Pesquisas Eleitorais E Colunismo Político Na Cobertura Das Eleições Presidenciais De Brasil (2014) E Argentina (2015)
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015) ANDRÉ LUÍS SOARES FONTENELLE Brasília, fevereiro de 2017 1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015) ANDRÉ LUÍS SOARES FONTENELLE Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre. Linha de pesquisa: Jornalismo e Sociedade. Orientadora: Profa. Dra. Liziane Soares Guazina. Brasília, fevereiro de 2017 2 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015) Autor: André Luís Soares Fontenelle Orientadora: Profª Drª Liziane Soares Guazina Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre pela banca composta pelos membros: BANCA Profa Dra Liziane Soares Guazina Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília (Presidente) Profa Dra Flávia Millena Biroli Tokarski Instituto de Ciência Política, Universidade de Brasília Profa Dra Sayonara de Amorim Gonçalves Leal Departamento de Sociologia, Universidade de Brasília Profa. Dra. Liliane Maria Macedo Machado Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília (Suplente) 3 Por ordem de entrada, para Inês, Alice e Patrícia. 4 AGRADECIMENTOS A minha orientadora, profa dra Liziane Guazina, por ter acreditado no projeto e pelo crucial insight do estudo comparativo, ensejado pela proximidade das eleições nos países vizinhos. Aos professores Ana Arruda Callado, Nilson Lage, Sérgio Sant’Anna, Agostinho Dias Carneiro e Geir Campos (in memoriam), por quem valeu a pena estudar na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Aos professores David Fleischer e Flávia Biroli, pelas valiosas lições no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. Aos colegas Edgard Alves, Leão Serva e Carlos Maranhão, maiores inspirações que tive na carreira. A Leonard de Assis e Letícia Sorg, pela ajuda no levantamento de informações relativas à metodologia das pesquisas eleitorais e à cobertura jornalística da campanha. A Carlos Maurício Drummond de Andrade, James Gama, Bernardo Ururahy e colegas do Serviço Multimídia da Agência Senado, pela compreensão. A meus pais, Edmilson (in memoriam) e Nelyr, por terem infundido em mim a curiosidade que me levou ao jornalismo e à vida acadêmica. A meu irmão, Luís Eduardo, vocação de jornalista perdida para o Direito. A Inês e Alice, pela paciência com o pai atarefado. A Patricia Pinheiro, por ter levado pés-de-pato a uma ilha deserta. 5 C’est le spectacle burlesque de cette sphère politique hyper représentative de rien du tout, que les gens dégustent à travers les sondages et les médias. BAUDRILLARD, Le politique et la simulation (1978) 6 Pesquisas eleitorais e colunismo político na cobertura das eleições presidenciais de Brasil (2014) e Argentina (2015) RESUMO As pesquisas de intenção de voto se tornaram um elemento incontornável da cobertura das campanhas eleitorais pelos meios de comunicação. Historicamente, têm sido utilizadas como base de matérias jornalísticas e análises sobre a campanha eleitoral. Boa parte dos textos dos colunistas emprega os números de pesquisas eleitorais. Mas, de que forma essas pesquisas amparam a construção, pela mídia, de suas estratégias argumentativas, com vistas ao agendamento e ao enquadramento do debate político? Para compreender como se dá esse uso das pesquisas pelos meios de comunicação analisaram-se 170 textos de quatro comentaristas políticos de grande prestígio de meios de comunicação de referência (O Estado de S. Paulo e O Globo, no Brasil; Clarín e La Nación, na Argentina), relativos às campanhas presidenciais ocorridas nesses países, respectivamente, em 2014 e 2015. Também foram analisados aspectos metodológicos e jurídicos que impõem certas restrições ao uso das pesquisas pelos meios de comunicação, ou as tornam sujeitas a erros ou manipulações. A análise dos textos confirmou o extenso uso das pesquisas na produção de enquadramentos que se assemelham entre si, tanto dentro do colunismo de cada país quanto entre os colunismos dos dois países, apropriando-se, para impor determinada construção da realidade, do caráter de cientificidade que o campo das ciências sociais atribui a esse tipo de levantamento. Entre os enquadramentos relacionados às pesquisas encontram-se a omissão dos candidatos “mal colocados”; a omissão da ocorrência de outros pleitos majoritários e proporcionais; a pregação do “voto útil” em favor de determinados candidatos; e a atribuição ao eleitorado de anseios, como o de mudança, com base em pesquisas pouco aprofundadas. As pesquisas servem, portanto, não como instrumento de interpretação e previsão do comportamento do eleitorado, e sim de agendamento e enquadramento de temas do debate político, com propósito persuasivo. Palavras-chave: Pesquisas eleitorais. Colunismo político. Eleições, Brasil. Eleições, Argentina. 