ESPECIAL JACKSONJACKSON DO DO PANDEIRO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, A UNIÃO “Paraíba democrática, terra amada” 30 DE AGOSTO DE 2009

Há 90 anos nascia...

O Rei do Ritmo ESPECIAL A UNIÃO 2 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada” UmaUma cidade cidade orgulhosaorgulhosa dede seu seu filho filho

o mês que Jackson completaria nove décadas de vida, Alagoa NGrande homenageia seu filho ilus- tre com uma grande festa. Desde o último dia 17, artistas consagrados como Geni- val Lacerda e integrantes do grupo Clã Brasil vêm fazendo shows na cidade numa reverência ao eterno “Rei do Rit- mo”. A programação se encerra no dia 31 Alagoa Grande, no Brejo paraibano, tornou-se famosa por ser o berço do cantor e compositor Jackson do Pandeiro e ainda inclui apresentação de oficinas culturais e de peças teatrais. As ativida- des são promovidas pela prefeitura local das entre o povo nordestino. mente a Jackson do Pandeiro. no da música”, destaca. em parceria com o Governo do Estado. E A discografia de Jackson tem mais de 417 O amplo salão do Memorial do Jackson Caminhando pelos corredores do mu- prometem agradar ouvidos e gostos de músicas gravadas. Desde sua primeira gra- do Pandeiro é cercado por inúmeros ob- seu é possível escutar 35 dos 137 discos em todos os tipos. vação, “Forró em Limoeiro”, em 1953, até o jetos pessoais e profissionais do músico. vinil e compactos que foram gravados por Localizada no Brejo da Paraíba, assim último álbum, “Isso é que é Forró!”, de 1981, No lugar é possível encontrar itens con- Jackson. Apesar de o acervo não está com- como o resto do Estado, Alagoa Grande foram 29 anos de carreira artística, pas- siderados verdadeiras relíquias pelos fãs. pleto, “Bibiu” afirma que o local dispõe de testemunhou a escravidão dos negros. sando por inúmeras gravadoras. Lá, estão expostas roupas, documentos, todas as músicas gravadas por Jackson. “Ele Até hoje o tempo conserva casarões que Quem pisa em Alagoa Grande percebe letras de música e os pandeiros que acom- gravou 417 composições inéditas, sem re- simbolizavam a grandeza econômica no ato que a cidade não faz menor questão panharam os bons e os maus momentos petir nenhuma. É um numero espantoso. nessa época. de esconder o orgulho que sente de seu fi- da trajetória do músico. Até os restos Temos essas músicas em CDs, DVD’s e em Negro, pobre e analfabeto, Jackson do lho tão ilustre. Logo na entrada do muni- mortais, trazidos do Rio do Janeiro, são cópias das apresentações em programas Pandeiro conseguiu mudar a trajetória do cípio, os visitantes são saudados por um guardados no local. de TV e de rádio”, acrescenta. seu destino através da música e da dança. enorme pandeiro com um recado lem- De acordo com o secretário de Cultura Guardadas com zelo, nas estantes do Cantor e compositor, ele inovou a forma de brando que o visitante está pisando na ter- de Alagoa Grande, Severino Antonio Sil- museu, estão os pandeiros e demais ins- fazer forró, samba e os diversos subgêne- ra de Jackson do Pandeiro. va, “o Bibiu”, o museu recebe a visita diá- trumentos que formaram a carreira artís- ros, como baião, xote, xaxado, coco, rojão, Se alguém decidir descansar à sombra ria de quase cem pessoas. São cerca de sete tica do paraibano. Ainda há fotos, capas de arrasta-pé, quadrilha, marcha e frevo. Aca- de uma árvore, na praça, por exemplo, mil visitantes todos os meses. “O museu revistas, recortes de jornais e uma coletâ- bou sendo considerado, sem nenhum exa- também terá a companhia de outra está- já se tornou um dos atrativos turísticos nea sem fim de filmes, de trechos de pro- gero, como o maior ritmista da história da tua do Rei do Ritmo. E se o turista resolver do brejo paraibano. Recebemos pessoas gramas de televisão e de rádio. No museu, Música Popular Brasileira. Ao lado de Luiz conhecer melhor a carreira desse cantor de todas as regiões do Estado, que chegam é fácil perceber que os colecionados guar- Gonzaga, foi um dos principais responsá- tão famoso por ali, poderá dar uma pas- aqui em caravanas para conhecer a vida dam com muito carinho um pedaço de cada veis pela nacionalização de canções nasci- sadinha ao museu dedicado exclusiva- do homem que é considerado um fenôme- fase vivida pelo filho de Alagoa Grande. Um ritmista sem páreo A UNIÃO

SUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA As luzes acendem. Um homem franzino de chapéu e Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado segurando um pandeiro surge diante do delírio do pú- blico. Com batidas no instrumento e uma voz afinada, BR-101 - Km 3 - CEP 58.082-010 - Distrito Industrial - João Pessoa - Paraíba . PABX: (0xx83) 3218-6500 - FAX: 3218-6510 - Redação: ele mostra por que é considerado o maior ritmista de 3218-6511/3218-6512 todos os tempos. Seu nome é Jackson do Pandeiro, ho- www.paraiba.pb.gov.br mem simples, nascido no interior da Paraíba, que con- Superintendente quista os palcos do Brasil, mostrando uma música tão NELSON COELHO DA SILVA contagiante quanto mágica. Diretor de Operações MILTON FERREIRA DA NÓBREGA Natural de Alagoa Grande, localizada a 111 quilô-

Diretor Técnico metros de João Pessoa, o menino negro, pobre e analfa- WELLINGTON H. VASCONCELOS DE AGUIAR beto estava condenado a um futuro sem cor e sem bri- Diretor Administrativo lho. Mas reescreveu o próprio destino usando a sinto- CRISTIANO XAVIER DE LIRA MACHADO nia certa das letras e notas musicais. Apesar de nunca Editor Geral JOÃO EVANGELISTA ter frequentado escola, ele se tornou mestre na arte de

Editor de Cadernos Especiais dançar e cantar ritmos nordestinos como xaxado, for- WILLIAM COSTA ró, samba, baião e xote. Virou um baluarte da música Reportagem nordestina e até referência para uma geração inteira NATHIELLE FERREIRA de artistas. Editoração Eletrônica ULISSES DEMÉTRIO Nascido em 31 de agosto de 1919, Jackson é motivo de orgulho para a Paraíba inteira. Foi um artista que se

CONSELHO EDITORIAL dedicou à música até a hora da morte. Os palcos que Lena Guimarães, Genésio de Sousa, Nelson Coelho, Wellington testemunham seus dias de glória foram os mesmos que Aguiar, Cristiano Machado, Milton Nóbrega, João Evangelista, o viram se despedir da vida, quando enfartado, saiu de Linaldo Guedes, João Pinto (API), Land Seixas (Sind. Jornalistas), Juares Farias (APL), Luiz Hugo Guimarães um show para morrer num hospital. (IHGP), Rômulo Polari (UFPB) e Thompsom Mariz (UFCG) Se vivo fosse, Jackson faria agora 90 anos de idade. Seus principais trabalhos, sua vida e seu talento serão destaques nesta homenagem que o jornal A União pres- ta a esse artista que escreveu o nome da Paraíba na história da música popular brasileira. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 3

