[Unlocked] DIONYSIAN DESIRES and NARCISSISTIC
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE TEATRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS PATRICK GEORGE WARBURTON CAMPBELL NARCISO CTÔNICO: OS SERTÕES E A (R)EVOLUÇÃO ESTÉTICA DO TEAT(R)O OFICINA UZYNA UZONA – UMA ESCRITURA DESCONSTRUCIONISTA Salvador 2011 2 PATRICK GEORGE WARBURTON CAMPBELL NARCISO CTÔNICO: OS SERTÕES E A (R)EVOLUÇÃO ESTÉTICA DO TEAT(R)O OFICINA UZYNA UZONA – UMA ESCRITURA DESCONSTRUCIONISTA Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Artes Cênicas. Orientação: Profa. Dra. Eliene Benício Amâncio Costa Salvador 2011 3 Escola de Teatro - UFBA Campbell, Patrick George Warburton. Narciso ctônico: Os Sertões e a (r)evolução estética do teat(r)o oficina Uzyna Uzona – uma escritura desconstrucionista / Patrick George Warburton Campbell. - 2011. 372 f.: il. Orientadora: Profª. Eliene Benício Amâncio Costa. Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Teatro, 2011. 1. Teatro. 2. Teatro – Literatura. 3. Criação. 4. Estética. 5. Pós - colonialismo - Estudos. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Teatro. II. Costa, Eliene Benício Amâncio III. Título. CDD 792 5 A Meus jagunços Rob, Margarida e Carla. Muito obrigado por tudo. 6 AGRADECIMENTOS A minha mãe Hazel, por sua coragem, carinho e constante apoio. A Rob, por iluminar meus dias e ser minha estrela guia. A minha avó Margaret, por ser a minha ―rocha viva‖. A meu pai Richard, pelos laços que nos unem. A José Celso Martinez Corrêa, meu Narciso Ctônico, por sua obra inspiradora, sua garra face à adversidade, e pela beleza de Os Sertões. A Tommy Pietra, por sua gentileza em ter me fornecido os DVDs e os roteiros de Os Sertões. A Marcos Camargo, pelo uso das imagens no corpo da tese. Aos integrantes do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, por sua criatividade fecunda e entrega incansável. A minha orientadora Eliene Benício, pela sua paciência, competência e generosidade constante ao decorrer da elaboração desta tese (e pelo bolo e café com Ava!) Ao CNPQ pela bolsa de estudos generosa que possibilitou esta pesquisa. Ao PPGAC da Escola de Teatro da UFBA e seu corpo docente, pelo apoio, o ensino e as oportunidades de crescimento intelectual e profissional. Aos colegas do PPGAC, pelo companheirismo e pelas observações e comentários riquíssimos que contribuiram muito a esta pesquisa. Aos profissionais que trabalham nos acervos do Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural Itaú, e do Arquivo Edgar Leuenroth em Campinas, por ter facilitado a fase da pesquisa historiográfica. A Margarida, minha Professora Doutora da Escola da Vida. Nunca posso lhe agradecer o suficiente. A Carla, minha parceira e tradutora, suas contribuições foram sempre preciosas. A Rachel, amiga de longas datas, por sempre ter sido firme, forte e fiel. 7 A Kátia, minha musa Cockney-paulista, por ser simplesmente você. A Tânia, por ter me ensinado tanto. A Roque, pelo apóio perspicaz e sensível na hora certa. Às professoras Doutoras Ciane Fernandes e Vera Motta, pela generosidade e perspicácia de seus comentários durante meu exame de qualificação, que me nortearam durante o desdobramento subsequente desta tese. A Sônia Rangel, pela poesia de seu ensino, as performances que suas aulas inspiraram, pelo conceito do princípio norteador, e por participar da minha banca. A Silvia Fernandes Telesi, por sua generosidade em participar da minha banca de defesa de tese. Aos amigos de São Paulo – Fernanda, Rafaela, Henrique, Fernando e Jorge Lúcio – pelas conversas sobre a arte, a dança, o teatro e a vida! A Carlos Vilmar, por toda a ajuda que você me ofereceu, e pela amizade. A Alfredo Júnior e os integrantes da Companhia Teatral Farinha Seca, por seu trabalho Trans- Humano, revelando ―geografias pessoais‖ no meio do Sertão. A Paula Molinari, pelas aulas de voz que desvelaram minha alma. A Dary Mota, por ter aberto as portas da sua casa para mim, mostrando um novo universo. A Angus, meu guerreiro ctônico. Sua jornada foi o fio de Ariadne que me guiou até aqui. Obrigado por ser meu melhor amigo. 8 Uma Excelência dizendo que a hora é hora. Ajunta agricultores que o corpo vira semente plantados mortes nascentes Cântico do enterro de João Grande, ―A Luta I‖, Os Sertões. 9 CAMPBELL, Patrick George Warburton Campbell. Narciso Ctônico: Os Sertões e a (r)evolução estética do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona – uma escritura desconstrucionista. 370 f. il. 2011. