José De Alencar: “Sou Americano Para O Que Der E Vier”
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WESLEI ROBERTO CANDIDO JOSÉ DE ALENCAR: “SOU AMERICANO PARA O QUE DER E VIER” ASSIS 2010 WESLEI ROBERTO CANDIDO JOSÉ DE ALENCAR: “SOU AMERICANO PARA O QUE DER E VIER” Tese apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP – Universidade Estadual Paulista para a obtenção do Título de Doutor em Letras (Área de Conhecimento: Literatura e Vida Social). Orientador: Luiz Roberto Velloso Cairo ASSIS 2010 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da F.C.L. – Assis – UNESP Candido, Weslei Roberto C217j José de Alencar: “sou americano para o que der e vier” / Weslei Roberto Candido. Assis, 2010 280 f. Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Orientador: Luiz Roberto Velloso Cairo 1. Alencar, José de, 1829-1877. 2. Literatura comparada. 3. Americanismos. 4. Romantismo. 5. Nacionalismo na literatura. I. Título. CDD 809 869.93 4 Aos companheiros de viagem, “lectores cómplices” do livro de minha vida ainda em processo de escrita: Minha mãe Claudete, meu irmão Euspleslei e minha esposa Daniela. Mas todos podem ser lidos pelo esquema do Aleph. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter colocado as pessoas certas no meu caminho e ter me dado capacidade e força de trabalho suficiente para levar a cabo esta Tese até o fim. Em segundo lugar, agradeço ao professor Luiz Roberto Velloso Cairo que me acompanhou desde a graduação em Letras em 1997, depois durante a iniciação científica e em seguida no meu Mestrado, no qual comecei a delinear melhor o que pensava sobre americanidade em Fagundes Varela, tendo paciência com meus lapsos textuais e dificuldades ao abordar o tema e, por ser novamente meu Orientador na Tese de Doutorado, quando acreditou ser possível que eu realizasse um trabalho sobre a americanidade em José de Alencar, pois de certa forma herdei esta preocupação americanista voltada para o século XIX inspirado em sua constante preocupação em estabelecer laços entre a literatura romântica brasileira e o lado hispânico. Não posso deixar de agradecer também à UNESP – Campus de Assis, onde tive a oportunidade de entrar em contato com as Letras e por elas me dedicar como tenho feito nos últimos anos. Nos corredores do prédio de Letras pude conhecer pessoas e me conhecer melhor. No curso de Letras aprendi a admirar os professores e sua paixão pela literatura, assim como a ter um olhar mais crítico sobre a produção intelectual latino- americana. A todos estes professores meu respeito e admiração constantes. Também deixo registrada minha admiração por cada funcionário que ali trabalha, pois de todos sempre tive o melhor atendimento possível. Embora de muitos ainda nem saiba o nome, sei reconhecê-los por onde passar, a vocês o mesmo gesto de um leve inclinar de cabeça que sempre fiz quando passei pelos corredores e departamentos. Alguns professores participaram em especial de minha formação e contribuíram mais frequentemente: Silvia Maria Azevedo, que participou de minhas qualificações de Mestrado e Doutorado, e de quem fiz um curso na pós-graduação sobre Machado de Assis, Heloísa Costa Milton, minha professora de Literatura Hispânica, Odil e Tânia na Literatura Portuguesa e Maria Eunice Moreira (PUCRS) com suas observações elegantes e sensatas na minha defesa de Mestrado, sempre incentivando o trabalho acadêmico. Agradecimento especial à minha família, sem a qual nada teria sido possível. Na verdade, tudo o que fiz e faço ainda é dedicado a vocês pelo que contribuíram em minha vida, desde a infância até a fase adulta, mesmo alguns não tendo frequentado uma 6 Universidade me ensinaram mais sobre o ser humano do que todos os livros já lidos por mim. Aparecem aqui em ordem de chegada na minha vida: minha mãe Claudete, meu irmão Euspleslei e minha esposa Daniela; deles sai o enfrentamento real que é a vida cotidiana e sem o qual é impossível de se construir uma história que valha a pena ao final. Eles aparecem também na dedicatória, embora um nome venha após o outro todos têm a mesma importância, senão haveria uma lacuna neste trabalho que é parte de minha história. Neste longo caminho há amigos que tenho de citar, alguns de muitos anos outros mais recentes, porém tão importantes quanto os demais: Altamir Botoso, com quem sempre dialoguei e o respeito pela inteligência e caráter, Sérgio Fonseca, companheiro de muitas conversas em algumas faculdades por onde passamos como docentes e, agora, de bons encontros em Ribeirão Preto, sempre muito acolhedor e extremamente gentil comigo, Edvaldo Sotana, com quem ainda mantenho contato virtual e admiro também pela inteligência e trabalho, Luiz Leal Júnior, professor de matemática, companheiro de trabalho e amigo de inúmeras horas de conversas e situações que com certeza ficarão para o resto da vida, Altamiro Xavier (Miro), sempre crítico e amigo inconteste, disposto a estender a mão e compartilhar o abstrato e o concreto de suas posses, companheiro de angústias e inquietações que nos fazem crescer a cada dia e, por fim, Armando Medeiros, atento e criador de estratégias, pronto a ajudar no que for preciso. Enfim, agradeço a tudo e a todos quanto direta ou indiretamente contribuíram na minha formação, enquanto docente e ser humano, pois nos enfrentamentos entre a teoria e a vida real ambas foram completadas por momentos que não cabem em palavras. 