Proibida a venda! Este jornal é GRÁTIS Quinta-Feira 6 de Setembro de 2018 Semanário | Ano: 7|Edição Nº 317 Director-Geral: Evaristo Mulaza JES: o adeus à política activa

O congresso do MPLA, marcado para este sábado, vai escolher o novo presidente do partido que governa Angola desde 1979. É um momento histórico que sucede à saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da República. João Lourenço vai ser eleito o novo líder do partido. Tal como prometera, há dois anos, José Eduardo dos Santos deixa a vida política e partidária. O NG faz uma viagem pelo que foram os últimos 40 anos: os sucessos políticos, os fracassos económicos, os aliados e os inimigos, a gestão do silêncio e do MPLA. Foram quase quatro décadas de um homem que se assumiu como um “desportista emprestado à política”. Págs. 10 a 17 Manuel Tomás Foto Manuel Tomás

10 anos a viver em chapas Bebida não entra Crime sobe 30 por cento Apesar das promessas, já com uma década, mais de três João Lourenço não gostou de ver o Memorial Números oficiais da Polícia Nacional indi- mil famílias continuam a viver em casas de chapa, com Dr. Agostinho Neto ser invadido por bebi- cam que o número de crimes disparou. Entre três metros quadrados de dimensão. Foram obrigadas a das. Além da publicidade, eram garrafas pelo Janeiro e Junho, foram mais de 32 mil. Cerca deixar a Ilha de Luanda e agora têm uma vaga esperança chão. Exonerou Jomo Fortunato, que liderava de um terço a mais do que no ano passado. de receber terrenos. Até lá, mal sobrevivem e assistem a a instituição, exigindo “respeito” pelo espaço. Pág. 7 mortes diárias. Págs. 2 e 3 Págs. 30 e 31 2 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Sociedade Falta de dinheiro trava realojamento Há quase 10 anos à espera de uma casa

Em Luanda, as mais de três mil famílias desalojadas, algumas desde 2007, vão continuar a viver em cubatas e chapas degradadas de três metros quadrados. A falta de dinheiro pode condicionar a mudança. As administrações admitem ceder terrenos, mas não arriscam dizer quando.

Em Janeiro, completaram-se quatro anos desde que as famílias que vivem na Quiçama foram retiradas do Kilombo, na Praia do Bispo.

l Teresa Fukiady Zango, Costa Gabriel, admite improvisam pequenos compar- o “triste cenário” e as condi- timentos, em que cabe apenas ções “precárias” em que aquelas Com o aproximar das uma sala e um quarto. As refei- famílias vivem, reconhecendo chuvas, o receio é maior. “Não sabemos ções são feitas do lado de fora sonho de dias “não serem adequadas” para a porque a ‘suposta sala’ é usada tranquilos e em vida humana. “Estamos preo- como vai ser”, lamenta. como quarto. Sem quarto de casas com melhor cupados”, afirma, justificando “Estamos sempre doentes. Aqui tem banho, as necessidades são fei- comodidade que “a actual situação finan- muitos mosquitos”. tas em sacolas e depois levadas Opoderá conti- ceira do país não favorece a para o lixo, já os banhos decor- nuar a ser mira- distribuição de casas”. rem em casas de banho impro- gem para as mais de três mil Em conjunto com a adminis- TRÊS METROS o cenário é pior: para se visadas, usadas, cada uma, por famílias que vivem em cubatas tração de Viana, está em fase de QUADRADOS ter uma noção, por mais de cinco famílias. de chapas no Zango e na Qui- preparação de terrenos para os Sem água potá- exemplo, um joga- Costa Gabriel assegura que çama, após terem sido desaloja- lesados. “Não prometemos um vel, energia eléc- dor como o bas- a administração está a par de das pelo governo provincial, no prazo. Estamos a prepará-los e, trica e saneamento quetebolista André todos os problemas, mas explica âmbito do projecto de requali - a qualquer momento, podem ser básico, as famílias Gomes Kikas, de que não são os únicos, tendo em cação da Ilha de Luanda. Desde distribuídos”, explica o respon- enfrentam grandes dois metros, não con- conta que o distrito não é uma 2009, aquelas famílias espe- sável, que prevê o cadastramento dificuldades. Vivem seguiria car de pé. E “zona infra-estruturada”. “Eles ram que a promessa de terem de 10 mil lotes no Zango, Tandy em chapas de zinco Rosa Tavares, nem conseguiria sequer estão cansados de viver nessas novas moradias se concretize. e Vila Flor para mais de 10 mil que, devido ao tempo, moradora da Ilha colocar uma cama. A condições. Compreendemos, Na altura, o tempo de espera famílias que vivem em condi- já estão enferrujadas e Dourada maioria das casas têm a mas infelizmente estamos limi- seria de 90 dias. Mas já se pas- ções de risco. “Numa primeira com vários furos, o que dimensão de três metros tados”, resigna-se saram nove anos. fase, vão ser contempladas mil se torna uma porta de entrada quadrados. As casas têm chão O administrador avisa que a Ao NG, o administrador do famílias”, avança. para os mosquitos. No interior, sem cimento. Lá dentro, cortinas ajuda às famílias poderá car- 3 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Angola vai gastar cerca de 243,8 milhões de euros na modernização dos caminhos-de-ferro, com a aquisição de 10 novas locomotivas da Alemanha e da China, e a construção de um parque oficinal para manutenção. O acordo entre as partes foi assinado na segunda-feira.

Falta de dinheiro trava realojamento Há quase 10 anos à espera de uma casa aproximar das chuvas, o receio é maior. “Não sabemos como vai ser”, lamenta. “Estamos sem- pre doentes. Aqui tem muitos

Fotos: Manuel Tomás mosquitos”. O posto médico mais próximo da zona tem apenas um enfermeiro. Apeli- dado de ‘Acaba de me matar’, o posto está aberto apenas durante o dia. Em casos mais graves, são obri- gados a deslocarem- -se até à Muxima, que dista mais de 35 quilómetros. Longe da cidade, muitos ficaram desempregados e, para sobreviver, têm de trabalhar como agriculto- res nas lavras. Outro morador, Ladislau diz senti- rem-se “esquecidos”. O jovem, ex-atleta de futebol de salão, agora é comerciante de per- -se apenas pela entrega de ter- fume e chinelas. “A vida é renos. “O ideal seria atribuir difícil”, queixa-se. casas, mas a situação económica As obras da construção do país não permite”, lamenta. Eles estão cansados de viver das possíveis casas de Iso- Em nais de Janeiro, a admi- nessas condições. Compreendemos, mas por, destinadas aos desalo- nistração de Viana anunciou jados, foram canceladas por que, em Março, poderia lotear infelizmente estamos limitados. falta de pagamento do governo terrenos nas zonas do Tandy e provincial. Vicente Soares, Musseque Baía para os desalo- administrador da Quiçama, jados do Zango. Cada bene - reconhece a falta de dinheiro ciário poderia receber não só de crianças, por doenças diar- dores apelidaram-na de Ilha e admite que uma das soluções o espaço, como também uma reicas e cutâneas por causa do Dourada. Mas a realidade está poderá passar por ceder espa- planta-modelo da casa, o título consumo de água imprópria. “A longe de fazer jus ao nome por ços às famílias para construção. de posse, algumas chapas e ‘cro- água é comprada na vizinhança não se tratar de uma ilha, mas Foto: Mário Mujetes Ao NG, uma fonte da Comis- quis’ de localização, tendo em por preços altos e é conservada de uma mata. Aqui os case- são Administrativa da Cidade de conta o nível de vida de cada um em tanques”. bres têm como vizinhos capins Luanda a rmou que o assunto e por cada agregado familiar. e bichos. “Dormimos com os ultrapassa as suas competên- Um dos lesados e morador COM OS BICHOS bichos”. Horas antes tinha aca- cias, pois era res- do Zango, Luís Artur, assegura DA QUIÇAMA bado de matar uma cobra que Costa Gabriel, ponsabilidade do que, ano após ano, a adminis- Em Janeiro, completaram-se quase mordia os gémeos recém- administrador Governo Provin- tração tem prometido resolver a quatro anos desde que as famí- -nascidos. Rosa Tavares afirma do Zango cial, que tam- situação, mas lamenta a demora. lias que vivem na Quiçama já terem visto terrenos cedidos bém se demarca Aquele morador destaca o índice foram retiradas do Kilombo, pela administração, mas que se de qualquer responsabilidade na de mortalidade, principalmente na Praia do Bispo. Os mora- negaram a ir para lá. Com o falta de realojamento das famílias. 4 SOCIEDADE Quinta-feira 6 de Setembro 2018

(re)flexões leigas

Ñana Kakuengu e Ñana Ñunji Soberano Kanyanga Escritor Angola usa apenas tecnologia nuclear na saúde, agricultura e construção civil. Fotos: D.R. Reza a oratura que... exis- Cabanga (ex-árbitro de fute- Mais de 1.800 toneladas de lixo produzidas tiu em terras de Kuteka, bol em Luanda) Jacinto Abreu Lubolu (Libolo), entre os ‘Cabanga’, o Cabanga, que é anos 1870 – 1930, um cida- soba da aldeia de Muxinda, em dão de nome Kabanga ‘Soba Malanje, entre outros. Material radioactivo Ngana Kakungu’, originário Antes da aventura mili- de Banza de Mukongu, de onde tar, pelo Kuteka (comuna de fora enviado para a região de Munenga), Ngana Kakungu Ndala-ya-Xipo (Dala-Caxibo), trabalhou como contratado na ao ‘deus-dará’ Kibala, onde desencadeou lutas fábrica de pólvora, em Luanda, expansivas do ‘reino’ e contra a cuja experiência lhe permitiu Mesmo sem produzir Pedro Lemos, promete o “desman- também usada para veri cação da presença europeia. Esse, sem- fabricar armas rudimentares energia atómica, Angola telamento” destes locais para num integridade das infra-estruturas, pre que voltasse vitorioso, tra- (kanyangulu) com que pro- já tem mais de 1.800 período de três anos o Governo na construção de pontes e estra- zia como troféu uma esposa. curou contrapor a ocupação toneladas de criar “melhores condições para das e no fabrico de bebidas. Era, por isso, senhor de mui- colonial e estender a influên- o armazenamento do material Angola ainda não produz tas mulheres e muitos filhos. cia (dos Lubolu) na região de lixo acumuladas. O radioactivo atómico nocivo”. Até energia nuclear, utiliza apenas a Quando se dá a sua morte, Ndala-ya Xipo. Governo promete criar 2021, Angola deve ter um aterro tecnologia, sobretudo materiais por traição, na comunidade Enquanto pertencente ao depósitos até 2021 e quer para acomodação e depósito do radioactivos. de Mbanze-yó-Teka (Banza ou grupo de ascendência Ngola, reforçar o programa de material radioactivo considerado A Autoridade Reguladora fez capital de Kuteka), Munenga, a história de Ñana Kakungu produção de energia. “nocivo para o ser humano”. parte da equipa que elaborou o as suas várias esposas foram assemelha-se à dos Reis Nzinga Pedro Lemos salienta que, em programa Nacional de Energia distribuídas pelos sobrinhos e Ngola Mbandi. Portanto, não Angola, a tecnologia atómica foi Atómica, (CPF 2018-2019), apro- l André Kivuandinga (kulundula ou levirato), para se trata de um soba qualquer. sempre explorada, mas lamenta vado pelo Governo e poderá ser que dessem continuidade à Kitinu Kanyanga ou Ñana que não se saiba disso, por asso- aplicado na melhoria da produção criação dos irmãos (primos) e à Ñunji (o Senhor Suporte/Guar- ngola tem lixo ciarem a energia à guerra. agrícola, através de mutações dos sua campanha expansionista e dião), seu sobrinho, substituiu- atómico equi- A energia atómica aplica-se em nutrientes do solo e gestão da água, defensiva em relação ao branco. -o no trono em Mbaze-yó-Teka valente a 1.800 todos os domínios, desde a saúde, controlo de doenças em animais, A tradição oral narra que a sua (capital de Kuteka), vindo a diri- toneladas de passando pela agricultura, indús- produção de vacinas e minimizar a cabeça foi decapitada e levada gir aquele povo até vésperas da A material radioac- tria, construção civil e outras áreas. importação e garantir a segurança por militares portugueses à For- Independência de Angola. tivo e “nocivo”, O principal ramo que usa este tipo alimentar, destaca o secretário de taleza de Luanda. Soba Ngana apesar de o país não produzir de energia é o dos petróleos, com Estado da Energia, António Belsa Kakungu ou Kabanga tem mui- energia atómica. Os dados foram mais de mil fontes radioactivas da Costa. O governante reconhece tos homónimos (consanguí- Fonte: Recolha oral revelados pela Autoridade Regu- em funcionamento, usados na que, apesar da “determinação e neos ou não) sendo alguns de na região de Kuteka com José ladora de Energia Atómica prospecção, exploração e armaze- engajamento” na diversi cação sua descendência António José Kilombo Albano/2018 (AREA), que promete construir, namento dos produtos. Na acons- da economia, “o petróleo conti- dentro de três anos, um aterro trução das barragens eléctricas, é nua a desempenhar um papel de para o depósito desse lixo. extrema importância” na econo- Angola usa apenas tecnolo- mia. Com o programa, o Governo gia nuclear na saúde, agricultura Até 2021, pretende também apoiar e refor- e construção civil, mas pretende Angola deve ter um çar a capacidade de planeamento produzir energia atómica para a longo prazo para maior acesso a ns pací cos. O programa-qua- aterro para serviços modernos de energia nas dro começou a ser implementado acomodação e zonas rurais e periurbanas, utili- este ano e vai até 2019. depósito do material zando técnicas de isótopos para A AREA realizou recente- identi car a água subterrânea e mente um levantamento de todo radioactivo potenciais fontes de “poluição”. material, sobretudo proveniente considerado Costa assegura que a chave da área de exploração de petró- para a “conquista dos resultados é leo e produção de gás e a identi- “nocivo para o ser o forte compromisso do Governo cação dos armazéns em que são humano”. em proporcionar apoio adminis-

Fotos: D.R. guardados. O director da AREA, trativo e nanceiro.

6 SOCIEDADE Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Cronicontando Gazeta Solidário O homem que Desaparecido sofria de mau hálito há oito meses Onélio Santiago, jornalista Paulo Domingos de Almeida Ribeiro, de 43 anos, está desaparecido desde Janeiro, depois de ter saído de casa sem se despedir da esposa e dos lhos. Segundo a família, dois meses depois, em Março, Paulo terá entrado em contacto, de maneira muito duvidosa, a dizer que estava na No princípio, era só um nguto vê lá se tratas dessa tua kibu- Lunda-Sul. Daí, não houve mais qualquer sinal. de leve! O homem precisava só zada, pah, assim também não, Já o procuraram em vários locais em Luanda de pastilhas ou jinguba para o homem não vive só de fé ou A dormir no chão e na Lunda, mas sem sucesso. Apelam a quem disfarçar o quibuzo! pão, a higiene também conta. Já faz mais de cinco anos que António João Francisco, o vir a entrar em contacto. Com o tempo, entretanto, o O destino desse cidadão, de 73 anos, passa por sérias di culdades. O septuage- bafo atingiu níveis históricos. de quem nunca chegaremos a nário contraiu feridas nas pernas e, para o tratamento Contactos: 948 16 24 10 – Catarina Almeida O mau hálito era tanto que os descobrir a identidade, viria a básico, tem dependido totalmente da boa vontade de (mãe) vizinhos se limitavam a diri- mudar quando a condição dele uma vizinha, que também lhe dá o que comer sempre 923 59 14 35 – João Mateus (irmão) gir-lhe um aceno e, quando o foi comunicada ao Governo, que possível. Antes da doença, Francisco vivia de peque- 936 35 13 79 – Manuel Bandeira (irmão) homem tentasse abrir a boca despertando ideias incríveis em nos trabalhos de pintura em residências, mas agora está para dizer “bom dia”, os outros dois ministros, nomeadamente impossibilitado de o fazer. se lançavam logo para dentro o dos Assuntos Bilingais, Tre- A residir sozinho na rua da Brigada, em Luanda, num de casa, eh, cuidado, fecha a tas e Simulação, assim como no quarto sem cama nem colchão, o mais-velho não tem porta, rápido, rápido… político que dirigia o departa- mulher ou lhos, nem outros parentes. Dorme numa No táxi, havia passageiros mento ministerial responsável esteira sem lençol, o que tem causado ainda mais proble- que lhe ofereciam dinheiro só pelo Branqueamento de Falca- mas. Precisa de meios domésticos, alimentos e roupas. para não terem de viajar juntos! truas e Conexos. Extremamente grosso e denso, Antigos moradores de um Contactos: 927 83 99 08 / 996 78 95 65 – Anivánia o cheiro que o senhor expelia, mabululu, tendo subido na car- Caetano (vizinha) dizem os que o conheceram, reira graças a um arrivismo for- dava a sensação de lhe terem tificado com miscaria de origem implantado um esgoto no lugar desconhecida, os dois gover- CIDADANIA da boca. Na igreja, receando nantes contrataram o senhor que o tipo fosse afugentar os do mau hálito para exercer a outros crentes, o pastor ignorou função de ‘agente especial de o risco de perder as generosas desestabilização externa’. “A Direitos do docente universitário quantias que o homem depo- tua missão” – começaram por sitava no balaio e deu-lhe um dizer os dois mijagrossos – “é O recém-aprovado Estatuto da Car- ultimato por telefone, ó irmão, viajar como representante do reira Docente do Ensino Superior nosso país naquele importante (ECDES) estabelece, ao longo das encontro internacional e abrir sete alíneas do artigo 34.º, os direitos a boca no exacto momento em destes pro ssionais, independente- que se aproximar a assinatura mente de estarem numa instituição de acordos, evitando que tal pública ou privada. aconteça.” A alínea ‘a’, por exemplo, refere Entretanto, horas antes da que o docente do ensino superior viagem, o homem, pretendo possui liberdade de pensamento e estar à altura do seu novo de expressão de ideias e opiniões, cargo, banhou-se com as famo- de criação cultural, cientí ca e tec- sas folhas de cura-tudo e mas- nológica, de acordo com os valores, do processo de ensino e aprendi- cidadania, recomendamos que os tigou quarenta e dois quilos de princípios e regras de índole moral, zagem da instituição. docentes universitários conhe- gengibre. O acordo foi assi- ética, deontológica, cívica e de cida- Mas há outros direitos, como çam estes direitos e que os reito- nado com sucesso e o chefe de dania aplicáveis à sua actividade o de ser valorizado, reconhecido res e gestores das instituições os governo despediu os minis- pro ssional. No mesmo artigo, a e remunerado justamente, de respeitem, incluindo os que aqui tros, ordenando a fusão dos alínea ‘b’ acrescenta a liberdade acordo com as suas habilitações não foram exaustivamente men- dois departamentos, cujo líder de investigar e ensinar, no âmbito académicas, técnicas e pro ssio- cionados, como o apoio na pro- actual é um tipo que, em tem- dos programas e métodos de ensino nais, bem como da qualidade do gressão da carreira e o direito de pos, já respondeu pelo nome aprovados pelos órgãos competentes, seu desempenho e dos resultados se aposentar e receber as devi- de senhor da boca suja. de modo a contribuir para o êxito obtidos. Por se tratar de dever de das regalias. Quinta-feira 6 de Setembro 2018 SOCIEDADE 7 Foto: Santos Samuesseca Crime sobe para quase, 10 mil casos em relação ao ano passado Seis meses, 32 mil crimes Angola registou nos recente relatório do Ministério do Entre os redes de transportes de energia ção, Greve, Direitos e Deveres Interior (MININT) sobre segu- e águas, exigindo aos órgãos do Fundamentais dos Cidadãos, últimos seis meses um crimes, 151 foram aumento de crimes, rança pública referente ao pri- MININT maior acutilância no à Luz da Constituição e da Lei, na ordem dos 30 por meiro semestre, que revela que, cometidos com combate a este crime e “medidas entre outros diplomas. nos últimos seis meses, foram duras” por parte das entidades cento. Foram no total registados 32 mil crimes, quase recurso à arma de judiciais aos cidadãos infractores. ESTRADAS MORTAIS de 32 mil crimes, mais 10 mil casos em relação ao fogo; 137 com arma O Ministro do Interior orien- Apesar dos esforços e das ope- quase mais 10 mil, ano passado, um acréscimo de branca, 133 por tou também a Polícia Nacional rações ‘stop’ com recurso ao uso em relação ao ano quase 30 por cento. e o Serviço de Investigação Cri- do ‘bafómetro’, o país continua passado, em que se Entre os crimes que mais espancamento e minal a continuarem a aper- a registar altos números de aci- destacam os homicídios ‘cresceram’, destacam-se os outros de natureza feiçoar os procedimentos de dentes de viação. Neste semes- voluntários. Apesar homicídios voluntários com 673 actuação, visando a melhoria tre, foram registados cinco mil casos. Desentendimentos, ques- diversa. das técnicas de combate à cri- acidentes, que tiveram como dos números, tões passionais e crença no fei- minalidade organizada, bran- consequência 1.159 mortos e as autoridades ticismo são apontados como as queamento de capitais, crimes 5.452 feridos. Luanda, apesar consideram a segurança principais causas para os homicí- informáticos, raptos, trá co de da queda de 164 casos, continua pública “calma”, mas dios. Entre os crimes, 151 foram seres e órgãos humanos. a ser a mais referenciada relati- recomendam maior cometidos com recurso à arma Realizado de 30 de Agosto a 3 vamente à sinistralidade, com rigor no combate à de fogo; 137 com arma branca, de Setembro, o Conselho Consul- 809 casos. Na tabela, seguem- criminalidade. 133 por espancamento e outros tivo apreciou e discutiu diversas -se Benguela, com 597 aciden- de natureza diversa. A idade das matérias com ênfase para os pro- tes, Huíla, com 520, Huambo, vítimas varia entre os 21 e os 41 jectos de Lei de Controlo Electró- com 450, e Bié, com 401. anos de idade e os seus autores Ângelo Viega Tavares, nico; de Lei da Identi cação ou O excesso de velocidade, o l Teresa Fukiady rondam entre os 20 e 38 anos. ministro do Interior Localização Celular e Vigilância mau estado técnico das viaturas Apesar dos números e dos Electrónica, para ns de Protec- e a condução sob efeito de álcool os últimos meses, aumentos de crimes violen- segunda-feira, durante o encer- ção e Repreensão Criminal; de constituem a razão do número os frequentes epi- tos com realce aos praticados ramento do Conselho Consultivo Leis das acções encobertas para elevado de sinistralidade rodo- sódios de violên- com recurso à arma de fogo, Alargado do Ministério do Inte- ns de protecção e scalização viária. O ministro apelou a polí- cia têm colocado as autoridades consideram a rior. Na abertura, o ministro do criminal; de Regulamento Orgâ- cia a continuar a aprimorar a N em ‘xeque’ a segu- segurança pública “calma”, mas Interior, Ângelo Veiga Tavares, nico da Direcção de Coordenação fiscalização do trânsito rodo- rança pública no recomendam a polícia e o Ser- mostrou-se preocupado com o do Centro Integrado de Segu- viário, no sentido de diminuir país. As autoridades, por sua vez, viço de Investigação Criminal elevado índice de sabotagem e rança Pública e ainda o memo- os acidentes nas estradas, que têm admitido o aumento de cri- (SIC) a imprimir “maior rigor” vandalização dos bens públicos, rando sobre o Regime Jurídico da têm ceifado milhares de vidas mes violentos. O crescimento da no combate à criminalidade. com realce para as infra-estru- Manutenção da Ordem Pública, humanas e causando elevados violência é espelhado no mais O relatório foi divulgado na turas hospitalares, escolares, Direito de Reunião, Manifesta- prejuízos materiais. 8 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Política

