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Documento Protegido Pela Lei De Direito Autoral

Documento Protegido Pela Lei De Direito Autoral

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA

CURSO COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

CELEBRIDADES X PAPARAZZI

POR: ROSANI ALVES DA SILVA

Orientador DOCUMENTO PROTEGIDOProf. PELA Rodrigo LEI Rosa DE DIREITO AUTORAL

RIO DE JANEIRO/2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA

CELEBRIDADES X PAPARAZZI

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do Grau de especialista em Comunicação Empresarial Por: Rosani Alves da Silva

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CELEBRIDADES X PAPARAZZI

Relatório de Conclusão de Pós-Graduação

Orientador Específico: Prof. Rodrigo Rosa

RIO DE JANEIRO JANEIRO/2013 4

FOLHA DE APROVAÇÃO

Este Projeto de Pós-graduação foi avaliado e aprovado como plano de ação voltado à execução do ......

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe Adoraty Elvira, à minha irmã Rosângela Lázaro, à minha sobrinha Thamyris Lázaro, e em especial meu pai (in memorian) Doutor Wandysmet Lázaro da Silva, motivo de muito orgulho e minha maior fonte de inspiração. Negro, formado em medicina, em 1952, pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Estado do Rio de Janeiro, em uma época de grande racismo, ele respondeu ao preconceito com muita determinação, disciplina e estudo. Valeu meu grande pai! Esta é para você.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a DEUS, pois sem ele em minha vida seria impossível realizar minhas conquistas. E agradeço também a Sandro Aloísio, Marcos Evandro, Cláudia Mastrange, Everaldo Rocha, Vânia Penzin, Natália Zimbrão, Thaíse Ramos e Valéria Braz; pessoas que me ajudaram direta ou indiretamente a alcançar esta meta. A vocês, muito obrigada!

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RESUMO

A evolução tecnológica nos últimos dois séculos aliada ao desenvolvimento dos meios de comunicação em massa e da publicidade e propaganda despertaram a atenção do mundo jurídico para o estudo da imagem. Esse bem jurídico foi inserido na tutela de outros direitos, como: honra, direito à intimidade, direito de autor e direito ao próprio corpo. Vislumbrou-se, com o passar do tempo que se tratava de bem jurídico autônomo, merecedor de proteção própria, sob pena de haver lacuna na tutela da personalidade. Tratada com desdém pelo legislador infraconstitucional brasileiro, a imagem foi elevada pelo Poder Constituinte Originário de 1988 a direito fundamental autônomo, integrante do rol das causas essenciais à dignidade da pessoa humana. A Constituição Federal também concebeu uma nova acepção de imagem – além da conformação física do indivíduo – que consubstância os atributos apresentados por uma pessoa à sociedade. Na contramão da Carta Maior, o Código Civil de 2002 reduziu o campo de proteção da imagem, o que nos impõe reconhecer a inconstitucionalidade do seu art.20 e invocar o art.5º, V e X, da Constituição Federal, normas de eficácia plena e aplicabilidade imediata e o art. 12 do Código Civil, cláusula geral de tutela da personalidade para proteger esse bem jurídico. Em nossos tribunais superiores são observadas decisões que determinam à reparação de dano moral pela mera violação do direito à imagem, independentemente de lesão à honra ou a outros direitos, consagrando-se efetivamente a autonomia desse bem fundamental da personalidade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

DESENVOLVIMENTO 10 1.1 A Vida dos Famosos Desperta Interesse 19 1.2 O “interesse do público” e o “interesse público” 21 1.3 A Vida Alheia explora a Relação entre Famosos e a Imprensa 25 1.4 Mídia e Identidade – O homem comum e a na TV 27 1.5 Cultura da Mídia e Celebridades 32 1.6 A Mídia e a Intimidade 33

CONCLUSÃO 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

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INTRODUÇÃO

Celebridade é uma pessoa amplamente reconhecida pela sociedade. A palavra deriva- se do latim celebritas, sendo também um adjetivo para célebre, que quer dizer "famoso celebrado”.

A fama é o principal pré-requisito para o status de celebridade, mas nem sempre é suficiente. De fato, como "infâmia" (um perfil igualmente bem reconhecido, mas no sentido de mau-exemplo, o antônimo de fama) que parece ter caído no uso comum - com até criminosos sendo considerados famosos, mesmo não sendo necessariamente celebridades - o perfil requer uma presença ativa, pelo menos na mídia, enquanto o crime geralmente requer publicidade.

Algumas vezes um jogo é feito na tentativa de chamar atenção da imprensa, com notas divulgadas por uma assessoria sobre o dia a dia do artista ou até mesmo plantadas para causar polêmica.

Tradicionalmente, mesmo políticos bem conhecidos raramente são descritos como celebridades, mas na era da televisão muitos se tornaram de fato célebres. As celebridades atuais são principalmente figuras da mídia, especialmente da TV e do cinema.

