Dissertação Nova Versão.Pdf
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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, na área de especialização em Relações Internacionais, realizada sob a orientação científica do Prof. Doutor Manuel Filipe Canaveira Aos meus avós AGRADECIMENTOS Ao Senhor Professor Doutor Manuel Filipe Canaveira, que acreditou em mim e no interesse do tema que me propus tratar. O REGIME DO ESTADO NOVO E A SUA POSIÇÃO FACE À GUERRA CIVIL DE ESPANHA, 1936-1939 Afonso Manuel Martins dos Santos Proença de Carvalho Dissertação de Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais na área de especialização em Relações Internacionais Versão corrigida e melhorada após defesa pública julho de 2018 RESUMO Como é sabido, a tomada de posição de um Estado face a um conflito armado no interior de outro Estado tem consequências na área das relações internacionais. Esta linha de investigação é reforçada na medida em que a Guerra Civil Espanhola se insere num contexto mais vasto de participação (direta e indireta) de outras potências em vésperas da Segunda Guerra Mundial, sendo que o conflito irá ter repercussões e agravar não só o precário equilíbrio existente entre países democráticos e autocráticos, como se irá refletir no interior das próprias potências democráticas. Por seu turno, as semelhanças entre a ideologia política que enforma o regime do Estado Novo e a ideologia de um dos contendores, concretamente a das forças nacionalistas espanholas, poderão estar de alguma forma parcialmente associadas. Acresce o facto de Portugal e Espanha terem fronteiras entre si e o conflito espanhol ser considerado por muitos o acontecimento mais importante dos anos 1919 a 1939. É neste contexto que surge o presente trabalho com o intuito de perceber e caraterizar as relações entre os dois países durante o hiato temporal em consideração. Palavras-chave: Relações Internacionais, Diplomacia, Regime do Estado Novo, Guerra Civil de Espanha, Forças Nacionalistas ABSTRACT As it is known, the position of a State regarding an armed conflict within another State has consequences in the international relations area. This line of research is reinforced since the Spanish Civil War inserts in a more vast context of (direct or indirect) participation of other powers on the eves of the Second World War, being that the conflict will have repercussions and worsen not only the precarious balance prevailing between democratic and autocratic countries, as it will be reflected within the democratic powers themselves. In turn, the similarities between a political view that shapes the Estado Novo and the ideology of one of the contenders, concretely the spanish nationalist forces, may be partially associated in some way. Plus the fact that Portugal and Spain have boundaries between them and the spanish conflict be considered the most important event from 1919 to 1939. It is in this context that arises the present work in order to know and characterize the relations between the two countries during the temporal hiatus in consideration. Keywords: International Relations, Diplomacy, Estado Novo Regime, Spanish Civil War, Nationalist Forces ÍNDICE Capítulo I – Introdução…………………………………………………………………. 1 I. 1. Objetivos do trabalho…………………………………………………………. 1 I. 2. Definição das hipóteses em estudo……………………………………………. 2 I. 3. Estrutura do trabalho………………………………………………………….. 2 I. 4. Metodologia.…………...……………………………………………………... 3 Capítulo II – O Regime do Estado Novo e a sua posição face à Guerra Civil de Espanha, 1936-1939………………………………………………………………………………. 4 II. 1. A Guerra Civil de Espanha como o acontecimento mais importante dos anos 1919 a 1939…………………………………………………………………………….. 4 II. 2. Os Antecedentes da Guerra Civil espanhola………………………………... 11 II. 2.1. Da 2ª república às eleições de fevereiro de 1936…………………………. 11 II. 2.1.1. O Biénio 1931-1933…………………………………………………….. 14 II. 2.1.2. O Biénio 1934-1936…………………………………………………….. 17 II. 2.2. Fevereiro-julho de 1936. Das eleições ao pronunciamento………………. 19 II. 3. O Início da Guerra Civil de Espanha……………………………………….. 21 II. 4. O Contexto internacional da Guerra Civil de Espanha. Breve panorâmica… 24 II. 5. As Teses realistas e as ideologias políticas. Breve síntese…………………. 29 II. 6. Fascismo, autocracia e identidade política do regime salazarista…………... 30 II. 7. A Identidade política da génese do regime franquista. Síntese…………….. 48 II. 8. Breve referência ao iberismo……………………………………………….. 54 II. 9. A Interação do Estado Novo com as forças nacionalistas nas vésperas do conflito………………………………………………………………………………… 56 II. 10. O Endurecimento do regime e o aumento dos poderes de Salazar como consequência da situação espanhola…………………………………………………... 61 II. 11. O Estado Novo e os primeiros meses do conflito espanhol……………….. 