Congresso histórico marcado para sábado MPLA troca de líder 39 anos depois

Sob o lema ‘Com a força do passado e do presente, ção deverá ser pací ca, conside- 60 anos de existência que soube Antes do congresso, um pouco construamos um futuro melhor’, o MPLA realiza o rando a existência de apenas uma sempre superar momentos difí- por todo o país, o MPLA organi- 6.º congresso, que vai ser histórico. Quase 40 anos candidatura. Nos últimos tempos, ceis, congregar os seus militan- zou diversas homenagens a José têm crescido os comentários sobre tes, mobilizar o povo e manter a Eduardo dos Santos, aproveitando depois, José Eduardo dos Santos passa a pasta a João a existência de uma suposta bice- sua unidade e coesão para alcan- a data, 28 de Agosto, do seu ani- Lourenço, actual Presidente da República e que foi falia entre o chefe de Estado ango- çar as vitórias mais retumbantes versário. No entanto, o próprio um dos delfins do líder do MPLA. São esperados lano e vice-presidente do MPLA, da história moderna de Angola”. homenageado evitou aparecer cerca de três mil delegados, todos militantes do João Lourenço, e o líder do par- José Eduardo dos Santos desa ou em público, tendo apenas parti- partido, e centenas de convidados nacionais e tido, José Eduardo dos Santos, em ainda que o MPLA demonstre, no cipado numa festa de aniversá- estrangeiros. que se incluem críticas internas congresso, “unidade e coesão polí- rio na academia de futebol que sobre os rumos do MPLA. tica e ideológica.” ele próprio criou. José Eduardo dos Santos, de O Comité Central, após con- No sábado, o MPLA vai ele- 76 anos, anunciou em 2016 que sulta nos comités provinciais e ger como líder do partido João l Emídio Fernando e Valdimiro Dias A reunião magna, marcada deveria deixar a vida política activa com base na documentação de Lourenço, o actual Presidente da para este sábado, 8 de setembro, este ano, tendo con rmado a sua suporte ao Processo de Transição República, escolhido pelo par- sob o lema “Com a força do pas- saída, na última sessão extraordi- Política na Liderança, manifestou tido para encabeçar a lista can- sado e do presente, construamos nária do Comité Central do MPLA, a sua concordância e decidiu con- didata às eleições de Setembro de um futuro melhor”, vai albergar realizada a 25 de maio, argumen- vocar um Congresso Extraordi- 2017. Um ano depois de ganhar cerca de três mil delegados, mili- tando que “tudo o que tem um nário, aprovando a candidatura as eleições, João Lourenço, nas- eleição de tantes do partido, aos vários níveis, começo tem um m”. Na reunião de João Lourenço à presidência cido em no Lobito há 64 anos, vai João Lou- e centenas de convidados. do Comité Central, que preparou do MPLA. passar a liderar um partido que renço como Mais do que as decisões polí- a realização do Congresso, José O congresso ainda vai votar três ele conhece como (quase) nin- presidente do ticas, o conclave vai car marcado Eduardo dos Santos defendia que projectos de resolução, propostos guém. Fez toda a carreira polí- A MPLA e um pelo acto histórico que é a suces- esta transição era a que “todos dese- pelo Comité Central, todos liga- tica no interior do MPLA, de debate para reajustar o plano de são de José Eduardo dos Santos, jamos” e desa ou a que se proce- dos à gura de José Eduardo dos comissário provincial a secre- desenvolvimento económico e quase 40 anos depois de ter assu- desse “de forma pací ca, normal, Santos, que será condecorado com tário-geral. Fora do partido, foi social de Angola vão centralizar mido o poder. O ainda líder do natural, sem quaisquer sobres- os títulos de ‘Presidente Emérito deputado e vice-presidente da o 6.º congresso extraordinário MPLA cumpre assim com a pala- saltos, demonstrando-se assim do MPLA’, ‘Membro Honorí co Assembleia Nacional, entre 2003 do partido que governa Angola vra dada de que iria abandonar a a maturidade política do MPLA, do Comité Central’ e ‘Militante e 2014, e ministro da Defesa de desde 1975. política activa em 2018. A transi- como um partido com mais de Distinto do MPLA’. 2014 a 2017. O processo de burla de 50 mil milhões de dólares, 9 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 que lesaria o Estado angolano, regressou ao Tribunal Supremo e encontra-se em fase final da instrução contraditória, informou, na segunda-feira, em Luanda, o presidente deste órgão judicial, Rui Ferreira.

Presidente João Lourenço agradece China promete apoio “sem condições”

O presidente da João Lourenço dente Xi Jinping quer que a nova China, Xi Jinping, reuniu-se com o presidente da cooperação seja feita de forma garantiu ao Presidente China, Xi Jinping. rigorosa e transparente”, disse da República, João Manuel Augusto. Lourenço, “total apoio” A participação ao mais alto à mudança de políticas nível de Angola na FOCAC tem em curso em Angola, em vista culminar com as nego- ciações para uma nova linha de de forma a aumentar crédito chinês de mais de 12 os investimentos sem mil milhões de dólares, des- imposição de “condições tinados ao financiamento de políticas”. vários projectos.

12 ANOS DE COOPERAÇÃO Criado em 2006, em Pequim, a Cimeira do FOCAC é a maior actividade diplomática que junta dezenas de chefes de Estado do continente africano. A Cimeira de Pequim foi a maior actividade diplomática que a capital chinesa acolheu presidente foi o país asiático “que esten- para financiar o desenvolvi- margem da cimeira, que não este ano, com delegações de chinês, X i deu a mão na fase de recons- mento no continente africano, deviam ser assinados acor- líderes africanos e de organi- Jinping, trução nacional”. nos próximos três anos. dos no sector financeiro, indi- zações regionais do continente. prometeu ao “Estamos a reconstruir o Durante a III Cimeira do cando que se está na fase final O encontro analisou temas O homólogo nosso país com o financia- Fórum de Cooperação China- das negociações. como o ‘Diálogo entre Líde- angolano, João Lourenço, “total mento chinês também”, afir- -África, em que esteve presente Segundo o chefe da diplo- res e Representantes de Indus- apoio” à mudança de políticas mou, reconhecendo que a o Presidente da República, João macia angolana, a presença na triais e Comerciais Chineses e em curso em Angola, de forma China tem desempenhado um Lourenço, o chefe de Estado chi- capital chinesa pela segunda vez Africanos’ e a ‘Abertura da VI a aumentar os investimentos papel importante no desenvol- nês garantiu que o valor deverá consecutiva em menos de um Conferência de Empresários sem imposição de “condições vimento de África, pro- incluir assistência não mês do ministro das Finanças, Chineses e Africanos’. políticas”. cesso que “requer uma reembolsável de 15 Archer Mangueira, é “prova Durante os dois dias, os líde- Xi Jinping, que recebeu João certa atenção”. “As mil milhões de do empenho das duas partes”. res africanos e chinês trocaram Lourenço na sala de audiências nossas parcerias dólares norte- “É possível que este acordo impressões sobre o progresso do Grande Palácio do Povo na no passado não -americanos. (sobre a definição do quadro das relações entre a China e capital chinesa, à margem da deram certo A ngola geral de cooperação finan- África, questões de políticas Cimeira China-África, garan- e, em pou- e a China, ceira) seja assinado na China regionais e internacionais. tiu que poderá contar com o cas décadas, no entanto, ainda este ano”, previu, salien- A Cimeira de Pequim pre- seu apoio para o desenvolvi- a China esten- concordaram tando que Pequim está disposta via aprovar dois documentos mento de Angola. deu-nos a mão e em adiar, para a financiar projectos em África, com as intenções das partes O Presidente João Lou- os resultados são final de Setembro, mas uma das contrapartidas, em relação à parceria comum renço, por sua vez, agradeceu visíveis em pra- as negociações tal como definiu o seu presi- conhecida como ‘Declaração Manuel Augusto, ministro o homólogo chinês, Xi Jin- ticamente todo o das Relações Exteriores para a defini- dente, é a transparência dos de Pequim para Construir ping, pela ajuda no processo continente”, reco- ção de um novo países que queiram concorrer uma Comunidade de Destino de reconstrução nacional de nheceu. quadro geral de a esse financiamento. Comum e uma África Mais um país que foi devastado por cooperação financeira, avan- “Quando a China lançou Sólida’ e o ‘Plano de Pequim uma guerra civil. 60 MIL MILHÕES çou o ministro das Relações esta cimeira, anunciou que 2019-2021’. O estadista angolano afir- PARA ÁFRICA Exteriores. tem mais de 100 mil milhões Esta é a terceira cimeira, mou que Angola encontrou na O Presidente Xi Jinping garan- Manuel Augusto, que acom- de dólares para cooperar com depois da de Pequim, em 2006, China um parceiro que está a tiu que a China vai disponibi- panhou o Presidente João Lou- África. Tem dinheiro, vontade e da de Joanesburgo (África do ajudar a construir o país e que lizar 60 mil milhões de dólares renço ao fórum, esclareceu, à e capacidade, só que o Presi- Sul), em 2015. Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Herança política de José Eduardo dos Santos Fiel a (...) Cumpro hoje o honroso dever de prestar Quase Agostinho juramento, neste cerimónia solene Neto de investidura, para assumir os quatro elo próprio pé, no cargos de tempo que escolheu, presidente do José Eduardo dos Santos deixa a política activa. MPLA-PT, Já tinha prometido Presidente da RPA décadas de fazê-lo há dois anos. O e comandante- momento histórico vai acontecer no congresso em-chefe das do MPLA marcado para FAPLA. Não é este m-de-semana. A presidência de José Eduardo um MPLA P uma substituição dos Santos atravessou quatro gerações. Quem tenha nascido depois de 1979 não conheceu outro Presi- fácil e nem tão- dente da República, nem outro líder do MPLA. Por isso, em oito páginas, o NG faz um balanço de pouco me parece uma vida política, desde que assumiu a Presidên- uma substituição cia, em Setembro de 1979, substituindo Agostinho unido possível. É apenas Neto. José Eduardo dos Santos tinha vindo da guer- rilha, já se tinha a rmado no Governo e no partido uma substituição por ter dirigido os necessária.” contactos interna- JES assume a cionais do MPLA Presidência, que o levaram a ser ministro das Rela- 21/09/1979 Mestre em gerir silêncios, é com grande expectativa que enfrentando ções Exteriores. os mais de três mil militantes, no congresso do MPLA, internamente as Foi nesse cargo que vão ouvir o discurso de despedida de José Eduardo dos granjeou o apoio Santos. Nos últimos tempos, tem insistido na “coesão e na feridas provocadas mais decisivo da unidade” do partido. Essa união é precisamente a maior pelo 27 de Maio. sua carreira: o de Lúcio Lara. marca que deixa num partido que, desde a sua criação, Fiel a Agostinho passou por diversas fricções. Neto, José Eduardo dos Santos assume a Presidên- cia, enfrentando internamente as feridas provocadas pelo 27 de Maio e por uma guerra civil já iniciada em 1974. Externamente, geria a pressão do mundo Emídio Fernando O congresso, que se realiza ocidental e dos amigos do MPLA, Cuba e a União este sábado, vai elevá-lo à cate- Soviética. Pragmático, silencioso, cauteloso, construiu goria de ‘Presidente Emérito do um partido – e um país – à sua imagem. Transfor- MPLA’, de ‘Membro Honorí co mou, anos depois, a ideologia dominante, abraçou a primeira vez, em quase do Comité Central’ e de ‘Militante o capitalismo e até venceu eleições. 40 anos, que José Eduardo Distinto do MPLA’. São distin- É este percurso, em textos e imagens, que o NG dos Santos preside ao con- ções que, há muito, os militan- resume, com os elogios e críticas à sua governação. gresso do MPLA, com a tes do MPLA reservam para ele. Na hora de fechar a porta à política, José Eduardo Santos dos Eduardo José certeza de que não vai Durante anos, colocaram-no num dos Santos dá o lugar a João Lourenço, como já o sair como líder. Nos con- pedestal, ora como o ‘arquitecto tinha feito quando não quis candidatar-se a uma claves anteriores, sempre da paz’, ora como ‘pai da nação’. nova corrida eleitoral. l obteve a unanimidade dos Recentemente, o MPLA lançou milhares de militantes, uma obra, em três volumes, com Évindos de todas as províncias. Foi os discursos de José Eduardo dos aclamado sobretudo quando era Santos ao longo de quase quatro escolhido para encabeçar a lista décadas. Com a compilação de Especial do MPLA, como candidato à Pre- José Mena Abrantes, assessor e sidência da República. conselheiro do ex-Presidente da 10 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 1979 1989 1991 José Eduardo dos Santos chega à Início do fim da União Soviética que tam- Em Maio, José Eduardo dos Santos e Presidência da República, em Setembro, bém marca o final da guerra fria. O mundo Jonas Savimbi assinam os acordos de após a morte de Agostinho Neto. A posse nunca mais seria o mesmo e a guerra, em Bicesse, em Portugal, que iriam abrir as foi-lhe conferida por Lúcio Lara. Angola, iria ganhar outras proporções mais portas à paz, ao multipartidarismo e a favoráveis ao Governo, liderado pelo MPLA. eleições legislativas e presidenciais.

tura, captação de investimentos estrangeiros, procura de melhorar as infra-estruturas e sobretudo o “Em 2012, em incentivo à criação de empresas eleições gerais, fui entram nas preocupações gover- namentais. eleito Presidente Nas questões sociais, José da República e Eduardo dos Santos apostou tudo nas centralidades e nos programas empossado para de combate à fome e à pobreza. O cumprir um Kilamba é uma imagem que lhe ca colada, mas o ainda líder do mandato que nos MPLA queria implementar uma termos da centralidade, pelo menos, em cada Constituição da província. Na sua mais recente entrevista, ao canal português República SIC, admitiu dedicar-se a inicia- termina em 2017. tivas sociais, usando a Fundação Eduardo dos Santos (FESA) que Assim, eu tomei a ele criou para esses ns. decisão de deixar Na diplomacia, foi um prag- mático. Fleumático nas relações e a vida política declarações públicas, conseguiu, activa em 2018”. apesar das pressões internacionais de todo o tipo, manter relações 3/02/2017 com todos os países. Sobretudo com as grandes potências, EUA, URSS (mais tarde, Rússia) e China. Recebe, de braços aber-

