Poesia Romãntica E Música Popular No Brasil Do Século

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Poesia Romãntica E Música Popular No Brasil Do Século UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA BRASILEIRA DOCES MODINHAS PRA IAIÁ, BULIÇOSOS LUNDUS PRA IOIÔ: POESIA ROMÂNTICA E MÚSICA POPULAR NO BRASIL DO SÉCULO XIX Jonas Alves da Silva Junior Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Literatura Brasileira, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Letras. Orientador: Prof. Dr. Vagner Camilo 8 São Paulo 2005 9 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA BRASILEIRA DOCES MODINHAS PRA IAIÁ, BULIÇOSOS LUNDUS PRA IOIÔ: POESIA ROMÂNTICA E MÚSICA POPULAR NO BRASIL DO SÉCULO XIX Jonas Alves da Silva Junior 10 São Paulo 2005 11 A meus pais. 12 AGRADECIMENTOS Quem vê esta dissertação pronta não imagina que ela movimentou sonhos, desejos, momentos de aflição, dúvidas e descobertas. Muito bem dizem os terapeutas que, quando pesquisamos algo, estamos, na verdade, investigando a nós mesmos. Por isso, o objeto de pesquisa não pode ser escolhido de modo aleatório, deve haver uma relação estabelecida com o pesquisador, por mais subjetiva que seja. Como se fosse uma relação entre pai e filho. Pois bem, depois de mais de 4 anos - incluindo a iniciação científica, quando a idéia do trabalho surgiu - eis que ele nasce, no verão de 2005/2006. Uma gestação longa, árdua, mas gratificante. Não foi uma “concepção” solitária: muitas pessoas me auxiliaram nessa empreitada. As contribuições, por mais singelas que tenham sido, foram de grande valia. Abaixo, estão elencadas algumas dessas “personagens” que me orgulho de terem feito parte deste projeto, aos quais presto meus mais sinceros agradecimentos: - A meus pais, Jonas Alves da Silva e Maria Vieira Rosa da Silva, pelo carinho e pelo apoio incondicional; - Ao meu orientador Vagner Camilo, pela sabedoria, pelos ensinamentos, pela sensibilidade, pela delicadeza, por acreditar no meu potencial e, sobretudo, pela paciência; - A José Francisco Cavalcante, pela revisão, pelo apoio em praticamente todo o processo, pelas preciosas sugestões na análise de “Tirana”, de Castro Alves; - A Maria das Graças Gomes Nascimento, pelo carinho e pela amizade; 13 - A Fábio Luiz Rodrigues Alves, por me ajudar nas traduções para o inglês; - A Bruno Ribeiro, pelo apoio e atenção dedicados na reta final da pesquisa; - A Meire Oliveira Silva, pela revisão, por estar sempre disposta a escutar minhas “divagações” poético-musicais; - Ao maestro Sérgio Lavor, pelo aprendizado musical que tive com ele, no início da pesquisa; - À cantora e compositora Olívia Hime, pela delicadeza e pela disposição em me conceder entrevista por telefone; -À professora de Artes Neusa Barleta, pelas preciosas informações musicais, por me apresentar seu rico acervo de música brasileira popular e erudita; - A Érica Sacata, pelas preciosas sugestões para valorizar o trabalho esteticamente; - A Luiz André Brito, pelas dicas de como melhorar a ilustração da capa; - A Lina e Jacó , do DLCV, pelo respeito e presteza com o qual me trataram desde que ingressei na pós-graduação; - Aos meus amigos do vôlei USP; - Aos funcionários da Divisão de Música da Biblioteca Nacional; 14 - Ao CNPQ, pela bolsa de estudos concedida para a realização deste trabalho. Enfim, “agradecer a Deus, pelo tempo que ele me dá pra viver, agradecer a nós, a vós e ao caminho bonito da gente encontrar...” (Cacaso). 15 RESUMO A dissertação versa sobre as relações entre poesia e música no século XIX, bem como sobre a produção poético-musical resultante dessa união. O argumento central é o de que os poetas românticos foram colher inspiração no medievalismo europeu na só para a construção de uma mitologia nacional (indianismo), mas também para a concepção de uma arte única, pautada por essa aliança entre poesia e música nos moldes trovadorescos. Essa conexão foi além da musicalidade implícita na poética do período. Alguns românticos, tal como os trovadores, buscaram integrar as duas artes a partir de poemas escritos especialmente para serem musicados e apresentados em circunstâncias performáticas. Assim, nasceu, no Brasil, a parceria : um poeta produzindo a letra e um compositor musicando-a. A prática de fundir essas duas manifestações artísticas num todo único iniciada pelos trovadores teve continuidade em alguns poetas românticos, principalmente os que freqüentaram a tipografia do editor Paula Brito, fundador da conhecida Sociedade Petalógica do Rossio Grande . Das reuniões dessa sociedade resultaram diversos poemas musicados em forma de modinha ou lundu, examinados aqui de modo a evidenciar os temas recorrentes, bem como as imagens e metáforas musicais neles presentes. Essa