Álvares De Azevedo

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Álvares De Azevedo GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO A.O.S. DIOCESE DE ABAETETUBA EEEFM SÃO FRANCISCO XAVIER COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA ANO/SÉRIE: 2º ANO PROFESSORES (AS) RESPONSAVEIS: Natália Vasconcelos e Valdir Negrão. 3º Período – Aula 01 TEMÁTICAS COMUNS V A L E L E M BRAR Álvares de Azevedo 1 A poesia egocêntrica e sentimental do Romantismo brasileiro atingiu seu nível mais expressivo na obra dos poetas que escreveram nas décadas de 1840 e 1850, dentre os quais se destacam Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela. Voltados inteiramente para dentro de si mesmos, esses poetas fizeram de seu mundo interior o centro do universo e expressaram em versos pessimistas um profundo desencanto pela vida. Seus poemas falam quase sempre de morte, solidão, tédio, tristeza e melancolia, configurando uma visão trágica da existência, que foi chamada de "Mal do século". Visto que a realidade nada trazia de expectativas, o artista romântico preferiu escapar desse mundo real através da imaginação ou da busca pela morte. Essa tendência ficou conhecida como evasão ou escapismo. Despreocupado com a realidade exterior do mundo, o romântico deixa-se levar ao mais intenso culto do "eu", criando uma poesia profundamente marcada pelo egocentrismo e pelo individualismo. Essa concentração do romântico em si mesmo; essa preocupação com suas próprias dores e sofrimentos íntimos levam-no ao exagero sentimental e ao uso constante da primeira pessoa, projetando no eu-lírico as angústias e desejos do próprio poeta. Escrita por poetas que morreram muito jovens, quase adolescentes, a poesia dessa geração expressa frequentemente um sentimentalismo exagerado e artificial, em que há pouco de trabalho artístico. Essa tendência poética, que recebeu o nome de Ultrarromantismo, teve como fonte inspiradora a obra de alguns poetas europeus, sobretudo a do inglês Byron e a do francês Musset. Os poemas reunidos no livro Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo, representam o que há de melhor dentro da poesia do “Mal do século” na literatura romântica brasileira. Coube a esse jovem, de aparência quase adolescente, traduzir em sua obra a falta de expectativas de toda uma geração de sonhadores e sofredores. 2 Nesse sentido, sua poesia consegue resgatar a mágoa e a dor de uma época em que os jovens viram seus sonhos transformarem-se no exercício cotidiano do pesadelo e do tédio. É nesse mundo de pessimismo e tristeza que o poeta encontra matéria pura para seus versos, marcados pela desventura amorosa, pela melancolia, por uma dor de viver que ultrapassa, sem dúvida, os limites da razão e mergulha num abismo de solidão, delírio e boemia. AMAR E MORRER (SENTIMENTALISMO) - Álvares de Azevedo pareceu procurar o mesmo caminho de tantos outros jovens, quase adolescentes, que viam na morte prematura a única saída para evitar o tédio da velhice. Mesmo o amor parece profundamente interligado à morte. Amar e morrer parece ter sido a máxima que orientou, ou desorientou, a poética de Álvares de Azevedo. Virgem morta [...] Lá bem na extrema da floresta virgem, Onde na praia em flor o mar suspira, E, quando geme a brisa do crepúsculo Mais poesia o arrebol transpira; Nas horas em que a tarde moribunda As nuvens roxas desmaiando corta, No leito mole da molhada areia Manso repousem a beleza morta. Irmã chorosa a suspirar desfolhe No seu dormir da laranjeira as flores, Vistam-na de cetim, e o véu de noiva Lhe desdobrem da face nos palores. [...] AULA 02 AMOR IDEALIZADO - A mulher, na concepção romântica do "Mal do século", ou é um ser idealizado e inatingível no plano físico ou é exatamente o oposto. É vista a partir de antíteses: anjo ou demônio, virgem pura ou prostituta, santa ou decaída. No exagero romântico, não há lugar para o meio termo, é sempre tudo ou nada. 3 A descrição mórbida da mulher, a qual aparece como alvo de um amor idealizado e inatingível do eu-lírico é um tema constante na poesia de Álvares de Azevedo. Sonhando [...] Na praia deserta que a lua branqueia, Que mimo! que rosa, que filha de Deus! Tão pálida — ao vê-la meu ser devaneia, Sufoco nos lábios os hálitos meus! Não corras na areia, Não corras assim! Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A praia é tão longa! e a onda bravia As roupas de gaza te molha de escuma; De noite — aos serenos — a areia é tão fria, Tão úmido o vento que os ares perfuma! És tão doentia! Não corras assim! Donzela, onde vais? Tem pena de mim! A brisa teus negros cabelos soltou, O orvalho da face te esfria o suor; Teus seios palpitam — a brisa os roçou, Beijou-os, suspira, desmaia de amor! Teu pé tropeçou... Não corras assim! Donzela, onde vais? Tem pena de mim! [...] EXALTAÇÃO À VIDA BOÊMIA – Enaltecendo um estilo de vida desregrado, Álvares de Azevedo dominado por uma visão de mundo caracterizada pelo pessimismo e pelo tédio, engrandece a busca do modo errante, despreocupado, vagabundo de viver; onde comer, beber e amar são as únicas coisas que importam. Vagabundo [...] Eu durmo e vivo ao sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso; Nas noites de verão namoro estrelas; Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! 