“Paparazzi” – a expressão deriva de uma personagem do filme de Fellini “La Dolce Vitta”, que se chamava Paparazzo. Este personagem foi inspirado num personagem real o italiano Tazio Secchiaroli, um fotógrafo “de rua” que apanhou desprevenidas algumas celebridades, vendendo depois as fotos captadas. Foi ele o primeiro do ramo. ·

Os paparazzi são repórteres que funcionam um pouco como detetives privados, seguindo as celebridades por todo o lado de forma a fotografar e apanhar algo que possa ser notícia. Têm uma vasta rede de informadores pagos ou não, para dar informações sobre as rotinas das celebridades, e um alerta de quando estão nos locais. Geralmente, não estão ligados a nenhum meio de comunicação, são free-lancers (alguns até têm agente) e trabalham na base da melhor oferta. Os preços variam do interesse da foto ou o que elas contêm.

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DESENVOLVIMENTO

O mais trágico incidente envolvendo os paparazzi foi a morte da Princesa de Gales, Diana Spencer e do seu namorado, o milionário Dodi Al-Fayed, num acidente de automóvel em Paris, que resultou uma tentativa de fuga a uma perseguição insistente de um grupo de fotógrafos. Mas, terão as figuras públicas possibilidade de fugir deste assédio constante? Vamos dar o exemplo dos Estados Unidos: é legal e protegido pela constituição que todos os cidadãos do país são livres e podem, em locais públicos, tirar fotografias livremente, e contra essas fotografias pouco ou nada se pode fazer. A legislação não é completamente clara sobre como evitar os paparazzi. As fotos tiradas em locais privados e publicadas sem autorização podem gerar processos em tribunais. No entanto, um novo meio de transmissão de informações veio ainda complicar mais o conceito de vida privada para os famosos, a Internet. Fotos, vídeos, entre outras coisas circulam livremente pela Web sem que na maioria dos casos se consiga sequer definir qual a fonte de origem. Foi a morte da Princesa de Gales, que colocou mais do que nunca os paparazzi na ordem do dia. Alguns países tentaram implementar regras e legislação anti-paparazzi, porém, este não é um assunto a ser encarado tão facilmente. Uma legislação muito rigorosa poderá mexer com liberdades adquiridas, como é o caso da liberdade de imprensa. O Governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e a mulher Maria Shriver também não escaparam, em 1997, seguiam no seu carro com dois dos seus filhos quando foram encurralados por um carro conduzido por paparazzi. A manobra levou Schwarzenegger ter uma saída de estrada, e os dois fotógrafos acabaram em um tribunal. Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones esperaram três anos pela decisão após a publicação de fotos não autorizadas do seu casamento, mas após a revista chegar às bancas, nada se pôde fazer. Aliás, o casal Douglas/Zeta-Jones tem sido dos mais assediados nos últimos anos.

Outros episódios passam por um repórter que se chocou propositadamente contra o carro de uma atriz de forma a obrigá-la a sair do mesmo. Após o nascimento do primeiro filho 11

do casal, um repórter conseguiu fazer-se passar por um membro da família Douglas no hospital, ver e fotografar o bebê, recém-nascido. Um dos atores que mais tiveram problema com a mídia foi Sean Penn, farto das perseguições sofridas durante o seu casamento com Madonna, Penn resolvia frequentemente as coisas à pancada. Isto lhe trouxe um ódio visceral por parte dos repórteres, e alguns problemas com a justiça que culminaram numa pena de prisão de 32 dias, desta feita por agredir um figurante durante às filmagens. Mais tarde, soube-se que dada à sua natureza explosiva, os paparazzi o provocavam intencionalmente para a agressão. Outro caso mais recente é o de Cameron Diaz e Justin Timberlake. A atriz e o cantor estão sendo processados por dois paparazzi que tentaram fotografá-los à saída de um hotel, aparentemente, Diaz bateu e destruiu a máquina fotográfica de um deles que se queixou de dano material e moral também. Provavelmente, os fotógrafos ganharão esta ação, e o casal será obrigado a pagar uma indenização. Gwyneth Paltrow também foi vítima dos paparazzi, mas de outra forma. Afastada do cinema após o nascimento da filha Apple, a atriz e o marido, o cantor Chris Martin, vocalista dos “Coldplay” moravam em Londres quando um fotógrafo vendeu a um tablóide a morada e toda a rotina diária do casal de famosos, os deixando intranquilos. O mal-estar provocado pela constante perseguição dos fotógrafos é motivo de lamento para muitos atores, como Leonardo diCaprio que falou como a imprensa tem feito de sua vida um inferno. No extremo oposto, estão celebridades que se não os podem vencer, juntam-se a eles, é o caso do australiano Russell Crowe, quando se casou em 2003 o ator pensou no lucro dos paparazzi, enviando a eles mesmos informações e fotos da boda. Existem dicas, até curiosas, para escapar do assédio dos paparazzi. Afinal, ninguém está livre de um momento para se tornar uma figura pública, e assim, alvo da curiosidade deles.

