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UNIVERSIDADE FEDERAL DA

INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR

PROGRAMA MULTIDISCIPLINAR DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE

EDSON RAMOS DE OLIVEIRA

Apontamentos sobre as Relações Político- culturais do Brasil Voltadas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Salvador, 2017.

Edson Ramos de Oliveira

Apontamentos sobre as Relações Político-culturais do Brasil Voltadas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Cultura e Sociedade.

Linha de pesquisa: Cultura e Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Severino

Salvador, 2017

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Universitário de Bibliotecas (SIBI/UFBA), com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Ramos de Oliveira Junior, Edson Apontamentos sobre as Relações Político-Culturais do Brasil voltadas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) / Edson Ramos de Oliveira Junior. -- Salvador, 2017. 177 f.

Orientador: José Roberto Severino.

Dissertação (Mestrado - Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade) -- Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2017.

1. Políticas Culturais. 2. Cultura. 3. Lusofonia. 4. Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. I. Roberto Severino, José. II. Título.

Agradecimentos

Ao professor José Roberto Severino, meu orientador nessa pesquisa.

Ao Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade, UFBA.

Aos entrevistados que deram grande contribuição a essa pesquisa, os Diplomatas: Paulo Cordeiro Andrade Pinto, José Roberto de Almeida Pinto, Paulo André Moraes de Lima; Henrique Andrade, por dividir sua experiência como Coordenador Técnico nos programas DOCTV CPLP e CPLP AV; aos professores Paulo Miguez e Albino Rubim por me desafiarem ao tema e mediarem conexões; Elsa Kraychete, do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, pela atenção; José Márcio Barros, pelas recomendações bibliográficas.

Aos professores Paulo Miguez (UFBA) e Mônica Leite Lessa (UERJ) por aceitarem fazer parte da Banca de Defesa da Dissertação.

Ao colega Bruno do Vale Novais, por compartilhar dados de sua pesquisa sobre a Diplomacia Cultural no período Lula. À colega Monique Badaró, pelo breve auxílio. Ao Armando Almeida, pela tentativa de contatos com técnicos do MinC.

Aos companheiros do OQuadro e Terreiro de Matamba Tombenci Neto, com quem pude conviver, em Ilhéus, há 10 anos, e transitar entre o universo das Políticas Culturais e das práticas socioculturais desses grupos.

À base, a família e os amigos de verdade!

Grato!

Resumo

Este trabalho: Apontamentos sobre as Relações Político-culturais do Brasil voltadas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), descreve as relações Político-culturais do Brasil voltadas para a CPLP, especialmente na transição dos governos Lula da Silva para . Mediante análise do histórico dessa relação, Brasil-CPLP, do conceito de Lusofonia e de relatos de experiências emblemáticas quanto à atuação do Brasil voltada para o domínio cultural da CPLP.

Palavras-chave: Políticas Culturais. Cultura. Lusofonia. Comunidade dos Países da Língua Portuguesa.

ABSTRACT

This research: Points related to Political-Cultural relationships focusing on the Community of Countries (CPLP), describe the Brazilian Political-cultural relationships especially during the transition of the government leaders Lula da Silva to Dilma Rousseff. By analyzing this historic relationships between Brazil and CPLP, questioning the concept of lusophone, and stories of emblematic experiences related to the Brazil acting towards the cultural ownership of CPLP.

Keywords: Political cultural. Culture. Lusophone. Community of Portuguese Language Countries.

Tabela de Siglas: ABC- Agência Brasileira de Cooperação ABD- Associação Brasileira de Documentaristas ABEPEC- Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais ALCA- Área de Livre Comércio das Américas ANCINE- Agência Nacional do Cinema AO90- Acordo Ortográfico de 1990 BID- Banco Interamericano de Desenvolvimento BNDES- Banco Nacional do Desenvolvimento CAACI- Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Ibero-americanas CEBES- Centros Culturais do Brasil no exterior (CCB´s) CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa CPLP AV- Programa CPLP Audiovisual (MinC/CPLP) CSNU- Conselho de Segurança das Nações Unidas DOCTV CPLP- Programa de Fomento à Produção e Teledifusão dos Documentários de Países de Língua Portuguesa DPLP- Divisão de Promoção de Língua Portuguesa EMBRAfilme- Empresa Brasileira de filmes EUA- Estados Unidos da América FAO- Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FHC- Fernando Henrique Cardoso FICTV CPLP- Telefilmes de ficção baseados em adaptações de obras literárias nacionais FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FRELIMO- Frente de Libertação de Moçambique FSAV- Fundo Setorial do Audiovisual

IILP- Instituto Internacional de Língua Portuguesa IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MEC- Ministério da Educação MERCOSUL- Mercado Comum do Sul MinC- Ministério da Cultura MPOG- Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão MRE- Ministério das Relações Exteriores OEA- Organização dos Estados Americanos OMC- Organização Mundial do Comércio OMPI- Organização Mundial da Propriedade Intelectual ONU- Organização das Nações Unidas OUA- Organização da Unidade Africana PAC- Programa de Aceleração do Crescimento PALOP- Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa PEC-G – Programa de Estudantes-Convênio de Graduação PIB- Produto Interno Bruto PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPGCS – Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade PPPLE - Portal do Professor de Português Língua Estrangeira PSDB- Partido da Social Democracia Brasileira PT- Partido dos Trabalhadores RBEX- Rede Brasileira de Ensino no Exterior RI – Relações Internacionais RIPES- Redes de Instituições Públicas de Educação Superior SEPPIR- Secretaria de Promoção da Igualdade Racial SWAPO – Organização do Povo do Sudoeste Africano UE- União Europeia UFBA- Universidade Federal da Bahia

UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina UNESCO- Organização das nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura UNILAB- Universidade da Integração da Lusofonia Afro Brasileira VOC- Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa VOLP- Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa VOP – Vocabulário Ortográfico Português ZOPACAS- Zona de Paz e Cooperação do Atlântico

Sumário: 1.0) Introdução: 13 2.0) Contextualização: 2.1) A Transversalidade da Cultura na relação entre MinC e MRE- 17 2.2) A língua portuguesa e aspectos culturais das relações Brasil-África 21 2.3) Um encruzilhéu nos mares da CPLP: entre a Política Linguística, a Diplomacia Cultural e as Políticas Culturais Internacionais 25 2.4) Histórico da triangulação diplomática Brasil-África-Portugal (década de 60 a 90) 33 2.5) O surgimento da CPLP 36 2.6) Os pilares da CPLP 37 2.7) Politica Externa Brasileira para a África e CPLP - nos governos FHC e Lula 42 2.8) Política Externa como Ação Afirmativa (governo Lula) 44 2.9) Política Externa para África e CPLP - no governo Dilma Rousseff 47 3.0) Considerações sobre as Lusofonias: 3.1) Lusofonia como espaço cultural multipolar e descentrado 55 3.2) Luso-oriental: o modelo de colonização portuguesa 56 3.3) A Lusofonia e os lusófonos 59 3.4) A longa duração do espírito colonial 62 3.5) A recusa da história dos outros 65 3.6) A redescoberta da língua como força imperial 67 4.0) A Dimensão Cultural da relação Brasil-CPLP: experiências emblemáticas 4.1) Metodologia de coleta de dados 72

4.2) Diferentes perspectivas da CPLP: o aspecto geoestratégico e a Lusofonia além da CPLP 76 4.2.1) O Portfólio de Perfis Projetos da CPLP 81 4.2.2) A I e II Conferências da Língua Portuguesa da CPLP 86 4.2.3) O apoio brasileiro ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa – IILP 90 4.3) DOCTV CPLP: biografia 93 4.3.1) A pista 94 4.3.2) A mágica do negócio 94 4.3.3) Em marcha 96 4.3.4) Conteúdo 97 4.3.5) Carteiras estaduais 98 4.3.6) Internacionalização 98 4.3.7) Língua portuguesa 100 4.4) DOCTV CPLP e CPLP AV: relato de experiência 101 4.5) Análise dos dados 111 4.5.1) Mudanças 112 4.5.2) Participação 115 4.5.3) Transversalidade 116 4.5.4) Referência 118 4.5.5) Protagonismo 120 5.0) Considerações finais: 123 Referências Bibliográficas 127 Entrevistas realizadas 135 Anexos: 1) Planilha – Diplomacia Cultural no governo Lula voltada para África e CPLP.

1.0) Introdução:

Com a pesquisa Apontamentos sobre as Relações Político- culturais do Brasil voltadas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), propomos descrever as relações político-culturais do Brasil voltadas para a CPLP, especialmente na transição dos governos Lula da Silva para Dilma Rousseff. Dessa forma, a hipótese base da pesquisa parte de elementos pilares na construção da ideia de povo brasileiro, negro, mestiço, de fala portuguesa, para tecer abordagens sobre questões – como Lusofonia e Políticas Culturais - que perpassam a atuação cultural brasileira diante do foro intergovernamental da CPLP, criado em 1996. De antemão, consideramos o governo Lula, entre 2003 e 2010, como um marco na transição para uma Política Internacional Multilateral e prioritariamente voltada para o eixo Sul-Sul, consequentemente para a África e CPLP; e ao mesmo tempo, também distinto por uma maior centralidade do campo da Cultura na agenda das Políticas Públicas do Brasil enquanto Estado democrático. Dessa forma, propomos considerar as mudanças de contextos históricos na transição dos governos Lula da Silva para Dilma Rousseff, ou seja, especialmente entre 2011 e 2016, quando em 31 de agosto ocorre o Impeachment de seu segundo governo eleito. Até então, tendo essas transformações de cenários e conjunturais como contexto, pretendemos considerar possíveis implicações dessa dinâmica no plano interno; ou dos perfis das figuras à frente do governo e da pasta da Cultura, e suas implicações sobre a aplicabilidade da Política Cultural Internacional do Brasil. O seja, interessa- nos como a dinâmica das relações entre os planos global e nacional, relaciona-se com a atuação brasileira especialmente voltada para a CPLP. Tendo como objeto específico de análise a dimensão cultural desse foro multilateral, e mais exatamente o posicionamento brasileiro diante dele. O que também, de alguma forma, relaciona-se com possíveis sutilezas e implicações nos conceitos, ideários e formulações que perpassam a aplicabilidade das Políticas Culturais do Brasil no plano interno. E, ainda, veremos que a constituição da CPLP envolve especialmente a triangulação

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diplomática Brasil-África-Portugal, em um primeiro momento, até o ingresso do Timor Leste na CPLP, como membro permanente, em 2002, o que a partir daí amplia horizontes de perspectivas e alcances para esse organismo, ao cerzir a Ásia à já existente triangulação tricontinental: América-Europa-África, intrínseca da CPLP. Nesse sentido, essa dissertação estrutura-se em três partes fundamentais, não necessariamente lineares, mas transversais, que correspondem a três percepções que pretendemos que estejam em diálogo no decorrer do texto. E essas são: o histórico da CPLP, e por outro lado, a Lusofonia enquanto um conceito a ser problematizado, e incorporado na atuação político-cultural internacional do Brasil voltada para a CPLP. E na terceira parte da pesquisa trataremos da dimensão cultural da CPLP, ou mais exatamente como o Brasil se posiciona diante dessa dimensão. E dessa forma, traremos relatos, apontamentos, pontos a serem considerados, rememorados, por serem experiências consideradas emblemáticas da atuação internacional do Brasil voltada para a CPLP: as quais foram coletadas a partir de entrevistas realizadas a figuras que protagonizaram a aplicabilidade de algumas dessas políticas, ou seja, basicamente diplomatas e técnicos do MinC; além de fontes documentais, como Resoluções da CPLP, as Declarações Finais, Relatórios e Atas de Reuniões de Ministros da Cultura da CPLP, publicados desde a I reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em Estoril, Portugal, no ano 2000, até a mais recente que foi a X Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em Salvador, atual Capital da Cultura da CPLP, onde, no dia 05 de Maio de 2017, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, foi assinada a Declaração Final com as intenções que moveram esse encontro. Além dessas fontes, acessamos também a bibliografia sobre o tema, privilegiando artigos que dessem conta do histórico das relações que constituíram a CPLP desde sua gênese até recentemente; o que revelou a raridade de publicações sobre a relação do Brasil com a CPLP, sobretudo, com a perspectiva cultural. Nesse sentido, as entrevistas e fontes documentais complementaram-se a artigos de jornal, sites especializados, como o próprio site da CPLP, do MRE, do MinC; blogs quer seja da Anistia Internacional, para analisar a questão dos Direitos Humanos na Guiné

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Equatorial, ao mesmo tempo, a mais antiga ditadura na África e mais recente membro permanente da CPLP, admitido em 2014; ou o blog Quincas, de um diplomata aficionado por literatura e pela língua portuguesa, assinado pelo embaixador Lauro Moreira, representante permanente do Brasil na CPLP entre 2010-2014, dentre outras fontes. Mas, além dessa dificuldade inicial de acesso às fontes documentais (dispersas e transversais), e do distanciamento natural em relação aos protagonistas de algumas dessas políticas, outra dificuldade para a execução do projeto, possivelmente a maior, tenha sido a complexidade relacionada à diversidade de possibilidades de abordagens que, na prática, envolvem a atuação cultural do Brasil voltada para a CPLP; por vezes compreendida como uma ação de Diplomacia Cultural, ou exercício do Soft Power, quer como Política Linguística, ou Cooperação Técnica Internacional Cultural, ou transversalmente, Educacional, ou mesmo Política para o Audiovisual (no caso do DOCTV CPLP e CPLP AV), ou para a Difusão da Língua Portuguesa (I e II Conferências da Língua Portuguesa da CPLP, o AO90, o apoio Brasileiro ao IILP). Por fim, há uma diversidade de possibilidades de abordagens, com arestas distintas nas percepções que envolvem o que cada uma dessas abordagens traduz em alcances e limitações, quando o assunto é: o que o Brasil tem feito, em termos culturais, a favor da CPLP nos últimos anos? Acreditamos que essa questão, no decorrer da pesquisa, revelou-se não só um problema quanto à precisão da coleta e análise dos dados da pesquisa, mas também uma das principais características a serem enfrentadas pelo Brasil em sua relação com a CPLP: efeito da tensão que a próprio transbordamento da Cultura para outras áreas que não lhe eram habituais vem causando nos últimos anos, tal como argumenta o diplomata Paulo André Moraes de Lima, no artigo Espartanos, Mutantes e Excluídos. Um ensaio sobre cultura e relações internacionais, que também veremos adiante. Nesse sentido, importa dar atenção aos desafios enfrentados pela CPLP, pela manutenção da centralidade da Cultura nas Politicas de Desenvolvimento dos países- membros, e da própria Comunidade. E chamar a atenção para a importância do cidadão comum brasileiro, e dos demais países membros (e interessados), acompanharem criticamente o posicionamento brasileiro

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diante da CPLP, já que a Política Externa de um país, assim como sua Política Econômica e Social, constitui a percepção que cada governo assume quanto aos interesses públicos que ele representa, e logo quanto à necessidade de Políticas Públicas efetivas. Por fim, citaremos algumas experiências emblemáticas dessa relação político-cultural do Brasil para a CPLP como: O Portfólio de Perfis de projetos da CPLP; A I e II Conferências da Língua Portuguesa da CPLP; o apoio brasileiro ao IILP; DOCTV CPLP e CPLP AV; e a partir dessas experiências, tangenciaremos com reflexões, quer contrapondo autores, entrevistados, publicações recentes da imprensa, e assim pretendemos desenvolver um olhar sobre a atuação político-cultural brasileira voltada para a CPLP.

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2.0) Contextualização: 2.1) A Transversalidade da Cultura na relação entre MinC e MRE

Avisa Gil, que o Brasil anda melhor com as pernas dele. E que trafega pelas veredas do norte como são fortes os sertões (OTTO, 2003).

Partimos do pressuposto, já defendido em outros estudos1, de que o governo Lula, entre 2003 e 2010, desenvolveu uma política de inserção brasileira no cenário internacional bastante distinto de períodos anteriores, marcado por um novo realismo diplomático, por um perfil de atuação multilateral, prioritariamente voltado para o eixo sul, o que também responde a modificações quanto ao papel do Estado no plano interno (CERVO, 2012). Ou seja, a estabilidade econômica e política no plano interno teria aumentado a credibilidade e reduzido as vulnerabilidades externas, o que trouxe subsídios para a mudança do posicionamento brasileiro no globo, com maior autonomia em relação às forças do mercado e do poder hegemônico. E a princípio, esse pragmatismo na atuação diplomática brasileira, nesse período, também se relacionava com uma maior organização setorial que na ocasião contribuiu com certo grau de estabilidade política no plano interno, a partir de uma melhor definição dos interesses nacionais (CERVO, BUENO, 2012). Ainda que quanto à organização setorial, os autores Cervo e Bueno, tenham feito referência mais objetivamente às federações de indústrias, banqueiros e operários, como exemplos, e não necessariamente às dinâmicas associadas à compreensão da Cultura como Direito. Nesse mesmo período, o Ministério da Cultura sob gestão do ministro e posteriormente Juca Ferreira, teria adotado um escopo de atuação que parte de uma definição objetiva de um conceito de cultura, dito antropológico, e pela busca em conferir ao Estado o papel ativo na formulação das Políticas Culturais, tendo a sociedade brasileira

1 Caminhos Trilhados, Horizontes Possíveis: Um Olhar Sobre a Diplomacia Cultural do Estado Brasileiro no período de 2003 a 2010, dissertação de Bruno do Vale Novais, apresentado ao Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade, IHAC/UFBA, em 2013. Além do capítulo Políticas Internacionais do Ministério da Cultura nos Governos Lula (2003 a 2010), de Bruno Novais e Juan Brizuela, na obra Políticas Culturais no Governo Lula, publicado pela EDUFBA, 2010. 17

como participante nesse processo, e também como o público beneficiário dessas políticas; o que de alguma forma representa uma ruptura com as tristes tradições reveladas na história das Políticas Culturais brasileiras, marcadas por seu caráter autoritário, elitista, tardio e descontínuo (RUBIM, 2007). Essa ampla demarcação que o conceito antropológico de cultura sugere dar conta, como usina de símbolos de um povo... Conjunto de signos de cada comunidade e de toda a nação... O sentido de nossos atos, a soma de nossos gestos, o senso de nossos jeitos, tal como proferido no discurso de posse de Gilberto Gil, por fim, seria relacionada com o alargamento da atuação internacional do Ministério da Cultura, que passa a contar inclusive com o capital simbólico da figura de um ministro-artista, com a força que a obra e trajetória de Gilberto Gil lhe conferem, e consequentemente à imagem do Brasil diante do mundo. Essa perspectiva de uma atuação internacional do Ministério já está claramente manifesta desde a gênese da referida gestão:

Juntamente com o Ministério das Relações Exteriores, temos de pensar, modelar e inserir a imagem do Brasil no mundo. Temos de nos posicionar estrategicamente no campo magnético do governo Lula, com sua ênfase na afirmação soberana do Brasil no cenário internacional. E, sobretudo, temos de saber que recado o Brasil enquanto exemplo de convivência de opostos de paciência com o diferente deve dar ao mundo, num mundo em que discursos ferozes e estandartes bélicos se ouriçam planetariamente. Sabemos que as guerras são movidas, quase sempre, por interesses econômicos. Mas não só. Elas se desenham também nas esferas da intolerância e do fanatismo. E aqui o Brasil tem lições a dar apesar do que querem dizer certos representantes de instituições internacionais e seus porta-vozes internos que, a fim de tentar expiar suas culpas raciais, esforçam-se para nos enquadrar numa moldura de hipocrisia e discórdia, compondo a nossa gente um retrato interessado e interesseiro, capaz de convencer apenas a eles mesmos. Sim: o Brasil tem lições a dar, no campo da paz e em outros, com as suas disposições permanentemente sincréticas e transculturativas. E não vamos abrir mão disso. (GIL, 2003).

Essa fala é reveladora quanto ao reconhecimento da importância da atuação internacional do MinC alinhada à do Ministério das 18

Relações Exteriores, com vistas ao modelamento e inserção de uma imagem do Brasil no Mundo - que corresponde a um exemplo de convivência de opostos, paciência com o diferente – e desde já associada a uma possibilidade de risco da deturpação na imagem internacional do Brasil, de alguma forma vinculada à questão racial; quando fala dos representantes de instituições internacionais que para tentar expiar suas culpas raciais esforçam-se para nos enquadrar numa moldura de hipocrisia e discórdia. Ainda que o ministro não tenha feito referência mais objetiva quanto à quais representantes, de quais instituições internacionais, e de que forma específica contribuiriam na projeção negativa da imagem do Brasil no mundo, há nessa fala o reconhecimento de que as relações étnico-raciais, ou a existência de uma culpa racial - do outro -, representa a possibilidade de um prejuízo a ser considerado pela atuação internacional do Brasil, diante da perspectiva das lições a dar no campo da paz e em outros, com as suas disposições permanentemente sincréticas e transculturativas. Portanto, esse pronunciamento, tal como formulado, pode ser lido como carregado do otimismo de uma primeira fala à frente do Ministério da Cultura, por um lado, e da representação simbólica de um novo momento na história não só das Políticas Culturais, como também de uma nova proposta de governo e de projeto de Desenvolvimento, que enfim assumia o poder no país; por outro lado, é importante considerar que essa ideia de um Brasil pacífico, transcultural, tolerante com a diferença, é questionável se não está mais associada ao modelo historicamente experimentado pelo Itamaraty na projeção internacional da imagem do Brasil - inclusive no exercício da Diplomacia Cultural - do que propriamente à realidade brasileira no plano interno. Em especial, se considerado o problema de como a desigualdade social alia-se às populações negras e revela o modelo de racismo - interpessoal e institucional – brasileiro, que tem como pressuposto uma ideia de democracia racial, fundamentada na apropriação do luso-tropicalismo, de Gilberto Freyre, pelo Estado, e consequentemente pelo Itamaraty (além de outros órgãos públicos). Mas apesar disso, também é fato que: sim, o Brasil tem lições a dar, tal como a experiência da atuação conjunta do MinC e MRE revelaria nos anos a seguir.

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A título de ilustração, vale lembrar a força das representações2 na imagem que percorre o mundo, do ministro-artista, Gil, se apresentando na ONU, no Dia Internacional da Paz3, em 2003, tendo ao seu lado, o Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, de Gana, como convidado para tocar um instrumento percussivo, o que remete à identidade e à comunicação tribal no continente africano. Ou ainda, a missão do governo Lula em uma série de países africanos - juntamente com Celso Amorim4, ministro das Relações Exteriores, e Gilberto Gil, ocorrida em 2005 - ocasião do simbólico pedido de perdão pela escravidão no Brasil, em um discurso do então presidente na porta do nunca mais, na Ilha de Goreé, no Senegal, de onde as pessoas escravizadas eram embarcadas nos navios negreiros. Dentre outros fatos que não convém esgotar aqui, e que, no entanto, sugerem a definição de uma nova cultura política no país, que respondia às expectativas do Movimento Negro, internamente, e que repercutiam no modelo de inserção internacional do Brasil - e que será tratado a seguir.

2.2) A língua portuguesa e aspectos culturais das relações Brasil- África Da mesma forma, na pesquisa: Caminhos Trilhados, Horizontes Possíveis: Um Olhar Sobre a Diplomacia Cultural do Estado Brasileiro, no

2 O termo representações faz referência ao pensador Roger Chartier, no texto “O Mundo como representação”, segundo o qual: não há prática ou estrutura que não seja produzida pelas representações contraditórias e em confronto, pelas quais os indivíduos e grupos dão sentido ao mundo que é deles (USP, 1991, p. 177). Além de fazer menção a Edward Said, que na obra “Orientalismo” (1978) conceitua representação como dimensão discursiva que produz ações e pensamentos, e cria subjetividades, e que elas não se impõem, antes perpassam mecanismos de mediação que tentam impor uma representação, mas essas são recebidas e negociadas por outras representações. 3 A Celebração ao Dia Internacional da Paz pela ONU, em 2003, tinha como contexto uma homenagem ao embaixador brasileiro Sérgio Vieira de Melo, morto num ataque terrorista às instalações da ONU em Bagdá, nesse mesmo ano. 4 foi Ministro das Relações Exteriores entre 2003 e 2010, considerado sensível a questões culturais, inclusive com experiência à frente da extinta Embrafilme, a qual dirigiu entre 1979 e 1982, quando foi demitido pelo governo militar de João Batista Figueiredo, por conta de uma polêmica gerada pelo filme “Pra frente, Brasil”, de , que retratava a tortura no regime militar. Curioso que o vice-presidente da Embrafilme, nessa ocasião, era o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães Neto, que futuramente, entre janeiro de 2003 e outubro de 2009, seria o Secretário Geral das Relações Exteriores, cargo da mais alta hierarquia no Itamaraty, vinculado diretamente ao gabinete do Chanceler, na ocasião, o parceiro de longas datas, Celso Amorim. 20

período de 2003 a 2010, o pesquisador Bruno do Vale Novais traça um panorama da Diplomacia Cultural5 brasileira, a partir da atuação internacional do MRE, MinC e MEC. Segundo Novais, a função principal do Departamento Cultural do Itamaraty seria divulgar a Cultura Brasileira no exterior, especialmente a língua portuguesa do Brasil, por meio da Educação, Cultura e Esporte. Nesse sentido, o Departamento Cultural do Itamaraty contaria com a Divisão de Promoção de Língua Portuguesa (DPLP) como atuação prioritária dentro desse órgão, cujo programa de maior envergadura se dá no campo da Educação, por meio da Rede Brasileira de Ensino no Exterior (RBEX). E, ainda, Novais menciona que a Diplomacia Cultural em nível multilateral não teria sido prioridade do Itamaraty entre 2003 e 2010, cuja atuação teria sido mais bilateral (57% dos projetos bilaterais, contra 43% multilaterais). E que apesar da diretriz do MRE, nesse período, ser a de fortalecer as relações Sul-Sul, dando ênfase particular às relações com o continente africano (MRE, 2010), a América do Sul ocupou o primeiro lugar no volume da atuação da Diplomacia Cultural; a Europa o segundo lugar, fato que o autor associa como um desdobramento do perfil da Diplomacia Cultural brasileira em períodos anteriores; e a África em terceiro lugar, apesar de estar no foco das relações internacionais brasileiras. E ao discriminar essas ações da Diplomacia Cultural por países, vale citar o lugar ocupado por Portugal, apesar da língua em comum - que aproxima o Brasil, inclusive dos países africanos de expressão portuguesa -, ocupou o quinquagésimo quinto lugar em volume de ações do Departamento Cultural do MRE, nesse ínterim. Esse estudo ainda menciona reflexões do analista de Relações Internacionais, Shiguenoli Miyamoto, segundo o qual, além de Cultura e Economia, variáveis centrais dos laços entre Brasil e CPLP, também

5 Para a definição de Diplomacia Cultural esse estudo menciona a obra: Diplomacia Cultural: Seu Papel Na Política Externa Brasileira, do embaixador Edgar Telles Ribeiro, pra quem: [... ] além de seus méritos intrínsecos, as relações culturais viabilizam com eficácia singular, outros tipos de objetivos dos Estados nos planos políticos, econômicos ou comerciais (2011, p. 25). E que o plano da Diplomacia Cultural incluiria ações como: a) intercâmbio de pessoas; b) promoção de arte e dos artistas; c) ensino de língua como veiculo de valores; d) distribuição integrada de material de divulgação; e) apoio a projetos de cooperação intelectual; f) apoio a projetos de cooperação técnica; g) integração e mutualidade na programação cultural dos países no exterior (RIBEIRO, 2011, apud NOVAIS, 2013).

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contariam como traço afim a dificuldade na aplicabilidade dos acordos. E que apesar da criação da CPLP, em 1996, criar perspectivas de Concertações Político-diplomáticas e de Cooperação Internacional, esse foro multilateral apresentaria mais perspectivas de vantagens culturais que econômicas e estratégicas. E que, nesse sentido, uma das dificuldades encontradas seria a inexistência da coincidência de interesses, o caráter individual dos países da CPLP, e que diante da possibilidade de um protagonismo brasileiro nesse foro, há o risco da interpretação de se tratar de uma forma de instrumentalização feita pela política externa brasileira... o uso de todos os recursos possíveis existentes... para atender a interesses que não seria possível obter individualmente (MIYAMOTO, 2009). E, ainda, menciona as demoras na concretização de projetos em parceria entre o Brasil e os PALOP; e discrimina o total de 365 ações de Diplomacia Cultural nas relações Brasil-África, entre 2003 e 2010, executadas prioritariamente pelo Departamento Cultural do MRE, e secundariamente pelo MEC e MinC; e que a Educação seria a área prioritária nas relações Brasil África via Diplomacia Cultural, com ações focadas no ensino da língua portuguesa. Por fim, o pesquisador Novais apresenta a ideia de um limite na atuação brasileira com os países de língua portuguesa, devido a essa concentração em ações de leitura, literatura e editoração, que não dão conta da diversidade das expressões artístico-culturais nesse espaço. Da mesma forma, o fato da Diplomacia Cultural do Brasil para a África estar focada na Cooperação Educacional, revela-se uma limitação quanto à possibilidade de cooperação para a gestão e formulação de Políticas Públicas para a Cultura. E apresenta como desafio a imbricação entre o MRE, MinC e o que denomina Sociedade Civil (que inclui artistas, produtores, empresários), para que a presença cultural do Brasil no exterior seja fruto da consolidação do campo cultural no plano interno. Nesse sentido, a planilha com o mapeamento das ações de Diplomacia Cultural efetivadas pelo Brasil, entre 2003-2010, do pesquisador Bruno Novais, nos foi generosamente cedida para que pudéssemos desenvolver um olhar mais específico do quantitativo e teor das ações de Diplomacia Cultural (do MRE, MEC e MinC) no governo Lula,

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voltadas para a África e para a CPLP. Dessa forma, chegamos aos seguintes dados, enquanto protótipos ou referências (segue a planilha nos anexos):

1) Em 2003, ocorreram 33 ações de Diplomacia Cultural brasileiras voltadas para o continente africano. Sendo 19 dessas ações voltadas para países africanos como um todo (09 dessas ações executadas no PEC-G); somadas a outras 14 ações voltadas para os PALOP (08 dessas ações do PEC-G).

2) Em 2004, ocorreram 27 ações para o continente africano: sendo 10 dessas ações voltadas para os demais países africanos (06 do PEC-G), além das 17 ações destinadas aos PALOP (07 dessas executas pelo PEC- G).

3) Em 2005 foram executadas 20 ações de Diplomacia Cultural para a África e países que integram a CPLP, sendo 08 ações realizadas em países africanos (06 delas do PEC-G), além de 12 ações específicas para países da CPLP (07 dessas pelo PEC-G).

4) Em 2006, com um total de 37 ações de Diplomacia Cultural, foram mapeadas 12 ações para o continente africano em geral (02 dessas pelo PEC-G), e 25 ações ocorridas no espaço da CPLP (07 dessas do PEC-G).

5) Em 2007 foram mapeadas o total de 18 ações de Diplomacia Cultural, sendo 04 ações realizadas em demais países da África, além das 14 ações em países da CPLP (nenhuma ação do PEC-G mapeada).

6) Em 2008, com um total de 60 ações, 11 ações voltaram-se para o continente africano como um todo (6 dessas do PEC-G), além das 49 ações ocorridas nos países membros da CPLP (10 dessas pelo PEC-G).

7) Em 2009, com o total de 91 ações de Diplomacia Cultural, houveram: 12 ações para o continente africano em geral (04 dessas pelo PEC-G), e 79 ações realizadas nos países da CPLP (11 dessas pelo PEC-G); incluindo o I Concurso Internacional de Monografias Lygia Fagundes

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Telles, realizado pela DPLP do MRE, iniciativa multilateral que envolveu a América do Sul e Europa.

8) E, por fim, em 2010, com o total de 128 ações para o continente africano, 46 ações votaram-se para a para África em geral (07 pelo PEC-G) e 82 ocorreram em países membros CPLP (11 dessas ações pelo PEC-G), incluindo ações de Difusão da Língua Portuguesa e Cultura Brasileira, na América do Sul e Ásia.

Obviamente esses dados não traduzem toda a realidade da atuação cultural internacional brasileira no governo lula, nem mesmo de sua Diplomacia Cultural, tal como assumido pelo pesquisador, ao circunscrever sua pesquisa a três ministérios e aos dados possíveis de levantar junto aos setores culturais de postos do Brasil no exterior, embaixadas, consulados, missões; além dos sites do MRE, MinC e MEC. No entanto, esses dados nos permitem identificar 414 ações de Diplomacia Cultural brasileiras voltadas para a África e demais países da CPLP, entre o ano de 2003 e 2010, além de outras ações de Difusão da Língua Portuguesa e da Cultura Brasileira de alcance multilateral. As ações de Diplomacia Cultural do Brasil realizadas nos ou a partir dos países da CPLP, nesse mesmo período, totalizaram 292 ações, o que revela a expressividade da atuação do Brasil especialmente voltada a esse organismo. E, ainda, das 414 ações voltadas para África e CPLP nesse período, 101 ações inserem-se no programa PEC-G. Sendo que as demais estiveram distribuídas em uma diversidade de possibilidades de ações. Mas a princípio constatamos que a Diplomacia Cultural no governo Lula da Silva para a África e CPLP foi fortemente voltada para a Difusão da Língua Portuguesa (livro, leitura, literatura), e para Educação, com destaque para o PEC-G; além da manutenção de Centros Culturais Brasileiros no exterior (Centro Cultural Brasil-Guiné Bissau, Brasil-Moçambique, Brasil-Cabo Verde, Brasil-África do Sul, Brasil-São Tomé e Príncipe), programas de ensino e certificação de proficiência em língua portuguesa, artes, patrimônio cultural, esportes, etc.

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2.3) Um encruzilhéu nos mares da CPLP: entre a Política Linguística, a Diplomacia Cultural e as Políticas Culturais Internacionais

Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu? Brincriações possíveis a partir da língua portuguesa, por , no artigo Perguntas à Língua Portuguesa, publicado no site ciberdúvidas, em 1997. No qual o escritor moçambicano provoca:

Defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe das certezas delas? Ponho as minhas irreticências. (COUTO, 97).

Ainda que tratemos da questão da lusofonia a seguir, esse texto de Mia Couto dá conta da dinâmica da língua portuguesa e sua relação com a cultura contemporânea, das transformações nas relações sociais, na constituição de valores e pensamentos na sociedade, que vêm ocorrendo a um ritmo cada vez mais intenso pós-fenômeno da globalização; o que naturalmente traz implicações sobre a linguagem, e consequentemente sobre a forma como as políticas do Estado devem lidar com a natureza líquida, fugidia, mutante, da língua. Segundo o linguista moçambicano, Gregório Firminino, no artigo os limites da lusofonia publicado no blog vento da lusofonia, em 2014:

O maior desafio para trabalhar a linguística em Moçambique, que se estende para fora da África é o de trabalhar sem preconceito. Muitas vezes os cientistas querem descobrir aquilo que já pensaram, que já descobriram, e não é bem assim. Penso do muito do que se faz na África tem esse defeito de já ter um pensamento pré-concebido. Da mesma forma como falamos em África. É errado. Devemos falar de Áfricas... As pessoas querem

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soluções gerais, a mesma fórmula que se aplica a tantos contextos. Mas a questão é olhar cada caso sem preconceito, e assumir que África é um continente; os países africanos sempre tiveram dinâmicas, não são produtos acabados. Nesse dinamismo, a interação com elementos crioulos, que surge do contato entre línguas e povos, sempre esteve presente – de forma positiva ou negativa. Antes de chegarem os colonos europeus, já havia colonização em África – dos árabes. Havia colonização intra-africana também – grupos que invadiram outros grupos, e ocuparam outros, mataram, etc. Sempre houve isso e isso sempre teve consequências sociais. As pessoas olham para a África como se ela tivesse só uma colonização, como se a história de Moçambique começasse quando os portugueses chegaram. Aquilo foi uma etapa – houve e vai haver outras. (FIRMINO, 2014).

Nesse sentido, as perspectivas supracitadas, do escritor e do linguista moçambicanos, são complementares, e revelam a complexidade de olharmos para a dinâmica da língua a partir do funcionamento do Estado, sendo que a realidade linguística quer em Moçambique, ou em outros países africanos, é tremendamente diversa. Portanto, quando atentamos para as Políticas de Difusão da Língua Portuguesa, ou de Promoção da Cultura Brasileira no exterior, é preciso partir do pressuposto da Diversidade Cultural nos países de expressão portuguesa, e nesse aspecto, o fato colonial e suas marcas não podem ser subestimadas. Outra questão que desponta nessa encruzilhada, é que boa parte da atuação cultural internacional do Brasil voltada para a CPLP, tal como demonstrado anteriormente, são ações inscritas dentro de uma lógica definida como Diplomacia Cultural. Nesse sentido, recorremos ao artigo que acreditamos sintetizou a perspectiva conceitual afim a essa pesquisa. Publicado por um dos nossos entrevistados, o diplomata Paulo André Moraes de Lima: Espartanos, mutantes e excluídos – um ensaio sobre cultura e relações internacionais (Revista Juca – Instituto Rio Branco/MRE, 2009); no qual, o autor revela que essa vinculação entre Cultura e Relações Internacionais encontra-se associada à ideia de Diplomacia Cultural, e é entendida como uma ferramenta a ser utilizada pelos Estados em sua Política Externa. E menciona que em uma vertente teórica mais elaborada, a Diplomacia Cultural aparece como uma das

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modalidades do poder que os Estados procuram projetar na arena internacional: o Soft Power, que busca influenciar o comportamento dos atores externos e a conformação da agenda internacional pela atração dos valores e das ideias transmitidas, entre outros, pelas expressões culturais (NYE, 2002). Para o diplomata, em uma perspectiva menos realista e unilateral, a Diplomacia Cultural é vista como um instrumento capaz de fomentar a paz e as relações harmoniosas entre os Estados, por meio da promoção do conhecimento mútuo e do intercambio de manifestações e agentes culturais, seja na esfera bilateral, seja no nível mais abrangente dos organismos multilaterais. Consideramos que André Lima foi bastante preciso ao sintetizar que para a Diplomacia Cultural a articulação entre Cultura e Relações Internacionais aparece como exterior tanto à Cultura quanto as Relações Internacionais. Ou seja, para o autor, o entendimento do que pode ser abarcado pela ideia de Cultura permanece relativamente limitado a uma combinação, em proporções variadas, de bens e expressões da criatividade humana oriundos do campo das artes, das formas industriais de produção de entretenimento e das tradições populares. E a cultura assim compreendida encontra-se, no que se refere a sua vinculação com as Relações Internacionais, subordinada a algo estranho à sua dinâmica própria: a Politica Externa dos Estados que, por sua vez, se limita a fazer uso dos recursos e possibilidades que a cultura lhes oferece para a realização de seus interesses, definidos numa esfera no qual os agentes culturais estão, de um modo geral, ausentes. E prossegue afirmativamente:

Sem eliminar ou substituir a noção da diplomacia cultural, o surgimento nas ultimas décadas, e a proliferação, mais recente, de diversas questões relacionadas com a cultura na agenda internacional refletem e apontam para a constituição de um campo no qual a vinculação entre cultura e relações internacionais ganha novas dimensões e torna-se, ela mesma, “problemática” e objeto de uma discursividade própria e de um conjunto de práticas, mecanismos e instituições. (...) A agenda internacional será, ela também, “contaminada” por preocupações de ordem cultural. O desenvolvimento da noção da natureza “específica” dos bens e serviços culturais, que asseguraria

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à cultura um local diferenciado nas relações comerciais; a discussão sobre a relação entre os conhecimentos tradicionais e os regimes de propriedade intelectual; a ideia de um necessário equilíbrio entre a promoção do direito de acesso à cultura e a proteção dos direitos de autor; o espaço concedido, dentro das políticas e programas de desenvolvimento, às “indústrias criativas”; a construção de democracias “multiculturais”, com base na compatibilização entre “liberdade cultural”, entendida como ampliação das possibilidades de escolha de modos de vida pelos indivíduos, e a preservação das tradições religiosas e culturais: proliferam os pontos nos quais a transversalidade da cultura, inerente à sua afirmação como campo autônomo dentro da agenda internacional, encontra limites que procura ultrapassar. (...) Restaria refletir, ainda, em que medida uma noção ampliada da cultura abre também caminho para a formação de uma dimensão conceitual (mas com implicações concretas em termos de formulação de políticas) que identifica a cultura como uma categoria essencial para a compreensão da dinâmica das relações internacionais, segundo a qual as diferenças culturais teriam um papel fundador nas interações entre os povos e os Estados (LIMA, 2009).

Acreditamos que o diplomata Paulo André Moraes, nesse artigo, demonstra a fragilidade de se assumir o conceito de Diplomacia Cultural, por sua restrição diante do lugar que a Cultura passa a ocupar efetivamente na agenda internacional. Para o autor, a Cultura transborda e invade para áreas que não lhe eram habituais, e hoje passa a se fazer necessário considerar o papel central da Cultura na formulação de uma variedade de Políticas Públicas; e que essa transição não se daria sem tensões, ou naturalmente. E defende que a transversalização da Cultura implica, em primeiro lugar, a incorporação de temas e preocupações culturais pelas demais áreas de atuação do Estado. Como afirmam as diretrizes gerais do Plano Nacional de Cultura6 brasileiro, conjugar políticas

6 “PNC - Ministério da Cultura, Plano Nacional de Cultura – Diretrizes Gerais. Brasília, 2007.p. 29. A Constituição Federal brasileira de 1988 inclui, em sua seção relativa à ordem social, dois artigos sobre a cultura, que atribuem ao Estado a responsabilidade de garantir o “pleno exercício dos diretos culturais e acesso às fontes da cultura nacional” e define como patrimônio cultural brasileiro, entre outros, os “modos do criar, fazer e viver”. A aprovação da Emenda Constitucional Nº 48, em agosto de 2005, cria o Plano Nacional de Cultura (PNC), que tem como base conceitual uma compreensão da cultura em suas dimensões simbólica, cidadã e econômica, e define o papel do Estado como indutor, fomentador e regulador das atividades, serviços e bens culturais. Constata-se assim, no caso brasileiro, o progressivo aprofundamento da aplicação, às políticas públicas, do conceito ampliado de cultura”. (LIMA, 2009) 28

públicas de cultura com as demais áreas de atuação governamental é fator imprescindível para a viabilização de um novo projeto de desenvolvimento para o país. E, por fim, deixa em aberto a questão sobre em que medida uma noção ampliada de Cultura pode ter implicações concretas nas relações entre os povos e Estados, em suas diversidades culturais. Portanto, categoricamente, para Moraes, a Diplomacia Cultural implica uma visão culturalista das Relações Internacionais, levada ao extremo, ao subordinar o exercício do politico ao reconhecimento das diferenças culturais e de sua irredutibilidade. E, ainda, menciona que a vinculação estreita entre cultura e identidade ameaça, nesses discursos, enredar a cultura na teia de sua própria diversidade. Pois, quer se pretenda negá-lo, quer se deseje afirmá- lo e promovê-lo, o direito à diferença assim concebida constitui-se a partir de uma lógica identitária que, ao buscar a coesão pela uniformidade ou pela regulação das diferenças, tende a fechar as culturas em seus próprios sistemas e critérios de pertencimento e exclusão. E mais do que isso, aprisiona a própria noção de cultura, privilegiando a definição do que pode ou merece ser considerado cultura em relação à pluralidade e à heterogeneidade das práticas culturais. Assim, esse artigo assume o lugar de uma evocação quanto à diversidade de possibilidades de reflexões sobre o campo da cultura, que conduzam a discursos e práticas não obrigatoriamente associados à identidade, tal como aborda o autor:

Formas de problematização que, sem ignorar os processos assimétricos de interação cultural, sejam capazes de propor modelos alternativos de convívio entre as culturas. E substituam a lógica de uma identidade excludente, que separa claramente quem e o que somos do que e de quem não somos, espartanos ou persas, mutantes ou humanos, pela afirmação de uma ética da singularidade inclusiva, na tradição de uma antropofagia tropicalista que nos é familiar: ao incorporar, aos nossos modos de ser e de nos expressar, formas, sons, gestos, sabores, práticas e sentidos que vem do outro mas, no fundo, não pertencem a ninguém (LIMA, 2009).