Fotos Mário Mujetes tos, os investimentos chineses e incentiva a entrada da China na economia angolana. Antes disso, é reconhecido como o poder legí- timo em Angola, pelas grandes República, a obra é sobretudo como Presidente da República. oportuno a corrupção como o livre, mas com uma forte pre- potências, em especial, os EUA, um documento histórico que Analistas económicos e políti- segundo principal mal que afec- sença do Estado. José Eduardo não obstante enfrentar uma reecte o pensamento, a estra- cos são quase unânimes ao consi- tava a nossa sociedade depois da dos Santos implementou vários guerra civil no território nacional. tégia e também as adaptações derar que a corrupção foi, de facto, guerra, tendo em conta alguns programas económicos. A ina- Ganha a guerra e, magnâ- a que José Eduardo dos Santos um dos maiores falhanços da Pre- excessos praticados por agentes ção na década de 1980 levou a nimo, acolhe os vencidos, outrora foi sujeito. sidência de Dos Santos. Trinta e públicos e privados, que obtinham três trocas da moeda durante a derrotados, dando-lhes um tra- Numa das suas primeiras sete anos depois desse discurso de forma ilícita vantagens patri- década de19 90. Deixou de cir- tamento especial. Enfrentou, por linhas de acção, José Eduardo dos na posse de novos ministros, José moniais para si ou para tercei- cular o ‘velho’ kwanza em favor isso, oposição de parte do MPLA. Santos já elegia o “acérrimo com- Eduardo dos Santos repetia os ros, em prejuízo do bem comum dos novos kwanzas (NKZ). Em Durante algum tempo, não se bate à corrupção”, desde 1980-. argumentos, defendendo que o envolvendo sempre uma trans- 1995, passou a circular o kwanza livrou de ser acusado, dentro do Ou seja, ainda ne,m tinha cele- “MPLA deve liderar o combate gressão da lei e da norma de com- reajustado (KZR), e em 1999 rea- partido, de ter sido permissivo brado um ano na Presidência e já à corrupção e ao nepotismo” que portamento social”. parece o actual kwanza. no tratamento a Jonas Savimbi. detectara um dos males da socie- “minam a imagem do Governo e Os ventos da História obri- A ‘diversi cação da econo- De novo, a diplomacia per- dade e da economia angolanas. de Angola”. Ainda em Dezembro garam-no a mudar o rumo. De mia’, muito por força da crise mitiu-lhe captar apoios milita- Curiosamente, quase ‘ipsis verbis’, do ano passado, num seminário uma economia plani cada, obe- iniciada em 2014, entrou no res de Israel e da antiga Executive João Lourenço repete as mesmas organizado pelo MPLA, o líder decendo às directrizes ideoló- vocabulário da governação para Outcomes, da África do Sul, que ideias e também um ano antes de do partido voltava à carga: “Nós gicas do marxismo-leninismo, combater a excessiva dependên- foram decisivos para derrotar a celebrar o primeiro aniversário próprios de nimos em tempo Angola saltou para o mercado cia do petróleo. Apoio à agricul- UNITA. l 11 Especial JES Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Emídio Fernando mos anos, reforçou o discurso sempre o empurrou para a frente anti-corrupção, sendo particu- do combate político. larmente duro nas críticas ao enriquecimento ílicito. uambo - Marcou grande parte da esporto - Perde-se de guerra civil, quando cordos de paz - Nova amores pelo futebol foi tomada pela Iorque, Gbadolite, e fez tudo para que HUNITA depois da célebre batalha Bicesse, Lusaka e Angola singrasse dos 55 dias. Nessa altura, o movi- Luena constituem Dnas diversas competições. Foi mento de Jonas Savimbi chegou a Aa geogra a dos acordos que JES o principal impulsionador para dominar quase 80 por cento do ter- nunca hesitou em participar e que o país organizasse o Cam- ritório, mas não tinha nenhuma fomentar. Os de Bicesse resul- peonato Africano das Nações, cidade. Huambo poderia ter sido taram no maior período de paz em futebol, facilitando a constru- a grande derrota de JES. Acabou que Angola tinha vivido desde ção dos estádios que hoje estão por signi car o início da derra- 1974. Os de Luena, com a morte desertos. Criou uma academia deira vitória. A cidade foi reto- de Jonas Savimbi, trouxeram a de futebol e é um adepto con- mada mais de um ano depois e A paz. Foi enganado por Mobutu, fesso do Futebol Clube do Porto, começou o desgaste nal de Jonas antigo presidente do Zaíre (hoje de Portugal. Assume-se ainda Savimbi até à derrota. RDC), nas conversações de Gba- como “um homem do desporto dolite. Em Nova Iorque, ajudou emprestado à política”. nimigos - Nos últimos anos, a abrir caminho à independên- os ‘Revus’ foram a maior cia da Namíbia e ao m do ‘apar- leições - Venceu todas as oposição de JES e o que lhe theid’ na África do Sul eleições em que partici- provocou o maior desgaste pou, apesar de não ter Ipolítico, especialmente no estran- Z arcelona - Nos últi- conseguido ser decla- geiro. Chamaram a atenção inter- José Eduardo dos Santos (JES) entrega mos anos, viajou quase Erado vencedor logo na primeira nacional, mas acabaram por se a liderança do MPLA a João Lourenço, todos os anos para a volta em 1992. Mostrou-se sem- ‘desfazer’. JES acabou por desva- no próximo sábado, durante o congresso capital da Catalunha, pre disponível para participar lorizar: “Tentaram aqui também extraordinário do partido. Na hora de deixar Bem Espanha. O cialmente, as na segunda volta, mas enfren- incitar a juventude para realizar visitas foram explicadas como tou a intransigência de Jonas grandes manifestações, utilizaram a vida política activa, o Nova Gazeta recorda, sendo de carácter privado sem Savimbi, que desencadeou uma as redes sociais para comunicarem de A a Z, o percurso político do ex-Presidente mais detalhes. A imprensa nacio- nova guerra. Voltou a vencer, as suas mensagens e estabelece- da República e os momentos-chave da sua nal e internacional ia adiantando com o MPLA, folgadamente as rem mecanismos de mobilização presidência, que começou com a unificação que JES estava em tratamento. O eleições de 2008 e de 2012. e sensibilização. Mas não pegou.” do MPLA, passou pela democratização do resto viveu das especulações de que doença padece. As estadias utungo - JES criou quase oão Lourenço - De acordo país e termina na consolidação da paz e na de mais de 45 dias condiciona- um ‘partido’ à sombra com fontes próximas de JES, reconstrução nacional, por entre sucessos e ram a vida política. do MPLA. Era uma foi uma escolha pessoal para falhas. ‘entourage’ fiel, colo- liderar o país e o MPLA. Na orrupção - Foi pro- Fcada na Presidência da Repú- Jhora da escolha, JES chegou a con- vavelmente o maior blica, e que mandava, de facto. fessar que o actual Presidente era falhanço em 38 anos Os seus membros passaram a dos poucos homens capazes de de governação. Ape- ser conhecidos pelos ‘futunguis- encetar reformas que Angola pre- Csar de ter prometido, por diversas tas’. Desta forma, JES conseguia cisa. Outras fontes garantem que vezes, fazer um acérrimo com- controlar todo o poder sem car JES foi pressionado por uma ala bate à corrupção, isso nunca acon- dependente do MPLA. do partido. teceu. Bem pelo contrário. JES não se livra de ser visto como o estão - Marcou toda ilamba - As centra- homem que permitiu que ela o- a vida política por lidades, como a do rescesse até a partir do interior do uma gestão cuida- Kilamba, entram para seu gabinete. Ao longo dos anos, dosa de silêncios, a História como as foi justi cando que a corrupção Gevitando transmitir o que pen- Kobras do regime. JES ca colado era um “mal que enfermava todos sava, fugindo, a todo o custo, de a elas para sempre e até queria os países”. Em 1980 e depois em dar sinais do lhe que ia pela alma. construir uma centralidade em 1990, falava em combater a cor- Avesso a entrevistas, foram raras cada província. rupção: “O Governo deverá estu- as que deu, ia enviando sinais dar medidas e um plano de acção e deixava que se especulasse. ara - JES deve ao dirigente para mover um combate enérgico Alguns dos sinais, sobre possíveis histórico do MPLA ter 1979-2018 contra a corrupção e moralizar sucessores, serviram também para sido escolhido para suce- a administração pública”, pro- testar nomes. Já em 2001, admi- der a Agostinho Neto. metia durante a posse dos novos tia deixar o poder. Mas também LPerante um partido dividido por membros do Governo. Nos últi- cou manietado pelo MPLA, que facções, entre a linha mais orto- 12 Quinta-feira 6 de Setembro 2018

das a outros e, regularmente, ia principal aliado para a recupera- tugal, China e União Soviética. demitindo e promovendo, como ção económica e das infra-estru- se se tratasse de ‘puxões de ore- turas. Entregou aos chineses ashington - A lhas’. Uma das ‘vítimas’ foi pre- grande parte das obras públicas. relação com os cisamente João Lourenço que EUA viveu em acabou por fazer a travessia do avimbi - O arqui-ini- duas eras: tur- deserto. Aos opositores fora do migo acabou derrotado Wbulenta até 1993, de ‘namoro’ até MPLA, JES foi oferecendo mor- nas matas do Moxico, em hoje. Washington só reconhe- domias, captando, por exemplo, 2002. Poderia ter aconte- ceu o Estado angolano e o poder ex-dirigentes da UNITA. Scido antes, mas JES evitou sem- do MPLA antes dos acordos de pre que o líder da UNITA fosse Lusaka. E logo com uma ajuda ragmatismo - Nas rela- abatido. Optou pelo diálogo, até à adicional, pressionando Jonas ções internacionais, última instância, mesmo com os Savimbi a aceitar os resultados foi o exemplo de um sucessivos falhanços dos acordos das eleições de 1992 e a fazer a político pragmático. de paz. Apenas em Dezembro de paz. Antes disso, em plena guerra PCom Portugal, apesar de alguns 2001, admitia publicamente que fria, JES era o inimigo dos EUA, choques, optou pela diplomacia o nal da guerra teria de passar que lutavam contra a inuência e pela defesa dos interesses de pela morte de Jonas Savimbi. da URSS na África Austral. ambos os países. Manteve exce- Dois meses depois, o líder da lentes relações com a ex-URSS, UNITA era abatido. de incógnita.... Não até esta ser extinta. se sabe o que JES vai Ao mesmo tempo, participava rabalho - Recebeu o fazer depois de dei- nos encontros dos países ‘Não- MPLA, como Partido xar a vida política. -alinhados’ que não agradava aos do Trabalho, formado XEm entrevista à SIC, deixou seus amigos comunistas. Nunca em 1977, após a res- (quase) tudo em aberto: “Os ex- hostilizou Cuba, apesar de evi- Tsaca de Maio, em que passou a -presidentes normalmente escre- tar reconhecer a importância de ter uma carga marxista-leni- vem memórias, mas não sei se Fidel Castro na independência nista reforçada. Mas, empur- me vou dedicar a isso. Também de Angola. Lutou pelo reconhe- rado pelos acontecimentos na tenho uma Fundação, que tem cimento dos EUA e conseguiu. União Soviética e pelos acordos uma intervenção social muito Foi um dos amigos mais éis da de Bicesse, JES transformou o importante. Posso trabalhar em China. Apesar das críticas que ia partido e o país. O MPLA pas- várias áreas”. Depois, admitia ir ouvindo pela Europa, conseguiu sou a ser mais liberal, despiu-se dedicar-se às questões sociais. manter excelentes relações com das ideias marxistas e passou a quase todos os países europeus. integrar a Internacional Socia- a segunda incógnita lista, onde se reúnem os parti- do futuro de JES é doxa comunista e os menos conec- Alguns, apanhados com fome e ualificativo - A dos social-democratas. saber se vai conti- tados com o leninismo, a escolha doentes, em 2002, receberam tra- liderança de JES nuar a gerir silên- recaiu em JES, por sugestão de tamento hospitalar. Passou a ser deu para que o país nião - Herdou um Ycios. Uma palavra dele pode ter Lúcio Lara. Opinião de Lara sig- um exemplo em África. encontrasse novas partido em que pre- a dimensão de um terramoto. É ni cava quase uma ordem. JES, Q expressões. ‘Pai da valeciam as guerras conselheiro de Estado, mas não el companheiro de Neto, tinha acionalista - Durante Nação’ e ‘Arquitecto da paz’ foram intestinas desde os ca amarrado no apoio às polí- vantagens: nunca entrou nas guer- anos, JES foi acu- repetidos até à exaustão, sobre- Ucombates pela independência. ticas de João Lourenço. Mestre ras internas e não se manifestava sado de não ser ango- tudo por movimentos ‘espontâ- Quando JES chega ao poder, o em gerir o silêncio, deve optar politicamente. Mas hesitou. Tanto lano, nascido em São neos’. ‘Enaltecimento’ deve ser MPLA ainda sangrava com Maio por se afastar mesmo da vida que fez questão de o deixar claro NTomé e Príncipe. Eram argumen- o substantivo mais usado pelos de 1977. Antes, tinha assistido à política. no discurso da posse: “Não é uma tos da oposição, em especial, de órgãos públicos para descrever formação da Revolta do Leste, da substituição fácil e nem tão pouco Savimbi, que esbarravam no sen- quem falava de JES e quem parti- Revolta Activa, de grupos e fac- enu - Um dos lhos, me parece uma substituição pos- timento nacionalista do ex-Presi- cipava nas milhares de homena- ções. Tranquilamente, ao longo José Filomeno dos sível. É apenas uma substituição dente. Numa entrevista recente, JES gens que lhe zeram. ‘Bajulação’ dos anos, JES acabou com as Santos, chegou a ser necessária”. pediu para ser reconhecido como foi outra palavra que entrou no divisões. Passou a ser um par- apontado como suces- um “bom patriota”. Foi precisa- vocabulário para se falar de JES. tido mais unido, à volta do chefe. Zsor na Presidência da República agnânim - Ven- mente o epíteto encontrado pelo (ou como candidato do MPLA). A cedor da guerra, líder da UNITA, Isaías Samakuva, eformador - É de ini- iajar - Quase que se ideia pairou durante longo tempo JES foi generoso para o descrever. ciativa dele a reforma contam pelos dedos sem que JES se tenha manifes- ao acolher os ‘ini- do Estado que quis as viagens o ciais. tado. A escolha de Isabel dos Mmigos’. Ao contrário do que os posição - Tranqui- transformá-lo com Sempre detestou via- Santos para liderar a Sonangol principais dirigentes da UNITA lamente, ao longo Rverdadeira vocação republicana. Vjar. Raramente ia a uma cimeira ajudou nas especulações de que pensavam, caso houvesse uma ren- dos anos, JES foi Criou os tribunais Constitucio- da CPLP, até porque as exigên- JES queria garantir os ‘melhores’ dição seriam todos mortos, JES afastando quem lhe nal e de Contas e renovou as For- cias de segurança eram tantas lugares para os lhos. Ao con- ordenou que fossem bem acolhi- Opoderia fazer oposição. Encostou ças Armadas Angolanas (FAA), que dificultavam as próprias trário das previsões, que apon- dos e que lhes fossem dados con- dirigentes históricos, ofereceu dando-lhes um cariz mais pro s- reuniões. Ainda assim, realizou tavam para a sucessão dinástica, dições para retomar a vida civil. ‘cadeiras’ douradas em embaixa- sional e moderno. Fez da China o viagens históricas aos EUA, Por- JES optou por João Lourenço. 13 Especial JES Quinta-feira 6 de Setembro 2018 História em imagens

Além do desporto, adorava cantar. No pouco tempo de guerrilha, levava a guitarra que o acompanhou até Leopoldville. Como Presidente, ainda ‘dava uns toques’ em festas privadas. Nos acordos de Alvor, que definiram os termos e a data para a independência de Angola, JES já era figura de destaque no MPLA. Mas ainda estava na linha secundária.

Em Bicesse, perante os olhares de portugueses, russos, norte-americanos e cubanos, JES e JES garante priveligiar as questões sociais. Jonas Savimbi assinaram os acordos que trouxeram a paz por ano e meio. Das poucas vezes que saía do Palácio, par- ticipava em iniciativas como a dos Pioneiros.

Estudou na antiga URSS e soube manter os equilíbrios perante a ambição russa. Visitou João Lourenço, comissário provincial de Votação 1992 – Fez a campanha eleitoral de chapéu do MPLA, com o ‘slogan’ ‘Angola no oficialmente o país e, mesmo mudando de rumo ideológico, não hostilizou os seus antigos Benguela, contava com o apoio de JES. coração’. Venceu as eleições em 1992, mas apenas à primeira volta. Esteve disponível para companheiros do leste europeu. disputar a segunda volta, mas Savimbi já não queria.

Em Setembro de 1979, JES assumia a ‘Irmãos’ ideológicos, JES e Samora Machel lideraram Angola e Moçambique com os mesmos Presidência da República. “Não é uma JES não morria de amores por Nelson Mandela, sobretudo por causa do desapego ao poder do pressupostos. Samora Machel morreu na estranha queda de um avião, em 1986, o que deve ter substituição fácil e nem tão pouco me ex-líder sul-africano. Mas o ANC e Mandela receberam muito apoio do MPLA. ‘ajudado’ JES a reforçar a sua segurança e evitar as viagens. parece uma substituição possível”, afirmava no discurso.

14 Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Datas 1992 José Eduardo dos Santos e o MPLA vencem as eleições que, no entanto, não são reconhecidas pela UNITA. País volta à guerra depois de um ano e meio de paz. As relações com os EUA variaram entre os inimigos e os ‘cambas’. O MPLA mudou de ideologia, JES optou por outro caminho e os EUA reconheceram o Governo angolano. JES esteve de visita oficial aos EUA. 1994 Acordos de Lusaka voltam a criar a oportu- nidade para o regresso à paz. De novo, Jonas Savimbi rompe com os acordos e opta por voltar à guerra.

Amante de futebol e de basquetebol, JES nunca hesitou no apoio institucional aos grandes eventos desportivos em Angola. 2002 Jonas Savimbi é abatido no Moxico, a UNITA rende-se e José Eduardo dos Santos é o vencedor da guerra. Em Abril, são assinados os acordos de paz, no Luena, que duram até hoje. 2008 Assinou vários acordos de paz com o líder da UNITA, mas nenhum foi respeitado. Jonas A sucessão terá sido uma escolha pessoal dele. Catapultou Joao Lourenço à Presidência da José Eduardo dos Santos e o MPLA voltam a Savimbi chegou a chamá-lo “meu presidente”, mas, depois, em privado com os dirigentes da República e eonferiu-lhe posse. vencer as eleições, com maioria absoluta. O UNITA, recuava. Nunca aceitou ser o número 2 do Estado, a seguir a JES, como chegou a ser feito é repetido em 2012. aventado em conversações. 2017 Em Fevereiro de 2016, José Eduardo dos Santos, numa única frase, anuncia a intenção de se retirar da vida política activa, em pleno congresso do MPLA. E aponta uma data: Passou muito pouco tempo na mata, mas 2018. Em 2017, deixa a chefia de Estado. ainda assim deu para as fotos e para ser transferido para o que é hoje Kinhasa. Saiu Em 38 anos, JES contou sempre com o apoio de Fidel Castro e de Cuba. Nos últimos anos, JES conheceu Agostinho Neto, em 1963, em directamente de Luanda, do Liceu Salvador apenas na cooperação. Antes, os cubanos foram decisivos para que o MPLA se tenha mantido Leopoldbville. E foi-lhe sempre fiel. Correia, para a guerrilha. Foi aqui que forjou no poder. Mais de 200 cubanos combateram em Angola e travaram a invasão sul-africana. JES, a amizade com Agostinho Neto. de visita a Cuba, foi cumprimentar um já debilitado Fidel Castro.

15 Especial JES Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Por entre elogios e críticas

Kundi Paihama, Pedro Neto, Manuel Fernando, Alcides Sakala, Encarnação Pimenta, governador do Cunene, durante uma secretário do Bureau Político do MPLA para vice-presidente do CASA-CE porta-voz da UNITA psicóloga palestra, citado pela Angop os antigos combatentes “JES teve o seu tempo e sua marca. “Deixa o país num momento “A governação passada foi muito “JES é um verdadeiro homem de “JES merece esta homenagem na mas não soube sair no momento difícil. Simplesmente não soube má, deixou muitos pobres. A maio- paz e humanista de convicções r- hora da sua saída da vida política certo. Agora que sai, deixa o país aproveitar o m do conito para ria da população é paupérrima. mes, que deve ser aclamado pela activa, enquanto comandante- altamente endividado, com os promover políticas que permitis- As pessoas morrem todos os dias. sua dedicação ao país e ao povo, e -em-chefe das Forças Armadas cofres vazios, inclusive beliscou sem a reconciliação nacional, . Podemos medir o país pela quan- pelo seu pragmatismo na tomada Angolanas e arquitecto da paz, o princípio de solidariedade que O presidente do MPLA deixa tidade de cemitérios que tem com- de difíceis decisões em momentos jogou um papel importante nos caracteriza os países africanos. um legado difícil caracterizado parando à de hospitais e escolas. conturbados que Angola viveu, conflitos internos e externos e O ‘eduardismo’ não deixa sauda- pelo nepotismo, institucionali- O país está muito mal. É verdade marcados pelo conito armado a estratégia para a pacificação des. Vai ser lembrado pela nega- zação da corrupção, desvios do qua acabou a guerra, mas a das e outros, assentes na reconstru- da região.” tiva, sobretudo por ter acentuado erário, intolerância política e armas. Há outras guerras que, ção de infra-estruturas, reconci- as desigualdades sociais entre os impunidade. Deixa o país numa se calhar, são muito mais duras. liação nacional e solidi cação da angolanos, com uma economia situação de crise. Morreram muitos por causa da democracia.” altamente fragilizada e depen- O sucessor tem uma ‘batata febre-amarela. dente do petróleo e a corrupção quente’. O consulado anterior É um problema de quem estava como aliada da administração levou o país à banca rota. Angola a liderar. É problema de todos pública.” teve momentos áureos, em que os protagonistas, os movimen- preço do petróleo estava alto, mas tos políticos, os que estiveram o dinheiro todo foi desviado.” no poder.”