1 – Sair sempre de casa com a mesma roupa (dessa forma, nenhuma revista comprará as fotos) sendo mais difícil para os fotógrafos provarem a sua data exata e atualidade. 2 – Disfarçar-se (esta é usada por muitas figuras conhecidas). 3 – Sair com amigos anônimos e pedir que os chame muito alto por outro nome, pode não resolver, mas será, certamente, divertido. 12

4 - Nunca aparecer em público (esta opção pode trazer alguns dissabores por possibilitar que outros se façam passar pela verdadeira celebridade, como aconteceu a Stanley Kubric). 5 – Manter a mídia atualizada, enviando informações e fotos periodicamente (é uma forma de evitar perseguições movidas pelos desejos de lucro).

A vida de famosos desperta interesse cada vez mais de pessoas simples. Tanto é verdade, que programas de televisão com esse conteúdo também se multiplicam e se aperfeiçoam na disputa de audiência. Mas o que move tanto interesse pelo glamour alheio?

É um interesse que já vem de longe. Assistindo a e a filmes de épocas, mocinhas folheando revistas que traziam matérias, fotos em branco e preto de artistas dos famosos dos filmes de Hollywood. Aqueles que habitavam as grandes telas dos luxuosos cinemas, lugares considerados o ponto alto para se frequentar, não só a sala de projeção, mas também o hall de entrada, as ante-salas com tapetes, lustres, café, bomboniére e tantos outros detalhes que algumas gerações não tiveram a oportunidade de conhecer.

Mas hoje, segundo pesquisas do mercado editorial, houve um inverso, pois quem está consumindo essas publicações são as classes média e baixa, e a televisão, que substituiu o cinema, tem uma grande parcela nisso, uma vez que nas últimas décadas, ela se fez presente em grande parte dos lares brasileiros. Popularizou a imagem de inúmeros atores e atrizes. Imagens também de glamour, de pessoas que são idolatradas por fãs, como seres de um outro mundo, como se ser um artista é ser uma pessoa sem nenhum problema.

Hoje, após os avanços tecnológicos do século XX que permitiram maior acesso da pessoa comum a trabalhos de artistas, políticos e personalidades importantes, o termo “ídolo” expandiu-se da esfera divina à humana. É lugar comum, a menção de pessoas famosas ou de destaque em sua área de atuação profissional como “ídolos”, personalidades que se tornam, ou através da aclamação popular espontânea, ou da atuação direta da própria mídia, objeto de adoração e devoção não-religiosa.

No entanto, notícias sensacionalistas podem denegrir a imagem de famosos. E a maior reclamação por parte das celebridades é a privacidade invadida por paparazzi e repórteres, ávidos por manchetes.

Já houve casos de brigas entre famosos e repórteres, e muitos desses foram parar na delegacia e até nos tribunais. 13

O caso da cantora Britney Spears que agrediu um fotógrafo brasileiro, pois ele tirou fotos em um de seus piores momentos e a mesma perdeu a cabeça.

A apresentadora Daniela Cicarelli foi filmada em cenas picantes com o namorado em uma praia, e como se não bastasse teve suas imagens divulgadas na internet com repercussão.

Os famosos acham abusivas as maneiras com que os repórteres abordam e julgam suas vidas; enquanto que os repórteres rebatem as acusações, dizendo que toda forma de trabalho é digna. Por conta do impasse, há muita briga entre as partes.

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Vejam alguns famosos que já se envolveram em brigas com paparazzi:

1. Justin Bieber

Foto: Reprodução

Um dos casos é do cantor Justin Bieber. Ele se envolveu em uma briga com um fotógrafo quando saía de um shopping com Selena Gomez. Justin pediu com educação que o paparazzi os deixasse em paz, mas a insistência do fotógrafo fez o gato perder a cabeça. Sel desesperada acalmou o namorado.

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2. Miley Cyrus

Foto: Reprodução

Miley Cyrus também já se envolveu em várias brigas com paparazzi. Na maioria das vezes, a cantora ignora os flashes ou conversa com os fotógrafos, mas houve vezes em que Miley se irritou com a perseguição.

Em uma delas, a cantora estava saindo de uma lanchonete com a mãe Tish, quando foi abordada por fotógrafos que a esperavam na porta, furiosa Miley colocou o dedo no rosto de um deles e tentou arrancar-lhe a câmera.

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3. Kanye West

Foto: Reprodução

O rapper Kanye West se meteu na maior encrenca, em 2008, quando quebrou o equipamento de US$ 10 mil (cerca de R$ 16 mil) de um fotógrafo. Irritado com o assédio, Kanye partiu para cima do paparazzo no aeroporto de Los Angeles e acabou indo parar atrás das grades.

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4. Britney Spears

Foto: Reprodução

Quando se fala de brigas de famosos com paparazzo, não dá para deixar de fora Britney Spears.

Em 2007, a cantora atacou o carro de um fotógrafo com um guarda-chuva, em Los Angeles, após ser impedida de entrar na casa do ex-marido, Kevin Federline. Britney havia raspado o cabelo e saído da clínica de reabilitação há pouco tempo e o barraco foi para em vários tablóides.