O início de tudo VVVencendoencendoencendo obstáculos obstáculos obstáculos

uem conhece a trajetória de su- cesso de Jackson do Pandeiro nem Da padaria ao Q imagina as dificuldades que ele famoso cassino teve que enfrentar para conquistar a fama e a admiração do país inteiro. Os escrito- El Dorado res e jornalistas Fernando Moura e Anto- nio Vicente resolveram pesquisar esse pas- Apesar de fazer tímidos trabalhos sado e narrar detalhes dessa história no li- como músico, a fonte de renda de Jack vro: “Jackson do Pandeiro, o Rei do Rit- continua sendo mesmo a padaria. Mas mo”. Ao longo das mais de 200 páginas, uma novidade estava prestes a mudar os autores escrevem uma biografia do aquela realidade. Do balcão onde ven- músico e contam como um menino po- dia pães, Jackson vê a construção o Cas- bre, analfabeto e nascido no interior da sino Eldorado, o mais famoso cabaré do Paraíba se tornou estrela na rádio, na tele- Brasil, da década de 30. A sofisticação visão, do cinema e até referência para uma do estabelecimento é de encantar os geração inteira de artistas. olhos. Além do luxo dos apartamentos, O primeiro parágrafo dessa história o local oferece músicas e dançarinas ao começa no dia 31 de agosto de 1919. Em vivo. A direção contrata uma série de meio à simplicidade do campo, no pacato artistas. Entre eles, Jack. Engenho Tanques,em Alagoa Grande, nas- Tocando no Eldorado, o rapaz, en- cia um menino franzino e saudável. Era o tão com 25 anos, conhece de perto rit- primeiro filho da cantadora de coco, Flora mos como jazz, blues, tango e samba. Maria da Conceição, a Flora Mourão, com Também é apresentado a artistas e pia- o oleiro José Gomes. A criança recebia o nistas. E se torna conhecido como o nome do pai e era batizada pelo nome de músico Jackson do Pandeiro. José Gomes Filho. A temporada no Eldorado dura Vivendo uma vida de sacrifícios, sus- muito tempo. Mas em 1944, Jackson tentando a casa com o dinheiro ganho atra- deixa a família em e vés da fabricação de tijolos, o patriarca da resolve partir para João Pessoa. Trazen- família tem uma morte prematura e não do na bagagem o sonho de achar me- assiste ao crescimento dos três filhos. A lhores oportunidades, ele chega à Capi- mãe fica sozinha com a missão de criar as O menino pobre de Alagoa Grande era franzino, mas tinha obstinação para mudar o destino tal de noite. Procura um amigo e passa crianças. Mas, sem emprego certo, ela é a morar na casa dele de favor. Para ali- vencida pelas dificuldades. Todos passam viar as dificuldades, Jackson aceita can- por sérias restrições. Antonio Vicente e tar e tocar em cabarés que já estavam Fernando Moura narram que Jackson e sua # to gostava de tocar o pandeiro e de assistir instalados naquela época no Centro. Tra- irmã, Severina, chegam ao ponto de re- filme de bangue-bangue. Imitava algumas balhando em casas noturnas, ele acu- mexer no lixo em busca de alimento. Em casa, Jackson dedilhava os cenas nas brincadeiras que fazia com mo- mula experiência e lapida um talento Jackson vive num ambiente modes- leques da vizinhança. Decide, então, ado- que estava apenas sendo revelado. to. Casa simples, sem muito conforto. Não instrumentos que encontrava tar o apelido de Jack, famoso ator do cine- Com a criação da Rádio Tabajarapelo frequenta escolas e nem é alfabetizado. Mas ma, na época. governador Argemiro de Figueiredo, a encontra em casa a professora que precisa- entre as coisas da mãe. Não suportando mais passar por tanta sorte do artista já começa a melhorar. va para se aprofundar naquilo que mais necessidade, Flora decide viver perto de Convidado para trabalhar na empresa, ele gostava de fazer: cantar. Sonhava em ganhar uma parentes em Campina Grande. Jack tinha conquista audiência e simpatia dos ou- Apesar de não ter estudo, Flora foi só 13 anos quando caiu na estrada. Mãe e vintes com seu gingado ritmado. Com quem mais inspirou a carreira do jovem sanfona, em fazer show, filhos caminham quatro dias a pé. Pisando emprego e salário certo no final do mês, pandeirista. Apaixonada pela música, ela na Rainha da Borborema, Jackson vai tra- Jackson resolve trazer a mãe e os irmãos tocava e dançava coco, um ritmo tipica- mas tudo que recebeu foi um balhar numa padaria e passa a assumir as para viverem com ele em João Pessoa. mente nordestino. A moça fazia pequenos despesas da casa. O tempo passa e ele se Perto da família, tudo parecia uma shows pelas redondezas de onde morava e velho pandeiro comprado envolve ainda mais com a música. Faz história com final feliz. Mas o destino pagava as despesas domésticas com o di- amigos entre artistas e casa e separa pela estava prestes a preparar mais uma sur- nheiro que faturava nessas apresentações. a duras penas por Flora primeira vez. É nessa época que o rapaz presa para Jackson. Porém, desta vez, Costumava ensaiar as coreografias em tem contato com um grupo musical e vê não seria satisfatória. Cinco anos após casa mesmo, ao lado dos outros artistas de seu apelido de infância, Jack, se transfor- chegar a João Pessoa e sofrendo de dia- seu grupo. Inconscientemente, ia criando mar em nome artístico. betes, Flora tem complicações e fica o filho dentro do compasso da música e Jack começa a fazer pequenos shows, acamada. A doença evolui e a mãe do dando a ele, talvez, a única oportunidade mãe. Sonhava em ganhar uma sanfona, em mesmo sendo menor de idade. Passa a to- Jackson do Pandeiro falece, em agosto de ter um futuro melhor. O menino via e fazer show, mas tudo que recebeu foi um car numa banda. Percebendo o talento do de 1946. Órfão, Jackson assume o pa- acompanhava tudo de perto. Acabou de- velho pandeiro comprado a duras penas por garoto para a música, os outros artistas pel de pai e mãe dos irmãos e prossegue corando as letras e os passos. Não demo- Flora. Graças a essa curiosidade latente, é fazem uma pequena economia e o presen- a carreira sem os olhares atentos de Flo- rou muito e já estava fascinado pelos en- que aos 12 anos, ele já sabia tocar zabumba, teia com um pandeiro. É com esse instru- ra. Mesmo em luto, junta as forças que cantos da música. reco-reco e ganzá. E até fazia shows ao lado mento que ele realiza seus primeiros shows restam para levantar voos ainda mais Em casa, Jackson dedilhava os instru- da mãe e dos amigos artistas dela. e dá os passos em direção a um caminho altos. Em 1948, deixa os irmãos em mentos que encontrava entre as coisas da Apaixonado por instrumentos, o garo- de glória. João Pessoa e segue para Pernambuco. ESPECIAL A UNIÃO 4 JOÃO PESSOA,DOMINGO, 30 DEAGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada”

