Especial-Jackson---30-08-2009.Pdf
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ESPECIAL JACKSONJACKSON DO DO PANDEIRO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, A UNIÃO “Paraíba democrática, terra amada” 30 DE AGOSTO DE 2009 Há 90 anos nascia... O Rei do Ritmo ESPECIAL A UNIÃO 2 JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 JACKSON DO PANDEIRO “Paraíba democrática, terra amada” UmaUma cidade cidade orgulhosaorgulhosa dede seu seu filho filho o mês que Jackson completaria nove décadas de vida, Alagoa NGrande homenageia seu filho ilus- tre com uma grande festa. Desde o último dia 17, artistas consagrados como Geni- val Lacerda e integrantes do grupo Clã Brasil vêm fazendo shows na cidade numa reverência ao eterno “Rei do Rit- mo”. A programação se encerra no dia 31 Alagoa Grande, no Brejo paraibano, tornou-se famosa por ser o berço do cantor e compositor Jackson do Pandeiro e ainda inclui apresentação de oficinas culturais e de peças teatrais. As ativida- des são promovidas pela prefeitura local das entre o povo nordestino. mente a Jackson do Pandeiro. no da música”, destaca. em parceria com o Governo do Estado. E A discografia de Jackson tem mais de 417 O amplo salão do Memorial do Jackson Caminhando pelos corredores do mu- prometem agradar ouvidos e gostos de músicas gravadas. Desde sua primeira gra- do Pandeiro é cercado por inúmeros ob- seu é possível escutar 35 dos 137 discos em todos os tipos. vação, “Forró em Limoeiro”, em 1953, até o jetos pessoais e profissionais do músico. vinil e compactos que foram gravados por Localizada no Brejo da Paraíba, assim último álbum, “Isso é que é Forró!”, de 1981, No lugar é possível encontrar itens con- Jackson. Apesar de o acervo não está com- como o resto do Estado, Alagoa Grande foram 29 anos de carreira artística, pas- siderados verdadeiras relíquias pelos fãs. pleto, “Bibiu” afirma que o local dispõe de testemunhou a escravidão dos negros. sando por inúmeras gravadoras. Lá, estão expostas roupas, documentos, todas as músicas gravadas por Jackson. “Ele Até hoje o tempo conserva casarões que Quem pisa em Alagoa Grande percebe letras de música e os pandeiros que acom- gravou 417 composições inéditas, sem re- simbolizavam a grandeza econômica no ato que a cidade não faz menor questão panharam os bons e os maus momentos petir nenhuma. É um numero espantoso. nessa época. de esconder o orgulho que sente de seu fi- da trajetória do músico. Até os restos Temos essas músicas em CDs, DVD’s e em Negro, pobre e analfabeto, Jackson do lho tão ilustre. Logo na entrada do muni- mortais, trazidos do Rio do Janeiro, são cópias das apresentações em programas Pandeiro conseguiu mudar a trajetória do cípio, os visitantes são saudados por um guardados no local. de TV e de rádio”, acrescenta. seu destino através da música e da dança. enorme pandeiro com um recado lem- De acordo com o secretário de Cultura Guardadas com zelo, nas estantes do Cantor e compositor, ele inovou a forma de brando que o visitante está pisando na ter- de Alagoa Grande, Severino Antonio Sil- museu, estão os pandeiros e demais ins- fazer forró, samba e os diversos subgêne- ra de Jackson do Pandeiro. va, “o Bibiu”, o museu recebe a visita diá- trumentos que formaram a carreira artís- ros, como baião, xote, xaxado, coco, rojão, Se alguém decidir descansar à sombra ria de quase cem pessoas. São cerca de sete tica do paraibano. Ainda há fotos, capas de arrasta-pé, quadrilha, marcha e frevo. Aca- de uma árvore, na praça, por exemplo, mil visitantes todos os meses. “O museu revistas, recortes de jornais e uma coletâ- bou sendo considerado, sem nenhum exa- também terá a companhia de outra está- já se tornou um dos atrativos turísticos nea sem fim de filmes, de trechos de pro- gero, como o maior ritmista da história da tua do Rei do Ritmo. E se o turista resolver do brejo paraibano. Recebemos pessoas gramas de televisão e de rádio. No museu, Música Popular Brasileira. Ao lado de Luiz conhecer melhor a carreira desse cantor de todas as regiões do Estado, que chegam é fácil perceber que os colecionados guar- Gonzaga, foi um dos principais responsá- tão famoso por ali, poderá dar uma pas- aqui em caravanas para conhecer a vida dam com muito carinho um pedaço de cada veis pela nacionalização de canções nasci- sadinha ao museu dedicado exclusiva- do homem que é considerado um fenôme- fase vivida pelo filho de Alagoa Grande. Um ritmista sem páreo A UNIÃO SUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA As luzes acendem. Um homem franzino de chapéu e Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado segurando um pandeiro surge diante do delírio do pú- blico. Com batidas no instrumento e uma voz afinada, BR-101 - Km 3 - CEP 58.082-010 - Distrito Industrial - João Pessoa - Paraíba . PABX: (0xx83) 3218-6500 - FAX: 3218-6510 - Redação: ele mostra por