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5. Lindsay Lohan

Foto: Reprodução

Lindsay Lohan também não poderia ficar fora da lista. A atriz tem um longo histórico de agressão contra os paparazzi. Um dos casos mais recentes aconteceu em 2010, na Itália, LiLo se irritou com os flashes e, de dentro do carro, jogou uma lata de energético nos fotógrafos. A perseguição era tanta que a loira teve que pedir à Justiça americana uma medida para se livrar dos incômodos dos fotógrafos.

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1.1 A Vida dos Famosos Desperta Interesse

Rodrigo Lombardi critica paparazzi

A Revista A - Ana Maria Braga chega à sua oitava edição trazendo uma entrevista da apresentadora com o ator , um dos homens mais cobiçados do país. No ar com o charmoso capitão Théo, na novela Salve Jorge, o ator fala sobre a profissão e vida pessoal num bate-papo bem descontraído.

Quando questionado sobre como lida com os paparazzi, o ator foi direto "Acho um saco! Uma gente que rouba você. Que te esgota. Que te incomoda. Que te cerca... Mas temos que conviver com eles", critica.

Pedro Cardoso detona no programa Na Moral

O fotógrafo Felipe Panfili e o ator Pedro Cardoso deram uma entrevista a Pedro Bial no programa Na Moral, da Rede Globo.

Pedro Bial apresentou Pedro Cardoso como inimigo n°1 dos paparazzi e que sua relação com eles era de amor e ódio (pessoas públicas e paparazzi). Onde está o amor?

“Bem, falta um personagem que é o capitalista”, disse o ator, referindo-se aos donos dos jornais e das revistas, acrescentando, em seguida, que o fotógrafo exercia um trabalho “medíocre”.

“Cada um tem sua vida particular, independente dessa natureza, dessa exposição pública. O inimigo é outra pessoa, é o cara que contrata este serviço”, comentou Pedro Cardoso.

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O fotógrafo rebateu os argumentos de Pedro Cardoso ressaltando que ele é uma pessoa atípica, difícil de ser fotografada e que ele não gostava de paparazzi e nem da imprensa. Panfili ainda fez questão de dizer durante a entrevista que a maioria de suas fotos era vendida para as revistas das Organizações Globo.

O fotógrafo comentou ainda que o pior está por vir. Uma vez que o mercado brasileiro está muito aquecido nesta área de paparazzi, principalmente com a vinda dos holywoodianos para cá a tendência é crescer, aumentar, pois qualquer pessoa com celular se torna um paparazzo.

Pedro Cardoso continuou argumentando que existe uma doença cultural e social e que a vida do artista é banal e simples como a de todo mundo.

Para concluir, essa entrevista resultou em uma grande saia justa para todos os envolvidos.

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1.2 O “interesse do público” e o “interesse público”

No programa Big Brother Brasil, uma polêmica foi instaurada devido às infelizes declarações do participante Marcelo Dourado, que afirmou não usar camisinha, pois, segundo ele, heterossexuais não pegam Aids e mulher não poderia passar a doença para homens. Devido a este desserviço prestado à população, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, Jefferson Aparecido Dias, instaurou uma ação contra a Rede Globo, exigindo que a emissora explique como se pega Aids, segundo critérios do Ministério da Saúde. A Globo acatou a decisão judicial e este fato pôs em discussão a diferença, dentro da Comunicação Social, entre “interesse do público” e “interesse público”. O primeiro não é muito difícil de definir, basta pegarmos algumas pesquisas de recepção e audiência, alguns programas que mais chamam a atenção e saberemos o que o público brasileiro gosta de ver.

Entre estes sucessos, está o BBB, que em sua décima terceira edição ainda cativa os corações dos brasileiros. Mas, a situação torna-se mais difícil quando falamos do “interesse público”. Sabemos, na maioria dos casos, o que é algo importante para a coletividade. A prevenção de uma epidemia ou a data de cadastramento na Bolsa Família são informações claramente de interesse público, assim como campanhas contra a violência doméstica, a difusão da cultura regional, além de outros. Mas, a grande questão está em como fazer com que as empresas de comunicação cumpram com seu papel, dentro da lei, respondendo aos requisitos básicos para uma concessão pública e respeitando os Direitos Humanos.

Assim está na Constituição:

“Título VIII (Da Ordem Social), Capítulo V (Da Comunicação Social). Art. 221 – A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; 22

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.”

Interesse público - é o interesse que concerne à coletividade. Princípio do interesse público - A finalidade da lei sempre será a realização do interesse público, entendido como o interesse da coletividade. Cada norma visa à satisfação de um determinado interesse público, mas a concretização de cada específico interesse público concorre para a realização do interesse público em sentido amplo (interesse comum a todos os cidadãos). O interesse público deve ser conceituado como interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da sociedade. Princípio da indisponibilidade do interesse público - Princípio segundo o qual o representante do poder público em juízo só pode transigir nos casos previstos em legislação.