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Portanto, se ficou claro as razões pelas quais o autor revela a fragilidade e limitação de uma atuação internacional circunscrita a noção de Diplomacia Cultural, ou mesmo de Soft Power, questionamos qual o conceito valeria assumir, tendo em perspectiva a atuação cultural internacional do Estado? Nesse sentido, Lima traz a abordagem que desde o final da década de 60 origina-se um extenso processo de reuniões internacionais sobre a relação entre Cultura e Desenvolvimento no sistema ONU, que em 82 seria coroada com a Declaração do México sobre as Políticas Culturais, adotada pela Conferencia Mundial sobre Politicas Culturais, a MONDIACULT. E afirma que, celebrada na Cidade do México, essa declaração oferece um mapa abrangente e ainda atual do espaço no qual a Cultura e Relações Internacionais tem-se relacionado. E apresenta uma definição de Cultura que será retomada por todos os documentos oficiais adotados no âmbito da UNESCO a partir de então:

Em seu sentido mais amplo, a cultura pode ser agora entendida como o complexo integral de distintos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam uma sociedade ou grupo social. Ela inclui não apenas as artes e as letras, mas também modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, sistemas de valores, tradições, crenças (UNESCO).

E, por fim, reafirma que no contexto da Declaração do México, a concepção mais restrita de cultura (como conjunto de manifestações vinculadas às artes e à expressão da criatividade humana) é redimensionada em um contexto mais abrangente ao reconhecer a necessidade e legitimidade de Politicas Públicas que tenham essas manifestações como objeto – introduz a dimensão da Cultura nos debates e práticas internacionais da governabilidade. Ou seja, Lima considera que as manifestações culturais, em seu sentido estrito, condensam e cristalizam a essência dos valores, tradições e crenças de cada cultura, tomada em sua acepção antropológica ampliada. E tornam-se veículos privilegiados das diferentes identidades culturais que formam o todo da

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raça humana. Não são mais a cereja do bolo ou um mero instrumento de atração ou sedução, mas traduzem a própria essência da cultura e necessitam ser preservadas e promovidas. Nos termos adotados pela MONDIACULT, fazem-se necessários Politicas Culturais que protejam, estimulem, enriqueçam a Identidade Cultural e o Patrimônio Natural de cada povo, e estabeleçam o respeito absoluto e a apreciação das Minorias culturais e as outras culturas do mundo. Além disso, qualquer Politica Cultural deve restaurar o significado profundo e humano do Desenvolvimento. Uma Politica Cultural democrática deve prover o gozo da excelência artística por todas as comunidades e pela população inteira. E, por fim, defende que os debates em torno da negociação e da implementação da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade Cultural, que afirma o Direito soberano dos Estados de formular e implementar suas Politicas Culturais, constituem o desdobramento mais recente dessa dinâmica.

A trajetória que vai da MONDIACULT à Convenção da Diversidade Cultural traduz, no campo da cultura, um fenômeno que acompanha o crescimento das organizações internacionais nas últimas décadas: a identificação de diretrizes, padrões e limites a serem levados em conta e respeitados pelos Estados quando, no plano interno, elaboram e implementam suas políticas públicas. Trata-se de um fenômeno que se manifesta, naturalmente, por meio de instrumentos normativos e de declarações políticas negociados pelos Estados e que traduzem, nesse sentido, consensos e denominadores comuns obtidos ao longo dos processos negociadores. Entretanto, paralelamente à dinâmica interestatal, desenvolver-se-á, em torno dos organismos internacionais, todo um corpo de saberes e práticas que manterá, com o exercício político da diplomacia, relações de diálogo, complementaridade e tensão (LIMA, 2009).

Nesse sentido, para efeitos dessa pesquisa, nos identificamos, e complementamos essa abordagem, com o conceito de Políticas Culturais assumido por Nestor Garcia Canclini:

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O conjunto de intervenções realizadas pelo Estado, as instituições civis e os grupos comunitários organizados a fim de orientar o desenvolvimento simbólico, satisfazer as necessidades culturais da população e obter consenso para um tipo de ordem ou transformação social. Mas essa maneira de caracterizar as políticas culturais necessita ser ampliado tendo em conta o caráter transnacional dos processos simbólicos e materiais na atualidade. (CANCLINI, 2005).

A princípio, esse conceito de Políticas Culturais traz fundamento a essa proposta de pesquisa por diferentes razões: ao definir uma variedade de atores no campo das Políticas Culturais, o que dá margem a possibilidades de arranjos que envolvam: Estado, instituições civis e grupos comunitários organizados; por relacionar desenvolvimento simbólico, necessidades culturais da população e consenso para um tipo de ordem ou transformação social, o que pressupõe um caráter não necessariamente utilitário das Políticas Culturais, e que por meio do exercício da Cidadania e da Democracia, a sociedade definiria o que seriam suas necessidades culturais, e como essas se relacionam com o Bem Estar coletivo, ou ordem social. E, por fim, essa abrangência conceitual é amarrada com a sistematização de atores, recursos e metas, e vinculada ao caráter transnacional dos processos simbólicos e materiais na atualidade, o que cimenta as Políticas Culturais ao fenômeno contemporâneo da globalização. Da mesma forma, o professor Albino Rubim defende que falar em Políticas Culturais implica em intervenções conjuntas e sistemáticas: atores coletivos e metas; e que seu caráter transnacional, desconsiderado no século XIX, é vital no mundo atual.

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2.4) Histórico da triangulação diplomática: Brasil-África-Portugal (década de 60 à 90)

No artigo Brasil, África, Portugal: da política externa independente à CPLP, publicado na revista Leviathan, em 2005, o pesquisador Claudio Oliveira Ribeiro traça um esboço das relações diplomáticas do Brasil com a África e Portugal, e assim, foca o desenvolvimento da Política Externa Brasileira desde a década de sessenta até a de noventa, procurando investigar o posicionamento do Estado brasileiro diante dos processos de constituição e evolução da CPLP - com relevância para a triangulação diplomática estabelecida entre Brasil, África Portuguesa e Portugal. Para esse autor, a triangulação hoje institucionalizada pela CPLP possui raízes históricas que remontam ao passado colonial de intensas trocas estabelecidas entre Portugal, Brasil e África. Estas raízes são identificadas tanto na composição racial quanto nas composições cultural e política do Brasil, através do grande contingente populacional e pela herança cultural e institucional herdada de Portugal e da África. E aborda que:

No que tange às relações diplomáticas propriamente ditas, entre o período que vai do processo de independência à primeira metade do século XX, a temática africana revela- se ainda tímida na esfera governamental brasileira. Sua aparição realizava apenas em função do interesse brasileiro pelo norte da África, onde o país, desde 1861 mantinha instalado um consulado. A timidez das relações do Brasil com a África está associada à prioridade dos problemas de fronteira na agenda externa do país após a conquista da independência, quando os interesses brasileiros se deslocaram, com nitidez, do Oceano Atlântico para a Bacia do Prata e a política externa se regionaliza. Como resultado, o Brasil passa concentrar sua atenção no campo da política exterior no processo de fixação de fronteiras, atendo-se ao princípio da intangibilidade das fronteiras ao tempo colonial, principio que anos mais tarde, já em nosso século, a Organização da Unidade Africana, em sua carta de maio de 1963, adota (RIBEIRO, 2005).

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Esse mesmo autor afirma que a percepção de que a triangulação entre Brasil, Portugal e África portuguesa poderia representar uma dimensão privilegiada para a Política Externa brasileira, teria emergido de forma emblemática na década de 1960, com a Política Externa Independente, inaugurada pelo governo Jânio Quadros e prosseguida por João Goulart. Respaldada por debates acadêmicos que já se realizavam durante o governo Juscelino Kubitschek, protagonizados por intelectuais como Gilberto Freyre, na defesa de uma comunidade luso-tropical. Naquele período, entretanto, a adesão do Brasil ao Tratado de Amizade e Consulta obscurecia a temática africana e relegava à esfera das questões lusitanas. Para Ribeiro, a dimensão africana da Politica Externa brasileira surge de forma progressiva e substancialmente associada a um discurso terceiro- mundista, que contrabalançava as relações do país com os EUA e opunha- se as limitações impostas pela clivagem Leste-Oeste da Guerra Fria. E considera que o Brasil passa a identificar no continente africano, possibilidades de arranjos diplomáticos capazes de lhe proporcionar um posicionamento diferenciado no cenário internacional, a partir do processo de descolonização que se realizava no mundo afro-asiático. E, dessa forma, apropria-se do pensamento de Amado Luiz Cervo, segundo o qual, o nascimento da política africana do Brasil, na década de 60, não aconteceu sem consistência e sem cálculos estratégicos; ela se tornou um capítulo importante na busca brasileira por novos parceiros políticos e econômicos internacionais e serviu para a busca de maior autonomia no espaço das relações internacionais da época. No entanto, a prevalência das relações especiais do Brasil com Portugal dificultava a implantação de uma política de efetivo apoio aos territórios africanos em processo de independência. Para corroborar tal argumento, cita o trabalho de Leticia Pinheiro, segundo a qual ainda se encontrava atrelada à retórica de laços tradicionais de amizade à nação portuguesa, baseados na condição de ex- colônia e na herança cultural lusitana. Os deveres e a gratidão para com a ex-metrópole implicavam uma constante reafirmação dos vínculos e impediam a tomada de decisão que ferissem determinados propósitos do governo português.

No entanto, segundo Ribeiro, esse perfil da atuação internacional brasileira começa a mudar a partir da década de 1970, com o advento da Revolução dos Cravos (em 1974), e a independência das colônias portuguesas (1974-1975), quando as ações do Brasil para África passaram a evoluir mais consideravelmente em favor da autonomia dos novos Estados e da consolidação de relações amistosas e equânimes

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destes com Lisboa (SANTOS, 2001). E que a partir desta década, Portugal dá início ao processo de redefinição de seu papel nas relações internacionais, deslocando-se de seu relativo isolamento internacional para o processo de integração na Comunidade Econômica Europeia, que se concretiza em 1985. E atenta para o fato histórico representativo de que as colônias portuguesas, foco principal da Política Externa brasileira no continente africano, foram as últimas a alcançar independência no processo de descolonização. Através de uma política de repressão aos movimentos de libertação, Portugal prorrogou a liquidação de seu império até 1974, quando Guiné-Bissau obteve sua independência. Na sequência, Moçambique, Angola, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe, tornaram-se territórios autônomos. E prossegue na análise que neste período, sob os governos militares Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e, principalmente, Ernesto Geisel (1974-1979), as relações do Brasil com as colônias portuguesas da África registram um substancial aprofundamento. Por meio da denominada política do pragmatismo responsável, o Brasil torna-se parceiro privilegiado de países africanos, em especial a Nigéria, de quem compra petróleo, países da África Austral e as ex-colônias portuguesas (SANTOS, 2001). E cita, ainda, o pensamento de Amado Luiz Cervo, que identifica que consoante à crescente complexidade do próprio Sistema Internacional, as ações da Diplomacia brasileira tornavam-se orientadas pela percepção de que a África passava a ter uma relevância extraordinária. Politicamente, o continente africano era uma fonte potencial de apoio para demandas comuns no diálogo Norte-Sul, nas nações Unidas e em outros órgãos multilaterais.

Dessa forma, Ribeiro analisa que após ter experimentado seu apogeu nos anos 1970-80, o interesse brasileiro pelo continente africano no início da década de 1990 encontrava-se em constante e notório declínio. E cita, novamente, Cervo, que afirma que a crise econômica na África nesse início de década é ainda mais profunda que aquela que assola a América Latina. Os mercados africanos são cada vez mais reduzidos. Assim, os níveis de comércio do Brasil com a África negra retornam aos das décadas de 1950 e 1960. No início da década de 1990, o comércio do

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Brasil com a África não chegam a 2% das relações comerciais do país, após ter alcançado níveis em torno dos 10% no início da década anterior.

A partir dessa perspectiva histórica Ribeiro contextualiza o surgimento e o desenvolvimento da CPLP, relacionada a esse ciclo de retraimento das relações comerciais do Brasil com os países africanos. Ou seja, o contexto atlântico apresentava-se menos relevante para a inserção internacional do país, e assim, nos termos de Sombra Saraiva, ficavam para trás anos de ativa cooperação mútua e empreendimentos comuns sustentados na determinação do Estado brasileiro em desenvolver projetos econômicos para a África, e diversificar os parceiros do comércio internacional do país. Riberio ainda considera que esses retraimentos estão ligados não apenas à lógica das relações comerciais, mas às dificuldades de leitura do processo decisório nacional sobre os constrangimentos internacionais que empurraram o continente africano para uma inserção recentemente marginalizada no ambiente da globalização. E que, por fim, denotam, igualmente, o processo de reorientação em que ingressa a diplomacia brasileira, frente ao cenário internacional das décadas de 1980-90, marcada pelo fim da polarização estabelecida por EUA-URSS e pela imposição de um sistema internacional de caráter transitório imprevisível. E assim, conclui que a participação brasileira na CPLP, demonstra que apesar da aparente fragilidade do relacionamento comercial afro-brasileiro, o continente africano, bem como Portugal, ainda detinha uma posição privilegiada para a Política Externa brasileira, nesse período. E que dentro desse processo de redefinição, tanto a África portuguesa como Portugal apresentam-se como alternativas significantes e estratégicas para a Diplomacia brasileira.

2.5) O surgimento da CPLP

Para Ribeiro, será no final do governo José Sarney (1985-1989) e durante o de Itamar Franco (1992-1994) que o projeto para a constituição da CPLP irá adquirir contornos mais concretos. Uma das principais figuras desse processo teria sido o Ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, que realizara viagens aos países de língua portuguesa no esforço para a

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formação da comunidade. Durante este período, contribuiu de forma significativa para a constituição da CPLP a primeira Reunião de Chefes de Estado e de Governo dos países de língua portuguesa em São Luís do Maranhão, em 1989. Nesta ocasião, o presidente José Sarney anuncia a Comunidade e constitui-se o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP). Com sede na Cidade da Praia, em Cabo Verde, o IILP é considerado o primeiro instrumento institucional da CPLP. O avanço mais efetivo, porém, ocorre em 1993, no governo Itamar Franco, que torna a constituição da CPLP uma prioridade, atribuindo a José Aparecido de Oliveira o cargo de embaixador do Brasil em Portugal com a missão de concretizar a CPLP.

Evento fundamental para a constituição da CPLP, ainda na perspectiva de Ribeiro, deu-se em fevereiro de 1994, em Brasília, com a Reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores dos sete países. Nesta ocasião, foi decidido recomendar aos respectivos governos a realização de uma Conferência de Chefes de Estado e de Governo para fundar a CPLP. Paralelamente, foi constituído o Grupo de Concertação Permanente, com sede em Lisboa. Este grupo, composto dos embaixadores dos países membros, teve por objetivo a elaboração dos documentos constitutivos da futura comunidade, bem como a organização da Conferência. Marcada para junho de 1994, a conferência para a fundação da CPLP acabou sendo realizada em 1996, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que incorporou a proposta de criação. Apesar de até a década de 1990 a CPLP não ser um projeto prioritário do Itamaraty, estando mais ligada às figuras de José Sarney e Itamar Franco, o novo governo deu prosseguimento ao seu desenvolvimento e constituição. O ex-presidente Itamar Franco seria nomeado embaixador em Lisboa, ocupando o cargo até a formalização da CPLP em 1996 (quando se transferiu para a OEA, em Washington).

2.6) Os pilares da CPLP

O artigo 1 dos Estatutos da CPLP, por consenso dos países membros, atribui-lhe a designação de foro multilateral privilegiado para o

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aprofundamento da amizade mútua, da concertação político-diplomática e da cooperação entre seus membros, assinala Ribeiro (2005). Mas, apesar da conceituação vaga e imprecisa, a concepção e institucionalização da CPLP exprimem um ato de vontade dos então sete países independentes na construção de uma organização multilateral, à semelhança da Commonwealth e da Francofonia - a esta última estão ligados Guiné- Bissau (1986), Cabo-Verde (1996) e São Tomé e Príncipe (1995). No entanto, as dúvidas em torno do projeto continuam a ser os objetivos próprios da CPLP. E questiona: qual o conteúdo e finalidades da instituição projetada? No artigo 3 dos Estatutos da CPLP três pontos focais dão substância à definição e ao objetivo: a) a Concertação Político-diplomática entre os seus Membros em matéria de Relações Internacionais, nomeadamente para reforço da sua presença nos fóruns internacionais; b) a Cooperação, particularmente nos domínios Econômico, Social, Cultural, Jurídico e Técnico Científico; c) a materialização de projetos de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa.

Apesar do tempo de constituição, para Ribeiro, a CPLP ainda encerra uma série de duvidas quanto ao seu real significado (com a ressalva de que o artigo foi publicado em 2005, e portanto, não considera avanços recentes nesse sentido). Para além da valorização e preservação dos laços étnicos e histórico-culturais, qual o propósito desse projeto multilateral que envolve Estados de economia e bases industriais relevantes (Portugal e Brasil) com países da África portuguesa e mais recentemente também da Ásia (Timor Leste)? A princípio, para esse autor poderia-se cogitar que o objetivo básico seria o desenvolvimento de projetos comuns, sobretudo os de âmbito culturais, consoante à harmonização da postura internacional dos países membros. Contudo, não haveria uma definição clara acerca dos custos deste exercício multilateral, comparativamente elevados para os países africanos e para o Timor Leste. Como resultado, os países africanos tem esboçado preocupação pela ausência de conteúdo político e econômico nas formulações e práticas da CPLP. E, assim, cita Sombra Saraiva, que identifica que os PALOP nutrem certa esperança com as possibilidades que um novo diálogo Sul-Sul

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poderia representar para seus projetos de Desenvolvimento. E que assim, desejariam enfatizar a dimensão da Cooperação Técnica, Cientifica e Tecnológica da CPLP bem como a vertente da Concertação Político- diplomática. Tal pensamento alinha-se ao de , segundo o qual os países africanos membros da Comunidade atuam nesse foro com sobressaltos de adolescência, querendo afirmar-se quando é desnecessário e emprestando à comunidade um utilitarismo que essa não pode assumir por falta de meios equivalentes a outras congéneres (LOPES, 2003).

Mas retomando a questão do aparato jurídico que instrui os objetivos e finalidades da CPLP, para Cláudio Oliveira Ribeiro (2005) o estatuto da CPLP a constitui enquanto foro, ou um espaço que pode servir para intercâmbios e trocas de opinião e de experiência, mas não implica necessariamente uma dimensão política e regimental firme. Já para Carlos Lopes (2003), aprofundar a amizade é algo um pouco mais emotivo que racional. Amizade entre países é uma formulação diplomática desprovida de qualquer especificidade. No entanto, ao ser considerado privilegiado, espera-se algo mais, que pode ser traduzido apenas num desejo não corroborado com nenhum arranjo preconcebido. Nada nos estatutos ou na postura da criação da CPLP deixa transparecer como poderia ser lido tal hipotético desejo. Quanto à Concertação Político-diplomática, para Lopes, trata-se de algo técnico e preciso, que na realidade pode ser feito por um grupo de países com interesses comuns. E a CPLP teria conseguido essa Concertação em momentos importantes para os seus membros, embora também seja verdade que a descontinuidade geográfica da comunidade tem sido um fator mais centrípeto que centrífugo.

Quanto à finalidade da Cooperação entre os membros, para Lopes, por razões óbvias, ela tem de (e deve) ser desequilibrada, no sentido em que os que têm mais devem apoiar os que têm menos. No caso concreto da Comunidade, o índice de desenvolvimento de Portugal e o tamanho do Brasil são fatores de monta para que os dois ofereçam muito mais que os demais reunidos. No entanto, esse artigo sugere que o veredicto nem sempre mostrou essa certeza. E conclui que a CPLP tem 39

sido marcada pelo mito fundador, como o são todas as instituições e países.

Já para a pesquisadora, Irene Gala, no artigo os pilares de atuação da CPLP e os interesses do Brasil (2002), além da Concertação Político-diplomática e a Cooperação, a autora cita o artigo 5 do estatuto da CPLP, e chama atenção para um terceiro pilar, que seria a Promoção e Difusão da Língua Portuguesa. Nesse sentido, menciona que no plano político, ou da Concertação Político-diplomática, os interesses brasileiros estão associados ao empenho do governo em garantir uma presença qualificada na nova arquitetura internacional, em particular nos foros onde são discutidos os grandes temas globais de interesse do Brasil. Tal empenho requer o planejamento e a execução de uma Diplomacia que se oriente por distintos vetores. Um desses vetores, sem dúvida, são os países de língua portuguesa e a CPLP. A autora argumenta que o diálogo mais estreito propiciado pela CPLP, em seus múltiplos níveis, envolvendo um número francamente crescente de interlocutores, em variados campos, cria ambiente mais acolhedor à presença do Brasil e dos brasileiros nesses países. Para a diplomata, pode igualmente redundar, como aconteceu no período de transição para o século XXI, no fortalecimento da posição negociadora dos países do Hemisfério Sul, onde o Brasil assumiu um papel destacado, inclusive em função da complexidade de seus interesses. Mas, sobretudo, esse diálogo garantiu ao Brasil muitos votos para os inúmeros cargos para os quais o Brasil apresentava candidatos no sistema da ONU. Já o segundo pilar, no campo da Cooperação, associadas às perspectivas para uma presença mutuamente vantajosa do Brasil nesses países, estão os interesses brasileiros em prestar Cooperação aos países em Desenvolvimento, e no caso, em particular, aos países de língua oficial portuguesa, mediante a transferência de tecnologias adaptadas às condições geográficas, climáticas, e, sobretudo, socioeconômicas desses países. Para a autora, quando publica seu artigo, em 2002, os países de língua portuguesa constituíam-se os principais beneficiários da Cooperação Técnica Internacional brasileira. O que revela, por um lado, a prioridade política do Governo brasileiro e, por outro, reflete a disposição para a

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extroversão dos agentes da Cooperação Técnica brasileira, bem como da Sociedade Civil e dos agentes políticos nacionais. Para Gala, entre esses agentes poderia ser observada uma natural vocação para explorar as possibilidades da Cooperação Internacional em língua portuguesa. Essa nova modalidade de atuação internacional estaria ampliando a experiência dos agentes nacionais, ao mesmo tempo em que os qualifica para novas participações em projetos internacionais, não mais apenas como recebedores, mas sim como prestadores de Cooperação. Assim, os técnicos brasileiros estariam aprendendo, em português, como atuar no papel de agentes de Desenvolvimento em outros contextos, exportando a tecnologia e experiência desenvolvidas no Brasil. E conclui que, os países de língua portuguesa passaram a servir, dessa forma, como experiência relevante para a internacionalização das instituições brasileiras. Quanto ao terceiro e último dos pilares, o da Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, para Gala, remeteria a mais recente introdução da língua portuguesa como instrumento de Política Externa brasileira, bem como o reconhecimento da língua como Patrimônio nacional e produto de exportação. Ambos os fatos estão diretamente vinculados à promoção dos objetivos da CPLP que foram inequivocamente incorporados à noção de interesse nacional brasileiro. A língua portuguesa, desde a criação da CPLP, passou a ser um vetor da Política Externa brasileira. E, por fim, analisa que a participação brasileira na CPLP tem levado as autoridades e a sociedade brasileiras a se depararem com a necessidade de definir uma política coordenada com vistas à difusão internacional da língua portuguesa, que é patrimônio nacional, mas também patrimônio comum de toda a CPLP e dos povos que falam português espalhadas pelo mundo. E, ainda, cita que desde a criação da CPLP, o português já se tornou língua de trabalho em algumas organizações internacionais, entre as quais a OMPI e a UNESCO. Para Gala, há uma demanda crescente, mas que pode ainda ser estimulada pelo ensino do português no exterior. No campo das Tecnologias da Informação, a garantia da expansão do uso do português na internet e nos meios virtuais de comunicação oferece mais opções e oportunidades aos cidadãos brasileiros. Enfim, a língua portuguesa passa a ser um produto de exportação que deve acompanhar a

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expansão da presença política, empresarial e econômica brasileira. O que consideramos revela-se uma perspectiva bastante funcionalista da cultura da língua portuguesa, tal como criticado anteriormente, por sujeitá-la à lógica dos interesses do Estado.

2.7) Politica Externa brasileira para a África e CPLP - nos governos FHC e Lula

Segundo Shiguenoli Miyamoto, no artigo O Brasil e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, publicado na Revista Brasileira de Politica Internacional, em 2009, o presidente FHC, que ocupara a Chancelaria no governo Itamar Franco no começo da década de 90, tinha uma percepção bastante precisa do contexto internacional. Assim dizia o que entendia pelo mundo em construção, o novo mundo globalizado, interdependente, mas também muito competitivo. E, certamente, para o presidente Cardoso, os países em Desenvolvimento capazes de oporem-se aos grandes eram do porte da Índia, África do Sul, China. É o que depois seria chamado de parcerias seletivas, nas quais, estariam excluídos países com pouca expressão ou nenhuma capacidade de agregar competências para transformar o mundo, ou de atender as necessidades da Política Externa brasileira em termos de projeção de poder. Nesse sentido, Miyamoto argumenta que as nações de língua portuguesa obviamente não se enquadravam dentro das prioridades brasileiras, e que pudessem auxiliar na inserção mais favorável do país no mundo. E considera que nada de estranho que assim tivesse se comportado a Política Externa brasileira. Em uma conjuntura completamente distinta daquela que marcara o mundo durante quase quatro gerações, o governo entendeu que devia fazer opções para enfrentar tal quadro. Miyamoto considera que nesse novo mundo que emergia, e onde se percebia que poderia haver espaços para países como o Brasil e outros, vistos como potências emergentes, partia-se do claro entendimento de que, nesse contexto multilateral e competitivo, apenas poucos seriam chamados a jogar papel de maior relevo. Nessa análise, ao Brasil pouco representava vínculos mais estreitos, com fortes investimentos, cujos resultados não pudessem auxiliar em sua trajetória

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ascendente. O que se assemelha, para o autor, ao comportamento observado no governo Fernando Collor de Melo, no início da década de 90, quando claras opções foram feitas privilegiando as grandes nações industrializadas, mormente no que tange ao governo da Casa Branca. Assim conclui que, se com Itamar Franco, os países de língua portuguesa ocuparam espaço maior, não era, contudo, tendência a ser seguida nos últimos anos na virada do século. Por isso, os grandes países, as nações emergentes e o MERCOSUL – em função de suas particularidades e proximidade geográfica – receberam prioridade cada vez maior.

Para Miyamoto (2009), da mesma forma em que as opções feitas por FHC passaram a ser intensamente criticadas após o mesmo deixar o poder, e mesmo no cargo, acusado de entreguismo e adesão indiscriminada ao modelo neoliberal, seu sucessor igualmente sofreu várias críticas. Entre essas, desde o perdão às dívidas dos países latino americanos e africanos, ao reconhecimento da China como economia de mercado não recebendo contrapartida que fizesse jus à sua generosidade. Outros fracassos foram mencionados, quando o país sofreu derrotas em oportunidades diversas, por exemplo, quando concorreu aos cargos de direção geral da OMC e para a presidência do BID. No entanto, as visitas de Lula ao continente africano mostram em princípio que, além das boas relações com as grandes potências e com os países emergentes, foi possível dar atenção, não deixando de lado àqueles que pouco poderiam oferecer ao país, pelo menos em termos imediatos. A criação de 35 novas representações diplomáticas no governo Lula, sendo 15 em território africano, deixam bem claro a importância concedida aos países em desenvolvimento. E exemplifica que a atenção concedida aos países africanos e da CPLP pode ser vista em algumas oportunidades: por ocasião do V Encontro da entidade, realizado em São Tomé e Príncipe, no final de julho de 2004, quando reuniu os representantes de cada nação, o governo brasileiro chegou mesmo a financiar o evento doando 500 mil dólares, além de infraestrutura de comunicação e material de informática, que depois ficariam lá. Na VII Cimeira realizada em julho de 2008, em Lisboa, para divulgar a língua portuguesa, deu-se ênfase na dinamização

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do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, com o governo brasileiro prometendo empenho e realçando a importância desse fato. Ou ainda, a iniciativa brasileira de propor acordos do MERCOSUL – tendo já obtido aval de seus parceiros – com a CPLP, excluindo Portugal, para favorecer intercâmbios econômicos e facilitar a importação de produtos dos membros da entidade. E, assim, conclui que a atenção concedida pelo Brasil à CPLP no governo de Lula atendeu de maneira satisfatória a história da conduta da política externa brasileira que privilegia a cooperação em detrimento do conflito. No entanto, uma limitação desse artigo, diante da finalidade da pesquisa, seria a falta de uma atenção especial à dimensão cultural da CPLP, nesse período, e como o Brasil vem se relacionando com essa dimensão.

2.8) A Política Externa como instrumento de Ação Afirmativa (governo Lula)

Há outro estudo, da Conselheira Irene Vida Gala, denominado: A política externa do governo Lula para a África. A política externa como instrumento de ação afirmativa... ainda que não só (Instituto Rio Branco. MRE. 2007), que traz uma justificativa distinta para o modelo de politica africana do Brasil, nesse período. Gala defende que desde o discurso de posse o então presidente Luis Inácio Lula da Silva anuncia a disposição de envolver uma parceria qualificada com a África, o que se confirmaria em suas seis viagens ao continente, entre 2003 e 2006, e que daria visibilidade internacional à política brasileira de aproximação à África. Para a autora, o Brasil estaria engrossando uma tendência assumida por outros países, como os EUA - onde um estudo do Council of Foreign Relations7, publicado em 2006, defendia a importância da ampliação da Política Externa para a África, para além da natureza humanitária, devido ao aumento da importância estratégica do continente para os interesses dos EUA; além da aproximação da China, que realizou o Fórum da Cooperação China-África, em Pequim, em 2006; e do grupo dos oito (G-8), que a partir de 2002, no Canadá, e em todas as cúpulas subsequentes, passou incluir reuniões

7 “More than Humanitarism: A Strategic U.S Approach Towards Africa”. 44

entre líderes do G8 e líderes africanos para tratar de assuntos africanos; além da aproximação da Índia, Malásia e as Coréias com o continente. Sendo assim, segundo Irene Vida, a volta à África, nas palavras do presidente Lula, traduz uma necessidade estratégica de aproximação que consta no programa de governo apresentado, em 2002, pela coligação Lula presidente, tanto no capítulo relativo à Política Externa, quanto no encarte Brasil sem racismo. E a chanceler revela que essa dupla referência, configura inédita vinculação entre a Política Externa do país para a África e a luta contra o racismo e a discriminação racial no Brasil (GALA, 2007). O que quer dizer que a inspiração de voltar-se para África, parte da estratégia da luta interna contra o racismo ou como uma das políticas de promoção da igualdade racial, o que se deve ao protagonismo do Movimento Negro8, com vínculos históricos com o PT, na definição dessa prioridade da Política Externa do governo Lula, e também, na vinculação entre o externo e o interno na concepção da política africana (GALA, 2007). E, ainda, aborda que a sustentação da política externa do Brasil para a África se daria no equilíbrio de alguns pilares: que vão desde as justificativas de dever moral, da necessidade estratégica e do compromisso partidário, até o objetivo principal, que seria o da luta contra a exclusão, no plano nacional e internacional, passando ainda por alguns valores entre os quais a generosidade. A partir da identificação desses pilares nas relações Brasil- África, segundo a pesquisadora, assuntos como a reforma das instituições e regras de comércio internacional, a reforma das Nações Unidas e do Conselho de Segurança da ONU, passam a ocupar lugar secundário na sustentação da política africana do governo Lula. Sendo central a possibilidade da Política Externa para a África poder contribuir diretamente para a luta contra o racismo9 no Brasil, ou converter-se em um instrumento

8 Por Movimento Negro, a autora Irene Vida Gala entende como sendo: o conjunto das organizações da sociedade civil que reúne a comunidade negra em torno da defesa e promoção de seus interesses. E ainda cita a referência de Matilde Ribeiro - ministra da SEPPIR, entre 2003 e fevereiro de 2008 -, pra quem: o Movimento Negro não é um bloco único, mas diversas instituições, entidades, diversos matizes ideológicos e diversas prioridades de ação. 9 No trabalho A Política Externa do Governo Lula para a África. A Política Externa Como Instrumento de Ação Afirmativa... Ainda que não só, a Conselheira Irene Vida Gala (51 Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco/ MRE, 2007) recorre à referência de Hélio Santos, segundo o qual o racismo tem como pressuposto a noção de superioridade de um grupo racial sobre outro e a crença de que determinado grupo possui defeitos de ordem moral e intelectual que lhe são 45

de ação afirmativa... ainda que não só. Além disso, a sustentabilidade da política africana do Brasil dependeria especialmente da continua busca de legitimação interna para a agenda diplomática, que deve ser o objetivo de todo e qualquer governo democrático; e a efetiva implementação de uma agenda com a África, em que a vinculação entre a política externa para o continente e a promoção da igualdade racial, no plano interno, esteja nítida e solidamente estabelecida. Dessa forma, a Chanceler Irene Vida Gala conclui sua pesquisa afirmando a importância da avaliação dos resultados e da efetividade dessa vinculação entre os objetivos do país no nível interno e externo, sob pena de colocar-se em risco parte do argumento legitimador da aproximação do Brasil à África.

Consideramos que ainda que o estudo acima citado não tenha como proposta uma análise setorial das relações do Brasil com o continente africano - ou mesmo com a CPLP, que inclui os PALOP -, sua contribuição para esse trabalho se dá especialmente ao considerar a vinculação entre os níveis interno e o internacional de atuação do Movimento Negro, e como isso influi no papel do Estado no exercício de sua política externa. Quando ressalta, por exemplo, a importância da Conferência de Durban, ocorrida em 2001, na África do Sul, cujos debates denunciavam questões como: o racismo como parte da escravidão, e ponto de partida de todo e qualquer mecanismo discriminatório; ou ainda, que o lugar de cada cidadão seria definido de acordo com sua cor de pele; por fim, esses debates movimentariam o Brasil, e ecoariam na política nacional de Direitos Humanos, e na discussão sobre as Ações Afirmativas - que atravessariam o final do governo FHC e seriam implementadas no governo Lula – que têm como marco a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, aprovada pelo decreto 4.886/03; também seria criada, em 2003, a SEPPIR, Secretaria de Promoção da Igualdade Racial; como também a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Africana e Afro- brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio; a seguir, no ano de

próprios. O racismo individual diz respeito a atos discriminatórios cometidos por indivíduos contra outros indivíduos; podendo atingir níveis extremos de violência, enquanto o racismo institucional implica práticas discriminatórias sistemáticas fomentadas pelo Estado ou com seu apoio direto.

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2005, foi realizada a primeira Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial no Brasil. E, ainda, em 2006, a cidade de Salvador, sediaria a II Conferência de Intelectuais da África e diáspora, realizada pelo Ministério das Relações Exteriores, tendo o Movimento Negro como parceiro. Por fim, essas citações exemplificam que o fortalecimento da pauta da questão racial na sociedade brasileira, no começo do século XXI, é reflexo da gravitação entre a dinâmica interna e externa em torno do tema, e do protagonismo do Movimento Negro, o que lhe confere alguma legitimidade.

2.9) A Política Externa brasileira para África e CPLP – no governo Dilma Roussef:

Recorremos ao artigo Política Africana do Brasil: mudança entre Lula e Dilma? de Guilherme Ziebell de Oliveira, publicado na revista Conjuntura Austral, em 2015. Segundo o qual, os dois mandatos do governo Lula marcaram uma mudança significativa na Política Externa brasileira para a África. Depois de um longo distanciamento, as relações entre o país e o continente abandonaram a retórica, ganhando um novo impulso (VISENTINI, 2009). Entre 2003 e 2010, o Brasil ampliou significativamente sua participação na África. O país abriu (ou reabriu) embaixadas em 18 países do continente (passando de 18 para 36 embaixadas), no que foi correspondido pelos países africanos, que abriram 13 novas embaixadas em Brasília, atingindo um total de 29 países africanos com representação no Brasil. E cita que o avanço não foi apenas diplomático. O volume de comércio entre o Brasil e a África cresceu consideravelmente, passando de US$ 5 bilhões, em 2002, para 26 bilhões em 2008, e uma série de iniciativas foram criadas, como a Cúpula América do Sul-África, ou retomadas, como a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul – ZOPACAS – e a CPLP. Esse mesmo autor aborda que a Política Externa brasileira para a África nas duas gestões Lula, correspondem a um período de intensa interação com o continente, nos quais o presidente realizou 13 viagens à África, visitando 28 países (alguns deles mais de uma vez), sendo que o chanceler Celso Amorim esteve no continente 66 vezes, participando de eventos oficiais em 25 países

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diferentes. Nesse sentido, a eleição de Dilma Rousseff e a substituição do ministro Amorim por Antônio Patriota geraram uma série de expectativas em relação aos rumos que seriam adotados na Política Externa do país, inclusive para a África. Enquanto, para alguns analistas, houve uma continuidade no tratamento dispensado ao continente (DAUVERGNE; FARIAS, 2012), para outros, teria havido uma mudança na relação com a África (PEREIRA, 2012), refletida, entre outros, em uma diminuição de contatos com os países do continente – com visitas da presidenta a apenas seis países africanos e de seus chanceleres (Patriota e Figueiredo em conjunto) a quinze. Entretanto, Para Oliveira, pouco se produziu, na academia, em termos de reflexões acerca da Política Externa do governo Dilma, sobretudo em relação ao continente africano.

Para Oliveira, além dos laços históricos e étnicos que unem o Brasil ao continente africano, a retomada da importância da África para a Política Externa brasileira é atribuída, sobretudo, a aspectos econômicos estratégicos (LECHINI, 2008). O continente, longe da imagem de estagnação que predominava na década anterior, passou a ser percebido como um elemento essencial para inserção internacional brasileira (VISENTINI, 2009). E cita, ainda, o autor Sombra Saraiva (2012), para quem o novo momento vivido pela África no século XXI coincidiu com um novo momento vivenciado pelo Brasil, o que permitiu a superação da dualidade entre pessimistas, que defendiam o isolamento da África e a orientação da Política Externa brasileira para os grandes centros hegemônicos, e otimistas, que insistiam que o Brasil deveria retornar às rotas do Atlântico Sul para restabelecer as rotas que existiam com o continente africano, promovendo uma “aproximação” das margens do Atlântico Sul. A Política Externa do governo Lula, assim, buscou aliar a manutenção de boas relações com parceiros tradicionais, como os EUA, e a França, por exemplo, à diversificação de parcerias, aumentando a sua participação em espaços pouco ocupados pela diplomacia brasileira ao longo da década anterior (SILVA, 2010). E, assim, cita o pensamento de Sombra Saraiva pra quem o maior engajamento com a África se daria através de uma relação entre iguais, em um esforço comum de superação

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de dificuldades sociais e econômicas. Além disso, seria também uma forma de elevar o perfil internacional do Brasil, garantindo o acesso a novos mercados e vantajosas oportunidades econômicas, além de maior influencia em foros multilaterais. Oliveira menciona, ainda, que em grande parte de suas visitas aos países africanos, Lula foi acompanhado por comitivas de empresários brasileiros, interessados em possibilidades de expansão do campo de atuação de suas empresas. O BNDES, nesse contexto, serviu de financiador da internacionalização das empresas brasileiras, fornecendo empréstimos a empresas nacionais que atuavam em setores estratégicos, como infraestrutura, mineração e energia, em países africanos (PINHO, 2013). Isso foi fundamental para que empresas como Petrobrás, Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, responsáveis pela prestação de serviços e realização de obras se instalassem, ou consolidassem sua presença, em diversos países do continente, fortalecendo os seus laços com o Brasil (MIYAMOTO, 2011). E recorre a dados que afirmam que em 2009, 50% dos projetos de desenvolvimento internacional do Brasil, gerenciados pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), era destinado a países africanos, e em 2010 esse percentual aumentou para aproximadamente 60%, totalizando mais de US$ 22 milhões (Banco Mundial; IPEA, 2011). E amarra essa reflexão considerando que no período compreendido entre 2003 a 2010, o Brasil estabeleceu 481 projetos de Cooperação com os países do continente africano, sendo 420 concluídos ainda dentro deste período. E, por fim, cita o pensamento de Miyamouto (2011), que por sua vez correlaciona a Política Externa do Brasil voltada para a África - os esforços brasileiros na busca em reduzir assimetrias, garantir acesso a novos mercados e também aumentar o seu protagonismo no cenário internacional - ao apoio recorrente e expressivo da CPLP, obtido pelo Brasil, em suas demandas de ocupar um assento de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. E, assim, conclui que ganha força a ideia de Saraiva (2012), de que a nova Política Africana do Brasil, inaugurada a partir de 2003, já se consolidou como uma Política de Estado.

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No entanto, para fundamentar sua análise quanto as possíveis mudanças que pudessem ter ocorrido na condução da política externa brasileira para a África, no período Dilma Rousseff, Oliveira apropria-se do pensamento de Ricardo Sennes (2003). Esse pesquisador parte do entendimento de que as percepções, perspectivas, estratégias e valores que sustentam a política externa de um país costumam variar em menor grau do que os mandatos presidenciais, podendo haver, em geral, apenas uma variação no estilo de condução diplomática de um governo para outro; e assim, Sennes propõe a noção de matriz da política externa. Segundo ele, a ideia de matriz diz respeito aos contornos mais gerais da política externa de um país e busca determinar a forma pela qual ele concebe a dinâmica do sistema internacional. Dessa forma, a matriz da política externa de um Estado não seria reflexo de um núcleo burocrático específico, não sendo produto exclusivo de um determinado governo ou governante, mas sim um conjunto de opções, concepções e estratégias em um nível de agregação de ordem nacional, generalizável a determinado país. Nesse sentido, defende que a noção de matriz leva em consideração condicionamentos e opções estruturais, que, em geral, sofrem mudanças em espaços de tempo maiores do que a duração dos governos, sobretudo nos regimes presidencialistas. Assim, para Sennes, a determinação da matriz pela qual se baseiam as posturas externas de um Estado, portanto, implicaria na identificação dos elementos que determinam a sua projeção internacional. E cita como exemplo o fato de que Dilma Rousseff foi Ministra de Minas e Energia e Ministra-Chefe da Casa Civil, durante o governo Lula, além de ter sido responsável por chefiar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal no período e de ter recebido o apoio de Lula na sua candidatura à presidência.

