Ditadura Militar, Transamazônica E a Construção Do “Brasil Grande”

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Ditadura Militar, Transamazônica E a Construção Do “Brasil Grande” Universidade de Brasília Instituto de Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-Graduação em História Enunciados sobre o futuro: ditadura militar, Transamazônica e a construção do “Brasil grande” Fernando Dominience Menezes Brasília 2007 Fernando Dominience Menezes Enunciados sobre o futuro: ditadura militar, Transamazônica e a construção do “Brasil grande” Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade de Brasília, como requisito à obtenção do título de Mestre em História. Área de concentração: História Social. Orientador: Prof. Dr. Celso Silva Fonseca Brasília 2007 II Fernando Dominience Menezes Enunciados sobre o futuro: ditadura militar, Transamazônica e a construção do “Brasil grande” Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, como requisito à obtenção do título de Mestre em História, aprovada em 25 de maio de 2007, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores: __________________________________________ Prof. Dr. Celso Silva Fonseca - UnB Presidente da Banca __________________________________________ Prof. Dr. Élio Cantalício Serpa - UFG __________________________________________ Prof. Dr. Estevão Chaves de Rezende Martins - UnB __________________________________________ Prof. Dra. Vanessa Maria Brasil - UnB Suplente III À minha mãe Oliete. Ao meu pai Carlito. E ao Mofí. IV Agradecimentos Embora por vezes tenha se feito sentir como o mais solitário dos empreendimentos, a globalidade humana envolvida na realização desse trabalho foi grande. De alguma maneira, para esta dissertação convergiram inúmeras subjetividades, traduzidas em vivências, solidariedades e sotaques que tive o privilégio de compartilhar em quase dois anos que morei em Brasília. Os que aqui reverencio contribuíram diretamente à realização dessa dissertação, uns mais, outros menos. Todo caso, todos de alguma maneira participaram. Assim, que me perdoem os parceiros do acaso, por mim não esquecidos, mas os nomes que aqui seguem eu não poderia negligenciar. Agradeço: Ao meu pai, cuja devoção aos filhos fomenta uma base sólida que nos ampara para trilharmos caminhos com resolução e honestidade. O muito que escrevesse seria pouco para agradecê-lo por tamanha dedicação e altruísmo. Com amor. Ao professor Celso Silva Fonseca pelo acolhimento da proposta que resultou neste trabalho, pelo apoio e confiança sem os quais eu provavelmente não estaria defendendo esta dissertação neste momento. Ao professor Estevão Rezende Martins pela honra de ter sido seu aluno e podido participar de tão estimulantes discussões sobre teoria da história na disciplina que ministrou. Pela cordialidade, digna de um grande anfitrião, com que nos recebeu por estas paragens nem sempre afeitas à hospitalidade, e aqui falo, também, em nome dos emissários do Recife. Agradeço ainda pela valiosa contribuição no exame de qualificação e pela disposição de participar desta defesa. Ao professor Élio Serpa, amigo de alguns anos, cuja convivência me foi sempre muito estimulante. Em parte responsável pela minha escolha por este tema, é gratificante tê-lo presente neste rito de enceramento de um ciclo. Agradeço pela profícua contribuição na qualificação, assim como pelas sugestões, críticas e incentivos feitos após a prévia leitura de cada um dos capítulos que constituem este trabalho. À professora Vanessa Maria Brasil, pela simpatia e cordialidade com que me recebeu. Exemplo de quão significativos podem ser os eventos mais singelos, tornou a UnB à mim uma realidade mais próxima. Ao professor Marlon Salomon, pelo apoio amigo e intelectual. Companheiro que me fez acreditar que vôos mais altos são possíveis. V À professora Armênia Maria de Souza, pela sensibilidade e companheirismo com que se fez presente em um momento particularmente importante. Aos funcionários do Programa de pós-graduação, Washington e Pedro, pela atenção no convívio cotidiano, sobretudo no primeiro ano do curso. À Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de estudos concedida. À política de assistência estudantil da Universidade de Brasília, pelo importante suporte oferecido aos alunos de outros Estados. À amiga Lorena Fonseca e ao seu Mário, cujo abrigo e amparo atencioso em Brasília foram essenciais durante o processo de seleção. Ao Luciano Dias, amigo dedicado, pela leitura atenta e pelas críticas honestas à primeira versão deste trabalho. Ao amigo Carlos Augusto pelo empenho na revisão final do texto. Aos amigos da república, meu primeiro reduto em Brasília, uma extensão do triângulo mineiro na 404 Norte. Uberlândia, Uberaba, Araxá e Monte Carmelo lá representadas por Cid, Tiago, Gustavo e Arthur. Apartamento insalubre, de peripécias ainda hoje não