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1.3 O humorístico A Vida Alheia explora a relação entre famosos e a imprensa

Miguel Falabella tem um senso de humor aguçado e é capaz de brincar com suas próprias fraquezas. Tanto ele quanto seus colegas de profissão serviram de inspiração para o programa humorístico “A Vida Alheia”, na Globo. “Durante um jantar com a Cláudia Jimenez fiz graça com um paparazzo e manifestei a ideia de usar essa relação das celebridades com a imprensa em um projeto”. Ali começou a nascer “A Vida Alheia”, lembrou Miguel. Na história, Alberta Peçanha, personagem de Cláudia Jimenez, é a editora de a “A Vida Alheia”, publicação semanal especializada em escândalos flagrados pelas lentes dos paparazzi. Para ilustrar os conflitos que geralmente acontecem entre a imprensa especializada e as celebridades, a discussão do programa estava na manchete a ser noticiada na publicação fictícia. Na pele dos perseguidos pela mídia, a equipe contava com participações especiais, como a modelo Isabelli Fontana e a atriz Tereza Rachel. “A principal questão retratada em cada episódio é quem será a capa da próxima edição”, explicou na lançamento do programa a diretora Cininha de Paula. Disposto a retratar com bom humor a exposição dos artistas na mídia, Miguel garantiu que nenhum caso descrito na série foi retirado da realidade. Mesmo assumindo que escreveu um capítulo em que um jogador de futebol era flagrado com um travesti. “É claro que as pessoas vão associar a algo que já viram com alguma celebridade. A inspiração sempre existe, mas não em situações particulares”, despistou na ocasião. Há o direito à informação da sociedade, bem como o direito à intimidade e privacidade das celebridades que merecem igual proteção. Atualmente, o termo paparazzi está intimamente associado a um fotógrafo de comportamento mais agressivo, que assedia, persegue ou se intromete indevidamente na vida das celebridades com o intuito de obter lucros à custa da intimidade alheia; e que realizam fotos para serem vendidas e publicadas em revistas especializadas. Dessa forma, a celebridade acaba por ter sua privacidade invadida, tanto em relação a assuntos de interesse público relacionados com sua atividade profissional, quanto aos de interesse particular. Assim sendo, observa-se que há de se impor certos limites à atuação dos paparazzi. A liberdade de imprensa inclui os direitos de se ter informações sobre a vida das celebridades e os de publicar informações que sejam de interesse social relevante. No entanto, a liberdade de 24

imprensa não é ilimitada, pois o direito à privacidade geralmente é protegido contra quatro tipos de intromissões indevidas:

a) perturbação do direito de ficar só; b) revelação pública de fatos íntimos; c) divulgação de falsas notícias, como verdadeiras; e d) apropriação ou exploração comercial indevida do nome da celebridade ou de sua marca.

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1.4 Mídia e Identidade – O homem comum e a Celebridade na TV

A exibição de pessoas comuns como protagonistas, tomadas em seu ambiente privado ou expondo suas questões pessoais, compõem o quadro no qual se baseiam os “shows da realidade”. Desse modo, edifica-se, assim, uma narrativa que coincide com a construção da identidade do “homem comum”.

Na década de 90, houve uma explosão do que chamamos de “programas superpopulares”, que foram assim denominamos por apresentarem muita audiência ao explorar a vida íntima das pessoas na TV aberta. Tais programas tiveram seu ápice na década de 90 até os anos 2000. Depois, houve uma espécie de “ressaca” na TV, devido ao exagero. Hoje, no entanto, tal programação vem retomando e ganhando novo espaço e novo ar.

Os quinze minutos de fama passaram a ser esquecidos cada vez mais rápido. Personagens como os do Big Brother Brasil deixam de ser célebres logo após terminar o programa e, em alguns casos, até mesmo durante o “reality show” (quando são eliminados no início e o programa prossegue seus três meses). Se não são programas como o TV Fama, na RedeTV!, por exemplo, para revivê-los de tempo em tempo retratando como andam suas vidas, apenas eles mesmos, a família e, talvez, seu bairro, manteriam na mente a participação midiática.

Hoje, com uma nova roupagem, outros reality shows têm trabalhado a vida de artistas que não decolaram ou que estão por hora apagados na mídia. Esses entraram ainda mais no gosto do público por proporcionarem ao “homem comum” a possibilidade de “conhecer” o íntimo de um artista. Essa linha, também importada dos modelos americanos de TV, começou no Brasil com Silvio Santos na Casa dos Artistas, e, recente, foi aderido junto ao plano de reestruturação e crescimento da Record com a exibição do programa A Fazenda. Também neste gênero estão os programas com testes de memória que o SBT apresenta com famosos e não famosos.

E agora está aí o novo BBB. Repagina-se a casa, mudam-se os personagens, mas a história, os traços e os perfis se mantêm. Além do grande personagem de todas as edições do BBB que se tornou queridinho do público: o admirado jornalista e apresentador Pedro Bial, 26

que, hoje, demonstra estar à vontade com seu reality show. Vão surgindo novos meios, novas abordagens e remodelagens nas formas de apresentar o privado no público.

A Indústria Cultural transformou o que era belo e único na Cultura Erudita em modelo para o novo belo que se espalha e se reproduz na Cultura de Massa; quando a estética e a própria vida se adianta à arte, a beleza pode ser tocada por muitos e se reproduz e é consumida de forma massificada.