Nesse sentido, Oliveira afirma que, em grande medida, o governo Rousseff representou uma continuação da matriz em que estava inserido o governo Lula, o que, todavia não exclui a possibilidade de mudanças na concepção e na condução da política. Dessa forma, esse pesquisador recorre ao trabalho de Charles Hermann (1990), que, por sua vez, busca entender quais fatores levam os Estados a mudarem suas

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Políticas Externas. Segundo Hermann, grande parte das mudanças que ocorrem nas Políticas Externas dos países se dão quando novos governos com diferentes alinhamentos e/ou percepções do cenário e das agendas internacionais, assumem o poder, sendo estas, em geral, bastante significativas. Hermann, entretanto, se foca na análise das mudanças que ocorrem sem que haja uma mudança em quem governa o país, o que ele chama de mudanças autocorretivas. Dessa forma, Oliveira considera que ainda que a eleição de Dilma Rousseff tenha representado, formalmente, uma mudança de governo, apoiando-se na noção de matriz de Política Externa e também no fato de que, em grande medida, ambos os governos terem o mesmo alinhamento político e percepções do cenário e das agendas internacionais e também nacionais, pode-se considerar que há uma continuidade no governo, ainda que ele seja comandado por outro chefe de Estado. E, assim, tece o comparativo: o ex-presidente Lula, em seus três primeiros anos de governo (2003-2005) visitou doze países africanos; Dilma Rousseff, por sua vez, em um período equivalente (2011- 2013), visitou apenas seis países africanos. Em grande medida, essa menor presença da presidenta no continente africano foi um dos principais motivos para que se criasse uma ideia de que o continente teria menos espaço – importância – na Política Externa brasileira. Para Oliveira, cabe destacar, todavia, que a conjuntura vivida pelos dois governos foi bastante diferente. Internamente, o governo Dilma enfrentou um contexto mais difícil que seu antecessor. A partir do final de 2010 e início de 2011, começou a ficar cada vez mais claros os limites ao modelo de crescimento baseado no mercado interno e na redistribuição de renda, combinado com a manutenção de juros elevados e apreciação cambial, o que passou a exigir esforços redobrados do governo federal (TEIXEIRA PINTO, 2012). Além disso, a renovação da infraestrutura nacional para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 também se mostrou um importante desafio para o governo. E menciona ainda que além das mudanças no contexto interno, Dilma Rousseff também enfrentou um ambiente externo mais hostil que Lula, com os efeitos da crise econômica mundial tendo sido sentidos de forma mais acentuada no seu governo (PEREIRA, 2012). Além disso, ela também teve de enfrentar a chamada Primavera Árabe, bem como seus

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desdobramentos no continente africano, queda de regimes, instabilidade e renovada ingerência das potências ocidentais, entre outros. Para o pesquisador, esses fatores contribuíram para que o governo Rousseff deixasse a Política Externa em um segundo plano, ou ao menos desse menos enfoque a ela que o governo anterior, detendo-se com mais atenção à política interna. E, por fim, constata que o governo Rousseff deu continuidade a 61 projetos de cooperação com países africanos que haviam sido estabelecidos através da ABC durante o governo Lula, além de dar início a 156 outros (BRASIL, 2015a). Nesse sentido, Oliveira conclui que diferentemente dos dois presidentes anteriores, Dilma deu menos ênfase à diplomacia presidencial. Isso se refletiu não só no menor número de visitas ao continente africano, mas em um menor número de visitas oficiais da presidenta a outros países como um todo.

Além disso, esse mesmo estudo considera que, alguns autores apontam que a criação de um grande número de projetos de cooperação com os países africanos durante o governo Lula sobrecarregou a capacidade do Estado brasileiro, tanto em termos de recursos humanos quanto financeiros, além de ter gerado certa sobreposição institucional, o que teria contribuído para dificultar a avaliação da correlação de custos e benefícios dos projetos, e criado entraves ao desenvolvimento de projetos de longo prazo (ALVES, 2013). E cita Bachega (2014), para quem a criação de um menor número de projetos de cooperação durante o governo Dilma estaria, dessa forma, inserida em um contexto de melhor organização, planejamento e estruturação dos projetos desenvolvidos, e de consolidação de iniciativas lançadas anteriormente, como destacado por Antônio Patriota. Além disso, pode-se perceber que, em relação à África, o governo Rousseff deu uma significativa ênfase à Cooperação na área de Defesa. Enquanto no governo Lula apenas 1% dos projetos de Cooperação estabelecidos via ABC foram nesta área, no governo Dilma Rousseff esta proporção saltou para cerca de 16%. Nessa análise, isso reflete o reforço da importância do Atlântico Sul como espaço geopolítico prioritário para o Brasil, bem como uma vinculação crescente entre as Políticas Externas e de Defesa do país, processo que, para esse autor, teve seu início ainda no

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governo Lula com a criação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, o que se intensificou durante o governo Rousseff, com a publicação do Livro Branco da Defesa Nacional, em 2012. Ainda nesse contexto, ressalta que o ex-chanceler Celso Amorim, que atuou como ministro da Defesa ao longo do primeiro mandato de Dilma Rousseff, realizou visitas oficiais a seis países africanos entre 2011 e 2014 (visitando alguns deles mais de uma vez) enquanto esteve à frente da pasta, reforçando, assim, a ideia de que a área de Defesa recebeu atenção prioritária na política africana de Dilma.

Dessa forma, essa pesquisa conclui que a Política Externa brasileira para a África passou apenas por uma mudança de ajuste, a partir da perspectiva estabelecida por Hermann (1990), entre os governos Lula e Rousseff. O que a princípio significaria uma mudança no esforço em que se busca determinado objetivo, sem que mude os objetivos ou a maneira de buscá-los. Assim, houve apenas a diminuição da intensidade das relações do Brasil com o continente, expressa no menor número de visitas da presidenta e dos projetos de cooperação estabelecidos, sem, entretanto, alterar o seu espaço na Política Externa brasileira. Neste sentido, a África teria continuado sendo vista pelo governo brasileiro como um espaço fundamental para elevar o perfil internacional do Brasil, além de proporcionar acesso a mercados e oportunidades econômicas e maior influência em foros multilaterais. Para Oliveira, a mudança de ajuste realizada pelo governo Rousseff poderia ser associada à ideia defendida por Putnam, que argumenta que a Política Interna e a Política Externa afetam-se mutuamente. Nesse sentido, esse autor destaca que a definição da Política Externa não depende de um ator unitário, sendo uma composição dos interesses do nível nacional, em que grupos setoriais pressionam o governo, e do nível internacional, em que se busca satisfazer as pressões internas, e, ao mesmo tempo, minimizar as consequências internas de situações adversas no plano exterior. Nesse contexto, os choques externos, evidenciados pelo cenário internacional mais desfavorável, com a intensificação dos impactos da crise econômica mundial e com uma renovada atuação das potências ocidentais no continente africano; e também um cenário interno mais conturbado, alguns

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sinais do esgotamento do modelo interno de crescimento, a necessidade de renovar a infraestrutura nacional e as manifestações populares ocorridas em 2013, entre outros, teriam servido como fontes para que o governo Rousseff realizasse uma mudança na intensidade com que o país busca sua inserção no continente africano. Além disso, as diferenças nos perfis políticos de Lula e Dilma também poderiam ser apontadas como fatores para a mudança – ainda que não tenham se mostrado como determinantes. Apesar dessa mudança, entretanto, fica claro que os objetivos da Política Externa brasileira para o continente africano se mantiveram os mesmos nos dois governos, o que é evidenciado pela manutenção dos laços e realização de projetos de Cooperação com o continente – com particular ênfase à Cooperação em matéria de Defesa -, em menor escala, mas com profundidade e concepções semelhantes às definidas no governo anterior.

No entanto, esse artigo se por um lado evidencia a continuidade da importância do continente africano para a Política Externa brasileira no governo Dilma, por outro, a questão da relação Brasil-CPLP está implícita à relação do Brasil com a África, o que não traduz a totalidade de perspectivas de análise da relação Brasil-CPLP na atualidade, muito menos de como o Brasil vem portando-se diante da dimensão cultural desse foro. O que pretendemos aprofundar no quarto capítulo.

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3.0) Considerações sobre as lusofonias: 3.1) Lusofonia como espaço cultural multipolar e descentrado

Mas ando mesmo descontente. Desesperadamente eu grito em português (Belchior, 1976).

É fato que, ao falar da relação entre Brasil e África a língua portuguesa é um traço identitário comum, uma intersecção entre a identidade cultural brasileira e de parte da África. E que ela potencializa diálogos e justifica a constituição deste arranjo multilateral que compõe formalmente um eixo prioritário na atuação internacional brasileira, como é no caso da CPLP. No entanto, faz-se necessário que ao considerar esse laço histórico-cultural, assumirmos uma perspectiva crítica em relação ao advento da colonização portuguesa sobre esses territórios, que atualmente agregam povos falantes ou não da língua portuguesa. Nesse sentido, para subsidiar as reflexões sobre a relação entre a África, ou a cultura africana e a língua portuguesa, recorremos à abordagem de Ana Margarida Fonseca, no artigo, Em português nos entendemos? Lusofonia, literatura-mundo e as derivas da escrita, publicado em 2014, na revista Configurações. A autora desse artigo defende que as marcas dessa historicidade partilhada, fundamentam-se num passado colonial comum, de dominação, controle e violência. E que conceitos como Língua, Lusofonia, Identidade, passam por fronteiras instáveis, realidades escorregadias, que exigem uma abertura à pluralidade. A língua portuguesa parece atuar como fronteira criadora de um espaço cuja única condição de existência residiria, em última instância, apenas na própria língua (FALCONI, 2012). Ana Fonseca desmistifica a ideia de que o colonialismo português seria diferente ou melhor que outros colonialismos, miscigenado, tal como abordado no discurso luso-tropicalista de Gilberto Freyre, e assimilado pelo Estado-novo. E cita que:

(...) uma análise antropológica do pós-colonialismo português terá de analisar os processos de formação da identidade nacional nas ex-colônias e ver como as clivagens internas se enraízam na experiência colonial.

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Terá de analisar como movimentos transnacionais de identidade se atualizam em contextos ex-colôniais. Terá ainda de analisar o que se sucede em Portugal em interdependência com outros lugares: imigração, racismo, política comemorativa, invenção da diáspora portuguesa, lusofonia, etc. (ALMEDIA, 2002, apud FONSECA, 2013).

E Fonseca conclui que a lusofonia deve ser interpretada como um espaço cultural multipolar e descentrado, de vários centros e periferias, e que a unidade utópica só pode existir pelo conhecimento mais sério de nossa pluralidade e diferença, quando cada cultura que compõe essa comunidade recuperar a sua memória e história próprias, e constituir um centro próprio liberto de continuidades subalternas.

3.2) Luso Oriental: o modelo português de colonização

Para alcançar um pouco mais a dimensão lusa na relação do Brasil com a África, vale citar a intervenção realizada por Eva Maria Von Kemnitz, no Colóquio sobre a Vida, O Orientalismo na Perspectiva de Edward Said, em 2009. Segundo essa pesquisadora, Portugal foi pioneiro na globalização, iniciando contatos com povos não europeus, e com vários orientes, e que faltam estudos do orientalismo luso, que se dá de forma mais pujante na viragem dos séculos XVIII para XIX, período que a autora denomina como orientalismo latente; e que se difere do orientalismo manifesto, que considera o contexto colonial da Inglaterra e França, nos séculos XIX e XX, tal como priorizado na obra de Said (1978). Na análise da pesquisadora, o orientalismo trata-se de um corpus de conhecimentos específicos, aplicados como suporte de política de Estado. E que em Portugal se desenvolveu graças à conjuntura de aproximação política e diplomática do país com o norte da África, devido à centralidade geoestratégica do Brasil no contexto do império português. E que os orientalistas portugueses se serviram dos saberes dos arabistas nos contatos com o norte da África, numa relação nem de supremacia, nem menosprezo, não servindo nem a conquista, nem a expansão colonial. Nesse sentido, convém considerar o histórico da construção de uma

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percepção do Outro na relação do Brasil com a África, tendo como elo inicial o modelo português de colonização. Esse raciocínio pode ser complementando, por exemplo, com a seguinte citação que a pesquisadora Heloísa Toller Gomes faz do pensamento de Boaventura Souza Santos, no artigo Crítica Pós Colonial em Questão, publicado na Revista Z Cultural, em 2015:

Portugal manteve desde o século XVII posição de intermediação entre o centro e a periferia da economia mundial. Nunca assumiu plenamente as características do Estado Moderno dos países centrais, sobretudo as que se cristalizaram no Estado Liberal a partir de meados do século XIX, e tal situação reproduziu-se em seu sistema colonial (...).O colonialismo português foi subalterno tanto no domínio das práticas quanto dos discursos entre colonizador e colonizado que gerou jogos de autoridade, formas de reciprocidade e horizontalidade insuspeitáveis no espaço do império britânico (...). O colonizador português não representando ninguém a não ser a si próprio, viu-se na contingência de prestar vassalagem ao rei local como qualquer nativo (...) um “próspero” caótico, miscigenado (...) numa relação de ambivalência, de hibridez. (SANTOS, 2004 apud GOMES, 2015).

Nesse sentido, a autora Heloísa Gomes defende que ao se falar em colonialismo europeu, há que distinguir o seu grande momento inicial, correspondente às descobertas marítimas europeias através do Atlântico e de todo o mundo (se mais terra houvera, lá chegáramos, no mote dos navegadores lusitanos) e cujo vigor esvaiu-se com a sucessiva independência das colônias americanas; e o chamado colonialismo moderno, ou tardio, que teve seu apogeu entre o último quartel do século XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial, e cujo feito internacional mais notável foi a partilha da África. A autora defende que significativos resíduos colonialistas perduraram nos desenvolvimentos históricos do imperialismo moderno – após a Segunda Guerra Mundial, sob a supremacia não mais dos exauridos estados-nações da Europa, mas dos Estados Unidos – em processos que têm afetado todo o planeta. E que em relação ao Brasil, o país deixou nominalmente de ser colônia em 1815, quando ascendeu à

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categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Mas inda tratava-se de uma categoria ambígua: nem nação independente, nem colônia. E cita o autor Manuel Bonfim, que a par de outros historiadores, insistiu na persistência da ambiguidade, mesmo após a independência de 1822, alegando que continuamos, durante décadas, ligados ao que ele chama, pejorativamente, de bragantismo. Dessa forma, Toller defende que cabe examinar as especificidades do colonialismo português e, dentro deste, do luso-brasileiro para os estudos da sociedade brasileira da época colonial ao fim da monarquia, assim como para o entendimento do subsolo de nossa contemporaneidade. E assim recorre à Boaventura para defender que a questão da alteridade entre os portugueses se revestiu de complexidades peculiares, e considera que o português reduplicou contra os seus colonizados a discriminação e o desdém sofrido por parte da Europa, mais civilizada. Ou seja, os portugueses viviam na Europa como que internamente descolados em regiões simbólicas que não lhes pertenciam e onde não se sentiam à vontade. (...) Nem Próspero nem Caliban, restaram- lhes a liminaridade e a fronteira, a interidentidade como identidade originária. Já que na prática, passado o apogeu quinhentista, e após os anos da anexação espanhola (1580-1640), Portugal comportava-se como uma colônia informal da Inglaterra. Assim, enquanto o império britânico entrava em um equilíbrio dinâmico entre Colonialismo e Capitalismo, o modelo português assentou num desequilíbrio entre excesso de Colonialismo e um déficit de Capitalismo. E essas hierarquias marcantes entre os diversos colonialismos, fixaram-se com muita ênfase no domínio cultural.

Nesse sentido, Heloísa Toller questiona a construção do saber e da autoridade por parte de uma potência colonizadora ambivalente e ambígua, não só em seus atos discursivos, mas em relação ao exercício do seu poder em si. E que essa ambivalência é constituinte identitário porque preside a presença-ausência do poder colonial. E assim a questão da hibridez no modelo colonial português adquire fortes contornos diferenciais.

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3.3) A Lusofonia e os lusófonos

Já na obra A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses, publicada em 2000, pela Edições Universitárias Lusófona, Alfredo Margarido assume a perspectiva da necessidade de um olhar mais realista quanto à história e modelo colonial português. E demonstra como a construção ideológica e mítica da lusofonia decorre da aspiração de reviver o alcance do império português, por intermédio da língua, mesmo que isso custe a negação da memória dos vencidos. Margarido defende que sutil e constantemente perpassa a atmosfera política portuguesa uma exaltação do passado, por exemplo, na comemoração dos descobrimentos, que remete o país aos séculos XV e XVI, onde encontraria razões para existir. E que os séculos seguintes viriam a confirmar a decadência que o século XIX instalou no panteão nacional. Esse mesmo autor argumenta que Portugal realmente falhou em diferentes revoluções científicas, como por exemplo, a da criação da modernidade. Que, de fato, teria chegado a Portugal, mas deformada pelas intervenções brutais do poder político e religioso. E que a modernidade portuguesa, criada pelas independências africanas, teria obrigado o país a cortar os seus laços com o oceano de suas grandes incursões, o Atlântico, especialmente o sul. O que teria se dado a partir dos anos 60, devido à guerra colonial, além da emigração. E que a invenção da lusofonia busca devolver a Portugal uma parte desse espaço perdido, no entanto, os missionários da lusofonia agem como se não existisse uma longa história de relações polêmicas com aqueles que falam português. E segundo Margarido, convém medir as fobias provocadas por uma história de violência sobre os outros. E cita o percurso dos acordos ortográficos, como exemplo de busca por assegurar o controle da língua, e de não aceitar o princípio simples de que a língua pertence aqueles que a falam. E, ainda, prevê que a expansão da língua portuguesa do Brasil, ou brasileira, com suas vogais abertas, lentidão e capacidade erótica, ultrapassará o português cerrado e ligeiro de Portugal. Para Alfredo Margarido, faz-se necessário uma perspectiva crítica do passado, realista, sem auto complacência ou paternalismo, que seriam formas de colonialismo atrasado. Cita reiteradamente o que chama de delírio das

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descobertas, que seria evocado tal como se os outros só tivessem existido por obra e graça da intervenção portuguesa. E chama atenção para o fato de que nenhuma autoridade portuguesa, até então, pediu perdão aos africanos pela participação no tráfico negreiro. Da mesma forma, nem aos índios americanos, pela destruição dos homens e de suas estruturas sociais no que é hoje o Brasil. Sendo assim, para esse autor, faz-se necessário o inventário dessas feridas e cicatrizes, e não recusar a memória dos vencidos.

Considera, ainda, que o conceito de Lusofonia entra em choque com um conceito mítico anterior, o da portugalidade, que mantivera os portugueses unidos aos espanhóis durante quase oito séculos. E cita Antônio José Saraiva, para quem: Portugal etimologicamente é relativo à Espanha, como a parte é relativa ao todo, embora não se possa deduzir dominação, mas sim, complementaridade, porque sem Portugal, não há Espanha. O que se complementa no plano linguístico, já que o português e o castelhano nasceram como dois dialetos da mesma língua. E que, por fim, portugalidade se opõe à hispanidade, embora esse conceito inclua marginalmente uma oposição à Europa. E que se aceitarmos essa visão que o projeto português não está em condições de se furtar ao peso castelhano, que teria sido a única força verdadeiramente decisiva nas relações de Portugal com o mundo, não seria possível organizar nenhuma Lusofonia e ainda menos um espaço lusófono, fatalmente condenado a castelhanizar-se. Para Margarido, a criação da Lusofonia parece destinada a interromper o diálogo polêmico com os espanhóis, mesmo que evite choques ao criar a ideia de que a Lusofonia é apenas o resultado da expansão portuguesa e da língua que esta operação teria espalhado generosamente pelo mundo a fora. Ou seja, seria menos o resultado de um projeto, do que a consequência inesperada de uma maneira particular de circular o mundo. Sendo assim, a portugalidade, que é o resultado de uma oposição constante aos espanhóis, opõe-se à Lusofonia que seria a consequência quase passiva da expansão e banalização da língua. Esse autor ainda defende que a criação da Lusofonia, quer se trate da língua, ou do espaço, não pode separar-se de uma certa carga messiânica, que

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procura assegurar aos portugueses inquietos um futuro senão promissor, em todo o caso, razões e desrazões para defender a Lusofonia. E que a independência das nações africanas teria obrigado os teóricos da colonização portuguesa a modificar o seu vocabulário. Tal como no caso francês, que já nos anos 1962 começou a banalizar a noção de francofonia. Já os portugueses, respeitando um velho movimento de submissão cultural, não puderam furtar-se ao modelo tradicional, tendo criado, após 1974, a Lusofonia. Parte desse esforço teórico baseia-se na língua: a utilização do português seria a prova da existência de uma comunidade lusófona, já outros, mais argutos, sublinham a importância do espaço lusófono. Dependendo embora da língua, seria também, quando não sobretudo, a consequência de uma história comum, mesmo se esta foi frequentemente maculada pela violência do fato colonial.

Alfredo Margarido, por fim, contextualiza que o modelo social e econômico dos dias atuais depende da própria evolução da economia- mundo, no termos de Emmanuel Wallerstein. E esse modelo assenta na existência de grandes espaços econômicos, onde a produção e a circulação das mercadorias não são controladas por uma miríade de autoridades estatais. A livre circulação das mercadorias constitui elemento fundamental na organização deste sistema, que pouco a pouco pretende transformar o mundo num falso império. Nesse sentido, o choque atual dá- se entre os defensores de um projeto de caráter amplo, embora regional, e aqueles que defendem as qualidades de pequenas nações. Para esse autor, essas Zonas de Livre Circulação de Pessoas e Mercadorias, na Europa, ou nas Américas do Norte e do Sul, tem como objetivo procurar organizar as condições que permitam que essas unidades possam enfrentar ou imitar os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Europa desses dias, procura dar ao capitalismo europeu a força capaz de lhe assegurar alguma autonomia. E o protecionismo continua a ser arma decisiva, mesmo se deixou de pertencer aos governos nacionais, para se transformar em arma da burocracia bruxelense. Sendo assim, os particularismos nacionais são denunciados, considerados como uma agressão ao espírito europeu. Nesse sentido, Margarido questiona se é possível encarar a possibilidade

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de organizar outros espaços, como a francofonia, a lusofonia e a hispanofonia, cujas características não podem deixar de contrariar a preferência europeia. Para ele, é evidente que não. As condições em que se constrói a Europa impedem a afirmação dos particularismos nacionais ou culturais. E conclui que não bastaria ser lusófono, nem francófono, nem hispanófono para ter direito de aceder à Europa do capitalismo burocratizado.

3.4) A longa duração do espírito colonial

O autor Alfredo Margarido ainda defende a existência de um espírito colonial português de longa duração. Esse, estruturado no século XIX, replicava as pretensões das demais potências europeias que pretendiam organizar impérios coloniais. Traumatizados pela experiência da independência do Brasil, em 1822, procuravam afirmar seus direitos singulares aos territórios e às populações. Tarefa indispensável já que o Brasil fizera aparecer uma orientação inédita na vida política colonial portuguesa, a criação do nativismo. Discurso mítico-nacionalista com o qual os brasileiros procuraram reforçar os seus direitos ao território e à sua própria independência. Margarido argumenta que os brasileiros sabiam que para alcançar a independência deviam matar o pai. E que a maneira como os portugueses considerava o Brasil, como estado-filho, ou estado-irmão caçula, implicava no dever de manter unidos os dois países, mesmo que o percurso brasileiro fosse cada vez mais americano, e com pouco a ver com as opções portuguesas. Outro mito procurava impor ao Brasil uma menoridade quase eterna, esse a independência se encarregou de quebrar. E cita, ainda, que das relações Portugal-Brasil no ano de 1922, a história cultural reteve apenas a importância da Semana de Arte Moderna, e que se esquece, por outro lado, a veemência do discurso antiportuguês que caracterizou o manifesto antropofágico de Oswald de Andrade. Nesse momento de ruptura, ou do autêntico nascimento do Brasil. A seguir, a primeira tentativa revolucionária de Luis Carlos Prestes permitia a afirmação dos tenentes e autorizava também a maioridade do povo, categoria então considerada indispensável à formação da consciência nacional brasileira. Essa recuperação do povo, para o autor, constitui um

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passo mais importante que o antropofagismo, que por fim, serviu de alimento ao populismo de Vargas. Nesse contexto se verifica o aparecimento de uma série de trabalhos consagrados à sociologia histórica brasileira, que faziam depender o Brasil, de um caldeamento que proviria do formidável apetite sexual dos colonos portugueses, que não repeliam nenhuma espécie de relação com os povos inferiores. O luso-tropicalismo é a consequência da superioridade genésica dos brancos, criadores, sobretudo, de mulatas, como salienta entre outros Raul Bopp. E cita Roger Bastide para quem os portugueses teriam renunciado à cruz e ao gládio, confiando ao sexo as tarefas da colonização. E descreve que foi nessa conjuntura que os universitários Gilberto Freyre formado no pragmatismo antropológico dos Estados Unidos, e o protestante Roger Bastide criam o luso-tropicalismo. E, ainda, cita Florestan Fernandes, para quem Gilberto Freyre seria o responsável por traduzir o problema da sociedade brasileira como uma equação linear, pela qual a solução dos problemas raciais brasileiros precederia da mestiçagem. Tese arruinada pela demonstração de Antônio Cândido, para quem a miscigenação se processava na periferia na família patriarcal, não em seu núcleo.

Alfredo Margarido argumenta que a data de criação do luso- tropicalismo se dá com a publicação dos primeiros trabalhos de Freyre, em 1922. Mas não se pode pensar em luso-tropicalismo em Portugal senão após 1945. Mas o autor reconhece que Gilberto Freyre teria feito intervir na reflexão brasileira o peso da lição de Franz Boas, sublinhando a importância cultural dos povos ágrafos. Mas a verdade é que a importação dessa teoria freyriana permitiu robustecer a consciência e prática coloniais portuguesas. O que sublinha por um lado a fragilidade teórica dos colonialistas, enquanto pelo outro serve para mostrar que essa operação permitia reforçar o laço com o Brasil, sendo os portugueses os criadores das técnicas novas de colonização que autorizavam a eliminação da violência dos conflitos raciais. Para esse pesquisador, o grave reside no fato de ser uma teoria que não permitiu esclarecer o caminho do futuro, na medida em que se replicava às condições modernas das relações inter- raciais com um discurso já completamente enterrado na sócio história.

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Sendo que é esse o discurso que subjaz a muitas propostas das criações dos espaços ou das comunidades dos países de língua portuguesa, com se não houvesse que liquidar o grave contencioso do passado, e como se bastasse a magia do enunciado para fazer dos colonialistas de ontem os arautos da igualdade racial de hoje. Sobretudo porque, ainda recentemente, a comunidade nacional portuguesa aceita mal a maneira como os outros, ou antigos dominados, rejeitam a violência da dominação. Para esse autor, no caso brasileiro os portugueses não conseguem descortinar ações ou escolhas ou projetos que não sejam portugueses, ao passo que no caso africano estamos perante um discurso que recusa a capacidade dos africanos para dispor de uma história capaz de superar a simples descrição dos acidentes quotidianos. Por fim, Alfredo Margarido argumenta que o problema da língua se exacerbou quando desapareceu a possibilidade de assegurar o controle direto das populações. Durante o Salazarismo foram elaborados mapas da Europa e da Ásia, sobre os quais se projetavam as colônias portuguesas, para concluir que Portugal não é um país pequeno. Após 1974-1975 passa a caber à língua portuguesa a tarefa que foi durante muitos anos dos territórios. Portugal passa a ser um país pequeno que dispõe de um agente específico, a língua portuguesa, que lhe permite recuperar a sua grandeza. Considerada por esse pesquisador como sendo uma prótese singular que permite recuperar de maneira quase glotofágica10 as culturas dos outros.

Nesse sentido, Margarido ainda defende que Portugal foi colocado em uma terrível opção: aderir à Europa ou ficar excluído desse mercado de circulação de capitais e mercadorias. No entanto, a epopeia colonial, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, deixou a Europa perante vários resíduos humanos entre os quais os que provinham dos impérios coloniais. Face a essa situação multiplicaram as medidas administrativas destinadas a impedir a proliferação a norte da gente do sul. Operações essas de conteúdo racista que se multiplicaram com a unificação da Europa. Que faz depender cada vez mais da burocracia

10 GONÇALVES, Perpétua. Lusofonia em Moçambique: com ou sem glotofagia? II Congresso Internacional de Linguística Histórica. São Paulo, 07-10/02/2012. 64

centralizadora de Bruxelas, claramente marcada pela violência de suas pulsões contra os outros em geral, e em particular do hemisfério sul. Margarido conclui que para transformar os portugueses em puros europeus, seus governos optaram por aderir à Comunidade Europeia, ou não seriam mais do que um obscuro grupo agarrado ao seu passado histórico. Todavia não se tomou a mínima precaução para salvaguardar os laços privilegiados que Portugal poderia manter com os antigos colonizados. E exemplifica com a adesão portuguesa ao tratado de Schengen - convenção que entra em vigor em 1997, e que une trinta países europeus em política de abertura de fronteiras e circulação de pessoas -, e que transformou os antigos colonizados, que poderiam ser considerados filhos ou irmãos, em puros enteados. Margarido conclui que a participação de Portugal na União Europeia não deveria impedir a burocracia política portuguesa de afirmar a necessidade de criar um grande espaço político capaz de unir os interesses e projetos lusófonos.

3.5) A recusa da história dos outros

Alfredo Margarido defende que o inventário das contradições inerentes ao discurso lusófono não deixa de lado a importância da negação da história dos Outros. A norma europeia, que é também a norma da colonização, adquire aqui sua importância máxima. A consciência nacional define-se pela recusa do Outro, ou dos Outros. Essa operação ideológica assenta naturalmente na importância da memória, a biológica, mas sobretudo a da escrita, do registro. A problemática brasileira verifica-se no fato de os portugueses não terem aceitado o caráter nacional da história do Brasil e dos brasileiros, e nem terem oferecido nenhum historiador para organizá-la. O Brasil só passa da situação colonial para a de nação potencial, com a instalação da corte portuguesa no em 1808. E começa a separar-se da sua dependência dos portugueses já em 1809, sem suscitar a reflexão política e historiográfica dos pensadores portugueses. Até 1961 os portugueses recusaram-se à criação de universidades nos países colonizados. E a ascensão da burguesia brasileira multiplicou os estudantes brasileiros matriculados em universidades europeias, contrariando assim o projeto português. Para

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Margarido, a situação era infinitamente mais grave no caso dos países africanos, onde a ausência da escrita criou dificuldades que só podiam ser superadas com o apoio da potência colonial. Os portugueses participavam na visão europeia do Outro africano, fundamentados na reflexão de Hegel em A Razão na História, onde se salienta que os povos que ainda não tinham conseguido separar-se na natureza, não passavam de coisas dessa mesma natureza. Sem escrita, estão impossibilitados de história. O que reforça o pensamento de Santo Agostinho que fizera do livro o mediador indispensável entre o mundo eterno e o mundo temporal. O animismo é assim a religião dos sem livro. E o fato de ser recusado o acesso das colônias africanas à escrita, ou ao livro, constitui uma operação destinada a lhes assegurar a permanência do estatuto de inferioridade. Não é apenas a língua que cria a homogeneidade dos grupos, mas a palavra escrita que fornece norma à oralidade. E, por fim, Margarido resume essa situação na expressão: sem escrita, nem Deus, nem História. Os africanos são, para esse autor, afastados da história, da sua além da universal. Só conseguem entrar nessa história de contrabando, arrastados pelas formas de dominação existentes. Cada unidade imperial dispõe de seus africanos, seja em África ou na América, e são as potências coloniais que dão sentido à humílima existência dos dominados. E que a leitura de textos consagrados ao império do oriente ou às relações com os brasileiros, ou com africanos, salienta que são histórias das guerras. Os Outros estão aí por ser necessário um adversário para provar a qualidade dos homens e materiais portugueses. As guerras são um prefácio às técnicas de controle de estradas e das produções comerciais. A epopeia portuguesa é feita do sangue dos outros. E é como se existisse contraditoriamente um sentimento comum português no qual a humanidade só possa ser considerada no caso de refletir suas problemáticas, seus fantasmas, suas obsessões. E que até mesmo o ensino das literaturas, seja brasileira ou as africanas, seria a prova complementar da superioridade dos portugueses, pois os dominados não podem chegar ao livro à não ser recorrendo à língua do colonizador. E nem mesmo as independências recentes alteram a estrutura desse discurso histórico cuja obsessão é a garantia da homogeneidade.

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3.6) A re-descoberta da língua como força imperial

Alfredo Margarido, por fim, denuncia a maneira ambígua como as autoridades portuguesas encararam a política da língua no período colonial, ou seja, sem uma estratégia linguística clara. Para esse autor, a fragilidade da presença da língua portuguesa em todos os países que se tornaram independentes deriva da falta de estratégia governamental. O governo português não acreditou na necessidade de assegurar a banalização da língua portuguesa, partindo do princípio que os africanos trabalhariam para os colonos mesmo condenados à mudez comunicacional. Como se aguardassem que um milagre assegurasse a expansão da língua, sem custos para os portugueses, que sempre se mostraram avarentos no que se refere ao orçamento da educação nacional. Esse milagre só se registrou no Brasil, graças à injeção constante de milhares de portugueses que foram apagando as línguas indígenas, as africanas, as asiáticas, as europeias. Margarido defende que não tendo havido uma grande reflexão anticolonialista antes das independências, registrou a necessidade urgente de organizar uma ideologia explicativa. Os portugueses foram obrigados a renunciar a dominação política e econômica, mas procuraram assegurar o controle da língua. Se a língua não fosse capaz de assegurar a perenidade da dominação colonial, os portugueses ficariam menores. Para esse autor a exacerbação da Lusofonia assenta nesse estrume teórico, que ele espera que seja revisto para considerar a importância da vontade do outro. E a princípio, não se pode confiar apenas à língua a tarefa de proceder à rejeição dos preconceitos engendrados pelo fato colonial. Nesse sentido, esse mesmo autor recorre à proposta teórica de Ferdinand de Saussure para quem a unidade de raça não pode ser mais do que um fator secundário e nada necessário de uma comunidade linguística; devido à existência de outra unidade, infinitamente mais importante, a única essencial, constituída pelo laço social: denominada de etnismo. Uma unidade fundamentada nas relações múltiplas de religião, de civilização, de defesa comum, etc, que pode estabelecer-se até entre povos de raças diferentes, não havendo laço político. Logo, entre o etnismo e a língua que se estabelece a relação de

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reciprocidade. O papel principal não cabe neste capítulo à língua, mas sim à relação social, pois só esta tende a criar a comunidade da língua imprimindo talvez ao idioma determinados caracteres. O laço interno, íntimo e constante dos costumes e da língua cria por consequência a força singular do etnismo, que não pode dissociar uns da outra, como se pretende fazer ligeira e irresponsavelmente com a língua portuguesa. Margarido defende que o simples inventário dos parcos esforços feitos pelas autoridades responsáveis pela colonização para assegurar a generalização da língua portuguesa, mostra que nunca se acreditou nesta força aglutinante, por diferentes razões: A primeira reside na convicção que os Outros, e mais particularmente os africanos, eram incapazes de controlar as sutilezas tanto sintáxicas como fonéticas da língua portuguesa. Tal será de resto uma das constantes da rejeição dos africanos, que continuaram durante séculos, a falar a língua de preto, que em alguns casos se transformou em pretoguês. Em síntese, a existência de hierarquias linguísticas, não são mais do que um duplo das hierarquias sociais e sobretudo raciais. A segunda razão pela qual os portugueses procuram impedir o acesso dos colonizados e até dos colonos – como se verifica no Brasil – à escrita, depende inteiramente do juízo obscurantista: manter os dependentes na ignorância permite eliminar a contestação e a crítica. E cita que não há, na Europa pós-revolucionária, país mais atido ao caráter arcaico do poder, mais refratário à banalização da educação escolar. Mas não convêm esquecer a importância dos crioulos, que funcionam algumas vezes como autênticas línguas francas. E esse autor fundamenta-se ainda em Suassure, ao citar: as passagens bruscas de uma língua para outra serem muito frequentes, o que remete ao mesmo tempo a pergunta: qual é a sua origem? E considera que a resposta nos convém: do fato de circunstâncias desfavoráveis terem impedido estas transições insensíveis de subsistir. Para Margarido, se aplicados esses princípios ao aparecimento dos crioulos, verifica-se que as populações inéditas – no caso de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - podem ter sentido a necessidade de criar uma língua que não sendo já nenhuma das línguas africanas maternas, também não seria a língua do colonizador, que só

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poderia deformar a autonomia dos dependentes, admitindo a hipótese de que a maior parte da população nova é não-portuguesa.

Alfredo Margarido conclui que a língua serve apenas para reforçar a legitimidade da colonização: à medida que se reforça a demografia portuguesa nas colônias, registra-se uma tentativa de aumentar o caráter branco e europeu da língua. Esta negada aos africanos que ou aprenderiam a falá-la sem sotaque e sem vocábulos traduzindo a realidade local, ou seriam rejeitados pelos professores portugueses. Recusava-se assim aos africanos a possibilidade de gerir a língua portuguesa à sua maneira. E cita o aforismo: diz-me que língua falas, e como a falas que dir- te-ei quem não és, que sintetiza as práticas linguísticas portuguesas, destinadas a repelir o Outro, os selvagens: os sem território, sem governo, sem religião, africanos, índios americanos, e até os asiáticos. E cita o fato também emblemático da ausência de qualquer tentativa de crioulização branca que sublinha ainda mais o excesso de prevenção dos europeus. Para Margarido, a língua portuguesa não fornecia um instrumento capaz de assegurar a autonomia, afetiva, psíquica, cultural, daqueles que a ela recorriam. Todos os que ousavam apropriar-se da língua portuguesa, devia ser interpretado como uma renúncia expressa à sua condição nacional. Face a debandada dos colonos portugueses, que criaram esse grupo tão numeroso como transitório dos retornados, o aparelho político sentiu-se naturalmente desarmado para manter os princípios fundamentais da colonização e do colonialismo. Argumenta, ainda, que em diferentes regiões do continente africano, a presença de agentes, políticos, religiosos, culturais, desportivos ou artísticos, das várias fonias existentes – francofonia, hispanofonia, anglofonia –, provoca um murmúrio curioso entre os portugueses e sua generosidade histórica. O que já se verificou na opção moçambicana de integrar no quadro amplo da Commonwealth; ou na ameaça que a francofonia faria pesar sobre a língua portuguesa em Cabo Verde e Guiné-Bissau. E cita ainda Mia Couto, que defende que mesmo falando português, um moçambicano estará sempre mais perto de um sul africano ou de um zimbabweniano do que dos portugueses, brasileiros ou cabo-verdianos. Para Margarido, Fernando Pessoa

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conseguiu convencer os portugueses que sua língua dispunha das qualidades suficientes para impor sua disciplina a qualquer grupo, em qualquer lugar, em qualquer momento histórico. Dessa forma, a língua portuguesa foi transformada em agente de dominação. Estaríamos, dessa forma, perante a reformulação da teoria de Gilberto Freyre, que considerava a sexualidade, ou nos termos do autor, a pica, como suficiente para assegurar a lógica e perenidade da dominação. Ainda que não se tenha eliminado a fortíssima contribuição da sexualidade, a verdade é que, para Margarido, estamos hoje perante teorias mais assepsiadas, que confiam à língua a tarefa de alargar o campo da dominação portuguesa. E cita um especialista em gramática, João Ribeiro, para quem haveria que definir uma espécie de psicologia histórica da língua portuguesa, por verificar que a memória de seus utilizadores não pode deixar de trazer para a primeira linha as condições de dominação. Como se a língua só pudesse fazer-se notar pela violência. O que se confirmaria pelo recurso excessivo aos imperativos, sendo não uma língua de diálogo, mas uma língua de dominação e ordens. Condições essas em que o técnico e o existencial se confundem. E assim, essas circunstâncias nos obrigam a repensar o estatuto da língua, porque ela pode servir não só para assegurar a criação, mas para organizar e conservar a violência da relação de dominação. O português seria a língua do Senhor, recusada ao Escravo, ou permitida apenas uma língua formalmente embrionária e despojada de sua estrutura mais significativa. O discurso lusófono atual limita-se a procurar dissimular, mas não eliminar os traços brutais do passado. O que se procura é recuperar pelo menos uma fração da antiga hegemonia portuguesa, de maneira a manter o domínio colonial, renunciando à veemência ou violência do discurso colonial. Ou seja, pretende-se manter o colonialismo, fingindo abolir o colonialista, devido à maneira como colonizado é convidado a alienar a sua própria autonomia para servir interesses portugueses. O recurso à língua portuguesa não seria uma operação autónoma, mas antes o elemento central da dominação destinado a manter o escravo no seu lugar de sempre. Para esse autor, tanto a Lusofonia quanto o espaço lusófono só poderá existir quando os locutores de português puderem circular livremente, tendo apenas a língua como

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passaporte suficiente. Ao exaltar a qualidade da língua, os colonialistas pretendem em primeiro lugar reduzir as qualidades das línguas Outras, operação que permite cobrar um ágio da língua nobre. O princípio seria este: quem, não sendo português, utiliza a língua portuguesa, deve exaltar a tarefa dos portugueses, renunciando a qualquer operação historicamente crítica. Nesta construção mitificadora, os portugueses não recebem, nem exigem, nem roubam nada. São eles quem dão tudo: a civilização, a religião, a cultura, a língua, os subsídios, quando não os capitais. E assim pode ser esquecido como a adesão ao Tratado de Schengem teria transformado os portugueses em guardas da fronteira da Europa, encarregados de impedir que possam aceder à Europa aqueles que considerados como irmãos, filhos, primos, em todo caso parentes amados e indispensáveis. Os sucessivos governos que geriram a relação de Portugal com a Europa, tinham em vista não a Lusofonia, nem o espaço lusófono, mas sim os fundos estruturais, instrumento capaz de permitir e revitalizar a velha orientação politica, o modelo obras e alcatrão (asfalto). O que não impediu de criar o mito e de alimentá-lo, proclamando em todos os tons e com parcos instrumentos a intenção da construção de um espaço lusófono.

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4.0) A Dimensão Cultural da relação Brasil-CPLP:

Experiências Emblemáticas

4.1) Metodologia da coleta de dados Me ver Pobre, preso ou morto Já é cultural (Racionais Mc’s, 2002).

Então, vale lembrar que na primeira parte da pesquisa consideramos o histórico da relação do Brasil com Portugal e África, que desembocou na constituição da CPLP; no entanto, para considerar a atuação brasileira nesse mesmo âmbito, dando atenção maior ao que denominamos transição da era Lula para Dilma Rousseff, nos deparamos com a dificuldade de acesso a dados objetivos: pelo calor dos fatos, ainda não devidamente refletidos, e consequentemente, pela raridade de publicações sobre o tema; pela ausência de outros estudos recentes que apontem para o domínio cultural da CPLP; pela dispersão das fontes documentais oficiais, sobrepostas em diferentes agendas e, por fim, pelo distanciamento com os protagonistas dessas políticas. Essa ausência inicial de dados foi amenizada a partir da Pesquisa de Campo, com as entrevistas realizadas com protagonistas na aplicabilidade dessas politicas do Brasil para a CPLP nesse período, basicamente Diplomatas e Técnicos do MinC; além de fontes documentais, como Resoluções da CPLP, as Declarações Finais, Relatórios, e Atas de Reuniões de Ministros da Cultura da CPLP, publicados desde a I Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em Estoril, Portugal, no ano 2000, até a mais recente que foi a X Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em Salvador, atual Capital da Cultura da CPLP, onde, no dia 05 de Maio de 2017, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, foi assinada a Declaração Final com as intenções que moveram esse encontro.

A extensa bibliografia ligada ao histórico que envolve a CPLP assume perspectivas diversas, às vezes, atribuindo um heroísmo maior a um ou outro pioneiro da CPLP (o que menos importa, segundo Carlos Lopes, 2011), resquícios de birras históricas da relação Brasil-Portugal,

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sobretudo quando o assunto é um organismo intergovernamental que institucionalizada a língua portuguesa enquanto vetor nas relações internacionais. As discussões contemporâneas em torno da Lusofonia, enquanto conceito, da mesma forma, incorpora uma diversidade de possibilidades de abordagens. A princípio, pareceu-nos que predominantemente assumidas pelos portugueses e africanos (nesse caso, referimo-nos, não à atuação dos Estados, mas especialmente à produção da reflexão sobre a lusofonia, quer pela academia ou imprensa). Nesse sentido o filósofo português Eduardo Lourenço é uma referência recorrente para diversos autores contemporâneos. Por exemplo, para Maria Manuel Baptista, data já dos anos 40 a profunda preocupação de Lourenço pela temática da universalidade versus particularidade da cultura portuguesa (BAPTISTA, 2000). Ora desiludido ou utópico, para Baptista, importa a contribuição do conjunto da obra de Eduardo Lourenço quer para a análise teórica do conceito de Lusofonia, quer para a real construção de um espaço simbólico e imagético lusófono (Comunicação apresentada no III Seminário Internacional Lusografias, Universidade de Évora, 2000). Nas palavras de Eduardo Lourenço, é uma ilusão pensar que o fio da língua basta para desenhar os contornos ou os meandros desse labirinto de nova espécie que foi – e continua sendo como nosso espaço simbólico - o finado império e suas intrincadas malhas (LOURENÇO,1999). Evitando nos enveredarmos nessa discussão, de alguma forma já contemplada no capítulo anterior, ao citar Eduardo Lourenço visamos demonstrar que as análises em torno da ideia de lusofonia são de longas datas e com desdobramentos diversos, e que por fim, trazem um capital crítico fundamental para as leituras da real construção do espaço da lusofonia, simbólico e imagético.

