ESTUDANDO TOM ZÉ: Abordagens E Evoluções Da Percepção Do ‘Estranho’

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ESTUDANDO TOM ZÉ: Abordagens E Evoluções Da Percepção Do ‘Estranho’ UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - FAFICH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL Luíza França Tomaz de Aquino ESTUDANDO TOM ZÉ: abordagens e evoluções da percepção do ‘estranho’ Belo Horizonte 2020 Luíza França Tomaz de Aquino ESTUDANDO TOM ZÉ: abordagens e evoluções da percepção do ‘estranho’ Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Comunicação Social pela linha de pesquisa Textualidades Midiáticas Orientador: Prof. Dr. Bruno Guimarães Martins Belo Horizonte 2020 AGRADECIMENTOS À CAPES, pelo financiamento do início da pesquisa, e à UFMG, presente em minha história na Comunicação desde a formação básica até este aprimoramento e a estabilização profissional. Ao meu orientador, Bruno, por teimar contra a minha teimosia, abrindo meus olhos para um caminho muito mais sincero e pessoal. Aos professores que fizeram parte destes dois anos, apresentando todo um universo de conhecimento e possibilidades teóricas até então ignorado por mim. A todos os amigos, com sua capacidade de criar espaços de prazer paralelos nos quais estresses e prazos eram esquecidos. Pela presença constante ao longo desse e de tantos outros trabalhos, deixo os principais agradecimentos por último, a toda a minha família. Em especial: À minha avó, Marília, por ser a base de tudo. Fonte de carinho infinito; Ao meu irmão, Diogo, pelo estímulo intelectual e afetivo, pelo abraço quando a tarefa pareceu impossível e pelo companheirismo de sempre; Aos meus pais, Maristela e Tomaz, pelo amor incondicional, pelo apoio contínuo e por toda a confiança em minha capacidade; À Dolly, ao Tião e à Páprika, por trazerem a leveza em momentos diferentes do meu caminho; Ao meu amor, meu outro Diogo, por tudo. Por todos os dias. Obrigada. “Deparei de imediato com o fato de ser um péssimo compositor, um péssimo músico e um péssimo cantor. Como não sabia fazer música convencional, tive de fazer sempre algo estranho”. Tom Zé RESUMO O artista musical Tom Zé possui uma carreira marcada por flutuações na aceitação pública e por diferentes direcionamentos estéticos. Ao longo dos mais de 50 anos de atuação profissional, um termo foi ganhando força e se estabilizando na percepção pública como definidor de sua figura artística e de sua obra: o ‘estranho’. As aspas reforçam o caráter pouco claro que tal concepção possui, tanto em termos de teorias acadêmicas quanto no caso específico do objeto de estudo dessa dissertação. Trata-se de um conceito com vastas possibilidades de leitura, referências teóricas e que, como demonstra o percurso de Tom Zé, é visto de diferentes formas e em diferentes elementos de acordo com o contexto histórico-cultural. A dissertação realiza uma busca por uma possível definição que funcione isoladamente para o músico baiano, a partir da análise de três momentos-chave de sua trajetória – final dos anos 1960, meios dos anos 1970 e final dos anos 1990 –, abordando tanto as músicas quanto as performances, as falas e a forma como o artista expõe sua persona. Para isso, utiliza como guia tópicos identificados como paradoxos convergentes, ou seja, facetas de Tom Zé que se intercalam em suas propostas artísticas com níveis diversos de coesão, gerando a sensação de inquietação – seja positiva ou negativa – que resulta na percepção de algo ‘estranho’. Além disso, a partir da reunião de conceitos diversos em torno do termo que dá origem à pesquisa e de compreensões que surgem com o levantamento de amplo material histórico-contextual envolvendo o músico, o trabalho propõe análises pontuais de casos que demonstram a existência de uma linha evolutiva do ‘estranho’ que segue a carreira de Tom Zé. Palavras-chave: Tom Zé; estranho; percepção; variações histórico-contextuais; paradoxos convergentes. ABSTRACT Musical artist Tom Zé has a career marked by fluctuations in public acceptance and different aesthetic directions. Over more than 50 years of professional practice, a term has been gaining strength and stabilizing in the public perception as defining his artistic figure and his work: the ‘strange’. The quotation marks reinforce the unclear character of such a conception, both in terms of academic theories and in the specific case of the object of study of this dissertation. It is a concept with vast possibilities of reading, theoretical references and which, as Tom Zé's course demonstrates, is seen in different ways and in different elements according to the historical-cultural context. The dissertation searches for a possible definition that works in isolation for the Bahian musician, doing analyzes of three key moments of his career - late 1960s, mid 1970s and late 1990s -, addressing not only