A Indústria Cultural nos propõe produtos instáveis, inconstantes, desenraizados. E ‘a vida se torna menos escrava dos bens materiais e mais escrava das futilidades’. E para criar novos modelos que afloraram o consumo impulsivo, ela aposta nos meios de comunicação e expande as celebridades da TV.

A cultura de massa produz seus heróis, decompondo o que é belo, sagrado e único, para construir celebridades que se tornam galãs, ídolos e campeões formados pela mídia. Esses deuses criados e sustentados pelo imaginário ditam normas de consumo e servem de sonhos e modelos para vida.

Segundo Edgar Morin, essas celebridades se igualam aos Olimpianos (com uma referência aos “Deuses do Olimpo”), ao elevarem suas vidas a um nível de estrelismo e passarem a ser idolatradas como deuses. Criam um mundo de sonhos e fantasias no resto da humanidade. Vivem uma vida dupla, meio real, meio fantástica, unindo sua beleza real às suas representações, passando a ser modelos de uma vida.

Esses artistas passam a ser sobre-humanos. Mesmo quando morrem materialmente, eles continuam existindo como personagens no mundo imaginário, nas revistas, nos jornais, nas rádios ou nos programas de TV, que reproduzem suas músicas, repetem novelas e filmes de que fizeram parte e, assim, esses célebres revivem seus atos nos meios de comunicação de massa (MCM) e no imaginário das pessoas.

Criando um mundo de sonhos e fantasias no “resto da humanidade”, as celebridades levam uma dupla vida, misturando o fictício com o real. São eles: artistas, atletas, playboys, patricinhas, líderes de opinião, “Deuses do Olimpo”, entre outros, que se destacam diante de uma sociedade passando a serem modelos de representações para uma vida. O famoso seria aquele que possui um equilíbrio em beleza, heroísmo, sucesso financeiro e carisma. 27

Sendo formatos de beleza e vendedores de produtos, eles realizam fantasias e satisfazem os anseios dos “meros mortais”, que os tratam como superiores fazendo deles seus ídolos, vestindo roupas parecidas, cortes de cabelo iguais ou pregando fotos por todas as partes da casa. Exemplo: Elvis Presley.

Estão sempre realizando sonhos; fazendo e sendo representações. Sendo eles um grande modelo da “Cultura de Massa” e do estrelato publicitário, “fazendo a comunicação entre três universos: o do imaginário, o da informação e dos conselhos e incitações de normas”. Com isso, é quebrado o modelo tradicional: “escola, família”, para que os Meios de Comunicação por meio deles ditem as novas normas a serem seguidas.

Os não famosos são os Homens Comuns, aqueles de vida simples, que constroem os fatos, mas que não ganham títulos. Com pouca aparição nos Meios de Comunicação, o homem comum vive idolatrando celebridades, vivendo de imitações, sempre copiando modelos impostos pelos famosos. Criam para si uma nova vida, a vida imaginária, misturando sua dura realidade (com mais trabalho do que diversão), com a emoção de uma novela, à paixão por seu cantor preferido e à satisfação de poder fazer de um célebre seu ídolo.

Analisar separadamente a vida do homem ordinário e a vida das celebridades é um ato quase impossível. A existência desses diferentes e quase opostos modos de vida depende uma da outra circunstancialmente.

Para constituir essa existência mútua e até fazê-las trocar de posições é que existem os Meios de Comunicação de Massa. São eles que apresentam um – Célebre – ao outro – ser ordinário, o homem comum. Fazendo dessa apresentação um círculo vicioso, onde os meios apresentam suas vedetes, criando celebridades que sustentam os meios, lhes dando audiência, sustentada pela massa, que é composta pelo homem comum – que ao mesmo tempo é recompensado a ter condições de ver e sentir algo que sua própria vida não é capaz de proporcionar.

E é essa transposição de atos (realidade – fantasia) que tem mudado a forma e a programação dos Meios de Comunicação. Tirando o homem comum do seu mundo ilusório, fazendo-o ser vedete por um dia, mostrando sua vida privada – antes desinteressante – ser de interesse do público de alguma forma. E é essa pessoa comum que vem, cada vez mais, mostrando sua cara e até mesmo se unindo às celebridades nos programas de TV. 28

O seu papel nesses programas é ser atendido na realização de um sonho; ficar cara a cara com seu ídolo; expor um fato engraçado ou trágico da sua vida; jogar em troca de prêmios; mostrar que é uma vítima do destino através do sofrimento vivido e até mesmo servir de “palhaço” (arrancando risos em vídeos cacetadas ou contando fatos íntimos de sua vida).

“É provável que, em média, o conhecimento dos americanos a respeito das vidas, dos amores e neuroses de semideuses e deusas que vivem nas alturas olimpianas de Bervely Hills ultrapasse de muito seus conhecimentos nos negócios cívicos”. (B. Rosenberg e D. Manning White)

As pessoas, num âmbito geral, têm grandes interesses por seus ídolos do esporte, da música e da TV, e com essa programação superpopular que vem invadindo o dia a dia da TV brasileira, a condição do fã saber e até conhecer seu ídolo se tornou potencializada e o homem comum deixou de viver o imaginário com seu ídolo para compartilhar com ele seus gostos e preferências por meio da TV.