ALMIRACASTILHO OOO coração coração coração fala fala fala mais mais mais alto alto alto

a terra do frevo, é contratado formais pelos corredores da empresa. pela Rádio Jornal do Commér- Mas essa relação estava com os dias N cio. No ritmo do samba, Jack- contados para terminar. A rádio re- son cativa audiência dos pernambu- solve produzir um evento pré-carna- canos. Vira notícia. É convidado para valesco. O evento atrai vários empre- cantar em programas de televisão, em sários americanos para , ansio- shows em praças públicas e fica acla- sos por fechar negócios com os dire- mado no Estado todo. Tocando muito tores pernambucanos. bem vários instrumentos, como bate- Almira e Jackson são escalados para ria, violino e pandeiro, ele é chamado trabalhar juntos. E surpreendem a to- até de “homem orquestra”. Foi assim, dos com uma música alegre e divertida. subindo e descendo dos palcos da vida, É “Sebastiana”, forró de autoria de Rosil que Jackson do Pandeiro constrói uma Cavalcanti, que chegava para selar o carreira digna dos artistas mais con- destino de Jackson do Pandeiro. A com- sagrados do Brasil. posição explode no carnaval e ganha Por essas épocas, aparecia em Reci- ainda mais brilho com a apresentação fe, uma moça alta, bonita, branca, ele- de Almira e Jackson, que pareciam se gante e bastante inteligente. Seu nome completar no palco. era Almira Castilho de Albuquerque. Enquanto ele toca e canta, ela inter- Natural de Olinda, ela era professora, preta a coreografia e mostra uma dança atriz e dançarina. Foi aprovada numa quase perfeita. Os dois viram a sensação seleção e começou a trabalhar na Rá- do momento. Passam a fazer shows pelo dio Jornal do Commércio. Lá, conhe- interior de Pernambuco e chegam ao Rio ceu Jackson. de Janeiro. Viram manchete de jornal. Os dois não tinham intimidade e se “Sebastiana” é tocada nas ruas, nos cor- Jackson do Pandeiro e Almira Castilho limitavam a trocar cumprimentos redores, nos carros. dividiram a casa e o palco, até 1967 O encontro com e a viagem ao , de navio O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, chega em # Recife e ouve falar de Jackson do Pandeiro. Também contratado para fazer shows Jackson do Pandeiro chega ao pela Rádio Jornal do Commércio, Gonza- gão é acostumado a farejar talentos. Quan- Rio de Janeiro em 19 de abril do conhece Almira e Jackson, Luiz não per- de tempo e já convida os dois para traba- lharem no Rio. Apesar de tentadora, a pro- de 1954. Fica vislumbrado com posta é rejeitada pela dupla. O sucesso de “Sebastiana” ultrapas- o que vê. Passa a ganhar cinco sa as fronteiras e chega ao Rio de Janei- ro. Conquista fãs cariocas. Donos de vezes mais que um cantor gravadoras procuraram saber quem é o cantor daquela melodia que envolvia popular iniciante tanta gente. Descobrem Jackson do Pan- deiro, em Recife. Na mesma época, nasce outro sucesso: “Forró do Limoeiro”, que também se tor- na a sensação das rádios. Surgem mais propostas de negócios. Algum tempo de- do ao Rio de Janeiro, o cantor não tinha pois, Jackson não tem mais como fugir de pisado na terra carioca. Por medo de avião, seu destino e fecha contrato com a grava- ele dava desculpas para adiar a viagem. dora Copacabana para gravar seu primei- Depois de muita insistência, o paraibano ro disco. Isso ocorre em 1953. decide ir à Cidade Maravilhosa. Segue vi- Foi o próprio pandeirista o responsável agem de navio. Almira vai de avião. pela seleção das músicas. O LP foi grava- Assim que pisa na terra carioca ( Jackson do, em condições precárias, na própria chega ao Rio em 19 de abril de 1954), fica Rádio Jornal do Commércio. Os sucessos vislumbrado com o que vê. Passa a ganhar “Sebastiana” e “Forró do Limoeiro” são cinco vezes mais que um cantor iniciante e responsáveis pela venda de 50 mil cópias estava prestes a ficar rico. Começa a dar em apenas algumas semanas. entrevista a jornais, rádios, programa de Almira passa a cuidar dos negócios da televisão. Ao lado de Almira, também se dupla. Ela alfabetiza Jackson, trata do guar- apresenta em todos os veículos de comuni- da-roupa e atende os contratantes. Os dois cação do Estado. Os lucros da dupla pas- começam a namorar. sam a superar todas as marcas e os shows Embora os sucessos de “O forró do li- se espalham por todo o país. Os dois fazem moeiro” e “Sebastiana” já tenham chega- sucesso até na Argentina. Luiz Gonzaga tinha intuição apurada e percebeu logo o talento de Jackson do Pandeiro A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 5