4 Ando roto, sem bolsos nem dinheiro; Mas tenho na viola uma riqueza: Canto à lua de noite serenatas, E quem vive de amor não tem pobreza. Não invejo ninguém, nem ouço a raiva Nas cavernas do peito, sufocante, Quando a noite na treva em mim se entornam Os reflexos do baile fascinante. [...] OBSESSÃO PELA MORTE - FUGA DA REALIDADE - É dentro de uma poesia de descrença e de pessimismo que devemos enxergar a obra de Álvares de Azevedo, esquecendo mesmo a aparente imaturidade formal de certos poemas, na verdade apenas uma forma de repúdio à herança lusíada, e procurando visualizar de que maneira o poeta pareceu transformar a emoção em matéria de arte. Vista a partir dessa ótica, a morte deixava de ser para ele algo assustador ou tenebroso e passava a ser considerada como amiga, companheira e confidente em todas as horas: Lembrança de Morrer [...] Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espirito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente. Nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro - Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro; [...] Esse foi o clima mórbido e doentio que acabou contaminando toda a produção poética dessa fase. Profundas são as marcas de 5 pessimismo dominante, melancolia, solidão, desejo de evasão, doença, morte, tédio, medo do amor e dor de viver nessa geração romântica. Em linhas gerais, os temas principais de Álvares de Azevedo não escapam da temática geral do Romantismo. O amor (idealizado e inatingível), a morte, a solidão, o saudosismo da infância, o ceticismo, o sonho e a desilusão. A temática da morte prematura, que parecia antever o que aconteceria com o próprio autor é outra constante em Lira dos Vinte Anos. É forte também a temática da fuga, ou escapismo. O jovem romântico byroniano desilude-se no choque entre o "eu” e a "sociedade", buscando como válvula de escape a morte, a solidão ou o isolamento na natureza, preferindo lugares em ruínas, ou locais tristes e solitários. O Romantismo foi um movimento literário de grande repercussão na literatura ocidental, e, particularmente no Brasil, constitui uma etapa decisiva na formação de nossa literatura e vida cultural. Vale ressaltar que textos atuais também podem apresentar características muito semelhantes às características da poesia romântica da Segunda Geração. Como exemplo, podemos citar as músicas “Pais e Filhos” e “Há tempos” da Banda Legião Urbana, o que torna possível a intertextualidade entre poesias de Álvares de Azevedo e textos contemporâneos. SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO DA SEGUNDA GERAÇÃO MELANCOLIA; PESSIMISMO; REVOLTA; DESILUSÃO; TÉDIO; ULTRARROMANTISMO; MAL DO SÉCULO; A IDEALIZAÇÃO DA MULHER (VIRGEM, ANJO...); A ATMOSFERA NOTURNA E MISTERIOSA; A PRESENÇA DA NATUREZA; 6 O SENSUALISMO ERÓTICO; A EVASÃO DO EU-LÍRICO ATRAVÉS DO SONHO OU DA IMAGINAÇÃO; A PRESENÇA DA MORTE; A DESCRIÇÃO MÓRBIDA DA MULHER; EGOCENTRISMO; INTIMISMO; EXALTAÇÃO DO AMOR (SENTIMENTALISMO); SUBJETIVISMO. ATENÇÃO! PARA A COMPLEMENTAÇÃO DO ESTUDO DO ASSUNTO AQUI TRATADO RECOMENDAMOS AOS ALUNOS OS VÍDEOS INDICADOS ABAIXO: VÍDEOS DISPONÍVEIS EM: 01 https://www.youtube.com/watch?v=vn8TZJdi-Qo 02 https://www.youtube.com/watch?v=gt-aAAEeL28 REFERÊNCIA CASTRO, Maria da Conceição. Língua e Literatura. São Paulo: Saraiva, 1995. 7 ATIVIDADES NOME DO ALUNO (A): ___________________________________________ ANO/TURMA:__________ 01. Teu romantismo bebo, ó minha lua, A teus raios divinos me abandono, Torno-me vaporoso ... e só de ver-te Eu sinto os lábios meus se abrir de sono. (Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos) Nesse excerto, o eu lírico parece aderir com intensidade aos temas de que fala, mas revela, de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude do eu lírico manifesta a: (A) ironia romântica. (B) tendência romântica ao misticismo. (C) melancolia romântica. (D) aversão dos românticos à natureza. (E) fuga romântica para o sonho. 02. Sobre o Ultrarromantismo ou Segunda geração do Romantismo, é incorreto afirmar: (A) Entre as principais influências literárias do grupo de jovens poetas dessa fase do romantismo, estão o inglês Lord Byron, o italiano Giacomo Leopardi e os franceses Alphonse de Lamartine e Alfred de Musset. (B) Uma de suas principais características é o espírito do mal do século, uma onda de pessimismo doentio que se traduzia no apego a certos valores decadentes, como a bebida e o vício, na atração pela noite e pela morte.
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