Do rural ao urbano Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em

Margarida Isabel Correia Rodrigues (Licenciada)

Dissertação de natureza científica para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura, especialização em Urbanismo

Orientação Científica: Professora Doutora Maria Manuela da Fonte Professor Doutor José Luís Crespo

Júri: Presidente: Professora Doutora Filipa Viegas Serpa dos Santos Vogal: Professora Doutora Maria da Graça dos Santos Antunes Moreira

Documento Definitivo Lisboa, FA.ULisboa, Maio, 2020

(…) our current obsession with only the city is highly irresponsible because you cannot understand the city without understanding the countryside. Rem Koolhaas (2014, s.p.)

Agradecimentos

Num processo como este, longo e trabalhoso, cheio de certezas e incertezas, inúmeros desafios e vários percalços pelo caminho, entramos numa longa viagem onde reunimos contributos de várias pessoas que foram indispensáveis para este trabalho de mestrado.

Deste modo, venho agradecer aos meus orientadores, Professor José Luís Crespo e Maria Manuela da Fonte, pela paciência, disponibilidade e por todo o conhecimento que me foram transmitindo ao longo destes anos.

Aos meus pais, pela força que me têm dado e por me puderem dar esta oportunidade.

Aos meus colegas e amigos que caminharam comigo, sempre dando o ânimo possível que era imprescindível emocionalmente e intelectualmente.

A ti, Carlos, o meu enorme agradecimento, pois estiveste sempre ao meu lado e sem ti isto seria ainda mais difícil.

Por fim, agradecer a todos os que deram um pouco de si, e que confiaram em mim.

Muito obrigada

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Índice

Índice de figuras ...... iv

Índice de tabelas...... x

Resumo ...... xii

Abstract...... xiv

Introdução ...... 1

I.I O Tema e a problemática ...... 1 I.II Delimitação da área de estudo ...... 2 I.III Argumentos e hipóteses ...... 3 I.IV Objetivos ...... 4 I.V Metodologia...... 7

Capítulo I – Enquadramento temática ...... 9

1.1 Espaço Rural e Espaço Urbano ...... 9 1.1.1 Integração do rural com o urbano nos Planos e Legislação em …………………………………………………………………………………………………….15 1.1.2 Desenvolvimento Rural e Urbano ...... 18 1.2 Património ...... 24 1.2.1 Património Cultural ...... 28 1.2.2 Paisagem ...... 32 1.2.3 Núcleos históricos ...... 37 1.2.3 Rotas Históricas ...... 39 1.3 Turismo como forma de sustentar o espaço rural ...... 47

Capítulo II – Caracterização Área de estudo ...... 57

2.1 Enquadramento Geográfico ...... 58 2.2 Caracterização Física ...... 59 2.2.1 Caracterização geológica ...... 60

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2.2.2 Exposição ...... 62 2.2.3 Declive ...... 63 2.3 Caracterização Social e Demográfica ...... 64 2.4 Caracterização do Edificado ...... 73

Capítulo III – O rural e urbano em Bucelas – COS e população por sectores

...... 85

Capítulo IV – Património e Paisagem em Bucelas ...... 95

4.1 Caracterização do Património ...... 100 4.2 Rotas em Bucelas ...... 121

Capítulo V – Turismo como forma de sustentar o espaço urbano e rural em

Bucelas ...... 129

5.1 Produtos locais ...... 133 5.2 Revitalização do espaço público como forma de permanência (Hipóteses de resolução) ...... 135

Capítulo VI – Considerações Finais ...... 147

Bibliografia ...... 151

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Índice de figuras

Figura 1 - Crescimento da população urbana, semi-urbana e rural. In Peixoto, 1987...... 11 Figura 2 - Esquema dos desafios propostos pela PAC no período 2014/2020 (REALINHO, 2013) ...... 22 Figura 3 - - Novo Quadro Desenvolvimento Rural (REALINHO, 2013) ...... 23 Figura 4 - Contrato de parceria - Diretrizes (REALINHO, 2013) ...... 23 Figura 5 - Forte do Arpim - paisagem humanizada (Fonte: autora) ...... 35 Figura 6 - Carta das Linhas de Torres Vedras e sua ligação com Lisboa nos anos de 1810 e 1811 (http://www.cm-arruda.pt/rota-historica-das-linhas- de-torres) ...... 40 Figura 7 - Esquema da primeira Linha defensiva de Torres Vedras (CILT)... 41 Figura 8 - Esquema do circuito de Wellington (CILT) ...... 41 Figura 9 - Linhas de Defesa de Torres Vedras (Fonte: Guia das Rotas de Linhas de Torres Vedras) ...... 42 Figura 10 - Esquema da Rota das Linhas de Torres Vedras (https://www.rhlt.pt/pt/o-no-das-linhas/) ...... 43 Figura 11 - A - Circuito de Alrota/ Arpim (autoria própria); B - Serra de Alrota; C - Carta Serra de Alrota - Obra n. º18 Fortim da Ajuda Grande (Carta cedida pelo Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de ) ...... 44 Figura 12 - Museu da Vinha e do Vinho, onde se situa o centro de interpretação da Rota das Linhas de Torres Vedras (Autoria da própria) ... 45 Figura 13 - Quinta do Fortunato, paisagem (Autoria: Paulo Carvalho, fotografias retiradas do site archdaily) ...... 52 Figura 14 - Quinta do Fortunato, vistas interiores (Autoria: Paulo Carvalho, fotografias retiradas do site Archdaily) ...... 53 Figura 15 - Master plan Castelo de Buñol e respetivas perspetivas do espaço (foto retirada do site https://aproplan.pt/portfolio/concurso-recuperacao- do-castelo-bunol-envolvente/) ...... 54

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Figura 16 - Projeto Viver o Payva D'Ouro - elaborado pelo atelier AGROplan (imagens retiradas do site: https://aproplan.pt/portfolio/viver-o-payva- douro/) ...... 55 Figura 17 - Enquadramento Geográfico ...... 58 Figura 18 - Delimitação da freguesia de Bucelas, modelo numérico de elevação (MNE) ...... 59 Figura 19 - Unidades Litológicas da freguesia de Bucelas ...... 61 Figura 20 - Exposição das vertentes na freguesia de Bucelas ...... 62 Figura 21 - Declive em grau na freguesia de Bucelas ...... 63 Figura 22 - Número de indivíduos residentes ...... 66 Figura 23 - Número de indivíduos presentes ...... 67 Figura 24 - Número de residentes empregados ...... 68 Figura 25 - População desempregada à procura de primeiro emprego ...... 69 Figura 26 - População desempregada à procura de emprego ...... 70 Figura 27 - População reformada ...... 70 Figura 28 -Número total de edifícios por subsecção estatística entre anteriormente a 1919 e 2011 ...... 75 Figura 29 - Número de edificado construído. A - Anterior a 1919; B – 1919 a 1945; C – 1946 a 1960; D – 1961 a 1970; E – 1971 a 1980; F - 1981 a 1990; G – 1991 a 1995; H – 1996 a 2000; I – 2001 a 2005; J – 2006 a 2011 ...... 81 Figura 30 - Modelo Territorial - AML (Fonte: CM Loures) ...... 83 Figura 31 - Esquema do Modelo territorial do concelho de Loures (Fonte: CM Loures) ...... 83 Figura 32 - COS97. Dados cedidos pela DGT ...... 85 Figura 33 - COS2007. Dados cedidos pela DGT ...... 86 Figura 34 - COS2010. Dados cedidos pela DGT ...... 86 Figura 35 - COS2015. Dados cedidos pela DGT ...... 87 Figura 36 - COS2018. Dados cedidos pela DGT ...... 87 Figura 37 - COS 2015 com menos classes ...... 89 Figura 38 - Solo rural e solo urbano ...... 89

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Figura 39 - População sem atividade económica ...... 90 Figura 40 - População residente empregada no sector primário ...... 91 Figura 41 - Número de indivíduos empregados no sector secundário ...... 92 Figura 42 - Número de indivíduos empregados no sector terciário ...... 93 Figura 43 - Imagem esquerda - Quartel dos Bombeiros Voluntários de Bucelas, imagem direita – Coletividade da Banda Musical de Bucelas (fonte: autora)...... 95 Figura 44 - Vinhas de Bucelas. Vista do Monte Serves (Fonte: autora) ...... 97 Figura 45 - Esquema cronológico da evolução do Património em Bucelas (Fonte: autora)...... 99 Figura 46 - Localização igreja Matriz de Bucelas (Fonte: autora) ...... 100 Figura 47 - Igreja Matriz de Bucelas (Fonte: autora) ...... 101 Figura 48 - Maqueta da Igreja Matriz de Bucelas - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora) ...... 101 Figura 49 - Cipo Romano ou Pedra da Memória (Fonte: autora) ...... 102 Figura 50 - Localização do Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora) ... 103 Figura 51 - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora)...... 104 Figura 52 - Museu da Vinha e do Vinho - Principais fases de trabalho da vinha interativo (Fonte: autora)...... 105 Figura 53 - Exposição temporária no Museu da Vinha e do Vinho intitulada "Largo do antigo cemitério do Espírito Santo” (Fonte: autora)...... 106 Figura 54 - Fotografias do Centro de interpretação das Linhas de Torres Vedras (Fonte: autora)...... 106 Figura 55 - Localização do coreto oitocentista e chafariz, situado na Praça Tomás José Machado (Fonte: autora)...... 107 Figura 56- Praça Tomás José Machado (Fonte: autora) ...... 108 Figura 57 - Coreto Oitocentista (Fonte: autora) ...... 108 Figura 58 - Chafariz oitocentista (Fonte: autora) ...... 109 Figura 59 - Casa antiga (Fonte: autora) ...... 110 Figura 60 - Fachada da "casa antiga" (Fonte: autora)...... 110

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Figura 61 - Localização do Paço do Sr. da Paciência (Fonte: autora) ...... 111 Figura 62 – Capela da Nossa Sra. da Paciência (Fonte: autora)...... 112 Figura 63 - Localização Capela de São Roque - Vila de Rei (Fonte: autora) ...... 112 Figura 64- Capela de São Roque - Vila de Rei (Fonte: autora)...... 113 Figura 65 - Localização da Capela da Nossa Sra. da Paz (Fonte: autora) ... 113 Figura 66- Capela da Nossa Sra. da Paz (fotografia retirada do site da Câmara Municipal de Loures - https://www.cm- loures.pt/AreaConteudo.aspx?DisplayId=1033) ...... 114 Figura 67 - Localização da Capela da Nossa Sra. da Conceição da Pedra - Chamboeira /Freixial (Fonte: autora) ...... 115 Figura 68 - Capela Nossa Sra. da Conceição da Pedra (Fonte: autora) ...... 116 Figura 69 - Localização do Palácio do Conde de Rio Seco (Fonte: autora) 117 Figura 70 – Palácio do Conde do Rio Seco, atual Palácio do Freixial – Residência sénior (Fonte: autora)...... 117 Figura 71 - Chafariz Oitocentista do Freixial (Fonte: autora) ...... 118 Figura 72- Localização Forte do Arpim - Serra de Alota (Fonte: autora) ... 119 Figura 73 - Forte da ajuda grande - serra de Alrota (Fonte: autora) ...... 119 Figura 74 - Forte do Arpim (Fonte: autora) ...... 120 Figura 75- Forte do Arpim - (Fonte: autora) ...... 120 Figura 76 - Rota histórica das Linhas de Torres - circuitos: Alrota/Arpim/Ribas (imagem retirada da Câmara Municipal de Loures) ...... 121 Figura 77 - Marco geodésico Forte da Ajuda Grande (Fonte: autora)...... 122 Figura 78 - Maqueta do Forte da Ajuda Grande - inserido na exposição do Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas (Fonte: autora)...... 123 Figura 79 - Maqueta do Forte do Arpim - inserido na exposição do Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas (Fonte: autora)...... 124 Figura 80 - Circuito Alrota/Arpim (fotografia retirada de folheto da Câmara Municipal de Loures) ...... 124

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Figura 81 - Percurso Reduto de Ribas (http://jf-fanhoes.pt/?page_id=3136) ...... 125 Figura 82 - Mapa da Rota dos Vinhos - Bucelas / Carcavelos / Colares (http://www.rotadosvinhosbcc.com/bcc/pt/)...... 126 Figura 83 - Percursos da Rota dos Vinhos, dividido em três fases (https://i1.wp.com/www.clubevinhosportugueses.pt/wpcontent/uploads/ 2014/11/rota_bucelas.png)...... 127 Figura 84 - Mapa Turístico de Loures (Câmara Municipal de Loures) ...... 128 Figura 85 - Exposição - Museu do Vinho e da Vinha (Fonte: autora)...... 128 Figura 86 - Alojamento local na zona de Bucelas , plataforma Airbnb (https://www.airbnb.pt/s/BucelasPortugal/homes?refinement_paths%5B% 5D=%2Fhomes¤t_tab_id=home_tab&selected_tab_id=home_tab&s ource=mc_search_bar&search_type=unknown&screen_size=large&hide_d ates_and_guests_fi) ...... 129 Figura 87 - Figura 89 - Alojamento local na zona de Bucelas, plataforma Booking - https://www.booking.com ...... 130 Figura 88 - Mapa das Quintas existentes em Bucelas (Fonte: autora)...... 130 Figura 89 - Quinta da Romeira (Fonte: autora) ...... 131 Figura 90 - Quinta Chão de Prado (Fonte: autora) ...... 132 Figura 91 - Exemplo de cartazes da Festa do Vinho e das Vindimas. CM Loures ...... 134 Figura 92 - Saberes e fazeres retrata algumas das profissões existentes na freguesia de Bucelas ligadas à vinicultura - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora) ...... 134 Figura 93 - Áreas de Reabilitação Urbano Freguesia de Bucelas (autora) . 135 Figura 94 - Limite da área de reabilitação urbana, Bucelas e Vila de Rei (A1) (autora)...... 137 Figura 95 - Limite da área de reabilitação urbana, Freixial e Chamboeira (A2) (autora)...... 138

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Figura 96 - Limite da área de reabilitação urbana Bemposta (A3) (autora) ...... 139 Figura 97 - Limite da área de reabilitação urbana Vila Nova (A4) (autora) 140 Figura 98 - Limite da área de reabilitação urbana Serra de Alrota (A5) (autora) ...... 141 Figura 99 - Estratégia Geral - carta militar 1:25 000 (Fonte: autora)...... 142 Figura 100 - Rota proposta e rota existente, ligando pontos de interesse, em complemento de imagem anterior (Fonte: autora) ...... 143 Figura 101 - Delimitação de Área de Reabilitação Urbana de Bucelas pela Câmara Municipal de Loures (Fonte: autora) ...... 144 Figura 102 - Planta estratégica de zonas potenciais a intervir no centro de Bucelas (demarcadas a azul) escala: 1:2000 (Fonte: autora)...... 145

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Iniciativa Comunitária LEADER, operacionalizada através dos Programas LEADER (1991-1994), LEADER II (1994-1999) e LEADER + (2000- 2066). Programas Orientados para a Valorização do Mundo Rural – Financiamento (Comissão Europeia Direção-Geral) ...... 20

Tabela 2 - Correspondência entre litologia na freguesia de Bucelas ...... 61

Tabela 3 - População da freguesia por anos censitários (INE, 2011) ...... 64

Tabela 4 - Nº de indivíduos residentes acima de 61 indivíduos ...... 65

Tabela 5 - Nº de indivíduos presentes ...... 66

Tabela 6 - Nº de residentes empregados ...... 69

Tabela 7 - Número de residentes empregados ...... 71

Tabela 8 – Tabela resumo ...... 71

Tabela 9 - Grupos etários segundo a população residente ...... 71

Tabela 10 - Variação da população residente entre 2001 e 2011 ...... 72

Tabela 11 - Número de edifícios construídos por anos ...... 75

Tabela 12 - Número total de edifícios por subsecção estatística entre anteriormente a 1919 e 2011 ...... 75

Tabela 13 - Número de edifícios construídos anteriormente a 1919 (superior a 4 edifícios) ...... 76

Tabela 14 - Número de edifícios construídos em 1919 a 1945 (superior a 10 edifícios) ...... 76

Tabela 15 Número de edifícios construídos em 1946 a 1960 (superior a 10 edifícios) ...... 77

Tabela 16 - Número de edifícios construídos em 1961 a 1970 (superior a 7 edifícios) ...... 77

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Tabela 17 Número de edifícios construídos em 1971 a 1980 (superior a 6 edifícios) ...... 78

Tabela 18 - Número de edifícios construídos em 1981 a 1990 (superior a 6 edifícios) ...... 78

Tabela 19 - Número de edifícios construídos em 1991 a 1995 (superior a 3 edifícios) ...... 79

Tabela 20 - Número de edifícios construídos em 1996 a 2000 (superior a 5 edifícios) ...... 79

Tabela 21 - Número de edifícios construídos em 2001 a 2005 (superior a 4 edifícios) ...... 79

Tabela 22 - Número de edifícios construídos em 2006 a 2011 (superior a 11 edifícios) ...... 80

Tabela 23 - Total por classe das classes da COS 2015 ...... 88

Tabela 24 - Solo rural e solo urbano ...... 89

Tabela 25 - População sem actividade económica ...... 90

Tabela 26 - Número de indivíduos empregados no sector primário ...... 91

Tabela 27 - Número de indivíduos empregados no sector secundário ...... 92

Tabela 28 - Número de indivíduos empregados no sector terciário ...... 93

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Resumo Esta dissertação tem como ponto fundamental discutir os conceitos de espaço urbano e espaço rural, a sua possível integração e conexão e como foram evoluindo, com uma proposta de aplicação em Bucelas. Esta localidade está inserida na Área Metropolitana de Lisboa mas apresenta características muito peculiares, ou seja, está próxima de áreas urbanas mas ainda detém um cariz rural. As transformações no mundo rural, designadamente, a perda (despovoamento) de população e o seu envelhecimento e a diminuição da população em idade ativa, apresentam- se como alguns dos fatores que influenciaram as mudanças do espaço rural. Estes territórios vão perdendo vivências e capacidades, sendo necessário estudarmos e analisarmos estratégias que as possam conter e inverter, potenciando uma correlação com o mundo urbano, contribuindo para uma ligação nestes dois espaços distintos mas cada vez mais atenuados nas suas fronteiras.

Nesta dissertação, e no estudo de caso, iremos analisar a freguesia de Bucelas, onde existem vários pequenos núcleos urbanos rodeados de ruralidade. Na análise desenvolvida discutiremos a qualificação habitacional, ambiental, patrimonial e paisagística, apostando no fortalecimento dos perímetros urbanos que correspondem aos aglomerados tradicionais e aos aglomerados rurais, de modo a que estes se possam tornar atrativos, para absorver a promoção de habitação em espaço rural, dos indivíduos residentes, de modo a precaver a degradação do património construído e reduzir os riscos naturais. Estudamos e apresentamos uma possibilidade de reestruturação e requalificação dos núcleos urbanos tradicionais, visando salvaguardar as áreas agrícolas que dão suporte à produção de qualidade, e criando condições para a expansão deste património imaterial relevante neste território. Palavras chave: Espaço rural e urbano, Paisagem, Património, Turismo, Bucelas.

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Abstract

This dissertation has as its fundamental point the exploration of the concepts of urban space and rural space, their possible integration, connection and their development, the rural soil is losing its experiences, and over the years these two concepts go through several transformations, so is necessary to study and analyze strategies, which may have answers so that the rural world can generate a correlation with the urban world in order to follow up and link these two distinct spaces. We will analyze the existing heritage in the parish of Bucelas, relating the environment, social structure and man.

The case study we will deal in detail with the spatial characterization of the parish of Bucelas, which has several urban centers surrounded by rurality, eventually not having its necessary impact and the “due” experience. starting questions, discussing points such as housing, environmental, heritage and landscape qualification, focusing on the strengthening of urban perimeters that correspond to traditional and rural settlements, so that they can become attractive, to absorb the promotion of housing in order to prevent the degradation of the built heritage and reduce the natural hazards of the resident population, we will undertake a study of a possible restructuring and requalification, with careful growth of the traditional urban centers, something important to safeguard the agricultural areas that support quality production, and conditions for the expansion of this relevant intangible heritage in this territory.

Keywords: Rural space, urban space, Landscape, Heritage, routes, rural development.

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Do rural ao urbano - Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em Bucelas

Introdução

I.I O Tema e a problemática

O tema do trabalho - do rural ao urbano – consiste numa investigação de desenvolvimento cultural e da valorização e preservação do património e paisagem, num território fragmentado e com duas realidades distintas, rural-urbano. Foca-se essencialmente no espaço rural e no espaço urbano, tratando-se de uma pesquisa que relaciona estes dois meios, com a qual queremos entender como pode existir uma integração e ligação entre estes dois conceitos distintos e como estas duas realidades funcionam e uma possível unificação dos mesmos.

Pretende-se enquadrar as várias pesquisas de integração e de ligação deste território (Bucelas). A ideia passa por entender se a unificação destes dois conceitos pode vir a dar uma nova vivência ao espaço, ou se apenas deve continuar como atualmente se define. Para isto será necessário abordarmos as várias palavras-chave, sendo estas fundamentais para a definição destes dois conceitos, fazendo parte destas duas realidades.