Ou ainda, quando consideramos a Língua como elemento da Política Externa, ou mesmo geoestratégico, por exemplo, há referências bibliográficas que atendem tanto a perspectiva dos interesses nacionais brasileiros, quanto dos portugueses, ou dos PALOP. Em suma, diante dessa diversidade de perspectivas possíveis, o neologismo emprestado a esse estudo, por Mia Couto, encruzilhéu, traduz um pouco dessa realidade

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complexa, que nos desafiou a coletar esses dados, como pontos de referência, para a seguir contrapô-los entre si, relacioná-los e fazer os devidos apontamentos, ou considerações, tangenciando o olhar para as Políticas Culturais Internacionais tal como assumidas pelo Brasil recentemente.

Dessa forma, um divisor de águas nesse trabalho foram as entrevistas realizadas com alguns dos protagonistas que assumiram a aplicabilidade de algumas dessas políticas. A tentativa de contato partiu de um em e-mail em comum para os possíveis entrevistados (Diplomatas e Técnicos do MinC), apresentando a pesquisa, seguida de três questões- base, para que refletissem caso se dispusessem a contribuir mediante diálogo-entrevista, sendo essas: 1) como eles avaliavam a atuação do Brasil voltada para a CPLP na transição dos governos Lula para Dilma Rousseff; 2) Ao incluirmos o elemento cultural nessa questão, quer denominada Diplomacia Cultural, Política Cultural, Política Linguística, etc., se havia (ou há) uma intersecção entre os fundamentos que instruem e movem essas diferentes abordagens da atuação internacional do Brasil para a CPLP, e quais experiências emblemáticas eles poderiam citar; 3) como eles avaliam a realidade sociocultural dos países membros da CPLP e a importância do posicionamento brasileiro nesse foro, ou o inverso, a importância da CPLP para o Brasil. Simplificadamente, e em outros termos queríamos saber: onde estávamos? Onde estamos? Onde queremos chegar? Sempre referindo-nos a relação político-cultural Brasil-CPLP.

Nesse sentido, pareceu-nos oportuno assimilar a ideia do filósofo R. G. Collingwood (também incorporado por Eunice Cristina Seixas, no artigo: Discursos Pós-coloniais sobre a lusofonia: Comparando Agualusa e Saramago, 2007), segundo o qual: para compreendermos o sentido de determinado discurso, temos que entender à questão a qual este procura responder, em outras palavras, é necessário reconstruir o contexto ideológico e conceptual no qual o autor está inserido. Partido dessa ideia, Scott chama a atenção para a mudança do contexto desde o início dos Estudos Pós-Coloniais até a atualidade, e sustenta a possibilidade de que questões críticas importantes para a atualidade sejam

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diferentes e que não nos tenhamos apercebido disso, estando assim a contribuir para a normalização do discurso denominado construcionista pós-colonial, o que faz com que o mesmo perca a sua força como teoria crítica. Ou seja, as questões mudaram porque o contexto ideológico e conceitual mudou (e segue mudando). E vivemos em presentes pós- coloniais variados que nos constroem e que nós próprios construímos.

Dessa forma, compreendemos que seria maniqueísta direcionar as questões-base partindo de concepções pré-prontas, que pudessem simplificar a complexidade que envolve o objeto dessa pesquisa; como se o período do governo Dilma só pudesse significar: continuidade ou ruptura, ou mesmo uma ruptura na continuidade. Importava-nos um registro, semelhante ao fotográfico, mesmo que com certo grau de distanciamento - o que de alguma forma também sugere a perspectiva que um cidadão comum brasileiro pode ter em relação à atuação do Brasil na CPLP. E a partir de relatos testemunhados por figuras que se ocuparam na aplicabilidade de algumas dessas experiências da atuação internacional brasileira - contrapostos a outras fontes, quer documentais, acadêmicas, sites oficiais ou da imprensa em geral - desenvolvermos um olhar: afinal, existe uma marca impressa pelo Brasil em sua relação político-cultural com a CPLP? Se sim, quais características essa marca assume? E o que essa relação pode traduzir em termos de novos horizontes, e perspectivas de atuação internacional? Considerando o atual contexto, de transformações sem precedentes nas interações na sociedade contemporânea, pós- globalização, por outro lado, diante da crescente tendência à radicalização do pensamento politico conversador de direita no mundo. Como se dá a participação do Brasil diante do domínio da Cooperação Cultural Multilateral da CPLP? Enquanto foro político que ganha novas dimensões ou idimensões (neologismo de Mia Couto – referindo-se à vida), e traz perspectivas novas diante desse mundo que corre velozmente rumo ao inesperado e com transformações cada vez mais intensas e em prazos mais estreitos. E referimo-nos não apenas as relações entre os povos de língua portuguesa, mas também indiretamente, às implicações dos usos da língua portuguesa mediante as novas tecnologias da comunicação e da

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informação, e o seu lugar na interação entre os diferentes povos e civilizações.

4.2) Diferentes perspectivas da CPLP: o aspecto Geoestratégico e a Lusofonia além da CPLP Nesse sentido, depois de algum período sem retorno dos possíveis entrevistados, insistimos enviando pela segunda vez o mesmo e- mail coletivo, quando o diplomata Paulo Cordeiro Andrade Pinto, atual cônsul do Brasil em Milão, respondeu ao contato se dispondo a um diálogo por telefone, o que ocorreu em 22/07/17. O embaixador foi Subsecretário- Geral Político da CPLP do Itamaraty, entre 2011-2015. A Subsecretaria Geral Política III, assumida por esse diplomata, integra os Departamentos da África, Oriente Médio e CPLP. Além de sua vasta experiência diplomática, desde fins da década de 70, que inclui vivências como Segundo e Primeiro Secretário na Delegação Permanente do Brasil na ONU, em Genebra; ou como Conselheiro na Missão junto a ONU, onde foi membro da delegação no Conselho de Segurança (1998-1999), dentre outras. Em quase uma hora de diálogo por telefone, em meio aos escassos recursos de gravação do áudio, a primeira impressão deixada foi a da capacidade de personificação de um olhar que traduzia com precisão a perspectiva do Itamaraty, vale citar, com humor (que também é uma forma de posicionamento crítico). Mas, resumidamente, para o embaixador Paulo Cordeiro Andrade a CPLP foi um exercício dentro dessa visão que Celso Amorim, Lula e o embaixador José Viegas Filho, primeiro Ministro da Defesa de Lula, tinham. Segundo Paulo Cordeiro, Viegas queria fazer Defesa porque ele acreditava que tínhamos que mudar um pouco a questão das relações militares e civis no Brasil. E a CPLP que era uma coisa relativamente pequena, passou a ser vista pelo Itamaraty e pela presidência, como o local diplomático onde poderíamos interagir com os nossos irmãos africanos. E que do ponto de vista diplomático a CPLP foi vista como um instrumento extraordinário de promoção da Cultura Brasileira, considerando que metade da população brasileira se declara afrodescendente. Segundo o diplomata, esse exercício não foi uma invenção do governo Lula, porque

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o Itamaraty já vinha com essa prática de Cooperação Técnica Internacional com África, há mais de vinte anos. No entanto, foi no governo Lula que essa relação passou a ter maior intensidade, porque Lula disponibilizou mais recursos à ABC, que chegou a ter o orçamento anual de US$100 milhões, sendo que no governo Dilma esse orçamento caiu abruptamente para US$ 6 milhões. E segundo Cordeiro, nessa transição perdeu-se a visão que Lula tinha do Brasil como um grande ator no Terceiro Mundo, o que nos reforçava no quadro das grandes potencias econômicas, militares, políticas, tradicionais e novas. Então, no período Dilma, segundo Paulo Cordeiro, ocorreram mudanças por várias razões: o então Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, formado por Amorim para ser Chanceler, não tinha a mesma relação de confiança (com a presidenta) que Lula tinha com Amorim. Quando questionado se essa mudança era efeito de mudanças conjunturais globais ou de uma opção política, o embaixador defende que o que mudou com Dilma foi mesmo a visão de mundo, ela tinha uma visão muito mais economicista, mais centrada para os países do centro, para Europa, EUA, China, Índia. Uma visão muito mais vinculada a uma posição política de juventude, que dá o quadro internacional e o da história já explicado, que é o Materialismo Histórico e o Materialismo Dialético. O mundo vai ser assim de qualquer jeito. E você tem a briga no pátio dos grandes. Dessa forma, fomos pouco a pouco reduzindo a atuação internacional do Brasil voltada para África. E cita que mesmo sendo Subsecretario-Geral Político nesse período, ele viajava só (pobre e sozinho) pelo continente africano, porque não tinha dinheiro para levar seus assessores, o que representava uma perda simbólica: (...) na África você tem que ter trono dourado, você tem que mostrar prestígio, bem parecido com a gente (PINTO, 2017). E ainda afirma que a África representa realmente uma parte muito pequena da nossa Economia, ainda que do ponto de vista diplomático, deva se considerar que são 54 Estados no continente. Portanto, uma fonte de apoio político indispensável diante dos interesses brasileiros na ONU. Ao mesmo tempo, do ponto de vista Geopolítico eles estão na nossa vizinhança, no Atlântico sul. E sugere considerarmos a Politica de Defesa do Brasil de FHC, adotada em 1996- 97, quando atuou como Diretor do Centro de Estudos Estratégicos da

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Secretaria de Assuntos Estratégicos. E que nesse período, inspirados pelo embaixador José Viegas Filho e por Ronaldo Sardemberg, então Secretário de Assuntos Estratégicos, eles teriam escrito um parágrafo que dizia: a África é a nossa fronteira oriental. E reafirma, tal como visto no primeiro capítulo, que desde o tempo da PEI de Jânio Quadros, que a África não é vista só como uma parte de dentro da gente, mas como uma condômina do Atlântico Sul. E reconhece que, mais recentemente, mesmo que FHC não tenha dado prioridade à relação com África, também não tirou o que havia sido construído. E assim, cita o exemplo da formação da marinha da Namíbia. E que durante 20 anos vieram jovens namibianos estudar na Escola Naval do Rio de Janeiro, em português. Porque no outro lado do Atlântico, houve uma pequena marinha, que fala português, porque os guerrilheiros da SWAPO (South West African People Organization) foram abrigados por Angola. Então no período de 84, 85, no Rio de Janeiro, afirma Cordeiro, o Brasil recebeu guerrilheiros da SWAPO, para formá-los em Politicas de Desenvolvimento Mineral, a pedido da ONU:

Porque quando eles achavam que iam conquistar o poder, as riquezas da Namíbia eram três: diamante, urânio e produtos pesqueiros. Daí a Namíbia ter pedido a gente a formar uma marinha, porque ela tinha que patrulhar aquelas correntes frias que vem da Antártida, cheia de peixe que nem no Chile, pra evitar que os russos, os chineses, os portugueses, os espanhóis, passassem com aqueles navios, pegando o peixe deles e não pagassem um centavo. Ou seja, esse fato, parte do ponto de vista estratégico namibiano e nosso (do Itamaraty), de formar essa pequena marinha/guarda-costeira que fala português. Então isso ocorreu antes do período Lula, mas foi reforçado durante o período Lula. (PINTO, 2017).

E assim, citamos a questão da intensificação nas ações de cooperação na área de defesa no governo Dilma, quando o ministro da defesa era Celso Amorim, como visto no estudo de Guilherme de Oliveira anteriormente citado. Para Cordeiro, esse investimento é justificável por um fenômeno novo no Golfo da Guiné, a pirataria. Além de exemplificar que os

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aviões brasileiros de contra insurgência, os Super-Tucanos foram adquiridos por países africanos, para servir suas Políticas de Defesa na costa do Mali, Senegal, do Burkina. E cita que: quem tem o norte do seu país ocupado pelo jihadistas, e não tem dinheiro para comprar um super jato americano, sai muito bem com um tucaninho brasileiro (PINTO, 2017). Mas essa prioridade para a Defesa não foi uma substituição, para o embaixador, isso é outra área que deve existir, e que se faz necessário o regresso ao financiamento de processos de desenvolvimento através da ABC; e a CPLP é dentro da ABC, aquela região geográfica que recebe maiores recursos de Cooperação, especificamente Moçambique. Mas, por fim, para o diplomata, o mais importante no período Dilma, é que a bandeira CPLP pegou. Então, a Namíbia quis entrar, a Turquia, vários países da Ásia central, o Japão, por diversas razões. Timor ao entrar na ASEAN chamou a atenção dos parceiros dele, para o fenômeno da língua portuguesa, e o Brasil também, por sua estatura mundial.

E o diplomata sugere que temos que ter uma presença e um diálogo constante com a África. E que o Brasil, que é um país fraco no sentido econômico, militar, o que temos de força é a nossa cultura. Então a cultura deve ser utilizada como um instrumento importante da nossa projeção externa. E cita que a favelização das grandes cidades africanas encontra no Brasil soluções que não encontra na Europa. Quando questionado se a entrada da Guiné Equatorial como membro permanente da CPLP, em 2014, poderia ser interpretada como uma mudança no perfil da instituição possivelmente deslocando-se do seu fundamento de matriz cultural para uma perspectiva mais geoestratégica, ou voltada para interesses macroeconômicos, o diplomata argumenta que a CPLP passou a ter outro significado, mas o cultural permanece, a base dela é o cultural, o econômico em si ele pode ser uma decorrência do cultural. E propõe que consideremos que na dimensão acadêmica o Brasil tornou-se um grande formador de recursos humanos para os países lusófonos, e cada vez mais para os outros países da África, o que é exemplificado pela criação da UNILAB no governo Lula, como também do

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programa do PEC-G, que atenderam prioritariamente a estudantes de origem africana. Questionamos, por fim, como o Itamaraty encarava a questão da publicização dessas ações, especialmente de Cooperação Internacional, já que como cidadãos gostaríamos de ter acesso ao teor dessas informações, para mais precisamente analisar se nessas ações ou programas, de fato tem elementos de uma Politica Cultural, ou para questionar se, porventura, ainda estamos viciados na ideia da Democracia Racial, estando sujeitos ao risco de assumirmos como uma relação cultural ações que não necessariamente se configuram como uma Politica Cultural, que entendemos deve haver uma participação mais direta da Sociedade Civil desde a formulação dessa Política Pública. E que essas respostas só teríamos tendo acesso ao teor das ações e programas, não apenas a números, e se existia alguma tendência nesse sentido, de se criar bancos de dados, sites ou sistemas de indicadores. O diplomata argumentou que provavelmente a CPLP tenha esses dados, em Lisboa. E que no MRE esses informações existem, mas internamente, não para o público. E que o problema de fato não é a falta de dados, mas de interesse da sociedade brasileira diante posicionamento do país no mundo. E que no caso do Itamaraty, os diplomatas são formados para escrever para o Ministério. E o Ministério, por sua vez, guarda isso no seu arquivo e manda para Presidência da República. Assim, Cordeiro defende que o que se chama hoje em dia Diplomacia Pública, ainda está engatinhando. Porque toda a nossa correspondência sempre foi algo para o âmago do Estado. E considera que o Itamaraty é um centro de inteligência mais do que os outros. Por ter 220 postos no exterior, que cotidianamente alimentam Brasília, que tem toda uma maneira de processar esses dados, informar a Ministros, sugerir a Ministros, sugerir ao Presidente, ao Congresso e voltar para os postos. Então, isso não foi pensado para informar a sociedade, mas para informar o âmago do Estado (PINTO, 2017). E quanto à análise sociocultural da realidade da CPLP, para o embaixador o Brasil é um gigante na CPLP. O Brasil tem 210 milhões de habitantes, Portugal tem 10 milhões. O PIB brasileiro é de trilhões, o PIB de São Tomé e Príncipe é de uma pequena municipalidade de 150 mil

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pessoas. Guiné Bissau chega a ter um milhão de habitantes. Cabo Verde 500 mil. Os angolanos eram ricos até o petróleo cair de preço. E Portugal é membro da União Europeia, que ainda colhe efeitos da crise econômica pós 2008, ou seja, não tem dinheiro. Então o Brasil, para o generoso diplomata do sertão baiano, é muito mais importante para a CPLP do que a CPLP o é para o Brasil. E esses países todos acham que a gente dá muito pouco, o que é verdade (PINTO, 2017).

4.2.1) O Portfólio de Perfis Projetos da CPLP: Quanto ao Portfólio de perfis de projeto da CPLP, tivemos conhecimento em um dos momentos iniciais da pesquisa, quando ainda propúnhamos analisar as relações político-culturais do Brasil voltadas para os PALOP, entre 2011-2014. Consideramos a experiência do professor Paulo Miguez, do próprio PPGCS, que além de ter vivido por 11 anos em Moçambique, atuou como Assessor Especial do Ministro Gilberto Gil e Secretário de Politicas Culturais do Ministério da Cultura, de 2003 a meados de 2005. Feito o contato combinamos um encontro presencial para um diálogo, o que ocorreu em 09/04/15, em seu gabinete na UFBA, num dia fortemente chuvoso em Salvador. Portanto, diferentemente dos outros entrevistados, esse primeiro encontro teve uma proximidade maior e as questões ainda estavam em processo de definição, diante da dificuldade de se coletar dados para um recorte de pesquisa tão específico, como era naquele momento. Foi quando indiretamente fomos convidados a compreender a importância de ampliar a delimitação histórica e espacial da pesquisa, tal como aqui apresentada. De acordo com o professor Miguez, em 2004 foi realizado um grande seminário em Salvador, chamado Cultura e Desenvolvimento, com os países da CPLP. E que teria vindo delegações grandes, de 20 a 30 pessoas desses países, representantes do governo e da Sociedade Civil; exceto Portugal que teria enviado apenas um representante do governo. Nessa ocasião, quem fez a conferência de abertura foi Boaventura Souza Santos, na UFBA. Quando foi produzido um amplo leque de demandas, que depois de sistematizadas deram origem a um conjunto de 20 a 25 perfis de projetos, que juntos compuseram um Portfólio. E a ideia era a

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partir desse Portfólio realizar uma Conferência Internacional de Doadores. Esses perfis de projetos totalizavam em média 20 milhões de dólares. Nada impossível para a comunidade internacional (MIGUEZ, 2015). Considerando que na ocasião essa iniciativa contava com o apoio do Banco Mundial, Banco Africano, das Agencias de Cooperação dos países europeus, das Nações Unidas, PNUD, etc. Esses projetos seriam apresentados a possíveis doadores, e esse recurso não iria para os países, mas para um gabinete de projetos na CPLP, em Lisboa, que coordenaria a utilização desses recursos nos projetos. Se você entrega aos governos o dinheiro desaparece, ou porque vai usar para outra coisa, ou por causa da corrupção que é uma coisa desgraçadamente muito forte (MIGUEZ, 2015). A ideia era criar um gabinete de projetos dentro da CPLP, que receberia esses recursos internacionais, e canalizaria em cada um dos projetos. O Banco Mundial, ou outros países, por exemplo, poderiam assumir os projetos que se identificassem, e da sede da CPLP o recurso seria canalizado e acompanhado. Então, tinha-se a ideia do Gabinete de Projetos, foram feitas reunião com todos os países, havia o compromisso com personalidades internacionais que marcariam presença, como Kofi Annan (Secretário Geral da ONU), o ex-presidente de Portugal, o António (Guterrez), havia o apoio de Carlos Lopes, do PNUD. E o Brasil já estava em processo de negociação: o país que contribuísse mais sediaria a Conferência, provavelmente a Noruega, que tem recursos e tradição de Cooperação Internacional; mas não aconteceu a conferência de doadores. Os atores mais diretamente envolvidos à medida foram saindo da cena do governo, o próprio Paulo Miguez, Zulu Araújo (F. Palmares), e posteriormente, Gilberto Gil, e aos poucos a ideia da conferência refluiu. E diante da possibilidade de recuperar ideias presentes nessa iniciativa, Miguez defende que alguns desses projetos perderam o sentido, outros precisam ser requalificados, mas a sistemática foi desenhada: o que seria o Gabinete de Projeto, como hierarquizaria. E segundo o professor, essa talvez tenha sido do ponto de vista cultural a intervenção mais sistematizada que o Brasil produziu a partir do MinC (MIGUEZ, 2015). A novidade era o link entre Cultura e Desenvolvimento, ou de projetos de Desenvolvimento a partir do campo da Cultura. Havia vários apoios, mas

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alguém tinha que capitanear e esse alguém era o Brasil, que por fim, não assumiu esse protagonismo. Em relação ao lugar atribuído à Cultura na agenda do governo Lula, Miguez defende que algumas características garantiram certa facilidade para que houvessem alguns avanços e com alguma velocidade nesse período. Primeiro, a própria compreensão do presidente Lula, em relação ao papel que o Brasil deveria desempenhar nas relações com os países africanos, foi muito importante. E correspondia em larga medida à expectativa que os países africanos têm em relação ao Brasil. O professor argumenta que Brasil é visto de uma forma muito particular pelo mundo africano, nós somos um grande país para eles, pelas relações que a história acabou permitindo que se produzissem com o mundo africano, por conta da escravidão, etc. (MIGUEZ, 2015). E cita que Lula percebia isso com muita clareza. E que do ponto de vista mais geral do governo havia um campo muito propício. Do ponto de vista do MinC havia a figura de Gilberto Gil, com seu capital simbólico, que potencializava essa disposição e a qualificava. O MRE era ocupado por um Diplomata que é um homem da cultura, Celso Amorim. O Itamaraty, Miguez considera uma das burocracias mais bem preparadas que o Brasil tem. E cita que diplomatas de vários lugares do mundo vêm fazer sua formação no Instituto Rio Branco. O que dá ao país uma diplomacia sólida, muito consciente das suas regras, dinâmicas, dos seus métodos de trabalho. E quanto a relação entre MinC e MRE nesse período, menciona que:

Celso Amorim permitiu uma aproximação que às vezes não é tão simples de fazer. Com Gil e Celso, esse alinhamento (entre MinC e MRE) se tornou possível. Ainda que aqui e ali tivessem que haver alguns cuidados que nós do MinC, como não somos diplomatas, agente desconhecia (...). É uma relação que precisa ser muito cuidadosa, e que nesse período foi muito fértil, muito produtiva (MIGUEZ, 2015).

Já quanto ao governo Dilma o professor considera que o lugar atribuído à cultura foi muito pequeno, e que não teria sido um assunto com

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o qual a presidenta tenha desprendido grande esforço de compreensão, e que não estava na área de prioridade dela. E prossegue afirmando que o governo brasileiro como um todo não consegue compreender qual o lugar que a Cultura deve ocupar no projeto de desenvolvimento da construção da nação. E que não existe essa compreensão no parlamento e no seio do governo. Para o professor, a relação com os países africanos ficou com velocidade tendendo a zero nos últimos tempos. E que do ponto de vista da CPLP, no plano cultural, efetivamente muito pouca coisa acontece. A não ser ações absolutamente eventuais: artista de um país em outro país, uma exposição, mas não há projetos com um grau de organicidade maior, com perspectivas de longo prazo, que tenha diálogo intenso com a área do Desenvolvimento. Ou seja, a Cultura, para Miguez, não é assumida na CPLP como o eixo estratégico que pode juntar aqueles países, o que considera um grande equívoco. E ainda afirma:

A Indústria cultural é incipiente e desregulamentada em África. Com presença forte estrangeira. Forte presença brasileira na área de imagem, nos países de língua portuguesa, na TV principalmente (...). A presença mais forte do Brasil no mundo africano de língua portuguesa hoje, se da através das telenovelas. Esse é o grande veículo que faz que o Brasil chegue em África. Definitivamente não é outro. Os países param para ver a novelas. Não é o cinema brasileiro, é em alguma medida a música, mas muito particularmente o audiovisual, a teledramaturgia, hoje você tem pelo menos dois canais, tem a Globo e Record, que chegam pesado lá. É como o mundo brasileiro se aproxima da África. Do ponto de vista institucional eu posso estar enganado, mas não acho. Tinha o DOCTV CPLP, que não sei se hoje ainda funciona, e era um programa interessante (...)” (MIGUEZ, 2015).

Nesse sentido, foi dada a pista aos caminhos da pesquisa, já que o DOCTV CPLP foi um dos projetos que compunha o referido Portfólio de Perfis de Projetos, ainda que por fim viabilizado por outras vias; mas na ocasião do diálogo-entrevista esse programa (que já tinha tido sua primeira

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versão em fins da gestão Lula) estava em processo de retomada redimensionada, através do programa CPLP AV, como veremos adiante. Mas consideramos a importância simbólica que o Portfólio representa, mesmo que não tenha havido a esperada Conferência de Doadores. O que foi construído nesse momento pode ser visto como o espraiamento de sementes de ideias, a coragem coletiva do fomento de processos e iniciativas inovadoras no âmbito da CPLP; ao propor interações entre Cultura e Desenvolvimento, o Brasil alinhava-se às concepções contemporâneas que vinha sendo legitimadas pelo sistema ONU (UNESCO, PNUD, etc.), e assumia um protagonismo nesse sentido, no eixo-sul. Para complementar essa perspectiva citamos outro entrevistado que foi o diplomata Paulo André Lima (Chefe da divisão da CPLP, entre 2011-2015, e atualmente membro do Secretariado da CPLP, em Lisboa), e esse reconhece que depois dessa ideia dos Perfis de Projetos, da Conferência, a questão da relação cultural do Brasil com a CPLP esfriou um pouco, em função de mudanças no próprio governo no Brasil, que era quem liderava isso. E também de certa resistência que esse projeto encontrou entre os demais países que achavam que a coisa era inovadora demais. E menciona que na verdade a CPLP sempre foi um órgão mais político do que cultural, embora ela tenha essa questão da língua como cimento que une os países. E que se faça sempre referência a isso. E para esse Diplomata a Cooperação Cultural no âmbito da CPLP nunca foi proeminente. Um pouco por falta de recursos dos países para investirem em projetos, um pouco porque não se vê realmente como uma grande prioridade. E, por fim, afirma que pra esses países as Políticas Culturais não são tão importantes, e não tem o lugar que o assunto passou a ter na agenda do governo brasileiro, a partir do governo Lula, com Gil. E que na verdade a luta para colocar a Cultura e as Políticas Culturais no centro da agenda é uma luta que não termina nunca, um pouco como nos próprios países. E que na CPLP a questão cultural avança na medida em que o Brasil impulsiona esse assunto. E afirma que é de interesse brasileiro investir na CPLP, não só cultural como político também. Mas considera que a participação do Brasil na CPLP é um instrumento de Política Externa do

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Brasil pouco explorado, ou não explorado como deveria. E que no fundo o Brasil vive sem a CPLP, na verdade não é uma prioridade em nossa política externa, apesar do que diz o discurso (LIMA, 2017).

4.2.2) A I e II Conferências da Língua Portuguesa da CPLP Dando continuidade às entrevistas com os ditos protagonistas da atuação cultural do Brasil voltadas para CPLP, outro contato realizado com sucesso foi com o diplomata José Roberto de Almeida Pinto. Esse atuou com o Representante Permanente do Brasil na CPLP, entre janeiro de 2014 e maio de 2016; além de ter atuado na organização e realização da I Conferência da Língua Portuguesa, que foi realizada em Brasília, em 2010; e de ter participado da II Conferência da Língua Portuguesa, em Lisboa, em 2013. Esse diálogo-entrevista ocorreu no dia 03/07/2017 e prolongou- se por duas horas com explicações detalhadas da perspectiva assumida por esse experiente diplomata, a partir de suas vivências. De acordo com José Roberto Almeida Pinto, a I Conferência da Língua Portuguesa foi articulada pelo MRE, através do Departamento Cultural do Itamaraty, que teve o mérito de organização do evento. O Departamento Cultural do Itamaraty, por sua vez, subordinado a uma das subsecretarias do Itamaraty (Subsecretaria Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial – a qual também está vinculada a ABC e o Departamento de Promoção Comercial e Investimento). O Diplomata rememora que ele foi convidado pelo Itamaraty para cooperar com a ideia da própria organização temática dos assuntos que seriam abordados, a maneira como seria encaminhado, a conceptualização da Conferência. Dessa forma, José Roberto Almeida acabou sendo designado Chefe da Delegação Brasileira e nessa condição presidiu ou co-presidiu a Conferência. E aborda que a I Conferência teve um nome que já havia sido escolhido previamente: Conferência sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial, e que desde então, já bastante visualizada na internet. E, por fim, cita que em 2013 houve a II Conferencia da Língua Portuguesa, quando o Diplomata foi designado Chefe da Delegação Brasileira novamente, em outubro de 2013, em Lisboa. O embaixador José Roberto considera I Conferência da Língua Portuguesa um caso específico, um exemplo claro de apoio brasileiro à

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CPLP na área cultural, no fim do governo Lula. E que na ocasião Portugal presidia a CPLP, quando o Brasil se ofereceu para sediar a I Conferência da Língua Portuguesa da CPLP. O que teria realizado com grande êxito, com um modelo que envolvia a ampla participação da Sociedade Civil, professores, jornalistas, pessoas que trabalhavam com a língua de alguma maneira, inclusive na área de propaganda, intelectuais, enfim. E afirma que dessa Conferência emergiu o Plano de Ação de Brasília, que contém várias áreas; e como todo plano, contêm muita coisa de declaratório, de formalização de intenções comuns. E cita que uma das áreas do Plano de Ação de Brasília é a Difusão do Ensino da Língua no espaço da CPLP. O que, por exemplo, o Brasil e Portugal já vinham fazendo e continuaram a fazer bilateralmente, mediante programas de ensino da língua em Timor Leste. Onde a língua portuguesa é uma questão de afirmação politica de nacionalidade. O que considera um exemplo de ação bilateral, de Portugal com o Timor Leste, do Brasil com o Timor Leste, perfeitamente enquadradas na diretriz do Plano de Ação de Brasília de ensino da língua portuguesa na CPLP, e que não necessariamente se enquadra em uma ação intracomunitária da CPLP. O diplomata defende que o terceiro pilar da CPLP, de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, não pode ser separado de modo algum da área cultural e da área educacional. E compartilha que as decisões finais na I Conferência eram sempre tomadas por representantes dos Estados, como representantes estatais, porque a CPLP é um organismo intergovernamental. Mas antes eram realizadas reuniões da Sociedade Civil, para discutir e apresentar sugestões, em relação aos tópicos que seriam depois decididos no âmbito interestatal. E o diplomata rememora que mesmo a CPLP tendo sido constituída em 1996, portanto, posterior ao AO90, foram negociados no âmbito da CPLP protocolos modificativos do Acordo Ortográfico, não a substancia das regras ortográficas, e sim aos procedimentos de ratificação e entrada em vigor do acordo. E, nesse sentido, a Conferência da Língua Portuguesa e o Plano de ação de Brasília tinha uma relação com o AO90. E que esse, em sua redação original, tinha um artigo que do ponto de vista do Brasil, não havia dúvida nenhuma, se referia a obrigatoriedade de se

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fazer um Vocabulário Ortográfico Comum das terminologias técnicas e cientificas. Mas entre a expressão Vocabulário Ortográfico Comum, e a continuação da frase, que era das terminologias técnico-científicas, havia uma longa intercalada, assegura o Diplomata. Ao afirmar que havia alguns países que interpretavam que o acordo previa o vocabulário ortográfico comum do conjunto do léxico da língua portuguesa. O que considera inexequível, até pela dinâmica da língua. Então a Conferência da Língua Portuguesa, e o Plano de Ação, contem uma orientação no sentido de que todos os países acordavam que o AOLP não previa um vocabulário comum para todo o léxico; e sim apenas das terminologias técnicas e cientificas. Porque se você fosse esperar ter um vocabulário comum de todo o léxico para pensar em ratificar o acordo você não estaria ratificando o acordo nunca (PINTO, 2017). Já a segunda conferência, teria sido em 2013, em Lisboa, quando o secretariado executivo da CPLP já estava sobre os cuidados do embaixador moçambicano, Murade Murargy. Considerado por José Roberto de Almeida como um gestor ativo em propostas, com capacidade de lançar questões, promover debates, propor ações, o que levava os países a terem que reagir, seja positiva ou negativamente, ao que ele formulasse. Mas por fim, afirma que do pondo de vista do Brasil, a CPLP por ser um organismo intergovernamental, quem tem o poder decisório são os Estados-membros. E prossegue relatando que a II Conferência da Língua Portuguesa, ocorreu em Lisboa, em 2013, quando Moçambique presidia a CPLP. E revela que Portugal inspirou-se no bem sucedido modelo da Conferência de 2010 no Brasil, e adotou um modelo semelhante, contando ainda com o peso do Instituto Camões, e quatro universidades portuguesas em sua organização. Então, da mesma forma, na conferência de Lisboa, houve ampla participação da Sociedade Civil, e dela emergiu também o Plano de Ação de Lisboa que complementava ou tratava com mais extensão de temas que tinham de alguma maneira sido aflorados em Brasília, mas não constavam no plano com maior detalhamento. E conclui que basicamente duas questões eram de maior preocupação de Portugal na ocasião, que era o Português e o

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Desenvolvimento Cientifico e Inovação e o Português na Economia Criativa. O embaixador do Brasil na CPLP, entre 2014 e 2016, compartilha que há uma tendência dos países da CPLP, de buscarem plasmar em Planos Estratégicos, ou em estratégias, o conjunto de percepções comuns em diversos assuntos. E que nesse sentido, em abril de 2014, os Ministros da Cultura aprovaram, em , um Plano Estratégico de Cooperação Cultural Multilateral, e seu respectivo Plano de Ação. E os Ministros da Educação, aprovaram em abril de 2015, em Díli, no Timor Leste, o Plano Estratégico no Domínio da Educação, que também está vinculado diretamente com a Cultura. E cita como exemplos práticos decorrentes desses planos: O CPLP AV, apresentado pelo Brasil como afeto ao Plano Estratégico de Cooperação Cultural, em outubro de 2014; o programa RIPES (Rede de Instituições Públicas de Educação Superior), que é um projeto de mobilidade acadêmica coordenado pela UNILAB. E assim conclui que esses dois programas, ambos com recursos brasileiros expressivos, o CPLP AV e o RIPES, indicam um peso bom para a área da Cultura, no âmbito intracomunitário da CPLP, e com recursos aportados diretamente do Fundo Especial. Isso sem contabilizar as ações bilaterais que podem ocorrem a partir da iniciativa dos países-membros da CPLP, independente de aportes do Fundo Especial da CPLP, o que o Diplomata define como cooperação Lato Sensu, embora não seja essa a terminologia oficial assumida pelo MRE. E conclui que a CPLP já tinha proferido a inúmeras reuniões e nunca tinha nunca tinha feito uma Conferência da Língua Portuguesa. Teve a Conferência da Língua Portuguesa em 2010, a II conferência, em Lisboa, em 2013; e a mais recente, em 2016, no Timor Leste, teve como principal objetivo analisar o que se obteve nas conferências de 2010 e 2013. A execução dos Planos de Ação. O que se complementa com o Plano de Cooperação Multilateral cultural, aprovado 2014. Portanto, o diplomata Almeida Pinto vê com cautela a hipótese apresentada no diálogo- entrevista, de que outras áreas estariam se sobrepondo a área base, a área original da CPLP que é a cultural. E reafirma que sempre houveram outras áreas na pauta, e a parte cultural e da Difusão Língua Portuguesa,

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tem estado na pauta talvez mais do que tenha estado no passado. Mas isso é uma perspectiva (PINTO, 2017).

4.2.3) O apoio brasileiro ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa - IILP Quanto ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o embaixador José Roberto Almeida Pinto, relata que cada país faz uma Comissão Nacional no IILP, e que a Comissão Nacional Brasileira envolve necessariamente: o Ministério da Educação, Itamaraty e o MinC. O que mais uma vez reafirma a vinculação entre Cultura e Educação. Nesse sentido, o embaixador revelou que no período entre 2010-2014, por uma questão jurídica o Brasil fez objeção ao pagamento da cota brasileira do IILP. Nesse mesmo período um professor brasileiro, Gilvan Muller, foi eleito presidente do IILP, e não obstante a inadimplência brasileira, ele conseguiu lançar dois projetos que tiveram êxito: o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE), que é um portal que inclui matérias didáticas provenientes dos diferentes países, portanto permitindo demonstrar a diversidade da língua nos métodos de ensino. O segundo projeto que Gilvan Muller levou adiante, era o que se previa no Plano de Ação de Brasília, a ideia de que o AO não pedia um Vocabulário Ortográfico Comum do conjunto do léxico. Dessa forma, outro parágrafo do plano estimulava a organização de Vocabulários Ortográficos Nacionais, com base na nova ortografia. O Brasil e Portugal já tinham preparado seus Vocabulários Ortográficos Nacionais. O Brasil tem aquele da Academia Brasileira de Letras, O VOLP, e Portugal tem o VOP, Vocabulário Ortográfico Português. Mas o IILP desenvolveu um projeto de elaboração de Vocabulários Ortográficos Nacionais que levou a elaboração dos vocabulários ortográficos em Cabo Verde, Moçambique e Timor Leste. Então, Moçambique, por exemplo, que ainda não ratificou o conjunto do Acordo Ortográfico e os dois protocolos modificativos; no entanto, teve o seu Vocabulário Ortográfico Nacional, no projeto do IILP. Isso entra numa plataforma digital, uma plataforma de dados, cujo objetivo é combinar os Vocabulários Ortográficos Nacionais dos diferentes países, de modo que você possa ter um Vocabulário Ortográfico Comum, do léxico, mas não

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com o objetivo de que você tem de ter, como uma premissa para você adotar ao acordo, que enfim oito países já adotaram. E sim, como um desiderato, um anseio, um resultado que pode ser muito interessante e útil. Considerando que o Vocabulário Ortográfico Nacional inclui a riqueza vocabular, terminológica, de diferentes países. Nesse sentido, conclui que em relação às instruções elaboradas pelos países, não são apenas palavras, diretrizes, previsões, constantes de documentos de estratégias, da cooperação lato sensu, mas delas emanam ações, sejam ações intracomunitárias, ou não. O portal do IILP, Portal de Professores de Português Língua estrangeira, é intracomunitário, no âmbito do IILP, que é uma instituição da CPLP. O projeto de Vocabulários Ortográficos Nacionais (VOC – Vocabulário Ortográfico Comum) é também intracomunitário. Mas, não são recursos postos no Fundo Especial, como é o caso do CPLP AV; no caso no IILP, são recursos postos diretamente no orçamento do IILP. São projetos comunitários, levados a cabo por uma instituição comunitária, que é o IILP. Enquanto outras diretrizes, outras previsões nesses documentos de orientação estratégica, são executadas, em nível bilateral, em nível nacional, mas estando de acordo com os objetivos previstos nos instrumentos de formulação de posições e estratégias. Dessa forma, o embaixador do Brasil na CPLP entre 2014-2016, afirma que a inadimplência brasileira com o IILP nesse período, causada pelo embargo do MPOG por um entrave jurídico, coincide também com o atraso da cota brasileira no orçamento da CPLP, devido à crise econômica enfrentada pelo Brasil nesse período, o que reverberou no atraso do pagamento também a outras instituições. Mas por outro lado, o então vice- presidente do Brasil, , visitou a Sede da CPLP, no dia 21 de abril, de 2015, onde foi recebido pelo Secretário Executivo da CPLP, Murade Murargy. Nesta visita, Michel Temer encontrou-se com os Representantes dos Estados membros da CPLP e comunicou a disponibilidade do Brasil em acolher a realização da XI Conferência de Chefes de Estado e de Governo, ocorrida em novembro de 2016, em Brasília. O que também foi interpretado como uma confirmação da importância atribuída pelo Brasil à CPLP.

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Por fim, o diplomata Almeida Pinto defende que a CPLP é da maior importância para a Política Externa brasileira. Trata-se de um organismo formado por países ligados ao Brasil por vínculos de toda a ordem; é uma base de atuação brasileira, pautada numa identidade cultural, sobretudo, na identidade linguística, que projeta dimensões da própria nacionalidade brasileira. Almeida afirma que:

Nós somos fruto de uma mescla de influências, uma mescla de culturas, e a presença do Brasil se dá como parceiro importante, ativo, interessado no destino de nossos colegas de organização. Essa presença eu acho que é uma forma natural de projeção daquilo que o brasileiro é. O brasileiro tem origem africana, tem origem portuguesa, tem diversos tipos de contribuição. Não temos essa presença propriamente do Timor, mas temos a presença asiática na nossa formação também. Eu acho isso uma dimensão que não se pode negligenciar. Em segundo lugar eu acho que é uma organização, que justamente por se pautar nessa identidade de base de formação, como nós temos em relação aos países que a integram, tem em relação ao Brasil boa vontade. Acolhem sempre na máxima medida possível, sugestões que nós possamos formular, assim como nós apoiamos na máxima medida possível, sugestões oriundas desses países (PINTO, 2017).

Nesse sentido, concluímos que o relato de experiência do embaixador José Roberto de Almeida Pinto, abre uma série de perspectivas inusitadas para a pesquisa. Dentre elas, chamamos a atenção para o que o Diplomata chama de a concertação da cooperação, mesmo não seguindo a terminologia oficial do MRE, ou da CPLP. Essa abordagem sugere a amplitude do leque de áreas de atuação da CPLP, em diversos domínios que não apenas o cultural (saúde, segurança alimentar, defesa, energia, ciência e tecnologia, educação, etc.), e que cada uma dessas áreas é um universo de discussões. Nesse sentido, o diplomata defende que o pilar da Cooperação pode ser dividido em duas áreas: a cooperação lato sensu, com coordenação de perspectivas, estratégias, entendimentos comuns a diferentes áreas; e a cooperação stricto sensu, no sentido da cooperação intracomunitária, feita no âmbito da CPLP com recursos

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aportados pelos Estados para o fundo especial da CPLP, que existe para prover a Cooperação na Comunidade. Com essas duas dimensões em mente, podemos interpretar que a Cooperação pode ser uma Cooperação de metas comuns ou de princípios comuns, de perspectivas comuns, em relação a uma área de atuação, como também, intracomunitária.

4.3) DOCTV CPLP - biografia Na obra DOCTV – Operação de Rede – Brasil-América Hispânica-África-Ásia, publicado pela editora Instituto Cinema em Transe, em 2011, tem um capítulo denominado biografia precoce do DOCTV, escrito por Orlando Senna. E segundo o cineasta, ao assumir a Secretaria do Audiovisual, em janeiro de 2003, tinha como uma das prioridades emergenciais, que o órgão se transformasse real e rapidamente em audiovisual, com a abrangência anunciada em seu nome. Para Senna, a secretaria teria se comportado até então como um departamento cinematográfico, destinando suas ações nessa direção. E cita que a única ação audiovisual concreta custava quase um terço do orçamento da secretaria. Sendo essa, a TV Cultura e Arte, que existiu nos dois anos do governo FHC, um programa exibido em alguns canais a cabo e praticamente invisível, apelidada de emissora fantasma. E que a TV Cultura e Arte foi extinta imediatamente para dar passagem a projetos relacionados à TV aberta, como a TV Brasil, a montagem de uma rede de canais públicos e os vários programas de produção/teledifusão, com destaque inegável para o DOCTV, o primeiro a ser posto em prática.

Senna afirma que o DOCTV foi desenhado em fevereiro de 2003, apenas um mês depois da posse do governo Lula, quando o Ministro Gilberto Gil e ele estavam montando suas equipes. E que ele teria chegado à secretaria do audiovisual, com a base do plano de políticas públicas em baixo do braço, já aprovada por Lula e Gil: o relatório do Seminário Nacional do Audiovisual, que havia trabalhado em dezembro de 2002 sobre as propostas dos Congressos Brasileiros de Cinema III e IV, realizados em 2000 e 2001. Que por Senna, era uma turma que eu já conhecia, que podia

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identificar, graças à minha atividade com professor em diversas escolas de cinema (SENNA, 2011).