7 Entramos en cordial relación con otros poetas americanos. No existe el río, no existe la Cordillera, no existen las altiplanicies, ni los límites de país a país.....(El río, la Cordillera, la altiplanicie seguían en buen estado de presencia a pesar de la frase.....) Hacíamos americanismo y pongo americanismo en minúscula para distinguirlo del gritado Americanismo Oficial que tan beneméritamente se ocupa en juntar a todos los imbéciles de América. (Ricardo Güiraldes) 8 CANDIDO, W. R. José de Alencar: “sou americano para o que der e vier”.. Assis – SP, 2010, 280f. Tese(Doutorado). Faculdade de Ciências e Letras. Universidade Estadual Paulista. RESUMO Esta tese tem como objetivo apresentar o romancista José de Alencar como o fundador do romance americano no Brasil, lendo seus romances, prefácios e notas que deixou às suas narrativas, pelo viés de um olhar americano. Desta maneira, o conceito de americanidade possibilitará uma leitura da obra alencariana no âmbito das negociações identitárias. Para tanto, conceitos que estão sob a capa da americanidade como entre- lugar, casa-grande e senzala, tropicalismo, transculturação, indigenismo, serão analisados nos romances de Alencar, pois estes conceitos se cruzam na construção de um discurso que tenta reinventar e explicar a América continuamente. Ao debater estes temas, postular-se-á a figura do romancista como aquele que primeiro defendeu, no Brasil, a construção de um romance das Américas, que propôs narrar a lenta gestação do povo americano no seu projeto de literatura. Alencar também foi o primeiro a se auto- definir como americano publicamente no jornal O Globo. O sentimento de americanidade em Alencar poderá ser verificado nos diálogos estabelecidos, por seus romances, com outros romancistas e escritores do continente. Todos pensando na construção da identidade americana em seus textos. Assim, Domingo Faustino Sarmiento, José Hernández, Juan León Mera, Clorinda Matto de Turner, Jorge Icaza e Ciro Alegría, serão vistos em contraponto com a produção romanesca de Alencar. Todos estes autores privilegiando o espaço americano como seu lugar de enunciação na defesa de uma produção cultural própria do continente americano, da qual seus romances, ensaios e poemas são portadores. Portanto, a tese propõe um trabalho de comparatismo literário interamericano, que tem como centro de discussões a própria América nos seus mais diversos cruzamentos conceituais, na proposta de uma identidade americana, que ainda se marca por uma forte mobilidade, tendo um caráter de inacabamento pelas constantes reformulações do conceito de americanidade. Como o conceito de americanidade se caracteriza fortemente por um esforço de identificação americana, a obra de Alencar também será vista como o símbolo das constantes trocas culturais que formaram um discurso sobre ser americano em seus romances. PALAVRAS-CHAVE: José de Alencar; americanidade; transculturação; fronteira; continente americano; indigenismo; patriarcalismo. 9 CANDIDO, W. R. José de Alencar: I’m an American for better or worse”. Assis – SP, 2010, 280f. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências e Letras. Universidade Estadual Paulista. ABSTRACT This thesis aims at presenting the novelist José de Alencar as the founder of the american novel in the Brazil, reading his novels, prefaces and notes that he left in his narratives, on the bias at an american look. In this way, the concept of americanism will make possible the reading of Alencar’s books in the ambit of the identity negotiations. For this proposal, concepts that are under the cover of americanism as in-between, The Masters and The Slaves, tropicalism, transculturation, indigenism will be analysed in Alencar’s novels, because these concepts cross themselves in the construction of a discourse that tries to re-invent and to explain America continuously. At debating these themes, we will postulate that the figure of the novelist as the one who first defended, in Brazil, the construction of a novel of Américas, that proposed to tell the slow gestation of the american people in his literature project. Alencar also was the first to auto-define himself as american publicaly in the newspaper O Globo. The americanism feeling in Alencar will be verified in dialogues established, by his novels, with other novelists and writers of the continent. All of them are thinking of a construction of american identity in their texts. So, Domingo Faustino Sarmineto, José Hernández, Juan León Mera, Clorinda Matto de Turner, Jorge Icaza and Ciro Alegria will be seen in counterpoint with Alencar’s romanesque production. All of these authors privilege the american space as the place of enunciation in the defense of an own cultural production of the american continent, from which his novels, essays, and poems are porters.