Guilherme Silva, Perez Alberto, Suzana Melo, Dom Caetano, Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’, presidente do Sindicato Nacional de Profes- secretário-geral do Sindicato Nacional dos deputada do MPLA músico secretário para o Bureau Político para sores (SINPROF): Professores do Ensino Superior (SINPES): Relações Internacionais do MPLA “É um exemplo de vida para mim, “É uma personagem em termos principalmente deu toda a sua de arte, que devemos ter alguma “Enquanto Presidente da Repú- “Entre os pontos positivos da lide- juventude e tempo para manter referência. De principio quando “JES herdou o poder após o ines- blica, deve ser-lhe entregue o rança de JES, o primeiro e mais a soberania de Angola, apesar de ele se lançou para o naciona- perado desaparecimento físico mérito da conquista da paz. Como importante foi o alcance da paz todas as vicissitudes que atraves- lismo, começou a manifestar- de Agostinho Neto e assumiu-o professor e ex-militar, sei o custo e a reconciliação nacional sem a sámos, sobretudo as guerras que -se como um jovem que tinha sem experiência, numa situação de uma guerra e tenho de reco- mediação externa, além do pro- nos foram impostas e invasões do alguns princípios manifestados de guerra generalizada. Ele foi nhecer que houve magnanimidade cesso de reconstrução do país, exército sul-africano. nas diversas formas como na fazendo o seu caminho sem muita na forma como JES liderou o pro- independentemente das obras des- Do seu longo consulado, des- música e desporto. Não falo em experiência, dirigiu a nação e hoje cesso de paz, impedindo que hou- cartáveis. Mas a JES faltou visão taco a conquista da paz, a implan- termos políticos, mas sim cultu- deixa-a em paz, negociou com os vesse ‘caça às bruxas’. Isso é um política. Devia ter abandonado tação da democracia. Somos um rais foi uma pessoa de referência, antigos inimigos e hoje adversá- legado dele. Tirando isso, deixa o poder em 2008, pois estava no país multipartidário e todas as for- humanamente, penso que é sem- rios políticos, dando oportuni- uma marca de má gestão, nepo- ponto mais alto da liderança. Tal ças políticas estão aqui graças à pre uma mensagem de valência dades para estarem presentes na tismo e amiguismo. Há um fardo não aconteceu e acentuou-se a má sua decisão, sobretudo de presi- como homem”. reconstrução da nação. pesado no tecido social angolano, governação, corrupção e dema- dente de partido da dimensão do Nós conhecemos bem como tendo em conta que, durante o gogia, cando o país no estado MPLA. Gostaria que fosse recor- estavam as infra-estruturas de mandato, houve momentos em lastimável em que se encontra dado como um grande estadista, Angola, como os colonos dei- que o petróleo esteve no auge, actualmente.” um líder de coração aberto para xaram Angola. Hoje em poucos mas, por culpa da má gestão, hoje todos, não separou cidadãos do anos, apesar da guerra, zemos estamos a viver de lamentações.” norte e do sul, sejam aqueles que mais do que na era colonial de zeram a guerra ou não zeram.” quase 500 anos.”

16 Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Luzia Inglês, António Fonseca, Luther Rescova, Artur de Almeida e Silva, Pedro Mutindi, secretária-geral da OMA PCA do Memorial António Agostinho Neto líder da JMPLA presidente da FAF 1.º secretário do MPLA, no Kuando-Kubango

“José Eduardo dos Santos foi enga- “No plano cultural, tivemos o “JES foi um líder com sentido de “Fez muito pelo futebol e o des- “Pelo empenho, entrega, compe- nado algumas vezes sobre muitos célebre discurso do Presidente no Estado e, com humildade, que porto. O grande passo do desporto tência e serenidade, humanismo aspectos, sobretudo na execução terceiro simpósio sobre cultura soube garantir a soberania de angolano deve-se a ele. Durante e patriotismo à causa da Nação de muitos programas que deve- nacional, aprovação da política Angola, estender a mão aos seus os 38 anos, Angola organizou o angolana, José Eduardo dos Santos riam ser feitos e que bem pensa- cultural do livro e da leitura, dos adversários, internos e externos, primeiro Campeonato Africano deve merecer uma justa e mere- dos, aprovados e orientados, nem cinemas e audiovisual. Há duas além de efectuar uma transição das Nações (CAN), marcou pre- cida homenagem, como herói sempre foram cumpridos.” a rmações lapidares que devem necessária.” sença no mundial da Alemanha, da Pátria e símbolo de unidade car na memória. Quem não é em 2006, acolheu o mundial de e reconciliação nacional.” capaz de preservar a sua identi- hóquei em patins, campeonatos dade transformando-a em con- africanos de basquetebol, ande- tributo para o processo global ca bol, basquetebol em cadeiras de sem expressão. Isso é fundamen- rodas, enfim, fez muita coisa tal no pensamento de JES e acaba durante a sua gestão. Ele foi um por ser um desa o para os dias político emprestado ao desporto.” de hoje. Na juventude, enquanto integrante do Nzaji, foi um ele- mento cujaobra foi mobilizadora para a luta pela independência.”

Nuno Albino ‘Carnaval’, António Ana ‘Etona’, Manuel Viage, Pedro Godinho, Dionísio Rocha, deputado artista plástico secretário-geral da UNTA presidente da Federação Angolana de analista cultural Andebol “Apesar do abandono do nível do “Enquanto mais alto mandatário “Cumpriu uma importante etapa governo e do partido, teve uma do Estado, JES sempre pautou a da nossa gloriosa história. Assu- acção positiva. Nós ouvimos no 3.º sua relação, com as organiza- “Um país que ainda possui algu- “JES, por se tratar de ser humano, miu o país com importantes desa- simpósio ele a pedir desculpas à ções ligadas aos trabalhadores, mas insu ciências a nível de esco- nem de todo é um ‘santo’, mas os e adversidades em plena guerra nação angolana, por não ter a cul- por um diálogo social constru- las e hospitais mas, ainda assim, pela competência, humanismo, fria. O país estava subvertido por tura como prioridade, por causa tivo. Permitiu que todos os órgãos conseguiu dar uma fatia ao des- patriotismo, edificação e con- grupos, alimentados a partir do da guerra, mas reconheceu que ligados a concertação social fun- porto. Durante a sua gestão, o solidação da paz, merece todo o exterior que colocavam em causa havia insu ciências naquilo que cionassem. Sempre que solicitado país ganhou um parque de infra- reconhecimento do povo como a integridade territorial. eram os investimentos na cul- pelas organizações sindicais, pelo -estrutura. Antigamente, só havia herói nacional. Não obstante ter Valeram as valências pessoais tura. Teve uma acção positiva e menos pela UNTA, mostrou-se a Cidadela Desportiva. Apesar de sacri cado a sua juventude e ter do Presidente, sobretudo a visão terá feito o seu papel e, restava a disponível a dialogar. Claro que chegar tarde, temos uma legisla- assumido as rédeas do país. Tive estratégica em relação ao futuro do todos nós termos feito alguma muitas das preocupações que os ção desportiva, como as leis do muitos momentos. Primeiro, antes país, o lado humanista e a capa- coisa para o apoiar.” trabalhadores tinham não pude- Desporto e das Associações Des- de ele ter partido para o Congo, cidade de resolver os problemas ram ser resolvidas porque os con- portivas que se compara a alguns ele ensaiava connosco no Giná- na base do diálogo e da concer- textos em que estes se colocaram países desenvolvidos da Europa. sio Futebol Club, no Sambizanga, tação política. não permitiram que zesse mais No país em guerra, conquistou depois, quando regressou e das JES deixa-nos um legado de sereni- do que aquilo que foi possível. muitas medalhas no andebol primeiras eleições, estivemos jun- dade, de capacidade de liderança, todos que foi muito importante. feminino e no basquetebol mas- tos nas primeiras manifestações. visão estratégica para poder alcan- Parafraseando Agostinho Neto, culino e fomos os únicos repre- Fez parte do primeiro grupo que çar o maior bem depois da inde- colocou pedras no alicerce para sentantes africanos em seis jogos criou o movimento espontâneo.” pendência, que é a paz.” a construção do país.” olímpicos. É muita obra.”

17 18 Quinta-feira 6 de Stembro 2018 Economia António Vieira, ex-director-geral da Cobalt “As petrolíferas ‘driblaram’ o chefe”

O antigo director-geral da Roc Oil e da Cobalt defende o fim dos de nido e acordado entra para a E ca-se com o petróleo quando contratos de partilha na indústria petrolífera e fala da necessidade equação, para o tesouro público. precisamos de dinheiro? de o Executivo ser implacável na negociação com as companhias Se, neste momento, estão a entrar Continuaremos a produzir. Não petrolíferas. 20%, o país vai cobrar 30 ou 40%. podemos ser escravos da chanta- Ou o que for de nido. Não importa gem das multinacionais. Infeliz- o quanto a empresa gastou uma mente, temos colegas na indústria vez que isso parte do risco dessa que acreditam que as compa- l Por César Silveira empresa. Angola não tem de par- nhias vão deixar de produzir se tilhar nessas despesas. A empresa não lhes dermos o que elas que- tem a obrigação de gastar o mínimo rem. Temos de começar a pensar possível, fazer tudo o que pode para de outra maneira. O Presidente que pensa da aumentar o lucro. O Estado não João Lourenço precisa de abrir criação da agên- tem de participar em eventuais per- novas avenidas, conversar com cia de petróleo das. Produziu um milhão, a parte novas pessoas para, fundamen- e gás e da con- acordada ca para o país. A per- talmente, mudar a indústria. A O sequente reti- centagem, 40% ou 50%, tem de ser criação da agência com os mes- rada da função concessionária estudada. Criar o sistema de ‘royal- mos elementos que criaram as à Sonangol? ties’ em que as empresas pagam o condições que existem; que nego- A ideia é maravilhosa. É necessário acordado sobre o que exportam e, ciaram os contratos com as empre- que a função ‘concessionária’ que ‘a posteriori’, os impostos sobre os sas que existem não vai mudar separada de uma empresa com ope- lucros do exercício scal. Isto acon- nada. As companhias vão con- rações. A maneira como foi criada tece nos outros ramos, na agricul- tinuar a ter o ‘upli’. Será que o pode não ter sido a melhor, porém tura, por exemplo. O exportador cidadão sabe que nós pagamos é a solução possível. A pergunta de banana não deduz os custos para as operadoras virem inves- que se impõe, e acredito que o Pre- da compra do adubo, exporta a tir? As empresas bene ciam do sidente João Lourenço já a deve banana e, se deu lucros, óptimo. chamado ‘upli’. O que é isso? É ter colocado, é se, na realidade, Se não deu, o problema é dele. Nos um pagamento que as empresas o país está em condições de fazer Estados Unidos, o maior mercado têm direito a receber em função esta mudança. E esta pergunta é de petróleos, não há “contratos de do que investiram. Se a multi- feita pela seguinte razão: as pes- partilha de produção”. nacional investir um milhão de soas que estão hoje disponíveis são dólares, ao recuperar o investi- as mesmas que estavam ontem. O A nova realidade internacional, mento, recupera este valor mais que sabem, aprenderam dentro com o surgimento de novos merca- o ‘upli’ que varia entre 30 e 40%. do sistema ora existente, e como directamente ao assunto. A con- lhar para o país e isso só é possível dos petrolíferos, obriga o Governo Resumindo, estamos a pagar para tal não conhecem nada diferente cessionária lançaria os blocos ao quando se arrecadar muito mais a ser exível nas negociações, não? elas virem investir. Acredito que é nem têm outra experiência dife- mercado, e quem puder compra, do que se arrecada sobretudo em Sempre houve países a produ- altura de acabar com isto. Agora, rente da Sonangol. Que diferença explora e produz sem contratos impostos. Não tenho os núme- zir petróleo e há-de continuar a será que os nossos quadros estão é que estas pessoas poderão fazer? de partilha de produção. Não há ros, mas a pergunta que deve ser haver no futuro imediato. Temos à altura de enfrentar as empresas Vão tentar repetir o que aprende- necessidade destes contratos, isso feita é, de cada barril produzido, de nos tornar competitivos e as neste sentido? ram, só que num cenário novo. tem muito que ver com o modelo quanto é que ca para Angola? empresas, por si, têm de ser com- Daqui a 10 anos, poderemos che- socialista. Num modelo mais libe- Não tenho o número exacto mas, petitivas. É fundamental para qual- Não se revê mesmo no discurso gar todos à conclusão de que este ral, as empresas adquirem os direi- pelo que consta, deve rondar entre quer empresa de petróleo obter o da necessidade de criação de modelo não foi o melhor. Só que, tos em troca de ‘royalties’, fazem o os 18 e 20%. máximo de benefícios que puder incentivos? neste momento, é preciso arriscar. trabalho e, se têm sucesso, produ- e é isso que elas fazem. A nossa De nitivamente não. A indústria zem e pagam os impostos previs- É pouco? função, a do Executivo, é defender do petróleo não precisa de incen- E qual seria o melhor modelo? tos por lei. Se se seguir este rumo, Temos de deixar as companhias os nossos interesses quase sempre tivos nenhuns. Os vários incenti- Abandonar o modelo socialista de nitivamente haverá um sanea- produzir e pagar o imposto sobre diferentes das multinacionais. Se vos scais que foram anunciados duma vez por todas. Acabar com mento nos custos exagerados da o lucro, cria-se um ‘royalty’ sobre não quiserem investir, não invis- não são necessários. O que é neces- “estas jogadas” de corpo, de dizer produção de petróleo. O necessário cada barril de petróleo que for tam, e se quiserem partir, pode- sário é a indústria reduzir os cus- que é nosso quando não é e ir é pôr os recursos do país a traba- exportado. O número que for rão partir. tos, a começar pelas despesas com O FMI nunca resolveu o problema de país 19 Quinta-feira 6 de Stembro 2018 “nenhum. Pelo contrário, ajudou a afundar a Argentina, a Grécia. É discutível, mas não sou economista por isso não gostaria de ir por aí.’’ da função concessionária. Tam- zes, porém há um mau aproveita- bém entende assim? mento dos quadros existentes. É De nitivamente não. A baixa da capaz de não acreditar, mas há bons produção existe porque os cam- quadros da Sonangol que nunca pos de petróleo têm tendência de integraram a sua gestão. Temos declinar. Os campos entram em elementos que não têm nada que “As petrolíferas ‘driblaram’ o chefe” produção, atingem o apogeu e, a ver com a indústria a defender os partir de certa altura, declinam. interesses da indústria. Sou de opi- Por causa do preço do petróleo ter nião que, neste momento, quem baixado, as companhias retraíram- deveria liderar a Sonangol seria -se nos investimentos e, como tal, alguém como Francisco Lemos, PERFIL não há novas descobertas. Não há pessoa com experiência porque novas reservas para cobrir o declí- já lá esteve. A Sonangol tem uma QUATRO DÉCADAS DE PETRÓLEO nio. Essa é a razão. série de quadros que deveriam De 62 anos, 40 dos quais dedica- estar no activo e não estão. dos ao sector petrolífero, António Mas a Sonangol é acusada de, Vieira, formou-se em Engenharia de Petróleos, no Texas, Estados Unidos da sobretudo por altura de Isabel Mas ele já lá esteve... América, em 1983. Porém, a carreira dos Santos, ter interrompido pro- Isto não deve ser por vez, deve ser no sector iniciou-se em 1978 em cessos que dariam lugar a novas por mérito e capacidade. Note-se Angola. De regresso da formação, explorações. que foi com ele que a Sonangol ficou pouco menos de dois anos no É possível que haja documentos começou a baixar os custos. Essa país “justamente por falar de mais”. Foi para a Austrália onde, além de que tenham cado engavetados, é a realidade que as pessoas não fazer o mestrado, iniciou uma carreira não sei, mas não é essa a razão. querem falar, são os tabus. internacional. Passou também por O tempo que a Isabel dos Santos países como Nova Zelândia, Nova esteve na Sonangol não é su ciente E porque não Carlos Saturnino Guiné, Vietname, Albânia, Roménia, para denegrir a indústria, foi dema- que também é um quadro da Mauritânia, Guine Equatorial, Estados Unidos e Colômbia. siado curto para inigir os danos ‘casa’? que lhe acusam. A falta de inves- Não quero estar a falar de nomes timento foi por causa da baixa de específicos. Mas Carlos Satur- preços. Inclusivamente as compa- nino, por quem tenho bastante a mão-de-obra, terminando com quem vai fazer esse controlo? As nhias despediram pessoal. Tam- consideração, é um negociador, as empresas de serviços. Um enge- empresas vão alargar as despesas, bém foi por causa da Isabel dos não entende de sísmica, de per- nheiro de produção norte-ame- as subcontratadas vão cobrar o Sou de Santos? Não, mas sim por causa furação, produção, etc.. Com- ricano a trabalhar nos Estados que quiserem sem serem scali- opinião das políticas como companhias. É preende em termos de cultura Unidos ganha 10 mil dólares, zadas de perto. Os custos que o “ preciso começarmos a compreen- geral, mas, em termos de for- porém, ao vir para Angola, ganha Francisco Lemos ajudou a trazer que, neste der é que a posição das companhias mação, não sente a pulsação que 30 mil. Será necessário esse incen- para baixo e que, depois, a Isa- é estritamente comercial, com o sentem os quadros especí cos de tivo? Por exemplo, até há um ano, bel [dos Santos] ajudou a baixar momento, objectivo de obter lucros máxi- uma empresa de operações. Neste as empresas só podiam gastar até mais um bocadinho vão fazer o quem deveria mos. O conselho de administra- momento, ele é o PCA e o Presi- 250 mil dólares sem a autorização reverso, vão aumentar outra vez, ção de qualquer companhia grita dente João Lourenço sabe porque da Concessionária, por agilização, quiçá consideravelmente. É pre- liderar a aos seus homens de campos que é que ele lá está. Porém, a Sonan- passou a ser um milhão. ciso travar isso, mas, com o qua- Sonangol seria é preciso trazer lucros aos accio- gol tem quadros valiosos que, por dro actual, não estou a ver isso a nistas. Como quadro internacio- não terem alinhamento político, O argumento foi de que os valores acontecer. É necessário que haja alguém como nal, na gestão de várias empresas por não estarem associados a gru- acordados anteriormente estavam uma renovação de quadros. A o Francisco a nível mundial, lutei por isso, pos ou circunstâncias especí cas, desactualizados. Não concorda? maior parte dos quadros nacio- para maximizar os lucros. Mui- estão de fora, muitos deles a rece- As companhias diziam que os nais foi treinada pela Sonangol Lemos. tas vezes, para maximizar lucros berem benefícios como se estives- limites acordados estavam ultra- e, como tal, são o que a Sonan- é preciso ir buscar incentivos aos sem no activo. passados porque querem ter a gol era e é. Será que podemos ’’ governos. No caso de Angola, acre- liberdade para fazerem despe- mudar de um dia para o outro? dito que já estamos numa altura Resumindo, o Executivo dei- sas a seu bel-prazer. E, muitas Talvez não. A Taag foi um exem- Acredita que seja a única solução? em que podemos negociar com xou-se pressionar pelas com- vezes, nem são as empresas, mas plo: estava em baixa, foi-se em Se calhar. É bem possível que eles de outra maneira. panhias para as alterações que sim os responsáveis das compa- busca de uma equipa técnica de sim. Expatriados com quali ca- foram feitas? nhias que funcionam no país. É gestão estrangeira diferente da ções como aconteceu com a Taag. Defende o m dos contratos de Sim, as petrolíferas ‘enganaram’ preciso compreender as razões. então existente e subiu. Se calhar, partilha. Acha que a Sonangol, o Executivo, ‘driblaram’ o chefe A função que a Sonangol desem- é isso que a Sonangol precisa: Há quem atribua a queda da pro- enquanto operadora, está em con- com a primeira reunião. O pri- penhava em controlar, di cul- uma gestão nova, moderna, com dução ao facto de a Sonangol, a dições de concorrer em igualdade meiro encontro foi realizado tava, porém controlava. Neste gentes experimentadas em gerir determinada altura, ter dado pri- de circunstâncias? muito cedo, mas foi proposi- momento, com os novos limites, empresas de petróleo. mazia à produção em detrimento A Sonangol tem quadros capa- tado uma vez que as companhias 20 Economia Quinta-feira 6 de Stembro 2018

