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TERÇA FEIRA, 18 DE FEVEREIRO DE 1997 Página 12
A elite que detém o poder
por Pepe Escobar , , , › não havia a menor dúvida de que de Roma Renato Ruggiero, diretor geral da OMC, diz que o problema mais grave da Italia G,,,,,,,Ag,,,,1,,,,.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, é a miopia, a incapacidade de programar o futuro. Praticamente não se ouve ¢@f°S°d Itá s~ESf . P°“ °SP°°.“ rans Fukuyama, à parte ter de lação se Cesare Romrti sem o cans Fcremdo _o m da História com falar de pesquisa, de projetos para modernizar o país nzzazAarzri ¢0nszgtraSuzaaa0 alguns séculos de antecipação, “avvocaro”_com a mesma panache. Pa não é uma cabeça oca. Em “Trust”, ra Romiti é cumprir todos os seu ensaio sobre as virtudes sociais e sacrossantos “parâmetros” de Maas a criação da prosperidade, Fukuya tricht, mas encontrando ao mesmo ma configura se como o primeiro tempo soluções para o desemprego. analista ocidental a reconhecer um Romiti é considerado pelo esta “confucionismo italiano": ele com blishment italiano como o único ver para o funcionamento de pequenas dadeiro herdeiro do sistema Medio empresas familiares italianas crian banca. A Mediobarica sediada em do economias de escala sem criar Milão, quase ao lado do Scala é grandes corporações a conirapartes controlada por um condottiere ao ve em Taiwan e Hong Kong. Estes con lho estilo, o formidável Enrico Cuc fucionistas italianos hoje constituem cia. Em sua órbita giram não só a a maior parte das cerca de 10 mil Banca de Roma como gigantes in pessoas que detêm real poder na Itá dustriais Fiat, Pirelli, Mentedison, lia, de acordo com pesquisa do Insti Assicurazioni Generali. tuto Eurispes, de Roma. Esta elite do Cuccia está perdendo poder. Não poder é basicamente masculina (há está sabendo enfrentar a concorrên apenas 800 mulheres), tem mais de cia de bancos de negócios estrangei 50 anos de idade, atua em 47% da ros. E dois de seus inimigos históri economia, nasceu no centro norte do cos Prodi e Ciampi hoje condu país e não tem herdeiros. zem o govemo. Cuccia, no entanto O “cavaliere” Silvio Berlusconi como Agnelli permanece o próprio mesmo acusado de corrupção ain retrato do establishment. Como resu da é um personagem crucial. Como me o ex conditriere da Olivetti e ho 199? 02 18 GM A elite que cietem o pocier_page0002
E llli l\Jl l.l\|Il \\f \lGl\J §'\fI§'I|l \l€' l›\J' .I.l..I..l.l ...... _... .,.,...... g.¿,...... ' ssoas que detêm real poder na Itá dusuiais Fiat, Pirelli, Mentedison, 'a, de acordo com pesquisa do [risti Assicurazioni Generali. to Eurispes, de Roma. Esta elite do Cuccia está perdendo poder. Não er é basicarnente masculina (há está sabendo enfrentar a concorrên ;apenas 800 mulheres), tem mais de cia de bancos de negócios estrangei 150 anos de idade, atua em 47% da ros. E dois de seus inimigos históri Teconomia, nasceu no centro norte do cos Prodi e Ciampi hoje condu Çpaís e não tem herdeiros. zem o govemo. Cuccia, no entanto l O “cavaliere” Silvio Berlusconi como Agnelli pemranece o próprio šmesmo acusado de corrupção ain retrato do establishment. Como resu ¡da é um personagem crucial. Como me o ex condittiere da Olivetti e ho presidente de Forza Italia, descobre je semi falido Carlo de Benedetti: ;como é muito mais fácil ser oposi “D'Alema tem mais poder do que lção. Diz estar reformulando seu Cticcia, mas Cuccia sempre será par partido em bases “americanas". An te do sistema, e D"Alema não”. da citando Maquiavel ao se autode O futuro pós Cuccia está personi nominar “introdutor de uma nova cado em Marco Tronchetti Provera, ordem”. E continua fazendo ques ex genro do grande Leopoldo Pirelli tão de posar como anti establis e hoje administrador delegado do hment. Quando ainda era primeiro grupo. Tronchetti é tão crucial que já rninistro, Berlusconi fez um discur se transformou em interlocutor privi so na Con ndustria a própria Me legiado entre govemo e sindicatos. O ca do establishment afirmando poder das grandes famílias italianas que os industriais haviam adotado está em declínio. Crescem atores