A escolha deste território prende-se pela existência de dois espaços de natureza diferente, nomeadamente o espaço rural e o espaço urbano, devido aos fatores físicos que estes apresentam e que influenciaram uma fragmentação deste território.

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Do rural ao urbano - Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em Bucelas

I.II Delimitação da área de estudo

Bucelas tem uma dimensão territorial de 33,99 km² (INE, 2011) e é a maior freguesia do município de Loures, apresenta uma densidade populacional de 141,6 hab/km² (menor do que a do município), nesta o edificado e a população concentram-se em alguns aglomerados urbanos dispersos pela freguesia, nomeadamente na Bemposta, Bucelas, Vila de Rei e Freixial, todos com uma estrutura etária envelhecida. O envelhecimento da população acentuou-se entre 1991 e 2011 e durante este período a freguesia começou a perder população jovem. Os aglomerados atrás referidos têm um cunho rural e uma fraca acessibilidade. Bucelas apresenta um núcleo histórico com alguma dimensão, que é invadido pela circulação automóvel apesar dos constrangimentos de tráfego, havendo uma deficiente circulação pedonal devido à ausência de passeios, resultando na falta de segurança para peões e acrescido da falta de estacionamento.

Uma das características deste território é a sua topografia acidentada e o efeito barreira proporcionado pela infraestrutura de circulação viária que passa na freguesia - CREL – IC 18 - causando uma fragmentação do território (JF Bucelas, 2017).

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Do rural ao urbano - Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em Bucelas

I.III Argumentos e hipóteses

O rural e o urbano são duas realidades distintas, nomeadamente em relação à vivência dos espaços e às suas práticas quotidianas. Uma das diferenças que os distingue são as práticas socioeconómicas, sendo que o espaço rural engloba predominantemente o sector primário, enquanto o espaço urbano é vinculado, principalmente, ao sector secundário e terciário.

Estes conceitos têm um carácter bastante distinto, contudo será necessária uma análise para entender como funcionam e se interligam. Neste sentido iremos trabalhar estes dois temas, com o objetivo de explorar novas formas de viver no espaço, pois esta unificação poderá trazer a possibilidade e o desafio de proporcionar novas vivências, tornando-o integrado com estas duas vertentes. É com base nesta premissa que se irá desenvolver a pesquisa.

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Do rural ao urbano - Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em Bucelas

I.IV Objetivos

A dissertação proposta, na componente de investigação, tem como objetivo:

➢ Avaliar as fragilidades e potencialidades da área em análise, nomeadamente o estudo da população neste território; em complementaridade pretende-se analisar as relações entre população e os usos do espaço público, assim como, conhecer as necessidades da freguesia. Fazendo a correlação entres estas duas realidades – o rural e o urbano, e como estas se podem difundir no espaço e no tempo.

A estratégia, passa por: ➢ Pesquisar/investigar ações de reabilitação do espaço público, como se pode ligar e integrar o espaço rural ao espaço urbano, passando por dinâmicas socioeconómicas relacionadas com o turismo rural, estudando a fragmentação existente, não só fisicamente, mas também socialmente, e como se pode unificar e integrar os dois conceitos e as duas realidades.

O objetivo do trabalho será perceber como será possível unificar estes dois conceitos, passando por explorar a fixação da população, a promoção do turismo e a economia local, como reconhecimento e valorização deste território num caracter patrimonial e paisagístico.

A população, ao longo dos anos, tem vindo a diminuir, tornando-se maioritariamente envelhecida, fruto do aumento da esperança média de vida à nascença e da redução da mortalidade que se verificou nas últimas décadas. Estes são problemas com diversas consequências, como a diminuição da população ativa, que leva à diminuição da produção, sendo

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Do rural ao urbano - Integração e ligação entre o Espaço Rural e o Espaço Urbano em Bucelas

que os encargos com os idosos aumentam consideravelmente. Uma das formas de valorizar os idosos é incluí-los no seio da comunidade.

O solo rural vai perdendo vivências, por isso é importante uma estratégia de valorização do património, pois, através do património que nos é deixado conseguimos relacionar o meio ambiental, a estrutura social e o homem.

Com esta investigação é importante percebermos como podemos responder às questões colocadas e aos objetivos definidos para o trabalho, nomeadamente: a integração e ligação da vivência do espaço rural com o espaço urbano, valorizando o núcleo histórico de Bucelas; promovendo a economia local e o turismo rural; a preservação e a valorização do património a partir de rotas culturais unificando todo este território – Bucelas.

No desenvolvimento desta dissertação, procurar-se-á responder às seguintes questões de trabalho:

Como funciona a interligação do espaço rural com o espaço urbano?

Como podemos relacionar o Património com a paisagem, permitindo a sua revitalização, possibilitando uma vivência efetiva do espaço público?

Como o turismo pode influenciar o desenvolvimento socioeconómico destas localidades?

Como respostas provisórias a estas questões, surgem desde logo as seguintes:

1. Através de investigação de como a qualificação habitacional, ambiental, patrimonial e paisagística, pode ser uma aposta no fortalecimento dos perímetros urbanos que correspondem aos aglomerados tradicionais e aos aglomerados rurais, de modo a torná-los atrativos, para absorver a promoção de habitação em

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espaço rural, dos indivíduos residentes e outros que aqui se possam fixar, de modo a precaver a degradação do património construído, a reduzir os riscos naturais, promovendo o equilíbrio da paisagem e do ambiente; Recorrer à investigação da possibilidade deste crescimento, tendo o cuidado da preservação dos núcleos urbanos tradicionais, algo muito importante, de modo a salvaguardar as áreas agrícolas que dão suporte à produção de qualidade, criando condições para a expansão deste património imaterial relevante neste território.

2. Nem sempre um incremento significativo de turistas traz impactos positivos no desenvolvimento económico e social do território, o reconhecimento e o estudo destes espaços poderá trazer dinamismo a este território criando uma base de desenvolvimento turístico e económico.

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I.V Metodologia

Este trabalho será estruturado em três partes distintas, mas interdependentes e relacionadas entre si.

Uma primeira fase recai sobre a análise do tema e a sua problemática, recorrendo a documentos históricos e outros que visam responder ao tema. Far-se-á um enquadramento teórico sobre a temática em estudo, onde serão abordados vários fatores essenciais à resolução do trabalho. Os métodos a serem utilizados nesta fase basearam-se na recolha e análise crítica de textos, imagens, documentários e bibliografia.

Numa segunda fase foi realizado o enquadramento, a contextualização e a análise da área de estudo. Neste contexto utilizaram-se métodos quantitativos e qualitativos. As técnicas utilizadas foram a observação direta às práticas espaciais da população na área de estudo, assim como os dados estatísticos, designadamente a informação estatística dos últimos recenseamentos gerais da população (INE) que possibilitaram caracterizar a população e a área de intervenção. A observação direta foi fundamental para o conhecimento do território em análise, com registos desenhados e elementos fotográficos, também tendo sido feita uma investigação e análise com recurso a projetos de referência de relevância nacional e internacional. Nesta fase os métodos basearam-se na recolha e análise crítica de textos, imagens, documentários.

Uma terceira fase incidiu sobre a análise e descrição dos resultados obtidos nas fases anteriores, procurando-se validar as hipóteses e as questões de trabalho e melhor compreender o tema e o problema em análise.

Em síntese, a fase de investigação composta pelas fases referidas, foi fundamental para a concretização de uma nova abordagem que visou estabelecer a integração e ligação entre o espaço rural e o espaço urbano. A

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consulta e análise de bibliografia e a realização de observações exploratórias permitiram a formulação da pergunta de investigação e das hipóteses de trabalho.

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Capítulo I – Enquadramento temático

1.1 Espaço Rural e Espaço Urbano

São muitas as tentativas de definir o que é o mundo rural e o mundo urbano. Do ponto de vista tradicional, o rural é visto como o lugar de subdesenvolvimento e o urbano como o lugar de desenvolvimento devido a estes espaços terem sofrido várias alterações ao longo dos anos. Estas definições não podem ser consideradas absolutas, no entanto ainda é possível encontrarmos pequenos municípios, com uma marcante presença de ruralidade (LINDNER et al., 2009).

A palavra rural surge como um termo ligado ao tradicional, a algo não desenvolvido, não urbanizado, ao campo e à agricultura. Segundo o dicionário atual da Porto Editora de língua portuguesa, o rural é relativo, próprio/pertencente ao campo ou à vida agrícola, algo rústico e campesino; diz-se da freguesia situada fora da vila ou da cidade, refere-se então ao não urbanizado, o não desenvolvido ligado à atividade agrícola e à criação de gado e a um determinado estilo de vida.

O sociólogo Baptista (1999) afirma que o rural aparece como uma tipologia explicativa e não retificadora das realidades concretas. Consideramos assim o rural como um meio que agrega elementos distintivos, dando forma à maneira de ser e estar de cada indivíduo o que influencia a sua ação, defendendo a ideia de que determinados hábitos e costumes são eminentemente urbanos ou rurais.

Já a palavra urbano é o campo transformado pela ação antrópica, ou seja, pela ação do homem sobre o ambiente devido ao desenvolvimento da ciência, referimo-nos então à cidade, mais uma vez recorrendo ao dicionário de língua portuguesa, define urbano como um complexo demográfico formado, economicamente e socialmente, por uma concentração populacional não agrícola, dedicando-se estas a atividades de carácter

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comercial, financeiro, industrial e cultural (GINSBERG et al., 1991; NHAMPOCA, 2013).

Para que se consiga precisar o conceito de espaço rural, é fundamental debater o conceito de espaço urbano porque historicamente tem vindo a ocupar uma posição fortemente relacional. Tradicionalmente complementares, mesmo tendo nas suas géneses características muito diferentes, atualmente afirma-se que se perderam parte dessas características relacionais e acabam por entrar numa posição de confronto (SLOAT et al., 2018) como exemplo são as novas configurações que a cidade adquiriu devido à descentralização das indústrias (JI et al., 2019). A definição do rural e do urbano deveria ser composta de vários traços típicos e não levando em conta apenas uma peculiaridade (CASTELLS, 1979; SHUCKSMITH et al., 2006; LINDNER et al., 2009; JEDWAB et al., 2014).

Segundo Sorokin, Zimmerman e Galpin (1981), existem nove diferenças a salientar: diferenças ocupacionais, que geram outras diferenças, os habitantes do meio rural ocupam-se com a agricultura e pecuária; diferenças ambientais, nas quais os trabalhadores rurais trabalham em contacto com a natureza, ao contrário do habitante do meio urbano que vive num ambiente de cidade; a diferença no tamanho das comunidades, onde existe uma analogia negativa entre o tamanho e a percentagem da população ocupada na agricultura; diferenças na densidade populacional, os habitantes do meio rural têm uma densidade populacional mais baixa do que os habitantes do meio urbano; as diferenças da homogeneidade e de heterogeneidade, as populações do meio rural tendem a ser mais homogéneas nas características psicossociais; diferenças na estratificação e complexidade social, sendo a população do meio rural mais homogénea, enquanto os aglomerados urbanos são marcados por uma rede maior manifestada numa maior diferenciação e estratificação social; as diferenças na mobilidade social, a classe urbana é mais dinâmica que a do meio rural, desloca-se mais facilmente do seu trabalho, posição social; diferenças na direção da

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migração, pois a deslocação da população do campo para a cidade é maior; e por último, as diferenças no sistema de integração social, pois os habitantes do meio rural têm menos contacto com pessoas, mas estes seriam mais duradouros do que os dos habitantes do meio urbano (LINDNER et al., 2009), estas diferenças não são estanques pois existiriam vários elementos que dariam a continuidade entre esses dois aspetos (LEFEBVRE, 1970; SIMWANDA e MURAYAMA, 2018; LI, et al., 2019;).

De modo a não existir uma dependência ou criar desigualdades cada país, comunidade e cada geração deve estar atenta (PAHL, 1966; GASPAR, 2004; KONVITZ, 2014) criando oportunidades, fundos e dinamismos para que não se assista em áreas rurais ao envelhecimento da população (figura 1) (como é o caso do interior de Portugal: Bragança, Portalegre, Guarda e Beja), aumentando assim as crescentes taxas de dependência e custos mais elevados, o que torna difícil, para o setor público oferecer serviços de qualidade, por isso acaba por ser do interesse de todos melhorar as oportunidades nas regiões rurais (FERRÃO, 2000; GASPAR, 2004; REALINHO, 2013).

Figura 1 - Crescimento da população urbana, semi-urbana e rural. In Peixoto, 1987

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Só se consegue obter bons resultados se as regiões rurais e urbanas mudarem, mas estas precisam de mudar de formas diferentes, especificamente no fornecimento de alimentos, gestão de riscos de desastres e na habitação. Neste sentido, é necessário uma nova relação entre o mundo rural e o mundo urbano centrados em dois objetivos (FERRÃO, 2000):

– Consolidar relações de proximidade mutuamente benéficas e de natureza sinérgica em detrimento de relações assimétricas e predadoras do mundo rural;

- Transformar as cidades em pontes efetivas entre as áreas rurais e o mundo exterior.

Tal como em Portugal, observamos que de múltiplas formas a agricultura vai perdendo importância no contexto das áreas rurais europeias onde várias transformações ocorrem (JOLLIVET, 1994; KING, 2002; MENDOZA, 2003; MORÉN-ALEGRET e SOLANA, 2004; FONSECA et al., 2004; KASIMIS, 2005; KASIMIS e PAPADOPOULOS, 2005). A urbanização transpõem-se pela disseminação nas áreas rurais de populações não agrícola, criando assim em muitas regiões, as fronteiras entre o rural e o urbano, diversificando-se o povoamento rural, a ponto de a agricultura deixar de ser a única e a mais importante fonte de rendimentos da população, este fator acontece, nos países onde a industrialização é mais antiga e onde existe uma forte densidade populacional, geralmente na maior parte das zonas urbanizadas de todos os países da Europa (ELKAN, 1960; JOLLIVET, 1994; PIUSSI e FARRELL, 2000, NUNES et al., 2005, JONES et al., 2011).

As áreas rurais deixam gradualmente de ser identificadas por consequência direta da modernização da agricultura, com um ambiente de qualidade; de forma progressiva o rural torna-se um espaço disponível para estratégias de localização, desde as atividades económicas e a habitação. Por fim, o rural torna-se o lugar ambientalista à escala planetária tornando-se reserva de

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recursos naturais e objeto de regulamentação sobre o uso desses mesmos recursos (KRIPPENDORF, 1987; CORBRIDGE, 1989; FIGUEIREDO, 2003).

As áreas rurais foram sofrendo transformações profundas devido à falência dos modelos de desenvolvimento económico, que vigoravam desde o pós- guerra. Por consequência da crise económica as áreas rurais foram marginalizadas por esses modelos entrando em processo de declínio, por vários anos, passando por situações de dicotomia, ou seja, o rural era definido por oposição ao urbano, como o seu negativo, demarcando ambos os espaços, provocando descontinuidades territoriais, económicas e sociais (FIGUEIREDO e PIRES, 1992; MOLTÓ MANTERO, 2004; HOMMES e BOELENS, 2017; BENNETT et al., 2018).

Os vários desequilíbrios e descontinuidades do crescimento económico provocaram e contribuíram para a redescoberta dos espaços rurais locais. Atualmente estamos a assistir a uma valorização do espaço rural, correspondendo a uma (re)descoberta desse mesmo espaço, não apenas como espaço produtor de alimentos e reserva de mão de obra para as atividades urbano-industrial, mas como espaço de herança, memórias culturais, ambientais, sociais e tradições (FLINN e BUTTEL, 1977 CEC, 1987a; 1987b; 1988; 2001; DUBY, 1991; OECD, 1993).

Assinala-se assim, diferentes fases na conceção das áreas rurais, correspondentes não só às suas condições objetivas, mas também às diferentes perceções do rural, passando pelo entendimento desse mundo como a negação da modernidade pela devoção às tradições e modo de vida dos camponeses, para o entendimento como herança a preservar.

A urbanização e a industrialização provocaram movimentos a favor da salvaguarda das áreas rurais, opondo em grande parte um processo de desenvolvimento que propunha a massificação da sociedade e a degradação de valores sociais, culturais e ambientais. Assim, e deste modo, entende-se, ou começa-se a entender a ruralidade como “reserva moral e cultural”,

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(CHAMBOREDON, 1980). Queremos dizer com isto que a ruralidade acaba por ser um sinónimo de uma noção que remete para a modernidade, e não para uma oposição/marginalização relativa ao processo de modernização que atravessou toda a sociedade. Com isto o CCE (Conselho das Comunidades Europeias), em 1988, transpôs o caracter multifuncional do rural, bem como a sua crescente valorização social (FIGUEIREDO, 2003).

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1.1.1 Integração do rural com o urbano nos Planos e Legislação em Portugal

O processo de humanização da paisagem manteve uma relação de complementaridade entre o rural e o urbano até ao fim da idade moderna. Nesta época ocorre o processo de industrialização e tecnologia, o que vem introduzir alterações na união destes dois conceitos que até então eram reconhecidos. As cidades (o urbano) deixam de ser pontos num mapa rural e passam a ser dimensões no território e que começam a afastar-se do campo. Este progresso urbano acaba por ser um espaço de procura de caminhos que defendam uma nova qualidade de vida, baseando-se na construção de um urbano mais sustentável, um rural mais ativo e de uma paisagem mais equilibrada (VALENTE et al., 2016; HOMMES e BOELENS, 2017).

Nesta discussão dos conceitos rural/urbano e naquilo que é a classificação do solo através dos Instrumentos de Gestão Territorial é importante referir a existência de uma nova Política do Uso do Solo e Ordenamento do Território a qual, devido às debilidades existentes na antiga lei do solo de 1976, foi publicada uma nova Lei de Bases do Solo, Ordenamento do Território e do Urbanismo (Lei n.º 31/2014, de 30 de Maio), com a mudança de paradigmas como a flexibilização do planeamento, reforço do PDM (Plano Diretor Municipal), como instrumento estratégico e a reabilitação urbana como desenvolvimento das cidades.

Estas alterações resultam de uma mudança ideológica, da fiscalização preventiva para fiscalização sucessiva, resultando da agilização e simplificação de procedimentos, encurtando assim os prazos, pois até aos anos 1980 existia um zonamento rígido na Europa e posteriormente aos anos 1980 existe uma crítica à rigidez dos instrumentos de planeamento que resulta na criação de instrumentos mais leves, mas que teriam de ser analisados caso a caso.

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Assim sendo, na atual Lei de Solos, foram efetuadas várias inovações como são os casos: da clarificação do Regime do Solo, na qual o solo passa a ser classificado, apenas em duas classes: rústico ou urbano. A partir da realidade existente dos solos e não do destino que se lhe pretenda dar, o que não corresponde àquela que é a função dos planos, que é a de antecipar uma realidade de desenvolvimento que se pretenda que venha a existir no futuro, e não que existe no momento da sua elaboração (ANTUNES et al., 2014).

A classificação e reclassificação do solo rústico em urbano traduz-se numa opção de planeamento que depende da comprovação, quantitativa e qualitativa, da respetiva indispensabilidade e adequação ao desenvolvimento económico-social definidos no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, o solo urbano apenas integra o solo total ou parcialmente urbanizado e edificado, assim sendo, o solo ainda não urbanizado nem edificado, enquanto não for objeto de programação, é rústico, nada impedindo, em todo o caso, que o mesmo se venha a transformar em urbano por simples efeito da aprovação da respetiva programação (Lei n.º31 /2014, de 30 de Maio).

Nos últimos tempos/anos, a junção urbano-rural tem vindo a ser substituída por novos relacionamentos entre o espaço urbano e o espaço rural, mostrando as correlações funcionais e espaciais, e a carência de progredir com uma maior integração e complementaridade territorial. Existem perspetivas diferenciadas e em certa medida contrapostas, o que influenciou a generalização das relações urbano- rural, num ponto de vista “anti-urbano”; isto acontece devido à construção face às consequências demográficas, económicas, ambientais e sociais, que os processos de urbanização e o êxodo rural causaram. Noutra perspetiva “pro-urbana”, esta considera os processos de urbanização um sinal de desenvolvimento olhando para as cidades como lugar de inovação, conhecimento, e de crescimento económico e social. Nos últimos anos, progressivamente, tem- se vindo a desenvolver ligações e inter-relações entre o rural e o urbano

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mudando as orientações de política territorial. Falamos no caso de Portugal, em que o processo de industrialização foi tardio e o crescimento urbano recente, com isto conduziu a novas questões de ordenamento do território. É nas duas grandes cidades portuguesas Lisboa e Porto que se encontra a maior concentração nacional de atividades de base tecnológica de serviços e indústria. Em paralelo, os espaços rurais ficam associados ao abandono, envelhecimento, à decadência da agricultura, fracas oportunidades de emprego, pouca oferta de educação e serviços, ainda que não seja uma ideia nova refletir sobre as interdependências entre o urbano e o rural (GASPAR, 2004; SANTOS e CUNHA, 2007) acaba hoje em dia por ser ainda uma questão pertinente e complexa a ser estudada (MARQUES, 2003).