seu bem-estar e posicionamento pressionaram neste sentido. O social, ninguém vai mudar. Nin- Executivo não estava preparado. guém corre o risco de aparecer Criou-se uma comissão que não com uma ideia nova e nós preci- estava preparada para negociar samos de ideias novas, precisamos com as companhias. Fizeram de cortar o cordão. cedências que, como angolano, acho que não deveriam ter sido Não acredita no futuro melhor? feitas, mas que, como executivo Enquanto o preço do petróleo se de uma empresa de petróleos, for mantendo alto, o pouco que co maravilhado em vê-las con- cabe dá para tapar os buracos por- seguidas. Nós, como operadores, que nós, angolanos, não somos vamos exigir, vamos buscar tudo o exigentes, somos muito humil- que podemos ao Governo, vamos des e contentamo-nos com pouco. deixar só o osso se tal for possí- Mas a verdade é que não estamos vel. Acredito que o presidente foi a tirar o maior proveito possível enganado em ter aceitado fazer da nossa matéria-prima. Deve- essa reunião dentro dos primei- ríamos estar todos a lutar para ir ros dois meses de gestão. nuar a investir. Agora, precisam de valores seria a mais adequada. buscar mais às companhias. Se o de refazer a loso a de operações. Entraria ‘cash’ de que o Governo preço baixar agora para 40 dóla- Não terá sido pressionado pela E como é que refazem a loso a Os precisa e teríamos certeza de que res, teremos muitas di culdades. circunstância económica do país? das operações? Sendo responsá- a Sonangol teria uma administra- A agenda do Executivo tem de veis pelo seu próprio investimento, ultranacionalistas,“ ção corporativa comercial e, como Mas os resultados das decisões ser a agenda do Executivo, não mas, neste momento, não são. os indivíduos de tal, competitiva para que garantisse recentes devem ser avaliados a pode ser a agenda das empresas Quem está a investir é Angola, retorno do investimento. Poderia prazo. Não acredita que estare- de petróleo. indirectamente. Na melhor das tendência socialista, não ser na BODIVA, poderia ser mos melhor? hipóteses, o que as companhias vão dizer que, na bolsa de valores de Londres, Não vamos estar porque conti- Está a colocar de parte a possibi- estão a fazer é um adiantamento assim, qualquer dia Nova Iorque ou, melhor ainda, nuamos a adquirir dívidas. Para lidade de o encontro ter resultado e este adiantamento custa muito Hong Kong, Singapura ou Sidney. sairmos da situação em que esta- também do interesse do Execu- caro ao país. Não há razões para não somos donos mos, temos de ir buscar mais nos tivo para emprestar outra dinâ- a indústria ser tão cara como é. A de nada. O que pensa do pedido de nan- impostos, a despesa tem de dimi- mica ao sector? nossa indústria é mais cara que na ciamento ao FMI? nuir e, neste momento, não está a E quais são os resultados? A pro- Nigéria ou na Guiné Equatorial, Não precisamos São coisas diferentes. O FMI é para diminuir, mantém-se com tendên- dução continua a cair, continua um país com mais problemas de de ser donos, uma questão de emergência, mas cia a aumentar porque os benefí- a não se fazerem poços de explo- quadros e infra-estruturas. não sei até que ponto é a melhor cios scais aumentam as despesas. ração. As empresas continuam a precisamos de ser solução. O FMI nunca resolveu o despedir pessoal. É verdade que Como olha para o futuro da capazes de gerir o problema de país nenhum. Pelo Não parece o director de uma ainda é cedo para dizer se resul- Sonangol a continuar o suba- contrário, ajudou a afundar a companhia privada a falar... tou ou não, mas a indicação é que proveitamento dos quadros que que temos, Argentina, a Grécia. É discutível, Estou a falar como cidadão ango- não resultou. diz existir? de cobrar impostos mas não sou economista por isso lano e não como indivíduo ligado a Porque é que não se privatiza a e de rentabilizar não gostaria de ir por aí. Mas em qualquer companhia. Estou a falar Mas, disse bem, é cedo... Sonangol? Aliás, o país precisa termos ‘fundraising’, a colocação como cidadão nacional, com uma As pessoas que integram a admi- de fundos. Foi o que se fez com a os nossos de uma empresa como a Sonangol certa idade e que vê que poderíamos nistração da indústria de petróleo, Petrobrás. A Petrobrás precisava de recursos. no mercado poderia atrair, inclu- estar muito melhor do que estamos tanto a nível da Sonangol como da fundos, o Brasil precisava de fun- sivamente, as empresas que estão mas que não estamos. Quiçá, por agência, são pessoas que foram dos, lançou-se a Petrobrás para o cá. Tornar-se-iam parceiras e a causa de interesses pessoais, conti- treinadas na Sonangol, a maneira mercado. Na Oferta Pública Ini- ’’ Sonangol poderia car mais pare- nuamos a proteger as posições das de pensar é a da Sonangol antiga. cial (IPO, em inglês) que foi feita, de cobrar impostos e de rentabi- cida com a ARAMCO, a compa- multinacionais, o que, se calhar, E estas pessoas, quiçá, não vão ter foi buscar-se ao mercado quase lizar os nossos recursos. Muitos nhia estatal saudita. não precisamos de fazer. Quando coragem de enfrentar as situações cem mil milhões de dólares. Não impostos para nanciar o ensino estiver sentado à mesa a defender das quais elas zeram parte. Os sei se a Sonangol iria buscar o para fazermos melhores angola- Como olha para futuro da indús- os interesses da companhia pela contratos existentes foram nego- mesmo valor, mas, pelo menos nos. Para nanciarmos a saúde tria, uma vez que reprova o actual qual sou pago, a minha posição é ciados por estas pessoas e não entre 30 e 40 mil milhões. Temos para termos angolanos saudáveis. modelo? diferente. O leão, quando ataca a terão coragem de forçar mudan- a bolsa de valores, temos de pôr Não é que reprove. Não reprovo presa, não se importa se é fêmea ças. Nenhuma companhia vai as empresas na bolsa de valores. A venda dos activos não petrolí- nada. Tenho simplesmente uma ou se é macho, se está grávida ou embora, a Total não vai abandonar E não é só a Sonangol, é a Taag, a feros da Sonangol é insu ciente? opinião diferente. Suspeito que não. Devora. É o que fazem as quase 600 mil barris por dia por- empresa de pontes e muitas outras Os activos não petrolíferos que nada vá mudar. Leopardo não multinacionais. Estamos a passar que se mudaram algumas regras empresas nanciadas pelo Estado. estão propostos a serem vendidos, deixa de ser leopardo simplesmente mal, temos problemas sérios, elas do jogo. E se for, virão outras. E Os ultranacionalistas, os indiví- pelo que é do meu entendimento, porque o tiraram duma jaula e o não estão preocupadas com isso, porque não a própria Sonangol? duos de tendência socialista, vão são aqueles que estão em prejuízo puseram na selva. Os quadros que nenhuma multinacional está preo- dizer que, assim, qualquer dia não e com as quais o Estado não quer temos, a actuação que tiveram nos cupada com as di culdades do país. Mas pode não investir para novos somos donos de nada. Não preci- gastar mais dinheiro. Porém, por últimos 15 e 20 anos garantiu-lhes As obras sociais que vão fazendo, projectos? samos de ser donos, precisamos de uma questão de um ‘fundraising’, a o seu bem-estar e o seu posicio- fazem-nas porque são obrigados Total, Chevron, BP hão-de conti- ser capazes de gerir o que temos, colocação da Sonangol no mercado namento social e, por causa deste por condições contratuais. Quinta-feira 6 de Setembro 2018 21 Caderno do Estudante

Albertino Sebastião, novo reitor da Universidade Técnica de Angola (UTANGA) “Nesta fase, é importante um investimento na formação técnico- profissional”

Nomeado para dirigir os destinos da Universidade Técnica de Angola (UTANGA) nos próximos cinco anos, o novo reitor não tem dúvidas de que, no contexto actual, as políticas de desenvolvimento do país devem estar articuladas a uma política muito bem definida das universidades, para que não se continue a formar licenciados que não servi- rão ao país. Para Albertino Sebastião, nesta fase, é importante um investimento na forma- ção técnico-profissional. O académico admite que as debilidades que apresentam os Foto Santos Samuesseca estudantes das privadas e que também se verificam nos estudantes das públicas são um problema do país que os reitores, por si só, não vão resolver. E critica o facto de a Reforma Educativa no ensino geral não ter ligação com o superior. Págs. 22 a 23

Curiosidades Alimentos em risco

Pesquisadores de Harvard, nos EUA, estimam que centenas de milhões de pessoas podem desenvolver deficiências nutricionais devido ao aumento dos níveis de CO2 na atmosfera. Pág. 25 22 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Caderno do Estudante Albertino Sebastião, novo reitor da Universidade Técnica de Angola (UTANGA) “Não é a formação de licenciados que vai garantir o desenvolvimento do país”

Na primeira entrevista, o novo reitor da Universidade Técnica de Angola (UTANGA) apela a que o Estado reavalie as políticas de formação, para “não continuarmos a formar licenciados que objectivamente não servirão ao país”. Empossado na semana passada para um mandato de cinco anos, Albertino Sebastião recusa-se a comentar se a UTANGA está ou não no top três das IES angolanas, mas revela os planos para tornar a instituição “mais atractiva, com um ensino reflexivo e ao serviço das comunidades”.

l Onélio Santiago instituir eleições é bem claro: o amadurecimento organizacio- ti car as IES públicas que estão nas instituições de ensino supe- nal que permita depois criar a preparadas e cujos actores tam- rior (IES) privadas ou público- cultura democrática vai ser um bém o estejam. omo se sente ao -privadas, as eleições decorrerão pouco complexo. As pessoas têm tornar-se reitor nos órgãos colegiais, nomeada- de estar preparadas. Teme que um populista apresente por nomeação mente os conselhos cientí cos, um programa vistoso e, depois de e não por voto pedagógicos e na assembleia da Quais pessoas? eleito, não consiga materializá-lo? C dos estudantes universidade. Só nas públicas é Os actores do processo eleito- Pode acontecer. O meu receio e docentes? que as eleições serão em todos ral. As IES também devem estar está mesmo aí, porque a gestão Qualquer nomea- os órgãos de decisão. organizadas. Estamos a atraves- universitária é uma ciência, tem ção, se for na base de sar uma fase económica menos de se fazer uma gestão técnico- critérios técnicos, a O que acha desta proposta de lei? boa e as universidades têm uma -cientí ca. Não podemos ter ges- entidade eleita deve É prematuro, no contexto actual gritante di culdade em termos tores populistas. Fotos: Santos Samuesseca sentir-se à vontade. do país, avançar já para eleições. orçamentais. Ao democrati- Estou aqui como zar, sem estarmos devidamente As IES públicas não têm qua- técnico e conhe- Está a falar das IES públicas ou organizados, vamos cair numa dros su cientes para evitar isto? cedor da matéria privadas? situação muito complicada. Uma coisa é um elemento pre- sobre gestão uni- No cômputo geral. Precisamos Não sou pessimista, penso que parado que não concorre e outra versitária. Aliás, de consolidar a estrutura actual. deverá haver eleições, sim, mas coisa é um elemento que não o projecto de lei Haver eleições nas IES públicas aí uso o conceito do gradua- está preparado concorrer e ven- que pretende novas e que ainda não tiveram lismo (risos)… Tem de se iden- cer. Essa é questão. Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Caderno do Estudante 23 A Associação Nacional do Ensino Particular (ANEP) organiza, de 18 a 20 de Setembro, a 1.ª edição da ‘Expo Ensino Particular’, uma feira nacional de amostra, inovação e tecnologias. O evento vai decorrer em Luanda, nas instalações do centro ‘Paz Flor’.

Como novo reitor da Universidade Qual é a sua proposta? O secretário de Estado para o médio sem ter dado esta matéria Técnica de Angola (UTANGA), Os preços das propinas deviam Ensino Superior, Eugénio da e o professor da universidade diz: que aspecto da gestão anterior, obedecer a determinados crité- Silva, critica os reitores das IES “devias ter aprendido isto lá”. Deu- que teve uma liderança de 12 rios, tendo como pano de fundo A UTANGA tem de ter privadas por deixarem sair diplo- -se a Reforma Educativa, mas não anos, espera corrigir? a qualidade. As IES, em função notoriedade para mados fracos e por se deixarem houve uma ligação com o ensino A nossa perspectiva não é a cor- das duas especi cidades, podiam levar por “uma lógica economi- superior. recção de erros. Pretendemos ser classi cadas em grupos. E, servir a sociedade, não cista e comercial”… empreender um modelo de ges- de acordo com o movimento pode estar a É muito natural que o senhor Deviam fundir-se os dois minis- tão que garanta a qualidade e a económico da instituição e da desenvolver projectos secretário de Estado tenha essa térios? eleve cada vez mais, o que, eviden- avaliação que afere a qualidade perspectiva. Não particularizo, Não. Peca-se em as pessoas não se temente, nos obrigará a melhorar desta, a universidade poderia e processos com a dizendo que o público é melhor prepararem para o efeito. aquilo que tem de se melhorar. ser colocada num grupo e esse única intenção de que o privado. As debilidades que grupo ter para propinas valores apresentam os estudantes das pri- Que pessoas? Pela análise que já fez, o que tem mínimos e máximos. formar. vadas também se veri cam nos Os actores que estão por dentro de se melhorar? estudantes das públicas. É um da implementação das políticas Precisamos de ter um número O grupo do topo poderia cobrar problema do país. Os reitores, públicas sobre a educação. muito bem de nido de mestres até quanto? por si só, não vão resolver o pro- e doutores virados para o ensino É difícil avançar um valor, pois a partir de 2022, 33 mil licencia- blema. Temos de considerar que Na UTANGA, em relação aos e investigação cientí ca, para a cada projecto é um projecto, tendo dos anualmente? o sistema de educação do país é estudantes, que novidades trará participação activa no desenvol- os seus custos e desenvolvendo É importante considerar, num um sistema e nós, ensino supe- a sua gestão? vimento das comunidades e da um processo que produz resulta- futuro a médio prazo, que as polí- rior, fazemos parte de um subsis- Vamos criar sistemas atractivos, juventude. Precisamos de um dos próprios. Tem de se avaliar de ticas de desenvolvimento do país tema. Tem de haver articulação mas não para chamarmos muitos ensino reexivo, articulado com forma integrada cada universidade. deverão estar articuladas a uma entre os diferentes subsistemas, o estudantes. A ideia é que os estu- a investigação cientí ca e a pres- política muito bem de nida das que não está a acontecer. dantes encontrem na UTANGA tação de serviços à comunidade. Colocando-se no lugar dos estu- universidades, para não conti- um local para desenvolverem os Também precisamos de introdu- dantes, 50 mil kwanzas seria um nuarmos a formar licenciados A que a “articulação” se refere? projectos pessoais, permitindo-lhes zir mecanismos técnicos, metó- bom valor? que objectivamente não servirão Por exemplo, o estudante que, no também de nir o per l como acto- dicos e disciplinares nos nossos Só um estudo, analisando caso ao país. Nesta fase, é importante ensino médio, estudou Matemá- res contribuintes para o desenvol- processos de gestão. É igualmente a caso, pode definir o que é bom um investimento na formação tica e teve lições sobre derivadas vimento do país. Por outro lado, importante a questão da inovação, ou mau para as IES e para os técnico-pro ssionalizante. Não integrais, mas não com a profun- queremos que os estudantes encon- não vista apenas na produção do estudantes. é a formação de licenciados que didade recomendada, ao chegar trem na UTANGA um local para conhecimento tecnológico, mas vai garantir exclusivamente o à universidade, o docente que o auto-realização, educação e for- em todos os sentidos: na forma DEBATE SOBRE A desenvolvimento o país. Temos receber deveria estar por den- mação como homem e cidadão. de pensar, actuar e desenvolver QUALIDADE de considerar que o operário, tro dos conteúdos curriculares os processos académicos e cien- com formação básica e capaci- do nível anterior sobre esta dis- Para entrarem, o que lhes vai tí cos, articulando tudo isso com Que opinião tem sobre o pro- dade, contribui e o técnico médio ciplina. Mas não acontece. Em exigir? as funções essenciais de uma uni- jecto do Estado de se formarem, também contribui. muitos casos, o estudante sai do As médias de acesso não de nem versidade. Por último, a UTANGA nem determinam as competências tem de ter notoriedade para ser- de um candidato. Na fase em que o vir a sociedade, não pode estar a país se encontra, vamos criar polí- desenvolver projectos e processos Especialista ticas que orientem o estudante, em com a única intenção de formar. função da vocação e do histórico em educação que ele traz dos níveis anteriores. Nesse contexto de crise e com a ‘vinda’ do Fundo Monetário Albertino Candimba Sebastião é Coloca a UTANGA entre as três doutorado em Educação – Gestão Internacional (FMI), como vai Estratégica e Avaliação Institucional melhores IES de Angola? pôr tudo isso em prática? –, pela Universidade Autónoma do Não faço essa classi cação. Quem Com a entrada do FMI, muitos Mercosur UAM – UNISAL em con- faz essa classi cação é a sociedade. processos serão disciplinados e vénio com o Instituto Evolução de O melhor avaliador é a sociedade. desenvolvidos na base da justiça. Fortaleza do Brasil. Mestre também em Educação, na área de Concen- Então, a disciplina, a justiça e o tração em Supervisão e Orientação E o que a sociedade tem dito sobre factor metódico vão ajudar-nos a Pedagógica, pela Faculdade de a UTANGA? de nir um rumo honesto, trans- Ciências da Universidade de Lisboa. As referências que tenho da uni- parente e disciplinado. É natural do Huambo. De 51 anos, versidade não são de fora. São refe- vai desempenhar, nos próximos cinco rências de um diagnóstico que z, anos, o cargo de reitor da Universi- O Ministério do Ensino Supe- dade Técnica de Angola (UTANGA), mediante um programa próprio, rior, Ciência, Tecnologia e Ino- em substituição de Vitorino Reis, que dos processos desenvolvidos aqui vação (MESCTI) pretende xar esteve na UTANGA durante 12 anos. na UTANGA e daí de nimos uma o preço das propinas em 2019. estratégia para este reitorado. 24 Caderno do Estudante Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Facebook

Jornal Nova Gazeta

Página inicial Pergunta da semana: Pergunta da próxima semana: O Presidente da República lançou, na segunda-feira, um aplicativo para O novo reitor da Utanga afirma que as debilidades dos estudantes das Publicações facilitar a comunidade estudantil. Como avalia esta iniciativa de João universidades privadas também se verificam nas públicas e, por isso, quer Vídeos Lourenço? que se avalie o sistema educativo. O que acha? Fotos 3,7m Comentários Sobre Paulo Satuco Horácio Soler Mário Monteiro Monteiro A iniciativa do Presidente é louvável e vem demonstrar o quão A iniciativa é boa e virá ajudar os estudantes. Devemos Comunidade preocupado está com a comunidade estudantil. aproveitar e fazer bom uso dessa ferramenta.