que é considerado o maior ritmista de 3218-6511/3218-6512 todos os tempos. Seu nome é Jackson do Pandeiro, ho- www.paraiba.pb.gov.br mem simples, nascido no interior da Paraíba, que con- Superintendente quista os palcos do Brasil, mostrando uma música tão NELSON COELHO DA SILVA contagiante quanto mágica. Diretor de Operações MILTON FERREIRA DA NÓBREGA Natural de Alagoa Grande, localizada a 111 quilô- Diretor Técnico metros de João Pessoa, o menino negro, pobre e analfa- WELLINGTON H. VASCONCELOS DE AGUIAR beto estava condenado a um futuro sem cor e sem bri- Diretor Administrativo lho. Mas reescreveu o próprio destino usando a sinto- CRISTIANO XAVIER DE LIRA MACHADO nia certa das letras e notas musicais. Apesar de nunca Editor Geral JOÃO EVANGELISTA ter frequentado escola, ele se tornou mestre na arte de Editor de Cadernos Especiais dançar e cantar ritmos nordestinos como xaxado, for- WILLIAM COSTA ró, samba, baião e xote. Virou um baluarte da música Reportagem nordestina e até referência para uma geração inteira NATHIELLE FERREIRA de artistas. Editoração Eletrônica ULISSES DEMÉTRIO Nascido em 31 de agosto de 1919, Jackson é motivo de orgulho para a Paraíba inteira. Foi um artista que se CONSELHO EDITORIAL dedicou à música até a hora da morte. Os palcos que Lena Guimarães, Genésio de Sousa, Nelson Coelho, Wellington testemunham seus dias de glória foram os mesmos que Aguiar, Cristiano Machado, Milton Nóbrega, João Evangelista, o viram se despedir da vida, quando enfartado, saiu de Linaldo Guedes, João Pinto (API), Land Seixas (Sind. Jornalistas), Juares Farias (APL), Luiz Hugo Guimarães um show para morrer num hospital. (IHGP), Rômulo Polari (UFPB) e Thompsom Mariz (UFCG) Se vivo fosse, Jackson faria agora 90 anos de idade. Seus principais trabalhos, sua vida e seu talento serão destaques nesta homenagem que o jornal A União pres- ta a esse artista que escreveu o nome da Paraíba na história da música popular brasileira. A UNIÃO ESPECIAL “Paraíba democrática, terra amada” JACKSON DO PANDEIRO JOÃO PESSOA, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2009 3 O início de tudo VVVencendoencendoencendo obstáculos obstáculos obstáculos uem conhece a trajetória de su- cesso de Jackson do Pandeiro nem Da padaria ao Q imagina as dificuldades que ele famoso cassino teve que enfrentar para conquistar a fama e a admiração do país inteiro. Os escrito- El Dorado res e jornalistas Fernando Moura e Anto- nio Vicente resolveram pesquisar esse pas- Apesar de fazer tímidos trabalhos sado e narrar detalhes dessa história no li- como músico, a fonte de renda de Jack vro: “Jackson do Pandeiro, o Rei do Rit- continua sendo mesmo a padaria. Mas mo”. Ao longo das mais de 200 páginas, uma novidade estava prestes a mudar os autores escrevem uma biografia do aquela realidade. Do balcão onde ven- músico e contam como um menino po- dia pães, Jackson vê a construção o Cas- bre, analfabeto e nascido no interior da sino Eldorado, o mais famoso cabaré do Paraíba se tornou estrela na rádio, na tele- Brasil, da década de 30. A sofisticação visão, do cinema e até referência para uma do estabelecimento é de encantar os geração inteira de artistas. olhos. Além do luxo dos apartamentos, O primeiro parágrafo dessa história o local oferece músicas e dançarinas ao começa no dia 31 de agosto de 1919. Em vivo. A direção contrata uma série de meio à simplicidade do campo, no pacato artistas. Entre eles, Jack. Engenho Tanques,em Alagoa Grande, nas- Tocando no Eldorado, o rapaz, en- cia um menino franzino e saudável. Era o tão com 25 anos, conhece de perto rit- primeiro filho da cantadora de coco, Flora mos como jazz, blues, tango e samba. Maria da Conceição, a Flora Mourão, com Também é apresentado a artistas e pia- o oleiro José Gomes. A criança recebia o nistas. E se torna conhecido como o nome do pai e era batizada pelo nome de músico Jackson do Pandeiro. José Gomes Filho. A temporada no Eldorado dura Vivendo uma vida de sacrifícios, sus- muito tempo. Mas em 1944, Jackson tentando a casa com o dinheiro ganho atra- deixa a família em Campina Grande e vés da fabricação de tijolos, o patriarca da resolve partir para João Pessoa. Trazen- família tem uma morte prematura e não do na bagagem o sonho de achar me- assiste ao crescimento dos três filhos. A lhores oportunidades, ele chega à Capi- mãe fica sozinha com a missão de criar as O menino pobre de Alagoa Grande era franzino, mas tinha obstinação para mudar o destino tal de noite. Procura um amigo e passa crianças. Mas, sem emprego certo, ela é a morar na casa dele de favor. Para ali- vencida pelas dificuldades. Todos passam viar as dificuldades, Jackson aceita can- por sérias restrições. Antonio Vicente e tar e tocar em cabarés que já estavam Fernando Moura narram que Jackson e sua # to gostava de tocar o pandeiro e de assistir instalados naquela época no Centro.