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1.1.2 Desenvolvimento Rural e Urbano

Numa análise breve da evolução histórica do mundo rural e urbano até meados do séc. XIX, precedeu-se globalmente de espaço e sociedade rural integralmente associados à agricultura comparativamente à restante realidade europeia, esta manteve até mais tarde uma estreita relação com a atividade agrícola, Portugal destaca-se assim como um caso particular. Contudo, este nunca foi um sector de atividade com relevância na economia portuguesa, principalmente quando comparado com os sectores secundário e terciário, não obstante historicamente ter existido uma forte aposta na agricultura.

Portugal integra a Comunidade Económica Europeia (CEE)1 em 1986, havendo a agricultura portuguesa de se submeter à Política Agrícola Comum (PAC)2, o que instituiu aos agricultores uma desaceleração e reconversão de produções (FERRÃO, 2000; VALENTE e FIGUEIREDO, 2003).

Nas políticas de desenvolvimento rural, as problemáticas existentes são os desequilíbrios económicos e sociais dos territórios rurais, desde sempre têm estado no cerne das preocupações da União Europeia, desde a fundação da Comunidade Europeia (CE), a Política Agrícola Comum (PAC), tem constituído um pilar na sua construção, representando historicamente a primeira política integrada a nível Europeu. Constata-se uma clara evolução

1 Comunidade Económica Europeia (CEE), nome da organização internacional que existiu de 1958 até 1993, atual União Europeia (EU), torna-se importante fazer a distinção entre Comunidade Económica Europeia (CEE) e União Europeia (UE) pois ambas organizações são representativas de estágios preconizados na teoria do processo de integração econômica, desenvolvido na década de 60.

2 A Política Agrícola Comum (PAC) constitui um dos pilares do processo de integração e consolidação do desenvolvimento económico e social europeu, tornou possível garantir aos cidadãos europeus segurança no abastecimento de produtos alimentares, bem como a sustentação económica do mundo rural que marca uma das faces distintivas da Europa.

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ao longo de décadas de aplicação de políticas indutoras, que se iniciou na potencialização do mundo agrícola, caminhando em direções mais sustentáveis de promover o seu desenvolvimento. Com isto aparece uma crescente importância atribuída às ações locais envolvendo todos os agentes territoriais na definição e implementação de políticas de desenvolvimento rural, que visam uma abordagem territorial, integrada e participativa, chamada a abordagem LEADER (CHAMPANHOLA e SILVA, 2000; REALINHO, 2013).

Neste contexto, é importante referir o que é a abordagem LEADER, trata-se de uma abordagem inovadora no quadro da política de desenvolvimento rural comunitária, a sigla significa “Relações entre ações de desenvolvimento rural”, trata-se então de um método de movimentar e incentivar o desenvolvimento nas comunidades rurais locais, incentiva os territórios rurais a explorarem novas formas de se tornarem ou permanecerem competitivos de utilizarem da melhor maneira os seus trunfos de vencer os desafios que possam enfrentar, nomeadamente o envelhecimento da população, um nível reduzido de oferta de serviços e a falta de oportunidades de emprego. Esta abordagem (LEADER), reconhece que o ser competitivo a nível da produção de alimentos, criação de oportunidades de emprego para a população local e o desfrutar de um ambiente atraente, constituem aspetos complectivos da vida rural, exigindo competências específicas, tecnologias adequadas e serviços que devem ser encarados como um conjunto coeso e acompanhados de medidas políticas específicas (COMUNIDADES EUROPEIAS, 2016. 5 -23).

Existem vários contributos desta abordagem LEADER, os quais: a diversidade de projetos que englobam vários setores de atividade, o desenvolvimento de intervenções territoriais integradas, reforçou também o caracter multifuncional do espaço rural, o aparecimento de ações de financiamento privado que teve como efeito catalisador e crucial, foi criado uma rede de competências locais, dando a devida importância aos problemas territoriais

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e ao desenvolvimento, e por fim demonstrou na prática que o futuro do mundo rural não depende exclusivamente das representações urbanas, sendo possível o planeamento de ações a partir do esforço comum da população local (REALINHO, 2013).

Tabela 1 - Iniciativa Comunitária LEADER, operacionalizada através dos Programas LEADER (1991- 1994), LEADER II (1994-1999) e LEADER + (2000-2006). Programas Orientados para a Valorização do Mundo Rural – Financiamento (Comissão Europeia Direção-Geral)

A abordagem LEADER foi criada em 1991, e desde aí tem proporcionado às comunidades rurais da UE (União Europeia) as ferramentas necessárias para que desempenhem um papel ativo na definição do seu próprio futuro (tabela 1), evoluindo no tempo, simultaneamente com o resto da PAC (COMUNIDADES EUROPEIAS, 2016. 5 -23).

No contexto da reforma da PAC a partir dos anos 90, iniciada em 1992, o espaço rural começou a ser fortemente valorizado pela sua função ambiental; com isto, no sentido de uma agricultura sustentável, a Comissão Europeia concede ao espaço rural o papel de funções vitais, não só para a população residente, mas para toda a sociedade. São assim criados objetivos indispensáveis à ação no meio rural: a conexão económica e social, o desenvolvimento do acerto da agricultura europeia ao funcionamento do mercado mundial e a proteção do ambiente e do património natural (CCE, 1988 in VALENTE e FIGUEIREDO, 2003).

Contudo começa a verificar-se uma preocupação crescente da UE com a problemática do mundo rural, a necessidade de um desenvolvimento integrado e o aumento da participação e empenhamento dos agentes locais, com o objetivo de resolver os problemas das áreas rurais, foram

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determinadas políticas e instrumentos que autenticam garantir a disponibilidade de recursos para o desenvolvimento socioeconómico, salvaguardando os recursos naturais e o ambiente. Verificou-se que a agricultura desempenha um papel cada vez menos importante nas áreas rurais, o que causou a urgência da concretização de novas atividades nestas áreas e o melhoramento da multiplicidade de recursos existentes nos espaços rurais (VALENTE e FIGUEIREDO, 2003).

A Comissão Europeia refere que as áreas predominantemente rurais já constituem metade da Europa, representando 20% da população, contudo, a maioria das áreas rurais encontram-se entre as regiões menos favorecidas da UE. A política de desenvolvimento rural3 define três objetivos globais, a fim de ajudar as regiões rurais, dos quais melhorar a competitividade da agricultura; gerir uma forma sustentável dos recursos naturais; e o equilíbrio do desenvolvimento territorial das áreas rurais. Existem, assim, fundos, como por exemplo o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e o Fundo Social Europeu (FSE), trabalhando juntos para completar o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), este define cinco principais domínios de ação, a criação de emprego fora das atividades agrícolas (como novas empresas e o desenvolvimento de atividades turísticas), o desenvolvimento dos acessos e das ligações entre as cidades e as zonas rurais, apoio às pequenas e médias empresas (PME) no domínio agrícola (agroalimentar ou florestal), tais como a sua prevenção de riscos e o desenvolvimento de infraestruturas de base nas aldeias (SANTOS e CUNHA, 2007).

3 A Política Europeia de desenvolvimento rural ajuda as zonas rurais da UE a dar respostas aos grandes desafios económicos, ambientais e sociais do séc. XXI, designada como segundo pilar” da política agrícola comum (PAC). Esta partilha vários objetivos com outros fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI) (Comissão Europeia -Desenvolvimento rural 2014-2021).

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António Realinho, no segundo seminário Ibérico de “Intervenções Raianas no Combate à Desertificação”, em 2013, apresenta um novo quadro de programação, das políticas de desenvolvimento rural e política de coesão 2014/2020, o qual nos diz que neste período (2014/2020) a comissão A PAC pretende responder aos desafios em matéria de alimentação, recursos naturais e territoriais.

Figura 2 - Esquema dos desafios propostos pela PAC no período 2014/2020 (REALINHO, 2013)

A Comissão pretende apoiar o emprego rural e preservar o tecido social das zonas rurais, melhorar a economia rural e promover a diversificação, para que permita aos intervenientes locais explorarem o potencial e otimizarem a utilização dos recursos locais e permitir a diversidade estrutural dos sistemas de produção agrícola, melhorando as condições de vida e desenvolver os mercados locais (REALINHO, 2013).

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Figura 3 - - Novo Quadro Desenvolvimento Rural (REALINHO, 2013)

Figura 4 - Contrato de parceria - Diretrizes (REALINHO, 2013)

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1.2 Património

Cada vez mais a noção de património torna-se mais abrangente, alargando- se do material ao imaterial, a conjuntos de territórios mais amplos e até mesmo à paisagem, a ideia de proteção destes dois conceitos, não é uma ideia recente, apenas o que se pode dizer novo será a nova visão integralmente globalizante. Existe um cuidado de proteção com a natureza desde o neolítico, centrando-se principalmente apenas na proteção de recursos, só mais tarde é que se começou a dar mais importância à paisagem e ao seu valor estético, o que iria transmitir a gerações futuras o significado de herança e preservação (CORDEIRO, A. 1998, pp.107-118).

O conceito de património não é algo isolado, só existe em relação a alguma coisa. Segundo o dicionário (Priberam), património é: “Bem ou conjunto de bens, materiais ou naturais, reconhecidos pela sua importância cultural.”. A palavra deriva do latim patrimonium e é sinónimo de herança paterna e sugere algo que é deixado às novas gerações pelos antepassados.

O património constitui uma fonte de identidade e coesão para as comunidades afetadas pela mudança e pela instabilidade económica (UNESCO). Devido à destruição causada pelas guerras do início do século XX, foram introduzidas as primeiras normas internacionais relativas ao património, tendo como fundamento o conceito monumental de património herdado do romantismo oitocentista (FAUVRELLE, 2015).

A preservação do património acaba por ser o resultado de um tomar de consciência da sua importância e, consequentemente, um risco de perda da identidade dos povos e das suas comunidades. Assim sendo, é resultado desta identidade a existência da sua riqueza na capacidade em acumular tradições, passado e a história. Desta maneira, damos continuidade a um passado criando um sentimento de pertença, assim como uma relação entre o tempo passado, presente e futuro. Esta definição acaba por ser pouco objetiva, devido à existência das suas várias temáticas (SOUSA, 2014;

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CARBONI e DELUCA, 2016; ROSS, et al., 2017). Devido à necessidade de intervir em favor da preservação das características que dão identidade a cada região, o património começou por ser identificado, protegido e valorizado durante o século XIX, isto acontece devido ao desaparecimento e à vandalização de locais e dos seus produtos, que conduziu a inúmeras situações, particularmente a perda de tradições e costumes. Estas situações fizeram com que o património acumule elementos únicos e insubstituíveis sobre os quais devem ser protegidos. A evolução da tecnologia e da sociedade fez com que o conceito de património fosse evoluindo com vista a uma proteção mais abrangente dos diferentes níveis patrimoniais (arquitetural, industrial, artesanal e imaterial) (BLUESTONE, 2000; CROTTS e PAN, 2007; SCHULTZ e LAVENDA, 2009; SOUSA, 2014).

O património como referido anteriormente é a herança do passado (MOREIRA, 2006) que implica sempre uma escolha cultural, social e política, nesta está subentendida a vontade de herdar o património às gerações futuras. Os vários elementos só são considerados património aquando lhes é atribuído um valor social e histórico, o conjunto deste é que pode representar a capacidade de uma identidade, possibilitando à comunidade estar vinculada ao passado, permitindo um sentido de identidade e consciência da continuidade através do tempo. Deste modo, o património agrega todos os elementos que constituem a identidade de um grupo e que os distingue dos demais (SOUSA, 2014).

Existem outros conceitos que vale a pena referenciar, nomeadamente o valor histórico dado ao elemento patrimonial, existindo uma continuidade evolutiva que é resultado de um passado inevitável, que prevê a existência de algo anterior, ou seja do valor histórico, algo que “existiu um dia”, mas que já não existe (RIEGL, 1987). Deste modo, tudo o que nos foi deixado pelos nossos antepassados tem um valor histórico.

O património nacional é cada vez mais uma referência fundamental que devemos deixar às gerações futuras, sendo a principal prioridade de quem

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guarda o património, a sua conservação, pois qualquer património está sujeito à degradação a partir do momento que é criado. A evolução da legislação em Portugal, esta baseada desde o início do século XX na legislação internacional, acabando por ser importante referenciar um dos instrumentos. A atual Lei de Bases do Património Cultural (Lei n.º 107/8 de setembro de 2001), aprovada em Assembleia da República, estabelece as bases da política e do regime de proteção e valorização do património cultural de bens que, pelo seu valor histórico, científico, social e técnico, integrem o património cultural arquitetónico e arqueológico classificado do país, referindo-se assim a uma enorme diversidade de conceitos patrimoniais. Nomeadamente no artigo 2º, Conceito e âmbito do património cultural, alínea 1 refere que: — Para os efeitos da presente lei integram o património cultural todos os bens que, sendo testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objeto de especial proteção e valorização. A proteção do património é feita através deste instrumento legal, mas também através de outros, como convenções e cartas internacionais (UNESCO e União Europeia), através da inventariação, registo e classificação, atuando os organismos do Estado (DGPC – Direção Geral do Património Cultural) e agentes locais como museus, autarquias e organismos privados, como associações de defesa do património.

Françoise Choay (2011) reflete acerca de questões que envolvem o património edificado, o património material, propondo três frentes de análise, a educação/formação, a reutilização de lugares de memória e por fim, retomar as relações entre o universal e o singular. A autora define o conceito de monumento dizendo que, este é um conjunto de artefactos, deliberadamente concebidos e realizados por uma comunidade humana, sejam quais forem a sua natureza e dimensão, no sentido que estes façam lembrar à memória viva, orgânica e afetiva dos seus membros, pode-se caracterizar assim pela sua função identificadora (CHOAY, 2011). A autora

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questiona-se acerca do património edificado, mostrando uma forma diversa das sociedades lidarem com o tempo, temporalidade e a sua constituição.

Não só é importante definir o conceito de património como também a definição de património imaterial, aproveitando as oportunidades únicas e imateriais que este tem para nos dar. São estes “pequenos” saberes que dão à cultura intangível de um sítio, do qual muitas das vezes não é dado o seu devido valor e que muitas vezes dita a história dos nossos antepassados. Esta deve ser seguida e valorizada, dando continuidade na realização de um futuro próximo. Segundo a Lei de Bases do Património Cultural (Lei n.º 107/8 de setembro de 2001), artigo 2º, Conceito e âmbito do património cultural, alínea 4) refere isso mesmo. — Integram, igualmente, o património cultural aqueles bens imateriais que constituam parcelas estruturantes da identidade e da memória coletiva portuguesas.

Assim sendo, património imaterial são as tradições que tornam cada país, cada cidade, aldeia, diferente e única no mundo; este foi um dos principais objetivos que esteve na base da criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), (FERNANDES, J. 1998, pp.65-72) em Portugal temos como património cultural imaterial da Humanidade o Fado (música popular urbana portuguesa), Dieta mediterrânica, Cante alentejano (cantar polifónico do Alentejo), Falcoaria, a produção de Figurado em barro em Estremoz e mais recentemente os Caretos de Podence (Macedo de Cavaleiros).

Em síntese, entende-se que o património é um fator fulcral de desenvolvimento das sociedades expressando a identidade histórica e as vivências de um povo devido ao seu enorme potencial de dinamização do espaço, podendo ser encarado como um rendimento adicional à comunidade, um motivo de autoestima e uma possibilidade de autonomia e de estatuto social (SOUSA, 2014).

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1.2.1 Património Cultural

Património acaba por ser numa linguagem corrente uma noção com teor económico e jurídico, designando um conjunto de bens, direitos e obrigações que são avaliáveis em dinheiro, esta análise pecuniária não se adequa no âmbito cultural, nesta noção é importante referir dois aspetos, o de valor de riqueza e o de conjunto. Património cultural4, deriva da expressão inglesa cultural heritage (herança cultural), alerta-nos para uma realidade básica que é a herança, acabamos então por sermos todos nós herdeiros quer queiramos ou não; é disso que é necessário ter consciência, pois é precisamente o que mais nos tipifica e diferencia da natureza animal. Porém a cultura é um exclusivo nosso, combinamos a expressão portuguesa com a inglesa, afirmando que todos somos herdeiros e que o património cultural é a nossa herança cultural (ZDOROV, A. 2009, pp. 453-455).

O património cultural é um gerador de uma solidariedade orgânica entre a sociedade, sendo esta uma coesão que se traduz no sentimento de pertença a uma mesma comunidade, isto acontece porque este representa a persistência do agregado humano ao longo do tempo, acaba por ser um núcleo da identidade coletiva, possibilitando que nos reconheçamos e sejamos reconhecidos, é assim que se caracteriza, se diferencia e distingue da fisionomia física e moral de um lugar, cidade, região e país, sendo este motivo pelo qual o património cultural é no presente o repositório do passado, também para a sociedade o património cultural é para o indivíduo (MENDES, 2012).

4 Património cultural é uma expressão sobre os modos de vida desenvolvidos por uma comunidade e transmitidos de geração em geração (costumes, práticas, lugares, objetos, expressões artísticas e valores). O património cultural frequentemente é expresso como património cultural intangível ou tangível Carta de turismo cultural internacional: princípios e guias para uma gestão do turismo cultural e do património.

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“ (…) Inútil definir este animal aflito. Nem palavras, nem cinzéis, nem acordes, nem pincéis são gargantas deste grito. Universo em expansão. Pincelada de zarcão Desde mais infinito a menos infinito. “

António Gedeão

“O património é hereditário, é histórico, é identitário – mas é, antes do mais, cultural. (…) “(Mendes, 2012, p. 19).

O conceito principal de cultura fixa-se na época do renascimento, época à qual se constituiu na história da Europa o primeiro grande momento em que o património cultural se revela uma força decisiva para sair da estagnação, no século XV, principalmente na península itálica. Estava a ser necessária uma cultura nova, cultura esta que respondesse às mudanças da sociedade desse tempo, sendo o essencial da cultura um meio e não um fim em si mesmo, procurando sempre novas respostas e propor diferentes interpretações da realidade. Existe, assim, ao longo do tempo vários exemplos, pioneiros, nomeadamente Brunelleschi5, que examinou cuidadosamente os deteriorados templos e palácios romanos, com o intuito

5 Filippo Brunelleschi- Escultor e arquiteto, nasceu na cidade de Firenze no ano de 1377, veio a morrer na cidade de Florença no ano de 1446, pioneiro na utilização de pórticos típicos da Renascença.

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de recuperar as suas formas, articulando com a sua construção original. Ao mesmo tempo, Lorenzo Valla6 aparece com a linguagem e o estilo de pensar medieval resulta da reestruturação do latim, seguindo-se assim o surto das línguas novilatinas7 que entre os séculos XV e XVI, conhecem as suas primeiras gramáticas, de seguida começam a nascer as literaturas nacionais, tendo neste âmbito linguístico e literário o património cultural antigo fundado o património cultural moderno (MENDES, 2012).

Segundo o autor Paulo Carvalho (2012, pp. 49-60), o património é um “conceito marcado por um certo nomadismo científico e por uma plasticidade temporal e espacial (…)” em ambientes geográficos aparece como uma temática de grande relevância e visibilidade estratégica no sector do desenvolvimento das populações e do território. O património gera tendências evolutivas que permitem salientar o crescimento e alargamento do campo patrimonial, acaba por dar uma maior relevância as dimensões imateriais e dos ambientes rurais, esta valorização no contexto paisagístico incentiva a participação da população nas diversas tarefas relacionadas com a proteção do património, o que vem estabelecer uma nova relação e responsabilidade crescente do poder local, ao incrementar estas estratégias de cooperação e a construção de redes e ainda o reconhecimento da educação patrimonial (CARVALHO, 2012).

Em conclusão, importa falar de que a coesão económica, social e territorial têm como motivo principal a salvaguarda e a valorização do património, como conjuntura fundamental para a melhoria da qualidade estética e vivencial da paisagem, o rural (como falado em sub-capítulos anteriores), na sua multiplicidade de expressões e representações através do património

6 Lorenzo Valla - Escritor, Filólogo, Filósofo e professor especialista em retorica e oratória, nasceu na cidade de Roma no ano de 1405, veio a falecer em S. João de Latrão no ano de 1457.

7 Línguas vulgares (o italiano, o castelhano, o francês, o português).

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cultural e natural, forma uma matriz incontornável daquilo que deve ser a inclusão das paisagens e das populações nos objetivos do desenvolvimento sustentável (CARVALHO, 2012; BARTHEL-BOUCHIER, 2016).

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1.2.2 Paisagem

O conceito de paisagem foi definido e evoluindo ao longo de vários anos. Inicialmente começou por se descobrir a partir de pintores, artistas e poetas. Na antiguidade, nomeadamente no Egipto, o ambiente era bastante controlado, tudo o que estaria fora do controlo humano era olhado com desconfiança, daí serem construídos jardins fechados para lazer. A ideia geral de paisagem já existia e era baseada na observação do meio, encontrando-se nas artes e nas ciências das diversas culturas, a compreensão deste tema foi influenciada pela filosofia. Ainda hoje o conhecimento da realidade define-se como se vê a paisagem (MAXIMIANO, 2004).