Criar uma página Manuel Da Silva Afonso Valentino Estupendo Frederico Qualquer iniciativa que ajude a comunidade estudantil é Uma iniciativa louvável, mas, mais do que um aplicativo, deve- sempre bem-vinda. O PR defendeu que apostar nos jovens é se incentivar a leitura sem descurar os preços dos livros e a apostar no nosso futuro. Resta esperar. criação de bibliotecas.

Príncipe Gennivaldo M. Simão Economo Lino Iniciativa correcta, pois vai ajudar a melhorar o ensino da Não irá ajudar em nada por uma única razão: é uma simu- juventude em todo o país. lação e não há transparência.

Rafael Correia Manuel Quitari “O caminho para o sucesso depende da dedicação”, disse Pela primeira vez, Angola tem um líder com boas intenções João Lourenço. Mas crer que o aplicativo traga melhorias seria no que diz respeito à educação da juventude. Vai ajudar na pôr a carroça à frente dos bois. orientação académica dos jovens.

Paulo Satuco Horácio Adilson D. Gonçalves Gêmeo A iniciativa é positiva. E é muito bom quando um pai fica O aplicativo já foi criado, restam-nos incentivos de como Pub engajado, sobretudo com a camada estudantil. usá-lo a fim de adquirirmos mais conhecimentos em diversas matérias.

Adilson D. Gonçalves Gêmeo TeotonioTeotonio É louvável, apesar de chegar um pouquinho tarde ao nosso É uma iniciativa inovadora que, de certa forma, vai contribuir país. Podemos afirmar que será benéfico para todos. para a melhoria do nosso sistema de ensino.

Orlando Payers Cristóvão Totov São sempre bem-vindas, será uma mais-valia. Só espero que É louvável, com certeza. O avanço tecnológico está a dominar esse aplicativo seja verdadeiramente útil e não apenas uma o mundo e criações do tipo já eram de se esperar. brincadeira política. 25 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Curiosidades Abre a mente Professor Ferrão

Biologia Abelhas ‘gostam’ de pesticidas

As abelhas estão a adquirir ‘um gosto’ por pesticidas seme- lhante ao vício em nicotina desenvolvido por fumadores. Segundo um estudo do ‘Proceedings of the Royal Society Como se chama o fundador da ‘Con- B.’, ainda que inicialmente evitem as plantas contamina- verse Rubber Show Company’? das com pesticidas neonicotinóides, as abelhas acabam por a) Marquis Mills Converse desenvolver, a longo prazo, uma preferência por estas plan- b) Peter Mills Converse

tas. Assim, o risco de pesticidas nocivos contaminarem as c) Charles Henry Converse

A colónias é superior ao anteriormente pensado. Reposta: “Queríamos perceber se as abelhas conseguem detectar pesticidas e eventualmente aprender a evitá-los, alimen- Qual é a nacionalidade de Josina tando-se antes das comidas não contaminadas que lhes Machel? oferecíamos”, explicou Andres Arce. a) Cabo-verdiana O estudo consistiu na observação de 10 colónias de abe- b) Moçambicana lhas ao longo de 10 dias. Durante este período, os cientis-

c) Angolana

B tas expuseram os insectos a duas soluções açucaradas, uma Reposta: Tudo ‘em detrimento’ do ‘em prol’ das quais estava contaminada com tiametoxam (um tipo de pesticida neonicotinóide). Em que ano teve lugar o mundial de Observador Num enunciado, seja oral, seja escrito, o mais importante deve futebol disputado no Uruguai entre 13 ser a transmissão das ideias. Com clareza. Devem evitar-se os e 30 de Julho? verbalismos. Mesmo não sendo purista, porque defendo a hete- a) 1923 rogeneidade com que as línguas, muitas vezes, se apresentam, b) 1903

acredito que é possível adoptarmos uma postura linguística ade-

c) 1930

C Reposta: Reposta: quada sempre que o contexto assim nos exigir. Falar bem não é mal nenhum. Aliás, ninguém deveria sentir-se mal por falar bem. E para quem a dislexia constitui um tormento, vale recordar que Que físico fez a primeira fotografia ela é natural e pode ser vencida. Ninguém é perfeito. Ora essa! colorida permanente em 1861? Os entretantos e contudos, poréns e portantos devem, todavia, a) James Clerk Maxwell ser evitados. Sempre que possível. Sei que todos precisamos de b) Johannes Kepler muletas. Ai de nós se não existissem!? Estaríamos tombados. Mas

c) Isaac Newton

A Reposta: a imperfeição, pelo menos na língua, pode ser evitada. Não se exige que as pessoas falem como as gramáticas. Fica- ríamos ‘mudos’. Não se pretende que ninguém aja como se de Quem são os fundadores do What- um livro se tratasse. O que se pede é, por exemplo, que não se sapp? misturem alhos com bugalhos. Que não se pense que ‘em detri- a) Mark Zuckerberg e Jan Koum Clima mento de’ é o mesmo que ‘em benefício de’ ou que seja igual a b) Brian Acton e Mark Zuckerberg

c) Jan Koum e Brian Acton ‘em função de’. Que são coisas longitudinal, profunda e diame-

C Mudanças ameaçam alimentos Reposta: tralmente distintas. Centenas de milhões de pessoas podem vir a desenvolver de - É natural que se espere mais de quem tenha tido uma for- ciências nutricionais devido ao aumento dos níveis de CO2 na mação académica. Aliás, servem-nos de referência. Passam a ser atmosfera. os nossos ‘tira-dúvidas’, como diria Maria Helena Miguel. Por Pesquisadores da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, de Har- terem sentado numa carteira – onde poucos têm a oportuni- vard, estimam que, a menos que as emissões de carbono sejam dade de estar –, achamos até que nos podem dizer a que distân- drasticamente reduzidas nas próximas décadas, 175 milhões de cia está o mais longo raio de sol, ou em que ano caiu a primeira pessoas podem adquirir de ciência de zinco e 122 milhões de gota de chuva no Alasca. Ilusão. Sabemos que não podemos exi- proteína até 2050. gir isso de ninguém. Não na minha terra. E, se alguém exigir, Além disso, mais de mil milhões de mulheres em idade fértil e será ‘em detrimento da’ sã convivência. ‘Em benefício de’ desin- crianças menores de cinco anos podem perder quatro por cento teligências pueris. de sua ingestão de ferro, o que eleva o risco de anemia. O desleixo com a língua denuncia parte do que somos e não O estudo soma-se a um crescente número de artigos que mostram só. Acreditem, já houve quem se tenha tornado presidente só pela que mudanças ambientais, como a escassez de água e o aumento forma pudica como coordenava e subordinava as suas orações. de temperaturas e de níveis de dióxido de carbono, estão a afectar E, como toda a frase para ser frase deve terminar com um a qualidade nutricional e a produção de legumes, verduras e arroz. sinal de pontuação, termino este enunciado dizendo que a expres- Pesquisas mostraram que as concentrações de proteína, ferro e são ‘em detrimento de’ só deve ser usada quando pretendemos zinco são signi cativamente mais baixas em culturas mantidas transmitir a ideia de ‘em desfavor de’, ‘com prejuízo de’. O seu em ambientes onde os níveis de CO2 são maiores que os de cul- oposto é ‘em prol de’, que signi ca ‘a favor de’, ‘em defesa de’. turas cultivadas sob as condições atmosféricas actuais. A escola deve trabalhar sempre em prol dos alunos e da socie- G1 dade, assim como o professor nunca deve adoptar uma postura dura em detrimento dos seus alunos. É tão simples quanto isso. 26 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Internacional Nigéria Paquistão EUA Boko Haram cancela mata soldados ajuda erca de 30 sol- guri, recusando ser destaca- dados foram dos para zonas instáveis e sob O exército norte-americano mortos após ameaça do Boko Haram. anunciou que vai cancelar um ataque ter- A Nigéria tem sido palco, a ajuda de 300 milhões de C rorista do grupo desde 2009, da violenta insurgên- dólares ao Paquistão devido extremista Boko cia do Boko Haram, que pretende à falta de “acções decisivas” Haram contra uma base militar criar um estado islâmico na zona na luta contra terroristas em Zari, Nordeste da Nigéria, pró- norte daquele país. O presidente e combatentes no Sul da ximo da fronteira com o Níger. nigeriano, Muhammadu Buhari, Ásia. As autoridades norte- Segundo a AFP, o incidente que se recandidata nas eleições de -americanas acusam ainda ocorre num contexto de forte Fevereiro de 2019, foi eleito sob a as forças paquistanesas de intensificação de ataques con- promessa de erradicar o grupo “ignorar” ou mesmo de tra o exército nigeriano. No mês ‘jihadista’, que já provocou mais “colaborar” com grupos passado, centenas de militares de 20 mil mortos e milhões de des- de combatentes islâmicos. manifestaram-se em Maidu- locados desde 2009. No início do ano, o governo Líbia norte-americano decidiu não conceder ao Paquistão cerca Lula da Silva, de 255 milhões de dólares em antigo presidente Em alerta do Brasil ajuda militar retidos desde Agosto, devido à alegada negli- O Governo de Acordo Nacional gência de conter as redes ter- da Líbia (GNA), apoiado pela roristas. Na altura, Donald Organização das Nações Unidas Trump, o presidente norte- (ONU), declarou, esta semana, -americano, a rmou que o estado de emergência, na capi- seu país havia dado “inge- tal Trípoli, após uma semana de nuamente” ao Paquistão mais intensos combates entre milí- de 33 milhões de dólares de cias rivais. A situação levou à ajuda nos últimos 15 anos. criação de um gabinete de crise. “A única coisa que eles nos O GNA exigisse “a adopção deram foram mentiras e tra- de medidas militares e civis paças, porque vêem os nossos para garantir a segurança da líderes como tontos”. Em res- população e proteger tanto a posta, o ministro dos Negó- Brasil propriedade privada como as cios Estrangeiros paquistanês, instalações e instituições públi- Khawaja Asif, sugeriu a Trump cas vitais”. E adverte as partes que contratasse uma empresa Lula fora das presidenciais em conflito que terão de enfren- para auditar o dinheiro que tar as consequências, caso apro- garante ter entregado ao seu veitem a situação para avançar país, para ver quem “mente”. Tribunal Supe- devido à lei que proíbe qualquer condenado a 12 anos e um mês nos seus objectivos. rior Eleitoral pessoa condenada em duas ins- de prisão, acusado de ter rece- Os combates, os piores desde (TSE) do Bra- tâncias da Justiça de disputar car- bido um apartamento de luxo o início da guerra civil em sil rejeitou, na gos públicos, conhecida no Brasil em troca de favorecer contratos 2014, que já fizeram cerca de 50 O semana passada, pelo nome de ‘Lei da Ficha Limpa’. de uma empresa à estatal petrolí- mortos e mais de 200 feridos, por seis votos a Lula da Silva foi o cializado fera Petrobras. Embora o registo começou no bairro Salehdin, um, o pedido de candidatura de como o candidato do Partido de candidatura tenha sido rejei- próximo do antigo aeroporto Lula da Silva, estando assim for- dos Trabalhadores (PT) no mês tado pelo TSE, o PT divulgou internacional de Trípoli, ponto malmente impedido de participar passado, durante o congresso do uma nota informando que usará estratégico cobiçado pelas par- nas eleições de Outubro. O ex-pre- partido. Aos 72 anos, está preso todos os meios para manter Lula tes em conflito. sidente foi declarado inelegível desde 7 de Abril após ter sido da Silva na corrida. 27 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Classificados

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O 1.º de Agosto é campeão pela terceira vez consecutiva. O Petro de Desistência Luanda, o vice-campeão, enquanto JGM, por Fotos: Santos Samuesseca Em Abril, a equipa de Jorge Gomes Mangrinha, mais dificuldades financeiras, conhecida como JGM do acompanha o Domant Huambo, abandonou o Gira- do Bengo e 1.º de Maio bola por incapacidade nan- de Benguela na segunda ceira. Foi a primeira vez que divisão. A próxima época o principal campeonato cou começa em Outubro e sem um clube no decorrer da termina em 2019. Os ‘militares’ prova, apesar das constantes terminaram a prova ameaças, nos anos anteriores, com 57 pontos. do Sporting de Cabinda e do Bravos do Maquis. Girabola l Raimundo Ngunza acerta o calendário com as prin- por di culdades nanceiras, cou- com 29 golos marcados. A melhor cou com menos um parti- cipais competições mundiais, em -se pelo caminho. defesa foi a do 1.º de Agosto, que cipante. O conjunto do JGM, especial, as disputadas na Europa. Os ‘militares’ terminaram a sofreu apenas oitos golos. Com 15, fundado a 12 de Maio de 1998, ste campeonato Em 28 jogos disputados, o cam- prova com 57 pontos, contra 54 17, 21 e 23 golos sofridos caram as noHuambo, ascendeu ao Gira- entra para a his- peonato cou marcado pelo 1.º do Petro de Luanda. Este é o 12.º equipas do Petro de Luanda, Des- bola em 2017. tória do futebol d’Agosto, que venceu o 12.º título. título dos ‘militares’ e cam a três portivo da Huíla, Académica do como o primeiro Os ‘militares’ usaram a máxima de conquistas de igualar o Petro, que Lobito e Interclube. E com piores E a nalizar quase que os ataques ganham os jogos e lidera a galeria dos títulos com 15. defesas estão as equipas do Domant a meio do ano. É as defesas, o campeonato. Não tive- O melhor ataque foi do Kabuscorp do Bengo que obteve cinco vitó- o Girabola da transição. A pró- ram o melhor ataque, mas conse- com 43 golos, seguindo-se o do rias e sofreu 39 golos, enquanto o xima época começa a ser dispu- guiram ser a defesa menos batida. Petro, com 38, Interclube, 32, 1.º 1.º de Benguela, em cinco vitórias, tada em Outubro e assim Angola A equipa do JGM, do Huambo, de Agosto, 31, e Sagrada Esperança sofreu 36 golos. Campeões e treinadores vencedores

1982 - António Clemente 1979 - Nicola Berardinelli 2011 - Zeca Amaral 2002 - Bernardino Pedroto 1983 - Petar Kzernevic 2007 - Carlos Mozer 2005 - Mário Calado 2013 - Edward Antranik 1984 - Severino Miranda 1980 - Ivan Ridanovic 2012 - Zeca Amaral 2003 - Bernardino Pedroto 1985 - Rui Rodrigues 2010 - Álvaro Magalhães 1986 - Carlos Silva 1981 - Joaquim Dinis 2014 - Miller Gomes 2004 - Bernardino Pedroto 1987 - António Clemente 1991 - Dusan Kondic 2015 - João Paulo Costa 1988 - António Clemente 1992 - Dusan Kondic 1989 - Carlos Queirós 1996 - Mário Calado 1990 - Carlos Queirós 1998 - Daniel Ndunguidi Treinador com 1993 - Goiko Zec 1999 - Daniel Ndunguidi 1994 - Goiko Zec 2006 - Johannes Brouwer mais títulos 1995 - Osvaldo Saturnino 2016 - Dragan Jovic 1997 - Jorge Ferreira 2017 - Dragan Jovic O técnico português Bernardino Pedroto, que 2000 - Djalma Cavalcanti 2018 - Zoran Maki 2001 - Djalma Cavalcanti se estreou em 2001 no Girabola, é o técnico 2008 - Bernardino Pedroto com mais títulos do campeonato, somando cinco, 2009 - Bernardino Pedroto três com o ASA e dois com o Petro de Luanda. 29 A selecção nacional de futebol joga no domingo, no estádio Quinta-feira 6 de Setembro 2018 11 de Novembro, em Luanda, diante do Botsuana para a segunda jornada do grupo I de qualificação para o CAN, a ter lugar nos Camarões em 2019. Os ‘palncas negras’ perderam por 3-1 na estreia frente ao Burkina Faso, que lidera, com a Mauritânia, com três pontos. Girabola: transição com velhos problemas Girabola de transição Melhores marcadores