DECEPÇÃO AAA briga briga briga em em em P P Pererernambuconambuconambuco lmira e Jackson ainda mantinham contrato com a Rádio Jornal do A Commécio e são obrigados a vol- tar para Pernambuco para cumprir com suas atividades profissionais. Porém, a du- pla já era aclamada pelos fãs. "Sebastia- na" estava entre as músicas mais tocadas em todas as rádios do Nordeste. A dupla Jackson e Almira são faz shows pelo interior da região. Com espancados durante uma sorte nos negócios e sorte no amor, eles confusão em Recife. O fato também decidem se casar. teria motivado o casal a Apesar de conquistar uma legião de fãs partir definitivamente na terra do frevo, um incidente faria Al- para o Rio de Janeiro mira e Jackson abandonarem Recife. O caso ocorreu numa festa da alta socieda- de, onde o casal foi convidado para cantar. Durante o show, ocorreu uma confusão e os artistas foram espancados. Como o fato envolvia pessoas influentes na cidade, o caso é tratado com desprezo pela polícia e imprensa. Decepcionados, Almira e Jack- son rompem o contrato com a Rádio Jor- nal do Commércio e resolvem partir para o Rio de Janeiro. Na terra carioca, fecham negócio com a gravadora Copacabana e lançam o pri- meiro LP. Nessa época, Jackson é acusado pela primeira mulher, Maria da Penha, de ser bígamo e adúltero. Ela ingressa com ação na Justiça exigindo indenização pe- los danos morais. O caso vira manchete nos jornais. Mas logo a confusão é desfeita. Com a ajuda de amigos, Jackson consegue provar sua inocência no Tribunal. Com a carreira em ascensão, o paraiba- no é convidado para apresentar progra- mas de televisão. O menino que cresceu assistindo as aventuras de bangue-ban- gue na televisão também vira ator na tela do cinema e grava nove filmes. Ao lado de Almira, o paraibano segue a vida feliz. O casamento civil ocorre dez anos após a cerimônia religiosa. No en- tanto, a união dura pouco tempo. Três anos depois, Almira se separa de Jack- son após descobrir que ele a traía. Os dois se divorciam. Jackson conhece Neuza Flores. A baiana chega à vida do artista numa fase muito difícil. Vítima de um acidente de carro, o pandeirista passa mais de um ano pros- trado sobre uma cama. Sem poder traba- lhar, ele passa por dificuldades financei- ras e chega a depender de cestas básicas doadas pelos irmãos para sobreviver. É Neuza Flores quem estende a mão para o paraibano, como ela mesma lembra, hoje, quase 30 anos depois. "Naquela época, as músicas internacionais estavam chegan- do no Brasil. E os cantores brasileiros fica- ram escanteados. Muitos venderam os instrumentos que tinham para não pas- sar fome", afirma Neuza. A sorte de Jackson começa a mudar. Com a ajuda de cantores como Gal Cos- ta,Alceu Valença e , ele come- ça a se erguer. Neuza e o pandeirista vi- vem juntos por 15 anos. São separados apenas pela morte. ESPECIAL A UNIÃO 6 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada”

DISCOGRAFIA EmEmEm cada cada cada faixa, faixa, faixa, uma uma uma ini ini iniggg

"Eu só boto be-bop quando o Tio Sam t

Jackson do Pandeiro legou ao Br de discos, entre autorais e coletâ LPs são fontes de prazer, para os estudiosos da música brasileira. suingue, de jingado. Uma música ou ouvir baião, xote, coco, samb A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 7 gggualávelualávelualável aula aula aula de de de ritmo ritmo ritmo

p no meu samba tocar um tamborim..." rasil mais de 400 músicas, e dezenas âneas, levam a sua assinatura. Hoje, os s ouvintes, e de pesquisa para os Em cada faixa, uma aula de ritmo, de a perfeita para quem gosta de dançar a, xaxado, seus ritmos preferidos. ESPECIAL A UNIÃO 8 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada”

10 DE JULHO DE 1982 LutoLutoLuto na na na música música música brasileira brasileira brasileira

Em Brasília, Jackson do Pandeiro permaneceu em coma por quatro dias. Recobra os sentidos, mas falece no dia 10 de julho de 1982. A voz alegre do eterno menino de Alagoa Grande calava-se para sempre