Podemos perceber que celebridades e pessoas comuns existem. Podem até ter aparições juntas, contudo, não se misturam nem se confundem na grade da programação superpopular brasileira. Pois, embora estejam apenas representando papéis, estes são bem definidos e separáveis. Principalmente, se estão num encontro de fã mais ídolos é que cada um representa sua função e reafirma seu lugar, o de ser idolatrado e o de idolatrar.

Uma pessoa se torna famosa quando aparece no jornal, revista, rádio e televisão, e a condição para que ela permaneça assim, é que essa aparição se mantenha com frequência.

Contudo, mesmo com um sucesso flutuante e dependente de muitas estratégias da mídia, as celebridades têm uma presença marcante, um brilho próprio, uma aura que não é esquecida com facilidade (envolve beleza, carisma, inteligência, enfim, ser referência), diferente do homem comum que tem um tempo de aparição reduzido e que não consegue fixar sua imagem para os telespectadores pelo brilho, aura e presença marcante que o falta.

Um homem comum pode se tornar ídolo desde que constitua um brilho necessário (o que não é comum de acontecer). 29

Nestes vários programas superpopulares temos um caso comum a ser citado: Grazi Massafera entrou em um reality show em busca de um prêmio, de uma realização, de um sonho, contudo, caiu no gosto do telespectador, com uma imagem que poderia ser trabalhada pela mídia exaltando sua beleza e carisma. Entrou para os 15 minutos de fama, mas diferente dos demais colegas BBBs passou a ter presença marcante em diversas mídias ao mesmo tempo, tornando-se “global”, namorando e casando-se com um artista querido e popular, e deixando o papel de gente comum para ídolo da TV. Isso tudo, em menos de dois anos… Mas deve-se considerar que o brio já estava lá.

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1.5 Cultura da Mídia e Celebridades

Como celebridades, podemos considerar artistas, playboys, líderes de opinião, entre outros. São pessoas que se destacam diante da sociedade passando a ser modelos de representações para uma vida. Alguns exemplos: família Huck, Sandy, Michael Jackson, The Beatles, entre outros. Pessoas famosas são aquelas que conseguem equilibrar beleza, heroísmo, sucesso financeiro e carisma. Morin propõe que as celebridades elaborem sua conduta privada de maneira comum. Nesse contexto, elas assumem e propõem aos seus públicos uma multiplicidade de papéis. A indústria cultural aposta nos meios de comunicação e expande as celebridades da TV, produzindo seus heróis com a finalidade de construir celebridades rentáveis. Esses deuses criados e sustentados pelo imaginário ditam normas de consumo e, servem de sonhos e modelos, para a vida. Com isso, a grande massa cria para si uma vida imaginária, misturando sua realidade (que não é glamourosa), com a emoção de um filme, a paixão pelo seu cantor preferido e à satisfação de poder fazer de um célebre, seu ídolo.

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1.6 A Mídia e a Intimidade

Um exemplo claro disto é o programa Big Brother, baseado, no romance de George Orwell, 1984, no qual o Big Brother vigia a atividade de todos os membros da comunidade, mesmo no interior das casas, por meio televisivo.

O grande problema da invasão da privacidade é o dano que esta provoca, já que uma pessoa pode levar anos construindo uma imagem, e esta ser dizimada em fração de segundo por uma fotografia indevida...

Desta forma, o conceito de intimidade refere-se às relações subjetivas e de foro íntimo das pessoas, como as relações familiares e de amizade. Já o conceito de vida privada engloba todos os relacionamentos das pessoas, inclusive os objetivos, como relações de trabalho.

Também, deve-se ressaltar a diferença entre intimidade e honra, no qual esta última abrange além da boa fama, consideração social, o sentimento íntimo que reflete do conceito sobre a dignidade pessoal. Já a intimidade é a vida intima de uma pessoa, ao quais os demais, não podem, não devem e não têm acesso, sem consentimento expresso da pessoa. .

Os casos em que esta incursão não autorizada acontece com maior freqüência, são, sem dúvida alguma, em personalidades notórias. É inegável que a vida privada de um artista, um jogador de futebol é muito mais diminuta do que um cidadão comum.

Isto ocorre, devido ao interesse da sociedade em saber o que se passa, e de que forma essas personalidades conduzem sua vida, seja no dia a dia, na intimidade, e no relacionamento com as demais pessoas, famosas ou não.

O que não se pode confundir é que uma celebridade tem a sua intimidade reduzida, mas jamais abolida. Sempre terá direito a preservar uma parte de sua vida que não interessa a ninguém, uma intimidade particular, que os demais somente terão acesso se autorizados.

São aqueles momentos em que uma pessoa notória pode fazer suas atividades sem ter de prestar qualquer tipo de satisfação, de expor a quem quer que seja, desde ir a um cinema, como a celebrar um casamento.