Pela primeira vez no futebol nacional, não se disputou a Supertaça e Aos 30 anos e com 20 golos, o avançado brasileiro do Petro de Taça de Angola. Foi uma decisão da Federação Angolana de Futebol Luanda, que nos próximos tempos pode obter a nacionalidade (FAF) com a aceitação dos clubes, mas os adeptos não receberam bem angolana, Tiago Azulão, foi o melhor marcador. Os seus concor- a decisão. O campeonato foi disputado em apenas seis meses, ao con- rentes foram Magrão, do Libolo, e Mano Calesso, do Interclube, trário dos nove das edições anteriores, ou seja, a prova começava em com 12 golos cada. O brasileiro, que chegou em 2016, marcou Fevereiro e terminava em Novembro. Este ano, as equipas vão cum- Punições nove golos em 17 jogos naquele ano. Mas Carlos Alves continua prir as férias em Setembro, ao passo que em Outubro arranca o novo a ser o recordista, com 29 tentos, em 1980. modelo do Campeonato Nacional época 2018-2019. Assim, a FAF res- Entre Maio e Junho, a FAF 1979 - João Machado, 18 golos ponde positivamente ao que foi deliberado pelo Comité Executivo da puniu o Kabuscorp, reti- 1980 - Carlos Alves, 29 golos Confederação Africana de Futebol (CAF), com vista a uniformizar os rando-lhe 12 pontos por 1981 - Maluca, 20 golos calendários competitivos no continente. causa das dívidas contraídas 1982 - Jesus, 21 golos com o antigo jogador brasi- 1983 - Maluca, 17 golos leiro Rivaldo. A FIFA refor- 1984 - Jesus, 22 golos çou o castigo e mandou retirar 1985 - Jesus, 19 golos Invasão de adeptos mais seis pontos por incum- 1986 – Arsénio Túbia, 20 golos primento de algumas presta- 1987 - Mavó, 20 golos Com as entradas grátis, o primeiro anel do estádio 11 ções que o clube deveria pagar 1988 - Manuel, 16 golos de Novembro, em Luanda, esteve quase cheio para assistir ao TP Mazembe da República 1989 - André, 18 golos ao jogo derradeiro do 1.º d’Agosto, o da festa do título, com os Democrática do Congo (RDC). 1990 - Mona, 17 golos adeptos uniformizados com as cores do clube. Após o apito nal Tudo se deve à contratação do 1991 - Amaral Aleixo, 23 golos do árbitro Benjamim Andrade, os adeptos conseguiram furar o médio congolês Tresor Mputu 1992 - Amaral Aleixo, 20 golos cordão de segurança composto por mais de 45 policias de inter- Mabi em 2014. E quem tam- 1993 - Serginho, 14 golos venção rápida. Mesmo com a ajuda de segurança privada, a bém recebeu a ‘mão pesada’ 1994 - Kabongo, 16 golos relva do 11 de Novembro foi invadida pelos adeptos que da FIFA foi o Progresso do 1995 - Serginho, 19 golos foram abraçar os jogadores. A emoção foi tanta, que Sambizanga, perdendo seis 1996 - César Caná, 15 golos os placards publicitários e as balizas não foram pontos depois de ter dívi- 1997 - Zé Neli, 12 golos poupados pelos ‘invasores militares’. das pendentes com o ganês 1998 - Betinho, 14 golos Raphael Kwaku Obeng. 1999 – Isaac, 16 golos 2000 - Blanchard, 19 golos 2001 - Flávio, 23 golos General no comando 2002 – Flávio, 16 golos 2003 - André, 12 golos O general de ‘três estrelas’ Carlos Hendrick é o ‘comandante em chefe’ do 1.º de Agosto. Considerado pela 2004 - Love Kabungula, 17 golos crítica como o melhor dirigente desportivo, no nal do Girabola, pôs de lado a vaidade e assegurou que vai 2005 - Love Kabungula, 13 golos continuar a projectar melhorias logísticas e conquistar títulos no campeonato nacional da primeira divisão. 2006 - Manucho Gonçalves, 16 golos O dirigente, que substituiu o irmão Raul Hendrick na presidência do clube, sublinhou que o clube militar 2007 - Manucho Gonçalves, 15 golos vai continuar a apostar na melhoria das infra-estruturas para todas as modalidades. 2008 - Santana, 20 golos 2009 - David, 19 golos 2010 - Daniel Mpelempele, 14 golos 2011 - Love Kabungula, 20 golos Despromovidos 2012 - Yano, 14 golos 2013 - Meyong, 20 golos As equipas do JGM do Huambo, Domant do Bengo e 1.º de Maio de Benguela foram ‘despachadas’ para 2014 - Meyong, 17 golos a segunda divisão, também chamada de ‘Segundona’. No caso do 1º de Maio, é a quarta vez que é des- 2015 - Yano, 13 golos promovida, depois de 2011, 2014 e 2016, mas nesta última edição teve a “graça” da desistência do Ben- 2016 – Gelson Dala, 23 golos ca de Luanda e foi convidada a participar na edição de 2017. 2017 – Tiago Azulão, 16 golos 2018 – Tiago Azulão, 20 golos 30 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Cultura No Memorial Dr. António Agostinho Neto Bebida provoca exoneração Publicidade de uma marca de cerveja levou à exoneração Produção de Hochi-Fu de Jomo Fortunato. O concerto de Ndaka ‘Sexta-feira a Mwangolé’ Yo Wiñi provocou a fúria de João Lourenço. estreia nos cinemas O músico assume-se como único culpado O filme ‘Sexta-feira a Mwan- quinices” na cidade capital. por não ter acatado o golé’, que narra o quotidiano As cenas foram interpre- regulamento. dos jovens angolanos, tem a tadas pelos humoristas Dibá, estreia marcada para o dia Gody, Perry, Richa Gago e Ya 14 deste mês, nas salas do Papy, com a participação de Zap Cinema e Cine Max, em cantores como os The Twins, todo o país. Doutor Smith, K Pinha, entre A informação foi avan- outros. çada na segunda-feira, em De acordo com o produ- Luanda, durante uma con- tor, o filme foi traduzido em ferência de imprensa de pré- quatros línguas, nomeada- -estreia da longa-metragem, mente inglês, francês, holan- l Redacção de género comédia, do rea- dês e mandarim. essas iniciativas não dignifi- lizador angolano Hochi-Fu. Segundo o realizador, pre- cam o espaço que homenageia Sem avançar os custos tende-se transmitir alegria à a figura do primeiro Presidente de produção, Hochi-fu afir- sociedade, de forma a esquecer da República, Agostinho Neto. mou que o filme foi gravado os problemas diários e mos- publicidade e A ‘gota de água’ foi o con- em vários pontos de Luanda, trar que os angolanos podem a presença de certo de Ndaka Yo Wiñi, que retratando a vida de cinco fazer história sem interferên- uma marca de serviu para o lançamento de jovens amigos que, apesar das cia de terceiros. cerveja, num um CD e que teve como um distintas ocupações profissio- Com cinco filmes, Hochi- A concerto do dos patrocinadores a marca de nais, se reúnem à sexta-feira -Fu inicia, em Dezembro, as músico angolano Ndaka Yo cerveja ‘Luandina’. para se divertir e realizar “tra- gravações do segundo enredo. Wiñi terá precipitado a queda Jomo Fortunato, Hoje, o músico até se sente ex-PCA do MAAN de Jomo Fortunato como pre- culpado pela exoneração de sidente do Conselho de Admi- Jomo Fortunato, reconhecendo Huambo comemora 106 anos nistração do Memorial Dr. Foi nomeado PCA do que o ex-PCA teve o cuidado António Agostinho Neto. O Memorial em de avisar os organizadores do Luís Mendonça o homenageado Presidente da República não espectáculo que o Memorial se gostou de saber do uso que se Fevereiro de 2017, rege por um regulamento. E nele Em alusão às comemorações dos prevê a participação dos poe- estava a dar ao espaço e exo- pelo então chefe de está bem esclarecido que é proi- 106 anos da cidade Huambo, tas Ras Nguimba Ngola, Kio- nerou Jomo Fortunato, substi- bido o uso de bebidas alcoóli- realiza-se a sexta edição do Fes- camba Cassua, Kapa Afonso, tuindo-o por António Antunes Estado, José Eduardo cas no recinto. Em declarações tival Nacional de Poesia deno- Júlia Lima, Tio Velho, Tárcia Fonseca, escritor e ensaísta. dos Santos. ao NG, Ndaka Yo Wiñi admite minada ‘Parabéns Huambo Camila, Poeta Veloso, Poeta De acordo com o comuni- que a patrocinadora esteve no – 106 anos de existência’, a 16 Mateus e Poeta Ma Do. cado que justifica a medida, local e que houve consumo de de Setembro, no pavilhão do Entre os músicos, haverá a a exoneração foi provocada bebidas, mas apenas no final Petro Atlético do Huambo, com actuação de Justino Handanga, devido à “verificação de con- do concerto e sem o consen- homenagem ao escritor e jorna- Mobbers, Danger Boyz, Xerife dutas inapropriadas durante a timento do PCA. “Ninguém lista José Luís Mendonça, pelo D’ouro, Turma do Pânico, realização de actividades cul- afirma que se tenha feito uso de contributo à literatura. Watara Nankova, Mr. Daquija, turais no interior” da institui- bebidas como tal. Assim sendo, Além do homenageado, a festa Rijo Master e Admilton Peló. ção. João Lourenço entende que é uma marca que está ligada 31 A obra de Oliveira Martins, ‘Mahambas (Contos)’, Quinta-feira 6 de Setembro 2018 venceu a edição de 2018 do Prémio Literário António Jacinto, atribuído pelo Instituto Nacional das Indústrias Culturais (INIC). A iniciativa visa incentivar o surgimento de novos autores e novas obras literárias de autores angolanos.

No Memorial Dr. António Agostinho Neto Bebida provoca exoneração AGILIDADE, CONFORTO, SEGURANÇA E EXCLUSIVIDADE Estou com sentimento de culpa, nada foi intencional, porque todos nós respeitamos um lugar daqueles, e não foi esse o foco da actividade. SERVIÇO PERSONALIZADO COM CONFORTO E

à bebida e é incomodativa de alguma forma. Apenas encon- Ndaka Yo Wiñi, músico trámos algumas latas fora, que SEGURANÇA a equipa de produção recolheu antes de deixar a casa.” Ndaka Yo Wiñi revela que O TAXÍMETRO SÓ SERÁ LIGADO NO a organização, que tinha como como parceira a marca de bebi- “Afinal de contas é proibida a LOCAL DA CHAMADA das, já tinha montado o equipa- presença de qualquer coisa que mento, para efeito de exposição, esteja ligada ao álcool”, admite. João Lourenço, Presidente da Repúbica quando se apercebeu de que Ndaka Yo Wiñi acredita que, essas eram as regras. Segundo pela forma como foi constituída o músico, quando a organiza- a informação, dá a entender Não gostou de saber ção reparou nas bebidas, cobriu- que “a questão não é só essa”, do uso que se estava a -se as caixas térmicas “para que para a exoneração. Entristecido ninguém mexesse, na perspec- com a situação, apenas lamenta dar ao espaço e tiva de esperar o transporte”, o sucedido, “por acaso não sei exonerou Jomo pois “as bebidas eram para o que dizer, mas estou com efeito de brindes”, justifica-se. sentimento de culpa, nada foi Fortunato, O músico reconhece que intencional, porque todos nós substituindo-o por houve alguma “falta de aten- respeitamos um lugar daque- António Antunes ção”, mas garante que, durante les, e não foi esse o foco da acti- o espectáculo, “ninguém con- vidade.” Rua 21 de Janeiro, Bairro Rocha Pinto, Luanda Fonseca. sumiu”. Jomo Fortunato, um acadé- O músico reconhece ainda mico e crítico musical e literário, Call center que “não ajudamos o Jomo, foi nomeado PCA do Memorial poderíamos pensar de uma em Fevereiro de 2017, pelo então (+244) 947 992 829 forma madura de como fun- chefe de Estado, José Eduardo (+244) 993 091 599 ciona o regulamento da casa”. dos Santos. Trabalhamos com multicaixa 32 Agenda Quinta-feira 6 de Setembro 2018

l Sugestão da Semana l 9 DE SETEMBRO LUANDA 8 DE SETEMBRO l ATÉ 23 DE OUTUBRO O saxofonista David Mona vende e Booster Sunset, Black2Back, com os Cinema DJ Petetha Zouk, Dje , Walgee e Jorge Exposição do artista plástico Paulo autografa o disco ‘Nova Angola’, na Cadetea, na Fortaleza de S. Miguel, a Kapela ‘Regresso a Poto-Poto’, no Praça da Independência, a partir das partir das 16 horas. Bilhetes a 10.000 Espaço Luanda Arte. 8 horas. kwanzas. l 6 DE SETEMBRO l 8 DE SETEMBRO O artista plástico ó Simões inau- 6.º Congresso Extraordinário do gura a exposição ‘Congolândia – Mul- MPLA, no Centro de Conferências tiversos em Desencanto’, no Centro de Belas, a partir das 9 horas. Cultural Português Camões, a par- tir das 18h30. 14 DE SETEMBRO Angola Fashion Awards 2018 – Iden- Filme: Meg: Tubarão Gigante l 6 E 7 DE SETEMBRO tidade Nacional, no hotel Epic Sana, Actores: Ruby Rose, Jason Matias Damásio actua na Casa 70, a às 19 horas. Statham, Rainn Wilson partir das 21 horas. Género: Acção, Terror Realizador: Jon Turteltaub DE 15 A 17 DE SETEMBRO Ano: 2018 l 7 DE SETEMBRO Festival de Zouk Angola 2018 com Anabela Aya actua no Centro Cultu- Kassav, Livity, Yuri da Cunha, Filho ral Português, a partir das 19 horas. do Zua, Yola Semedo, Cef, Matias Bilhetes a 5.000 kwanzas. Damásio, Tabanka Djaz e outros, na Baía de Luanda, a partir das 17 horas.

Aries Taurus Gemini Cancer Aries Taurus Gemini Cancer Carneiro Touro Leão Virgem

Aries Taurus Gemini Cancer Aries Taurus Gemini Cancer Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Poderá ter sedução forte. Não confunda Procure avaliar o que está a acontecer. Expectativas em relação à vida amorosa Mude a rotina da relação, algo novo é Filme: Homem Formiga e a Vespa o que sente nem se atraia por um amigo. Controle a sua capacidade para atingir. Por serão concretizadas. A meta é dar qualidade sempre bom. Cuide mais da aparência, irá Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Actores: Paul Rudd, Evangeline Procure um projecto mais credível para que ser muito teimosa, vai gerar conflitos de uma a todas as tarefas. Não relaxe, ainda há aumentar a auto-estima. Não se apegue aos Lilly, Michael Peña não saia prejudicada. forma muito stressante. tempo de concretizar os planos. bens materiais. Género: Acção, Aventura Aries Taurus Gemini Cancer Aries Taurus Gemini Cancer Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Realizador: Peyton Reed Gémeos Caranguejo Balança Escorpião Ano: 2018

Aries Taurus Gemini Cancer Aries Taurus Gemini Cancer Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Não insista num romance onde não há Um antigo sonho está a tirar a atenção de A diplomacia vai contribuir para este quadro Terá toda a dedicação e sentido de entrega Literatura mais recurso. A semana promete grandes tarefas diárias. Procure estar atenta aos mais positivo. O ambiente familiar estará no trabalho. Tenha cuidado com as consti- Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces

desafios,Aries aproveiteTaurus Geminie tire o melhorCancer de toda Ariesa Taurus sinaisGemini no relacionamento.Cancer Aries Taurus Gemini excelente,Cancer curta osAries momentos.Taurus Gemini Cancerpações. Repouse e consuma vitaminas. experiência.

Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces

Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Leo Virgo Libra Scorpio Sagitário Capricórnio Aquário Peixe

Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces Expanda a rede de relacionamento. Isso Faça programa a dois e varie a rotina. Aja com honestidade não apenas com os Conseguirá galgar vários degraus na busca pode favorecer para convergir o bom humor Aproveite as horas vagas para descansar. O outros, mas consigo mesma. Viva o amor por sucesso. Evite ser auto-depreciativo para numa relação interessante e próspera. trabalho deve ser prioridade. intensamente, o amanhã pertence a Deus. seguir em frente. Aja com carinho.

Autor: Fragata de Morais Livro: A prece dos mal-amados WWW.SABORES.SAPO.AO Anedota da semana Primeira publicação: 2005 Macarrão ao molho de camarão Cálculos matemáticos Ingredientes: 1kg de esparguete, 2kg de camarão, uma lata Na escola, o professor pergunta ao de milho, uma cebola ralada, dois dentes de aluno: alho, molho de tomate, azeite, caldo de legu- - Imagina que tens 100 kwanzas e pedes mes, sal e salsinha. mais 100 ao teu pai. Quanto terás? - 100 kwanzas. MODO DE PREPARAÇÃO - Não sabes nada sobre matemática! - E o professor não sabe nada sobre Coza o macarrão, refogue a cebola, o alho, o azeite e frite o camarão. Noutra panela, adicione o meu pai… o molho de tomate, o caldo e mexa. Acrescente o milho e um pouco de água e deixe cozer. Autor: José Mena Abrantes Coloque o macarrão e misture sem esmagar o macarrão. Ao servir, polvilhe com salsinha. Livro: A Caravana da Ilusão Ano de publicação: 2000 CULTURA 33 Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Livro infantil entre as prioridades Brasil PR cria comissão do livro e da leitura Incêndio destrói O Presidente da República, a nota da Casa Civil do Pre- João Lourenço, ordenou a sidente da República. Museu Nacional criação de uma comissão Pretende também avaliar e multissetorial para o acom- propor medidas que visam pais queixas, estão a falta de fun- panhamento e implementa- o crescimento da indústria dos e os cortes orçamentais que ção da Política Nacional do livreira, estimular o uso da duram, pelo menos, há três anos. Livro e da Leitura, que será capacidade gráfica nacional O Museu Nacional é a mais coordenada pela ministra da disponível e a concorrência. antiga instituição cientíca do Bra- Cultura, Carolina Cerqueira. Além do Ministério da Cul- sil voltada para a pesquisa e memó- A comissão visa, entre outras tura, a comissão integra os ria da produção do conhecimento, metas, elaborar e submeter departamentos da Indústria, actualmente vinculada à Univer- propostas de actos norma- Comércio, Turismo, Ensino sidade Federal do Rio de Janeiro. tivos e administrativos de Superior, Ciência, Tecnolo- A história remonta aos tempos da competências do titular do gia e Inovação, Comunica- fundação do Museu Real por D. poder executivo, propor e ção Social, Educação, Acção Um incêndio de grandes propor- museu terem desabado, os bom- João VI, em 1818, cujo principal implementar o Plano Nacio- Social, Família e Promoção ções destruiu totalmente o Museu beiros armam terem conseguido objectivo era propagar o conheci- nal de Leitura com o envol- da Mulher. Os secretários Nacional do Brasil, no Rio de retirar alguma parte do acervo. mento e o estudo das ciências natu- vimento dos departamentos do Presidente da República Janeiro. O fogo, que deagrou no No local, estiveram equipas de rais em terras brasileiras. Hoje, é ministeriais competentes, para os Assuntos Sociais, de domingo no edifício com 200 anos, 20 quartéis de bombeiros do Rio reconhecido como um centro de assim como apoiar inicia- Comunicação Institucional terá queimado mais de 20 milhões de Janeiro a combater o incêndio. pesquisa em história natural e tivas que visam conferir ao e de Imprensa, bem como o de objectos, incluindo achados Não há registo de feridos. As crí- antropológica na América Latina. livro infantil prioridade na director do Gabinete de Qua- arqueológicos e colecções histó- ticas ao estado actual do museu Uma das peças que o museu política livreira, desde a cria- dros também fazem parte da ricas. Era um dos maiores acer- acumulavam-se há vários meses, conservava era Luzia, o esque- ção à distribuição, segundo comissão. vos históricos e cientícos do país. segundo os meios de comunicação leto mais antigo já encontrado Apesar de alguns pisos do social brasileiros. Entre as princi- nas Américas. 34 Quinta-feira 6 de Setembro 2018

Avó Bernice

A modelo norte-americana Bernice Burgos, de 38 anos, que muito deu o que falar em Angola em 2016 para um espectá- culo no Mussulo, em GenteLuanda, já é avó. A primeira filha, Ashley Burgos, de 21 anos, que a modelo gerou aos 17, deu à luz uma m e n i n a n o final do mês pas- sado.

À espera de gémeos

O casal de duques da Ingla- terra, Harry e Meghan Markle, Em ‘Falso Perfil’ pode estar à espera do primeiro filho, segundo a revista norte- Sílvio Nascimento, Micaela Reis e Igor Benza serão, -americana Life&Style, que cita entre outros, os rostos do novo filme angolano ‘Falso uma fonte do Palácio de Ken- Perfil’. O enredo, em que os actores trabalharam em sington. A revista garante que parceria com a Clé Entertainemnt, foi escrito pelo o casal está à espera de gémeas. dramaturgo Walter Cristóvão, dirigido pelo realiza- Meghan Markle e Harry casa- dor Dorivaldo Cortez e conta igualmente com as pre- ram-se há dois meses. senças de Raul Jorge Resende Rosário, Feliciana Lau Luzayamo e Sizainga.