legre, divertido, brincalhão. As da de shows e viaja para Brasília. No dia características joviais de Jack- # 3 de julho de 1982, o cantor estava tocan- A son do Pandeiro chegavam a do num clube recreativo na Capital Fe- confundir até mesmo a própria idade. Quarta-feira, 23 de junho de 1982. Jackson está no palco, deral. A voz começa a falhar, mas o pan- Mas a aparência sempre feliz do artista deirista canta até o fim. escondia um histórico de diabetes que fazendo um show, quando em certo momento passa mal. Sofre Ele ficará convencido da gravidade do acometia a família dele há muito tempo. problema, algumas horas depois, quan- De acordo com Neuza Flores, Jackson o primeiro enfarte. Ignora a gravidade e continua a apresentação do já estivesse no aeroporto, tentando não se preocupava com a saúde. "Era eu voltar para casa. Após falar com Neuza quem cuidava da alimentação dele, que por telefone, Jackson senta-se numa ca- olhava a dieta, a medicação. Sempre via- deira e fica imóvel por algum tempo. As java com ele para prestar atenção a essas pessoas em volta pensam que ele está coisas", afirma a viúva. sentação em Pernambuco. No auge dos apresentação. No dia seguinte, sente novo dormindo, mas só quando um compa- Era sempre a companheira quem cui- 63 anos, com alimentação desregrada e mal estar. Desta vez, não consegue con- nheiro da banda se aproxima é que per- dava da alimentação e dos remédios do sem tomar os medicamentos para con- cluir o espetáculo. É atendido por um cebe que, na verdade, ele está inconscien- cantor. Mas houve uma viagem que ela trolar os índices de açúcar no sangue, ele médico que constata o infarto. E orienta te. Era coma. não pode acompanhar o artista. Foi des- sofre um ataque de coração. que o cantor descanse e procure um tra- Socorrido às pressas para o hospital, o sa viagem que Jackson não retornou mais. Era quarta-feira, 23 de junho de 1982. tamento especializado. Esses primeiros pandeirista segue direto para a unidade Jackson é convidado para uma cum- Jackson estava no palco, fazendo um ataques ocorrem em Santa Cruz do Ca- de terapia intensiva. Permanece em coma prir uma agenda de sucessivos shows em show, quando em certo momento passa pibaribe (PE). por quatro dias. Recobra os sentidos, mas Brasília. Mas antes de partir para a Capi- mal. Sofre o primeiro enfarte. Ignorando Alguns dias depois, quase uma sema- falece no dia 10 de julho de 1982. Morre tal Federal, ele precisa fazer uma apre- a gravidade da situação, continua com a na, o paraibano continua com sua agen- aos 63 anos, após ter lançado 415 canções. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 9

Neuza Flores, viúva de Jackson do Pandeiro, contempla um desenho do maior amor de sua vida. Eles se conheceram em 1967, em São Paulo, e viveram juntos, casados, por 15 anos

SAUDADE UmUmUm luto luto luto de de de 27 27 27 anos anos anos sentada na sala de seu modesto # logo a situação é superada. Até que ocorre apartamento, localizado no a morte. O corpo foi enterrado no Rio de É bairro dos Bancários, em João “Nunca deixei de amá-lo e ainda guardo o luto. Não casei de novo Janeiro, mas os restos mortais foram tra- Pessoa, que a baiana Neuza Flores re- zidos para Alagoa Grande (PB) em 2008. lembra os 15 anos mais felizes de sua e nem encontrei outro homem que amasse tanto. Jackson era o Sem o marido, Neuza fica em depres- vida, tempo que viveu ao lado de Jack- são durante um ano. Consegue se recu- son do Pandeiro. homem que eu queria viver até o fim da minha vida." (Neuza) perar, vai morar com parentes e pros- Sorridente, a viúva lembra bem aque- segue com a vida. Hoje, ela conta, com le dia que conheceu o artista tão famoso. bastante bom humor, que o que sobrou "Ele iria se apresentar numa casa de da união foram apenas boas lembran- show, em São Paulo. Eu trabalhava e disse que estava se separando de Almi- o acidente que ocorreu oito meses de- ças. "Tudo que tinha dele, doei para o morava por perto e resolvi ir até lá. Che- ra e me convidou para jantar. Quando pois. Nós tínhamos uma vizinha com museu de Alagoa Grande. Fiz questão guei cedo, descobri que ele e Almira es- me levou para casa e conheceu meus câncer. O marido dela pediu para Jack- de compartilhar com as outras pessoas tavam num bar e me aproximei. Disse pais, pediu minha mão em casamento e son ir buscar um médico. Ele foi junto a alegria de conhecer Jackson. Ele era que era uma fã e fui bem tratada", conta. já mandou eu arrumar minhas malas com o marido e eu. Mas no caminho, uma pessoa divertida que gostava da A moça assistiu ao show e já estava para ir morar com ele", afirma. bateu o carro. Jackson saiu ferido e o vida", justifica. pronta para ir embora, quando um mú- Neuza tinha 24 anos. Jackson, 48 marido da vizinha morreu. Fui a única "Nunca deixei de amá-lo e ainda sico a barra na saída. E dá uma infor- anos. A diferença na idade não foi em- que saiu apenas com escoriações", ex- guardo o luto. Não casei de novo e nem mação intrigante: "Jackson quer falar pecilho para a união dar certo. Ao lado plica Neuza. encontrei outro homem que amasse com você". "Fiquei me perguntando o dela, o cantor teve forças para superar Devido aos ferimentos, o cantor fica tanto. Jackson era o homem que eu que ele homem tão importante queria os momentos mais difíceis da vida e da sem trabalhar durante um ano. O casal queria viver até o fim da minha vida", comigo. Não demorei para descobrir. Ele carreira. "A fase mais difícil foi durante passa por dificuldades financeiras. Mas declara Neuza. ESPECIAL A UNIÃO 10 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada”

