3ª Geração: Castro Alves Sousândrade Primeira Geração - Poesia Gonçalves de Magalhães Sua importância advém do fato de ter sido o introdutor do Romantismo no Brasil. Publicou Suspiros poéticos e saudades (marco inicial do Romantismo brasileiro) e o poema A Confederação dos Tamoios. A Poesia 1ª Geração Geração indianista Gonçalves Dias (principal autor) : - indianismo - estilo equilibrado - ritmo marcante - idealização feminina - galante - descrição Gonçalves Dias Fez poesia épica e lírica. É o principal nome da primeira geração romântica. Busca captar a sensibilidade e os sentimentos de nosso povo. Criou uma poesia voltada para o índio e para a natureza brasileira. Canção do Exílio Kennst du das Land, wo die Citronen blühen, Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühen? Kennst du es wohl? — Dahin, dahin! Möchtl ich ziehn. * Goethe Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores, Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá; As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar — sozinho, à noite — Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, (...) Nossa vida mais amores. * - "Conheces a região onde florescem os Em cismar, sozinho, à noite, limoeiros e Mais prazer encontro eu lá; laranjas de ouro ardem no verde escuro da Minha terra tem palmeiras, folhagem? Onde canta o Sabiá. Conheces bem? Nesse lugar! Eu desejava estar." (Mignon, de Goethe) “I - Juca Pirama”, de Gonçalves Dias Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. (...) 2ª Geração Geração byroniana ou ultrarromântica Álvares de Azevedo (principal autor) : - estilo subjetivo - noturnismo - mal do século - fantasias do desejo - donjuanismo sonhado - introspecção Segunda Geração Romântica • Influência de Lord Byron. • Egocentrismo, negativismo, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante (características). • Tema preferido: fuga da realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na exaltação da morte. • O sentimento do mal do século foi amplamente cultivado, em especial no ambiente universitário. (Faculdade de Direito do Largo de São Francisco). • Os estudantes dessa faculdade chegaram a fundar a “Sociedade Epicureia”, que promovia reuniões regadas a cerveja, vinho e éter, em geral em cemitérios ou repúblicas de estudantes. Álvares de Azevedo • Produção literária: poemas (Lira dos vintes anos), obra dramática (Macário) e um volume de prosa (Noite na Taverna). O livro de poemas “Lira dos vinte anos”, revela-nos uma duplicidade do jovem Álvares de Azevedo: * de um lado, o poeta meigo, dócil, angelical; de outro, o poeta satânico, corrosivo, que tanto ironiza os outros como a si mesmo. Lembrança de Morrer (Álvares de Azevedo) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste pensamento Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poente caminheiro Como as horas de um longo pesadelo Que se desfez ao dobre do sineiro; Como o desterro de minh’alma errante, Onde fogo insensato a consumia: Só levo uma saudade – é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia. Só levo uma saudade – é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe! Pobre coitada Que por minha tristeza te detinhas! “Ideias Íntimas”, de Álvares de Azevedo Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito! Palor de febre meu semblante cobre, Bate meu coração com tanto fogo! Um doce nome os lábios meus suspiram, Seminua, abatida, a mão no seio, Um nome de mulher... e vejo lânguida Perfumada visão romper a nuvem, No véu suave de amorosas sombras Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras O alento fresco e leve como a vida Passar delicioso... Que delírios! Acordo palpitante... inda a procuro: Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas Banham meus olhos, e suspiro e gemo... Imploro uma ilusão... tudo é silêncio! Só o leito deserto, a sala muda! Amorosa visão, mulher dos sonhos, Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto! Nunca virás iluminar meu peito Com um raio de luz desses teus olhos? Casimiro de Abreu • Produção literária: As Primaveras (poemas) e Camões e o Jaú (teatro) • Temas: amor, medo, saudade, especialmente da casa paterna, da infância e do Brasil. Meus oito anos Casimiro de Abreu Oh! que saudade que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Junqueira Freire • Produção literária: “Inspiração do Claustro” e “Contradições poéticas” (poemas). • Uma contradição entre a vida religiosa, mais espiritual, e a vida mundana, material, é o que caracteriza a obra de Junqueira Freire.
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