A conceção do estudo da paisagem a partir da década de 1960 é adotado nos países latinos do sul da Europa, Bertrand (1972) apoiado também nos conceitos sistémicos estabelece uma maneira completamente nova de abordar a paisagem, define-a então como “uma porção de espaço”, esta caracterizada por uma combinação dinâmica e instável de elementos geográficos, físico, biológicos e antrópicos, que entre si fazem da paisagem um conjunto inseparável. Se partirmos do princípio de que a paisagem se comporta como um geossistema8, ela será menos abstrata e mais coerente referente à delimitação espacial de unidades homogéneas, distinguem-se em três meios, o meio físico, o ecossistema e a interação humana, o que permite introduzir uma dimensão temporal e uma perspetiva evolutiva. Mais tarde no final dos anos 70, após aprofundar os seus estudos, reconsiderou-se a sua perspetiva de ver o termo de paisagem, assumiu então que este não formava um conceito, mas sim um sistema, esta conceção levou ao desenvolvimento de uma metodologia de análise do

8 O termo geossistema, está associado aos sistemas territoriais naturais no contexto geográfico, a sua estrutura é influenciada pelos fatores sociais e económicos (ROSOLÉM, 2010, p.3).

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sistema paisagem o que dominou de “cenários”, modelos culturais e económicos de relações com a paisagem (MOURA e SIMÕES, 2010).

Ao analisarmos a paisagem estamos a construir uma evolução da história natural e cultural de determinado território, acabando por ser essencial no entendimento da especificidade de cada espaço, firmado no que existe de mais importante, a sua paisagem material e imaterial, sendo esta constituída por elementos, dos quais fazem parte os processos naturais, desta forma, é a manifestação das componentes físicas e humanas que faz sentido àquilo que chamamos paisagem, e que constitui o território. A compreensão deste conceito implica o conhecimento de fatores como, o relevo, a hidrografia, o clima, os solos, a estrutura ecológica, e o uso do solo e todas as expressões da atividade humana (CASTRO, 2008; WHITE et al., 2010; NORDH et al., 2011; PESCHARDT e STIGSDOTTER, 2013; STIGSDOTTER et al., 2017; WANG et al.,2019).

Como componente da identidade territorial e da sustentabilidade, a paisagem tende a transformar-se na atualidade, acabando por existir uma preocupação sobre esta questão, e ganhando maior expressão na última década, tanto ao nível de investigação como ao nível político, principalmente quando as preocupações caem sobre as áreas rurais, periféricas e em processo de desvitalização social e económica da Europa (PIUSSI e FARRELL, 2000; FERNANDES et al., 2014; SEIJO et al., 2015).

Já em Portugal não existe um programa de política de desenvolvimento local ou regional que discuta a perda de identidade territorial, tal como a degradação da paisagem, a perda de população, entre outros fatores determinantes; acontece que esta posição torna-se cada vez mais fraca e excluída dos lugares e regiões face a uma realidade em que os recursos estão crescentemente globalizados (ROCA, 2005; OLIVEIRA, 2005).

Ao longo do tempo a paisagem adquire vários significados, passando de uma simples análise dos elementos físicos que a compõem à inclusão do homem

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como parte integrante e modificadora da sua realidade. O conceito de paisagem é hoje muito utilizado dentro da ecologia da paisagem, representando um caminho para a compreensão da realidade ambiental de forma científica, que recorre a uma vasta variedade de métodos e técnicas dos mais diversos campos de estudo (MOURA e SIMÕES, 2010).

Na realidade a paisagem e a memória resultam num “binómio uno” de total complementaridade, da qual a sua construção corre em paralelo, “a identidade é a partilha de uma memória coletiva”, deste modo a construção da paisagem faz-se não apenas pela transformação de realidades fisiográficas e arquitetónicas, mas igualmente pela inclusão, ou seja, a sua transformação poderá ser gerada sem uma alteração do contexto físico e material das pré-existências (MATALOTO, 2007).

“Na paisagem não há lugar para a tragédia nem para o drama. Na sua essência, ela é criada para proporcionar bem-estar e emoções em torno do belo como finalidade em si e do bem associado a um sentido útil e a uma ética de acolhimento que simboliza e materializa no território regras de decência e de conveniência. A paisagem tem a beleza da coia “artealizada” para ser, ao mesmo tempo, a expressão do belo e dobem no seu sentido homérico. (…)” (PARDAL, 2011, pp. 6-18).

O final do século XX é marcado pelo renascer do interesse pela paisagem, o que se manifesta no crescimento do número de publicações, colóquios, seminários e associações sobre o tema, abrangendo o grande público, neste contexto os estudos sobre a paisagem e a paisagem urbana assume particular destaque devido também à relação indivíduo-ambiente, colocando esta em termos teóricos, voltando ao centro da preocupação de muitos geógrafos (SALGUEIRO, 2001).

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Figura 5 - Forte do Arpim - paisagem humanizada (Fonte: autora)

A autora Maria Freire (2018) no 5º Colóquio Ibero-Americano de paisagem cultural, património e projeto, fala-nos que o conceito de paisagem envolve o Homem e a Natureza, isto é, o Homem adicionou à natureza a cultura e assim produziu paisagens, retirou e acrescentou matéria, criou novos equilíbrios, construiu uma nova ordem mantendo e criando novas dinâmicas, a paisagem passa assim a ser um espaço físico, experienciado sensorialmente e vivido por ele mesmo, incluindo componentes naturais, a vegetação, o relevo, a água o solo e o ar, e também componentes culturais, os elementos e as estruturas construídas, contudo é assim a matéria o espaço e o tempo que nos envolve e integra. No entanto, esta compreensão não é universal pois como referido anteriormente, o conceito de paisagem tem sofrido ao longo do tempo várias definições. Esta situação dá-se devido às circunstâncias motivadas pelos vários contextos culturais e interesses disciplinares, existindo a necessidade na modernidade de clarificar o conceito e ao mesmo tempo de estabelecer estratégias que promovam, a proteção, o ordenamento, projeto e a gestão da paisagem. A União Europeia, no início deste século, definiu e regulamentou o conceito de paisagem, através da convenção Europeia da Paisagem, designando-a como

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“(…) uma parte do território, tal como é apreendida pelas populações, cujo caracter resulta da ação e da interação de fatores naturais e ou humanos” (Conselho da Europa, 2000, art.º 1) (FREIRE, 2018).

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1.2.3 Núcleos históricos

Os núcleos históricos são o coração do local, em grande parte a identidade e a história de Portugal, se a reabilitação não acontece e existe descuido do cuidado dos mesmos, estamos a perder identidade (SALGUEIRO, 1992; CAETANO, 1999). É necessário a criação de programas direcionados apenas para os centros históricos, tendo em conta o seu valor patrimonial, os centros históricos assumem um valor e características bastante próprias, mas que funcionam e trabalham em simultâneo com a cidade onde se inserem; estes acabam por ser um núcleo central de um conjunto urbano, formado ao longo dos anos, que pode ou não manter traços de várias épocas. Atualmente, verifica-se um despovoamento nestes núcleos históricos, sendo estes socialmente envelhecidos, com baixos recursos económicos e que acabam por ser polos nucleares das atividades e funções urbanas com uma notória expressão social e uma parte integrante da cidade (PORTAS, 1981; TAVARES, 2008).

A descaracterização dos núcleos históricos e a perda das suas características tradicionais é um processo corrente dos núcleos urbanos e até longe das grandes cidades. Isto deveu-se ao facto da situação precária de muitas famílias, a falta de trabalho nas pequenas cidades, longe dos grandes centros do país, o que fez com que muitas pessoas abandonassem as aldeias, nomeadamente, o espaço rural, resultando em diversas consequências tais como as muitas casas que ficaram desocupadas e degradaram-se, já a população que permaneceu, tinha como primeiro objetivo a agricultura e os animais, sendo este o fator principal para a descaracterização dos centros históricos (SCMIDT e CARDOSO, 2007; TAVARES, 2008).

Deve-se entender o CH e o resto da cidade como o que “já está feito” e corrigir o que de incoerente nele se passa (PINTO, 1989, p. 19).

É necessário entender o valor e a importância destes centros como marcas que se referenciam no evoluir do tempo, a própria história das comunidades

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humanas que os habitam e habitaram (HARDOY e GUTTMAN, 1992). As várias intervenções e o melhoramento fazem constantemente parte do crescimento urbano. Esta reabilitação urbana dos Centros Históricos em Portugal só começou após a revolução de 1974, a partir desta data, as intervenções nas cidades históricas começam a desenvolver-se ao seu ritmo (PINTO, 1989). Nos anos 80, começam a existir objetivos para salvaguardar e reabilitar os núcleos históricos, isto parte então das Câmaras Municipais, onde foram criados gabinetes técnicos para valorizarem o património nacional (PINTO, 1989).

A reabilitação dos núcleos históricos trata-se essencialmente de melhorar espaços e áreas habitacionais locais de percurso e recreio de quem vive e procura a cidade, onde os valores patrimoniais são fundamentais para a sua caracterização (PINTO, 1989; NUNES, 1990).

Pelo contrário, a revitalização dum CH passa pela introdução de novas atividades e o preenchimento das áreas devolutas (…) Da mesma forma, sempre que se intervém numa cidade e quanto mais sensível a zona, mais delicada a intervenção - está-se a fazer história. A consciência deste facto é de capital importância, pois a história faz-se todos os dias (PINTO, 1989, p. 19).

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1.2.3 Rotas Históricas

Ao integrarmos o património em cadeias de valor e necessidade de encontrar a escala para viabilizar investimentos em equipamentos e infraestruturas, fazem com que as rotas, redes e roteiros, sejam consideradas opções de grande interesse e visibilidade que em diferentes contextos geográficos se torna crescente. As rotas resultam de várias temáticas com capacidade para construir narrativas socio-espaciais, incitar a organização e incitar princípios de articulação e parceria entre várias entidades, retratando realidades materiais e imateriais do património (SUARZE-INCLAN, 2005; CARVALHO, 2012).

É importante falar de rotas históricas, pois ajudam na definição de património e da paisagem. Na área em estudo, a rota das Linhas de Torres Vedras passa pela freguesia e irá trazer um pouco da sua cultura para o estudo a ser efetuado nesta área.

Deste modo é importante falar da sua origem: mandada construir pelo general Arthur Wellesley (pertencente ao exército Inglês e futuro duque de Wellington) a 20 de outubro de 1809, após as primeiras duas invasões francesas a Portugal, ordenadas pelo imperador francês Napoleão Bonaparte, a fim de impedir uma terceira invasão. Foram então contruídos fortes, redutos e baterias, aproveitando os obstáculos naturais da região, estas estruturas foram construídas secretamente e na sua maioria em menos de um ano, existem 152 fortes ligados por estradas militares e dispostos ao longo de duas linhas de defesa, ligando o rio Tejo ao oceano Atlântico, defendendo a península de Lisboa (SILVEIRA, C. et al., 2011, pp. 5- 15).

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Figura 6 - Carta das Linhas de Torres Vedras e sua ligação com Lisboa nos anos de 1810 e 1811 (http://www.cm-arruda.pt/rota-historica-das-linhas-de-torres)

As Linhas de Torres são um sistema militar defensivo, as quais têm como principal função a defesa do território, aquando concluídas estendiam-se por mais de 85 km, armadas com 600 peças de artilharia e defendidas por cerca de 140 000 homens, tendo o custo da sua construção rondado as 100 000 libras, o que se tornou no sistema de defesa mais barato e eficaz da história militar, distribuídas em três linhas (SILVEIRA, C. et al., 2011, pp. 5- 15).

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- Primeira linha, com 46 quilómetros, ligava o rio Tejo, Alhandra, à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras, passando por Arruda dos Vinhos e Sobral.

Figura 7 - Esquema da primeira Linha defensiva de Torres Vedras (CILT)

- A segunda Linha situava-se a 13 quilómetros a sul da primeira linha, com 40 quilómetros de extensão indo de Vialonga até Ribamar, passando por Bucelas e Mafra.

Figura 8 - Esquema do circuito de Wellington (CILT)

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- A terceira linha protegia o embarque das tropas britânicas em caso de retirada, sendo o percurso de Paço de Arcos às Tores da Junqueira, com um perímetro de 3 km.

Figura 9 - Linhas de Defesa de Torres Vedras (Fonte: Guia das Rotas de Linhas de Torres Vedras)

Atualmente a Rota Histórica das Linhas de Torres (RHLT) é constituída por um conjunto de seis percursos de visita, encontra-se precisamente entre o Oceano Atlântico e o rio Tejo como referido anteriormente, atravessa o território de seis concelhos, nomeadamente, Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira. Esta Rota acaba por estar na proximidade com Lisboa, e integra um património militar de referência para a História da Europa. Hoje, estes sítios transformaram-se numa importante rota turístico-cultural. Reconhecida em 2011, pelo turismo de Portugal, foi atribuída nesse mesmo ano o prémio

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Requalificação Projeto Público, contribuindo para a valorização da oferta da região e para a requalificação do património monumental com a recuperação das fortificações militares, assim como de diversos circuitos que possibilitam ao turista conhecer melhor a região. Esta desenvolveu parcerias com os diferentes agentes económicos, locais e regionais, nomeadamente ao nível da restauração, hotelaria e Câmaras Municipais envolvidas (CMAV, 2011). Em 2011, o Centro de Interpretação das Linhas de Torres em Arruda dos Vinhos, situado no Centro Cultural do Morgado, recebeu uma menção Honrosa para a melhor aplicação de gestão e multimédia, por parte da APOM (Associação Portuguesa de Museologia) (JFB, 2014).

Figura 10 - Esquema da Rota das Linhas de Torres Vedras (https://www.rhlt.pt/pt/o-no-das-linhas/)

Referente ao território em estudo, em 2011 foi inaugurado um circuito pedestre entre Alrota e Arpim (21,5 km),.O percurso integra o Reduto da Ajuda Grande (Alrota) e o Forte do Arpim (Arpim), ponto de ligação entre as

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duas Linhas Defensivas da Rota Histórica de Torres Vedras. Ao longo deste percurso pode observar-se um extenso território com uma magnífica paisagem rural, vales verdejantes, ladeados por afloramentos calcários e encostas marcadas pelo cultivo da vinha, com pontos de interesse patrimoniais e ambientais, numa zona natural, sendo possível estabelecer o contacto visual com diversas obras militares localizadas nos municípios limítrofes (JFB, 2014; CML, 2015).

Figura 11 - A - Circuito de Alrota/ Arpim (autoria própria); B - Serra de Alrota; C - Carta Serra de Alrota - Obra n. º18 Fortim da Ajuda Grande (Carta cedida pelo Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Loures)

Em 2012 foi inaugurado o Centro de Interpretação da Rota Histórica das Linhas de Torres Vedras, situado no núcleo histórico de Bucelas, com pontos de interesse no concelho vizinho, Vila Franca de Xira, uma das áreas do

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Ribatejo. Esta região, apelidada de “Borda d´Água”, ou “Beira do Tejo”, nasce do Tejo as suas terras, fazendo nascer paisagens de rara beleza natural e rural, onde no seu horizonte nascem vastas planícies, a Lezíria revela vastas vinhas e culturas essencialmente de tomate, de melões ou de girassol, oferece culturas onde abundam os cereais, como o milho e o trigo, mas também mostra culturas arbóreas onde prima a oliveira, o azeite, permeando-o com o título de Património Imaterial da Humanidade. São nestas planícies que dão lugar a aglomerados urbanos fortificados por castelos. Alguns constituídos em passos reais, e protegidos por mosteiros e igrejas, sendo estas marcas profundas de uma História rica em eventos (JFB, 2014).

Figura 12 - Museu da Vinha e do Vinho, onde se situa o centro de interpretação da Rota das Linhas de Torres Vedras (Autoria da própria)

Em Portugal são inúmeras as rotas históricas existentes, existindo PR (Pequenos Percursos), e GR (Grandes Percursos), caminhos que podem ser percorridos a pé ou de bicicleta, são nestes exemplos de rotas históricas que podemos ver e perceber o conteúdo presente e a história intrínseca vivenciada em Portugal, dando a conhecer uma vasta experiência. Sendo bom para a economia, pois traz turismo para estas áreas que podem e têm vindo a ganhar grande interesse histórico, deste modo, a conservação das

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rotas é importante apesar de em muitas delas não existir um cuidado, acabando por ficarem ao abandono e não serem estas percorridas, apagando um pouco de história que nelas existe.

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1.3 Turismo como forma de sustentar o espaço rural

Ao longo dos tempos têm surgido, ou mesmo evoluído, o turismo, que é definido como sendo o somatório de intervenções, principalmente de carácter económico, estando diretamente relacionado com a entrada, permanência e a deslocação de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região.

Nos dias de hoje o turismo é um dos fenómenos mais importantes do ponto de vista económico, político, sociocultural e ambiental, passando a assumir um papel de agente social nas sociedades em que se desenvolve (REICHEL, 2000; LOWENGART et al., 2000; MARUJO, 2008; FENNEL, 2008; AREF e GILL, 2009; ZDOROV, 2009; TRUKHACHEV, 2015; CARNEIRO et al., 2015; DANILOSKA e NAUMOVA-MIHAJLOVSKA, 2015). O turismo torna-se numa das mais importantes atividades da economia global, devido ao desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, sendo até um “salvamento” para o desenvolvimento de muitos países, regiões e localidades (ALLEN et al., 1993). Os governos regionais devido à grande importância dada ao turismo e a sua forte economia acabam por ganhar interesse em promover esse mesmo desenvolvimento. O planeamento assume assim “um papel e maior relevância no desenvolvimento turístico”, isto acontece quando os governos passam a reconhecer não só o que o setor gera, mas sim o importante papel no crescimento e revitalização cultural e social (OMT, 2003, p.215).

Sendo o desenvolvimento sustentável importante nos dias de hoje, este conceito está dividido em duas escolas de pensamento, o produto e as abordagens da indústria, segundo Godfrey, a antiga escola é representada pela literatura sobre o desenvolvimento do turismo sustentável, em que a sustentabilidade é vista como uma alternativa ao turismo de massa. Esta abordagem, de um modo conclusivo, mostra três temas gerais, a investigação sobre os conceitos, a pesquisa sobre as estratégias de

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desenvolvimento e a investigação do comportamento turístico (GODFREY, 1996).

O autor Ruschmann (2008) contesta que o turismo sustentável deve abranger a existência de turistas mais responsáveis, ou seja, que a sua interação com as comunidades, no campo ambiental cultural e social, seja realizada de uma forma equilibrada. Já por outro lado, Sachs (1993) evidencia que este desenvolvimento sustentável seja realizado por um método de planeamento para que este seja um espaço de aprendizagem social, podendo ponderar uma sinopse pedagógica, segundo o autor, o turismo sustentável está assente em seis princípios de sustentabilidade: a sustentabilidade social, sustentabilidade cultural, sustentabilidade ecológica, a sustentabilidade económica, sustentabilidade espacial e a sustentabilidade política. Assim, segundo Sachs (1993), a sustentabilidade só poderá ser impulsionada através da operacionalização de um modelo de planeamento que possa tirar o melhor partido de todas as suas dimensões. Este conceito de desenvolvimento sustentável do turismo, funciona como uma boa estratégia, que procura a ligação entre o uso turístico, melhoria das condições de vida das comunidades locais e a preservação do meio ambiente (SACHS, 1993).

Atualmente, o turismo é uma das principais indústrias a nível global; por outro lado, existem bastantes tipos de turismo como interesses humanos. Sendo assim, podemos mencionar o turismo cultural, considerado como uma atividade económica, que junta o conhecimento, com viagens e lazer, estando estas relacionadas diretamente entre si. Quintal (2008) refere que o turismo cultural no final dos anos 1970 começou por ser reconhecido como um produto turístico, sendo que, algumas pessoas viajam especificamente com o objetivo de conhecer a cultura ou património de um determinado destino. O turismo cultural é considerado o mais importante que existe na atualidade, não só em termos nacionais, como também europeus (BERNARDES, 2015).

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Segundo Urry (1990), na sociedade pós-moderna prevalece uma propensão para uma melancolia, que se revela num vínculo nostálgico pelo património cultural, entendendo-se como uma representação simbólica da cultura, sendo esta uma das mais fortes motivações para a prática do turismo cultural (LOWENTHAL, 1985; FOWLER, 1992). A natureza cultural do turismo já é bastante antiga, mas a vinculação entre turismo e cultura é relativamente recente, e muito mais do que o conceito de “Turismo Cultural”. Até há pouco tempo, os profissionais da cultura tendiam a desconsiderar o turismo, era uma atividade insignificante e superficial, com escasso interesse pela cultura visitada, acabando por mudar nas últimas décadas devido à criação de pontes entre um campo e o outro (BERNARDES, 2015).