AULA DE MÚSICA “Sebastiana”“Sebastiana”“Sebastiana” fez fez fez escola escola escola

ackson gravou o primeiro grande # sucesso em 1953. Na época, ele es- J tava com trinta e cinco anos. De A música de Rosil Cavalcanti composição de Rosil Cavalcanti, "Sebas- tiana" foi a música que se consagrou é considerada a marca como o mais importante trabalho de Ja- ckson feito até hoje. registrada de Jackson do Logo depois, surgiu outro grande hit: "Forró em Limoeiro", rojão composto Pandeiro. Até hoje faz sucesso por Edgar Ferreira. Jackcon estava numa rádio pernambucana quando conheceu Almira Castilho de Albuquerque, com quem se casou em 1956 vivendo com ela até 1967. Depois doze anos de convivên- cia, Jackson e Almira se separaram e ele casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem também se separou pou- mim, mas ele influenciou co antes de falecer. uma geração inteira de No Rio, já trabalhando na Rádio Na- músicos", afirma. cional, Jackson alcançou grande sucesso Fuba observa que o trabalho com "O Canto da Ema", "Chiclete com de Jackson abriu os caminhos para Banana", "Um a Um" e "Xote de Copaca- outros artistas passarem. "Esses bana". Os críticos ficavam abismados cantores que surgiram na década de com a facilidade de Jackson em cantar os 60, como Alceu, Elba, Morais Moreira, mais diversos gêneros musicais: baião, Fagner, Caetano, todos foram influen- coco, samba-coco, rojão, além de mar- ciados pelo ritmo de Jackson. Ele era chinhas de carnaval. um artista completo, considerado o O fato de ter tocado tanto tempo nos baluarte da música nordestina. E cabarés aprimorou sua capacidade ja- inspirou até as gerações mais no- zzística. Já com 63 anos, sofrendo de dia- vas, que surgiram após sua mor- betes, ao fazer um show em Santa Cruz te", analisa o músico. de Capibaribe, sentiu-se mal, mas não Admitindo ser um fã incon- quis deixar o palco. dicional de Jackson, Fuba re- Já estava enfartado, mas continuou vela que era chegou até a co- cantando. Fez mais dois shows nessas nhecer o ídolo pessoalmen- condições, apesar do companheiro Se- te e aproveitou a ocasião vero ter insistido com ele para cancelar para tomar algumas lições os compromissos: ele não permitiu. Indo com o mestre. "Comecei mi- depois cumprir outros compromissos nha carreira aos nove anos de em Brasília passou mal, tendo desmaia- idade. Costumava assistir os do no aeroporto e sendo transferido para shows de Jackson e uma vez o hospital. Dias depois, faleceu de embo- tive a oportunidade de conver- lia cerebral, em 10 de julho de 1982. sar com ele. Aprendi muito e guardo os ensinamentos até Artistas paraibanos hoje. Ele é um artista em forma O QUE OS OUTROS de fenômeno", afirma. reconhecem o imenso valor Xaxado, forró, baião. Não im- de Jackson do Pandeiro ARTISTAS FALAM porta qual fosse o estilo de música para a música brasileira nordestina. Jackson do Pandeiro do- SOBRE JACKSON minava todos. Por isso, ele se tornou tão aclamado pelos fãs. Badu, inte- "Dava gosto de ver. Jackson quebra- grante do grupo musical, "Clã Brasil" va o ritmo, brincava com a letra, toca- que o diga. Para ele, Jackson está entre va e cantava com propriedade. Era um os maiores artistas que o Brasil já viu. artista perfeito". A declaração acompa- "Quando ele cantava, a gente percebia nhada por uma entonação cercada por a vontade que ele dedicava à música. orgulho e satisfação vem do cantor Flá- Seus passos, seus toques, seu voz, seu vio Eduardo Araújo, mais conhecido talento. Tudo isso influenciou e influên- como "Fuba". cia os músicos. Jackson é uma espécie de Consagrado carnavalesco de João Pes- cartilha que todos os artistas têm a obri- soa, Fuba ficou conhecido pelo hino das gação de ler", ressalta. "Muriçocas de Miramar", o maior bloco O Clã Brasil irá fazer uma homena- de carnaval de João Pessoa. Mas o que gem a Jackson do Pandeiro no dia 31 de muita gente não sabe é que Fuba tam- agosto. Interpretando músicas do parai- bém gravou músicas em outros ritmos bano, os integrantes do grupo irão reali- nordestinos, como forró. "Minha inspi- zar um grande show na cidade de Ala- ração, minha influência, tudo veio de Ja- goa Grande, durante os festejos organi- ckson do Pandeiro. Não apenas para zados pela prefeitura local. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 11