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal da Bahia, 2011. RESUMO No decorrer desta análise desconstrucionista da evolução artística do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona e de sua obra contemporânea, exemplificada pelo espetáculo Os Sertões, o mitograma de Narciso é utilizado como tropo organizador para repensar a estética da companhia. Concorrentemente, a obra do Oficina serve como estímulo para identificar os aspectos restauradores do mito de Ovídio que não aparecem na conceitualização freudiana do narcisismo primário, mas que permeiam a teoria psicanalítica como rastro, apontando para uma questionável subjetividade-em-processo poética. Conexões são traçadas entre o mitograma original de Narciso com todos seus personagens suplementares, a teoria psicanalítica e desconstrucionista pós-freudiana, e a noção de Trans- Humanidade desenvolvida pelo Teat(r)o Oficina. Esta reescritura antropofágica e interdisciplinar revela um Narciso Ctônico, filho das águas, prole das divindades fluviais Liríope e Céfiso, cujo fascínio por sua imagem especular é, de fato, um anelo para unir-se com sua ancestralidade através do sacrifício transformador e criativo. Esta reapropriação do mitograma é utilizada subsequentemente como tropo para reescrever a historiografia do Oficina, cuja transformação de um grupo de teatro amador auto-reflexivo em uma entidade cultural fértil e fecunda, reflete a metamorfose do Narciso articulado por Freud no Narciso Ctônico (des)construído nesta escritura. Em seguida, o texto performático de Os Sertões é analisado a partir de quatro categorias estéticas sintagmáticas – tempo/espaço/ação; corporeidade; musicalidade; e multimídia - para tecer um sintagma narcísico- ctônico constituído pelo espaçamento policárpico, o corpo impróprio, o eco da (M)Other, e a reflexão geófita, que revela como Narciso rearticula e é rearticulado pela escritura cênica contemporânea do Uzyna Uzona. Finalmente, a questionável subjetividade-em-processo ctônica traçada pelo Oficina no decorrer da montagem de Os Sertões é relacionada ao sujeito subalterno silencioso e irrepresentável delineado por Gayatri Chakravorty Spivak. Em vez do tropo fonocêntrico da fala, que Spivak utiliza para prender o subalterno num abraço binário com o privilegiado Sujeito da Europa, Os Sertões apresenta-nos um alternativo; o estupro-como-grama – uma noção conflituosa da inscrição e do hibridismo forçados que caracterizou a cena primal da colonização do Brasil, e que permeia o texto social até hoje como rastro. Essa ferida primal, essa (não) origem – comum ao mitograma de Narciso e à fundação do Brasil – é cooptada antropofagicamente no palco pelo Oficina, que demonstra que é a própria diferência do conhecimento incorporado, sagrado e sensual do subalterno que desde sempre espaça o texto (pós) colonial, (forçadamente) palimpséstico e híbrido que articula toda subjetividade no Brasil. O Teat(r)o Oficina sugere que, enquanto há muitos sujeitos brasileiros presos no discurso falogocêntrico alienador e imolador do neoimperialismo, ao imbuir sua escritura poética com a cadência ancestral das manifestações culturais subalternas africanas, indígenas e mestiças, o artista militante pós-colonial pode negociar e até momentaneamente transcender sua castração e transformar- se, assim como Narciso Ctônico, em sujeito-em-processo subversivo em constante (r)evolução. Palavras-chave: Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona; Narciso Ctônico; Os Sertões; Desconstrução; Estudos Pós-Coloniais; Subjetividade. 10 CAMPBELL, Patrick George Warburton Campbell. Chthonic Narcissus: Os Sertões and the aesthetic (r)evolution of the Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona – a deconstructive writing.. 370 p. ill. 2011. Doctoral Thesis – Post-Graduate Programme in Performing Arts, Federal University of Bahia, 2011 ABSTRACT Over the course of this deconstructionist analysis of the artistic evolution of the Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona and its contemporary oeuvre, as exemplified by Os Sertões, the mythogram of Narcissus is used as an organizing trope to rethink the company‘s aesthetic. Concurrently, the Oficina‘s work serves as a stimulus to identify the restorative aspects of Ovid‘s myth that were lost by Freud during his conceptualization of primary narcissism, but nevertheless pervade psychoanalytic theory as trace, pointing towards a questionable poetic subjectivity-in-process. Connections are drawn between the original Narcissus mythogram including all the supplementary characters, Post-Freudian psychoanalytic and deconstructionist theory, and the notion of Trans-Humanity developed by the Teat(r)o Oficina. This anthropofagic and interdisciplinary rewriting reveals a Chthonic Narcissus, child of the waters, offspring of the river deities Lyriope and Cephisus, whose fascination for his specular image is, in fact, a longing to unite with his ancestry through creative sacrifice and transformation. This re-appropriation of the mythogram is subsequently used as a trope to rewrite the historiography of the Oficina, whose development from a self-reflexive amateur theatre group into a fertile, fecund