E afirma que diante da necessidade de criar um tipo de fomento à produção que incluísse a data de lançamento do filme, ou seja, programas ao mesmo tempo de produção e distribuição, foi mencionado por um dos assessores um programa que estava em curso na TV Cultura, concebido e coordenado por Mário Borgneth, que também tinha passado pela escola de Cuba e vivenciado experiências televisivas africanas semelhantes às do próprio Orlando Senna: ele em Moçambique, eu em Angola.

4.3.1) A pista

E, segundo Senna, a experiência mencionada tratava-se do núcleo de documentários da TV Cultura, realização de projetos a partir de coproduções com produtores independentes de todo o país, exibidos em redes de canais públicos em uma faixa intitulada DOC.BRASIL e com uma média de 75 produções anuais. E confessa que: não era o projeto que estávamos sonhando, mas era uma boa pista. E assim Mário Borgneth, e seus três anos de experiência no comando do programa, foram convidados para uma conversa em Brasília. Borgneth havia criado o DOC.BRASIL em regime de colaboração com um produtora independente porque a TV Cultura não tinha recursos suficientes para bancar a produção. E assim concebeu um estratagema de barateamento do custo de produção no qual a exibição em rede era vital, era uma fonte de retorno, embora pequeno, para o produtor independente. Mas, segundo o então secretário do audiovisual, a rede de 23 emissoras encabeçadas pela TV Cultura não tinha muita coesão, os furos de rede eram constantes e o crescimento da produção exigia mais participação financeira da TV Cultura, que já estava no seu limite.

4.3.2) A mágica do negócio

O que estávamos buscando? Questiona retoricamente e revela: integração da produção independente com a televisão pública, uma rede

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pública de televisão cobrindo todo o território nacional para veicular o programa, conteúdos de qualidade realizados em todo o país. E dessa forma, a primeira decisão foi que seriam documentários no formato TV de 52 minutos, com temática ampla, aberta, e a montagem de um circuito nacional de televisão a partir da frágil rede TV Cultura já existente e tendo como alavanca o próprio programa. Ou seja, um programa que interessasse muito tanto aos produtores independentes quanto à TV, que fosse bom negócio para ambos. E nessa ocasião percebem que a carta que poderia superar as debilidades do programa da TV Cultura era o fomento federal, possível de ser garantido imediatamente usando os recursos previstos para a extinta TV Cultura e Arte.

E autobiografa que as contas foram feitas, o orçamento para a realização de um documentário em cada Estado da Federação, orçamento adequado (cerca de cem mil reais). Capaz de sustentar um bom produto. E que discutindo as distantes possibilidades do binômio coprodução/rede, chegaram à conclusão que as emissoras da rede deviam ser coprodutoras minoritárias. Nessa perspectiva, Borgneth propôs que cada emissora ficasse responsável pela realização de um programa e cobrisse 20% do seu custo, os restantes 80% seriam cobertos pelos recursos federais.

Ali estava o germe do que passamos a chamar a mágica do negócio: uma emissora pública, carente de programação e de dinheiro para produzir ou comprar essa programação, arca com um quinto do custo de um programa, podendo ser em serviços, e recebe em troca 27 programas para a sua grade (SENNA, 2011).

E explica que o número 27 se referia aos estados da federação, mas esse princípio se mostrou elástico nos anos seguintes, o que foi exemplificado pelo DOCTV Brasil IV, de 2008/2009, quando foram produzidos 55 documentários. O autor afirma que esse aspecto do bom negócio para as emissoras foi fundamental para futura a adesão da Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Ibero-

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americanas – CAACI ao DOCTV IB (DOCTV Ibero-América), e à internacionalização do programa, o que futuramente incluiria o DOCTV CPLP.

4.3.3) Em marcha

Senna revela que o projeto inicial foi desenhado antes que fevereiro de 2003 terminasse – e destaca o adjetivo inicial porque o DOCTV se desenvolveu como desdobramentos e ampliações desse desenho original, e que nenhuma edição repetiu a anterior, houve inovações a cada edição. Em março o projeto foi apresentado e discutido com futuros parceiros, com atuação presencial do Ministro Gil e do Secretário Executivo Juca Ferreira, e de negociações internas, no MinC e em outros órgãos intergovernamentais. Devido à pressa de começar a governar, deviam fazer negociações políticas intensas, já que a operação em curso incluía parceria entre o Governo Federal e Estados governados pela oposição. E Senna prossegue em demonstrar evolução cronológica que materializa o desenho inicial do programa:

Em março de 2003 foram assinados convênios de cooperação do MinC com a TV Cultura e com a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais – ABEPEC. Em abril as conversações foram focadas na Associação Brasileira de Documentaristas – ABD, acertando-se os parâmetros da colaboração com a produção independente. Em maio, aconteceu uma Oficina de Planejamento Executivo com os parceiros, em junho, o lançamento do edital convocando a produção independente e o início da instalação dos Pólos Estaduais, outro aspecto inédito do projeto, casulos regionais operados em conjunto pelos canais de TV e pelos documentaristas (SENNA, 2011).

Orlando Senna, então, demonstra que a primeira edição do programa foi coordenada por Mário Borgneth, cuidando da TV (rede, distribuição), e por Paulo Alcoforado (também ex-aluno, e liderança indiscutível entre os estudantes no instituto Dragão do Mar, no Ceará).

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Cuidando das ABDs (Associação Brasileira de Documentaristas) e da produção, em um momento convergente para a montagem dos pólos estaduais. A essa altura, com a designação oficial de fomento à produção e teledifusão do documentário brasileiro, em movimento convergente para a montagem dos pólos estaduais, a parceira DOCTV Brasil se organizou em uma força de trabalho com funcionários do MinC, da TV Cultura e da ABEPEC. E dessa forma, o cineasta revela que um dos problemas é que não existiam Associação Brasileira de Documentaristas em todos os estados e o programa teve de estimular a criação delas onde não existiam, sendo um fator crucial para que a ABD em todos os Estados se transformasse em uma entidade realmente nacional. Mário Borgneth teria enfrentado o mesmo problema, já que a rede ABEPEC não cobria todos os estados, levando-o a dedicar-se a ampliar a rede. Para Senna, a sedução do programa, tanto sob o aspecto cultural (diversidade, regionalização, integração) como no aspecto nacional (programação e baixíssimo custo), sustentou a adesão de emissoras que não estavam na ABEPEC, compondo uma rede integrada por 20 Estados. Na primeira edição, e por todas as 27 unidades da federação na segunda edição. Como aconteceu com a ABD, também a rede pública de televisão alcançou dimensão nacional a partir do DOCTV.

4.3.4) Conteúdo

E demonstra que a partir de outubro de 2003, após a seleção de projetos por comissões estatuais, teve início a produção de 26 documentários inaugurais – com o modelo já aberto à produção de mais de um documentário por estado, a depender da disponibilidade das emissoras públicas locais. A estreia do programa aconteceu em abril de 2004 e essa última etapa da primeira edição consistiu em garantir a coesão da rede e completar o processo de implantação, com a possibilidade de ajustes e procedimentos que só a prática é capaz de dar. Prática que também ratificou a consciência que estávamos laborando em um projeto aberto a correções e acréscimos, uma construção contínua (SENNA, 2011). Já na segunda edição, 2004/2005, foram acrescentadas mais duas oficinas, depois outra, chegando-se ao formato atual, com oficinas de planejamento

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estratégico, desenvolvimento de projetos, formatação de projetos e desenho criativo de produção.

4.3.5) Carteiras estaduais

E ainda, revela que durante a segunda edição, completou-se a implantação dos polos estaduais e aconteceu um salto vigoroso: as carteiras especiais, que proporcionaram um aumento de quase 50% na quantidade de programas, passando dos 26 documentários iniciais para 35. Alguns Polos Estaduais se dispuseram a produzir outros documentários, além dos que eram dedicados a cada Estado pela carteira nacional, com recursos financeiros de empresas públicas e privadas nacionais. Assim, foram criadas as carteiras especiais, produções estaduais seguindo rigidamente os parâmetros da rede e somando-se às produções do primeiro formato, da coprodução Governo Federal/Governo Estadual. As carteiras especiais se espraiaram por uma série de unidades federativas brasileiras e, dessa forma, produziram por conta própria cerca de 40 documentários nas quatro edições do DOCTV Brasil, injetando uns 5 milhões de reais em investimentos diretos na produção audiovisual brasileira.

E menciona que dentre as numerosas interfaces políticas vale mencionar como exemplo a muito delicada articulação do governo Lula com o governo tucano oposicionista de São Paulo para concretar a cooperação com a TV Cultura e a criação de uma carteira especial paulista. O que resultou na carteira especial mais forte, o que é natural sendo São Paulo, com a produção de 17 documentários integrados a um programa federal de teledifusão. E que esse cerzimento político, igualmente delicado e complicado, também teria sido capítulo fundamental na implantação do DOC TV Ibero-americano e no DOCTV CPLP.

4.3.6) Internacionalização

Quanto à internacionalização, Senna demonstra que a ideia da expansão continental do programa estava germinando desde 2004 nas reuniões da coordenação do DOCTV Brasil e da equipe da Secretaria do

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Audiovisual/MinC. Em fins de 2004, a Fundación del Nuevo Cine latino- Americano se somou ao projeto e seu presidente Gabriel García Márques o apadrinhou, dando declarações favoráveis à iniciativa, citando o êxito das edições brasileiras e chamando a atenção dos governos e do continente. Em 2005 o projeto foi aprovado pela CAACI como seu segundo programa de integração audiovisual dos países ibero-americanos, fazendo par com o Ibermedia. A aprovação foi dificultosa e a implantação mais ainda, a Espanha achava que o programa brasileiro ia sobrecarregar as obrigações da CAACI. Não obstante a isso, a vontade da maioria dos países de realizarem o projeto prevaleceu, e foi constituída uma unidade técnica para cuidar da nova interface da entidade e decidido que a primeira edição seria coordenada pelo Brasil. Dessa forma, foi criado o fundo internacional, o Fondo DOCTV, com participação inicial de Argentina, Bolívia, Brasil, México e Venezuela e o custo de cada documentário fixado em 70 mil dólares. Para Senna, o embate político com os espanhóis custou a ausência de documentários da Espanha, como componentes da rede DOCTV, a rede de teledifusão bicontinental que se constituiu. Vencidos os percalços, a formatação e a realização do primeiro DOCTV Ibero- americano aconteceram em 2006/2007, com a junção de forças da coordenação brasileira, da Unidade Técnica da CAACI e da Fundación del Nuevo Cine Latino-Americano.

Assim o então Secretário do Audiovisual demonstra que esse desenho adaptava o programa brasileiro a um cenário internacional, com a materialização de uma rede multinacional, um fundo composto por diversos países (cumprindo o papel do MinC no DOC TV Brasil) e organização de polos nacionais com representação da produção independente, emissoras públicas e órgãos gestores do audiovisual. E também as oficinas de planejamento estratégico e desenvolvimento de projetos. Porém reconhece que a articulação de países para uma empreitada comum de produção e teledifusão foi consideravelmente mais complexa que a montagem do projeto no Brasil. E que o mais difícil teria sido compatibilizar os mecanismos jurídicos nacionais aos parâmetros do DOCTV, a busca de caminhos e atalhos jurídicos em cada país. Outra dificuldade teria sido

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sistematizar a distribuição via satélite, a coordenação teve de testar e contratar satélites e cada rejeição era um problema, as empresas pressionavam forte (SENNA, 2011). E tinha ainda a questão da legendagem dos documentários em dois idiomas e outros pequenos/grandes detalhes que apenas ratificavam que o que estava sendo feito era inédito, que estávamos nos movendo em um continente que pela primeira vez construía uma rede de emissoras de treze países, enfrentando as assimetrias de Estado e de mercado e as dessemelhanças de culturas audiovisuais (SENNA, 2011).

4.3.7) Língua Portuguesa

Já a ideia de um DOCTV dos países lusófonos, que objetivamente interessa às finalidades dessa pesquisa, segundo Orlando Senna começou a ser trabalha em 2004, através de inúmeros encontros com governos e produtores desses países. E que inicialmente, os produtores e cineastas preferiam um programa de ficção e defenderam muito essa opção, que também contava com a simpatia das autoridades cinematográficas africanas. E que chegou a ser desenhado um projeto de ficção que utilizaria, em parte, os mecanismos de produção do DOCTV IB, intitulado África Fic: realização de oito filmes, um por país, que seriam exibidos originalmente em salas de cinema e em seguida constituiriam uma série de TV. Mas afirma que um tempo depois voltou-se a proposta de um DOCTV, como reflexo do êxito dos programas brasileiro e ibero-americano, por existir um formato e um modelo de negócio testados e comprovados que respondiam às intenções e necessidades de intercâmbio e integração audiovisual da comunidade lusofalante. A formatação seguiu a mesma linha das anteriores: concursos públicos, oficinas, rede, fundo e coprodução entre o fundo e as emissoras (cada documentário com orçamento de 50 mil euros). As negociações duraram quatro anos, bilateralmente e no âmbito da CPLP. E seus protagonistas tiveram de enfrentar duas dificuldades: as relações ambíguas entre Portugal e os países africanos lusófonos, resquícios do colonialismo de séculos que só findou recentemente; e, outra vez, o ineditismo, o fato de ser novidade para todos uma ação de cooperação audiovisual (cultural, tecnológica e

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negocial) entre os novos Estados africanos e asiáticos lusófonos, o Brasil e Portugal. E também havia a questão da compatibilização jurídica, nesse caso envolvendo Estados de quatro continentes (América, Europa, África e Ásia). As tratativas chegaram a bom termo em 2009, na gestão do ministro Juca Ferreira e do Secretário Audiovisual, Silvio Da-Rin.

E conclui que a primeira edição do DOCTV CPLP, com nove documentários, foi exibida no segundo semestre de 2010 e ultrapassou o número de membros da CPLP. Participaram do programa os oito países da CPLP (Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) e também a China, representada pela região Administrativa Especial de Macau-RAEM, que tem status político e autonomia semelhantes a Hong Kong. Macau com quase um milhão de habitantes, fala português e chinês mandarim e o canal de TV em português que aderiu ao projeto o fez alegremente, celebrando a viabilização dessa programação para seus telespectadores e também o fato de ser aceita pela comunidade lusófona, de ser integrada, mesmo sendo um pequeno enclave linguístico. E cita como outro caso instigante a participação do Timor-Leste, país transcontinental entre a Ásia e a Oceania, com pouco mais de um milhão de habitantes, colonizado por Portugal até 1975 e vítima de uma invasão sangrenta da Indonésia que foi superada em 2002. E revela a sensação de pertencimento que alegrou os macauenses também soprou no coração dos timorenses, construtores de um Estado que na ocasião tinha 8 anos de idade (atualmente 15 anos).

Por fim, Senna demonstra que a segunda edição desse programa tetracontinental, o DOCTV CPLP II, começou a se tornar realidade em julho de 2010, quando a VII Reunião de Ministros da Cultura da CPLP aprovou sua implementação e execução e a disposição de evidar todos os esforços para a contribuição financeira deste programa por parte dos Estados membros.

4.4) DOCTV CPLP e CPLP AV – relato de experiência.

Dando continuidade à realização dos diálogos-entrevistas com os ditos protagonistas, às narrativas fundamentais para a compreensão do

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universo que envolve o objeto dessa pesquisa, cabe destacar a contribuição de Henrique Andrade, que atuou como Coordenador da Unidade Técnica do DOCTV CPLP, como também da linha DOCTV CPLP II no programa CPLP AV. A entrevista foi realizada via Whatsapp, em 12/06/17, mediante a troca de áudios em tempo real. E a princípio, seguindo aquele mesmo script de questões-base enviadas no e-mail coletivo anteriormente citado. E segundo Andrade tanto o DOCTV IB quanto o DOCTV CPLP, iniciativas respectivamente voltadas para América Latina e África, correspondiam às prioridades internacionais definidas pelo governo Lula, em particular o MERCOSUL e a CPLP.

E Andrade revela que o DOCTV CPLP foi coordenado concomitantemente por Brasil e Portugal, sendo que a unidade técnica, que era a equipe que tocava o programa junto com o secretariado executivo da CPLP, funcionava em Salvador e em Lisboa. Em Salvador ela funcionava no IRDEB, coordenada pelo próprio. Em Lisboa funcionava no Instituto de Cinema e Audiovisual de Portugal, o ICA-PT. Em sua vivência Henrique Andrade considera que a CPLP tem pouquíssimos projetos em colaboração. Na época do DOCTV CPLP, o técnico do programa chegou a ouvir de funcionários da CPLP, em Portugal, que o DOCTV CPLP era a primeira ação de grande envergadura coordenando todos os países da CPLP em prol de um projeto comum.

E Andrade menciona que a volta de Juca Ferreira ao MinC como ministro, em 2015, relaciona-se também com a retomada do DOCTV CPLP. Em sua nova edição, o programa denominado CPLP audiovisual (vide: http://www.pav.cplp.org), foi diferente porque foi dividido em três linhas: 1) DOCTV, 2) FICTV e 3) Nossa Língua; que na ocasião da entrevista estava em andamento a exibição dos filmes na TV Brasil, às segundas-feiras, às 23 horas. Segundo Andrade, o orçamento do DOCTV CPLP foi de um milhão de euros, e o programa CPLP audiovisual contou com o investimento de 3.230.928 euros. Esses recursos foram aportados dos países membros para a CPLP, e foram geridos-executados a partir da CPLP, através de sua secretaria executiva. No primeiro programa Brasil e Portugal entraram com 50% dos recursos cada um. Já no CPLP

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Audiovisual a participação do Brasil foi bem superior. Andrade considera que Portugal, que na época passava por uma crise econômica grande, contribuiu com 500 mil ou 1 milhão de euros, o restante do recurso, mais de dois milhões de euros vieram do MinC do Brasil. Sendo que os recursos aportados no primeiro programa, meio milhão de euros, foram aportados através da Diretoria de Relações Internacionais, espécie de braço do Itamaraty no MinC, cujo diretor é um Diplomata.

Além disso, Andrade reconhece que no primeiro DOCTV CPLP o Itamaraty foi de grande ajuda, inclusive para abrir os caminhos de comunicação e conversa com Portugal e demais países de língua portuguesa. E que inicialmente havia muita apreensão na SAV do MinC quando resolveram executar o DOCTV CPLP, porque não se sabia qual seria a reação de Portugal a esse projeto. Isso porque na época do DOCTV Ibero-América, ele foi pensado para acontecer no âmbito dos países da América Latina com participação de Portugal e Espanha. Depois da primeira edição o nome do programa mudou e hoje é DOCTV Latino América, porque na primeira edição Espanha e Portugal não participaram, foram a todas as reuniões, mas não puseram recursos, nem realizaram os concursos, e nenhuma ação do programa nem em Portugal nem Espanha. Na época se imaginava que Portugal não tinha interesse na América latina, mas apenas no Brasil, e que a Espanha via com maus olhos um projeto brasileiro direcionado a outros países latino-americanos, área de forte influencia cultural, diplomática, espanhola. Mas, por fim, a história do programa DOCTV latino América tornou-se extremamente bem sucedida, já em sua sexta edição. E afirma que os outros países latino-americanos que tem participado do programa, abraçaram o programa e se apropriaram dele. A Coordenação do Programa recebe recursos de vários dos países participantes, não de todos, porque nem todos os países tem dinheiro para aportar, mas a execução, a coordenação de cada edição do programa é itinerante, e é feita cada edição por um novo país. Já foi feita por brasileiros, argentinos, colombianos, chilenos, etc.

Mas, retomando ao DOCTV CPLP, confessa que no inicio havia uma insegurança, por parte de Portugal, se o programa seria efetivamente

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realizado, e que se conseguiria levar o programa até o fim. E celebra que na reunião de encerramento feita em Lisboa, a convite do Ministério da Cultura de Portugal, foi prazeroso ver os parceiros, os portugueses, tirarem o chapéu e parabenizarem o Brasil por ter conseguido levar o programa até o fim, porque a incredulidade sobre o sucesso dele era muito grande (ANDRADE, 2017). O coordenador técnico do programa DOCTV CPLP avalia que essa primeira edição do programa teve um impacto importante em alguns dos países que participaram. Alguns são extremamente pobres, é o caso da Guiné Bissau. Timor Leste e Angola eram países que tinham saído de situação de guerra muito recentemente.

Para ilustrar a importância desse programa para o Timor Leste, Andrade compartilhou que o Coordenador do Polo Nacional de Timor (um Secretário de Estado, da Educação), afirmou que o documentário realizado em Timor Leste para o DOCTV CPLP foi o primeiro documentário realizado no país em uma língua nacional, que não era o português, nem o tétum - a língua mais falada no Timor, já que o português quase desapareceu em Timor. Mas esse documentário foi realizado em uma língua falada no interior do país que resgatava uma tradição religiosa muito antiga, e que havia muito anos sem poder ser exercida por conta da repressão da dominação indonésia. E esse foi o primeiro documentário realizado em Timor Leste depois da independência. Da mesma forma, em Cabo Verde que, segundo Andrade, é um país a frente dos demais PALOP em muitos aspectos, especialmente no aspecto cultural; Cabo Verde não tinha uma autoridade audiovisual, e eles terminaram o programa com a ideia de implementar uma autoridade audiovisual no pais. E quando na implementação do CPLP audiovisual, em 2015, percebemos que acabou não sendo implementado, mas Cabo Verde participa de forma bem mais ativa que na primeira edição (ANDRADE, 2017).

Quanto ao CPLP AV, Henrique Andrade corrobora que quem forneceu os recursos para o programa CPLP audiovisual foi a ANCINE. Não com recursos do MinC propriamente, mas esses recursos vieram do Fundo Setorial do Audiovisual. E cita a conquista política do setor audiovisual atualmente no Brasil, a partir da Lei da Obrigatoriedade do

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Conteúdo Nacional nas TVs a Cabo (Lei 12.485 sancionada pela Presidenta Dilma em 12/09/2011); e também com a criação do Fundo Setorial do Audiovisual que recebe recursos do imposto sobre propaganda nas TVs a cabo e nos cinemas. E o FSAV, argumenta Henrique Andrade, sem dúvida nenhuma, é a maior fonte de recursos que existe na área da Cultura no país, desde que ele foi implementado (ANDRADE, 2017). O FSAV11 teria sido lançado como um grande programa por Dilma Rousseff, chamado Brasil de Todas as Telas, em 2010-2011.

Quanto à questão do intercâmbio cultural entre o Brasil e esses países, Henrique Andrade menciona que uma percepção que teve, especialmente quando trabalhou no DOCTV CPLP, foi de uma situação bizarra: em primeiro lugar porque existe uma conexão forte ainda entre Portugal e os outros países de língua portuguesa, com exceção do Brasil. E que um fator que unifica muito esses países é a própria língua portuguesa, porque a sintaxe do português desses países é praticamente a mesma, e é diferente da sintaxe do português do Brasil. O português escrito é igual em todos os lugares, mas o falado não é. E Andrade também reconhece que a presença cultural do Brasil em Portugal e nos países africanos é enorme, e que isso se dá principalmente e quase exclusivamente por causa dos programas de TV brasileiros, as novelas da TV Globo e mais recentemente da TV Record nesses países. Além da presença unânime em quase todos esses países da IURD. Ou seja, Andrade constata que há uma presença cultural do Brasil nesses países, e o inverso não é verdadeiro.

Quanto à recepção do programa, Andrade afirma não ter notícias quanto à audiência do programa DOCTV CPLP, nesses países, e nem no Brasil. Mas afirma que o resultado mais importante da atuação

11 NOTA: FSAV – categoria específica do FNC, destinada ao desenvolvimento da indústria do audiovisual no Brasil – instituído pela lei 11.437 de 2006 – seus recursos vem da arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – CONDECINE e do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações – FISTEL, tendo chegado a 84 milhões de reais em 2011. Os recursos do FSAV são distribuídos em 4 linhas: a) produção independente de filmes de longa metragem brasileiros, b) Produção independente de obras audiovisuais para TV, c) compra de direitos de distribuição de longa-metragens, d) distribuição de filmes de longa-metragem brasileiros em salas de cinemas. 105

cultural do DOCTV CPLP, por menor que tenha sido, é a possibilidade do intercâmbio audiovisual entre os países. Em seus próprios termos:

A TV pública portuguesa, a RTP está presente em todos os países africanos, existe até um canal internacional da RTP, chamado RTP África. Por sua vez, a TPA, TV publica de Angola, também tem um canal internacional, TPA internacional, que está presente nos outros países africanos. Mas você não vê em nenhuma TV à cabo brasileira essa TV, nem mesmo da RTP de Portugal. Dependendo da rede de TV a cabo pode ser que tenha a RTP no Brasil, mas é mais comum encontrar a SIC (Sociedade Independente de Comunicação) que é uma TV privada portuguesa, que tem um perfil mais parecido com o da TV Globo, do que de uma TV pública. Então, você tem uma presença de Portugal forte nas ex-colônias, exceto Brasil. Alguma atuação de Angola em outros países africanos. Tem canais de TV de Moçambique que são vistos em Angola, mas o intercâmbio entre os países africanos é muito pequeno, e o Brasil não vê quase nada de conteúdo audiovisual ou qualquer outro conteúdo cultural produzido nesses países (ANDRADE, 2017).

E Henrique Andrade confirma, ainda, que nos dois programas foram feitas oficinas de capacitação dos realizadores dos projetos premiados, escolhidos nos concursos nacionais. No primeiro programa a oficina teria sido em Moçambique, em uma localidade próxima a Maputo; e no segundo programa foi feita em Óbidos, em Portugal. Além disso, foi feito no programa CPLP Audiovisual uma oficina inédita, de teledifusão, que no primeiro programa não havia sido feita. Como também uma linha do programa chamada Nossa Língua, que consistiu em reunir documentários que já existiam nos vários países para exibir em rede. A ideia era conseguir quatro documentários de cada país. Mas não se conseguiu quatro documentários em todos os países, porque a produção de documentários nesses países é muito diferente uns dos outros. E que em Angola e

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Moçambique a produção é maior. No Brasil e em Portugal a produção de documentários já é mais sólida. Mas nos outros países essa produção é muito incipiente, então houve uma dificuldade em conseguir os títulos em Guiné Bissau. Dois dos títulos escolhidos eram filmes realizados por produtoras portuguesas em Guiné Bissau. Vários dos filmes do primeiro DOCTV CPLP foram escolhidos pra compor a carteira de cada país porque não haviam títulos suficientes, houve uma dificuldade enorme de encontrar títulos na Guiné equatorial. Mesmo Timor não completou os quatro títulos da carteira.

Henrique Andrade reafirma que o primeiro programa DOCTV Ibero América foi coordenado por Mário Borgneth e Paulo Alcoforado. E que Paulo Alcoforado foi quem tomou a frente da implementação do primeiro programa DOCTV CPLP, na SAV no MinC. E da mesma forma, Paulo Alcoforado foi uma figura muito importante na execução do CPLP AV porque na ocasião ele ocupava um cargo diretamente relacionado à execução dos recursos do FSAV. Foi ele quem garantiu a rubrica da disponibilização desses recursos do FSAV para o CPLP audiovisual, e que foi feito novamente sob a coordenação geral do Mário Borgneth, do primeiro programa.

E questiona retoricamente: o que muda do primeiro para o segundo programa? O primeiro era apenas o DOCTV: formação dos pólos nacionais com o MinC e TV pública em cada país; oficina executiva de formação desses executivos dos pólos nacionais, para a sistemática do programa; a realização dos concursos junto com os pólos nacionais, e a CPLP, o secretariado executivo da CPLP, nos estados membros; oficina de formação dos ganhadores dos projetos e o acompanhamento passo-a- passo da execução da produção dos projetos. O que Andrade considera importante na sistemática do DOCTV, porque na oficina de formação, na oficina executiva, já tem um cronograma fechado, até da exibição dos programas já produzidos, dessa forma, a produção dos programas obedece a um cronograma rigoroso, porque se houver atraso desanda o programa todo, até porque o recurso do orçamento do programa é fechado,

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e se houver atraso na execução do programa, não fecha, porque vai ficar sem dinheiro, com os custos de manutenção da unidade técnica, etc.

No CPLP AV o recurso disponibilizado pelo Brasil ao secretariado executivo da CPLP para a execução do programa, aumentou muito, ele mais do que triplicou, como vimos: de 1 milhão de euros para pouco mais de 3 milhões de euros; e isso permitiu que ele fosse desdobrado em três linhas. A linha Nossa língua, exibição de programas de documentários já existentes, funcionava como uma espécie de programação previa a exibição dos documentários e filmes de ficção enquanto estavam sendo produzidos, preparando o público, o espectador dessas tevês publicas para a exibição do programa. E as outras duas linhas: DOCTV CPLP II, nos mesmos moldes do primeiro, em que cada filme recebeu 50 mil euros. E FICTV CPLP, através do qual quatro países que produziram telefilmes de ficção: Brasil, Portugal, Angola e Moçambique, mediante o aporte de 150 mil euros; e os outros cinco países (dessa vez Macau não participou, mas a Guiné Equatorial participou) receberam o recurso de 40 mil euros para elaboração de roteiros de projetos de telefilmes de ficção para uma próxima edição do programa CPLP audiovisual.

Questionado como avaliava os resultados do programa nesses países onde foram exibidos os filmes, Andrade afirmou que desconhece e não crê que exista nenhuma maneira de apurar o impacto da exibição desses programas nos países membros da CPLP, e que mesmo no Brasil essa informação inexiste. E acredita que a TV Brasil possa ter alguma informação sobre a audiência aqui no Brasil, mas a própria TV Brasil, mesmo na época do primeiro DOCTV CPLP não dava muita importância ao programa. O que de alguma forma é demonstrado pelo horário escolhido para a exibição dos filmes. No primeiro programa DOCTV CPLP até que foi melhor do que agora, mas 23 horas de segunda-feira não é um bom horário. E relata que a própria RTP em Portugal também não exibiu esses filmes, esses documentários, num horário muito bom, era depois da meia noite, na segunda-feira em Portugal, um horário péssimo (ANDRADE, 2017). E acredita que esses filmes tiveram um pouco mais de prestígio na

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grade exibição dos países africanos. De qualquer forma, o coordenador do DOCTV CPLP afirmou não ter informação sobre qual é o público que tem acesso a TV nesses países, e mesmo à língua portuguesa pra poder assistir esses filmes. Nesse sentido, ao considerar como a diversidade linguística inerente ao espaço da CPLP se fez presente nessas obras audiovisuais, Henrique Andrade afirma que:

Nem todos os filmes do primeiro programa eram falados em português, na verdade, o único filme do primeiro programa DOCTV CPLP falado exclusivamente em português era o documentário angolano. O documentário brasileiro não tinha a língua portuguesa, era um documentário sobre presos estrangeiros em penitenciárias no estado de SP, então você ouvia todo tipo de língua ali: inglês, africâner, espanhol, italiano, menos português. O documentário de Portugal era sobre migrantes de Cabo Verde, tinha algum português, mas a maior parte era falada em crioulo. O documentário de Cabo Verde era falado em crioulo. O da Guiné Bissau era falado em crioulo e em algumas línguas nacionais da Guiné Bissau. O de Moçambique era todo falado numa língua de Moçambique chamada chope; o de Timor Leste era de uma língua do interior que nem era da língua Tétum. E o de São Tomé e Príncipe era falado também em um dialeto próximo do português, mas que não era propriamente português, uma espécie de português medieval até, enfim. E no atual programa os filmes da Guiné Equatorial são falados ou em língua nacional ou em espanhol porque eles efetivamente não falam português (ANDRADE, 2017).

Quanto à transversalidade da atuação do MinC e MRE através do programa, Henrique Andrade reconhece que no DOCTV CPLP o Itamaraty apoiou bastante, mas não mais do que isso. Mesmo a relação com os Diplomatas brasileiros em Lisboa, foi pequena. Nos países africanos foi grande, na época do primeiro programa o apoio da embaixada do Brasil em angola foi fundamental. A embaixada do Brasil em

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Moçambique também foi grande parceira, ajudou bastante. O de Angola foi essencial porque as relações com Angola foram muito difíceis, tanto no primeiro quanto no segundo programa.

Questionado sobre como via a realidade sociocultural e política desses países, e como o programa possivelmente se relaciona com isso, Andrade afirmou:

As dificuldades regionais são muito grandes. Alguns desses países são extremamente pobres. A Guiné Bissau sofreu um golpe de Estado em 2015, e eles estão em crise institucional sem resolver os problemas do golpe de 2015 até hoje. Eles estão praticamente sem governo desde 2015. O país mais organizado é Cabo Verde, que vem até conseguindo por agora acordos importantes com a União Europeia. Moçambique está tendo uma instabilidade muito grande, com a possibilidade até de uma Guerra Civil. Angola é uma ditadura. Guiné Equatorial outra ditadura das piores da África. São Tomé e Príncipe é um pais muito pobre com 200 mil habitantes. Timor Leste é um país recém saído da guerra, tem muita ajuda internacional, e é um dos países que está com a situação financeira até melhor. Angola e Guiné Equatorial estão em grave crise porque dependem essencialmente do petróleo e com a queda do preço do petróleo eles ficaram em situação econômica muito ruim (ANDRADE, 2017).

E, por fim, quanto à relação do Brasil com a CPLP, Andrade considera que em todo seu tempo de convívio com a CPLP e de atuação nesses dois programas: DOCTV CPLP e o CPLP AV, o que primeiramente considera é que CPLP é um organismo fraco, não goza de muito prestígio e nem apoio, mesmo no Brasil. E a atuação do Brasil para a CPLP é considerada quase nula, com exceção do DOCTV CPLP, que teve impacto enorme na CPLP. Assim, conclui que a explicação para o fato desses dois programas, DOCTV CPLP, e o CPLP AV, serem os maiores programas já realizados no âmbito da CPLP na área da cultura, está no fato da origem desses programas ser a área do audiovisual, mesmo dentro do MinC. Os ministros da Cultura Gilberto Gil e Juca Ferreira encamparam essas ações, mas elas eram de iniciativa do setor audiovisual. 110

4.5) Análise dos dados:

Onde se esgotou a agua se deve dizer: aquabou? Outra brincriação de Mia Couto, que assim nos convida a retomarmos o fio da língua portuguesa e das Políticas Culturais do Brasil para a CPLP. Refazendo tudo, aperfeiçoando o imperfeito, tal como sugere a poética de Gilberto Gil, retomamos a reflexão que dá origem a esse capítulo: para compreendermos o sentido de determinado discurso, temos que entender à questão a qual este procura responder (do filósofo R. G. Collingwood), é necessário reconstruir o contexto ideológico e conceptual no qual seu titular está inserido, como mencionado anteriormente. E que desde o início dos Estudos Pós-Coloniais até a atualidade as questões mudaram porque o contexto ideológico e conceitual mudou, e segue mudando.

Nesse sentido, não consideramos interessante analisar a atuação político-cultural do Brasil para a CPLP, especialmente na transição dos governos Lula da Silva para Dilma Rousseff, a partir do binômio continuidade-ruptura. Da mesma forma, os relatos de experiências que foram apresentados como alternativa à dificuldade de acesso a teor de documentos oficiais, por fim, revelam lugares de anunciação distintos, assumidos pelos ditos protagonistas, cujas experiências localizam suas narrativas em diferentes presentes pós-coloniais; e naturalmente não traduzem toda a realidade da Política Cultural do Brasil para a CPLP. Da mesma forma, não temos a intenção de equacionar as diferentes perspectivas coletadas em um denominador comum que simplifique uma marca definitiva que o Brasil possivelmente deixe em sua relação com a CPLP. No entanto, a partir dessas informações levantadas nos importa fazer alguns apontamentos, ou considerações pontuais a partir de características ou questões consideradas relevantes, e de alguma forma representadas na atuação político-cultural do Brasil para a CPLP. Assumimos assim, o conceito de Políticas Culturais como fio condutor desses apontamentos, além de outras abordagens e fontes, sintetizadas nos termos a seguir:

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4.5.1) Mudanças

Podemos constatar que houve uma redução na atuação do Brasil para a África e para a CPLP no governo Dilma Rousseff. Tal como demonstrado pelo diplomata Paulo Cordeiro Andrade Pinto, a redução do orçamento da ABC que chegou a 100 milhões de dólares no período Lula, caiu para 6 milhões na gestão Dilma, fato que incidiu diretamente sobre as Políticas de Cooperação Internacional do Brasil para a CPLP, que estava, a princípio, entre as prioridades da Política Externa Brasileira. Da mesma forma, o depoimento do diplomata José Roberto Almeida, também dá conta de um histórico marcado por ausências, por exemplo, de repasse da cota de recursos brasileiros à CPLP e ao ILLP, nesse período; mas por outro lado, considera que o Brasil conseguiu se mostrar atuante no âmbito cultural da CPLP, por exemplo: através da participação nas Conferências da Língua Portuguesa; do desenvolvimento de programas de mobilidade acadêmica, como o RIPES (UNILAB) e PEC-G; pelas alternativas que o brasileiro Gilvan Muller, enquanto presidente do IILP, teria criado junto a União Europeia para levar adiante projetos relevantes como o PPPLE e o VOC, independente dos furos orçamentários causados pela inadimplência brasileira ao instituto; pelo CPLP AV; dentre outras experiências que ocorreram além do âmbito intracomunitário da CPLP, difusas pela própria natureza da língua.

Dessa forma, consideramos que para questionar a importância brasileira atribuída à CPLP, ou a dimensão cultural da CPLP, é necessário considerar o cenário onde essa atuação se dá. Nesse sentido, nos identificamos com a abordagem de Míriam Gomes Saraiva, no artigo: O Balanço da Política Externa de Dilma Rousseff: perspectivas futuras? Nessa publicação a autora defende a ideia de que embora as estratégias e visões de mundo tenham seguido formalmente em vigor, assim como os policymakers da Política Externa, o comportamento brasileiro experimentou mudanças e uma visível redução na proatividade. O Brasil foi perdendo protagonismo da política global e seus movimentos assumiram um caráter reativo. E que essa mudança sofreu influencia da conjuntura econômica internacional e da situação econômica interna, assim como da nova

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dinâmica do processo decisório. E dessa forma, faz-se necessário considerar que: os cenários internacional e nacional enfrentados pelo governo Dilma Rousseff foram mais áridos que os enfrentados no governo anterior. Durante esse período, a crise econômica deu lugar à recuperação econômica norte-americana e, progressivamente, ao controle da crise por parte da zona do euro. Essa mudança reforçou a centralidade do G7 e reduziu os espaços de atuação dos países emergentes no interior do G20 financeiro. A incapacidade da OMC de levar cabo a rodada Doha marcou a agenda do comércio internacional, e os avanços em termos de formação de grandes blocos de livre comércio junto com o desenvolvimento da área Ásia-Pacífico a partir de acordos coletivos e bilaterais dificultaram a inserção do Brasil na economia internacional. A ascensão da China introduziu um novo elemento de desequilíbrio e ainda se delineia o impacto que terá na ordem econômica internacional. A bonança dos altos preços das commodities exportados pelo Brasil recuou. Na América do Sul, o governo norte americano seguiu sem uma Política Externa estruturada para a região, mas o manejo dos fortes traços de assimetria e divergências no interior da região, em termos de visões sobre política e política macroecômicas, tornou-se mais difícil. Em termos políticos, embora o multilateralismo tradicional de base ocidental estivesse em crise, os emergentes não conseguiram estabelecer uma agenda para a política global. As crises da Síria e, particularmente da Ucrânia restauraram a agenda das grandes potências em detrimento dos países emergentes (SARAIVA, 2014).

Quanto ao cenário econômico interno, esse teria sofrido mais profundamente os impactos da crise financeira internacional, que comprometeu o balanço de pagamentos. A média do crescimento do PIB foi menor que a do governo de Lula e que as médias de crescimento de outros países emergentes. As contas internas ficaram fora do controle e a inflação chegou perto do limite estabelecido pelo governo. A conjuntura econômica teve impacto no campo político: a reeleição foi possível, mas depois de uma campanha eleitoral que mobilizou e dividiu o país. E quanto à dinâmica do processo decisório, Saraiva (2014) afirma que na passagem

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do mandato parecia que não haveria mudanças. Mas desde muito cedo as diferenças começaram a se fazer sentir, ampliando-se no decorrer do mandato. A diplomacia presidencial e o papel da presidência como elemento incentivador e equilibrador de diferentes visões de política externa, que havia acontecido durante o governo Lula, foram abandonados. A vontade política demonstrada pelo presidente Lula de articular visões favoráveis à projeção global do país e à construção de uma liderança na região não teve continuidade. A presidente Rousseff mostrou sua preferência pela solução de problemas internos, junto com seu pouco interesse por temas externos, particularmente aqueles que apresentassem ganhos difusos, não tangíveis em curto prazo.

Portanto, constatamos que essas mudanças (de cenários, internas e do poder decisório) têm implicações diretas na relação do Brasil com a CPLP, o que foi claramente expresso na inadimplência da cota brasileira à CPLP e ao IILP nesse período; mas por outro lado, isso não significa que a dimensão cultural da CPLP não tenha sido assumida pelo MRE, MEC, MinC, que já vinham desenvolvendo algumas iniciativas com certo ritmo. No entanto, nesse primeiro apontamento, por um lado consideramos a limitações que as ditas mudanças impunham na ocasião, mas por outro, constatamos que o Brasil se fez presente diante da dimensão cultural da CPLP nesse período, apesar das restrições que essas mudanças impunham.

Nesse sentido, o conceito de cultura em Canclini pode ser acionado pelo potencial que é inerente à cultura enquanto conjunto de fenômenos que contribuem para a transformação da ordem social, mediante a representação ou reelaboração simbólica das estruturas materiais (CANCLINI, 1983). O que, por fim, reafirma a importância das Políticas Culturais enquanto Políticas Públicas assumidas pelos Estados a favor da preservação das Expressões Culturais e da Cidadania. Nesse sentido, diante da necessidade de contribuir para transformar o sistema social nada favorável, por meio do aprofundamento ou invenção de novas políticas, as gestões ministeriais de Ana de Hollanda e não foram propícias à revelação de caminhos novos (RUBIM, 2015). Mas,

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apesar dessa perspectiva, houveram iniciativas emblemáticas na atuação cultural do MRE, MEC e MinC voltadas para a CPLP, no entanto, restringidas pelas ditas mudanças. Nesse contexto, o programa CPLP AV revela-se um caso à parte, e uma experiência de Política Cultural por excelência, como veremos a seguir.

4.5.2) Participação

Partimos da premissa que a base do conceito de política cultural foi deslocada para a ação articulada entre o Estado e a Sociedade como um todo, nas suas frações organizadas ou não, desde a década de 80 nos programas de governos na América Latina. E que uma Política Cultural é por essência, democrática, e logo, só pode ser construída de forma participativa. E que o sucesso e sustentabilidade de tais políticas estão ligadas à capacidade do Estado de fomentar e permitir o envolvimento de novos atores sociais, além dos governos, como partícipes diretos desse processo de construção de novos cenários para as Políticas Culturais (CALABRE, 2008).