Chuva de anéis

As redes sociais estiveram ao rubro, no passado m-de-semana, devido às comemorações de casa- mentos e pedidos de noivado de guras da moda, música e da televisão. Um dos mais aguardados foi o enlace de Benvindo Magalhães e Stela de Car- valho, apresentadores da TPA e da Zap, respecti- vamente. Já na TV Zimbo, contraiu o matrimónio a apresentadora do programa ‘Made in Angola’ Eli- zete Vasco com o jovem Klisman Pinto. A 1 de Setem- bro, foi a vez de a cantora Maya Zuda receber o anel de noivado do futuro esposo Adilson. Segunda-feira 11 de Abril 2016 Valor Económico 13 ü Betão Pronto ü Pré-fabricados de Betão ü Pré-esforçados Ligeiros ü Betuminoso ü Aluguer de Equipamentos

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CAPA & SOCIEDADE CS6.indd 6 21/05/18 19:02 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 TURISMO 37

Montevideu, Uruguai Um símbolo de prosperidade

Sossegada e tranquila, a capi- tal do Uruguai, Montevideu, está Hotéis | Restaurantes | A cidade conta com numero- entre as 30 cidades mais seguras sas praias de areia na e branca e do mundo. O escritor Eduardo de águas calmas e únicas, como Galeano, uma das referências lite- as do Pocitos e Buceo, localiza- rárias locais, de ne Montevideu das a poucos metros do Museu como a cidade em que “as pessoas Oceanográ co, e ainda a praia se amam sem dizer e se abraçam Malvin, onde se pode desfrutar sem se tocar”. de uma vista panorâmica. Limpa e arborizada, com Entre os passeios obrigató- muito verde nas ruas e banhada Onde ficar O que comer Como ir rios, está o declarado pela Fede- pelo rio De la Plata, Montevideu Há várias opções de hospedagem. O A gastronomia uruguaia é rica em Não há voos directos de Luanda para ração Internacional de Futebol e é composta por avenidas largas e Ermitage Hotel, com decoração refinada e sabores. A grande especialidade é a Montevideu. A opção é fazer uma pa- Associados (FIFA) como o maior prédios baixos, o que lhe confere localização privilegiada à beira-mar, ocupa parrilla (churrasco feito sobre lenha), ragem no Brasil e depois rumar para a monumento histórico do fute- um edifício elegante e renovado, de 1945. as morcillas, as pamplonas (rolos de um clima dos anos 1950, época capital uruguaia. bol mundial. Trata-se do Estádio Dispõe de um espaçoso terraço, que inclui frango ou de carne de porco recheados) dourada, quando era das cidades vista para a Praça Gomensoro. as batatas e batatas-doces al plomo Centenário, o primeiro do mundo mais prósperas da América Latina. (assadas envoltas em papel alumínio). criado especialmente para o fute- Uma das principais atracções é bol e cenário do primeiro campeo- o centro antigo, também chamada nato mundial de futebol, em 1930. de Cidade Velha, com constru- de café, o centenário Café Brasi- uruguaio, Joaquín Torres García, rantes e hotéis. Logo ao desem- O Parque Zoológico conserva ções da época colonial, livrarias leiro é uma paragem obrigatória. que tem, entre as criações, o mapa bocar, está um monumento em animais e preservação de espécies e museus. A Porta da Cidadela Construído em 1856, o Teatro invertido da América do Sul. homenagem ao general Artigas, autóctones em mais de 50 hecta- demarca o início do centro his- Solís é o re nado palco da cultura Situada no nal da Avenida 18 responsável pelo movimento de res. Está situado próximo do cen- tórico e é um dos poucos resquí- no país. E oferece visitas guiadas. de Julho, a Praça da Independên- independência do país. É possível tro da cidade e é um dos locais de cios remanescentes do período O Museu Torres García é um dos cia é a artéria mais importante da avistar o Palácio Salvo, que já foi maior atracção turística. em que a cidade era cercada por mais interessantes, uma homena- cidade. O trajecto é composto por sede do governo e é um dos pré- uma muralha. Para os amantes gem ao principal artista plástico praças acolhedoras, lojas, restau- dios mais emblemáticos. Fonte: old.aproximaviagem.pt 38 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Evaristo Mulaza Director-Geral Editorial Ponto de interrogação

ex-direc- a favor das comunidades só avan- t or- ge r a l çam, porque há compromissos da Cobalt formalizados com o Estado. Não Angola e da é nada que não seja de domínio O Roc Oil con- vulgar. É apenas um facto largas cedeu uma vezes esquecido pelo Governo na entrevista ao ‘Valor Económico’, defesa dos interesses nacionais, esta semana, e que republicamos face aos operadores estrangei- nesta edição, de leitura obriga- ros. O nosso entrevistado lem- tória. Num momento em que se bra, com precisão, a forma como efectivam mexidas formais nos as petrolíferas tiraram proveito petróleos, António Vieira des- da fragilidade do novo Governo, tapa reexões que questionam o ao pressionarem a ‘Cidade Alta’ a unanimismo do que se conven- ceder, num momento em que João cionou chamar reforma no sec- Lourenço mal conhecia os cantos tor petrolífero. É uma verdadeira da residência presidencial. pregação que mostra a perspectiva Mas, hoje, perante uma rea- Foto: D.R. menos explorada sobre as amea- lidade que se proclama nova, o ças que persistem na indústria e estas são nocivas aos interesses secretário para a Informação do António Vieira lembra outra Governo tem a obrigação moral que podem deitar por terra até o pessoais que se consolidaram ao MPLA, Norberto dos Santos, num verdade dolorosa. As empresas e material de saber o que quer. optimismo mais entusiasta. longo das últimas duas décadas. semanário angolano, em 2007, se petrolíferas, como quaisquer ope- Porque jamais serão as petrolífe- Desde logo, o ponto crítico Nas entrelinhas, a mensagem há corruptos é porque há corrup- radores privados estrangeiros, não ras a corrigir a perversão a xada são as pessoas. Na observação é clara. Os vícios de monta insta- tores. E entre corruptos e corrup- andam por cá pelos olhos bonitos na indústria. Pela obsessão pelo de António Vieira, as lideranças lados na indústria petrolífera res- tores certamente estabeleceram-se de Angola. Estão instaladas nos lucro, estas vão continuar a exigir que se encontram na petrolífera ponsabilizam simultaneamente a relações de cumplicidade que impe- mares angolanos única e exclusi- tudo e, sempre que necessário, dei- pública são incapazes de avançar Sonangol e as companhias priva- dem os desejados avanços, no inte- vamente pelo lucro. E até os pro- xarão apenas o osso, como tam- com mudanças de fundo, porque das. Ou, parafraseando o então resse do Estado. jectos de responsabilidade social bém avisa António Vieira.

Opinião Carta ao Director Sem reforma PARABÉNS AO CAMPEÃO Apesar de já ter previsto o desfe- á escrevi nestas páginas que grande parte do tempo, hábil a gerir silên- Essa capacidade de se adaptar poderia ser cho do Girabola, como adepto do considerava José Eduardo dos cios e imperscrutável no pensamento e na aplicada agora. Se, na gestão interna, é alvo de 1.º de Agosto, escrevo estas linhas Santos um peixe de águas pro- acção. Nem sei mesmo se os mais próximos, muitas críticas, na diplomacia foi um mestre. para felicitar o meu clube pelo fundas. Rea rmo-o hoje. Ao que lidaram com ele durante décadas, con- É certo que soube usar o poder económico desempenho nesta temporada. O J contrário dos peixes que habi- seguem adivinhar-lhe o pensamento. de Angola e a posição geo-estratégica do clube cimentou bem a sua posição tam em águas menos profundas, os de lá de É por isso que o congresso do MPLA país. Mas fê-lo com habilidade. É nesta ver- como equipa com fortes interesses baixo são mais calmos, ‘caçam’ apenas o que deste sábado lança também uma incógnita: tente que José Eduardo dos Santos daria um na conquista do título. Em todo interessa, dominam os mares e raramente são o que fará José Eduardo dos Santos a partir excelente mediador de conitos, não só por o caso, julgo que a equipa mili- apanhados. Caracterizam-se pelo sangue frio. de agora? Provavelmente, vai dedicar-se às África. Tem experiência su ciente, tranqui- tar deve elevar as ambições para E, como se sabe, ter sangue frio é crucial em questões sociais, como ele próprio prometeu. lidade quanto baste e uma gestão de tempo com a participação na ‘Cham- muitas etapas da nossa vida. Especialmente Mas um político como ele não devia entrar de um peixe de águas pion Africana’. Ainda bem que para quem é político pro ssional. já para a reforma. Internamente, cumpriu, profundas. Era só o campeonato correu bem. Por É esta sensação que se tem quando se bem ou mal, conforme as emoções de cada ultrapassar o medo agora, desejo aos jogadores uma estuda a personalidade e o percurso polí- um, com o seu papel. Fez o melhor que sabia, de viajar… óptima temporada de descanso e tico do homem que nos governou durante ele próprio colhido de surpresa quando Lúcio de preparação da época a seguir e 38 anos. Na hora de se despedir da vida polí- Lara o empurrou para a Presidência do país. que aquelas que descerem de divi- tica activa, José Eduardo dos Santos deixa Torneou as di culdades e, se lhe perguntarem são consigam reerguer-se. um legado de uma certa forma de fazer se estaria à espera de governar tanto tempo, Emídio Fernando Marcos Paulino João, Luanda política. Cínico, muitas vezes, pragmático, certamente diria que não. Editor Executivo 39 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 Geralda Embaló Directora-Geral Adjunta Opinião Frases

Gustavo Silva, jornalista

“Há-de chegar o dia em Agora pergunto eu... que a Agricultura e a Pecuária serão prioridade em Angola. Quem viver a semana em que sada, nesta, um incêndio consu- céptico quanto ao que todos, de verá. Iremos produzir tudo o entre nós todas as miu o seu maior museu (o maior forma genérica, celebram como que precisamos para comer. perguntas giram da América Latina, por sinal), um passo fundamental no sen- Incluindo a carne.” FICHA TÉCNICA em torno do con- tornando 200 anos de História tido da transparência (com a Facebook Ngresso do MPLA, em cinzas irrecuperáveis. Aqui excepção provável do PCA da do legado agridoce mais perto, o sul-africano Julius Sonangol que viu o seu poder Director-Geral: José Lumbo, economista Evaristo Mulaza de José Eduardo dos Santos, mas Malema (que continua em bolan- reduzido súbita e irremediavel- Directora-Geral Adjunta: também da necessidade do novo das com a polémica dos guarda- mente), que é a retirada do poder “Para que se tenham Geralda Embaló PR de lhe seguir os passos tor- -costas brancos que já levou a de concessionária à petrolífera bons resultados nando-se também ‘número um’ sugestões de que, sendo tão defen- nacional. Consubstancia o seu com o IVA, é necessário Editor Executivo: Emídio Fernando do partido e à volta dos varia- sor dos direitos dos africanos cepticismo com o facto de as que as empresas tenham Subeditor: Edno Pimentel dos resultados perversos que que frequentemente anda ali na pessoas disponíveis para inte- contabilidades bem Editor gráfico: Pedro de Oliveira já sabemos ter um governo em fronteira com o franco racismo, grarem o novo organismo serem estruturadas e organizadas e se reduza a Redacção: Amélia Santos, André que partido e Estado não se dis- não con a neles para o defender) as mesmas e, por isso, com os tinguem, o ‘Valor Económico’ sugeriu uma África unida sob a mesmos vícios e com a mesma informalidade no Kivuandinga, Lúcia de Almeida, Miguel mercado.” publicou uma formidável entre- liderança de um só presidente. di culdade de lutar contra o sis- Daniel, Onélio Santiago, Raimundo Angop Ngunza e Teresa Fukiady vista a não perder. A avaliar pelo que acontece tema corrompido que sempre os Secretária de redacção: Rosa Ngola Aconteceu muito mais esta aos africanos quando têm poder bene ciou. Explica que o Execu- Fotografia: Manuel Tomás, Mário semana pelo mundo fora, claro. a mais, havia de ser uma coisa tivo não tem sabido defender os João Lourenço, Mujetes e Santos Samuesseca Rodrigo Duterte, em mais uma bonita. A História está dema- interesses nacionais nas negocia- Presidente da República Paginação: Francisco de Oliveira, João das suas ‘pérolas’, relacionou as siado cheia de exemplos em que ções com as poderosas petrolífe- Vumbi e Edvandro Malungo violações na sua terra natal com o poder corrompeu os melho- ras internacionais e a rma que “Queremos inaugurar Correspondentes: Luís Morais (Huíla); a beleza das mulheres (a capaci- res líderes, as melhores pro- o actual sistema de contratos uma era de maior Alberto Olímpio (Bié) responsabilização, onde não Revisores: Edno Pimentel, Evaristo dade incansável da estupidez de messas, os maiores ideais e as de partilha de produção signi- subir de tom nunca deixa de sur- mais puras intenções. ca que, na prática, não apenas toleraremos a má gestão Mulaza e Geralda Embaló financeira e patrimonial ou preender, não basta justi cações E, como não podia deixar dividimos perdas com as petro- Produção gráfica: Notiforma SA ainda o nepotismo.” Propriedade e Distribuição: GEM energúmenas como a roupa pro- de ser, não falta quem se apro- líferas, como pagamos para que Jornal de Angola Angola Global Media, Lda vocadora, por exemplo, tinha que veite dessa capacidade corrup- venham cá investir. “Se a multi- Tiragem: 100 000 haver mais justi cações idiotas tora do poder. E é este, entre nacional investir um milhão de Nº de Registo do MCS: 644/B/2012 por aí). Donald ‘Proteccionismo’ outros, o alerta do entrevistado dólares, ao recuperar o investi- Sarchel Necesio, GEM ANGOLA GLOBAL MEDIA, LDA Trump excluiu o vizinho Canadá desta semana no especialista de mento, recupera este valor mais CEO do Platina Line Administração: Geralda Embaló e dos novos acordos comerciais economia ‘Valor Económico’, o upli, que varia entre 30 e Evaristo Mulaza e a ONU aliou-se à comunista enquanto o poder corrompe, não 40 por cento”. É perturbador. “Quando temos Assistente: Mariquinha Rego de insistir muito para Departamento Administrativo: China na luta contra o protec- falta quem se aproveite. Pergunto-me como será possí- cionismo, quem diria? O Brasil Se não teve acesso a uma vel ao Presidente mudar estas, alguém ficar ao nosso lado, Jessy Ferrão, Júnior Manuel, Nelson talvez o ideal não conseguiu demonstrar ao mundo, cópia do jornal, veja online em que são verdadeiras máculas Manuel, Maria Faustino seja manter essa pessoa Departamento comercial: Arieth Lopes mais uma vez, que o conceito de valoreconomico.co.ao, querido de fundo, verdadeiras ânco- na nossa vida. Isso e Geovana Fernandes . democracia é utópico, que o que leitor, porque vale a pena quanto ras que prendem o desenvolvi- aplica-se para a amizade Tel.: +244941784790-(1)-(2) existe é um sistema que se move mais não seja para compreen- mento económico de Angola. e para o amor.” N.º de Contribuinte: 5401180721; consoante a música dos poderes der a perspectiva de um ‘insi- Já começou com o pé esquerdo Instagram N.º de registo: 92/82 de 18/10/82 instalados e que a vontade do der’ da indústria que alimenta e com “o primeiro encontro que Tel.: +244 936272323 povo é perfeitamente ignorável simultaneamente mantém refém foi realizado muito cedo pro- Telefones: 222 32 05 10, 222 quando grita coisas que não inte- a economia nacional. positadamente por pressão das Reginaldo Silva, jornalista 320511, Fax: 222 32 05 14, E-mail: [email protected] ressam ouvir. É que Lula, culpado António Vieira é um vete- petrolíferas (...) que enganaram ou não de ter recebido o aparta- rano do sector petrolífero. O ex- o Executivo e driblaram o chefe “Se houvesse mais /[email protected] / angolanos e angolanas com mento que não estava no nome -director-geral da Roc Oil e da (...) zeram-se cedências que [email protected] capacidade de investir/ Endereço: Rua Fernão Mendes Pinto, dele, indo a eleições, ganha sem Cobalt faz a rmações inequí- não deveriam ter sido feitas”. criar empregos (de n.º35, Alvalade, Lda/Angola, qualquer concorrência porque vocas e claras com uma ausên- No entanto, lembrando que JLo qualidade) no país, hoje não tem o claro apoio popular e foi cia rara de jargão cujo intuito é tem a capacidade de surpreen- andaríamos aqui em ‘beefs impedido de concorrer por uma fazer-se perceber pelo mais leigo der (e mantendo a esperança), concentrados’, a par de minoria que responde a poderes na matéria e sobretudo com um e agora pergunto eu: será capaz outras mesquinhices.” maiores. Além de perder o livre conhecimento de causa inques- de fazer frente a estes podero- Facebook arbítrio popular na semana pas- tionável. Começa por se mostrar sos interesses instalados? 40 Quinta-feira 6 de Setembro 2018 A fechar 90 empregos ameaçados N’gola e Coca-Cola despedem

cervejeira N’gola tinuar a dialogar com os empre- lias, pelo que é uma das preocu- e a fábrica Coca- gadores de empresas liadas para pações em que o sindicato tem -cola, ambas se acautelar casos do género, que estado a apostar, persuadindo detidas pela sul- ultimamente se têm veri cado. alguns empregadores a criar meca- A -africana Castle Gonçalves João Brandão nismos de permanência dos seus há cinco anos, recordou que há uma luta, desde quadros. “Temos situações muito estão a preparar um despedi- 2015, com os empregadores para antagónicas porque, no ponto de Foto: D.R. mento colectivo de 94 trabalha- que, em vez de despedimentos vista dos empregadores, reduzir Na Huíla dores ainda este mês, sendo 72 na colectivos, se procure acertar os trabalhadores por via de despe- primeira e 22 na de refrigerantes. negociações colectivas. dimento colectivo é uma solução, De acordo com uma fonte Sem revelar o número de tra- mas do ponto de vista sindical há Detido director ligada ao sindicato de traba- balhadores já despedidos, o líder outras alternativas, como acordos lhadores das duas fábricas, os sindical acredita que são milha- colectivos laborais, isto é, meca- maiores empregadores da pro- res, o que “pressupõe um impacto nismos para se conseguir manter da Educação víncia, a direcção da empresa social negativo na vida das famí- estes funcionários dentro do cir- ainda não entrou em negocia- cuito de trabalho”, reforçou. ções com os trabalhadores, mas O sindicato conta aproximada- por peculato já existe uma lista elaborada, mente com seis mil liados, mas em sendo que o foco vai para alguns 2014 tinha 15 mil, integrados em administrativos e operários. 29 empresas de indústrias, sendo O director do gabinete provincial de Educação, Ciência e Tecnologia A empresa está a negociar com Luanda com 12, Huíla, Benguela, da Huíla, Américo Chicote (na foto), foi detido, segunda-feira, no o sindicato um pacote “especial” de Huambo e Kwanza-Norte com três Lubango, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), na sequên- indemnizações. Até agora, cou-se cada e Cabinda com apenas duas. cia de um caso aberto em Abril, a respeito de um suposto desvio de pelo acréscimo de 30 por cento do A N’gola fez parte das empre- mais de dois mil milhões de kwanzas destinados ao pagamento de que a lei prevê, revela a fonte sindi- sas do Estado alienadas a privados subsídios a 4.225 professores que exercem cargos direcção e che a. cal. Contactada pelo NG, a direc- na década de 1990, tendo em 2007 Foi também detido o antigo delegado provincial das Finan- ção prometeu pronunciar-se sobre sido entregue a gestão à francesa ças da Huíla, Sousa Dala, que era o responsável da comissão de o assunto “no momento cetro”. Sabmiller até 2013, altura que foi pagamentos aos professores e proprietário de uma das empresas Já o secretário-geral do Sindi- vendida à Castle. privadas em que o governo depositou avultadas somas para fazer cato das Indústrias de Bebidas e o pagamento aos docentes. Este, agora na qualidade de delegado

Similares de Angola garantiu con- Foto: D.R. Por Luís Morais, no Lubango das nanças no Huambo, foi detido e trazido sob custódia para o Lubango onde está a ser instruído o processo-crime. Olho da repórter... Teresa Fukiady Ao NG, o director de comunicação institucional e imprensa do Ministério do Interior, Manuel Halaiwa, admite ser um “processo complexo”. Na altura, quando se deu a denúncia, pelas mãos do professor Francisco Jaime, uma verdadeira “pedra no sapato” do governador Tyipinge, este descartou ter havido extravio de verbas. Numa atabalhoada conferência de imprensa, o governador disse que, do valor disponibilizado pelo ministério das Finan- ças em 2014, houve um remanescente na ordem dos mais de 199 milhões, dinheiro entregue a uma empresa para a aquisição de 23 laboratórios para escolas secundárias da província. Os pagamentos eram referentes a dívidas de 2003, 2006 e 2010, tendo sido feitos de Agosto de 2014 a Novembro de 2015. Numa primeira fase, 3.545 professores foram pagos, mas com as reclamações, o número subiu para mais 33. Em Agosto, foram detidos em Luanda e trazidos sob custódia do SIC à Huíla o sócio-gerente e o proprietário da empresa SICO- -Soluções Gestão e Empreendimento, por suposta burla de 200 milhões de kwanzas ao governo provincial em 2015, para adqui- Momento de fé e rir 23 laboratórios para escolas do II ciclo. devoção durante a peregrinação ao Santuário da Muxima. Por Luís Morais, no Lubango