Beatriz Guimarães De Carvalho Entre Papéis
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM LABORATÓRIO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM JORNALISMO BEATRIZ GUIMARÃES DE CARVALHO ENTRE PAPÉIS, TELAS E IDEIAS: OLHARES SOBRE A CULT (1997-2017) CAMPINAS, 2019 BEATRIZ GUIMARÃES DE CARVALHO ENTRE PAPÉIS, TELAS E IDEIAS: OLHARES SOBRE A CULT (1997-2017) Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem e Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Divulgação Científica e Cultural, na área de Divulgação Científica e Cultural. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria das Graças Conde Caldas Este exemplar corresponde à versão final da dissertação defendida pela aluna Beatriz Guimarães de Carvalho e orientada pela Profa. Dra. Maria das Graças Conde Caldas CAMPINAS, 2019 Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8510-8755 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem Crisllene Queiroz Custódio - CRB 8/8624 Carvalho, Beatriz Guimarães de, 1992- C253e CarEntre papéis, telas e ideias : olhares sobre a CULT (1997-2017) / Beatriz Guimarães de Carvalho. – Campinas, SP : [s.n.], 2019. CarOrientador: Maria das Graças Conde Caldas. CarDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Car1. Cult (Revista). 2. Comunicação e cultura. 3. Jornalismo - Aspectos culturais. 4. Publicações seriadas. 5. Longevidade. 6. Mercado editorial. I. Caldas, Maria das Graças Conde. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Between papers, screens and ideias : looking at CULT (1997-2017) Palavras-chave em inglês: Cult (Magazine) Communication and culture Journalism - Cultural aspects Serial publications Longevity Market editorial Área de concentração: Divulgação Científica e Cultural Titulação: Mestra em Divulgação Científica e Cultural Banca examinadora: Maria das Graças Conde Caldas [Orientador] Márcia Eliane Rosa Mauro de Souza Ventura Data de defesa: 30-01-2019 Programa de Pós-Graduação: Divulgação Científica e Cultural Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) BANCA EXAMINADORA Maria das Graças Conde Caldas (orientadora) Márcia Eliane Rosa Mauro de Souza Ventura IEL/UNICAMP 2019 Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade. AGRADECIMENTOS À minha mãe, Liliane, que sempre compartilhou comigo o gosto pelas revistas. Um de nossos passeios favoritos era ir à banca de jornais que ficava em frente à minha escola – a Banca Campolim –, em Sorocaba. Saíamos da loja cada uma com um picolé na mão e duas ou três revistas embaixo do braço. Obrigada, mãe, por ter despertado em mim a vontade de ler e de saber, e por fazer parte de tudo o que eu sou. Ao meu pai, Silvio, que me ensinou a levar a vida com bom humor e sempre me inspirou com suas “mirabolâncias”, sua curiosidade, seu prazer em inventar coisas e histórias. Obrigada por tantos aprendizados. Ao meu companheiro de todas as horas, Samuel, que nesse percurso ainda assumiu o papel de editor e consultor. Foi o primeiro a saber das minhas ideias de pesquisa e o primeiro a ler cada parte do meu trabalho. Obrigada por todo o amor e pela parceria. À minha orientadora, Graça Caldas, que me recebeu com tanto carinho e cuidado. Obrigada pela confiança, pela amizade e pelos caminhos que me ajudou a traçar. Ao meu grande amigo Arthur, com quem eu posso conversar sobre toda e qualquer coisa, a qualquer hora. Obrigada por tudo. Minhas conquistas só têm graça quando eu compartilho com você. Às amigas que estão comigo desde sempre e que acompanham, de perto ou de longe, cada caminhada: Aline, Mariana, Gisella e Ana Flávia. Aos queridos professores e funcionários do Labjor e do Nudecri, que tornaram essa caminhada mais rica e mais leve. Simone, Marta, Alessandra, Andressa, Rosângela, Claudia, Susana, Rafael, Vera, e tantas outras pessoas pelas quais guardo muito carinho. Aos professores convidados para as bancas de qualificação e de defesa, Mauro Ventura e Márcia Rosa, que trouxeram novas ideias e sentidos para esta pesquisa. À equipe da CULT, especialmente aos editores Daysi Bregantini, Welington Andrade e Amanda Massuela, que aceitaram compartilhar comigo os processos que estão por trás da produção da revista. Aos amigos que fiz no Labjor. Sarah, Maria Letícia, Joice, Raquel, Eliane, Adriana, e muitas outras pessoas queridas que quero levar comigo. Por fim, agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que permitiram a minha sobrevivência financeira ao longo desses dois anos, e assim tornaram possível este trabalho. RESUMO A revista CULT foi criada em julho de 1997 como uma publicação impressa voltada à literatura. Nesses mais de 20 anos de trajetória, viveu diversas transformações: abriu-se à filosofia, às ciências sociais, à psicanálise e às artes visuais e cênicas, e expandiu suas operações para além do papel, ocupando o meio digital e desenvolvendo atividades de formação para o público - ainda que tenha mantido no meio impresso a sua principal marca e seu