Nesse sentido, consideramos que o que há de representativo no relato da experiência do Portfólio de Perfis de Projeto, por exemplo, é o conjunto de atores que conseguiu envolver: Sociedade Civil; delegações dos países membros da CPLP; outros organismos internacionais, como ONU, PNUD; personalidades internacionais; intelectuais; para democraticamente construir um Portfólio com os Perfis de Projetos a serem apresentados à Comunidade Internacional em uma Conferência, possivelmente assumida por um país com tradição de Cooperação, como a Noruega. Constatamos que na IV reunião de Ministros da Cultura da CPLP, ocorrida em Luanda, em 13 e 14/05/05, os ministros felicitaram o MinC do Brasil pela realização do Seminário Cultura e Desenvolvimento em Salvador, cujo resultado foi a elaboração do Portfólio de Perfis de Projetos da CPLP na área da Cultura; nesse encontro de ministros foi adotada uma resolução que instruía quanto às condições para execução desse programa. Essa resolução faz menção a um ambiente internacional favorável ao financiamento de projetos que associam Cultura e

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Desenvolvimento; enfatiza a conveniência do estabelecimento das parceiras público-privadas no âmbito internacional; e destaca a importância de projetos específicos de Cooperação na área cultural voltados para a capacitação de Recursos Humanos, difusão e gestão da informação e aprofundamento do Intercâmbio Cultural; e decidiram avançar no sentido da convocação, prevista para 2006, da Conferência Internacional de Doadores. O que sabemos, por fim, não ocorreu. Mas visto assim, retroativamente, consideramos relevante a gama de discussões que permearam o imaginário da Sociedade Civil brasileira e dos demais países da CPLP, a partir de então: as possibilidades de arranjos internacionais envolvendo a participação de diferentes atores; além do reconhecimento do Capital Simbólico inerente a CPLP. Nesse mesmo contexto dava-se início às discussões que contemplavam a Dimensão Econômica da Cultura; e paralelamente, iniciavam-se as negociações no âmbito da UNESCO que desembocariam na Convenção sobre a Diversidade das Culturas; são exemplos do que antes denominamos, espraiamento de sementes de ideias e possibilidades inovadoras de Desenvolvimento tendo a Cultura como eixo. No entanto, na VII reunião de ministros da cultura da CPLP, em Sintra, em junho de 2010, ainda se manifestava o interesse em agendar para setembro de 2010, uma reunião técnica para discutir a forma de operacionalizar o Portfólio de Projetos Culturais da CPLP, ainda na esperança da realização da Conferência Internacional de Doadores. Mas os atores e protagonistas em questão já não estavam na cena dos governos e essa iniciativa refluiu. No entanto, a atuação político-cultural brasileira para a CPLP atribuiu, desde então, o devido lugar à participação da Sociedade Civil na formulação das políticas voltadas para a dimensão cultural da CPLP. Essa característica se faz novamente presente nas Conferências da Língua Portuguesa, e de forma particular no DOCTV CPLP e CPLP AV, o que nos permitem configurá-las enquanto políticas- culturais, ainda que o grau de participação e protagonismo dos agentes culturais se dê em diferentes níveis em cada uma dessas experiências.

4.5.3) Tranversalidade

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Quanto à transversalidade da atuação político-cultural do Brasil para CPLP, consideramos o depoimento do Chanceler Paulo André Lima (2017), segundo o qual devemos considerar que a CPLP tem os órgãos políticos que são: a Conferência de Chefes de Estado; o Conselho de Ministros das Relações Exteriores; o Comitê de Concertação Permanente; as reuniões dos Pontos Focais de Cooperação. Além desses, que são os órgãos mais centrais da CPLP, tem as reuniões setoriais, que são reuniões especializadas, que tem certa autonomia de atuação. Para o chanceler Paulo André Lima, que atua junto ao Secretariado Executivo da CPLP, há o esforço em construir uma ponte, por exemplo, entre a reunião dos Ministros da Cultura e a estrutura da CPLP. E que o caso da cultura, não tem sido difícil respeitar a autonomia de cada setorial e a sua expertise na sua área de competência, com uma visão geral da CPLP. E afirma que os ministros das Relações Exteriores não podem mandar nos Ministros da Cultura ou da Educação, ou da Saúde, mas eles podem dialogar. E da mesma forma, Paulo André revela que a Conferência de Chefes de Estado apresenta uma visão muito genérica da CPLP, o que por fim, desemboca numa incongruência, ou multiplicidade de foros que acaba criando uma dispersão, o que de certa maneira se reflete no portal da CPLP.

Nesse sentido, citamos a questão da importância da construção de Políticas Culturais em novas bases, a partir de lógicas operacionais melhor adequadas às dinâmicas próprias do campo cultural (Jimenéz, 2006). E o diplomata afirma que há o diálogo entre o MinC e o Departamento Cultural do Itamaraty, apesar de às vezes as percepções serem distintas. E que esse processo iniciou-se na gestão de Gil, que também tinha uma visão internacional da cultura brasileira. E conclui, que entre idas e vindas, não em um processo linear, tem havido amadurecimento nessas relações interministeriais. Mas que para avançarmos das formalizações de intenções para ações efetivas falta recurso e capacidade instalada. E que embora a área internacional do MinC seja muito bem estruturada, ela tem demanda do mundo todo, não tem uma área exclusivamente dedicada a CPLP; e mesmo que tivesse, considera que a interlocução com os outros países é difícil. A

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institucionalidade nos outros países é muito menor, portanto, é difícil encontrar interlocutores nos outros países para fazer o tema da cultura avançar (LIMA, 2017).

Nesse sentido, constatamos que a questão da Transversalidade da Cultura, e a diversidade de possibilidades de abordagens que envolve a atuação cultural do Brasil para a CPLP, aponta para a necessidade de um aprofundamento na compreensão em comum quanto ao lugar das Políticas Culturais na formulação de programas que envolvam o conjunto dos países que integram a CPLP. E nesse sentido, constatamos que nas relações político-culturais do Brasil para a CPLP no período Dilma, a vinculação entre Cultura e Educação é uma constante, tal como demonstrado em algumas das Políticas de Difusão da Língua Portuguesa: as Conferências da Língua portuguesa da CPLP; o programa de mobilidade acadêmica, RIPES, que é capitaneado pela UNILAB; os programas do IILP gestados pelo brasileiro Gilvan Muller, VOC e PPPLE, enfim. O que, por um lado, atende à ampliação do conceito de Cultura, e reconhece suas intersecções com a Educação, mas por outro lado, também pode representar uma restrição de possibilidades, diante da diversidade das expressões culturais no espaço lusófono, como também na formulação de Políticas Públicas culturais inovadoras.

4.5.4) Referência

Consideramos os programas DOCTV CPLP e CPLP AV como uma Política Cultural brasileira de referência para o mundo, em especial para o eixo sul, por uma série de razões: sua origem é o movimento do setor do audiovisual brasileiro, de lideranças que criaram essa alternativa, participativa e solidária, diante do desafio de se articular uma rede nacional de tevês públicas, associadas aos produtores independentes e às células organizativas locais. E esse desenho inicial do programa desdobrou-se pelo Brasil, América Hispânica, África e Ásia, enquanto uma operação de rede que readaptou o desenho original do programa ao cenário internacional. Com a materialização de uma rede multinacional, um fundo composto por diversos países, organização dos polos nacionais com

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representação da produção independente, emissoras públicas e órgãos gestores do audiovisual. Além da realização de oficinas de capacitação dos proponentes dos projetos selecionados. E esse programa foi retomado de forma redimensionada em 2015, através do CPLP AV; com orçamento triplicado, o que permitiu ao programa subdividir-se em três linhas: FICTV, DOCTV CPLP e Nossa língua. No entanto, importante salientar que o CPLP AV foi viabilizado a partir de recursos aportados predominantemente pelo Brasil, através do FSAV, que recebe recursos do imposto sobre propaganda nas TVs a cabo e nos cinemas; além da Lei da Obrigatoriedade do Conteúdo Nacional nas TVs a Cabo (Lei 12.485, sancionada pela Presidenta Dilma, em 12/09/2011); ambos marcos legais atribuíram um lugar de maior prestígio à produção cinematográfica nacional.

Os elementos afins às políticas-culturais a serem considerados nesse programa são diversos, no entanto, nos ateremos a uma dessas características que é o fomento de redes produtivas do setor audiovisual enquanto alternativa às representações culturais monopolizadas e hegemônicas, especialmente dos EUA. Nesse aspecto, Canclini aborda que apesar do crescimento dos estudos sobre cultura, nas últimas décadas, eles parecem insuficientes diante do avanço da informalidade e destruição empresarial de Direitos, com a colaboração de governos, cumplicidade dos partidos e impotência da chamada Sociedade Civil (CANCLINI, 2016). Nesse sentido, o artigo do professor José Roberto Severino, denominado Políticas Culturais em Néstor Garcia Canclini: algumas observações (compartilhado internamente no Grupo de Pesquisa Território e Identidade na Contemporaneidade, em 2017), demostra como a preferência pelo consumo cultural doméstico, pela televisão, parecem manter sua capacidade de sobrevida e renovação. E que o lugar hegemônico do monetarismo no mercado de bens simbólicos é percebido em toda a América Latina, com reconfigurações que permitem novos arranjos, como nas novelas brasileiras e mexicanas. Ou da renovação do consumo de músicas através de ferramentas digitais controladas por grandes corporações. Nesse sentido, estudos sobre cultura massiva, o uso

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do tempo livre e da potência política da comunicação via web, não podem estar desconectados das análises sobre as Políticas Culturais e da inclusão das formas de ativismo atuais, como o compartilhamento e a cooperação (SEVERINO, 2017, no prelo).

Nesse sentido, ainda que o impacto desses dois programas seja pequeno diante da dimensão ocupada pela cultura massiva, tal com abordado por Henrique Andrade, o resultado mais importante da atuação cultural do DOCTV CPLP e CPLP AV é a possibilidade do intercâmbio audiovisual entre os países envolvidos. E nesse sentido o Brasil é referência quanto à concepção dessa engenharia de produção que vem permitindo ampliar o leque de narrativas fílmicas, e fortalecer a Diversidade de representações das expressões culturais que compõem os povos da CPLP. O documentário do Timor Leste, no DOCTV CPLP, ao qual Henrique Andrade referiu-se como o primeiro filme produzido pelo recém- nascido país, trata-se do filme Uma Lulik, de autoria e direção de Victor de Sousa, de 2010. Na tradição timorense, uma Lulik (casa sagrada) é o centro, o cordão umbilical entre o passado e o presente. Para os vivos, uma reserva segura de memória e sabedoria antiga. Para os mortos, o local onde o tempo não passa, onde a história se renova. Nesse sentido, trata-se de uma história da grande família timorense, já que boa parte dessas casas sagradas foram destruídas durante os 24 anos de ocupação indonésia (CAETANO, 2011). Nesse sentido, o pensamento de Canclíni acolhe essa perspectiva, ao advertir que as Políticas Culturais promovidas por Estados e Instituições, que apreendam a Cultura Popular como tradição, valorizam muitas vezes mais os objetos do que os agentes, relegando-os a produtores de bens descontextualizados (SEVERINO, 2017, no prelo), o que não acreditamos ser o caso demonstrado em Uma Lulik.

4.5.5) Protagonismo

De acordo com o Chanceler Paulo André Lima (2017), devemos considerar que uma coisa é a CPLP enquanto potencial, ou seja, o que a CPLP pode ser enquanto organismo intergovernamental, que pode ser um

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foro de diálogo e de ações de Cooperação muito intensas. Tanto na área politica quanto na área de Cooperação stricto sensu, quanto na área de Promoção da Língua. E que esse potencial já tem sido notado pelos Estados Observadores que mais recentemente se aproximam da CPLP. O Chanceler ainda provoca: Será que esses países estão vendo na CPLP o que não estamos vendo? (LIMA, 2017). Por outro lado, temos a realidade de Estados muito díspares entre si, e que veem a CPLP com olhos diferentes, além de esse olhar sofrer alterações ao longo do tempo, ou seja, a prioridade que a CPLP tem na Política Externa desses países não é linear e constante. O Diplomata considera que, da mesma forma, a prioridade dada pela Politica Externa brasileira à CPLP oscila muito, e daí decorrem as dificuldades em fazer com que esse potencial se torne realidade. Paulo André Lima argumenta que a CPLP será tanto mais eficiente, ou se aproximará tanto mais do seu potencial, quanto mais ela conseguir ser uma plataforma de projeção dos interesses dos Estados- membros individualmente. E quanto mais esses Estados-membros entenderem a CPLP como uma plataforma para esses interesses. E que nesse sentido, o Brasil não tem uma politica consolidada, ou estruturada para a CPLP, que se prolonga além do tempo, porque não há uma noção clara de qual o papel que a CPLP tem dentro da Política Externa Brasileira. Nesse sentido, ela pode ser um instrumento de projeção dos interesses do Brasil de uma maneira mais geral e em áreas especificas. Em uma relação custo-benefício favorável, na qual o Capital Político e recursos financeiros investidos seriam relativamente pequenos em relação ao retorno politico, não só de capacidade de influência nos países da CPLP; mas caso a instituição se fortaleça, como uma possibilidade de uma presença dentro do cenário internacional de uma maneira geral. E no caso especifico da Cultura há muitas oscilações, às vezes uma série de iniciativas, às vezes as iniciativas param, devido a uma falta de clareza, ou de uma estratégia brasileira para a promoção da sua cultura no exterior. Apesar das iniciativas que seguem sendo feitas, Lima (2017) considera que o Brasil não tem uma visão clara do que deveria ser uma Política Pública Cultural e como essa política pode servir e fortalecer a Diplomacia Cultural e as Politicas Linguísticas. Nesse conjunto de possibilidades, temos fragmentos

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que não conformam o todo, o que é um problema do Estado Brasileiro, ainda que não exclusivamente dele. Ou seja, o diplomata demonstra que os governos, os Estados, não são blocos monolíticos, são compostos por diversas forças, entidades e burocracias que, às vezes, disputam entre si poder e influência. Dessa forma, o que existe por fim, é o dia-a-dia em que as coisas vão acontecendo na relação do Brasil com a CPLP, e as decisões políticas vão sendo tomadas. O Diplomata considera que no Secretariado Executivo da CPLP, por fim, tem havido a tentativa de mudar essa característica e construir uma visão mais estruturada. Por exemplo, na XXII reunião do Conselho de Ministros, que houve em julho, de 2017, em Brasília, foi elaborada a Declaração sobre a Nova Visão Estratégica da CPLP: 2016-2016, que tenta sistematizar a atuação da CPLP em todas as áreas, e dar uma visão de conjunto, mas Lima reconhece que a operacionalização disso tem muitos problemas, pela própria dinâmica dos órgãos centrais da CPLP. Como também há o Plano Estratégico de Cooperação Cultural Multilateral da CPLP e seu respectivo Plano de Ação (2014-2020), que foi aprovado na VIII Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em abril de 2012, em Maputo. No entanto, o Chanceler considera esse plano muito ambicioso por um lado, e pouco realista por outro. Então, segundo o mesmo, não conseguimos chegar a muita coisa até pouco tempo atrás (LIMA, 2017).

Nesse sentido, consideramos a perspectiva de Carlos Lopes (2003), segundo o qual a CPLP é uma espécie de bobo da corte, fácil de atirar-lhe pedras por o espetáculo não ser de qualidade. Por seus meios limitados e estrutura burocratizada, é um alvo fácil e identificável do fracasso da Lusofonia institucional. E que a falta de um conteúdo econômico determina a fragilidade institucional da CPLP. E que as agendas políticas, sobretudo em Política Externa, têm ditado as opções distanciadas de cada um dos países membros. E que as ambições da CPLP são difusas e demasiado longe da realidade dos meios. Portanto, para Lopes (2003), a CPLP torna-se um expediente político que não inspira a Cooperação, e que talvez contribua para um sentimento de desprezo em relação à Lusofonia oficial. Nesse sentido, Myiamoto (2009) defende que a

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importância concedida pelo Brasil à CPLP é proporcional a que a mesma desfruta no cenário internacional. Não é apenas em relação à CPLP como instituição, mas com todos os países que a compõem, a não ser em momentos específicos. E defende que a atuação do Brasil se restringiu basicamente ao que historicamente tem feito: aumentar seu poder nacional, adicionando novos elementos aos seus vetores, seja no plano político, seja no econômico, negligenciando na maior parte das vezes a vertente militar. Nessa rota, colaborações implícitas e explícitas – apesar das oscilações e das conjunturas internacionais – tem sido oferecidas aos países com os quais se identifica histórica e afetivamente, seja pelos laços comuns de língua, seja pela composição étnica da população brasileira. No entanto, importante considerarmos que a CPLP tem perspectivas de novos alcances, o que é demonstrado pela iniciativa de outros Estados, em especial da Ásia, de se tornarem observadores associados da CPLP.

5) Considerações finais

Constatamos que o período sobre gestão da presidenta Dilma Rousseff, 2011 à 31/08/16, corresponde a um tom introspectivo na atuação brasileira, o que se relaciona com as mudanças conjunturais, internas e do poder decisório. E que essas mudanças trouxeram implicações diretas sobre a atuação do Brasil voltada para a CPLP, marcada na ocasião pela ausência da contribuição da cota brasileira à CPLP e ao IILP. Mas não obstante a essa ausência, houve uma atuação brasileira voltada para o âmbito cultural da CPLP nesse período, no entanto, essas experiências estavam sujeitas às restrições impostas por essas mudanças. O que não foi o caso da transição do DOCTV CPLP para CPLP AV, cuja implantação beneficiou-se da situação favorável que o FSAV e a lei 12.485/11 trouxeram ao setor audiovisual brasileiro. País que aportou a maior parte dos recursos ao Fundo Especial da CPLP, para a implantação do programa CPLP AV. Da mesma forma, constatamos a importância atribuída à participação colaborativa da Sociedade Civil na elaboração das Políticas Públicas Culturais voltadas para a CPLP: desde a realização do Seminário Cultura e Desenvolvimento, pelo MinC, em 2004, que teve como resultado

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o Portfólio de Perfis de Projetos; e da mesma forma, na I e II Conferências da Língua Portuguesa da CPLP, que tiveram como efeito, respectivamente o Plano de Ação de Brasília e o de Lisboa; os programas PPPLE e VOC desenvolvidos no IILP, sob gestão do brasileiro Gilvan Muller; como também o DOCTV CPLP e CPLP AV, configuram-se enquanto Políticas Culturais por serem arranjos que envolvem a articulação do Estado com a participação da Sociedade Civil, organizada ou não. No entanto, consideramos que convém atentar para os diferentes níveis de participação dos agentes culturais em cada uma dessas iniciativas, desde sua formulação à implementação. Quanta à transversalidade da Cultura consideramos que é uma constante a vinculação entre Cultura e Educação na atuação internacional do Brasil diante da CPLP, no período em questão, tal como demonstrado em algumas das Políticas de Difusão da Língua Portuguesa: RIPES, VOC, PPPLE, Conferências da Língua Portuguesa da CPLP, etc. E que a diversidade de possibilidades de abordagens que envolve a atuação cultural do Brasil para a CPLP, aponta para a urgência de um aprofundamento na compreensão em comum quanto ao lugar e papel das Políticas Públicas Culturais na formulação de programas que envolvam o conjunto dos países que integram a CPLP. E inclusive nesse sentido, o DOCTV CPLP e o CPLP AV se revelam como referência por serem programas de cooperação audiovisual (cultural, tecnológica e negocial); cuja origem é uma movimentação do setor do audiovisual brasileiro, de lideranças que criaram essa alternativa, participativa e solidária, diante do desafio de se articular uma rede nacional de tevês públicas, associadas aos produtores independentes e às células organizativas locais. E esse desenho inicial do programa desdobrou-se pelo Brasil, América Hispânica, África e Ásia, enquanto uma operação de rede que readaptou o desenho original do programa ao cenário internacional. Com a materialização de uma Rede Multinacional, um Fundo composto por diversos países, organização dos Polos nacionais com representação da Produção Independente, Emissoras Públicas e Órgãos Gestores do Audiovisual. Além da realização de Oficinas de capacitação dos proponentes dos projetos selecionados. O que consideramos configura esse programa

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enquanto uma Política Cultural de referência, pelo conjunto de atores e metas que integra em uma operação de rede de alcance internacional, como ocorre no DOCTV latino América e no CPLP AV. E, por fim, constatamos também que o Plano de Estratégico de Cooperação Cultural Multilateral da CPLP e seu respectivo Plano de Ação (2014-2020), adotado a partir da Declaração de Maputo em 2012, como um avanço formal a favor do aprofundamento de um entendimento comum quanto à operacionalização da Cooperação Cultural no âmbito da CPLP; como também, a Declaração sobre a Nova Visão Estratégica da CPLP: 2016-2016, adotado XXII reunião do Conselho de Ministros, em julho de 2017, em Brasília, traduz a intenção de sistematizar a atuação da CPLP em todas as áreas, em uma visão de conjunto. E que esses marcos legais são indicativos da importância atribuída a uma relação mais aproximada entre os povos dessa comunidade e esse organismo, como também de uma melhor definição das finalidades em comum quanto à Cooperação Cultural Multilateral, a partir da CPLP. E que apesar desses avanços formais há uma série de dificuldades de implantá-los no âmbito da CPLP, pela própria dinâmica dos órgãos mais centrais, e por formalizar intenções que superam os recursos existentes e capacidade instalada para implementá-las. E que nesse sentido, o Brasil, por sua dimensão, economia, densidade populacional, é o país que tem maior potencial de assumir um protagonismo na CPLP, e assim contribuir na projeção internacional desse organismo intergovernamental. E que, no entanto, esse protagonismo brasileiro na CPLP é marcado por oscilações e revela que apesar do discurso, a importância atribuída pelo Brasil à CPLP em sua Política Externa é proporcional ao lugar que o próprio organismo e seus países membros ocupam na cena global. Nesse sentido, faz-se urgente que os cidadãos brasileiros possam desenvolver uma consciência mais ampla quanto à importância da representação cultural que o Brasil assume diante do mundo, e em particular na CPLP. E nesse sentido, as Políticas Públicas Culturais devem ser assumidas como imprescindíveis para o fortalecimento da atuação internacional brasileira na CPLP, por sua natureza democrática. Concluímos, enfim, que uma visão mais aprofundada de como o Brasil se relaciona com a dimensão cultural da CPLP, exige uma pesquisa

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mais densa que envolva o acesso mais direto a documentos oficiais; a entrevistas a tantos outros protagonistas; como também a atenção à recepção desses programas e ações de Cooperação Cultural Internacional pelas sociedades locais dos países membros da CPLP, ou onde se faça representada a língua portuguesa. Como também considerar a atuação internacional de outros ministérios, que não apenas o MinC e MRE e MEC, em suas complementaridades e tensões na intersecção de suas agendas. O que traz perspectivas de continuidade e aprofundamento dessa pesquisa para o desenvolvimento de um olhar mais amplo sobre como o Brasil se relaciona com a dimensão cultural da CPLP.

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____. DECLARAÇÃO FINAL realizada em 05 de maio do ano de 2017 em Salvador- Brasil na X Reunião de Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em junho de 2017.

_____. DECLARAÇÃO FINAL realizada nos dias 10 e 11 de abril do ano de 2014 em Maputo-Moçambique na IX Reunião de Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

_____. DECLARAÇÃO FINAL realizada no dia 18 de junho do ano de 2010 em Sintra na VII Reunião de Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

132

_____.DECLARAÇÃO FINAL realizada nos dias 02 e 03 de novembro do ano de 2007 em Praia na VI Reunião dos Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. DECLARAÇÃO SOBRE A NOVA VISÃO ESTRATÉGICA DA CPLP realizada nos dias 31 de outubro e 01 de novembro do ano de 2016, em Brasília, na XI Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. PLANO ESTRATÉGICO DE COOPERAÇÃO CULTURAL MULTILATERAL DA CPLP E RESPECTIVO PLANO DE AÇÃO (2014 - 2020), 11 de abril de 2014. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. RELATÓRIO DE GESTÃO DO EMBAIXADOR JOSÉ ROBERTO DE ALMEIDA PINTO. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. RESOLUÇÃO DE MAPUTO realizada nos dias 28 e 29 de abril do ano de 2004 em Maputo-Moçambique na III Reunião de Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. RESOLUÇÃO SOBRE A ADESÃO DA REPÚBLICA DA GUINÉ EQUATORIAL realizada no dia 23 de julho do ano de 2014, em Díli, na X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. RESOLUÇÃO SOBRE A SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU realizada no dia 22 de julho do ano de 2014, em Díli, na XIX Reunião Ordinária da X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em maio de 2017.

____. RESOLUÇÃO SOBRE OS PLANOS ESTRATÉGICOS DE COOPERAÇÃO SETORIAL DA CPLP realizada no dia 22 de julho de 2014, em Díli, na XIX Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Disponível em: www.cplp.org acesso em abril de 2017.

____. RESOLUÇÃO SOBRE O PORT-FOLIO DE PERFIS E PROJECTOS DA CPLP, feito em Luanda 14 de maio de 2005 na IV Sessão Anual. Disponível em: www.cplp.org acesso em abril de 2017.

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____. RESOLUÇÃO SOBRE OS ARQUIVOS CINEMATOGRÁFICOS, feito em Luanda 14 de maio de 2005 na IV Sessão Anual. Disponível em: www.cplp.org acesso em março de 2017.

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Entrevistas realizadas

Henrique Andrade – Participou do DOCTV III – Brasil; coordenou o Pólo do DOCTV IV no IRDEB, Bahia. Foi o Coordenador da Unidade Técnica do DOCTV CPLP no IRDEB, 2009-2010, e coordenou da linha DOCTV no programa CPLP AV, em 2015.

Entrevista realizada via whatsapp – em 12/06/17

Paulo André Moraes de Lima – Bacharel em Comunicação Social (UFF) e Mestre em Comunicação e Cultura (UFRJ). Diplomata de carreira desde 2000 atuou na área de Difusão e Política Cultural do Ministério das Relações Exteriores entre 2002 e 2005. Na ocasião, colaborou para a elaboração dos comentários do Brasil ao Anteprojeto de Convenção sobre Diversidade Cultural da UNESCO e participou como delegado brasileiro nas primeiras reuniões de negociação da Convenção. Atua na CPLP desde 2010, onde hoje ocupa a função de Coordenador-Geral da CPLP, vinculada ao Departamento da África do MRE.

Entrevista realizada por WhatsApp em 25/07/17 e 01/08/17

Paulo Cordeiro de Andrade Pinto – Com 39 anos de experiência na carreira diplomática, o embaixador serviu como Subsecretário-Geral Político (África, Oriente Médio e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP), entre 2011-2015. Na Presidência da República, foi Diretor (1995-1997) do Centro de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Em sua vida diplomática, serviu como: Segundo e Primeiro Secretário na Delegação Permanente junto à ONU em Genebra; como Primeiro Secretário nas Embaixadas em La Paz e Ottawa; como Conselheiro na Missão junto a ONU, onde foi membro de delegação no Conselho de Segurança (1998-1999); como Ministro-Conselheiro nas Embaixadas no México e em Ottawa, dentre outros.

Entrevista realizada por telefone em 22/06/17

Paulo Miguez – Pesquisador em Cultura Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea (UFBA). Atuou como Assessor Especial do Ministro Gilberto Gil e Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, de 2003 a 2005; atual vice-reitor da UFBA. Traz em sua biografia 11 anos de vivência em Moçambique, onde atuou como Diretor Financeiro da Estatal de Telecomunicações, entre 1982- 1993.

Entrevista realizada em Salvador, em 09/04/15.

José Roberto de Almeida Pinto – Diplomata de carreira, representante Permanente do Brasil na CPLP entre 2014-2016. Presidiu a I e II conferencias da Língua Portuguesa da CPLP, respectivamente em Brasília e Lisboa, em 2010 e 2013.

Entrevista realizada por telefone em 03/07/17.

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DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2003 AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES PERSPECTI ÁREA DE DEPARTA - SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE POSTO NO VA ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA MENTO CGCE MINC MEC OUTROS EXTERIOR CULTURAL Assinatura de Programa Documento Negociação de Embaixada do Acordo Cultural Executivo de Cooperação Cultural 1 Bilateral NAC Jurídico Acordo Cultural Luanda Angola África Brasil em Bilateral para 2004 a 2006 entre Brasil e Internacional Bilateral Luanda Angola Assinatura do Ajuste Documento Negociação de Complementar ao Acordo Cultural Acordo Cultural 2 Bilateral NAC Jurídico Acordo Cultural para a cooperação no campo dos Maputo Moçambique África Bilateral Internacional Bilateral esportes entre Brasil e Moçambique

Assinatura de Carta de Intenção Documento Negociação de para a implementação de Acordo Embaixada do Acordo Cultural 3 Bilateral NAC Jurídico Acordo Cultural de Cooperação Cultural por um Pretória África do Sul África Brasil em Bilateral Internacional Bilateral período de três anos entre Brasil Pretória e África do Sul

Ass ina tura de Carta de Intenç ão Documento Negociação de para a implementação de Acordo Acordo Cultural 4 Multilateral NAC Jurídico Acordo Cultural de Cooperação Cultural por um Pretória África do Sul África Bilateral Internacional Bilateral período de três anos entre Brasil e África do Sul Assinatura do Acordo de Projeto Negociação de Acordo Cultural Cooperação Científica e 5 Bilateral NAC Cultural no Acordo Cultural Pretória África do Sul África Bilateral Tecnológica entre Brasil e África Exterior Bilateral do Sul Coordenação- Documento Negociação de Acordo de Cooperação Esportiva Geral de Acordo Cultural São Tomé e 6 Bilateral NAC Jurídico Acordo Esportivo entre o Governo do Brasil e o São Tomé África Intercâmbio e Bilateral Príncipe Internacional Bilateral Governo de São Tomé e Príncipe Cooperação Esportiva

Coordenação- Documento Negociação de Memorando de Entendimento Geral de Acordo Cultural 7 Bilateral NAC Jurídico Acordo Esportivo para cooperação esportiva entre Windhoeck Namíbia África Intercâmbio e Bilateral Internacional Bilateral Brasil e Namíbia Cooperação Esportiva

Assinatura do Memorando de Entendimento sobre Cooperação Documento Negociação de Embaixada do Acordo Cultural em Intercâmbio Técnico, 8 Multilateral NAC Jurídico Acordo Cultural Windhoek Namíbia África Brasil em Bilateral Científico e Cultural entre Internacional Bilateral Windhoek Instituições de Patrimônio Histórico entre Brasil e Namíbia Prêmio Cooperação Embaixaa do Fundação Cultural Programa de estudantes- Costa do 9 Bilateral CE Educação Cultural África Brasil em Biblioteca Internacional convênio de graduação (PEC-G) Marfim

6 13 Internacional Abijã Nacional no Brasil Prêmio Cooperação Embaixada do Fundação

Cultural Programa de estudantes- 10 Bilateral CE Educação Cultural Guiné Bissau África Brasil em Biblioteca Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional Bissau Nacional no Brasil Prêmio Cooperação Embaixada do Fundação Cultural Programa de estudantes- 11 Bilateral CE Educação Cultural Gabão África Brasil em Biblioteca Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional Libreville Nacional no Brasil Prêmio Ghana Cooperação Embaixada do Cultural Programa de estudantes- Institute of 12 Bilateral CE Educação Cultural Nigéria África Brasil em Internacional convênio de graduação (PEC-G) Languange Internacional Lagos no Brasil s Prêmio Cooperação Embaixada do Cultural Programa de estudantes- 13 Bilateral CE Educação Cultural Senegal África Brasil em Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional Dakar no Brasil Prêmio Cooperação Embaixada do Cultural Programa de estudantes- 14 Multilateral CE Educação Cultural Angola África Brasil em Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional Luanda no Brasil Prêmio Cooperação Embaixada do Cultural Programa de estudantes- 15 Multilateral CE Educação Cultural Moçambique África Brausil em Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional Maputo no Brasil

Prêmio Cooperação Cultural Programa de estudantes- 16 Bilateral CE Educação Cultural Gana África Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional no Brasil

Prêmio Cooperação Cultural Programa de estudantes- 17 Bilateral CE Educação Cultural Quênia África Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional no Brasil Prêmio Cooperação Cultural Programa de estudantes- 18 Multilateral CE Educação Cultural Cabo Verde África Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional no Brasil Prêmio Cooperação Embaixada do Cultural Programa de estudantes- 19 Bilateral CE Educação Cultural Guiné Bissau África Brasil em Internacional convênio de graduação (PEC-PG) Internacional Bissau no Brasil

Prêmio Cooperação Cultural Programa de estudantes- 20 Multilateral CE Educação Cultural Nigéria África Internacional convênio de graduação (PEC-PG) Internacional no Brasil Prêmio Cooperação Cultural Programa de estudantes- 21 Multilateral CE Educação Cultural Moçambique África Internacional convênio de graduação (PEC-PG) Internacional no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Cultural Costa do 22 Multilateral CE Educação Cultural convênio de pós-graduação (PEC- África Internacional Marfim Internacional PG) no Brasil Prêmio

7 13 Cooperação Programa de estudantes- Cultural 23 Bilateral CE Educação Cultural convênio de pós-graduação (PEC- Gana África Internacional

Internacional PG) no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Cultural 24 Bilateral CE Educação Cultural convênio de pós-graduação (PEC- Cabo Verde África Internacional Internacional PG) no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Cultural 25 Multilateral CE Educação Cultural convênio de pós-graduação (PEC- Angola África Internacional Internacional PG) no Brasil

Financimento Rede de Centros Embaixada do de Políticas Espaços Culturais Manutenção do Centro Cultural 26 Bilateral DCBE Bissau Guiné Bissau África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Brasil-Guiné Bissau Bissau Exterior Exterior

Financimento Rede de Centros Embaixada do Fundação de Políticas Espaços Culturais Manutenção do Centro Cultural 27 Multilateral DCB Maputo Moçambique África Brasil em Biblioteca Culturais no Culturais Brasileiros no Brasil-Moçambique Maputo Nacional Exterior Exterior

Financimento Rede de Centros Embaixada do de Políticas Espaços Culturais Manutenção do Centro Cultural 28 Multilateral DCB Praia Cabo Verde África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Brasil-Cabo Verde Praia Exterior Exterior

Financimento Rede de Centros Embaixada do de Políticas Espaços Culturais Manutenção do Centro Cultural 29 Bilateral DCB Pretória África do Sul África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Brasil-África do Sul Pretória Exterior Exterior

Projeto Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada do Costa do Univ. Eotvos 30 Multilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e da Programa Leitorados Abidjã África Brasil em Marfim Lorand Exterior Literatura Cultura Brasileira Abijã

Projeto Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada do 31 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e da Programa Leitorados Acra Gana África Brasil em Acra Exterior Literatura Cultura Brasileira

Projeto Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada do 32 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e da Programa Leitorados Dacar Senegal África Brasil em Exterior Literatura Cultura Brasileira Dacar

Certificado de 8 13 Proficiência em CNPq - Certificado de Língua, Livro, Embaixada do Língua Ministério da 33 Multilateral DLP Língua Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Brasil em Ile- Portuguesa para Ciência e Portuguesa Literatura Ilfe Estrangeiros - Tecnologia CELPE-Bras DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2004 Multilateral Curso de Formação Educação Cooperação Cultural Oferta de disciplinas sobre diversos Praia Cabo Verde África Divisão de Embaixada Internacional campos da realidade brasileira: Acordos e do Brasil em Economia, História, Cultura, Literatura e Assuntos Praia 1 Sistema Político Multilaterais Multilateral Curso de Formação Educação Cooperação Cultural Concepção e elaboração de projetos São Tomé São Tomé e África Divisão de Embaixada Internacional para o desenvolvimento e formação de Príncipe Acordos e do Brasil em recursos humanos na PALOP e Timor Assuntos São Tomé 2 Leste Multilaterais Bilateral Projeto Cultural no Educação Cooperação Cultural Formação de recursos humanos da Angola África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Exterior Internacional PALOP para a área de esporte Educacionais - do Brasil em Educação 3 DCE Luanda Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Angola África Divisão de Temas Embaixada CAPES Internacional no Internacional graduação (PEC-PG) Educacionais - do Brasil em 4 Brasil DCE Luanda Bilateral Projeto Cultural no Educação Cooperação Cultural Formação de recursos humanos da Cabo Verde África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Exterior Internacional PALOP para a área de esporte Educacionais - do Brasil em Educação 5 DCE Praia Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Cabo Verde África Divisão de Temas Embaixada CAPES Internacional no Internacional graduação (PEC-PG) Educacionais - do Brasil em 6 Brasil DCE Praia Bilateral Projeto Cultural no Educação Cooperação Cultural Formação de recursos humanos da Costa do África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Exterior Internacional PALOP para a área de esporte Marfim Educacionais - do Brasil em Educação 7 DCE Abidjã Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Costa do África Divisão de Temas Embaixada CAPES Internacional no Internacional graduação (PEC-PG) Marfim Educacionais - do Brasil em 8 Brasil DCE Abidjã Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Gabão África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Educacionais - do Brasil em Educação 9 Brasil DCE Libreville Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Gana África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Educacionais - do Brasil em Educação 10 Brasil DCE Acra Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Guiné África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no graduação (PEC-G) Internacional Bissau Educacionais - do Brasil em Educação Brasil 11 DCE Bissau Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Guiné África Divisão de Temas Embaixada CAPES Internacional no Internacional graduação (PEC-PG) Bissau Educacionais - do Brasil em 12 Brasil DCE Bissau Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Moçambiqu África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no graduação (PEC-G) Internacional e Educacionais - do Brasil em Educação Brasil 13 DCE Maputo Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Moçambiqu África Divisão de Temas Embaixada CAPES Internacional no Internacional graduação (PEC-PG) e Educacionais - do Brasil em 9 13 14 Brasil DCE Maputo

Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Nigéria África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Educacionais - do Brasil em Educação 15 Brasil DCE Lagos Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Quênia África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Educacionais - em Nairóbi Educação Brasil DCE Superior 16 Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de São Tomé e África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Príncipe Educacionais - do Brasil em Educação 17 Brasil DCE São Tomé Superior Bilateral Prêmio Cultural Educação Cooperação Cultural Programa de estudantes-convênio de Senegal África Divisão de Temas Embaixada Secretaria de Internacional no Internacional graduação (PEC-G) Educacionais - do Brasil em Educação 18 Brasil DCE Dakar Superior Bilateral Financimento de Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Cultural Brasil- Bissau Guiné África Divisão de Embaixada Políticas Culturais Culturais Brasileiros no Exterior Guiné Bissau Bissau Promoção da do Brasil em no Exterior Língua Bissau 19 Portuguesa - DPLP Bilateral Financimento de Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Cultural Brasil- Maputo Moçambiqu África Divisão de Embaixada Políticas Culturais Culturais Brasileiros no Exterior Moçambique e Promoção da do Brasil em no Exterior Língua Maputo 20 Portuguesa - Bilateral Financimento de Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Cultural Brasil- Praia Cabo Verde África Divisão de Embaixada Políticas Culturais Culturais Brasileiros no Exterior Cabo Verde Promoção da do Brasil em no Exterior Língua Praia 21 Portuguesa - Multilateral Financimento de Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Cultural Brasil- Pretória África do África Divisão de Embaixada Políticas Culturais Culturais Brasileiros no Exterior África do Sul Sul Promoção da do Brasil em no Exterior Língua Pretória Portuguesa - 22 DPLP Financimento de Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Cultural Brasil- Pretória África do África Divisão de Embaixada Políticas Culturais Culturais Brasileiros no Exterior África do Sul Sul Promoção da do Brasil em no Exterior Língua Pretória 23 Portuguesa - Multilateral Curso de Formação Esporte Cooperação Cultural Formação de recursos humanos da São Tomé e África Divisão de Embaixada Internacional PALOP para a área de esporte Príncipe Acordos e do Brasil em 24 Assuntos São Tomé Multilaterais Bilateral Prêmio Cultural no Língua, Cooperação Cultural Prêmio Literário José Carlos Schawarz Bissau Guiné África Divisão de Embaixada Exterior Livro, Internacional de Conto e Poesia Bissau Operações de do Brasil em 25 Leitura e Difusão Cultural - Bissau Literatura DODC Multilateral Certificado de Língua, Certificado de Proficiência em Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Divisão de Secretaria de Língua Portuguesa Livro, Língua Portuguesa para Promoção da Educação 26 Leitura e Estrangeiros - CELPE-Bras Língua Superior; INEP Bilateral Projeto Cultural Música Divulgação da Produção Projeto "Bissau Canta Bissau Guiné África Divisão de Embaixada Internacional no Cultural Brasileira no Exterior Brasil" Bissau Operações de do Brasil em 27 Brasil Difusão Cultural - Bissau DODC 140

DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2005 ÁREA DE AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES PERSPECTIVA SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE DEPARTAMENTO POSTO NO ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA CGCE MINC MEC OUTROS CULTURAL EXTERIOR Subsec.-Geral de Programa de Cooperação Coop. entre Brasil e Portugal para Divisão de Comunidades Documento Acordo Negociação de as áreas de educação, Operações de 1 Bilateral NAC Jurídico Cultural Acordo Esportivo cultura, comunicação Lisboa Portugal Europa Brasileiras no Difusão Cultural - Internacional Bilateral Bilateral social, ciência e tecnologia, Exterior do MRE DODC juventude e desporto para e Instituto 2006-2009 Camões de Portugal Projeto Cooperação Brasil apoia Mostra Pan- Fundação Embaixada da Cultural Artes América do 2 Multilateral DCM Cultural Africana de Arte Salvador Brasil Cultural França no Brasil, Internacional Plásticas Sul Internacional Contemporânea Palmares Aliança Francesa no Brasil Secretaria de Educação Cooperação Programa de Formação de Curso de São Tomé Continuada, 3 Bilateral DCB Educação Cultural Professores em Exercício - São Tomé África Formação e Príncipe Alfabetização, Internacional Proformação Diversidade e Inclusão Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Secretaria de Cultural Embaixada do 4 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Gana África Educacionais - Educação Internacional Brasil em Acra Internacional (PEC-G) DCE Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Secretaria de Cultural Guiné 5 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação África Educacionais - Brasil em Educação Internacional Bissau Internacional (PEC-G) DCE Bissau Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Secretaria de Cultural Embaixada do 6 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Senegal África Educacionais - Educação Internacional Brasil em Dakar Internacional (PEC-G) DCE Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Secretaria de Cultural 7 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Nigéria África Educacionais - Brasil em Educação Internacional Internacional (PEC-G) DCE Lagos Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Secretaria de Cultural 8 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Gabão África Educacionais - Brasil em Educação Internacional Internacional (PEC-G) DCE Libreville Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Secretaria de Cultural 9 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Angola África Educacionais - Brasil em Educação Internacional Internacional (PEC-G) DCE Luanda Superior no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Secretaria de Moçambiq 10 Bilateral CE Cultural Educação Cultural convênio de graduação África Educacionais - Brasil em Educação ue Internacional Internacional (PEC-G ) DCE Ma puto Superior Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Secretaria de Cabo Embaixada do 11 Bilateral CE Cultural Educação Cultural convênio de graduação África Educacionais - Educação Verde Brasil em Praia Internacional Internacional (PEC-G ) DCE Superior Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Secretaria de Embaixada em 141 12 Bilateral CE Cultural Educação Cultural convênio de graduação Quênia África Educacionais - Educação Nairóbi Internacional Internacional (PEC-G ) DCE Superior Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do CNPq - Ministério Costa do 13 Bilateral CE Cultural Educação Cultural convênio de graduação África Educacionais - Brasil em CAPES da Ciência e Marfim Internacional Internacional (PEC-PG ) DCE Abid jã Tecnolo gia Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do CNPq - Ministério Guiné 14 Bilateral CE Cultural Educação Cultural convênio de graduação África Educacionais - Brasil em CAPES da Ciência e Bissau Internacional Internacional (PEC-PG) DCE Bissau Tecnologia Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas CNPq - Ministério Cultural Timor Embaixada do 15 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Ásia Educacionais - CAPES da Ciência e Internacional Leste Brasil em Dili Internacional (PEC-PG) DCE Tecnologia no Brasil Prêmio Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do CNPq - Ministério Cultural 16 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação Angola África Educacionais - Brasil em CAPES da Ciência e Internacional Internacional (PEC-PG) DCE Luanda Tecnologia no Brasil Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Divisão de Embaixada do Espaços Moçambiq 17 Bilateral DCB de Políticas Culturais Cultural Brasil- Maputo África Promoção da Brasil em Culturais ue Culturais no Brasileiros no Moçambique Língua Portuguesa Maputo

Financimento Rede de Centros Divisão de de Políticas Espaços Culturais Manutenção do Centro Cabo Promoção da Embaixada do 18 Bilateral DCB Praia África Culturais no Culturais Brasileiros no Cultural Brasil-Cabo Verde Verde Língua Portuguesa Brasil em Praia Exterior Exterior - DPLP