aliança trouxe popularidade e novo alento, tanto para a música popular, quanto para a poesia brasileira que encontrou nessa aliança um meio de difusão que suprisse a carência de um público letrado. Palavras-chave: poesia, música, Romantismo, medievalismo, performance , modinha, lundu. ABSTRACT This dissertation examines the relations between poetry and music in the nineteenth century, as well as the poetic-musical production which results from this union. The central argument is that romantic poets took inspiration from european medievalism not only for building a national mythology (indianism) but also for the conception of an unique art form, ruled by this alliance between poetry and music in the troubadourish models. This connection went beyond the implicit musicality of that era’s poetry. Some romantic poets, as troubadours, wanted to integrate both arts from poems specially written to be set to music and presented in performance venues. Thus, the partnership was born in Brazil: poets started to create lyrics and composers set them to music. The practice of blending these two artistic manifestations in only one, initiated by the troubadours, had continuity with some romantic poets, mainly those who attended the editor Paula Brito ’s typography, founder of the well known Sociedade Petalógica do Rossio Grande . From these meetings came several poems set to music in form of modinha or lundu examinated here in order to portray the recurrent themes, as well as images and musical metaphors existing in them. This alliance brought popularity and enthusiasm for the popular music as for the Brazilian poetry, which found in this alliance a way of diffusion that would supply the need of the scholarly public. Keywords : poetry, music, Romantism, medievalism, performance, modinha , lundu . 16 SUMÁRIO 1. Introdução........................................................................................................8 2. Esta ciranda de tantas cores vem nos falar dos trovadores..........................12 3. Eu pego a viola e faço um verso feito um trovador........................................19 4. A modinha na moda dos poetas....................................................................24 5. Se lembra quando toda modinha falava de amor?........................................29 6. As mais lindas modinhas do meu Rio de outrora..........................................32 6.1 Membros da Sociedade Petalógica .................................................. 41 7. Vai, triste canção, sai do meu peito e semeia emoção..................................48 8. Minha voz na voz do vento............................................................................57 9. Poesia, participação e performance.............................................................. 63 10. Poesia em modo menor...............................................................................80 11. A melodia e o poema são o que nos faz irmã e irmão.................................85 11.1 Quando a poesia se faz amor.........................................................94 11.2 Mulher, sempre mulher!..................................................................97 11. 3 O que será que andam sussurrando em versos e trovas?..........102 11.4 Amor às avessas...........................................................................131 11.5 Modos e modas das modinhas e lundus.......................................141 11.6 As modinhas de Rabelo como modelo..........................................144 11.7 Nem só de amor se vive................................................................150 12. A última voz, a voz de um trovador............................................................156 13. Bibliografia.................................................................................................161 13.1 Obras consultadas........................................................................161 17 13.2 Referências bibliográficas.............................................................161 14. Discografia.................................................................................................173 15. Anexos.......................................................................................................175 18 Rugendas Costumes de São Paulo , 1835 Todos cantam sua terra, Também vou cantar a minha Nas débeis cordas da lira Hei de fazê-la rainha; - Hei de dar-lhe a realeza Nesse trono de beleza Em que a mão da natureza Esmerou-se em quanto tinha. Tem tantas belezas, tantas, A minha terra natal, Que nem a sonha um poeta E nem as canta um mortal! - É uma terra de amores Alcatifada de flores, Onde a brisa e seus rumores
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