Bioescritas/Biopoéticas: Pensamento Em Trânsito Volume 2
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Annelise Estrella Daniele Ribeiro Fortuna Diego Ferreira Leonardo Davino Organizadores Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito Volume 2 Annelise Estrella Daniele Ribeiro Fortuna Diego Ferreira Leonardo Davino Organizadores Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito Volume 2 Copyright © 2018 dos autores Direitos adquiridos para esta edição pela Editora Pontocom Preparação: Sérgio Holanda Revisão: Dalka Castanheira Diagramação: André Gattaz Editora Pontocom Conselho Editorial José Carlos Sebe Bom Meihy Muniz Ferreira Pablo Iglesias Magalhães Zeila de Brito Fabri Demartini Zilda Márcia Grícoli Iokoi Coordenação editorial André Gattaz www.editorapontocom.com.br CATALOGAÇÃO NA FONTE (CIP) B615 Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito. Volume 2. Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito - Volume 2 / Annelise Estrella et al. (orga- nizadores) — São Paulo: Pontocom, 2018. 176p.: ISBN 978-85-66048-98-8 1.Literatura. 2. Escrita poética. 3. Linguagens. I. Título. CDD B869-4 5 Sumário Apresentação 7 ANNELISE ESTRELLA, DANIELE RIBEIRO FORTUNA, DIEGO FERREIRA, LEONARDO DAVINO A experiência em Hélio Oiticica: um olhar para suas obras com inscrições textuais 11 ANNELISE ESTRELLA GALEAZZI (UERJ) Função corrosiva das palavras: diálogo entre Yukio Mishima e Hilda Hilst 27 DIEGO FERREIRA (PUC-RJ) A voz, a palavra e a resistência: relações poéticas entre Stela do Patrocínio e Carol Dall Farras 39 FABIANA BAZILIO FARIAS (UERJ) O espaço autoficcional na obra de Rodrigo de Souza Leão: O esquizoide 53 FERNANda SHCOLNIK (UERJ) Pequenos museus portáteis: Walter Benjamin, Marcel Duchamp et alii 65 FRANCISCO CAMÊLO (PUC-RJ) Rastros poéticos: uma leitura de “cartões postais” do livro n.d.a. de Arnaldo Antunes 81 GLAUBER MIZUMOTO PIMENTEL (UERJ) Tudo começou no ano de 1925 93 GLAUCIA SOARES BASTOS (PUC-RJ) Contaminação epistêmica na peça teatral Se eu fosse Iracema 103 LUIZ HENRIQUE DE NadaL (PUC-RJ) 6 Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito (vol. 2) Esta valsa é dela: a história de Zelda Fitzgerald 121 MARCELA LANIUS (PUC-RJ) Das páginas do diário às páginas do blog: deficiência e corpo na novela Viver a vida 139 VANESSA NOGUEIRA MAIA DE SOUZA (UNIGRANRIO) DANIELE RIBEIRO FORTUNA (UNIGRANRIO) MÁRCIO LUIZ CORRÊA VILAÇA (UNIGRANRIO) Virginia Woolf: tradição, écriture féminine e intoxicação 157 VICTOR SANTIAGO SOUSA (UERJ) Sobre os autores 173 7 Apresentação ANNELISE ESTRELLA DANIELE RIBEIRO FORTUNA DIEGO FERREIRA LEONARDO DAVINO O livro Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito – volume II é resultado do VIII Seminário Internacional dos Grupos de Pesquisa Bioescritas e Biopoéticas, evento que ocu- pou a Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO, Duque de Caxias-RJ) numa manhã de terça-feira, em 31 de outubro de 2017. Este evento se constituiu num desdobramento de outro realizado em abril do mesmo ano na Universidade de Zurique e cujos resultados aparecem no livro Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito – volume I. Buscamos reestabelecer com alguma exatidão textos que colocam em justaposição artistas e personagens como Hélio Oiticica, Hilda Hilst, Stela do Patrocínio, Carol Dall Farras, Rodrigo de Souza Leão, Arnaldo Antunes, Marcel Duchamp, Emma Bovary, Ana Cristina Cesar, Iracema, Zelda Fitzgerald, Helena e Virginia Woolf. Os textos reunidos, assinados por alunos de pós-gra- duação, estão interessados em perceber as diversas redes de plurissignificações que conjugam a literatura e as outras artes contemporâneas. Se a multiplicidade de perspectivas é sin- toma e signo do trânsito do pensamento na contemporanei- dade, é preciso refazer o caminho em que a convivência com o contraditório seja veneno e remédio dos sentidos da reflexão 8 Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito (vol. 2) sobre arte e vida. Assim, a partir de mecanismos de atribuição de valor e princípios estabelecidos pelo arbítrio crítico, deri- vam-se novos modelos e múltiplas significações identitárias, literárias e sobre obra de arte. Notadamente, o rés-do-chão para o desenvolvimento de trabalhos como os aqui publicados são os estudos que reú- nem vida, arte e literatura. Nas palavras da professora e líder do Grupo de Pesquisa Ana Chiara, tais estudos devem sem- pre estar “comprometidos com a reflexão sobre questões que abarcam as condições de sobrevivência da subjetividade num cenário cada vez mais efêmero e mutável, no qual a precariza- ção ideológica e as demandas por novas vias de participação e representatividade são cada vez mais urgentes”. Abrir essas vias é mover o pensamento, é deslocá-lo na esteira do contemporâneo – para quiçá redescobrí-lo ou des- construí-lo. A urgência dessa abertura, motriz dos artigos aqui organizados, se confunde