Certificado de Divisão de Secretaria de Certificado de Língua, Livro, Obafemi Proficiência em Promoção da Educação 19 Multilateral DLP Língua Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Awolowo Língua Língua Portuguesa Superior; Portuguesa Literatura University Portuguesa para - DPLP INEP Divisão de Diretoria Projeto Comemorações dos 183 Embaixada do Intercâmbio Operações de de 20 Bilateral DCBE Cultural no Memória anos de independência do Luanda Angola África Brasil em AEBRAN Cultural Difusão Cultural - Relações Exterior Brasil Luanda DODC Internacio 142

DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2006

ÁREA DE AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES PERSPECTIVA SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE DEPARTAMENT POSTO NO ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA CGCE MINC MEC OUTROS O CULTURAL EXTERIOR Coordenação- Memorando de Documento Acordo Negociação de Geral de Entendimento para 1 Bilateral DCB Jurídico Cultural Acordo Esportivo Cotonou Benin África Intercâmbio e Interministerial cooperação esportiva Internacional Bilateral Bilateral Cooperação entre Brasil e Benin Esportiva

Assinatura do Ministério do Memorando de Esporte - Brasil; Entendimento entre o Divisão de Documento Acordo Negociação de Ministério do Governo da República Operações de 2 Bilateral NAC Jurídico Cultural Acordo Cultural Gabarrone Botsuana África Trabalho e Federativa do Brasil e o Difusão Cultural - Internacional Bilateral Bilateral Assuntos Governo da República DODC Domésticos de Botsuana sobre (Botsuana) Esporte

Coordenação- Memorando de Documento Acordo Negociação de Geral de Entendimento para 3 Bilateral DCB Jurídico Cultural Acordo Esportivo Gaborrone Botsuana África Intercâmbio e Interministerial cooperação esportiva Internacional Bilateral Bilateral Cooperação entre Brasil e Botsuana Esportiva Divulgação da Realização da exposição Coordenação de Projeto Cultural Produção Cultural 4 Bilateral DCB Artes Visuais AMRIK - Presença Árabe Argel Argélia África Divulgação - no Exterior Brasileira no na América do Sul DIVULG Exterior Divulgação da Realização da exposição Coordenação de Projeto Cultural Produção Cultural 5 Bilateral DCB Artes Visuais AMRIK - Presença Árabe Cairo Egito África Divulgação - no Exterior Brasileira no na América do Sul DIVULG Exterior Financiamento de Projeto Cultural Fundação União Africana; Projetos Culturais II CIAD - Oficinas de 6 Multilateral DCM internacional Artes Visuais Salvador Brasil América do Sul Cultural Governo do Internacionais no cartum no Brasil Palmares Estado da Bahia Brasil Financimento Manutenção da Embaixada do de Políticas Cooperação Cultural 7 Bilateral DLP Bibliotecas Biblioteca Infantil Maputo Moçambique África Brasil em Culturais no Internacional Monteiro Lobato Maputo Exterior Divisão de Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do Cooperação Cultural Temas de 8 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Angola África Brasil em Internacional Educacionais - Educação no Brasil (PEC-G) Luanda DCE Superior

Divisão de Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do Cooperação Cultural Temas de 9 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Moçambique África Brasil em Internacional Educacionais - Educação no Brasil (PEC-G) Maputo DCE Superior

143 Divisão de Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Cooperação Cultural Temas Embaixada do de 10 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Cabo Verde África Internacional Educacionais - Brasil em Praia Educação no Brasil (PEC-G) DCE Superior Divisão de Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do Cooperação Cultural São Tomé e Temas de 11 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação África Brasil em São Internacional Príncipe Educacionais - Educação no Brasil (PEC-G) Tomé DCE Superior

Divisão de Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Cooperação Cultural Temas Embaixada em de 12 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Quênia África Internacional Educacionais - Nairóbi Educação no Brasil (PEC-G) DCE Superior

Divisão de Prêmio Cultural Programa de estudantes- CNPq - Ministério Cooperação Cultural Costa do Temas Embaixada do 13 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação África CAPES da Ciência e Internacional Marfim Educacionais - Brasil em Abidjã no Brasil (PEC-PG) Tecnologia DCE

Divisão de Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do CNPq - Ministério Cooperação Cultural Temas 14 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Guiné Bissau África Brasil em CAPES da Ciência e Internacional Educacionais - no Brasil (PEC-PG) Bissau Tecnologia DCE

Divisão de Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do CNPq - Ministério Cooperação Cultural Temas 15 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Angola África Brasil em CAPES da Ciência e Internacional Educacionais - no Brasil (PEC-PG) Luanda Tecnologia DCE Divisão de Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada do CNPq - Ministério Cooperação Cultural Temas 16 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Moçambique África Brasil em CAPES da Ciência e Internacional Educacionais - no Brasil (PEC-PG) Maputo Tecnologia DCE Divisão de Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Promoção da Embaixada do de Políticas Espaços 17 Bilateral DCBE Culturais Brasileiros Cultural Brasil-Guiné Bissau Guiné Bissau África Língua Brasil em Culturais no Culturais no Exterior Bissau Portuguesa - Bissau Exterior DPLP Divisão de Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Promoção da Embaixada do de Políticas Espaços 18 Bilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil- Maputo Moçambique África Língua Brasil em Culturais no Culturais no Exterior Moçambique Portuguesa - Maputo Exterior DPLP Divisão de Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Promoção da de Políticas Espaços Embaixada do 19 Bilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil-Cabo Praia Cabo Verde África Língua Culturais no Culturais Brasil em Praia no Exterior Verde Portuguesa - Exterior DPLP Divisão de Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Promoção da Embaixada do de Políticas Espaços 20 Multilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil-África do Pretória África do Sul África Língua Brasil em Culturais no Culturais no Exterior Sul Portuguesa - Pretória Exterior DPLP

144 Divisão de Financimento Rede de Centros Manutenção do Centro Promoção da Embaixada do de Políticas Espaços

21 Multilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil-África do Pretória África do Sul África Língua Brasil em Culturais no Culturais no Exterior Sul Portuguesa - Pretória Exterior DPLP Gabinete das Língua, Livro, Fundação Relações Prêmio Cultural Cooperação Cultural 22 Multilateral DLP Leitura e Prêmio Luís de Camões Portugal Europa Biblioteca Culturais no Exterior Internacional Literatura Nacional Internacionais de Portu gal Divisão de Língua, Livro, Concurso de Embaixada do Prêmio Cultural Operações e 23 Bilateral DCB Leitura e Intercâmbio Cultural monografias Guiné Bissau África Brasil em no Exterior Difusão Cultural - Literatura "Descobrindo o Brasil" Bissau DODC

Divisão de Língua, Livro, Prêmio Literário José Embaixada do Prêmio Cultural Cooperação Cultural Operações e 24 Multilateral DCBE Leitura e Carlos Schawarz de Guiné-Bissau África Brasil em no Exterior Internacional Difusão Cultural - Literatura Conto e Poesia Bissau DODC

Financiamento de Realização da II Projeto Cultural Fundação União Africana; Projetos Culturais Conferência dos 25 Multilateral DCM internacional Migrações Salvador Brasil América do Sul Cultural Governo do Internacionais no Intelectuais da África e no Brasil Palmares Estado da Bahia Brasil da Diáspora (CIAD)

APEX-Brasil; Divisão de Gravadoras Projeto Cultural Secretaria Apoio ao Festival África- Operações e brasileira de 26 Multilateral DCBE internacional Música Intercâmbio Cultural Brasília Brasil América do Sul de Políticas Brasil Difusão Cultural - músicas no Brasil Culturais DODC independentes; BM&A; ABMI

Divulgação da "Brazilian - Nigth" - Embaixada do Projeto Cultural Produção Cultural Show musical com a 27 Bilateral DCBE Música Maputo Moçambique África Brasil em no Exterior Brasileira no cantora brasileira Naima Maputo Exterior Yazbek e sua banda

Financiamento de Projeto Cultural II CIAD - Oficina de Fundação União Africana; Projetos Culturais 28 Multilateral DCM internacional Música instrumentos Salvador Brasil América do Sul Cultural Governo do Internacionais no no Brasil percursivos Palmares Estado da Bahia Brasil Di visão de Acordos e Gestão Cultural Organismos Participação no MINC no Assuntos 29 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural Argel Argélia África Internacional Multilaterais GT Cultura do IBAS Multilaterais Culturais - DAMC Di visão de Acordos e Gestão Cultural Organismos Participação do MINC na Assuntos Ministro da 30 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural I Reunião de Ministros Argel Argélia África CPLP Internacional Multilaterais Multilaterais Cultura da Cultura da ASPA Culturais - DAMC Criação da Missão do Gestão Cultural Organismos Missão do Brasil 31 Multilateral DCM Intercâmbio cultural Brasil junto à CPLP com Lisboa Portugal Europa Internacional Multilaterais na CPLP sede em Lisboa

145 Divisão de Gestão Cultural Organismos Participação no Promoção da 32 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural Conselho Executivo da Lisboa Portugal Europa Língua Brasunesco Internacional Multilaterais UNESCO Portuguesa - DPLP Passagens e despesas com locomoção para a participação do IPHAN Divisão de na I Reunião do Comitê Gestão Cultural Patrimônio Brasil Patrimônio Operações e 33 Multilateral DCM Intergovernamental de Argel Argélia África IPHAN Internacional Cultural Cultural Difusão Cultural - Convenção para a DODC salvaguarda do patrimônio cultural imaterial

Exposição internacional Transcriptions Projeto Cultural Patrimônio 34 Multilateral DLP Intercâmbio Cultural D'Architetures - II Mostra Coimbra Portugal Europa IPHAN no Exterior Cultural Internacional Rio Arquitetura - MIRA

Participação do IPHAN Financimento Divisão de no V Encontro para a de Políticas Patrimônio Cooperação Cultural Operações e 35 Multilateral DCM promoção e difusão do Lisboa Portugal Europa IPHAN Culturais no Cultural Internacional Difusão Cultural - patrimônio imaterial de Exterior DODC países ibero-americanos

Pagamento de passagens e diárias Gestão da para participação do Participação do Gestão Cultural Patrimônio IPHAN no Simpósio 36 Multilateral DCM IPHAN em Lisboa Portugal Europa IPHAN Internacional Cultural Internacional de Organismos restauração e visitação Internacionais na fundação Ricardo Espírito Santo

Participação do IPHAN Projeto Cultural no I Encontro Patrimônio Brasil Patrimônio Rio de 37 Multilateral DCM Internacional Internacional sobre o Brasil América do Sul IPHAN Cultural Cultural Janeiro no Brasil Patrimônio Mundial de Origem Portuguesa 146 DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2007 AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES ÁREA DE CONTIN PERSPECTIVA SETOR FORMATO CIDADE PAÍS DEPARTAMENTO POSTO NO ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA ENTE CGCE MINC MEC OUTROS CULTURAL EXTERIOR

I Cúpula Brasil-União Europeia com declaração conjunta: a) Divisão de Acordos Missão Documento Acordo Cooperação Cultural fortalecimento do diálogo e Assuntos Brasileira 1 Bilateral DCB Jurídico Cultural Lisboa Portugal Europa Internacional entre Brasil e U.E. por Multilaterais junto à União Internacional Bilateral meio da cultura; b) Culturais - DAMC Europeia respeito à diversidade cultura

Ajuste Complementar ao Acordo Básico de Ministério das Documento Acordo Negociação de Cooperação Econômica, Divisão de Temas Relações 2 Bilateral NAC Jurídico Cultural Acordo Cultural Técnica e Científica para a Luanda Angola África Educacionais - Exteriores de Internacional Bilateral Bilateral Implementação do Projeto DCE Angola "Escola para todos" entre Brasil e Angola

Memorando de Ministério das Documento Acordo Negociação de Entendimento para Relações 3 Bilateral NAC Jurídico Cultural Acordo Cultural Incentivo à Formação Luanda Angola África Exteriores de Internacional Bilateral Bilateral Científica de Estudantes Angola entre Brasil e Angola

Assinatura do Programa Divisão de Documento Acordo Negociação de Embaixada Ministério da Executivo entre Brasil e Operações de 4 bilateral NAC Jurídico Cultural Acordo Cultural Maputo Moçambique África do Brasil em Educação - Moçambique para os anos Difusão Cultural - Internacional Bilateral Bilateral Maputo Moçambique de 2007 a 2010 DODC

Divulgação da Projeto Embaixada Produção Cultural Aulas de Capoeira Arte 5 Bilateral DCBE Cultural no Capoeira Maputo Moçambique África do Brasil em Brasileira no Viva Exterior Maputo Exterior Projeto Embaixada Cooperação Cultural Aula de Dança 6 Bilateral DCB Cultural no Dança Maputo Moçambique África do Brasil em Internacional Contemporânea Exterior Maputo

Financimento Divisão de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada de Políticas Espaços Promoção da 7 Bilateral DCBE Culturais Brasileiros Cultural Brasil-Guiné Bissau Guiné Bissau África do Brasil em Culturais no Culturais Língua Portuguesa - no Exterior Bissau Bissau Exterior DPLP

Financimento Divisão de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada

1 de Políticas Espaços Promoção da 8 Bilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil- Maputo Moçambique África do Brasil em 47 Culturais no Culturais Língua Portuguesa - no Exterior Moçambique Maputo

Exterior DPLP Cerimônia solene com a presença do Presidente Financimento Luiz Inácio Lula da Silva e Embaixada de Políticas Espaços do Ministro das Relações 9 Bilateral DCB Intercâmbio Cultural Maputo Moçambique África do Brasil em Culturais no Culturais Exteriores Celso Amorim Maputo Exterior para rebatizar o CEB como Centro Cultural Brasil- Moçambique

Financimento Divisão de Rede de Centros Embaixada de Políticas Espaços Manutenção do Centro Promoção da 10 Bilateral DCB Culturais Brasileiros Praia Cabo Verde África do Brasil em Culturais no Culturais Cultural Brasil-Cabo Verde Língua Portuguesa - no Exterior Praia Exterior DPLP

Financimento Divisão de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada de Políticas Espaços Promoção da 11 Multilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil-África do Pretória África do Sul África do Brasil em Culturais no Culturais Língua Portuguesa - no Exterior Sul Pretória Exterior DPLP

Financimento Divisão de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada de Políticas Espaços Promoção da 12 Multilateral DCB Culturais Brasileiros Cultural Brasil-África do Pretória África do Sul África do Brasil em Culturais no Culturais Língua Portuguesa - no Exterior Sul Pretória Exterior DPLP

Certificado de Secretaria Divisão de Certificado de Língua, Livro, Proficiência em de Obafemi Promoção da 13 Multilateral DLP Língua Leitura e Língua Portuguesa Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Educação Awolowo Língua Portuguesa - Portuguesa Literatura para Estrangeiros - Superior; University DPLP CELPE-Bras INEP

Projeto Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Curso de Português para 14 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e da Maputo Moçambique África do Brasil em Estrangeiros Exterior Literatura Cultura Brasileira Maputo

Projeto Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Curso de Português para 15 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e da Maputo Moçambique África do Brasil em Estrangeiros Exterior Literatura Cultura Brasileira Maputo

Financimento Divulgação da Língua, Livro, Embaixada de Políticas Produção Cultural Manutenção da Biblioteca 16 Bilateral DLP Leitura e Maputo Moçambique África do Brasil em Culturais no Brasileira no Infantil Monteiro Lobato Literatura Maputo Exterior Exterior Participaç ão da FBN no Projeto Seminário Internacional de Fundação 17 Bilateral DCM Cultural no Memória Intercâmbio Cultural Memórias Lusófonas: a Lisboa Portugal Europa Biblioteca Exterior saída da Corte para o Nacional Brasil Consulado 148 Financimento Divulgação da Geral do de Políticas Produção Cultural Apoio à Casa "Little Cidade do Brasil-África Mario Ribas; DJs 18 Bilateral DCB Música África do Sul África Culturais no Brasileira no Brazil" Cabo do Sul - cariocas Exterior Exterior Cidade do Cabo DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2008 AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES ÁREA DE PERSPECTIVA SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE DEPARTAMENTO POSTO NO ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA CGCE MINC MEC OUTROS CULTURAL EXTERIOR

Memorando de Divisão de Ministério dos Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo entendimento entre o Brasil Operações de Negócios 1 Bilateral NAC Jurídico Brasília Brasil América do Sul Bilateral Cultural Bilateral e o Timor Leste sobre Difusão Cultural - Estrangeiros do Internacional cooperação cultural DODC Timor Leste

Ajuste complementar ao acordo de cooperação educacional entre o Brasil e Documento Divisão de Temas Ministério da Acordo Cultural Negociação de Acordo o Timor-Leste para Ministro da 2 Bilateral NAC Jurídico Brasília Brasil América do Sul Educacionais - Educação do Bilateral Educacional Bilateral implementação do Programa Educação Internacional DCE Timor Leste "Qualificação de Docentes e Ensino da Língua Portuguesa em Timor-Leste"

Ajuste complementar ao acordo básico de ABC-MRE, Documento cooperação técnica e Acordo Cultural Negociação de Acordo Embaixada do 3 Bilateral NAC Jurídico científica entre o Brasil e Brasília Brasil América do Sul Bilateral Educacional Bilateral Cabo Verde no Internacional Cabo Verde para Brasil implementação do projeto "Escola para Todos - Fase II"

Protocolo de intenções do Divisão de Ministério dos Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo Brasil e do Timor Leste Operações de Negócios 4 Multilateral NAC Jurídico Díli Timor Leste Ásia Bilateral Cultural Bilateral sobre cooperação técnica na Difusão Cultural - Estrangeiros do Internacional área de arquivos DODC Timor Leste

Protocolo de Intenções entre Coordenação- Documento o Governo do Brasil e o Geral de Acordo Cultural Negociação de Acordo 5 Bilateral NAC Jurídico Governo do Timor Leste Díli Timor Leste Ásia Intercâmbio e Bilateral Esportivo Bilateral Internacional sobre Cooperação Técnica Cooperação na área dos esportes Esportiva

Ajuste complementar ao acordo de cooperação Divisão de Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo cultural ente o Brasil e Operações de 6 Bilateral NAC Jurídico Maputo Moçambique África Bilateral Cultural Bilateral Moçambique para Difusão Cultural - Internacional cooperação em matéria de DODC comunicação social 1 49

Ministro da Secretaria de Comunicação Assinatura do Ajuste Social da Complementar ao Acordo de Divisão de Presidência da Documento Cooperação Cultural entre Acordo Cultural Negociação de Acordo Operações de República do 7 Bilateral NAC Jurídico Brasil e Moçambique sobre Maputo Moçambique África Bilateral Cultural Bilateral Difusão Cultural - Brasil e Internacional Cooperação na Área da DODC Ministério dos Comunicação Social em Negócios Moçambique Estrangeiros e Cooperação de Moçambique

Ajuste complementar ao Coordenação- Ministério da acordo de cooperação entre Documento Geral de Cultura, Acordo Cultural Negociação de Acordo Brasil em Moçambique para 8 Multilateral NAC Jurídico Maputo Moçambique África Intercâmbio e Esportes e Bilateral Esportivo Bilateral implementação do projeto Internacional Cooperação Turismo do "Inserção social pela prática Esportiva Vietnã desportiva - Fase II"

Assinatura do Ajuste Complementar para Implementação do Projeto Divisão de Ministério das Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo "Fortalecimento da Rio de Operações de Relações 9 Bilateral NAC Jurídico Brasil América do Sul Bilateral Cultural Bilateral Preservação da Memória e Janeiro Difusão Cultural - Exteriores de Internacional da Produção Audiovisuais DODC Angola de Angola" entre Brasil e Angola Divulgação da Produção Embaixada do Projeto Cultural Exposição de ilustrações de 10 Bilateral DCBE Artes Visuais Cultural Brasileira no Luanda Angola África Brasil em no Exterior Jô Oliveira Exterior Luanda Coordenação de Projeto Cultural Mostra "Amrik - Presença 11 Bilateral DCB Artes Visuais Intercâmbio Cultural Rabat Marrocos África Divulgação - no Exterior Árabe na América do Sul" DIVULG Cineasta brasileiro José Divulgação da Produção Divisão de Projeto Cultural Mojica Marins (Zé do Caixão) 12 Bilateral DCB Audiovisual Cultural Brasileira no Lisboa Portugal Europa Promoção do no Exterior no II Festival Internacional Exterior Audiovisual - DAV do Cinema de Terror Divulgação da Produção Divisão de Projeto Cultural Comédia romântica "Bossa 13 Bilateral DCBE Audiovisual Cultural Brasileira no Lisboa Portugal Europa Promoção do no Exterior Nova" Exterior Audiovisual - DAV

Semana da Língua Difusão da Língua Embaixada do Peça de Portuguesa - Folhetos de 14 Bilateral DCBE Editoração Portuguesa e da Cultura Maputo Moçambique África Brasil em Comunicação divulgação cultural e Brasileira Maputo turística do Brasil

Divulgação da Produção Embaixada do Escola Nacional Projeto Cultural 15 Bilateral DCB Editoração Cultural Brasileira no Distribuição de publicações Maputo Moçambique África Brasil em de Música no Exterior Exterior Luanda (promoção) 150 CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas

Cooperação Cultural Embaixada do Ministério da 16 Multilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Dili Timor Leste Ásia Educacionais - CAPES Internacional Brasil em Dili Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Tecnologia Projeto Cultural Cooperação Cultural Oficinas temáticas de 17 Bilateral DCB Educação Luanda Angola África no Exterior Internacional desenho e literatura

Embaixada do Escola Nacional Projeto Cultural Cooperação Cultural 18 Bilateral DCB Educação Realização de Palestras Luanda Angola África Brasil em de Música no Exterior Internacional Luanda (promoção) Financimento Secretaria Implantação da Universidade de Políticas Assessoria de de 19 Bilateral CE Educação Aberta do Brasil em Cabo Praia Cabo Verde África Culturais no Comunicação Educação Verde Exterior Su perior Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 20 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Camarões África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Yaoundé Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural Costa do de 21 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação África Educacionais - Brasil em Internacional Marfim Educação no Brasil (PEC-G) DCE Abidjã Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 22 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Gana África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Acra Superior Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 23 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Guiné Bissau África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Bissau Superior Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 24 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Nigéria África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Lagos Su perior Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 25 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Angola África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Luanda Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 26 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Moçambique África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Maputo Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 27 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Quênia África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Nairóbi Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural de 28 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Cabo Verde África Educacionais - Brasil em Internacional Educação no Brasil (PEC-G) DCE Praia Superior

Secretaria Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do 1 Cooperação Cultural São Tomé e de

51 29 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação África Educacionais - Brasil em São Internacional Príncipe Educação no Brasil (PEC-G) DCE Tomé

Superior CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural Ministério da 30 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Guiné Bissau África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Bissau Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural Ministério da 31 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Egito África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Cairo Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural Ministério da 32 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Angola África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Luanda Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cooperação Cultural Ministério da 33 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Moçambique África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Maputo Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Rede de Centros Culturais Ministério da 34 Bilateral CE Internacional Educação convênio de graduação Cabo Verde África Educacionais - Brasil em CAPES Brasileiros no Exterior Ciência e no Brasil (PEC-PG) DCE Praia Tecnologia

Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Assessoria de Manutenção do Centro Promoção da 35 Bilateral DCBE Bissau Guiné Bissau África Brasil em Culturais no Culturais Comunicação Cultural Brasil-Guiné Bissau Língua Portuguesa Bissau Exterior - DPLP

Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Rede de Centros Culturais Apoio ao Centro Cultural Promoção da 36 Bilateral DCBE Luanda Angola África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Exterior Brasileiro em Luanda Língua Portuguesa Luanda Exterior - DPLP

Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Promoção da 37 Bilateral DCB Maputo Moçambique África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Exterior Cultural Brasil-Moçambique Língua Portuguesa Maputo Exterior - DPLP

Cerimônia solene com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Embaixada do Gestão Cultural Espaços Rede de Centros Culturais Ministro das Relações 38 Bilateral DCB Maputo Moçambique África Brasil em Internacional Culturais Brasileiros no Exterior Exteriores Celso Amorim Maputo para rebatizar o CEB como Centro Cultural Brasil- Moçambique 152 Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Promoção da 39 Bilateral DCB Praia Cabo Verde África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Exterior Cultural Brasil-Cabo Verde Língua Portuguesa Praia Exterior - DPLP Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Promoção da 40 Multilateral DCB Pretória África do Sul África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Exterior Cultural Brasil-África do Sul Língua Portuguesa Pretória Exterior - DPLP

Financimento Divisão de Embaixada do de Políticas Espaços Rede de Centros Culturais Manutenção do Centro Promoção da 41 Multilateral DCB Pretória África do Sul África Brasil em Culturais no Culturais Brasileiros no Exterior Cultural Brasil-África do Sul Língua Portuguesa Pretória Exterior - DPLP Financimento Divisão de Difusão da Língua Manutenção do Centro Embaixada do de Políticas Espaços São Tomé e Promoção da 42 Bilateral DCB Portuguesa e da Cultura Cultural Brasil - São Tomé e São Tomé África Brasil em São Culturais no Culturais Príncipe Língua Portuguesa Brasileira Príncipe Tomé Exterior - DPLP Língua, Livro, Divulgação da Produção Embaixada do Prêmio Cultural Prêmio Literário José Carlos 43 Bilateral DLP Leitura e Cultural Brasileira no Bissau Guiné Bissau África Brasil em no Exterior Schawarz de Conto e Poesia Literatura Exterior Bissau

Certificado de Proficiência Língua, Livro, Funda-ção Projeto Cultural em Língua Portuguesa Participação da FBN na Feira 44 Bilateral DCM Leitura e Belém Brasil América do Sul Biblioteca no Exterior para Estrangeiros - CELPE - Pan-Amazônica do Livro Literatura Nacional Bras

Secretaria Certificado de Proficiência Divisão de Certificado de Língua, Livro, de Obafemi em Língua Portuguesa Promoção da 45 Multilateral DLP Língua Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Educação Awolowo para Estrangeiros - CELPE - Língua Portuguesa Portuguesa Literatura Superior; University Bras - DPLP INEP

Língua, Livro, Difusão da Língua Funda-ção Projeto Cultural Participação da FBN na Feira 46 Bilateral DCM Leitura e Portuguesa e da Cultura Lisboa Portugal Europa Biblioteca no Exterior do Livro de Lisboa Literatura Brasileira Nacional

Estabelecimento de Financimento Língua, Livro, Divulgação da Produção convênios com Portugal Embaixada do de Políticas 47 Bilateral NAC Leitura e Cultural Brasileira no para o reforço da língua Lisboa Portugal Europa Brasil em CPLP Culturais no Literatura Exterior portuguesa na sociedade da Lisboa Exterior informação

Certificado de Proficiência Lançamento do livro "O Língua, Livro, Embaixada do Projeto Cultural em Língua Portuguesa Guardião da Folia", de 48 Bilateral DCBE Leitura e Luanda Angola África Brasil em Odebrecht no Exterior para Estrangeiros - CELPE - Rogério Andrade e Jô de Literatura Luanda Bras Oliveira

Língua, Livro, Difusão da Língua Livros de literatura Embaixada do Projeto Cultural 49 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura disponibilizados para leitura Maputo Moçambique África Brasil em no Exterior Literatura Brasileira do público Maputo

Certificado de Proficiência Língua, Livro, Semana da Língua Embaixada do Projeto Cultural em Língua Portuguesa 1 50 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa - Curso de Maputo Moçambique África Brasil em

53 no Exterior para Estrangeiros - CELPE - Literatura Português para Estrangeiros Maputo Bras

Secretaria Certificado de Língua, Livro, de Cooperação Cultural Universidade de 51 Multilateral DLP Língua Leitura e Prêmio Luís de Camões Portugal Europa Educação Internacional São Paulo Portuguesa Literatura Superior; INEP

Gabinete das Prêmio Cultural Língua, Livro, Financiamento de Projetos Fundação Relações 52 Multilateral DLP Internacional Leitura e Culturais Internacioanais Prêmio Luís de Camões Portugal Europa Biblioteca Culturais no Brasil Literatura no Brasil Nacional Internacionais de Portugal

Gabinete das Concurso Internacional de Divisão de Prêmio Cultural Língua, Livro, Fundação Relações Cooperação Cultural Monografias do Prêmio Operações de 53 Multilateral DLP Internacional Leitura e África Biblioteca Culturais Internacional Itamaraty sobre Lima Difusão Cultural - no Brasil Literatura Nacional Internacionais Barreto DODC de Portugal

Língua, Livro, Divulgação da Produção Prêmio Cultural 54 Multilateral DCBE Leitura e Cultural Brasileira no Recital de piano e canto Lisboa Portugal Europa no Exterior Literatura Exterior

Projeto Cultural Embaixada do 55 Bilateral DCM Internacional Multidisciplinar Intercâmbio Cultural Espetáculos de música Lisboa Portugal Europa Brasil em Funarte no Brasil Lisboa

Divulgação da Produção Embaixada do Projeto Cultural 56 Bilateral DCM Museus Cultural Brasileira no Espetáculos musicais Luanda Angola África Brasil em SEGIB no Exterior Exterior Luanda

Difusão da Língua Projeto Cultural Oficinas de Música na 57 Multilateral DCBE Música Portuguesa e da Cultura Luanda Angola África no Exterior Escola Nacional de Música Brasileira

Divulgação da Produção Apresentação do grupo Embaixada do Escola Nacional Projeto Cultural 58 Bilateral DCB Música Cultural Brasileira no musical Teresa Cristina e o Pretória África do Sul África Brasil em de Música no Exterior Exterior Grupo Semente Pretória (promoção)

Financiamento de Projetos Missão Projeto Cultural Missão do Brasil junto à Universidade de 59 Bilateral DCBE Música Culturais Internacioanais Lisboa Portugal Europa Brasileira na no Exterior CPLP com sede em Lisboa Pretória no Brasil CPLP

Apoio à participação do grupo Folias D'Arte com o

154 Financiamento de Projetos Gestão Cultural Patrimônio espetáculo Oresteia no 60 Bilateral NAC Culturais Internacioanais Porto Portugal Europa IPHAN Internacional Cultural Festival Internacional de no Brasil Teatro de Expressão Ibérica - FITEI DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2009 ÁREA DE AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES PERSPECTIVA SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE DEPARTAMENTO POSTO NO ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA CGCE MINC MEC OUTROS CULTURAL EXTERIOR Assinatura do Memoran do de Negociação Divisão de Ministério das Documento Acordo Entendimento sobre de Acordo América do Operações de Relações 1 Bilateral NAC Jurídico Cultural Cooperação entre Academias Brasília Brasil Cultural Sul Difusão Cultural - Exteriores do Internacional Bilateral Diplomáticas do Brasil e do Bilateral DODC Egito Egito Ajuste complementar ao acordo de cooperação técnica entre Ministério dos Negociação Documento Acordo Brasil e Timor Leste para Negócios de Acordo Embaixada do 2 Bilateral NAC Jurídico Cultural implementação do projeto Díli Timor Leste Ásia Estrangeiros Educacional Brasil em Díli Internacional Bilateral "Formação de Professores em do Timor Bilateral Exercício na Escola Primária do Leste Timor-Leste - Segunda Etapa" Assinatura do Acordo de Negociação Cooperação Cultural entre o Divisão de Documento Acordo de Acordo Governo da República Operações de 3 Bilateral NAC Jurídico Cultural Gaborone Botswana África Cultural Federativa do Brasil e o Difusão Cultural - Internacional Bilateral Bilateral Governo da República de DODC Botsuana Assinatura do Acordo de Negociação Cooperação Educacional entre Divisão de Documento Acordo de Acordo o Governo da República Operações de 4 Bilateral NAC Jurídico Cultural Gaborone Botswana África Educacional Federativa do Brasil e o Difusão Cultural - Internacional Bilateral Bilateral Governo da República de DODC Botsuana

Negociação Ministro dos Esportes participa Documento Acordo de Acordo da inaguração da fábrica de Ministério do 5 Bilateral NAC Jurídico Cultural Maputo Moçambique África Educacional bolas do programa "Pintando a Esporte Internacional Bilateral Bilateral Cidadania", doada pelo Brasil Diretoria de Subsecretaria - Difusão da Relações Geral das Projeto Língua I Concurso Internacional de Artes Internacionais; Comunidades 6 Multilateral DCM Cultural no Portuguesa e Desenho Infantil "Brasileirinhos África do Sul África Plásticas Secretaria de Brasileiros no Exterior da Cultura no Mundo" Políticas Exterior - Brasileira Culturais MRE Diretoria de Subsecretaria - Difusão da Relações Geral das Projeto Língua I Concurso Internacional de Artes Internacionais; Comunidades 7 Multilateral DCM Cultural no Portuguesa e Desenho Infantil "Brasileirinhos Líbia África Plásticas Secretaria de Brasileiros no Exterior da Cultura no Mundo" Políticas Exterior - Brasileira Culturais MRE Diretoria de Subsecretaria - Difusão da Relações Geral das Projeto Língua I Concurso Internacional de Artes São Tomé e Internacionais; Comunidades 8 Multilateral DCM Cultural no Portuguesa e Desenho Infantil "Brasileirinhos África Plásticas Príncipe Secretaria de Brasileiros no 1 Exterior da Cultura no Mundo" 5 Políticas Exterior -

5 Brasileira Culturais MRE Diretoria de Subsecretaria - Difusão da Relações Geral das Projeto Língua I Concurso Internacional de Artes Internacionais; Comunidades 9 Multilateral DCM Cultural no Portuguesa e Desenho Infantil "Brasileirinhos Senegal África Plásticas Secretaria de Brasileiros no Exterior da Cultura no Mundo" Políticas Exterior - Brasileira Culturais MRE

Diretoria de Subsecretaria - Difusão da Relações Geral das Projeto Língua I Concurso Internacional de Artes Internacionais; Comunidades 10 Multilateral DCM Cultural no Portuguesa e Desenho Infantil "Brasileirinhos Portugal Europa Plásticas Secretaria de Brasileiros no Exterior da Cultura no Mundo" Políticas Exterior - Brasileira Culturais MRE Ano do Brasil na França na Centro Projeto Divisão de Diretoria de Intercâmbio Guiné-Bissau - Projeção do Guiné- Cultural 11 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Bissau África Promoção do Relações Cultural filme franco-brasileiro "Orfeu Bissau Brasil-Guiné- Exterior Audiovisual - DAV Internacionais Negro" Bissau Centro Ano do Brasil na França na Projeto Divisão de Diretoria de Cultural Intercâmbio Guiné-Bissau - Festival de Guiné- 12 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Bissau África Promoção do Relações Franco Cultural Cinema Brasileiro no Centro Bissau Exterior Audiovisual - DAV Internacionais Bissau- Cultural Brasil-Guiné-Bissau Guineense

Ano do Brasil na França na Projeto Divisão de Diretoria de Intercâmbio Guiné-Bissau - Festival de Guiné- 13 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Bissau África Promoção do Relações Cultural Cinema Francês no Centro Bissau Exterior Audiovisual - DAV Internacionais Cultural Brasil-Guiné-Bissau

Projeto Divisão de Diretoria de Cultural Ano do Brasil Festival de Cinema Brasileiro no Guiné 14 Bilateral DCBE Audiovisual Bissau África Promoção do Relações Internacional na França CCFBG Bissau Audiovisual - DAV Internacionais no Brasil Parceria com o setor de Assuntos Culturais da Mês da História Afro-americana - Embaixada Projeto Divisão de Embaixada do Intercâmbio Realização de sessões de Guiné- dos Estados 15 Bilateral DCB Cultural no Audiovisual Bissau África Promoção do Brasil em Cultural cinema comemorativas à Bissau Unidos da Exterior Audiovisual - DAV Bissau História Afro-Americana América em Dacar; Centro Cultural Brasil-Guiné- Bissau Mês da História Afro-americana - Realização de sessões de Centro cinema comemorativas à Projeto Divisão de Embaixada do Cultural Intercâmbio História Afro-americana em Guiné 156 16 Multilateral DCB Cultural no Audiovisual Bissau África Promoção do Brasil em Brasileiro - Cultural parceria com o setor de Bissau Exterior Audiovisual - DAV Bissau Guiné Bissau Assuntos Culturais da (CCBGB) Embaixada dos Estados Unidos da América em Dacar. Secretaria Especial dos Divulgação Direitos Projeto da Produção Divisão de Embaixada do Mostra Cinema e Direitos Guiné- Humanos da 17 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Cultural Bissau África Promoção do Brasil em Humanos Brasil-Guiné Bissau Bissau Presidência Exterior Brasileira no Audiovisual - DAV Bissau da República Exterior (SEDH) do Brasil

Mostra de filmes e de documentários, seguida de debate, sobre as origens do Divulgação Brasil, com destaque para a Projeto da Produção herança cultural do indígena e o Divisão de Embaixada do Guiné 18 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Cultural movimento de independência e Bissau África Promoção do Brasil em Bissau Exterior Brasileira no construção da identidade Audiovisual - DAV Bissau Exterior brasileira. Atividade desenvolvida com os alunos da disciplina "Cultura e Literatura Brasileira" Divulgação Centro Projeto da Produção Divisão de Mostra de filmes e Guiné- Cultural 19 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Cultural Bissau África Promoção do documentários Bissau Brasil-Guiné- Exterior Brasileira no Audiovisual - DAV Bissau Exterior Divulgação Centro Projeto da Produção Projeção de filmes brasileiros Divisão de Embaixada do Guiné- Cultural 20 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Cultural ou com legenda em português, Bissau África Promoção do Brasil em Bissau Brasil-Guiné- Exterior Brasileira no às sextas-feiras Audiovisual - DAV Bissau Bissau Exterior Divulgação Centro Retomada das sessões de Projeto da Produção Divisão de Embaixada do Cultural projeção de filmes brasileiros Guiné 21 Bilateral DCBE Cultural no Audiovisual Cultural Bissau África Promoção do Brasil em Brasileiro - ou com legenda em português, Bissau Exterior Brasileira no Audiovisual - DAV Bissau Guiné Bissau no CCBGB Exterior (CCBGB)

IPHAN; Projteo Cooperação Divisão de Realização de oficinas na área Diretoria de 22 Bilateral DCB Cultural no Audiovisual Cultural Luanda Angola África Promoção do do audiovisual Relações Exterior Internacional Audiovisual - DAV Internacionais

Centro Financiament Cooperação Embaixada do Cultural o de Políticas Retomada das atividades da Guiné- 23 Bilateral DCB Bibliotecas Cultural Bissau África Brasil em Brasileiro - Culturais no Biblioteca do CCBGB Bissau Internacional Bissau Guiné Bissau Exterior (CCBGB)

Projeto Lançamento do Portal do Fundação Intercâmbio 24 Multilateral DCBE Cultural no Bibliotecas Projeto da Biblioteca Mundial Lisboa Portugal Europa Biblioteca Cultural Exterior Digital Nacional

Financiament Cooperação Embaixada do o de Políticas Manutenção da Biblioteca 25 Bilateral DCB Bibliotecas Cultural Maputo Moçambique África Brasil em 1 Culturais no Infantil Monteiro Lobato

57 Internacional Maputo Exterior

Projeto Cooperação Embaixada do 26 Bilateral DCBE Cultural no Capoeira Cultural Aulas de Capoeira Arte Viva Maputo Moçambique África Brasil em Exterior Internacional Maputo

Projeto Cooperação Embaixada do Cultural Formação de Capoeiristas no América do 27 Bilateral DCB Capoeira Cultural Salvador Brasil Brasil em Internacional Brasil Sul Internacional Moçambique no Brasil

Projeto Cooperação Embaixada do 28 Bilateral DCB Cultural no Dança Cultural Aula de Dança Conemporânea Maputo Moçambique África Brasil em Exterior Internacional Maputo

Centro Projeto Ano do Brasil na França na Diretoria de Intercâmbio Guiné- Cultural 29 Bilateral DCBE Cultural no Educação Guiné-Bissau - Debates sobre Bissau África Relações Cultural Bissau Brasil-Guiné- Exterior cultura brasileira Internacionais Bissau Parcer ia com o setor de Assuntos Culturais da Difusão da Embaixada Projeto Língua Embaixada do Curso Cultura Brasileira na Guiné- dos Estados 30 Bilateral DCB Cultural no Educação Portuguesa e Bissau África Brasil em Ponta da Língua Bissau Unidos da Exterior da Cultura Bissau América em Brasileira Dacar; Centro Cultural Brasil-Guiné- Bissau Debate com o responsável pelos Assuntos Culturais da Centro Projeto Embaixada do Intercâmbio Embaixada dos EUA, o Guiné- Cultural 31 Bilateral DCBE Cultural no Educação Bissau África Brasil em Cultural diplomata Mattew Dever e com a Bissau Brasil-Guiné- Exterior Bissau Coordenadora do Centro Bissau Cultural Brasil-Guiné-Bissau Financiament Projeto o de Projetos Formação de Professores em Divisão de Temas Cultural Culturais América do 32 Multilateral DCB Educação Matemática - projeto Amílcar Fortaleza Brasil Educacionais - CAPES MCT Internacional Internacioa- Sul Cabral DCE no Brasil nais no Brasil

Financiament Projeto o de Projetos Formação de Professores em Divisão de Temas Cultural América do 33 Multilateral DCB Educação Culturais Português - projeto José Fortaleza Brasil Educacionais - CAPES MCT Internacional Sul Internacioana Aparecido de Oliveira DCE no Brasil is no Brasil

Projeto Cooperação Capacitação profissional de Embaixada do São Tomé e 34 Bilateral DCB Cultural no Educação Cultural cerca de 120 professores de São Tome África Brasil em São Príncipe Exterior Internacional matemática e português Tomé

158 Divulgação Centro Cultural da Embaixada Projeto da Produção Embaixada do do Brasil em São Tomé acolhe São Tomé e Instituto Bilateral DCBE Cultural no Educação Cultural São Tomé África Brasil em São

35 VII Workshop "New Worlds in Príncipe Eurosur Exterior Brasileira no Tomé Astroparticle Physics" Exterior Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- Guiné 36 Bilateral CE Educação Cultural África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Bissau Internacional DCE Bissau Superior no Brasil

Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- 37 Bilateral CE Educação Cultural Benin África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional DCE Cotonou Superior no Brasil

Prêmio Cooperação República Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- 38 Bilateral CE Educação Cultural Democrática África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional do Congo DCE Kinshasa Superior no Brasil Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- 39 Bilateral CE Educação Cultural Angola África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional DCE Luanda Superior no Brasil Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- 40 Bilateral CE Educação Cultural Moçambique África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional DCE Maputo Superior no Brasil Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Cultural Programa de estudantes- 41 Bilateral CE Educação Cultural Quênia África Educacionais - Brasil em de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Internacional DCE Nairóbi Superior no Brasil Prêmio Cooperação Divisão de Temas Secretaria Cultural Programa de estudantes- Embaixada do 42 Bilateral CE Educação Cultural Cabo Verde África Educacionais - de Educação Internacional convênio de graduação (PEC-G) Brasil em Praia Internacional DCE Superior no Brasil Prêmio Cooperação Divisão de Temas Embaixada do Secretaria Programa de estudantes- São Tomé e 43 Bilateral CE Cultural Educação Cultural África Educacionais - Brasil em São de Educação convênio de graduação (PEC-G) Príncipe Internacional Internacional DCE Tomé Su perior Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cultural Guiné- Ministério da 44 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Bissau Ciência e Internacional PG) DCE Bissau no Brasil Tecnologia Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cultural Ministério da 45 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- Benin África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e Internacional PG) DCE Cotonou no Brasil Tecnologia Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Cultural Embaixada do Ministério da 46 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- Timor Leste Ásia Educacionais - CAPES Internacional Brasil em Dili Ciência e Internacional PG) DCE no Brasil Tecnologia Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cultural Ministério da 47 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- Angola África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e Internacional PG) DCE Luanda no Brasil Tecnologia Prêmio CNPq -

1 Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cultural Ministério da 59 48 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- Moçambique África Educacionais - Brasil em CAPES Internacional Ciência e Internacional PG) DCE Maputo no Brasil Tecnologia Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Cultural Embaixada do Ministério da 49 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- Cabo Verde África Educacionais - CAPES Internacional Brasil em Praia Ciência e Internacional PG) DCE no Brasil Tecnologia