Na década de 1980 nasce em França o conceito de “património cultural” (CALVO, 1995), que vai redefinir os conceitos de folclore, cultura popular e cultura tradicional, isto é, uma representação da comunidade que reforça identidades, provoca a solidariedade, cria limites sociais, esconde diferenças internas e conflitos e compõe imagens da comunidade (VASCONCELOS, 1997). O objetivo do património é garantir a sobrevivência dos grupos sociais e também interligar umas gerações com as outras, esta tende a ter um sentido público e comunitário. Face ao turismo convencional, o turismo cultural aparece como alternativa ao turismo de “sol e praia”. Num sentido genérico, todo o turismo pode ser entendido como um ato e uma prática cultural, não pode existir turismo sem cultura, daí podemos falar em cultura turística, pois o turismo é uma expressão cultural (BERNARDES, 2015).

O Turismo no Espaço Rural forma uma atividade produtora de desenvolvimento económico através do desenvolvimento e dinamização de muitas atividades económicas que interagem com o mundo rural, onde esta atividade se desenvolve já com grande impacto, o que veio contribuir para a melhoria da economia rural, que se expressa em termos financeiros e também, em vários outros fatores tais como, o sustento do rendimento dos

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agricultores, as várias atividades ligadas à exploração agrícola, a pluriatividade, a diversificação de empregos e a sua manutenção, desenvolvimentos de novos serviços, a conservação e valorização da natureza e paisagem, uma coisa bastante importante, a sobrevivência dos pequenos agregado populacionais, apoio a arte rural, dinâmicas e iniciativas culturais e a recuperação do património histórico (GOMES. C, 2011, pp90- 108.).

Existem uma série de características de turismo para o espaço rural, estes definidos pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Afirmam que o turismo no espaço rural deve ser situado em espaços rurais entendidas como áreas com ligação tradicional, ligada a agricultura ou ambiente e paisagem de carácter vincadamente rural; deve ser considerado como um conjunto de atividades e serviços realizados e prestados mediante remunerações em zonas rurais, complementados pela animação e diversão turística, para ser proporcionado aos clientes uma oferta completa e variada. Tem de ser considerado o ponto de vista da dimensão e das características arquitetónicas e dos materiais construtivos típicos da região à escala do rural, ligado também às estruturas sociais tradicionais; o seu desenvolvimento deve ajudar a manter e ser sustentável as características rurais da região, utilizando os conhecimento e os recursos locais derivados da população local, e não ser um instrumento de urbanização. De acordo com a diversidade do ambiente este deve ser diferenciado da economia e com a particularidade da história e tradições populares. Por último, o acolhimento personalizado de acordo com a tradição de bem receber da comunidade em que se insere (Direção Geral da Agricultura,2017, s.p.).

A DGADR, também define os grandes grupos de empreendimentos turísticos no espaço rural, nomeadamente a “Casa de Campo”, típico alojamento local em espaço rural pelas suas características e arquitetura típica, “Turismo de aldeia” quando mais de cinco casas de campo se situam na mesma aldeia e que sejam exploradas de uma forma integrada por uma única entidade, o

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“Agroturismo” que são imóveis situados em explorações agrícolas, permite ao hóspede o conhecimento da atividade agrícola, e a participação nos trabalhos envolvidos na agricultura, e o “Hotel rural” muito idêntico com a “Casa de campo”, também situado em espaço rural, a sua arquitetura tem de respeitar as características dominantes da região (Decreto-Lei n.º 80/2017, de 30 de junho).

Com isto, recentemente, tem-se assistido em Portugal à formulação e implementação de inúmeras políticas nacionais e comunitárias de desenvolvimento rural (como referido anteriormente), o que vem favorecer o sector turístico, o objetivo destas politicas é combater os efeitos da desruralização, procurando assim incitar o desenvolvimento sustentável das zonas rurais, despertando a diversificação das atividades económicas de quem nelas reside, isto vai incluir o rendimento do potencial dos campos agrícolas e dar a conhecer o património, os recursos naturais, culturais e históricos e a sua exploração turística (SILVA, 2007).

Atualmente, já existe uma grande aderência ao chamado Turismo Rural, que constitui já uma grande parte em todo o país. Com isto queremos mostrar alguns casos de estudo referentes ao Turismo no mundo rural.

O primeiro caso situa-se em Portugal, mais propriamente em Meixedo, Viana do Castelo, na Quinta do Fortunato projetado pelo arquiteto José Luís Veloso, foi o resultado de duas unidades de alojamento, onde o arquiteto explorou os edifícios preexistentes, usados antigamente como palheiro e corte de gado (VELOSO J. 2016, s.p.).

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Figura 13 - Quinta do Fortunato, paisagem (Autoria: Paulo Carvalho, fotografias retiradas do site Archdaily)

Este caso, destaca o edifício existente, em ambas as casas existindo uma manutenção quase completa das estruturas e juntando novos volumes edificados garantindo desde o início uma perfeita relação e harmonia entre o antigo e o novo, distintamente em várias formas, o que preserva a arquitetura desta região do país, tornando-se também uma estrutura mais próxima da arquitetura contemporânea (VELOSO J. 2016, s.p.).

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Figura 14 - Quinta do Fortunato, vistas interiores (Autoria: Paulo Carvalho, fotografias retiradas do site Archdaily)

A localização do edifício permite apreciar uma paisagem magnífica integrada no mundo rural, o que levou em consideração a distribuição do espaço interior, garantindo desde o início uma relação de interior e exterior e meio ambiente, sempre salvaguardando a privacidade, existiu também uma reconstrução de parte da alvenaria de pedra, a qual se encontrava em estado de degradação, visto que existia um orçamento limitado, o arquiteto José Luís Veloso, afirma que foi uma mais valia, pois levou em consideração arranjando uma solução de baixo custo, sendo os principais materiais utilizados a alvenaria de pedra de granito local, o pinheiro, o betão a vista e o vidro (VELOSO J. 2016,s.p.).

Este exemplo traduz-nos um pouco de como o turismo rural pode ser sustentável, encontrando a arquitetura uma simbiose e perfeita sintonia.

O segundo caso que queremos aqui apresentar já se desenvolve a partir de um projeto urbano, relativo a um concurso, com o objetivo de recuperar o tecido histórico do Castelo de Buñol situado em Valência, Espanha, num núcleo histórico.

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A ideia deste projeto passou pelo aumento da relação do castelo com a cidade, esta proposta é apresentada e estruturada na promoção da continuidade de fluxos guiando e atraindo as pessoas a circular entre o tecido da cidade e a área do Castelo (VIEIRA, R. 2019, s.p.), acaba por fomentar a atração do espaço envolvente e de dar o valor Patrimonial nele existente.

Figura 15 - Master plan Castelo de Buñol e respetivas perspetivas do espaço (foto retirada do site https://aproplan.pt/portfolio/concurso-recuperacao-do-castelo-bunol-envolvente/)

Do mesmo Atelier AGROplan, atelier este que desenvolve e trabalha com a paisagem procurando a sustentabilidade e que é assente nas bases metodológicas e na linguagem da arquitetura paisagística, mostramos mais um projeto realizado em Castelo de Paiva, com percursos pedestres e com a temática “ Viver o Douro”, inspirado no rio Douro, o percurso integra-se na estratégia concelhia “Viver Payva D’Ouro”, o que inclui uma rede total de cinco percursos pedestres abrangendo as principais temáticas do concelho.

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Figura 16 - Projeto Viver o Payva D'Ouro - elaborado pelo atelier AGROplan (imagens retiradas do site: https://aproplan.pt/portfolio/viver-o-payva-douro/)

Este projeto foi financiado com o apoio da União Europeia com financiamentos público e privados, mais uma vez promovendo o turismo rural, em reportagem sobre os projetos apoiados pelo NORTE 2020, no contexto do Portugal 2020 e dos fundos Europeus para a dinamização da Região, neste âmbito o vereador do município de Castelo de Paiva passou a descrever os passos da candidatura onde numa primeira fase foi submetida a mesma ao património natural. No início estava visitável um circuito com cerca de 1,5 km (investimento 349 mil euros; apoio do NORTE 2020: 297 mil euros) com início no areal do choupal a 300 metros sobre o rio Douro e um conjunto de miradouros magníficos que são réplicas de embarcações rabelos projetando-se na margem do douro sobre a água oferecendo uma vista única. À data estão instaladas três desses miradouros (CARVALHO, J. 2019, s.p.)

Concluindo, em Portugal e no resto do mundo, tem-se assistido à migração da população rural para as áreas urbanas, nomeadamente nas periferias das

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cidades (Lisboa e Porto). Estando as áreas rurais, atualmente, associadas a áreas com elevada população envelhecida, à carência de serviços e onde o sector primário assume a grande importância no rendimento familiar e pessoal, é relevante preservar essas mesmas áreas onde o património cultural assume como a forma de vivência dessa mesma comunidade, tanto material como imaterial.

Para além da preservação deste património material e imaterial assistimos ao aumento do turismo, associado ao espaço rural, chamando assim pessoas para dar conhecimento do espaço (cultura) ou como espaço de repouso à população urbana sustentando essas áreas rurais através, por exemplo, da compra dos produtos locais.

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Capítulo II – Caracterização da Área de estudo

A área de estudo corresponde à freguesia de Bucelas,localizada no concelho de Loures e situa-se na Área Metropolitana de Lisboa junto à margem direita do rio Tejo, limitado pelos concelhos de Arruda dos Vinhos, Sintra, Odivelas, Lisboa, Vila Franca de Xira e Mafra.

Loures foi elevado a concelho em 1886 por decreto real devido à evolução da cidade de Lisboa e à crescente importância económica de Loures, integrando na altura freguesias dos extintos concelhos dos Olivais e Belém. A fertilidade das terras e a abundância das águas fez com que muitos monarcas e nobres construíssem as suas quintas e palacetes nestas terras, que elegeram como locais de lazer, de descanso e de fuga a doenças e pestes.

De acordo com o sistema de divisão territorial, as NUTS, o concelho de Loures faz parte da Divisão Regional (NUT II), a qual inclui as duas sub- regiões estatísticas: Grande Lisboa e Península de Setúbal (NUTS III).

Com uma área de 168 km² e cerca de 200 mil habitantes, o concelho de Loures é, atualmente, composto por dez freguesias, União das Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação, União das Freguesias de Moscavide e , União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho, União das Freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, União das Freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal, União das Freguesias de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, e ainda as Freguesias de Bucelas, Fanhões, Loures e Lousa. Este território engloba ainda duas cidades, Loures, sede de concelho e Sacavém e sete vilas, Bobadela, Bucelas, Camarate, Moscavide, Santa Iria de Azóia, Santo António dos Cavaleiros e São João da Talha.

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2.1 Enquadramento Geográfico

Bucelas corresponde à freguesia mais a norte do concelho de Loures com 33,9 km² e é a maior freguesia do município de Loures (20,2%) rodeada pelos municípios de Arruda dos Vinhos a norte, Vila Franca de Xira a este, Mafra a oeste e Odivelas e Lisboa a sul (Figura 17), a cerca de 20 km a norte de Lisboa. A freguesia de Bucelas inclui a Serra de Alrota, Bemposta, Bucelas, Chamboeiras, Charneca, Freixial, Vila de Rei e Vila Nova. A Serra de Alrota é o ponto com maior altitude, com 340 metros, e o ponto com menor altitude é junto ao Rio Trancão, com 52,4 metros.

Figura 17 - Enquadramento Geográfico

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Figura 18 - Delimitação da freguesia de Bucelas, modelo numérico de elevação (MNE)

2.2 Caracterização Física

Uma das características deste território é a sua topografia acidentada e o efeito barreira proporcionado pela infraestrutura de circulação viária que passa na freguesia (CREL – IC 18) causando uma fragmentação do território (JFB, 2017). Relativamente à morfologia do terreno, de forma global,

está subdividida em três situações morfológicas: zonas adjacentes às linhas de água sendo este o sistema húmido, vertentes e cabeços.

- Os cabeços são constituídos pelas cumeadas e pelas zonas aplanadas, são consideradas como cabeços as zonas com declives inferiores a 8%, na zona norte, são praticamente inexistentes os cabeços largos;

- As vertentes ocupam a grande parte da área;

- Os sistemas húmidos, estes constituídos pelas linhas de água e respetivas áreas adjacentes são pouco representativos os vales largos, realçando a

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presença de áreas adjacentes na várzea de Bucelas, ao longo da ribeira das Romeiras, do rio Trancão e do rio pequeno do Trancão.

2.2.1 Caracterização geológica

A freguesia de Bucelas localiza-se na unidade morfoestrutural da Orla Mesocenozóica Ocidental e caracteriza-se pela predominância de formações sedimentares do Jurássico Superior (ZBYSZEWSKI e ASSUNÇÃO, 1965). Na área de estudo foram individualizadas 11 unidades litológicas identificadas na carta geológica 1:25.000 (LNEG,2005).

Em termos litológicos o aspeto mais relevante está na alternância de rochas com permeabilidade, dureza e plasticidade muito distintas como calcários, basaltos, conglomerados, arenitos e argilitos, entre outros, datados do Jurássico ao Miocénico superior. Este facto, combinado com a disposição monoclinal das formações, permitiu o desenvolvimento de relevos de costeira (sendo os principais constituídos pelas costeiras de Lousa-Bucelas e de Odivelas-Vialonga) (ZÊZERE, 1991).

Os grandes traços do relevo presente estão diretamente relacionados com a estrutura e a litologia. A área de estudo caracteriza-se pela presença de dois importantes relevos em estrutura monoclinal que correspondem dois alinhamentos de costeiras: a costeira de Lousa-Bucelas, com orientação W- E, situada na parte norte do concelho, estendendo-se ao longo de 12 km; a costeira de Odivelas-Vialonga, com orientação SW-NE e uma extensão de aproximadamente 18 km, localizada no sector Este.

A litologia com maior predominância são as camadas de Freixial com 38,31 % e as margas e calcários do Jurássico com 28,52 %, a maior parte das litologias situa-se nos 6% a 8 % como são o caso dos Aluviões ou Coluvio- Aluviões (7,9 %), Calcários e Margas do Cretácico (7,33 %), Camadas de Almargem (8,09 %) e os arenitos e argilas com raros níveis calcários (6,5 %), todas as outras litologias não têm uma grande representatividade como é o caso do Complexo Vulcânico de Lisboa (0,34 %), Calcários com Rudistas e

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camadas com neolobites (0,63 %), Calcários e Margas do Cretácico (1,49 %), Calcários e Margas com A. Lusitânica (0,01 %) e os basaltos e rochas afins (0,87 %) (Tabela 1).

Tabela 2 - Correspondência entre litologia na freguesia de Bucelas

DESIGNAÇÃO IDADE ÁREA % KM² ALUVIÕES OU COLUVIO-ALUVIÕES Holocénico 2,69 7,9 COMPLEXO VULCÂNICO DE LISBOA (BASALTOS, Neocretácico 0,12 0,34 TUFOS E BRECHAS) CALCÁRIOS COM RUDISTAS E CAMADAS COM Cretácico 0,21 0,63 NEOLOBITES VIBRAYEANUS CALCÁRIOS E MARGAS ("BELASIANO") Cretácico 2,49 7,33 CAMADAS DE ALMARGEM (ARENITOS COM RARAS Cretácico 2,75 8,09 INTERCALAÇÕES CALCÁRIAS)

CALCÁRIOS E MARGAS Cretácico 0,51 1,49 ARENITOS E ARGILAS COM RAROS NÍVEIS Cretácico 2,21 6,5 CALCÁRIOS CAMADAS DO FREIXIAL (MARGAS, CALCÁRIOS E Jurássico 13,01 38,31 ARENITOS) MARGAS E CALCÁRIOS (JURÁSSICO) Jurássico 9,69 28,52 CALCÁRIOS E MARGAS COM A. LUSITANICA Jurássico 0,01 0,01 BASALTOS E ROCHAS AFINS (NEOCRETÁCICO) Neocretácico 0,29 0,87

TOTAL 33,9 100

Figura 19 - Unidades Litológicas da freguesia de Bucelas

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2.2.2 Exposição

A exposição numa base de classificação célula a célula é expressa pela direção da maior inclinação entre uma determinada célula e as 8 células vizinhas (BAEZA et al., 2010). A exposição é calculada entre 0º e 360º, representando o valor -1 designadamente as áreas planas. Posteriormente é reclassificada em 9 classes, uma respeitante às áreas planas e as restantes 8 dividindo a exposição em sectores de 45º, isto é, o sector classificado com exposição norte abrange uma variação da exposição entre 337,5º e 22,5º, a exposição a nordeste abrange uma variação da exposição entre 22,5º e 67,5º e assim sucessivamente. As vertentes na área de estudo (Figuras 3.4) estão expostas predominante a sul, sudeste e sudoeste.

Figura 20 - Exposição das vertentes na freguesia de Bucelas

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2.2.3 Declive

O declive é expresso em graus, e é a variação da inclinação da superfície topográfica. O declive foi classificado em 11 classes.

Na freguesia de Bucelas os menores declives dominam na área da várzea de Bucelas, os declives intermédios (5 – 10º) estão associados a um relevo que varia entre o ondulado a movimentado; nesta classe começam já a revelar- se limitações à implantação de atividades humanas, quer de edificado quer de práticas agrícolas. Os maiores declives, estes superiores a 25%, coincidem com a frente da costeira de Bucelas com os vales muito encaixados. Esta classe faz corresponder a áreas de grande sensibilidade á erosão devendo ser evitadas situações de impermeabilização quer por edificado, quer por perda de vegetação.

Figura 21 - Declive em grau na freguesia de Bucelas

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2.3 Caracterização Social e Demográfica

O modelo de povoamento no concelho de Loures tem vindo a evoluir para uma concentração da população residente9 em torno dos aglomerados populacionais de maior dimensão. Bucelas apresenta uma densidade populacional de 141,6 hab/km² (menor do que a do município) e com uma população de 4663 habitantes (tabela 3) (INE, 2011).

Tabela 3 - População da freguesia por anos censitários (INE, 2011)

Anos 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011

Hab. 2383 2596 2917 2943 3112 3449 3776 3904 4307 5171 4932 4810 4663

O envelhecimento da população acentuou-se entre 1991 e 2011, e durante este período a freguesia começou a perder população jovem. A população ao longo dos anos tem vindo a diminuir, tornando-se maioritariamente envelhecida, fruto do aumento da esperança média de vida à nascença e da redução da mortalidade que se verificou nas últimas décadas, estes são problemas com diversas consequências, como a diminuição da população ativa, que leva à diminuição da produção, sendo que os encargos com os idosos aumentam consideravelmente.

9 POPULAÇÃO RESIDENTE: Conjunto de pessoas que, independentemente de estarem presentes ou ausentes num determinado alojamento no momento de observação, viveram no seu local de residência habitual por um período contínuo de, pelo menos, 12 meses anteriores ao momento de observação, ou que chegaram ao seu local de residência habitual durante o período correspondente aos 12 meses anteriores ao momento de observação, com a intenção de aí permanecer por um período mínimo de um ano.

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A freguesia de Bucelas segundo os CENSOS de 2011 tem 4666 indivíduos residentes onde a sua maioria está inserida nos aglomerados urbanos (Bucelas, Vila de Rei, Chamboeira e Bemposta), como se pode observar na tabela 4, onde estão representadas todas as subsecções com 61 ou mais indivíduos residentes.

Tabela 4 - Nº de indivíduos residentes acima de 61 indivíduos

BGRI11 LUG11DESIG Nº de indivíduos residentes 11070200306 Bucelas 113 11070200408 Vila de Rei 108 11070200808 Bucelas 97 11070200410 Vila de Rei 93 11070200111 Bucelas 92 11070200115 Bucelas 82 11070200622 Residual 82 11070200114 Bucelas 79 11070200307 Bucelas 78 11070200506 Chamboeira 78 11070200712 Bucelas 77 11070200606 Bemposta 75 11070200803 Bucelas 74 11070200714 Bucelas 73 11070200118 Residual 72 11070200804 Bucelas 69 11070200708 Bucelas 63 11070200302 Vila de Rei 63 11070200805 Bucelas 63 11070200220 Residual 61 11070200605 Bemposta 61 11070200308 Bucelas 61

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Figura 22 - Número de indivíduos residentes

A freguesia de Bucelas, segundo os CENSOS de 2011, tem 4522 indivíduos residentes onde a sua maioria está inserida nos aglomerados urbanos, idêntico ao observado nos indivíduos residentes (Bucelas, Vila de Rei, Chamboeira e Bemposta) (tabela 5), onde estão representadas todas as subsecções com 61 ou mais indivíduos presentes10.

Tabela 5 - Nº de indivíduos presentes

BGRI11 LUG11DESIG Nº de indivíduos presentes 11070200306 Bucelas 112 11070200408 Vila de Rei 103 11070200410 Vila de Rei 94 11070200808 Bucelas 92 11070200111 Bucelas 88 11070200115 Bucelas 81

10 POPULAÇÃO PRESENTE - Pessoas que, no momento de observação - zero horas do dia de referência - se encontram numa unidade de alojamento, mesmo que aí não residam, ou que, mesmo não estando presentes, lá chegam até às 12 horas desse dia.