eixo de sustentação. Além disso, consolidou uma relação de intimidade com o universo acadêmico, trazendo colaborações de pesquisadores e pensadores das ciências humanas, e introduziu cada vez mais em suas pautas os debates políticos do Brasil contemporâneo, colocando-se em defesa da democracia e dos movimentos das chamadas minorias sociais. CULT é a mais antiga revista de cultura em atividade no Brasil, e sua longevidade contrasta com o histórico das revistas culturais brasileiras – marcado por títulos de vida curta (COHN, 2011) – e com as crescentes adversidades do ecossistema que habita. O mercado editorial, o jornalismo e a produção cultural vêm sendo impactados pelas intensas mudanças (tecnológicas, mercadológicas, de comportamento) desta era. Mudanças essas que afetam desde os processos de produção até o consumo, passando pelos conteúdos, formatos, formas de distribuição e estratégias de financiamento de uma revista. Ainda mais se tratando de um segmento historicamente frágil como o cultural. Diante disso, surge a questão: como a CULT sobrevive? E aqui falo de uma sobrevivência que não é apenas e nem principalmente financeira, mas pergunto como a CULT se mantém firme, inteira, relevante e lida num cenário de instabilidades. A busca por tais respostas levou a outros questionamentos. O que significa ser uma revista de cultura? O que é a CULT, o que ela representa e quais processos estão envolvidos em sua produção? Quem a faz e quem a lê? Quais estratégias utiliza para se sustentar no mercado? Se e como se transforma para sobreviver nesta era? Tendo essas perguntas no horizonte, a pesquisa se guiou pelos princípios da cartografia (BARROS; KASTRUP, 2015; ROSÁRIO, 2016), empregando técnicas de entrevista em profundidade (DUARTE, 2012; MARCONI & LAKATOS, 2002), e observação direta e participante (GIL, 2008; PERUZZO, 2005). Ao fim do percurso, não encontrei uma resposta ou um motivo para a sobrevivência da CULT, mas, sim, um mapa. Um mapa em que é possível observar relações e hibridações (CANCLINI, 2015; 2016) entre academia e cidade, entre ensaísmo e jornalismo, entre cânone e novidade, entre idealismo e mercado, entre reflexão crítica e divulgação cultural, entre papéis, telas e ideias. São alianças e tensões igualmente importantes para que a revista se mantenha viva, contemporânea – sendo capaz de, simultaneamente, pertencer ao seu tempo e estranhá-lo (AGAMBEN, 2009) – e relevante para seu público. Palavras-chave: Comunicação; mercado editorial; revistas de cultura; jornalismo cultural; revista CULT. ABSTRACT CULT magazine was created in July 1997 as a printed publication focused on literature. In these more than 20 years of experience, it went through several changes: came to include topics such as philosophy, social sciences, psychoanalysis and visual and scenic arts, and expanded its operation beyond the print media, reaching the digital media and developing training activities for the readers - even though CULT has maintained the printed magazines as its main brand and axis of support. In addition, it consolidated a close relationship with the academic universe, relying on the collaboration of researchers and thinkers of the humanities, and increasingly introduced in its guidelines the political debates of contemporary Brazil, taking a stand in defense of the democracy and the rights of the so called social minorities. CULT is the longest-running cultural magazine in Brazil, and its longevity contrasts with the history of Brazilian cultural magazines - marked by short-lived publications (COHN, 2011) - and with the increasing adversities of the ecosystem it inhabits. The editorial market, the journalism and the cultural production have been impacted by the intense changes (in technology, in the market, in human behavior) of this era. Changes that affect the production processes, the consumption, the content, the platforms, the distribution forms and the business model of a magazine. Especially when it comes to a historically fragile segment such as the cultural one. So this question arises: how does CULT survive? And here I speak of a survival that is not only and not mainly financial, but I ask how CULT stands steady, whole, relevant and read in a scenario of instabilities. The search for such answers has led to further questions. What does it mean to be a culture magazine? What is CULT, what does it represent and what processes are involved in its production? Who makes it and who reads it? What strategies does it use to sustain itself in the market? If and how does it change itself to survive in this age? With these questions on the horizon, the research was guided by the principles of cartography (BARROS; KASTRUP, 2015; ROSARIO, 2016), using in-depth interview techniques (DUARTE, 2012; MARCONI & LAKATOS, 2002), and direct and participant observation GIL, 2008; PERUZZO, 2005). At the end of the path, I did not find an answer or a reason for CULT's survival, but a map.