PARA NÃO ESQUECER EsquentaisEsquentais vossos vossos pandeiros pandeiros

esta segunda-feira, 31 de # de sua concepção, passando pela agosto, data de aniversário preparação do ator, construção do Ndos 90 anos de nascimento Com projeto aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC), personagem, ética teatral, jogos de Jackson do Pandeiro, a Associa- dramáticos, improvisação, expres- ção Cultural e Recreativa Anjo Associação Cultural e Recreativa Anjo Azul promove uma série de são corporal, caracaterização, ce- Azul, sob curadoria da Trato As- nografia, concepção de figurinos, sessoria e Produção Cultural, dá atividadades em João Pessoa e Alagoa Grande em homenagem música, linha temática de ilumina- início, em Alagoa Grande, terra na- ção, pesquisa e experimentações tal do artista, às oficinas de tea- ao aniversário de nascimento de Jackson do Pandeiro práticas de grupo. A oficina culmi- tro do projeto Esquentais Vossos nará na montagem de uma perfor- Pandeiros Jacksonianos, especial- mance teatral/musical intitulada mente para a população da cida- "Rei do Ritmo" em comemoração de. O projeto contempla, ainda, aos 90 anos de Jackson do Pandei- atividades de música, artes cêni- As oficinas têm como público alvo OFICINAS/ ro. Oficineiro: Netto Ribeiro. cas, artes plásticas, cinema e pa- artistas, estudantes municipais e ini- lestra. O projeto foi contemplado ciantes em teatro, música e artes vi- ARTES PLÁSTICAS OFICINA/ no edital 2008 do Fundo de Incen- suais. "Acreditamos que o contato de Tem como objetivo promover o tivo a Cultura Lei Augusto dos forma lúdica com as produções de acesso as artes plásticas, como ativi- PERCUSSÃO (PANDEIRO) Anjos (FIC). Jackson do Pandeiro propiciará aos dade que acolhe e interage diretamente O pandeiro tem origem moura e "Temos como principal objetivo jovens a expansão dos conhecimen- jovens, adultos ,melhor idade. A ofici- é utilizado nos contextos erudito e aproximar a nova geração dessa tos e o interesse por buscar novas in- na Jacksoniana buscará representar popular. Jackson do Pandeiro é um produção cultural que cresce, nas formações", ressaltou Ednamay. a musicalidade do Rei do Ritmo atra- dos maiores nomes da Música Bra- diferentes vertentes jacksonianas", O projeto será encerrado no mês vés de telas e estandartes trabalhan- sileira e soube miscigenar sonori- afirmou Ednamay Cirilo, presiden- de novembro, com uma festa em do cores e brilho. A creditamos que dades múltiplas, trazendo para te da Associação Cultural Anjo duas etapas: primeiro em Alagoa assim vamos despertar, positivamen- nossos ouvidos as mais suingadas Azul. Como forma de estimular essa Grande, uma espécie de revista car- te, as emoções pela arte dos caminhos canções de nosso cancioneiro po- aproximação serão realizadas ofi- navalesca, e, posteriormente, em João percorrido por Jackson do Pandeiro. pular. Nossa oficina trabalhará rit- cinas de teatro, em Alagoa Grande, Pessoa, onde serão apresentados os Oficineira : Dulce Abstrato. mos brasileiros, fazendo uso do re- de música e artes visuais em João resultados dos três meses de oficinas, pertório de Jackson do Pandeiro, Pessoa. O projeto surgiu do anseio na sede oficial da Associação Cultu- procurando desenvolver técnicas da Associação Anjo Azul em inter- ral Anjo Azul, localizada no Centro OFICINAS/ básicas para o aprendizado do ligar as cidades de João Pessoa e Ala- Cultural do Terceiro Setor Thomás pandeiro, buscando aliar teoria e goa Grande através da obra de Ja- Mindello, tendo a palestra sobre a MONTAGEM TEATRAL prática em atividades de canto e ckson do Pandeiro, preservando vida e obra de Jackson do Pandeiro Proporcionar aos alunos-atores execução instrumental. Oficineiro: assim sua memória. como tema central da noite. uma vivência teatral completa, des- Ely Porto.

Alagoa Grande transformou-se em um grande palco de homenagens ao seu filho mais ilustre. Um imenso pandeiro, na entrada da cidade, dá a ideia exata do amor que lhe dedicam os conterrâneos ESPECIAL A UNIÃO 12 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada”

Ainda falta um gênio no panteão da música brasileira Com um pandeiro e um jeito simples e malando de ser, ele conquistou o Brasil, transmi- tindo sua música alegre e irreverente, inspiradas em assuntos verdadeiramente populares, pelo rádio, pela vitrola e pela televisão. Influenciou e continua influenciando artistas dos mais diversos estratos estéticos, de João Bosco a Zé Ramalho, de Raul Seixas a Lenine, do Cascabulho ao Clã Brasil. Morreu pobre e quase esquecido, mas deixou uma herança tão rica para a cultura musical brasileira, que o país, um dia, como faz hoje a Paraíba, precisa ter a dignidade de baixar a cabeça e reconhecer seu enorme talento, levando-o ao panteão dos grandes artistas, para ser recebido, de braços abertos, pelos gênios que tiveram melhor sorte que ele na memória nacional. Parabéns, Jackson do Pandeiro, pelos seus 90 anos!