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11070200622 Residual 77 11070200307 Bucelas 77 11070200712 Bucelas 74 11070200606 Bemposta 74 11070200803 Bucelas 74 11070200114 Bucelas 73 11070200506 Chamboeira 73 11070200714 Bucelas 73 11070200118 Residual 69 11070200708 Bucelas 66 11070200804 Bucelas 65 11070200302 Vila de Rei 63 11070200220 Residual 61

Figura 23 - Número de indivíduos presentes

Tanto os indivíduos residentes como presentes, é possível constatar, segundos os dados dos CENSOS de 2011, que os indivíduos estão mais concentrados nos aglomerados urbanos onde a subsecção 11070200306 Bucelas tem o seu maior número.

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É importante também fazermos uma análise às condições perante o trabalho, para se analisar o nível económico em que a freguesia se encontra. Esta permite determinar a situação dos indivíduos perante a atividade económica, podendo estes ser considerados ativos ou inactivos; os ativos são indivíduos que correspondem a uma idade mínima de 15 anos constituindo a mão-de-obra disponível para a produção de bens e serviços que entram para a economia podendo estar empregados ou desempregados.

No número de residentes empregados (figura 24) observamos que o número de empregados, cujo total é de 2034 indivíduos, estão nos aglomerados urbanos como são o caso de Bucelas, Vila de Rei e Chamboeira (tabela 6) onde estão representadas as 3 classes mais elevadas.

Figura 24 - Número de residentes empregados

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Tabela 6 - Nº de residentes empregados

BGRI11 LUG11DESIG Nº de residentes empregados 11070200115 Bucelas 55 11070200408 Vila de Rei 53 11070200808 Bucelas 51 11070200111 Bucelas 50 11070200114 Bucelas 44 11070200306 Bucelas 40 11070200805 Bucelas 36 11070200506 Chamboeira 35 11070200118 Residual 34 11070200622 Residual 33 11070200803 Bucelas 33 11070200113 Bucelas 32 11070200714 Bucelas 32 11070200410 Vila de Rei 31

A população desempregada da freguesia de Bucelas foi dividida na população desempregada à procura do primeiro emprego (figura 25), cujo somatório são 32 indivíduos, e população desempregada à procura de emprego (figura 26) cujo somatório perfaz 163 indivíduos.

Figura 25 - População desempregada à procura de primeiro emprego

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Figura 26 - População desempregada à procura de emprego

A população reformada é de 1144 indivíduos, que estão concentrados na sua maioria em Bucelas e Vila de Rei, conforme indicação na tabela 7, onde estão representadas as 3 classes mais altas.

Figura 27 - População reformada

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Tabela 7 - Número de residentes empregados

BGRI11 LUG11DESIG Nº de residentes empregados 11070200306 Bucelas 43 11070200410 Vila de Rei 33 11070200307 Bucelas 27 11070200308 Bucelas 26 11070200408 Vila de Rei 23 11070200804 Bucelas 22 11070200713 Bucelas 22 11070200714 Bucelas 21 11070200710 Bucelas 21

População residente 4663

População empregada 2034

População desempregada à procura do 1º 32 emprego População desempregada à procura de emprego 163

População residente reformada 1144

Tabela 8 – Tabela resumo

Comparando o ano de 2001 e 2011 observamos na tabela 9 e na tabela 10 um decréscimo da população residente de 4810 para 4663 (-3,06 %), uma diminuição da população ativa (15-64 anos) (-28,88 %) e um aumento do nº de indivíduos com 65 ou mais (27,20 %).

Tabela 9 - Grupos etários segundo a população residente

2001 2011 Total Grupos Etários Total Grupos Etários HM H 0- 15- 25- 65 HM H 0- 15- 25- 65 14 24 64 ou 14 24 64 ou + + 4810 2358 681 625 2673 831 4663 2243 595 477 2535 1057

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Variação da População residente entre 2001 e 2011 Variação total Grupos Etários 0-14 15-24 25-64 65ou+ -3,06% -12,63% -23,68% -5,20% 27,20%

Tabela 10 - Variação da população residente entre 2001 e 2011

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2.4 Caracterização do Edificado

No concelho de Loures em 2011, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, foram recenseados 96192 alojamentos familiares, a sua maioria clássicos. Hoje em dia, os alojamentos não clássicos são barracas, alojamento improvisado, alojamento móvel e casa rudimentar de madeira, têm uma expressão quase residual, existe poucos alojamentos coletivos, que se destinam a albergar um grupo número de pessoas ou mais do que uma família.

Predominam os alojamentos compostos por 3 e 4 assoalhadas, pouco mais de metade têm uma área de 50 m2 a 100 m2, os alojamentos de menores dimensões registam 15% enquanto os de maiores dimensões não chegam a 3%, a freguesia que apresenta alojamentos com maiores dimensões é Bucelas, o que poderá ser explicado pelas existências de habitações unifamiliares.

Hoje em dia, as condições de habitabilidade dos alojamentos melhoraram significativamente, as infraestruturas básicas, como água canalizada, esgotos e casa de banho, estão presentes em praticamente todos os alojamentos do município de Loures, constatando-se que o índice de conforto do parque habitacional é elevado. Mesmo assim, ainda que pequena, existe ainda uma percentagem de alojamentos que ainda não dispõem de água canalizada e esgotos; esta percentagem está associada aos alojamentos familiares não clássicos.

A grande maioria dos alojamentos é utilizada para fins de residência habitual e o índice de ocupação sazonal é considerado elevado pois corresponde a cerca de 8% do total de alojamentos existentes em 2011, sendo o índice de desocupação também este igualmente elevado. A percentagem de fogos vagos ocorre sobretudo na freguesia de Bucelas e nas freguesias localizadas a norte do município, isto pode ser explicado pela existência de alojamentos

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com características mais rústicas, encontrando-se em avançado estado de degradação, com grandes necessidades de reparação.

Também Bucelas é onde apresenta um maior número de residências de uso sazonal, onde se encontra zonas bastante convidativas ao contacto com a natureza, pelo que muitas famílias optam por este tipo de habitação para usufruto durante os fins de semana.

É na freguesia de Bucelas, essencialmente, que os edifícios são constituídos por 1 ou 2 pisos, tendo uma percentagem de 90%. Esta freguesia, com um povoamento maioritariamente disperso, é pontuada por moradias unifamiliares isoladas, rodeadas por áreas verdes, que lhe confere características marcadamente rurais, cujos edifícios apresentam na sua grande maioria funções residenciais.

A sua época de construção mostra que estes foram construídos essencialmente entre 1946 e 1990. Bucelas, mais uma vez, apresenta um número elevado de edifícios mais antigos, anteriores a 1945. Numa análise espacial mais abrangente a freguesia também se pode ver que existem edifícios mais recentes, coincidindo com a construção de novas urbanizações no seu território que irão ser analisados nos parágrafos seguintes. Na freguesia de Bucelas existem 2063 edifícios segundo os dados estatísticos de 2011, reportando o edificado anteriormente a 1919 a 2011 (figura 28) estando o total de edifícios na tabela 11 por ano onde é possível constatar que 1946 a 1960 foi o ano onde houve mais edifícios construídos com 519, seguido por 1919 a 1945 e 1961 a 1970 com 357 e 261 edifícios, respetivamente, já na tabela 12 – Número total de edifícios por subsecção estatística superior a 31 edifícios construídos entre anteriormente a 1919 e 2011 observamos que o maior número de edifícios construídos situa-se nas áreas urbanas: Bucelas com 55, 43, e 38, Residual - Residual (subsecção estatística a norte de Vila de Rei) com 45, Freixial com 43, Bemposta com 35, Vila de Rei com 32 e algumas áreas rurais (Residual – 11070200118).

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Figura 28 -Número total de edifícios por subsecção estatística entre anteriormente a 1919 e 2011

Tabela 11 - Número de edifícios construídos por anos

Anos Anterior 1919 1946 1961 1971 1981 1991 1996 2001 2006 a 1919 ------1945 1960 1970 1980 1990 1995 2000 2005 2011 Total 148 357 519 261 250 149 58 99 99 123

Tabela 12 - Número total de edifícios por subsecção estatística entre anteriormente a 1919 e 2011

BGRI11 LUG11DESIG Nº total 11070200714 Bucelas 55 11070200309 Residual 45 11070200306 Bucelas 43 11070200517 Freixial 43 11070200804 Bucelas 43 11070200305 Bucelas 38 11070200606 Bemposta 35 11070200410 Vila de Rei 32 11070200506 Chamboeira 31 11070200118 Residual 31

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Observando as tabelas por cada ano, 12 a 20, constata-se que onde existem maior número de edifícios construídos é nas áreas urbanas Bucelas, Freixial, Bemposta, Vila de Rei, Chamboeira e alguns aglomerados urbanos (Residual) (figura 28).

• Na tabela 13, Freixial – 11070200517; Vila Nova - 11070200208 e Bucelas - 11070200802 têm o maior número de edifícios construídos anteriormente a 1919.

Tabela 13 - Número de edifícios construídos anteriormente a 1919 (superior a 4 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos anteriormente a 1919 11070200517 Freixial 7 11070200208 Vila Nova 7 11070200802 Bucelas 7 11070200507 Chamboeira 5 11070200612 Bemposta 5 11070200521 Freixial 5 11070200511 Freixial 4 11070200805 Bucelas 4 11070200409 Vila de Rei 4

• No ano entre 1919 a 1945 (tabela 14) foi o segundo ano onde houve mais construção de edifícios (357), as subsecções estatísticas atingiram maior número em Bucelas.

Tabela 14 - Número de edifícios construídos em 1919 a 1945 (superior a 10 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1919 a 1945 11070200803 Bucelas 18 11070200714 Bucelas 17 11070200708 Bucelas 17 11070200309 Residual 15 11070200304 Bucelas 11 11070200712 Bucelas 11 11070200306 Bucelas 10 11070200806 Bucelas 10

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• Na tabela 15, entre 1946 a 1960, foi o ano onde houve mais construção de edifícios (519), as subsecções estatísticas atingiram maior número foi em Vila de Rei – 11070200408 com 25, algumas subsecções estatísticas de Bucelas com 22 a 10 edifícios, Bemposta com 11 e 10 e Chamboeira com 10 edifícios).

Tabela 15 Número de edifícios construídos em 1946 a 1960 (superior a 10 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1946 a 1960 11070200408 Vila de Rei 25 11070200714 Bucelas 22 11070200804 Bucelas 19 11070200306 Bucelas 17 11070200816 Bucelas 13 11070200801 Bucelas 13 11070200811 Bucelas 11 11070200611 Bemposta 11 11070200806 Bucelas 10 11070200606 Bemposta 10 11070200506 Chamboeira 10 11070200501 Chamboeira 10 11070200622 Residual 10

• Na tabela 16, entre 1961 a 1970, Bucelas – 11070200306 atinge o seu máximo com 18 edifícios construídos, Vila de Rei com 12 e 7 e Bemposta com 10.

Tabela 16 - Número de edifícios construídos em 1961 a 1970 (superior a 7 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1961 a 1970 11070200306 Bucelas 18 11070200410 Vila de Rei 12 11070200611 Bemposta 10 11070200622 Residual 7 11070200415 Vila de Rei 7

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• Entre 1971 a 1980, tabela 17, Bemposta, Vila de Rei, Mato de Cruz que atinge o topo da tabela pela primeira vez e Freixial são o topo da tabela com mais de 6 edifícios construídos, mas nunca atingindo maior número que 10 edifícios idêntico ao reportado para a classe anteriormente a 1919.

Tabela 17 Número de edifícios construídos em 1971 a 1980 (superior a 6 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1971 a 1980 11070200214 Bemposta 8 11070200302 Vila de Rei 7 11070200401 Mato da Cruz 7 11070200306 Bucelas 6 11070200420 Residual 6 11070200619 Freixial 6 11070200510 Freixial 6

• O ano entre 1981 a 1990, tabela 18, Bucelas – 11070200113 atinge o máximo com 20 edifícios construídos, as outras subsecções estatísticas nunca atingem mais que 7 edifícios.

Tabela 18 - Número de edifícios construídos em 1981 a 1990 (superior a 6 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1981 a 1990 11070200113 Bucelas 20 11070200407 Vila de Rei 7 11070200408 Vila de Rei 6 11070200220 Residual 6

• Na tabela 19, nenhuma subsecção atinge mais que 5 edifícios, sendo o topo da tabela as subsecções estatísticas rurais.

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Tabela 19 - Número de edifícios construídos em 1991 a 1995 (superior a 3 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1991 a 1995 11070200221 Residual 5 11070200118 Residual 4 11070200410 Vila de Rei 3 11070200309 Residual 3

• Entre 1996 a 2000, Bucelas 11070200112 atinge o topo da tabela 20 edifícios construídos, as outras subsecções estatísticas nunca atingem 8 edifícios construídos à exceção da subsecção estatística 11070200118 – Residual.

Tabela 20 - Número de edifícios construídos em 1996 a 2000 (superior a 5 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 1996 a 2000 11070200112 Bucelas 11 11070200118 Residual 8 11070200506 Chamboeira 6 11070200414 Vila de Rei 6 11070200111 Bucelas 5

• Identicamente aos anos 1991 e 1995, 2001 a 2005 (tabela 21) nenhuma subsecção estatística atinge mais que 10 edifícios construídos.

Tabela 21 - Número de edifícios construídos em 2001 a 2005 (superior a 4 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 2001 a 2005 11070200221 Residual 8 11070200418 Vila de Rei 5 11070200115 Bucelas 5 11070200410 Vila de Rei 4 11070200220 Residual 4

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• Na tabela 22, entre 2006 e 2011 somente 3 subsecções estatísticas construíram mais que dez edifícios, estando as mesmas no aglomerado Bucelas.

Tabela 22 - Número de edifícios construídos em 2006 a 2011 (superior a 11 edifícios)

BGRI11 LUG11DESIG Nº de edifícios construídos em 2006 a 2011 11070200305 Bucelas 22 11070200705 Bucelas 17 11070200115 Bucelas 11

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Figura 29 - Número de edificado construído. A - Anterior a 1919; B – 1919 a 1945; C – 1946 a 1960; D – 1961 a 1970; E – 1971 a 1980; F - 1981 a 1990; G – 1991 a 1995; H – 1996 a 2000; I – 2001 a 2005; J – 2006 a 2011

A área onde incidem mais edifícios é em Bucelas, com um núcleo histórico com alguma dimensão, que é invadido pela circulação automóvel, apesar dos constrangimentos de tráfego. Quanto à circulação pedonal, tem uma deficiente circulação devido à ausência de passeios, resultando na falta de segurança para peões, acrescido da falta de estacionamento. É importante, neste enquadramento, abordar o modelo territorial da AML e o esquema do modelo territorial de Loures; este modelo PROTAML traduz espacialmente os objetivos e orientações delineadas nas opções estratégicas e visa orientar a reconfiguração espacial e funcional da AML.

O esquema do modelo territorial integra as componentes de ações urbanísticas e faz o diagnóstico aos principais problemas da área

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metropolitana, onde são propostas as seguintes ações urbanísticas destinando-se a ser desenvolvidas ao nível do planeamento territorial:

- Área urbana critica a conter e qualificar, área correspondente ao Eixo de Sacavém/Vila Franca;

- Área urbana a estruturar e ordenar que corresponde ao “Arco Urbano Envolvente Norte”;

- Áreas a estabilizar – áreas a que correspondem o norte rural e a várzea de Loures.

Outra das componentes que integra o modelo territorial são os Centros/Polos, ligações entre polos e eixos ou conjuntos multipolares a reforçar ou fomentar, e sistema ecológico metropolitano.

O modelo Estratégico do PDM de Loures (Figura 4) acolhe orientações do PROTAML em vigor; de acordo com estas orientações, Loures – Cidade, poderá assumir uma nova centralidade como polo de equipamentos e serviços de nível sub-regional, enquadrada na grande opção estratégica de policentrar a região e de recentrar a área metropolitana de Lisboa em torno do estuário do Tejo. Esta estratégia visa quebrar a forte dependência funcional de Lisboa que condicionou de forma acentuada o desenvolvimento urbanístico dos concelhos limítrofes da capital, onde se inclui Loures (ATLAS - CM Loures).

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Figura 30 - Modelo Territorial - AML (Fonte: CM Loures)

Figura 31 - Esquema do Modelo territorial do concelho de Loures (Fonte: CM Loures)

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Capítulo III – O rural e urbano em Bucelas – COS e população por sectores

Como referido em capítulos anteriores, Bucelas tem sofrido várias alterações ao longo dos anos, evidentemente visíveis pelas alterações tanto na população como no edificado construído. Neste capítulo observamos a Carta de Uso e Ocupação dos Solo dos anos 1997, 2007, 2010, 2015 e 2018 disponibilizados através de serviços de visualização (WMS) podendo ser acedidos através dos seus metadados registados no Sistema Nacional de Informação Geográfica pela Direcção Geral do Território, onde se observa um aumento gradual das manchas vermelhas (Tecido Urbano) nos aglomerados urbanos ao longo dos anos corroborando com os edifícios construídos, assim como o aumento das culturas temporários de sequeiro e regadio, a amarelo e algumas alterações relativamente às florestas de pinheiro para eucaliptais ou outras (tons verdes escuros para claros).

Figura 32 - COS97. Dados cedidos pela DGT

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Figura 33 - COS2007. Dados cedidos pela DGT

Figura 34 - COS2010. Dados cedidos pela DGT

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Figura 35 - COS2015. Dados cedidos pela DGT

Figura 36 - COS2018. Dados cedidos pela DGT

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Segundo a Carta do Uso e Ocupação do Solo do ano 2015, a classe Espaços Agrícolas e Florestais é a que tem maior incidência com 52,7 %, de seguida os espaços naturais com 36,5 % e o solo urbanizado com 7,1 %, todas as outras classes não superam o 1 %.

Em caso de separação do solo rural e urbano temos uma percentagem bastante elevada no solo rural com 92,2 % e o solo urbano com 7,8 %.

Tabela 23 - Total por classe das classes da COS 2015

CLASSE TOTAL M2 %

Aglomerados rurais 83.393,7 0,2

Espaço destinado a equipamentos e outras 179.798,8 0,4 estruturas

Espaços afectos a actividades industriais 258.201,7 0,6

Espaços afectos à exploração de recursos 26.766,3 0,1 geológicos

Espaços agrícolas e florestais 22.396.635,0 52,7

Espaços de ocupação turística 45.834,19 0,1

Espaços naturais 15.534.31 36,5

Sistemas de circulação e mobilidade 282.269,2 0,7

Solo urbanizado 3.007.408,5 7,1

Solo urbanizável 312.786,4 0,7

TOTAL 42.506.490,4 100

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Figura 37 - COS 2015 com menos classes

Tabela 24 - Solo rural e solo urbano

Tipo de solo Total m2 % Solo Rural 39.186.296 92,2 Solo Urbano 3.320.195 7,8

Figura 38 - Solo rural e solo urbano

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A população, segundo os dados do INE, sem atividade económica é de 1839 habitantes, já no sector primário é de 44 habitantes, no sector secundário de 584 habitantes e, por último, no sector terciário de 1406 habitantes. Na população sem atividade económica observamos que o número de subsecções onde existem mais habitantes são nos aglomerados urbanos como são o caso de Bucelas, Vila de Rei e Bemposta estando muitas em áreas rurais (Residual).

Tabela 25 - População sem atividade económica

BGRI11 LUG11DESIG Nº Indiv. sem act. económica 11070200306 Bucelas 60 11070200410 Vila de Rei 47 11070200408 Vila de Rei 39 11070200307 Bucelas 39 11070200712 Bucelas 38 11070200606 Bemposta 36 11070200622 Residual 36 11070200804 Bucelas 36 11070200308 Bucelas 33 11070200302 Vila de Rei 32

Figura 39 - População sem atividade económica

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A população residente empregada no sector primário não tem grande expressão quando comparada com os outros sectores, estando a sua maior parte localizada nas áreas rurais (Residual), estando o maior número na subsecção – 11070200220 com 7 habitantes.

Tabela 26 - Número de indivíduos empregados no sector primário

BGRI11 LUG11DESIG Nº Indiv. Residente empregada no sector primário 11070200220 Residual 7 11070200715 Residual 4 11070200802 Bucelas 4 11070200818 Residual 3 11070200216 Freixial 3

Figura 40 - População residente empregada no sector primário

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A população residente empregada no sector secundário está concentrada na sua grande parte nas áreas urbanas como por exemplo Vila de Rei, Chamboeira, Bucelas e Bemposta, o seu máximo é registado na subsecção estatística 11070200408 com 19 indivíduos.

Tabela 27 - Número de indivíduos empregados no sector secundário

BGRI11 LUG11DESIG Nº Indiv. Residente empregada no sector secundário 11070200408 Vila de Rei 19 11070200506 Chamboeira 18 11070200622 Residual 16 11070200410 Vila de Rei 14 11070200114 Bucelas 14 11070200306 Bucelas 12 11070200712 Bucelas 12 11070200115 Bucelas 12 11070200605 Bemposta 11 11070200808 Bucelas 11

Figura 41 - Número de indivíduos empregados no sector secundário

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Por último, a população residente empregada no sector terciário está concentrada na maior concentração urbana da freguesia, sendo Bucelas.