seu programa de govemo. A reação mais independentes como Leonardo foi péssima: como aquele novo rico ni. A coisa é bem mais complexa. hoje é acusado de ir devagar de penho solene” (sic) de classi car a O ministro dos Bens Culturais, del Vecchio, o dono da Luxottica ve poderia supor que a aristocracia ian Os dois são aliados cruciais na co mais nas privatizações e na refer Itália no primeiro time da moeda Walter Veltroni hoje o homem neta, o 'Rei dos Óculos”. A família dustrial do país copiasse qualquer rnissão Bicarnerale que deve rede ma do Estado. O homem chaveda única. Mas para isso é preciso uma mais poderoso da indústria do espe Benetton, em uma classe à parte, ain uma de suas idéias? senhar as instituições italianas nos economia Carlo Azeglio Ciampi, série de cortes da despesa pública táculo , o presidente da Câmara, da é considerada um modelo. Uma O PDS (Partido Democrático de próxirnos meses. D°Alema e Berlus ex govemador da Banca d'Italia o que é praticamente impossível ten Luciano Vrolante, e o ministro do ln série de famílias como Barilla, Ferre Esquerda), moderado com cerca de coni são típicos representantes de é um técnico competentíssimo. do em vista os vetos de Bertinotti. terior, Giorgio Napolitano, são três ro e Riva mantêm um per l discreto: dois terços dos eleitores do ex PCI um “novo”_poder italiano: são soli Ciarnpi não se cansa de avisar que, Também não ajuda o fato de que figuras de peso. O quadrilátero de seus lucros ainda são inversamente é hegemôrrico na atual coalizão de tários, tem pouquíssimos conselhei sem reforma do Estado, a Itália viii oprincipal colaborador de Prodi é o ferro da burocracia estatal é de ni proporcionais ao seu peso político. govemo. A coalizão L'Ulivo tem ros e modelaram seus partidos à pró à falência. Quanto ao presidente subsecretário Enrico Micheli, prove do por quatro personagens chave: o A Con ndustria costuma ser de 284 deputados, divididos entre PDS, pria imagem. Sua aliança também Oscar Luigi Scalfaro, nomeou mi niente do sistema estatal, admirador procurador geral Andrea Monor nida pela maior parte dos executivos democratas cristãos de esquerda, ex fortalece Lamberto Dini, já estrela nistros, encontrou algumas solu de Bertiriotti e freio poderoso às pri chio; 0 diretor geral do Tesouro, Ma italianos como um verdadeiro mi socialistas e a Renovação Italiana do xa da Banca d'Italia, discípulo de ções políticas e acelerou a votação vatizações. Ciarnpi avançou a hipóte rio Draghi; o chefe de gabinete do nistério. Seu poder também está em atual ministro das Relações Exterio Maquiavel, ex diretor do FMI e de algumas leis. Mas mantém um se de se antecipar parajunho a vota ministério das Relações Exteriores, relativo declínio. Ao mesmo tempo res, Lamberto ,Dini. Seus aliados da grande entusiasta da Europa unida. perfil discreto. ção da “Finanziaria” a nova refor Umberto Vattani; e o secretário geral em que as grandes empresas estão Refundação Comunista têm 35 de A vida anda ingrata para o pri Fausto.B_ertiriotti, líder da iéfun ma scal. 'B_'e`rlusconi ofereceu .,;ElQ Ralácio C lrigi (a sede do gover em di culdades, as pequenas e mé putados. A oposição do Polo reúne a meiro ministro Romano Prodi, ca dação Comunista cerca de ter vojrrsjçem do “interesse nacio Pajno. ¿ dias ainda não terão peso político. Forza Italia de Silvio Berlusconi e a rinhosamente conhecido na cam ço dos eleitores do ex PCI féo el nal”. Mas_p`‹§t_1iu duas I o fundador do “RQu'l_! Italianos finalmente estão perceben