É falso o entendimento de que alguns jornalistas possuem, de que uma personalidade não tem qualquer intimidade, por ter uma vida pública, todos os seus atos devem ser de conhecimento público. 32

Em nenhum momento a imprensa tem o direito de invadir a privacidade de quem quer que seja, seja no âmbito confidencial, como na sua "intimidade mais intima", sem o expresso consentimento deste.

Exatamente, por várias vezes não conseguir obter um "furo de reportagem", ou seja, um fato exclusivo sobre determinada personalidade, que muitas vezes alguns degradam para o lado invasivo. Casos de informações falsas, forjadas, manipuladas pela mídia, de acordo com seu interesse, podendo, além disso, aumentar os fatos demasiadamente.

Na ânsia de publicar um fato, um jornalista pode produzir uma noticia enganosa, que pode macular a imagem da personalidade, ou denegri-la ante as pessoas que a têm em elevada estima.

Temos dois tipos de invasão de intimidade: uma no qual a pessoa tem uma imagem sua reproduzida, seja por filme, foto, ou descrição de quem a obteve, ou alguém que obteve as mesmas coisas acima descritas, mediante sua participação e a divulgou indevidamente. .

Exatamente desta última situação surgiram os "paparazzi", ou seja, aqueles que não respeitam os limites impostos pelas celebridades e fazem coisas impensadas e até mesmo inimagináveis para surpreendê-las numa situação constrangedora, e obterem o "sonhado" furo de reportagem.

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CONCLUSÃO

O direito à intimidade de qualquer pessoa, seja um cidadão comum, ou uma celebridade é o mesmo, o que é distinto é a proporção, no caso de um famoso a intimidade é sensivelmente reduzida.

Contudo, em nenhum momento, qualquer meio de comunicação, que se utilize da tecnologia, para obter os fatos íntimos da vida de uma pessoa notória, deve adquiri-los de forma ilegítima, ou seja, sem o expresso consentimento da pessoa em questão.

Não se pode deixar de destacar a importância do consentimento de quem está sendo filmado ou fotografado, pois se tal ocorre, inexiste violação da intimidade. Assim, o que seria ilícito, torna-se perfeitamente jurídico se houver anuência daquele cuja intimidade está em jogo. Isto porque o direito à intimidade é, talvez, o direito da personalidade em que se apresenta mais delineado o arbítrio humano, já que a licitude do ato depende da vontade de quem o autoriza, desde que esta autorização não vá de encontro à lei, aos bons costumes e à ordem pública.

Desta forma, constitui ofensas ao direito à intimidade de qualquer cidadão, violação de domicílio ou de correspondência; uso de binóculos para espreitar o que ocorre dentro de determinada casa; instalação de aparelhos para captar sub-repticiamente conversas ou imagens ou copiar documentos de residência ou repartições de trabalho; intrusão injustificada no recolhimento de uma pessoa observando-a, seguindo-a, telefonando-lhe, escrevendo-lhe; interceptação de conversas telefônicas. E, mesmo tendo obtido autorização, isso não significa estar esta pessoa a mercê de novas abordagens, visto que novamente deverá estar autorizando a fazê-lo.

Pode parecer irreal, haja vista a grande quantidade de fotos e imagens obtidas sem a autorização das pessoas envolvidas, propiciando ao autor da proeza, glórias por seu feito. Como se a invasão da intimidade alheia fosse um prêmio. Muitas vezes, resultando no pagamento de altas quantias por material "inédito".

Quando tais fatos ocorrem, a vítima tem proteção constitucional, artigo 5°, X, sendo devida uma indenização por danos à imagem.

A mídia não pode ser responsabilizada nos casos em que a própria pessoa autoriza a divulgação de sua intimidade, como é o caso do programa BIG BROTHER, no qual o 34

participante tem total ciência de que não terá direito a nenhuma intimidade, e sofrerá uma exposição de sua imagem por 24 horas diárias até quando durar sua participação no programa.

Neste caso, não há que se falar em invasão de privacidade ou intimidade, porque fora exatamente a pessoa que "convidou" os demais a participarem de sua intimidade.

Não obstante, pode e deve ser penalizada quando ultrapassar os limites impostos pelas personalidades, e na ausência de regramentos, o senso comum impera, uma vez que não faça com o próximo o que não gostaria que fizessem com você.

O mundo está mudando, a exposição está cada vez maior, mas certos limites devem ser respeitados, ninguém pode violar a intimidade de outrem.

Que a mídia acompanhe as pessoas famosas, noticiando suas atividades, sem impedimento algum, porém não pode, em hipótese alguma constranger, assediar indevidamente, intimidar tal pessoa para conseguir tal informação, para isto, tem de fazer imperiosa a aplicação dos ditames constitucionais e preservar a pessoa humana, acima da celebridade.

Enfim, o bom senso entre as partes deve sempre prevalecer.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fonte: Blog do Emílio Figueira (http://blog.emiliofigueira.com/2008/08/27/luz-camera- iluzao-alienacao/#more-46)