Tabela 28 - Número de indivíduos empregados no sector terciário

BGRI11 LUG11DESIG Nº Indiv. Residente empregada no sector terciário 11070200115 Bucelas 43 11070200808 Bucelas 40 11070200111 Bucelas 40 11070200408 Vila de Rei 33 11070200114 Bucelas 30 11070200805 Bucelas 30

Figura 42 - Número de indivíduos empregados no sector terciário

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Capítulo IV – Património e Paisagem em Bucelas

O Património construído, paisagístico e de natureza arqueológica, pode ser visitado no Município de Loures constituindo uma herança coletiva para o mesmo, mais propriamente na Freguesia de Bucelas, onde iremos abordar algum património existente nesta área, importante para o nosso estudo. O património nesta zona abrange uma grande diversidade de bens culturais a proteger e a valorizar, que pretendemos mostra,r identificar e divulgar as características fundamentais destes bens patrimoniais. Ainda hoje, a zona de Bucelas é caracterizada por uma matriz rural muito pronunciada que nos deixa com paisagens muito ricas do ponto de vista cultural, cuja combinação de elementos naturais e construídos nos conta a história desse território.

Bucelas apresenta coletividades bastante antigas, como a dos Bombeiros Voluntários de Bucelas, esta inaugurada a 26 de julho de 1891, e a Banda Recreativa de Bucelas, inaugurada a 21 de junho de 1863.

Figura 43 - Imagem esquerda - Quartel dos Bombeiros Voluntários de Bucelas, imagem direita – Coletividade da Banda Musical de Bucelas (fonte: autora).

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É uma freguesia que continua a manter as suas características rurais, tendo fortes tradições na atividade vinícola. Por decreto-lei de 3 de março de 1911, esta região passou a ficar demarcada, conhecida pelo seu vinho branco, tendo bastante fama já pelos antepassados. Pensa-se que a cultura da vinha terá sido introduzida pelos romanos, a que lhe deram bastante desenvolvimento. Conta-se (crónica sobre a descoberta do Caminho Marítimo para a Índia) que foi dado a conhecer este vinho por marinheiros, que ao chegarem a Portugal “Comemoraram com bons petiscos e vinho branco produzidos a partir de cepas de Arinto de Bucelas” (SILVEIRA et. al 2011, pp. 5-73.).

Diz-se que mais tarde o Marquês de Pombal obteve interesse por esse mesmo vinho, e a fim de o valorizar importa algumas castas11 de Reno. É então durante as invasões Francesas que o vinho de Bucelas ganha fama internacional; conta-se que o Rei George III sofria de uma doença e para se tratar utilizou o vinho de Bucelas que o General Wellington lhe oferecera, tornando-se assim um hábito da coroa de Inglaterra (SILVEIRA et. al 2011, pp. 5-73). A 19 de Agosto de 2010 Bucelas ganha o registo oficial de “Bucelas Capital Do Arinto”.

11 “conjunto de videiras, cujas características morfológicas e qualidades particulares transmitem ao vinho um carácter único, constituindo assim uma variedade singular com componentes organoléticas especificas.”.( https://www.enoteca.pt/conhecimento/castas)

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Figura 44 - Vinhas de Bucelas. Vista do Monte Serves (Fonte: autora)

“(…) – Bucelas? – murmurou-lhe sobre o ombro o escudeiro. O administrador ergueu o copo depois de cheio, admirou-lhe à luz a cor rica, provou-o com ponta do lábio e piscando o olho para Afonso: - é do nosso!

- Do velho – disse Afonso. – Pergunte ao Brown… Hem, Brown, um bom néctar?

- Magnificente! – Exclamou o preceptor com uma energia fogosa.

Então Carlos, estendendo o braço por cima da mesa, reclamou também Bucelas. E a sua razão era haver festa por ter chegado o Vilaça. O avô não consentiu; o menino teria o seu cálice de Colares como de costume, e um só. Carlos cruzou os braços sobre o guardanapo que lhe pendia do pescoço, espantado de tanta injustiça!

Então nem para festejar o Vilaça poderia apanhar uma gotinha de Bucelas? Aí estava uma linda maneira de receber os hóspedes na quinta (…) Agora observavam-lhe que não era festa nem caso para Bucelas… então não entendia (…)”

Eça de Queirós, Os Maias

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Figura 45 - Esquema cronológico da evolução do Património em Bucelas (Fonte: autora).

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4.1 Caracterização do Património

Na freguesia de Bucelas existe um vasto património construído, paisagístico e de natureza arqueológica, o que constitui uma herança coletiva para a freguesia e seu Município, abrangendo uma grande diversidade de bens culturais a proteger e a valorizar. Pretende-se então neste capítulo identificar e dar a conhecer as características fundamentais destes bens, estes ligados aos princípios Da Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção do Património Cultural.

Figura 46 - Localização igreja Matriz de Bucelas (Fonte: autora)

O primeiro Património edificado que iremos aqui mostrar é a igreja Matriz de Bucelas e situa-se no núcleo histórico de Bucelas. Foi construída no século XVI, tem uma arquitetura religiosa, gótica, renascentista e maneirista, a sua planimetria é quinhentista de planta retangular, as suas características exteriores são comuns às igrejas-fortalezas medievais, implantada em local

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elevado, paredes altas e com poucas aberturas (ATLAS do concelho – CM Loures).

Figura 47 - Igreja Matriz de Bucelas (Fonte: autora)

Figura 48 - Maqueta da Igreja Matriz de Bucelas - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora)

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Localizado junto à cabeceira da Igreja, situa-se um Cipo Romano12 ou chamada Pedra da Memória, construído em pedra de lioz, embutida num muro de vedação do adro da Igreja Paroquial. Atualmente este muro foi demolido para dar lugar ao atual largo do Espírito Santo, mantendo apenas o Cipo Romano original. Em uma das suas faces tem uma inscrição em latim “D.M.L.P.J.L.F. TUSSIA: E do: ANN XVIII”, sendo a sua interpretação: “Este túmulo é consagrado aos Deuses Manes. Aqui jaz Lúcio Público, filho muito amado de Júlio Lúcio e de Tussia Edomicília que morreu aos dezoito anos”, supondo-se que tenha servido de uma urna tumular de um antigo herói romano cidadão de Bucelas, que pertenceu à tribo Galéria que terá vivido nos finais do século I início do século II d.C., este vestígio romano diz-se ter pertencido a um antigo templo pagão (JF Bucelas).

Figura 49 - Cipo Romano ou Pedra da Memória (Fonte: autora)

12 Cipo Romano: Pequena coluna sem capitel, antigo marco miliário. Pedra tumular em Roma (https://www.lexico.pt/cipo/)

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É na Igreja Matriz de Bucelas que se situa o Núcleo Museológico da Igreja Matriz de Bucelas, inaugurado no dia 10 de outubro de 2010. Este museu mostra-nos uma abordagem da história da Igreja e lugar de Bucelas, destacando algumas das melhores peças em talha, esculturas, pinturas, azulejos.

Figura 50 - Localização do Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora)

Também situado no centro de Bucelas encontra-se o Museu da Vinha e do Vinho, apresenta um discurso vocacionado para a história local e para a promoção do território, inaugurado a 26 de julho de 2013, é uma infraestrutura museológica instalado num edifício ligado à tradição vitivinícola da região.Este edifício foi construído no final do seculo XIX sendo a residência de um dos maiores produtores de vinho de Bucelas, pertencente à família Camilo Alves, este edifício era porem a sua adega com o respetivo armazém de vinhos, estes espaços foram recuperados e adaptados à sua nova função, juntamente com os jardins adjacentes (ALEMÃO, S. 2011, pp. 37-139).

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Figura 51 - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora)

O Museu da Vinha e do Vinho é um projeto da Câmara Municipal de Loures, representa a estrutura com o maior investimento a nível municipal desde sempre concretizado nesta freguesia. Com isto podemos afirmar que foi um contributo determinante para a dinamização da região e o que valoriza as suas tradições e os seus produtos locais.

Este equipamento cultural, em termos funcionais, integra a rede de Museus Municipais de Loures, dedicando-se ao estudo da atividade vitivinícola que aposta na promoção do território e divulgação da Capital do Arinto e história local (ALEMÃO, S. 2011, pp.37-139). Num edifício onde a história esta intimamente relacionada com a tradição vitivinícola local o Museu apresenta dois espaços expositivos distintos, uma área de exposição permanente, onde quem visita fica a conhecer as principais fases de trabalho da vinha, e os seus meios tradicionais de produção do vinho de um modo interativo como mostra a figura 55, e um espaço superior reservado para exposições temporárias.

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Figura 52 - Museu da Vinha e do Vinho - Principais fases de trabalho da vinha interativo (Fonte: autora).

Na exposição temporária, devido ao recente acontecimento no desabamento do muro da Igreja Matriz de Bucelas, foi descoberto no antigo largo do Espírito Santo um antigo cemitério no qual existiram estudos arqueológicos, onde foram encontradas várias ossadas e duas tipologias de sepulturas referentes a séculos diferentes, onde se encontra também referências à época romana, como mostra a figura 53, é nesta atual exposição temporária que estão retratados todos estes estudos arqueológicos.

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Figura 53 - Exposição temporária no Museu da Vinha e do Vinho intitulada "Largo do antigo cemitério do Espírito Santo” (Fonte: autora).

Neste edifício (Museu da Vinha e do Vinho), também se localiza o Centro de Interpretação da Rota Histórica das Linhas de Torres Vedras, inaugurado anteriormente ao museu atual no dia 4 de março de 2012, e que visa promover, de modo interativo, o conhecimento sobre a história da Guerra peninsular, preservando a história, a cultura e a memória coletiva de um povo (JUNTA DE FREGUESIA DE BUCELAS).

Figura 54 - Fotografias do Centro de interpretação das Linhas de Torres Vedras (Fonte: autora).

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Deste modo, no Centro de Interpretação das Linhas de Torres Vedras, quem visita pode recolher informação sobre a complexidade das Linhas Defensivas de Lisboa, conhecendo as dificuldades da população local na construção das fortificações, as estradas militares e o esforço de guerra quotidiano (SILVEIRA, C. 2011, pp. 5-43).

Figura 55 - Localização do coreto oitocentista e chafariz, situado na Praça Tomás José Machado (Fonte: autora)

De igual modo, situado no centro de Bucelas, precisando na Praça Tomás Machado, encontram-se dois marcos importantes de património edificado para a história Bucelense, nomeadamente o Coreto13 oitocentista, circundado de um arranjo urbanístico. Construído nos finais do século XIX, trata-se de um palco coberto com uma planta hexagonal, elevado em relação ao solo, sendo a sua guarda de ferro forjado com formas curvilíneas,

13Coreto: “Edificação erguida em praça ou jardim público para concertos de bandas musicais” (https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/coreto)

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assente em seis colunetas de ferro fundido trabalhado. A sua estrutura é em alvenaria de pedra rebocada e o seu pavimento de mosaicos cerâmicos.

Figura 56- Praça Tomás José Machado (Fonte: autora)

Figura 57 - Coreto Oitocentista (Fonte: autora)

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Na mesma praça (Praça Tomás José Machado) encontra-se o chafariz oitocentista também construído no século XIX (1849), mandado edificar pela Câmara Municipal de Lisboa. Construído em cantaria de Lioz é composto por uma coluna central e um tanque circular, onde foi esculpido uma nau quinhentista, serviu de bebedouro de animais, quando no antigo Rossio de Bucelas se realizavam as tradicionais feiras agrícolas.

Figura 58 - Chafariz oitocentista (Fonte: autora)

Considerado Património em Bucelas e situado ao longo da Praça Tomás José Machado situa-se a chamada “Casa Antiga”, de momento ainda com pouca informação sabe-se que foi construída no início do século XIX. Trata-se assim de uma casa antiga, de certa imponência, que resulta da sua grande dimensão de fachadas e da decoração das janelas e portas que enriquecem a fachada principal, constituída também por fortes cunhais laterais, uma

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bonita banda de varandas de sacada, salientando os interessantes vãos de piso superior (JUNTA FREGUESIA DE BUCELAS).

Figura 59 - Casa antiga (Fonte: autora)

Figura 60 - Fachada da "casa antiga" (Fonte: autora).

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Situado mais a norte no núcleo Urbano de Bucelas, zona mais elevada, encontra-se o Paço do Senhor Da Paciência construído no século XVII.

Figura 61 - Localização do Paço do Sr. da Paciência (Fonte: autora)

Mais precisamente na Rua da Paciência, e pertencente aos Condes de Nova Goa, trata-se de um conjunto arquitetónico de grande interesse, constituído por vários edifícios e uma capela seiscentista, apresentando uma estrutura em alvenaria mista onde assenta uma abóbada de berço; os vãos foram construídos em cantaria de lioz branco e o pavimento é lajeado, encontrando-se uma laje sepulcral com a inscrição de 1669 (Jornal das Autarquias, Janeiro 2020 - Nº 147 - I Série - Loures e Odivelas).

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Figura 62 – Capela da Nossa Sra. da Paciência (Fonte: autora).

Figura 63 - Localização Capela de São Roque - Vila de Rei (Fonte: autora)

Ao lado de Bucelas encontra-se a Vila de Rei, nesta vila junto a estrada Nacional 116, situa-se a Capela de São Roque, construída no século XVIII, trata-se de um “templo de uma só nave e capela-mor” (JF Bucelas), apresenta uma torre campanária lateral com um pequeno alpendre, forram

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o interior da capela grandes lambris de azulejos decorativos, estes restaurados recentemente.

Figura 64- Capela de São Roque - Vila de Rei (Fonte: autora).

Figura 65 - Localização da Capela da Nossa Sra. da Paz (Fonte: autora)

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No centro da freguesia de Bucelas, na entrada da povoação da Bemposta, encontra-se a Capela da Nossa Sra. Da Paz construída no século XVIII, trata- se de um pequeno templo setecentista, onde podemos ver que as suas paredes interiores são forradas a azulejos da época. A sua estrutura edificada assenta em alvenaria mista, rebocada e pintada, tendo atualmente sido feitas algumas requalificações ao teto, reconstruido em alvenaria. É nesta capela que se situa, do seu lado direito logo à entrada, a sepultura do primeiro capelão que teria sido responsável pelo culto da mesma.

Figura 66- Capela da Nossa Sra. da Paz (fotografia retirada do site da Câmara Municipal de Loures - https://www.cm-loures.pt/AreaConteudo.aspx?DisplayId=1033)

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Figura 67 - Localização da Capela da Nossa Sra. da Conceição da Pedra - Chamboeira /Freixial (Fonte: autora)

Caminhando para Oeste, na Chamboeira/Freixial, situa-se a Capela da Nossa Sra. da Conceição; apresenta um portal encimado por uma cruz de pedra, ladeada por dois pináculos, paredes revestidas de azulejos azuis, brancos e amarelos, mais tarde foi ampliada no prolongamento do mesmo edifício construído no século XVII, este edificado apresenta uma estrutura em alvenaria mista rebocada e pintada, também esta com uma abóbada de berço, todo ele suportado por pilastras salientes laterais.

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Figura 68 - Capela Nossa Sra. da Conceição da Pedra (Fonte: autora)

Ao lado da Capela da Nossa Sra. da Conceição da Pedra, encontra-se o palácio do Conde do Rio Seco, sendo este um conjunto de edificações de diferentes épocas construídas no seculo XIX, hoje em dia este Palácio tem a função de residência sénior, sendo este completamente reestruturado e remodelado, mas mantendo a sua imagem arquitetónica.

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Figura 69 - Localização do Palácio do Conde de Rio Seco (Fonte: autora)

Figura 70 – Palácio do Conde do Rio Seco, atual Palácio do Freixial – Residência sénior (Fonte: autora).

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Também no Freixial encontramos junto ao jardim público, novamente um chafariz oitocentista, construído em 1860 e reconstruído em 1863 pela antiga Câmara Municipal dos Olivais, construído em pedra lioz ligada por gramas de ferro fundido, é de coluna centrada e tanque quadrangular em cantaria.

Figura 71 - Chafariz Oitocentista do Freixial (Fonte: autora)

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Figura 72- Localização Forte do Arpim - Serra de Alota (Fonte: autora)

Mais a norte na Serra de Alrota, situa-se o forte da ajuda grande, forte este a que pertence a grande Rota das Linhas de Torres Vedras, como já falado em capítulos anteriores, contruído entre 1809 e 1811 ,inserido na segunda linha do sistema defensivo.

Figura 73 - Forte da ajuda grande - serra de Alrota (Fonte: autora)

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Figura 74 - Forte do Arpim (Fonte: autora)

A Este, situa-se o Forte do Arpim, forte este que pertence também a mesma fortificação inserida no mesmo contexto da Rota das Linhas de Torres Vedras, que faz percurso com a serra de Alrota, percurso este inaugurado a 27 de novembro de 2010, fazendo parte dos grandes patrimónios instaurados nesta freguesia.

Figura 75- Forte do Arpim - (Fonte: autora)

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4.2 Rotas em Bucelas

Existem na freguesia de Bucelas duas rotas principais, que hoje em dia promovem o turismo na zona, uma delas é a Rota das Linhas de Torres Vedras, já falada em capítulos anteriores; a freguesia integra um percurso de três pontos principais. Alrota- Forte da Ajuda, Arpim- Forte do Arpim e Ribas – Reduto de Ribas.

Figura 76 - Rota histórica das Linhas de Torres - circuitos: Alrota/Arpim/Ribas (imagem retirada da Câmara Municipal de Loures)

Esta rota divide-se em duas fases, sendo a primeira o circuito de Alrota – Arpim. Este percurso pedestre dá-nos a conhecer a paisagem rural, com inúmeros pontos de interesse patrimoniais e ambientais, fazendo parte deste percurso o Forte da Ajuda Grande14 e o Forte do Arpim15 onde é

14 Como chegar: Partindo do centro de interpretação da Rota Histórica das Linhas de Torres (Museu do Vinho e da Vinha), seguir pela Estrada Nacional 115 na direção Bemposta/Vila Nova, até ao entroncamento com o caminho municipal 1299 na direção da aldeia de Alrota, em Alrota seguir pela Rua do Forte. Coordenadas: 38°56'17.07''N 9°7'43.56''W. (Retirado do folheto da Câmara Municipal de Loures Referente á Rota das Linhas de Torres). 15 Como chegar: Partindo do centro de interpretação da Rota Histórica das Linhas de Torres (Museu do Vinho e da Vinha), seguir pela Estrada Nacional 116, na direção Vila de Rei/Alverca, até ao entroncamento com o caminho Municipal 1250-4 / Mato da Cruz, seguir por esta estrada que atravessa a AE9, virando poucos metros a frente á esquerda onde diz.

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possível nestes espaços visualizar diversas obras militares. O reduto da ajuda grande está situado a norte da freguesia de Bucelas, perto da aldeia de Alrota. Com excelentes paisagens, esta obra integra-se na segunda linha defensiva que faz parte de um conjunto de fortificações que protegiam o território entre o rio Tejo e o Desfiladeiro de Bucelas, este atravessa pela estrada de Vila Franca de Xira a Alverca, passando pelo Sobral de Monte Agraço, Arranhó e Bucelas. Neste local situa-se o ponto mais alto da freguesia de Bucelas encontrando o marco geodésico (figura 75).

Figura 77 - Marco geodésico Forte da Ajuda Grande (Fonte: autora).

“Casal do Arpim”. Coordenadas: 38°54'43.63''N 9°04'56.18''W. (Retirado do folheto da Câmara Municipal de Loures Referente à Rota das Linhas de Torres).

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Figura 78 - Maqueta do Forte da Ajuda Grande - inserido na exposição do Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas (Fonte: autora).

O Forte do Arpim, também localizado na freguesia de Bucelas, como já referido, numa zona próxima do limite do concelho fazendo fronteira com o concelho de Vila Franca de Xira, tem uma posição estratégica que permitia uma comunicação visual com outras fortificações, nomeadamente com o conjunto de Calhandriz e de Bucelas. Esta fortificação fazia parte da primeira linha defensiva e que, juntamente com outros, protegia a margem do rio Tejo e os desfiladeiros de Calhandriz e Bucelas. Este circuito (Alrota -Arpim) tem uma extensão de 21 km.

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Figura 79 - Maqueta do Forte do Arpim - inserido na exposição do Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas (Fonte: autora).

Figura 80 - Circuito Alrota/Arpim (fotografia retirada de folheto da Câmara Municipal de Loures)

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O circuito de Ribas, mais pequeno, apenas com 12 km, engloba três redutos: o Reduto de Montachique, Reduto do Mosqueiro e o Reduto de Ribas, o circuito pedestre também coexiste com inúmeros interesses patrimoniais e ambientais.

Figura 81 - Percurso Reduto de Ribas (http://jf-fanhoes.pt/?page_id=3136)

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Figura 82 - Mapa da Rota dos Vinhos - Bucelas / Carcavelos / Colares (http://www.rotadosvinhosbcc.com/bcc/pt/).