.\. Aliança Nacional de Gianfranco Fi panha eleitoral de l996 como “tor da balança. Como conÍ 1fmar'a,r'n di ' _ _, J e' ,\Í ~ Eugenio do que se a política e grandes farní ni, com 246 deputados. A Liga do tellino”.‹Prodi é ex Democracia versos executivos a este a coa duas premerzitesreforrnas v Hjornalismo, 'azia lias ainda têm voz na economia, ho Norte do colorido separatista Um Cristã, Tem um currículo respeita lizão não pode fazer absoltltüšmente do sistem__a_de pensõese siste '~ ' é um dos je o jogo é inteiramente controlado berto Bossi tem 59 deputados. bilíssimo: estudou na London nada semoaval de Bertinottií '_ .o úni ma de saútb. Bertinotti ` .neles 'f1¿m_í de opinião, ao lado de`¬En pelos mercados financeiros. Massimo D'Alema é o líder do School of Economics, vendeu a co secretário de um partido`:do Oci não setoca,ouo govemoqai. jz¶Í¡Biagi__, Giorgio Bocca, Alberto Renato Ruggiero, o Sr. Comercio PDS, já no passado vítima de seus Alfa Romeo à Fiat e privatizou a dente que foi a Cuba prestarreverên O presidente da Aliança Naziona Rfírnchefe o formidável octogenáiio Mundial, diretor geral da OMC, o bigodes “stalinistas”. Seria esque Mediobanca o grande banco de cia a Fidel, e ao México homenagear le, Gianfranco Fini, foi vencido nas “Itídro Montanelli hoje muito mais italiano de cargo mais irnportante no Eático dizer que o poder político es negócios italiano. Assumiu alertan o subcomandante Marcos; O gover reformas institucionais: preferia uma in uente como cronista do “Corriere sistema global, alerta para o problema 1 nas mãos de D'Alema e Berlusco do para “l8 meses de rigor”. Mas no Prodi sempre rea rrna seu “em Assembléia Constituinte. Agora diz della Sera” do que em seus tempos de mais grave: a miopia nacional, a irrea pacidadedeprogramarofuturo. A Itá E1 se inspirado por um thatcherismo diretor dejomal. “social “. Ao contrário de D'Alema . No debate de idéias, ainda predo lia vive o paradoxo de uma economia e Berlusconi, não quer se con gurar minam Umberto Eco, Guido Cero altamente globalizada mas com urna como um ousider político. Esta éjus E tli e Pietro.Citati. A concorranc”ia'é sociedade civil e urna classe dirigente tamente a autodeñnição de Umber _ tnlentre o “Corriere” o incapazes de urna visão. Praticamente to Bossi, o presidentevirtual de 'Á _ bblica” romano. Hoje.Qzdi'retor não se ouve falar de escola, de pesqui
viii ulmøxx lI.¡.lllL1 nl.Ll¡l \¡ L. 5.: 1Il¡.:l\.ø¡_L lll¡..l.l\.r\.: n.l¡.f ll¡nll.1l_l¡I¡Ll.I.¡l.L¡.¡ 111.1 ¡.¿\_: uma Padania com 25 9 rr lhões de “Repubblica” é Ezio Mauro. que sa. de proietos para modemizar o país. 199? 02 18 GM A elite que cietem o pocier_page0003
se inspirado por um thatcherismo direto'_ r de jomal'5 . pacidade de programar o futuro. A Itá “social “. Ao contrário de D'A1ema :No debate de idéias, ainda lia vive o paradoxo de uma economia e Berlusconi, não quer se con gurar ráinam Umberto Eco, Guido Cero altamente globalizada mas com uma como um ousider político. Esta éjus rrjrui e Pietro.Citati. A concorrênciíé sociedade civil e uma classe dirigente tamente a autode niçãofz de Umber _ çnl_entre_0_ “Corriere” o incapazes de uma visão. Praticamente to Bossi, o presidente virtual de *~ j bblica' ,Í romano. Hoje`o_¿diretor não se ouve falar de escola., de pesqui uma Padania com 25,9 milhões de “Repubblica” é Ezio M tlw que sa, de projetos para modernizar o país. habitantes do norte da Itália; era dr'reto_r.de'*fLa Stampa”, de;T:i.1 Para milhões, a Itália é uma selva de renda per capita acima US$' 21 1_íiih:;..0. jd1“nalz.da família Agnelli. A “lavoro nero” e falsos desocupados nril. Seu separatismo karnikaze não rííldia Íefêtrõnica é dominada por (mais de 20%), imigração clandesti passa de uma estratégia para ocupar Iseppi, diretor geral da RAI, na e evasão de impostos. espaço político. Está relativamente e Fedefe Confalonieri, presidente da Luciano Gallinao, sociólogo de mudo desde o rumoroso fracasso po Mediaset, lo complexo de comuni Turim, identi ca urna “sociedade das Iítico e mediático da independência eações de Berlusconi, com três redes expectativas em baixa” onde 50% da padaria, proclamada em Veneza em TV. O nível técnico dos telejor população são a uentes e os outros setembro de 1996. Com o aumento *fnais da RAI continua entrando nos 50%, marginais. A Itália não pode se do desemprego e a manutenção do descorrhecendo o telepromp permitir este abismo. Porque não “custo Itália”, logo_volta a disparar íer ecorncortes abruptos e edição pode arriscar a se converter mesmo a metralhadora retórica. Para Bossi, *rtúazrâia _ com suas glórias culturais em urna em Roma todo mundo é ladrão . ` Até se retirar do comandoda Fiat, marginal do futuro globalizado. I `.1