Prêmio CNPq - Cooperação Programa de estudantes- Divisão de Temas Embaixada do Cultural São Tomé e Ministério da 50 Bilateral CE Educação Cultural convênio de graduação (PEC- África Educacionais - Brasil em São CAPES Internacional Príncipe Ciência e Internacional PG) DCE Tomé no Brasil Tecnologia

A coordenadora de Assuntos Financiament Culturais do Centro Cultural Projeto o de Projetos Brasil-Guiné-Bissau prestou Espaços Guiné- 51 Multilateral DCM Cultural no Culturais assessoria ao Centro Cultural Bissau África Funarte Culturais Bissau Exterior Internacioana Franco Bissau-Guineense na is no Brasil produção do número musical baseado em ritmos brasileiros

Rede de Financiament Divisão de Centros Embaixada do o de Políticas Espaços Manutenção do Centro Cultural Guiné Promoção da 52 Bilateral DCBE Culturais Bissau África Brasil em Culturais no Culturais Brasil-Guiné Bissau Bissau Língua Portuguesa Brasileiros Bissau Exterior - DPLP no Exterior Rede de Financiament Divisão de Centros Embaixada do o de Políticas Espaços Manutenção do Centro Cultural Promoção da 53 Bilateral DCB Culturais Maputo Moçambique África Brasil em Culturais no Culturais Brasil-Moçambique Língua Portuguesa Brasileiros Maputo Exterior - DPLP no Exterior

Cerimônia solene com a Divulgação presença do Presidente Luiz Projeto da Produção Inácio Lula da Silva e do Embaixada do Espaços 54 Bilateral DCB Cultural no Cultural Ministro das Relações Maputo Moçambique África Brasil em Culturais Exterior Brasileira no Exteriores Celso Amorim para Maputo Exterior rebatizar o CEB como Centro Cultural Brasil-Moçambique

Rede de Financiament Divisão de Centros o de Políticas Espaços Manutenção do Centro Cultural Promoção da Embaixada do 55 Bilateral DCB Culturais Praia Cabo Verde África Culturais no Culturais Brasil-Cabo Verde Língua Portuguesa Brasil em Praia Brasileiros Exterior - DPLP no Exterior

160 Rede de Financiament Centros Embaixada Embaixada do o de Políticas Espaços Embaixada do Brasil em Embaixada do 56 Multilateral DCB Culturais do Brasil em Brasil em Culturais no Culturais Pretória Brasil em Pretória Brasileiros Pretória Pretória Exterior no Exterior Rede de Financiament Centros Embaixada Embaixada do o de Políticas Espaços Embaixada do Brasil em Embaixada do 57 Multilateral DCB Culturais do Brasil em Brasil em Culturais no Culturais Pretória Brasil em Pretória Brasileiros Pretória Pretória Exterior no Exterior

Rede de Financiament Divisão de Centros Embaixada do o de Políticas Espaços Manutenção do Centro Cultural São Tomé e Promoção da 58 Bilateral DCB Culturais São Tomé África Brasil em São Culturais no Culturais Brasil - São Tomé e Príncipe Príncipe Língua Portuguesa Brasileiros Tomé Exterior - DPLP no Exterior

Centro Projeto Língua, Livro, Ano do Brasil na França na Diretoria de Intercâmbio Guiné- Cultural 59 Bilateral DCBE Cultural no Leitura e Guiné-Bissau - Conferência Bissau África Relações Cultural Bissau Brasil-Guiné- Exterior Literatura sobre a obra de Lima Barreto Internacionais Bissau

Ano do Brasil na França na Centro Projeto Língua, Livro, Diretoria de Intercâmbio Guiné-Bissau - Início do curso Guiné- Cultural 60 Bilateral DCBE Cultural no Leitura e Bissau África Relações Cultural de Língua Portuguesa e Bissau Brasil-Guiné- Exterior Literatura Internacionais Literatura Brasileira Bissau

Difusão da Projeto Língua, Livro, Língua Embaixada do Guiné- 61 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e Oficina de Poesia Bissau África Brasil em Bissau Exterior Literatura da Cultura Bissau Brasileira

Lançamento de livro elaborado a partir de projeto desenvolvido pela ONG brasileira Aryran - Instituto de Desenvolvimento Divulgação Humano, Cultura e Meio Projeto Língua, Livro, da Produção Embaixada do Ambiente com a ONG local Aifa- Guiné 62 Bilateral DCBE Cultural no Leitura e Cultural Bissau África Brasil em Palop (Associação de Bissau Exterior Literatura Brasileria no Bissau Investigação e Formação Exterior orientadas para Ação de Natureza Participativa das populações nos países de Língua Oficial Portuguesa)

Lançamento do projeto com Organização Divulgação conferência inaugural sobre a de Cida Projeto Língua, Livro, da Produção obra de Machado de Assis, Embaixada do Lemos, Guiné 63 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Cultural proferida pelo Leitor brasileiro Bissau África Brasil em diretora Bissau Exterior Literatura Brasileira no que presta apoio ao CCBGB na Bissau cultural do Exterior Coordenação de Assuntos Instituto Acadêmicos Aryran

Difusão da Organização e realização do Centro Projeto Língua, Livro, Língua Embaixada do processo de seleção para o Guiné- Cultural 64 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e Bissau África Brasil em 1 curso de "Língua Portuguesa e Bissau Brasil-Guiné-

61 Exterior Literatura da Cultura Bissau Literatura Brasileira Bissau Brasileira Divulgação Centro Organização e realização do Projeto Língua, Livro, da Produção Embaixada do Cultural processo de seleção para o Guiné- 65 Bilateral DCBE Cultural no Leitura e Cultural Bissau África Brasil em Brasileiro - curso de "Língua Portuguesa e Bissau Exterior Literatura Brasileria no Bissau Guiné Bissau Literatura Brasileira" Exterior (CCBGB) Difusão da Prêmio Língua, Livro, Língua Embaixada do Prêmio Literário José Carlos Guiné 66 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e Bissau África Brasil em Guiné Schawarz de Conto e Poesia Bissau Exterior Literatura da Cultura Bissau Brasileira Certificado Divisão de Secretaria Certificado Língua, Livro, de Obafemi Promoção da de Educação 67 Multilateral DLP de Língua Leitura e Proficiência Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Awolowo Língua Portuguesa Superior; Portuguesa Literatura em Língua University - DPLP INEP Portu guesa Certificado Divisão de Secretaria Certificado Língua, Livro, de Universidade João América do Promoção da de Educação 68 Multilateral DLP de Língua Leitura e Proficiência Aplicação do CELPE-Bras Brasil Federal da Pessoa Sul Língua Portuguesa Superior; Portuguesa Literatura em Língua Paraíba - DPLP INEP Portu guesa Certificado de Proficiência Divisão de Secretaria Certificado Língua, Livro, Universidade em Língua América do Promoção da de Educação 69 Multilateral DLP de Língua Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Macapá Brasil Federal do Portuguesa Sul Língua Portuguesa Superior; Portuguesa Literatura Amapá para - DPLP INEP Estrangeiros - CELPE-Bras Certificado de Proficiência Divisão de Secretaria Certificado Língua, Livro, Universidade em Língua América do Promoção da de Educação 70 Multilateral DLP de Língua Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Manaus Brasil Federal do Portuguesa Sul Língua Portuguesa Superior; Portuguesa Literatura Amazonas para - DPLP INEP Estrangeiros - CELPE-Bras

Difusão da Centro Projeto Língua, Livro, Língua Embaixada do Curso de Português para Cultural 71 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Portuguesa e Maputo Moçambique África Brasil em Estrangeiros Brasil-Guiné- Exterior Literatura da Cultura Maputo Bissau Brasileira Divulgação Projeto Língua, Livro, da Produção Embaixada do Dia da Cultura Brasileira - 72 Bilateral DLP Cultural no Leitura e Cultural Maputo Moçambique África Brasil em Palestra sobre o Brasil Exterior Literatura Brasileira no Maputo Exterior Difusão da Divisão de Prêmio Língua, Livro, Língua I Concurso Internacional de Promoção da 73 Multilateral DCM Cultural no Leitura e Portuguesa e Monografias Lygia Fagundes África Língua Portuguesa Exterior Literatura da Cultura Telles - DPLP Brasileira

162 Difusão da Divisão de Prêmio Língua, Livro, Língua I Concurso Internacional de Promoção da 74 Multilateral DCM Cultural no Leitura e Portuguesa e Monografias Lygia Fagundes América do Sul Língua Portuguesa - Exterior Literatura da Cultura Telles DPLP Brasileira Difusão da Divisão de Prêmio Língua, Livro, Língua I Concurso Internacional de Promoção da 75 Multilateral DCM Cultural no Leitura e Portuguesa e Monografias Lygia Fagundes Europa Língua Portuguesa - Exterior Literatura da Cultura Telles DPLP Brasileira

Recordando João Cabral de Melo Neto: um poeta brasileiro - Divulgação evento comemorativo à data Projeto da Produção organizado por iniciativa da Embaixada do Guiné 76 Bilateral DCBE Cultural no Memória Cultural Universidade Intercontinental Bissau África Brasil em Bissau Exterior Brasileira no Livre, com conferência seguida Bissau Exterior de debate sobre o tema "Guiné- Bissau na Encruzilhada Luso- Francófona Projeto Multidisci- Intercâmbio Carnaval timorense, primeiro Embaixada do 77 Bilateral DCBE Cultural no Díli Timor Leste Ásia plinar cultural depois da independência Brasil em Díli Exterior

Divulgação Projeto da Produção Multidisci- Embaixada do 78 Bilateral DCB Cultural no Cultural Live Brazil Festival Díli Timor Leste Ásia plinar Brasil em Dili Exterior Brasileira no Exterior

Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Programa Acordos e Museus de 79 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos Angola África Ibram Ibermuseus Assuntos Portugal; Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e Museus de Programa 80 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos Cabo Verde África Assuntos Ibram Portugal; Ibermuseus Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; DAMC PALOP Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e Museus de Programa Guiné- 81 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos África Assuntos Ibram Portugal; Ibermuseus Bissau Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; DAMC PALOP Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e Museus de Programa 82 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos Moçambique África Assuntos Ibram Portugal; Ibermuseus Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; DAMC PALOP

Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e Museus de Programa São Tomé e 83 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos África Assuntos Ibram Portugal; Ibermuseus Príncipe Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; DAMC PALOP Divisão de 1 Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e 63 Programa 84 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos Timor Leste Ásia Assuntos Ibram SEGIB Ibermuseus Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - DAMC Divisão de Instituto dos Gestão Acesso digital ampliado ao Acordos e Museus de Programa 85 Multilateral DCM Cultural Museus patrimônio museológico dos Portugal Europa Assuntos Ibram Portugal; Ibermuseus Internacional países da língua portuguesa Multilaterais - SEGIB; DAMC PALOP Divulgação Centro Projeto Embaixada do da Produção 38ª ed. Festival Internacional de Guiné- Cultural 86 Bilateral DCBE Cultural no Música Bissau África Brasil em Cultural Música e Juventude Bissau Brasileiro - Exterior Bissau Brasileira no Guiné Bissau Divisão de Gestão Acordos e Diretoria de Organismos Intercâmbio Reunião preparatória do I Fórum América do 87 Multilateral DCM Cultural Brasília Brasil Assuntos Relações CPLP Multilaterais Cultural da Sociedade Civil da CPLP Sul Internacional Multilaterais - Internacionais DAMC Gestão Fundação Organismos Intercâmbio Participação da FBN na 88 Multilateral DCM Cultural Coimbra Portugal Europa Biblioteca Multilaterais Cultural Conferência Anual da ABINIA Internacional Nacional

Gestão Organismos Intercâmbio Missão do Brasil junto à CPLP Missão do 89 Multilateral DCM Cultural Lisboa Portugal Europa CPLP Multilaterais Cultural com sede em Lisboa Brasil na CPLP Internacional Divisão de Gestão Acordos e Organismos Intercâmbio Participação no MINC no GT América do 90 Multilateral DCM Cultural Salvador Brasil Assuntos CPLP Multilaterais Cultural Cultura do IBAS Sul Internacional Multilaterais - DAMC Projeto Apoio à participação de artistas Cultural Intercâmbio no Festival Internacional de Instituto 91 Multilateral DCB Teatro Lisboa Portugal Europa Funarte Internacional Cultural Teatro da Expressão Ibero- Camões no Brasil Americana - Fitei 164 DIPLOMACIA CULTURAL BRASILEIRA REFERENTE AO ANO DE 2010 AÇÃO AGENTE DO ITAMARATY DEMAIS AGENTES PERSPECTIV ÁREA DE SETOR FORMATO CIDADE PAÍS CONTINENTE DEPARTAMENTO POSTO NO A ATUAÇÃO PROGRAMA ATIVIDADE ESPECÍFICA CGCE MINC MEC OUTROS CULTURAL EXTERIOR

Ministério da Memorando de Cultura, entendimento entre o Turismo e Brasil e a Nigéria sobre Orientação Documento cooperação nas áreas de Embaixada Nacional da Acordo Cultural Negociação de Acordo 1 Bilateral NAC Jurídico direitos culturais, combate Abuja Nigéria África do Brasil em Nigéria e Sec. Bilateral Cultural Bilateral Internacional à discriminação, Lagos Esp. De Pol. promoção da igualdade Promoção a racial e atividades Igualdade correlatas Racial do Brasil.

Programa Executivo relativo ao acordo de Divisão de Ministério das Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo cooperação cultural entre Operações de Relações 2 Bilateral NAC Jurídico Brasília Brasil América do Sul Bilateral Cultural Bilateral o governo do Brasil e o Difusão Cultural - Exteriores dos Internacional governo dos Camarões DODC Camarões para os anos 2010 a 2013

Programa Executivo sobre Divisão de Ministro dos Documento cooperação cultural entre Acordo Cultural Negociação de Acordo Operações de Negócios 3 Bilateral NAC Jurídico Brasília Brasil América do Sul Bilateral Cultural Bilateral o Brasil e o Quênia Difusão Cultural - Estrangeiros Internacional para os anos de 2010 a DODC do Quênia 2015

Acordo de Cooperação Ministério das Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo entre o Brasil e Divisão de Temas Ministro da Relações 4 Bilateral NAC Jurídico Angola Brasília Brasil América do Sul Bilateral Educacional Bilateral Educacionais - DCE Exteriores de Internacional no domínio da educação Educação não-superior e formação Angola

Acordo de Cooperação Ministério das Documento entre o Brasil e Angola no Acordo Cultural Negociação de Acordo Divisão de Temas Ministro da Relações 5 Bilateral NAC Jurídico domínio do ensino Brasília Brasil América do Sul Bilateral Educacional Bilateral Educacionais - DCE Exteriores de Internacional superior e formação de Educação Angola quadros Ajuste comp lemen tar ao acordo básico de cooperação técnica e ABC-MRE e Documento científica entre o Brasil e a Acordo Cultural Negociação de Acordo Divisão de Temas Min. Educação 6 Multilateral NAC Jurídico Brasília Brasil América do Sul Bilateral Cultural Bilateral Guiné-Bissau para Educacionais - DCE Nacional da Internacional 1 implementação do projeto Guiné-Bissau 65 "Lideranças para a

multiplicação de boas práticas socioeducativas " Memorando de IRBr-MRE; entendimento entre o Ministério dos Governo do Brasil e o Documento Negócios Acordo Cultural Negociação de Acordo Governo da República Dar es 7 Bilateral NAC Jurídico Tanzânia África Estrangeiros e Bilateral Cultural Bilateral Unida da Tanzânia sobre Salam Internacional da Cooperação capacitação de diplomatas Internacional no IRBr e no Centre of da Tanzânia Foreign Relations

Assinatura do Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo da Divisão de Documento Embaixada Acordo Cultural Negociação de Acordo República Federativa do Operações de 8 Bilateral NAC Jurídico Gaborone Botsuana África do Brasil em Bilateral Esportivo Bilateral Brasil e o Governo da Difusão Cultural - Internacional Gaborone República de Botsuana DODC para implementação do projeto "Inserção Social pela Prática Esportiva"

Assinatura de um Ajuste Complementar para Coordenação- Ministério da Documento Acordo Gereal de Embaixada Juventude, Negociação de Acordo implementação do Projeto 9 Bilateral NAC Jurídico Gaborone Botsuana África Intercâmbio e do Brasil em Esporte e Cultural Esportivo Bilateral "Inserção Social pela Internacional Bilateral Cooperação Botsuana Cultura de Prática do Esporte " Esportiva Botsuana entre Brasil e Botsuana

Acordo de Cooperação Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo Educacional entre o Divisão de Temas 10 Bilateral NAC Jurídico Lusaca Zâmbia África Bilateral Educacional Bilateral Governo do Brasil e o Educacionais - DCE Internacional Governo da Zâmbia

Acordo de Cooperação Documento Embaixada Acordo Cultural Negociação de Acordo Cultural entre o Governo 11 Bilateral NAC Jurídico Lusaca Zâmbia África do Brasil em Bilateral Cultural Bilateral do Brasil e o Governo da Internacional Lusaca Zâmbia

Acordo entre o Governo Ministro dos 166 Documento Acordo Cultural Negociação de Acordo do Brasil e o Governo do Divisão de Temas Negócios 12 Bilateral NAC Jurídico Nairóbi Quênia África Bilateral Educacional Bilateral Quênia na área de Educacionais - DCE Estrangeiros Internacional educação do Quênia Ministério do Ensino Documento Assinatura de Programa Acordo Cultural Negociação de Acordo Ministro de Superior, 13 Bilateral NAC Jurídico de Cooperação entre Praia Cabo Verde África Bilateral Cultural Bilateral Cultura Ciência e Internacional Brasil e Cabo-Verde Cultura de Cabo Verde

Aprovação e adoção do Divisão de Acordos Documento Difusão da Língua Plano de Ação de Brasília Acordo Cultural e Assuntos 14 Multilateral Jurídico Portuguesa e da Cultura para a Promoção , a Brasília Brasil América do Sul CPLP Multilateral Multilaterais Internacional Brasileira Difusão e a Projeção da Culturais - DAMC Língua Portuguesa DLP

Divisão de Acordos Documento Memorando de Acordo Cultural Negociação de Acordo Rio de e Assuntos 15 Multilateral DCM Jurídico Entendimento do IBAS Brasil América do Sul Multilateral Cultural Multilateral Janeiro Multilaterais Internacional para cooperação cultural Culturais - DAMC

Divulgação da Produção Apoio a 17ª Ed. Do Projeto Cultural no África do 16 Multilateral DCM Artes Cênicas Cultural Brasileira no Festival Internacional de Durban África Exterior Sul Exterior Porto Alegre em Cena

Expresso Brasil na Copa - Divulgação da Produção Embaixada Projeto Cultural no Festival intinerante: Joanesburg África do 17 Bilateral DCB Artes Cênicas Cultural Brasileira no África do Brasil em Exterior realização de o Sul Exterior Pretória performances artísticas

Diretoria de Subsecretaria- Relações Difusão da Língua I Concurso Internacional Geral das Projeto Cultural no África do Internacionais 18 Multilateral DCM Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura de Desenho Infantil África Comunidades Exterior Sul ; Secretaria de Brasileira "Brasileirinhos no Mundo" Brasileiros no Políticas Exterior Culturais

Diretoria de Subsecretaria- Relações Difusão da Língua I Concurso Internacional Geral das Projeto Cultural no Internacionais 19 Multilateral DCM Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura de Desenho Infantil Líbia África Comunidades Exterior ; Secretaria de Brasileira "Brasileirinhos no Mundo" Brasileiros no Políticas Exterior Culturais

Diretoria de Subsecretaria- Relações Difusão da Língua I Concurso Internacional Geral das Projeto Cultural no São Tomé e Internacionais 20 Multilateral DCM Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura de Desenho Infantil África Comunidades Exterior Príncipe ; Secretaria de Brasileira "Brasileirinhos no Mundo" Brasileiros no 1 Políticas

67 Exterior Culturais Diretoria de Subsecretaria- Relações Difusão da Língua I Concurso Internacional Geral das Projeto Cultural no Internacionais 21 Multilateral DCM Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura de Desenho Infantil Senegal África Comunidades Exterior ; Secretaria de Brasileira "Brasileirinhos no Mundo" Brasileiros no Políticas Exterior Culturais

Divisão de Difusão da Língua Prêmio Cultural no I Concurso Itamaraty de Operações de 22 Multilateral DCBE Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura África Exterior Arte Contemporânea Difusão Cultural - Brasileira DODC

Divisão de Difusão da Língua Prêmio Cultural no I Concurso Itamaraty de Operações de 23 Multilateral DCBE Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura América do Sul Exterior Arte Contemporânea Difusão Cultural - Brasileira DODC

Divisão de Difusão da Língua Prêmio Cultural no I Concurso Itamaraty de Operações de 24 Multilateral DCBE Artes Plásticas Portuguesa e da Cultura Ásia Exterior Arte Contemporânea Difusão Cultural - Brasileira DODC

Promoção da exposição Divulgação da Produção de Carybé - mostra Embaixada Projeto Cultural no 25 Bilateral DCBE Artes Visuais Cultural Brasileira no composta por 73 obras do Lisboa Portugal Europa do Brasil em Exterior Exterior artista argentino-brasileiro Lisboa Carybé

Dia da Amizade Brasil- Cabo Verde - Missão Cidade Cultural pelo Ministério da Divisão de Velha da Diretoria de Projeto Cultural no Cultura do Brasil em Operações de 26 Bilateral DCB Audiovisual Intercâmbio Cultural Ribeira Cabo Verde África Relações Exterior comemoração aos 550 Difusão Cultural - Grande de Internacionais anos do descobrimento e DODC Santiago 35 anos de independência de Cabo Verde

Divulgação da Produção Expresso Brasil na Copa - Embaixada Projeto Cultural no Joanesburg África do 27 Bilateral DCB Audiovisual Cultural Brasileira no Festival intinerante: África do Brasil em Exterior o Sul Exterior exibição de filmes Pretória

Divulgação da Produção Primeira Semana Cultural Divisão de Embaixada Projeto Cultural no 28 Bilateral DCBE Audiovisual Cultural Brasileira no Brasileira em Libreville - Libreville Gabão África Promoção do do Brasil em Exterior Exterior Mostra de cinema Audiovisual - DAV Libreville

Início da veiculação do Divulgação da Produção Coordenação de Embaixada Projeto Cultural no programa radiofônico "A 29 Bilateral DCBE Audiovisual Cultural Brasileira no Libreville Gabão África Divulgação - do Brasil em Exterior hora brasileira" em Exterior DIVULG Libreviile Libreville 168

Realização do evento

Difusão da Língua Divisão de Embaixada Projeto Cultural no Multiculturalidade e 30 Bilateral DCBE Audiovisual Portuguesa e da Cultura Libreville Gabão África Promoção do do Brasil em Exterior Brasilidade - Debate sobre Brasileira Audiovisual - DAV Libreviile cinema Livro Câmara Fundação Biblioteca Nacional do Brasileira do Embaixada do Embaixada do Livro Infantil e Benin no Brasil Benin no Brasil Cultural Palmares Fundação Maputo Maputo Maputo Maputo Maputo Maputo Pretória Pretória Embaixada Embaixada Embaixada Embaixada Embaixada Embaixada Embaixada Embaixada do Brasil em do Brasil em do Brasil em do Brasil em do Brasil em do Brasil em do Brasil em do Brasil em DODC DODC DODC Divisão de Divisão de Divisão de Divisão de Divisão de Promoção do Promoção do Operações de Operações de Operações de Difusão Cultural - Difusão Cultural - Difusão Cultural - Divisão de Temas Audiovisual - DAV Audiovisual - DAV Educacionais - DCE África África África África África África África e e e e e Sul Sul Brasil América do Sul África do África do Moçambiqu Moçambiqu Moçambiqu Moçambiqu Moçambiqu o o Praia Cabo Verde África Maputo Maputo Maputo Maputo Moçambique África Maputo Salvador Brasil América do Sul Salvador Brasil América do Sul Salvador Joanesburg Joanesburg Viva no Brasil de Dança de Cinema na Bahia - Mostra audiovisual Aula de Dança Conemporânea Iberoamericano relacionadas ao II Ciclo de Cinema Brasileira do Livro Monteiro Lobato no Festival intinerante: - Expresso Brasil na Spazio Brasil (Itália) - Criação da Biblioteca realização de oficinas Semana de Cultura do Semana de Cultura do Cinema na Embaixada Maputo Dia da Amizade Brasil- doação de mais 800 realização de palestras Aulas de Capoeira Arte Fundação da Biblioteca e Juvenil pela Câmara Cabo Verde - atividades Infantil Monteiro Lobato Benin na Bahia - Evento livros selecionados pela CopaFestival intinerante: Nacional do Livro Infantil Benin Manutenção da Biblioteca Expresso Brasil na Copa - Formação de Capoeiristas Exterior Exterior Exterior Exterior Internacional Internacional Internacional Internacional Internacional Financiamento de Financiamento de Projetos Culturais Projetos Culturais Cooperação Cultural Cooperação Cultural Cooperação Cultural Cooperação Cultural Cooperação Cultural Cultural Brasileira no Cultural Brasileira no Cultural Brasileira no Cultural Brasileira no Internacionais no Brasil Internacionais no Brasil Divulgação da Produção Divulgação da Produção Divulgação da Produção Divulgação da Produção Dança Dança Capoeira Capoeira Educação Educação Bibliotecas Bibliotecas Audiovisual Audiovisual Audiovisual Audiovisual Intercâmbio Cultural Brasil Brasil Brasil Exterior Exterior Exterior Exterior Exterior Exterior Exterior no Exterior no Exterior Projeto Cultural Projeto Cultural Projeto Cultural Internacional no Internacional no Internacional no Financimento de Financimento de Políticas Culturais Políticas Culturais Projeto Cultural no Projeto Cultural no Projeto Cultural no Projeto Cultural no Projeto Cultural no Projeto Cultural no Projeto Cultural no Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCBE Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCB Bilateral DCBE Bilateral DCB Multilateral DCBE 41 35 42 31 39 36 34 40 38 37 32 33

169 Realização de seminário Coordenação- para intercâmbio de Geral de Embaixada Gestão Cultural Joanesburg África do 43 Bilateral DCB Educação Intercâmbio Cultural experiências em África Intercâmbio e do Brasil em Internacional o Sul Joanesburgo, na Casa Cooperação Pretória Brasil Esportiva

Divisão de Projeto Cultural Financiamento de Semana de Cultura do Operações de Embaixada do 44 Bilateral DCB Internacional no Educação Projetos Culturais Benin na Bahia - Debates Salvador Brasil América do Sul Difusão Cultural - Benin no Brasil Brasil Internacionais no Brasil afro-brasileiras DODC

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 45 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Camarões África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Yaoundé Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 46 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Gana África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Acra Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Guiné Divisão de Temas 47 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em Educação Internacional Bissau Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Bissau Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 48 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Benin África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Cotonou Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- República Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 49 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Democrática África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) do Congo Kinshasa Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 50 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Nigéria África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Lagos Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 51 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Angola África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Luanda Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Moçambiqu Divisão de Temas 52 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em Educação Internacional e Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Maputo Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas 53 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Quênia África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Nairóbi Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural Divisão de Temas

170 54 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Cabo Verde África do Brasil em Educação Internacional Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) Praia Superior

Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Secretaria de Cooperação Cultural São Tomé e Divisão de Temas 55 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em Educação Internacional Príncipe Educacionais - DCE Brasil (PEC-G) São Tomé Superior CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Guiné- Divisão de Temas Ministério da 56 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em CAPES Internacional Bissau Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Bissau Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Divisão de Temas Ministério da 57 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Timor Leste Ásia do Brasil em CAPES Internacional Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Dili Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Divisão de Temas Ministério da 58 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Nigéria África do Brasil em CAPES Internacional Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Lagos Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Divisão de Temas Ministério da 59 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Angola África do Brasil em CAPES Internacional Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Luanda Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Moçambiqu Divisão de Temas Ministério da 60 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em CAPES Internacional e Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Maputo Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural Divisão de Temas Ministério da 61 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação Cabo Verde África do Brasil em CAPES Internacional Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) Praia Tecnologia

CNPq - Prêmio Cultural Programa de estudantes- Embaixada Cooperação Cultural São Tomé e Divisão de Temas Ministério da 62 Bilateral CE Internacional no Educação convênio de graduação África do Brasil em CAPES Internacional Príncipe Educacionais - DCE Ciência e Brasil (PEC-PG) São Tomé Tecnologia

Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada Guiné Promoção da 63 Bilateral DCBE Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil-Guiné Bissau África do Brasil em Bissau Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Bissau Bissau DPLP Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada Promoção da 64 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil - Timor Díli Timor Leste Ásia do Brasil em Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Leste Díli DPLP

1 Divisão de

71 Financimento de Rede de Centros Embaixada Manutenção do Centro Promoção da 65 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Luanda Angola África do Brasil em

Cultural Brasil - Angola Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Luanda DPLP Financimento de Embaixada Cooperação Cultural Manutenção do Centro 66 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Luanda Angola África do Brasil em Internacional Cultural Brasil-Angola no Exterior Luanda

Cerimônia solene com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Divisão de Embaixada Projeto Cultural no do Ministro das Relações Moçambiqu Promoção da 67 Bilateral DCB Espaços Culturais Intercâmbio Cultural Maputo África do Brasil em Exterior Exteriores Celso Amorim e Língua Portuguesa - Maputo para rebatizar o CEB como DPLP Centro Cultural Brasil- Moçambique

Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada Moçambiqu Promoção da 68 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil- Maputo África do Brasil em e Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Moçambique Maputo DPLP Divisão de Financimento de Rede de Centros Embaixada Manutenção do Centro Promoção da 69 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Praia Cabo Verde África do Brasil em Cultural Brasil-Cabo Verde Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Praia DPLP Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada África do Promoção da 70 Multilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil-África do Pretória África do Brasil em Sul Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Sul Pretória DPLP Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada África do Promoção da 71 Multilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil-África do Pretória África do Brasil em Sul Língua Portuguesa - no Exterior Exterior Sul Pretória DPLP Divisão de Financimento de Rede de Centros Manutenção do Centro Embaixada São Tomé e Promoção da 72 Bilateral DCB Políticas Culturais Espaços Culturais Culturais Brasileiros no Cultural Brasil - São Tomé São Tomé África do Brasil em Príncipe Língua Portuguesa - no Exterior Exterior e Príncipe São Tomé DPLP

Seminário para Coordenação- intercâmbio de Geral de Embaixada Projeto Cultural no experiências, em Joanesburg África do 73 Bilateral DCB Esporte Intercâmbio Cultural África Intercâmbio e do Brasil em Exterior Joanesburgo, na Casa o Sul Cooperação Pretória Brasil, durante a Copa de Esportiva 2010

Embaixada Projeto Cultural no Negociação de Acordo 74 Bilateral DCB Esporte Palestra sobre futebol Luanda Angola África do Brasil em Exterior Educacional Bilateral Luanda

Coordenação- Três preparadores de Ministério das 172 Geral de Embaixada Projeto Cultural no Cooperação Cultural goleiros e um preparador Relações 75 Bilateral DCB Esporte Lusaca Zâmbia África Intercâmbio e do Brasil em Exterior Internacional físico brasileiro irão Exteriores da

Cooperação Lusaka ministrar curso na Zâmbia Zâmbia Esportiva XIX Curso Internacional Coordenação- para Treinadores de Geral de Projeto Cultural no Cooperação Cultural 76 Bilateral DCB Esporte Futebol - participação de São Paulo Brasil América do Sul Intercâmbio e Exterior Internacional profissionais tanzanianos Cooperação neste curso Esportiva

Divisão de Projeto Cultural Financiamento de Semana de Cultura do Operações de Embaixada do 77 Bilateral DCB Internacional no Gastronomia Projetos Culturais Benin na Bahia - Eventos Salvador Brasil América do Sul Difusão Cultural - Benin no Brasil Brasil Internacionais no Brasil de gastronomia DODC

Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Projeto Cultural no Ghana Institute 78 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Acra Gana África do Brasil em CAPES Exterior of Languages Literatura Brasileira Acra

Projeto Cultural Língua, Livro, Financiamento de Fundação Participação da XIV Feira 79 Multilateral DCBE Internacional no Leitura e Projetos Culturais Belém Brasil América do Sul Biblioteca Pan-Amazônica do Livro Brasil Literatura Internacionais no Brasil Nacional

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Certificado de Promoção da Educação Universidade 80 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Belém Brasil América do Sul Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Federal do Pará Literatura Estrangeiros - CELPE- DPLP INEP Bras Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Belo Promoção da Educação 81 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Brasil América do Sul Federal de Língua Portuguesa Horizonte Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Minas Gerais DPLP INEP Bras

Língua, Livro, Difusão da Língua Prêmio Literário José Embaixada Prêmio Cultural no Guiné 82 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Carlos Schawarz de Conto Bissau África do Brasil em Exterior Bissau Literatura Brasileira e Poesia Bissau

Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Universidade Projeto Cultural no Guiné 83 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Bissau África do Brasil em CAPES Amílcar Cabral - Exterior Bissau Literatura Brasileira Bissau Lusófona

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Promoção da Educação 84 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Boa Vista Brasil América do Sul Federal de Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Roraima DPLP INEP Bras

I Conferência Divisão de Acordos Projeto Cultural Língua, Livro, Difusão da Língua Internacional sobre o e Assuntos 85 Multilateral DLP Internacional no Leitura e Portuguesa e da Cultura Futuro da Língua Brasília Brasil América do Sul CPLP Multilaterais Brasil Literatura Brasileira Portuguesa no Sistema Culturais - DAMC Mundial

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Certificado de Proficiência em Língua Promoção da Educação Universidade 173 86 Multilateral DLP Leitura e Aplicação do CELPE-Bras Brasília Brasil América do Sul Língua Portuguesa Portuguesa para Língua Portuguesa - Superior; de Brasília Literatura Estran geiros - CELPE- DPLP INEP Realização da I Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua Conferência Internacional Projeto Cultural no Promoção da 87 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura sobre o Futuro da Língua Brasília Brasil América do Sul Exterior Língua Portuguesa - Literatura Brasileira Portuguesa no Sistema DPLP Mundial

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Promoção da Educação 88 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Campinas Brasil América do Sul Estadual de Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Campinas DPLP INEP Bras Cidade Dia da Amizade Brasil- Divisão de Língua, Livro, Velha da Projeto Cultural no Cabo Verde - atividades Operações de 89 Bilateral DCB Leitura e Intercâmbio Cultural Ribeira Cabo Verde África Exterior relacionadas à língua Difusão Cultural - Literatura Grande de portuguesa, livro e leitura DODC Santiago

Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Projeto Cultural no Universidade 90 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Cotonu Benin África do Brasil em CAPES Exterior Abomey-Calavi Literatura Brasileira Cotonu Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Promoção da Educação 91 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Curitiba Brasil América do Sul Federal do Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Paraná DPLP INEP Bras Certificado de Universidade Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Regional Certificado de Promoção da Educação 92 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Erechim Brasil América do Sul Integrada do Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Alto Uruguai e DPLP INEP Bras das Missões

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Florianópoli Promoção da Educação 93 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Brasil América do Sul Federal de Língua Portuguesa s Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Santa Catarina DPLP INEP Bras

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Obafemi Certificado de Promoção da Educação 94 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Ile-Ife Nigéria África Awolowo Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- University DPLP INEP Bras Língua, Livro, Difusão da Língua Consulado Universidade Projeto Cultural no 95 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Lagos Nigéria África do Brasil em CAPES Exterior do Estado de Literatura Brasileira Lagos Lagos

Língua, Livro, Difusão da Língua Consulado Universidade Projeto Cultural no 96 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Lagos Nigéria África do Brasil em CAPES Obafemi Exterior Literatura Brasileira Lagos Awolowo 174 Língua, Livro, Divulgação da Produção Participação da FBN na Fundação

Projeto Cultural no 97 Multilateral DCBE Leitura e Cultural Brasileira no 80ª Feira do Livro de Lisboa Portugal Europa Biblioteca Exterior Literatura Exterior Lisboa Nacional Semana da Cultura em Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Projeto Cultural no Portugal - Encontros 98 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Lisboa Portugal Europa do Brasil em Exterior culturais de língua Literatura Brasileira Lisboa portuguesa

Semana da Cultura em Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Projeto Cultural no Angola - Encontros 99 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Luanda Angola África do Brasil em Exterior culturais de língua Literatura Brasileira Luanda portuguesa

Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Promoção da Educação 100 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Macapá Brasil América do Sul Federal do Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Amapá DPLP INEP Bras Certificado de Divisão de Secretaria de Língua, Livro, Proficiência em Língua Universidade Certificado de Promoção da Educação 101 Multilateral DLP Leitura e Portuguesa para Aplicação do CELPE-Bras Manaus Brasil América do Sul Federal do Língua Portuguesa Língua Portuguesa - Superior; Literatura Estrangeiros - CELPE- Amazonas DPLP INEP Bras Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Instituto Projeto Cultural no Moçambiqu 102 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Maputo África do Brasil em CAPES Superior de Exterior e Literatura Brasileira Maputo Tecnologia

Língua, Livro, Difusão da Língua Embaixada Projeto Cultural no Kenyatta 103 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Nairobi Quênia África do Brasil em CAPES Exterior University Literatura Brasileira Nairobi

Língua, Livro, Financiamento de Embaixada Projeto Cultural no Universidade 104 Bilateral DLP Leitura e Projetos Culturais Programa Leitorados Yaoundê Camarões África do Brasil em CAPES Exterior de Laundê Literatura Internacionais no Brasil Yaoundê

Gabinete das Prêmio Cultural Língua, Livro, Fundação Relações Cooperação Cultural 105 Multilateral DLP Internacional no Leitura e Prêmio Luís de Camões Brasil América do Sul Biblioteca Culturais Internacional Brasil Literatura Nacional Internacionais de Portugal

Gabinete das Financiamento de Língua, Livro, Fundação Relações Prêmio Cultural no Projetos Culturais 106 Multilateral DLP Leitura e Prêmio Luís de Camões Portugal Europa Biblioteca Culturais Exterior Internacioanais no Literatura Nacional Internacionais Brasil de Portugal

Gabinete das Prêmio Cultural Língua, Livro, Difusão da Língua Fundação Relações

1 107 Multilateral DLP Internacional no Leitura e Portuguesa e da Cultura Prêmio Luís de Camões Portugal Europa Biblioteca Culturais 7

5 Brasil Literatura Brasileira Nacional Internacionais de Portugal Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua Concurso de redação para Prêmio Cultural no Operações de 108 Multilateral DCBE Leitura e Portuguesa e da Cultura crianças brasileiras que África Exterior Difusão Cultural - Literatura Brasileira vivem no exterior DODC Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua Concurso de redação para Prêmio Cultural no Operações de 109 Multilateral DCBE Leitura e Portuguesa e da Cultura crianças brasileiras que América do Sul Exterior Difusão Cultural - Literatura Brasileira vivem no exterior DODC

Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua II Concurso Internacional Prêmio Cultural no Promoção da 110 Multilateral DCBE Leitura e Portuguesa e da Cultura de Monografias Lygia África Exterior Língua Portuguesa - Literatura Brasileira Fagundes Telles DPLP

Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua II Concurso Internacional Prêmio Cultural no Promoção da 111 Multilateral DCBE Leitura e Portuguesa e da Cultura de Monografias Lygia América do Sul Exterior Língua Portuguesa - Literatura Brasileira Fagundes Telles DPLP Língua, Livro, Difusão da Língua Divisão de Projeto Cultural no Universidade 112 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados Camarões África Promoção da CAPES Exterior de Iaundê Literatura Brasileira Lín gua Portu guesa - Divisão de Língua, Livro, Difusão da Língua Projeto Cultural no Costa do Promoção da Escola Normal 113 Bilateral DLP Leitura e Portuguesa e da Cultura Programa Leitorados África CAPES Exterior Marfim Língua Portuguesa - Superior Literatura Brasileira DPLP Divisão de Língua, Livro, Projeto Cultural no Guiné- Promoção da Universidade 114 Bilateral DLP Leitura e Programa Leitorados África CAPES Exterior Bissau Língua Portuguesa - Lusófona Literatura DPLP Cidade Dia da Amizade Brasil- Divisão de Divulgação da Produção Velha da Diretoria de Projeto Cultural no Cabo Verde - intercâmbio Operações de 115 Bilateral DCM Música Cultural Brasileira no Ribeira Cabo Verde África Relações Exterior de artistas na área de Difusão Cultural - Exterior Grande de Internacionais música DODC Santiago Cidade Embaixada Projeto Cultural no IV Festival de Música Velha da 116 Bilateral DCBE Música Cabo Verde África do Brasil em Exterior Popular Brasileira Ribeira Praia Grande de Projeto Cultural Financiamento de Projetos Apoio à Mostra Internacional 117 Multilateral DCM Internacional no Música Culturais Internacionais no Salvador Brasil América do Sul Funarte de Solos e Duos Brasil Brasil Divisão de Projeto Cultural Semana de Cultura do Operações de Embaixada do 118 Bilateral DCB Internacional no Música Benin na Bahia - Salvador Brasil América do Sul Difusão Cultural - Benin no Brasil Brasil Realização de shows DODC

Participação do Brasil no Divisão de Acordos e Gestão Cultural Organismos 119 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural Conselho Executivo da Brasília Brasil América do Sul Assuntos IPHAN Internacional Multilaterais Unesco Multilaterais - DAMC 176 Participação do IPHAN na Divisão de Acordos e

Gestão Cultural Organismos 34ª Sessão do Comitê do Assuntos 120 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural Brasília Brasil América do Sul IPHAN Internacional Multilaterais Patrimônio Mundial da Multilaterais Unesco Culturais - DAMC Reunião Extraordinária do Gestão Cultural Organismos 121 Multilateral DLP Conselho de Ministros da Brasília Brasil América do Sul Internacional Multilaterais CPLP

Missão do Brasil junto à Missão do Gestão Cultural Organismos 122 Multilateral DCM CPLP com sede em Lisboa Portugal Europa Brasil na CPLP Internacional Multilaterais Lisboa CPLP Institucionalização da UNASUL - Criação do Divisão de Acordos e Diretoria de Gestão Cultural Organismos 123 Multilateral DCM Conselho Setorial de Salvador Brasil América do Sul Assuntos Relações Unasul Internacional Multilaterais Educação, Ciência, Cultura Multilaterais - DAMC Internacionais e Tecnologia Projeto Cultural Participação do IPHAN no 124 Multilateral DCM Internacional no Patrimômio Cultural Colóquio Ibero-Americano Brasília Brasil América do Sul IPHAN Brasil de Paisagem Cultural

Cidade Divisão de Acordos Ministro Juca Ferreira Velha da Projeto Cultural no Patrimômio e Assuntos Ministro de 125 Multilateral DCM Intercâmbio Cultural preside o Comitê do Ribeira Cabo Verde África Exterior Cultural Multilaterais Cultura Patrimônio Mundial Grande de Culturais - DAMC Santiago

Dia da Amizade Brasil- Cabo Verde - Cidade Divisão de reconhecimeno da Cidade Velha da Projeto Cultural no Patrimômio Operações de 126 Bilateral DCM Velha da Ribeira Grande Ribeira Cabo Verde África Unesco Exterior Cultural Difusão Cultural - de Santiago como Grande de DODC Patrimônio Cultural da Santiago Humanidade

Participação do IPHAN no Projeto Cultural no Patrimômio 127 Multilateral DCM 10º International Coastal Lisboa Portugal Europa IPHAN Exterior Cultural Symposium Lisboa

Oficina de preparação do grupo teatral "Fôló Blagi" Embaixada Projeto Cultural no São Tomé e 128 Bilateral DCBE Teatro para primeira preparação São Tomé África do Brasil em Exterior Príncipe de São Tomé e Princípe no São Tomé FESTLIP

OBS: Planilha organizada por Edson Ramos de Oliveira, considerando o recorte metodológico da dissertação; porém, dados colhidos por Bruno do Vale Novais. 177