the songs, but also the performances, the speeches and the way the artist exposes his persona. For this, it uses as its guide topics identified as convergent paradoxes, that is, facets of Tom Zé that intersect in his artistic proposals with different levels of cohesion, generating the feeling of unrest - whether positive or negative - that results in the perception of something ‘strange’. Besides, from the gathering of diverse concepts around the term that gives rise to the research and the understandings that arise with the survey of broad historical-contextual material involving the musician, the work proposes punctual analyzes of cases that demonstrate the existence of a evolutionary line of the ‘strange’ that follows Tom Zé's career. Palavras-chave: Tom Zé; strange; perception; historical-contextual variations; convergent paradoxes. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Trecho de coreografia e figurino do espetáculo Santagustin .................................... 19 Figura 2: Primeira fase – primeiros sucessos e contatos com o público .................................. 23 Figura 3: Segunda fase – experimentações musicais e criação de instromzémentos ............... 24 Figura 4: Terceira fase – aclamação e estabilização do ‘estranho’ .......................................... 25 Figura 5: Arena canta Bahia ..................................................................................................... 34 Figura 6: Capa de Tropicália ou Panis et Circensis .................................................................. 38 Figura 7: Vitória de Tom Zé no Festival da Record de 1968 ................................................... 41 Figura 8: Capa do LP Tom Zé................................................................................................... 44 Figura 9: Capa do LP Se o caso é chorar ................................................................................. 45 Figura 10: Capa de Todos os olhos........................................................................................... 48 Figura 11: Enceroscópio e buzinório ........................................................................................ 51 Figura 12: Capa de Estudando o samba ................................................................................... 54 Figura 13: Imagem acompanhando texto da Folha de S. Paulo sobre uso do corpo ................ 60 Figura 14: Capa de Nave Maria ............................................................................................... 62 Figura 15: Performance em show ............................................................................................. 72 Figura 16: Show no Abril Pro Rock ......................................................................................... 75 Figura 17: Show no Irving Plaza em 1999 ............................................................................... 78 Figura 18: Figurino de Estudando o pagode ............................................................................ 85 Figura 19: Figurinos em palco de Estudando o pagode ........................................................... 85 Figura 20: Roda de Bicicleta de Duchamp x objetos cênicos de Tom Zé ................................ 87 Figura 21: Interação com objetos cênicos de Tom Zé .............................................................. 87 Figura 22: Uso da teatralidade em performance ..................................................................... 126 Figura 23: Sonoridades a partir de bexiga friccionada e do toque na água ............................ 127 Figura 24: Agogôs friccionados em esmeril ........................................................................... 127 Figura 25: Bailarinos de Tom Zé em apresentação televisiva do show Jogos de armar ....... 128 Figura 26: Tom Zé em gravação com Grupo Capote – contracapa de Se o caso é chorar .... 136 Figura 27: Tom Zé em performances da faixa Atchim, de Danç-Êh-Sá (2006) ..................... 139 Figura 28: Tom Zé simulando choro em introdução de Curiosidade (1998) ......................... 141 Figura 29: Tom Zé cantando Politicar no Rock in Rio 2011 ................................................. 145 Figura 30: Uso da calcinha em shows .................................................................................... 147 Figura 31: Quadrinho com a dança Chamegá ........................................................................ 148 Figura 32: São, São Paulo meu amor em performance no Festival da Record de 1968 ........ 152 Figura 33: Tom Zé na fita original da apresentação no Festival da Record de 1968 ............. 153 Figura 34: Capa do LP Tom Zé - Grande Liquidação ............................................................ 156 Figura 35: Contracapa de Todos os
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