63 II. 11.1. O Auxílio disfarçado do Estado Novo às forças nacionalistas. As facilidades concedidas………………………………………………………………… 68 II. 11.2. O Apoio militar encapotado do Estado Novo aos nacionalistas. Os Viriatos……………………………………………………………………………...… 71 II. 11.3. O Apoio financeiro à causa nacionalista…………………………………. 75 II. 11.4. O Tratamento dos refugiados republicanos……………………………… 76 II. 11.5. O Estado Novo e o Acordo de Não-Intervenção. O Comité de Controlo... 79 II. 11.6. A Posição de Portugal na Assembleia da Sociedade das Nações face ao conflito espanhol………………………………………………………………………. 86 II. 11.7. O Corte de relações com a República Espanhola e o reconhecimento de facto do Governo de Burgos…………………………………………………………... 88 II. 12. 1937: O Ano de todas as tensões…………………………...………………. 90 II. 12.1. A Aliança luso-britânica em crise. A questão do rearmamento…………... 91 II. 12.2. A Caminho do reconhecimento de jure do Governo de Burgos. O reajustamento da Aliança luso-britânica……………………………………………... 102 II. 12.3. A Questão Colonial……………………………………………………… 104 II. 13. O Reconhecimento de jure do Governo nacionalista……………………… 106 II. 14. A Falange e as tentações anexionistas…………………………………….. 107 II. 15. Os Acordos de Munique e o Estado Novo………………………………… 110 II. 16. As Últimas ações do Estado Novo sintonizadas com as forças franquistas. 111 II. 17. O Tratado de Amizade e Não-Agressão com a Espanha como o corolário final da colaboração entre a Espanha franquista e o Portugal salazarista. O desanuviamento e o reforço da Aliança luso-britânica………………………………………………….. 112 Capítulo III – Resultados…………………………………………………………….. 117 Capítulo IV – Conclusão…………………………………………………………….. 119 LISTA DE ABREVIATURAS CEDA (Confederação Espanhola das Direitas Autónomas) CNT (Central Sindical Anarcossindicalista) DGS (Direção Geral de Segurança) FAI (Federação Anarquista Ibérica) FNAT (Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho) JONS (Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista) NKVD (Ministério do Interior da URSS) ORA (Organização Revolucionária da Armada) PCI (Partido Comunista Italiano) PCP (Partido Comunista Português) PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) POUM (Partido Obrero de Unificação Marxista) PVDE (Polícia de Vigilância e do Estado) UGT (União Geral de Trabalhadores) URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO O ponto de partida da investigação é tentar perceber o impacto da ideologia do Estado Novo na tomada de posição do regime face aos antagonistas na Guerra Civil Espanhola. Será que a identidade política do regime do Estado Novo teve uma importância decisiva na posição que Portugal assumiu perante o conflito ou temos também de relevar razões extrínsecas com peso equivalente ou ainda mais determinante? Em consequência, a presente exposição visa responder à seguinte pergunta de partida: a política diplomática de Salazar veiculou de forma reiterada e constante simpatias pró- nacionalistas e ou refugiou-se na neutralidade? Ao tentarmos responder a esta interrogação procuraremos encontrar as razões justificativas que nortearam a ação política do regime salazarista relativamente à Guerra Civil Espanhola, assim como os meios e instrumentos utilizados para a sua concretização. I. 1. OBJETIVOS DO TRABALHO No caso específico deste trabalho, e sustentando-nos na pergunta de partida, o que se pretende é desde logo esclarecer que ações estratégicas e diplomáticas foram formuladas como instrumentos da política externa, tentando perceber o contexto em que as mesmas se desenvolveram, assim como os fins e objetivos que perseguiram. Através do contexto histórico e também das questões relativas à sobrevivência do regime do Estado Novo, bem como dos traços ideológicos do salazarismo e das forças nacionalistas, iremos tentar obter uma resposta para o problema de investigação. No final do trabalho pretenderemos saber se, de facto, o regime do Estado Novo por força das suas coordenadas ideológicas e ou por razões da sua própria sobrevivência manteve uma posição de neutralidade ou manifestou de uma forma reiterada e constante simpatias pró-nacionalistas. Por seu turno, interessará averiguar se essas mesmas posições evoluíram com o desenvolvimento do conflito ou se não sofreram alterações significativas. 1 Uma vez identificado o problema e definidos os objetivos, decidiu-se pelo modelo de análise conhecido como o Estudo de Caso. I. 2. DEFINIÇÃO DAS HIPÓTESES EM ESTUDO Como é reconhecido, um modelo de análise pretende relacionar de forma operacional os principais aspetos que serão ponderados ao longo da investigação em curso, tais como a observação dos factos e a análise dos resultados. Assim, e tendo como base a questão de partida, foram definidas as seguintes hipóteses de trabalho a validar: H1 – A ideologia do Estado