com a busca de um novo ângulo, de uma perspectiva que faça soar a corda que ainda vibra entre a arte e a vida. Esses são pensamentos que investem, cada qual a seu modo, nessa relação, na abertura de tais passagens, esgarçando o pano liso dos sentidos para que suporte a maté- ria enrugada de que é feita a vida, a escrita, o pensamento. Desse modo, o volume II do livro Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito reúne investigações de áreas temáti- cas e conceituais tão diversas quanto interdependentes, tais como autobiografia e processos orgânicos, política e sensações, possibilidades do eu para além da literatura e a multiplicidade nas vozes femininas, refletindo e refratando as inquietações do sujeito intelectual biocrítico hoje. A crença no trânsito do pensamento em transe – des- locamento físico e metafórico da linguagem – atravessa estes textos que lançam olhares para as inscrições textuais das obras de Hélio Oiticica (Annelise Estrella); percebem a função corro- siva das palavras na literatura de Hilda Hilst (Diego Ferreira); Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito (vol. 2) 9 ouvem as vozes poéticas empoderadoras de Stela do Patrocínio e Carol Dall Farras (Fabiana Farias); percorrem o espaço auto- ficcional criado por Rodrigo de Souza Leão (Fernanda Shcolnik); percebem obras que utilizam o dispositivo da miniaturiza- ção (Francisco Camêlo); discutem os rastros verbivisuais de Arnaldo Antunes (Glauber Mizumoto); autoficcionalizam-se em diálogo com Bovary e Ana C. (Glaucia Soares); deixam-se contaminar na epistêmica e epidérmica Iracema (Luiz Nadal); bailam ao som da valsa de Zelda Fitzgerald (Marcela Lanius); abordam deficiência e corpo na telenovela (Vanessa Nogueira, Daniele Fortuna, Marcio Luiz); e intoxicam-se da escritura de Virginia Woolf (Victor Santiago). Note-se, por fim, que, seja pela pluralidade temática e modos de abordagem, seja na disposição desses pesquisadores em enfrentar suas pesquisas (seus corpora) com “a primavera nos dentes”, como cantaram os Secos e Molhados, este tra- balho aglutina força e promete a manutenção do pensamento inquieto tão importante à educação dos sentidos éticos e à liberação do estético. Esperamos contribuir para um maior contato do leitor brasileiro com discussões tão caras dentro e fora do ambiente acadêmico. Agradecemos imensamente aos pesquisadores que participaram do Seminário, aos programas de pós-gradua- ção onde esses pesquisadores desenvolvem suas pesquisas, à Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO) e, em particular, à Daniele Fortuna, que, com sua bolsa de Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ), propiciou meios para que este volume II pudesse ser publicado. 11 A experiência em Hélio Oiticica: um olhar para suas obras com inscrições textuais ANNELISE ESTRELLA GALEAZZI (UERJ) Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres Oswald de Andrade O artista plástico carioca Hélio Oiticica passou, durante toda sua vida, por formas de pensar extremamente múltiplas, subindo degraus que, em perspectiva, parecem corresponder à busca pela negação máxima do sistema, pautada por um esforço constante em permanecer à margem. Como resultado, vê-se seu fazer artístico materializado na anti-arte: uma arte experimental, desintelectualizada, fora dos padrões. Analisar a obra de Oiticica entendendo e estabelecendo os pontos que conectam cada uma de suas fases pode funcionar como um mapa capaz de nos fazer atravessar as fronteiras entre o campo prático e o campo teórico das Artes Visuais e das Letras. Seu pensamento nunca se deu de maneira isolada: enquanto esteve preocupado em superar a ideia do quadro na parede como elemento primordial da pintura, também interes- sou-se pela experiência corporal; enquanto se envolveu com a Mangueira como forma de suprir a necessidade pela “livre expressão”, paralelamente, escrevia incessantemente textos 12 Bioescritas/Biopoéticas: pensamento em trânsito (vol. 2) teóricos-metodológicos-reflexivos que explicavam as próprias obras; enquanto as executava a partir de materiais diversos, tais como caixas de plástico, areia, vidro, conjuntamente, pro- jetava a publicação de um livro. Enfim, enquanto trabalhava em seu apartamento-ateliê junto de outros artistas, planejava a exposição de seu trabalho fora do espaço museológico, de modo que a construção e atribuição de sentidos para suas obras se dessem no âmbito coletivo. Uma das principais preocupações e desejos de Oiticica era justamente essa proposição ao público de uma obra aberta à participação, longe de pensar um espectador-modelo na projeção de seu trabalho. HO defendia o pensamento de que todo indivíduo também era um “criador latente”, ou seja, um artista inato e não assumido, cuja importância não poderia ser desconsiderada no fazer artístico e na atribuição de sentidos das propostas que fazia. Desse modo, são partes de um mesmo “fluxo