Falando da Rota do Vinho, uma associação criada com a finalidade de valorizar e proteger as suas regiões vitivinícolas, difundindo atividades enogastronómicas através do enoturismo16, conseguir a promoção destes territórios sustentando-se nos seus valores patrimoniais, sendo eles vinícolas, paisagísticos ou arquitetónicos. Esta associação pretende deste

16 Enoturimo: Fenómeno relativamente recente a nível mundial, sendo que a Europa despertou mais cedo para esta realidade, que acaba por fazer um grande investimento nesta área, oferecendo várias possibilidades em unidades de enoturismo de referência. (https://aroundthewine.com/mariajoaodealmeida.com/2019/04/08/enoturismo/).

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modo e de acordo com a Carta Europeia de Enoturismo17, seguir os princípios do desenvolvimento sustentável, reforçando as interações entre a atividade ecoturística e outros setores económicos do território, valorizando globalmente a perspetiva patrimonial

Deste modo, a Rota apresenta três áreas demarcadas, Bucelas, Carcavelos e Colares, e consegue mostrar assim uma variedade de vinhos que vão “dos tintos de Colares envelhecidos em madeira, aos brancos frutados ou aos espumantes de Bucelas e ao ambivalente vinho generoso de Carcavelos (…)”.(ROTA DOS VINHOS, 2017)

Figura 83 - Percursos da Rota dos Vinhos, dividido em três fases (https://i1.wp.com/www.clubevinhosportugueses.pt/wpcontent/uploads/2014/11/rota_bucelas.png ).

17 Carta Europeia de Enoturismo: Surge em 2006 no âmbito do projeto Vintur, que se insere na Rede Europeia das Cidades do Vinho, de certa forma veio, ajudar o produtor a definir regras e parâmetros de qualidade, esta carta eta ligada ao ambiente, as populações locais e a região, demonstrando o respeito pela cultura e economia regionais, que aponta um caminho para a sustentabilidade

(https://aroundthewine.com/mariajoaodealmeida.com/2019/04/08/enoturismo/).

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Figura 84 - Mapa Turístico de Loures (Câmara Municipal de Loures)

Em jeito de conclusão, podemos ver que existe uma vasta identidade de património e paisagem presente nesta freguesia (Bucelas). É importante dar a conhecer “o que é nosso”, a nossa herança, neste pequeno mundo da ruralidade que se conecta com a urbanidade. Neste sentido podemos avaliar que ainda existe muito caminho a percorrer para que toda esta união seja visualmente percetível.

Figura 85 - Exposição - Museu do Vinho e da Vinha (Fonte: autora).

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Capítulo V – Turismo como forma de sustentar o espaço urbano e rural em Bucelas

Como forma de investigação acerca deste tema (Turismo como forma de sustentar o espaço urbano e rural em Bucelas), surge-nos de imediato a possibilidade de alojamento local através das plataformas mais visíveis como são o caso do Airbnb e Booking com algumas das Quintas anteriores a terem lugar ao respetivo alojamento aliando assim a sua produção de vinho e da vida de campo ao repouso.

Figura 86 - Alojamento local na zona de Bucelas , plataforma Airbnb (https://www.airbnb.pt/s/BucelasPortugal/homes?refinement_paths%5B%5D=%2Fhomes¤t_ tab_id=home_tab&selected_tab_id=home_tab&source=mc_search_bar&search_type=unknown&scr een_size=large&hide_dates_and_guests_fi) .

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Figura 87 - Figura 89 - Alojamento local na zona de Bucelas, plataforma Booking - https://www.booking.com

Figura 88 - Mapa das Quintas existentes em Bucelas (Fonte: autora).

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A figura 88 mostra-nos as quintas existentes na Freguesia de Bucelas, sendo um total de dezassete quintas, muitas delas produtoras do vinho de Bucelas, todas elas com a sua história e vivências. Destacando a Quinta da Romeira, que pertenceu aos condes de Castelo Melhor, é uma casa senhorial da qual se destacam duas janelas manuelinas e uma capela datada de 1914, projetada pelo arquiteto Raul Lino. Esta quinta tem 130 hectares dos quais 75 são exclusivos de plantação de vinha, na sua maioria Arinto, sendo esta a maior casta de Arinto do País (ROTA DOS VINHOS - CONFRARIA DO ARINTO BUCELAS, 2018)

A Quinta da Romeira tem os seus meios próprios de vinificação, engarrafamento e armazenagem com uma capacidade superior a 20.000 hl, produzindo dois vinhos de grande qualidade, o Prova Régia e o Morgado de Santa Catarina.

Figura 89 - Quinta da Romeira (Fonte: autora)

A Quinta Chão de Prado apresenta 8 hectares de que dispõe atualmente, produz o seu próprio vinho a partir de castas de Arinto, Esgana Cão e Rabo de Ovelha, tendo iniciado a sua própria produção em 1993, produzindo o vinho com a marca Chão de Prado; atualmente esta quinta dispõe de um restaurante feito a partir da sua antiga adega com vista para as suas videiras.

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Figura 90 - Quinta Chão de Prado (Fonte: autora)

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5.1 Produtos locais

Referenciando os produtos locais da Freguesia de Bucelas, esta com grande variedade e sendo região produtiva do vinho de Bucelas, abrangendo as localidades de Bucelas, Charneca, Vila de Rei, Bemposta, Santo Aleixo, Vila Nova, Chamboeira e Freixial, encontrando-se a maior densidade de vinha nos vales e terrenos argilo-calcáreos, devido ao seu microclima específico. Existindo bastante humidade nestas áreas, onde no Inverno faz frio e um clima temperado no verão, estes locais são protegidos pelos ventos o que confere aos vinhos qualidades únicas, sendo as castas utilizadas nestes vinhos o Arinto, Esgana Cão, Rabo de Ovelha e Broal. A sua qualidade é controlada pelo Instituto do Vinho e da Vinha apresentando todas as garrafas um selo de garantia.

Tem como festas anuais, a festa do Anjo Custódio da Nação no terceiro domingo de julho, já realizada desde o ano de 1566, a festa da Nossa Srª. Da Salvação no dia 15 de agosto, a festa da Nossa Srª. Da Paz no domingo mais próximo a 24 de janeiro, e a festa do Vinho e das Vindimas em Outubro, esta com o objetivo de divulgar a cultura e a etnografia desta região saloia, assim como promover o seu turismo, tem o seu ponto alto com o desfile etnográfico, composto por carros alegóricos, representando as várias etapas da produção do vinho desde a videira ao alambique, assim como todas as atividades ligadas à vinha (tanoeiro, ferreiro, latoeiro, cesteiro e mesmo o taberneiro), sendo esta a festa mais importante da freguesia de Bucelas (PRODUTOS LOCAIS - JUNTA DE FREGUESIA DE BUCELAS, 2010).

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Figura 91 - Exemplo de cartazes da Festa do Vinho e das Vindimas. CM Loures

Atualmente, em Bucelas, ainda se encontra profissões de carácter antigo e tradicional, das quais ainda vivem cidadãos desta terra, sendo estas o caso do ferreiro, cesteiros e tanoeiros. Bucelas também possui uma gastronomia muito rica.

Figura 92 - Saberes e fazeres retrata algumas das profissões existentes na freguesia de Bucelas ligadas à vinicultura - Museu da Vinha e do Vinho (Fonte: autora)

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5.2 Revitalização do espaço público como forma de permanência (Hipóteses de resolução)

É importante referir as áreas de reabilitação urbanas existentes na freguesia de Bucelas, a ponto de que percebamos, como e o porquê desta análise influente, com isto num breve enquadramento, a Câmara Municipal de Loures, reconhece em 2009 estas áreas existentes caracterizadas por ARUS, verificando fortes insuficiências urbanísticas, nomeadamente existentes no estado de degradação e ruínas de edificado, importante a recuperar.

Já em 2013 verificou-se que estas carências de manutenção do edificado exigiam uma maior preocupação para a sua recuperação e manutenção, delimitando assim novas ARUS, direcionadas fundamentalmente para os núcleos antigos e áreas degradadas, nomeadamente na freguesia de Bucelas onde estão situadas cinco áreas de reabilitação urbana.

Figura 93 - Áreas de Reabilitação Urbano Freguesia de Bucelas (autora)

Sendo Bucelas a sede de Freguesia comecemos então por caracterizar esta área de reabilitação urbana, a qual tem a união com a Vila de Rei, com uma

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dimensão de 79,61 hectares, desenvolvendo-se a norte da várzea de Bucelas, no início do sistema serrano, sendo os seus acessos a Norte e a Sul a partir da Nacional 115 a qual liga à CREL.

Dos aglomerados urbanos de Bucelas e Vila de Rei resulta uma estrutura urbana fruto do crescimento da Estrada Nacional 116 na última década. Atualmente, disposta numa continuidade urbana, é destacada a malha radial existente neste núcleo central (Bucelas), que sempre manteve a estrutura inicial e que ainda apresenta alguns vazios. Os seus quarteirões apresentam várias dimensões e forma irregular; o edificado, como analisado no capítulo 2.2, varia sobretudo entre os dois pisos, atingindo pontualmente os seis pisos, sobretudo a norte, com uma cota mais elevada, sendo esta a zona de crescimento mais recente. É de ressalvar as áreas junto às entradas do aglomerado, zonas de transição entre o rural e o urbano, com tipologias de pequenas quintas e de habitação unifamiliar.

A nascente do núcleo antigo de Bucelas apresenta uma ocupação mais dispersa distribuída ao longo da estrada nacional até Vila de Rei. A sua centralidade, já referida, incide no Largo espírito Santo junto à Igreja Matriz, bem como alguns equipamentos. Existe também a atividade da Areipor, junto ao Rio Trancão, o que constitui uma ocupação discrepante no aglomerado e uma intromissão entre a área de equipamentos e o Rio Trancão.

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Figura 94 - Limite da área de reabilitação urbana, Bucelas e Vila de Rei (A1) (autora)

A Vila de Rei apresenta uma malha orgânica, irregular, com hierarquias mal definidas que se interliga com Bucelas, dependendo desta e dos seus espaços de referência, desenvolve-se a partir do largo da capela ao longo da encosta para noroeste, tirando partido das vistas de grande amplitude para as costeiras de Bucelas.

A próxima área de reabilitação urbana, definida na imagem como A2, tem uma dimensão de 70,68 hectares, e é delimitada pelos aglomerados urbanos de Chamboeira e Freixial.

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Figura 95 - Limite da área de reabilitação urbana, Freixial e Chamboeira (A2) (autora)

Estes dois aglomerados estão interligados pela área verde com dimensões consideráveis do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento, que pertence à Cinemateca Portuguesa. A área do Freixial desenvolve-se a partir do Rio Pequeno Trancão, possuindo uma morfologia orgânica composta por quarteirões de dimensões variáveis devido a condicionada topografia do terreno o edificado é maioritariamente habitacional possuindo volumetrias homogéneas variando entre um e dois pisos.

A Noroeste encontra-se a Chamboeira, apresenta uma ocupação habitacional dispersa ao longo das vias que organizam este aglomerado. A passagem da estrada nacional 116 por dentro do aglomerado constitui uma barreira física o que impede o desenvolvimento e a ligação entre ambos os lados, apresentando fraca consolidação. São visíveis e existentes alguns focos de degradação ambiental, que resultam de depósito de detritos urbanos, resumindo-se os espaços públicos apenas às vias de circulação. A ARU da Chamboeira e Freixial, apresenta marcas de aglomerados de cariz

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rural, possuindo uma população tendencionalmente envelhecida e comalguns edifícios careceremm de necessidade de reabilitação, com a existência de vários edifícios vagos.

Partindo para a Área de reabilitação delimitada com o A3, localizada na Bemposta, com uma dimensão de 18,99 hectares com principais acessos pela estrada nacional 115.

Figura 96 - Limite da área de reabilitação urbana Bemposta (A3) (autora)

Este aglomerado, caracterizado por um ambiente rural, apresenta um tráfego viário intenso com passagem permanente de pesados devido à presença de indústria e empresas logísticas dentro do mesmo. A malha urbana desenvolve-se sobretudo pela encosta a norte de forma orgânica e fragmentada, ajustando-se assim à topografia existente, com os quarteirões definidos irregularmente.

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Continuando para norte, a área definida por A4, situa-se em Vila Nova com uma dimensão de 14,07 hectares.

Figura 97 - Limite da área de reabilitação urbana Vila Nova (A4) (autora)

É caracterizada, novamente, por um ambiente rural, cuja estrada municipal EN115, se apresenta como uma barreira à organização do aglomerado, o qual se desenvolve em torno do largo do chafariz e ao crescimento linear mais recente ao longo da Rua António Martins; apresenta também uma fraca consolidação, com grandes vazios e explorações agrícolas ativas, resultando uma articulação da envolvente rural à envolvente urbana.

Situado no sistema serrano de Bucelas, encontra-se a serra de Alrota, com uma dimensão de 69,48 ha e localizando-se a norte da freguesia de Bucelas.

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Figura 98 - Limite da área de reabilitação urbana Serra de Alrota (A5) (autora)

A imagem urbana que este apresenta é muito desqualificada, com uma morfologia urbana concêntrica, embora irregular. Existem vários vazios com depósito de detritos urbanos, o que traz um impacto negativo na salubridade do aglomerado. Não existem espaços públicos formais, resumindo-se apenas aos arruamentos. As várias entradas para este aglomerado possuem uma imagem negativa pela localização de atividades industriais com pavilhões de grandes dimensões. A pavimentação e os arruamentos são precáriosassociados à inexistência de passeios. Embora existam vários pontos negativos, este aglomerado dispõe de amplas vistas sobre a paisagem natural, decorrente da sua implantação privilegiada e livre de obstáculos.

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Ao longo deste trabalho o espaço urbano e rural foram analisados.

Assim sendo, coloca-se como primeira hipótese a interligação destes dois espaços com uma possível rota circular onde todos os interessados poderão efetuá-la, passando pelos diversos pontos de interesse do património cultural de Bucelas. Muitos dos troços passam pela rota das Linhas de Torres e/ou do Vinho, tendo a possibilidade de descansar nos vários alojamentos locais existentes, pois neste caso a reformulação e reestruturação destas mesmas rotas daria um seguimento conciso e outra maneira de permanecer no espaço, dando a Bucelas a centralidade de ligação a todos os núcleos urbanos.

Figura 99 - Estratégia Geral - carta militar 1:25 000 (Fonte: autora)

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Figura 100 - Rota proposta e rota existente, ligando pontos de interesse, em complemento de imagem anterior (Fonte: autora)

De modo a revitalizar o centro de Bucelas, que apesar de ser o maior centro urbano da freguesia apresenta bastante envelhecimento a nível da sua população, como dos seus edifícios, surge assim a segunda hipótese, a de intervenção no centro da vila, que engloba um conjunto de factos e de locais, onde está presente a preservação do património material e imaterial, procurando estabelecer relações intemporais e espaciais conectando o espaço num só.

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Figura 101 - Delimitação de Área de Reabilitação Urbana de Bucelas pela Câmara Municipal de Loures (Fonte: autora)

Para que esta realidade, que queremos mostrar, seja notável, seria necessário fazer um pouco de acupuntura modelar, ou seja intervir em vários espaços diferenciados, criando assim uma planta de espaços potenciais a intervir como mostra a figura 101.

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Figura 102 - Planta estratégica de zonas potenciais a intervir no centro de Bucelas (demarcadas a azul) escala: 1:2000 (Fonte: autora).

A noroeste do centro da vila, junto ao Museu do Vinho e da Vinha, poder- se-ia reestruturar o parque de estacionamento, pois existe algum défice.

No Centro da Vila, junto à igreja da Nossa Senhora da Assunção, o largo circundante é um parque de estacionamento o que quebra a dinâmica do aproveitamento deste espaço e património (Igreja e o cemitério encontrado junto do mesmo), poderíamos dar a oportunidade da recriação de um novo espaço de estadia, relacionando-o com a praça interior do mercado.

Do lado oeste a Igreja Matriz de Bucelas, junto ao rio Trancão, atualmente um sítio sem dinamismo e sem qualquer vivência, seria necessária uma intervenção, possivelmente criando um espaço verde, (visto que existe um défice de espaço verde neste núcleo urbano) uma zona ribeirinha neste

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espaço poderia dinamizar a vila, sendo um ponto de ligação das rotas possíveis a criar entre todos os aglomerados urbanos.

Podemos também falar da reestruturação viária, isto porque no meio da Vila passa a Estrada Nacional 115 que tem bastante fluxo e acaba por ser prejudicial aos habitantes, criando vias apenas com um sentido de modo a diminuir o fluxo de trânsito no centro da vila, criando vias partilhadas, mudando a materialidade dos pavimentos, dando mais espaços verdes ao longo das vias.

A norte do centro da vila existe a Rodoviária de Lisboa, que tem um impacto significativo na malha existente, tirando um pouco a identidade do sítio. Neste espaço poderia ser criado um mercado municipal, este teria um espaço mais amplo e aberto criando assim uma união total do espaço interior e exterior promovendo a vinicultura, agricultura e produtos locais de toda a freguesia, trazendo bastante dinamismo ao espaço.

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Capítulo VI – Considerações Finais

No repto inicial desta dissertação estabeleceu-se, como argumento de investigação, a intenção de procurarmos uma integração e ligação do espaço rural ao espaço urbano no território de Bucelas. Efetuaram-se várias pesquisas relacionadas com o espaço rural e o espaço urbano, as quais viriam a estabelecer as várias vivências destes espaços, analisando-os e percebendo-os. Neste sentido, trabalhou-se estes temas em busca de uma estratégia conceptual, passando por explorar novas formas de viver no espaço, pois possibilitaria a unificação destes dois meios e o desafio de procurar o “comum” da integração das duas vertentes, sendo esta a sua principal premissa de investigação.

Neste contexto definiram-se vários objetivos, como: avaliar as fragilidades e potencialidades da área em análise, estudando a população, a caracterização da área em si recorrendo a várias ferramentas de análise e de pesquisa. A estratégia passou por perceber como poderíamos ligar e integrar o espaço rural e urbano, passando por pesquisar as dinâmicas socioeconómicas relacionadas com o turismo rural, a fragmentação existente no território, o património e a paisagem e os vários planos e diretrizes que nos pudessem guiar para o objetivo comum.

Foram colocadas três questões de trabalho:

Como funciona a interligação do espaço rural com o espaço urbano?

Como podemos relacionar o Património com a paisagem, permitindo a sua revitalização, possibilitando uma vivência efetiva do espaço público?

Como o turismo pode influenciar o desenvolvimento socioeconómico destas localidades?

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Depois de vários estudos e resultados obtidos podemos responder com mais clareza a estas questões colocadas. O espaço rural e o espaço urbano sofrem constantemente grandes alterações, mesmo tendo as suas diferenciações visíveis.

O rural ficou descurado e deixou de ter a importância devida; a população começou a diminuir e a tornar-se maioritariamente envelhecida, trazendo vários problemas e consequências para este espaço, como por exemplo a diminuição da população ativa ou a perda da vivência do solo rural com os seus saberes.

Em Portugal e na Europa começa a existir uma certa preocupação de várias entidades valorizando estes espaços através proteção do património,. com alguma conservação, ou a ser identificado, como é o caso do antigo cemitério encontrado junto à igreja matriz de Bucelas.

No sentido da preservação do património imaterial, como são o caso das tradições e saberes, é criado algum dinamismo para as recordar e valorizar, como é o caso da Festa do Vinho e da Vindima e da criação do museu do Vinho e da Vinha que, para além de estarem em exposição os saberes e as várias fases do vinho de Bucelas, estão expostos também vários documentos das linhas de Torres que passam por Bucelas (como são o caso do Forte do Arpim e o Forte da Ajuda Grande) tendo vários materiais didáticos e de apoio à criança do ensino primário e básico, fomentando assim a história de Bucelas no Portugal da época napoleónica.

De modo a valorizar o património material com o bem-estar físico temos as várias rotas, muitas delas passando pela principal atividade de Bucelas, a viticultura e a agricultura nas áreas mais baixas ou com menor exposição aos ventos predominantes. Muitos destes eventos são organizados pela Câmara Municipal de Loures ou por entidades privadas dedicadas ao mesmo.

Aliado ao facto de Bucelas estar relativamente perto da capital, Lisboa, e sendo uma área onde predomina a área rural, é um lugar de destino de

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repouso, onde muitas das Quintas de referência, ou outros espaços que são de alojamento local, servem para turistas visitarem o património e descansarem no campo junto das vinhas e das paisagens agrícolas.

De modo a revitalizar o espaço são colocadas duas hipóteses, a primeira passa pela criação de uma possível rota circular do património material e imaterial da freguesia e, uma segunda hipótese, a de revitalizar o centro da vila de Bucelas com o intuito de este espaço ganhar mais vivência edificado criando meio para novas famílias se instalarem às portas de Lisboa.

Concluindo as políticas locais e regionais, através do Plano Diretor Municipal e do Plano Regional de Ordenamento do Território, assumem um enfoque integrado das atividades agrícolas e não agrícolas, sendo necessário uma continuação e atuação destes instrumentos de política económica e social, para um modelo de desenvolvimento rural que permita aos seus habitantes melhorarem as suas acessibilidades, condições de emprego e qualidade de vida.

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