desvendadas e acontecimentos primorosos, desses que habita a memória com certo saudosismo e melancolia, palco de uma “solidariedade de exilados” estabelecida no cotidiano sempre descontraído e amigo daqueles dias. Ao amigo Jeansley, brasiliense atípico, companheiro sempre preocupado, anfitrião sempre disposto. Aos confederados do Recife, Caetano e Glauber, amigos cujas peripécias cotidianas, demonstrações de companheirismo e controvérsias profundas mereceriam um texto em separado. À Carol, cuja “solidariedade de exilados” resultou em um encontro de afeições, revelando uma grande amizade que os corredores da FCHF não possibilitaram. Aos amigos do mestrado Paula, Sandro, Batista e Dario, esse sempre solícito em viabilizar o acesso aos materiais que precisei na biblioteca do Senado. Aos amigos do Bloco K da Colina e agregados. André, Arquimedes, Célia, Davi, Eduardo, Eneida, Eurípedes, Frederico, Gilberto, Lauren, Marcelo, Raimunda, Rodrigo, Sheila, Tarcisio, pela oportunidade de aprender um pouco mais sobre a diversidade deste país. Agradeço em especial ao Adnilton, sergipano de Lagarto, uma espécie de amigo meio irmãos que a gente leva pra vida toda. VI Gostaria de lembrar ainda Janaína Fernandes, meu padrinho Bené e minha tia Jacira; os amigos Aline Miklos, Léo, Mara, Anna Maria, Burjack, Élby e Núbia, Lívia Batista, Bibi e Adriana, João Marcelo, Patrícia e Cíntia, Tamiel, Adriana Araújo; os professores Carlos Oiti e Luiz Sérgio Duarte. Por fim, à Júlia, por todo carinho e dedicação com que me acalentou nos momentos finais de realização desta dissertação. Uma grata surpresa, um valioso presente. VII Um menino caminha E caminhando chega num muro E ali logo em frente A esperar pela gente o futuro está E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo nem piedade Nem tem hora de chegar Sem pedir licença Muda nossa vida E depois convida A rir ou chorar Aquarela Toquinho / Vinícius de Moraes / G. Morra / M. Fabrizio "Quanta coisa não vou deixando para trás, à direita e à esquerda, apenas para concretizar uma única idéia, que já se fez quase velha demais em minha alma!" Goethe VIII Resumo O presente trabalho tem como foco a construção da rodovia Transamazônica, realizada durante o regime militar, no governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Entretanto, não se trata de uma crônica da construção da estrada, mas sim de uma problematização da repercussão da obra em duas das principais revistas de circulação nacional do período: O Cruzeiro e Manchete. São estes os anos do chamado “milagre brasileiro”, portanto, nessa conjuntura, associada à compreensão de um “destino manifesto” da nação, a estrada passou a figurar nas revistas (a exemplo dos discursos oficiais), como importante marco constitutivo de um “Brasil grande”, “Brasil potência”. Sua construção repercutiu ainda nos mais variados tipos de discursos como representando a “maior aventura vivida por um povo na face da Terra”, a “última grande aventura do século”. Estabelece-se o seguinte raciocínio: o desafio/aventura de construir a Transamazônica é o de construir o “Brasil potência”, de modo a adiantar assim o futuro para o qual a nação está predestinada. Este raciocínio traduz uma estratégia de legitimação do regime por se acreditar na capacidade de produzir mobilização social de afetos que a idéia do desafio/aventura portaria. Contudo, qualificá-la apenas como uma estratégia política seria descaracterizá-la. Por isso, entendemos mais adequado explorarmos essa constelação simbólica que envolve construção da Transamazônica, circunscrita pelo tema da aventura e do “Brasil grande”, na forma daquilo que definimos como “mito da grande aventura nacional”. Desta forma, no interior do debate sobre mídia e política, problematizamos a atuação das revistas durante o regime militar, perscrutando ainda a historicidade do “Brasil potência” no pensamento militar brasileiro. Palavras-chave: Transamazônica, regime militar, O Cruzeiro, Manchete. 1 Abstract This assay approach to construction of the Transamazônica highway, performed during the military regimen in the government of Emílio Garrastazu Médici (1969 – 1974). However, it is not a chronicle of Trasamazônica construction events, but a discussion about the repercussion of the highway’s building in two important national magazines of the cited period, O Cruzeiro and Manchete. Those years were known Brazilian miracle. Therefore, in this conjuncture, the road was shown as an important constituent happening in the “Brasil grande”, “Brasil potência”. Its construction still resounded in the several types of speeches representing the “bigger adventure lived for a people in the face of the Land”, the “last great adventure of the century”. The challenge to constructing the Transamazônica is the constructing of “Brasil potência”, so
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