7 Electoral polls and political columnists in the coverage of the presidential elections of Brazil (2014) and Argentina (2015) ABSTRACT Electoral polls have become an inescapable element of the media coverage of election campaigns. They have been used historically as a basis for journalistic texts and analyses of those campaigns. Many of the columnists’ texts employ polls’ numbers. But in which ways do opinion polls support the construction, by the media, of their persuasion strategies, to set the agenda and frame the political debate? In order to understand how the media uses opinion polls, we have analyzed 170 opinion texts by four renowned political analysts of leading media (O Estado de S. Paulo and O Globo of Brazil; Clarín and La Nación of Argentina) during the respective presidential campaigns of those countries, in 2014 and 2015. We also analyzed some methodological and legal aspects that impose certain restrictions on the use of research by the media, or make them subject to errors or manipulations. The analysis of the texts confirmed the extensive use of opinion polls in the production of framings that resemble each other, both within the columnists of each country and between those of the two countries, appropriating, to impose a certain construction of reality, the character of scientificity that the social science field attributes to this type of survey. Some of the frames related to opinion polls we have found include the omission of "underdog" candidates; the omission of other majoritarian and proportional elections; the preaching of strategic voting in favor of certain candidates; and the attribution of certain wishes to the voters, like the “wish of change”, based on little in-depth data..The opinion polls serve, therefore, not as an instrument of interpretation and prediction of the behavior of the electorate, but as a means of setting the agenda and framing certain topics of the political debate, with a persuasive purpose. Keywords: Electoral polls. Political columnists. Elections, Brazil. Elections, Argentina. 8 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Pesquisas Datafolha, eleição brasileira de 2014 (primeiro turno) ................ 71 Gráfico 2 – Pesquisas Ibope, eleição brasileira de 2014 (primeiro turno) ...................... 72 Gráfico 3 – Pesquisas Poliarquía, eleição argentina de 2014 (primeiro turno) ............... 78 Gráfico 4 – Pesquisas Management & Fit, eleição argentina de 2014 (primeiro turno) . 79 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Legislação referente a pesquisas eleitorais nos países da América Latina .... 47 Tabela 2 – Mecanismos de controle das pesquisas nos países da América Latina ......... 48 Tabela 3 – Países da América Latina segundo o grau de controle da realização e divulgação de pesquisas................................................................................................... 49 Tabela 4 – Restrição temporal à divulgação de pesquisas nos países da América Latina ......................................................................................................................................... 50 Tabela 5 – Informações técnicas sobre as pesquisas eleitorais exigidas pela legislação nos países da América Latina .......................................................................................... 52 Tabela 6 – Exigência de registro das empresas de pesquisas nos países da América Latina ............................................................................................................................... 53 Tabela 7 – Semelhanças entre as conjunturas político-econômicas de Brasil (2014) e Argentina (2015) ............................................................................................................ 62 Tabela 8 – Características dos sistemas político-eleitorais brasileiro (2014) e argentino (2015) ............................................................................................................................. 63 Tabela 9 – Legislação relativa a pesquisas eleitorais no Brasil e na Argentina .............. 64 Tabela 10 – Funções e objetos dos enquadramentos noticiosos, segundo Entman ......... 87 Tabela 11 – Características dos sistemas mediáticos brasileiro e argentino segundo os critérios de Hallin e Mancini ..........................................................................................