Ana Cristina De Oliveira Almeida Nós Há De Morrer
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Universidade de Aveiro Departamento de Comunicação e Arte 2013 ANA CRISTINA DE NÓS HÁ DE MORRER… ÓSS TEM DE CANTAR! OLIVEIRA ALMEIDA MÚSICA, MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO EM DAMÃO. TRÂNSITOS PÓS-COLONIAIS Universidade de Aveiro Departamento de Comunicação e Arte Ano 2013 ANA CRISTINA DE NÓS HÁ DE MORRER… ÓSS TEM DE CANTAR! OLIVEIRA ALMEIDA MÚSICA, MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO EM DAMÃO. TRÂNSITOS PÓS-COLONIAIS Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Música – Etnomusicologia, realizada sob a orientação científica da Doutora Susana Bela Soares Sardo, Professora Auxiliar do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro Apoio financeiro da FCT e do FSE no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio. o júri Presidente Doutor Luís António Ferreira Martins Dias Carlos Professor Catedrático da Universidade de Aveiro Vogais Doutor Brian Juan O’Neill Professor Catedrático do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa Doutor João Soeiro de Carvalho Professor Associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Doutora Susana Bela Soares Sardo (Orientadora) Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro Doutor Jorge Manuel de Mansilha Castro Ribeiro Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro agradecimentos Em primeiro lugar a todos os damanenses católicos que me acolheram, que colaboraram e que contribuíram de diversas formas para este trabalho. Sem eles, sem a sua generosidade, disponibilidade, amabilidade e preocupação, não teria sido possível. Em particular, às famílias que me alojaram e me receberam como filha ou como irmã e me fizeram sentir sempre benvinda e em família. Em Damão, a Ofélia Lopes, Mabel, Anton e Howard Misquita e a Fremiot, Margarida, Edwin e Stella Mendonça e restantes familiares. Um agradecimento muito especial a Fremiot Mendonça pela sua amizade e apoio constantes, por ter sempre partilhado comigo todo o seu conhecimento, pelo seu tempo, dedicação e empenho em torno da minha pesquisa e pela sua incansável vontade de me ajudar e de oferecer resposta a todas as minhas questões e dúvidas. Estas palavras são insuficientes e incapazes de expressar todo o meu reconhecimento e amizade. À família Machado, a Maria da Graça Lopes (e Rocha), a Noel e Louella Gama e a todos os meus colaboradores que contribuíram com os seus conhecimentos e com a cedência de documentação valiosa a nível pessoal e etnográfico para a realização deste trabalho, não sendo possível nomeá-los aqui individualmente. Em Leicester, a Marlyn, Benário, Bebeto e Mervin Noronha; em Peterborough, a Venceslau da Silva e Gracy Mendonça, a Bartolomeu e Maria das Dores Mendonça, a Telma, Gerry e Stacy Noronha e a Faustino Mendonça e família; em Wembley, a Silvestre Machado, a Jennifer Machado e a António Dias. À minha orientadora, a Professora Doutora Susana Sardo, a quem devo muito mais do que uma orientação académica e intelectual. Pelas suas críticas sábias, exigentes e desafiantes, pelo seu acompanhamento minucioso, pelo seu estímulo constante, pela inspiração e pela confiança que sempre depositou em mim e que me fez chegar mais longe do que eu alguma vez poderia imaginar; mas também pelo seu apoio, paciência, dedicação e principalmente o seu colo de mãe e de amiga que me acolheu e encorajou sempre nos momentos mais determinantes. À Universidade de Aveiro e ao DeCA, aos professores que enriqueceram o meu percurso académico, à Cristina Silva pela sua ajuda e disponibilidade e aos amigos e colegas que constituem o INET-MD, em particular o Pedro Almeida, o Rui Oliveira, o Rafael de Oliveira, a Ana Flávia Miguel, a Isabel de Castro, o Alfonso Benetti Junior, a Patrícia Lima, o Alexsander Duarte, a Flávia Lanna, a Edite Rocha e o professor Jorge Castro Ribeiro. Obrigada pelas muitas conversas e desafiantes trocas de ideias, pelo apoio, incentivo, companheirismo e amizade ao longo destes anos de trabalho e de convívio. Agradeço também ao linguista Hugo Cardoso pela ajuda e esclarecimento que me prestou numa área inicialmente nova e desconhecida para mim. Aos meus pais, ao meu irmão, aos meus amigos e em especial ao meu marido, por todo o apoio emocional, pela sua inspiração e incentivo e por nunca me deixar desistir, encontrando sempre uma solução para os meus desalentos e problemas. Este trabalho, e em particular a experiência de trabalho de campo que envolveu, não teria sido certamente possível sem o seu amparo, a sua ajuda, a sua força incansável, a sua bondade, o seu otimismo, a sua disponibilidade para me ouvir e a sua crença em mim. Muito obrigada. palavras-chave Damão, música, mandó, etnomusicologia, poscolonialismo, migração resumo O presente trabalho inscreve-se no domínio da etnomusicologia, resulta da realização de trabalho de campo multissituado e propõe-se compreender a comunidade católica damanense residente em Damão (Índia) e no Reino Unido partindo do estudo da música adotada e praticada pelos seus membros. O repertório performativo analisado neste trabalho inclui música (religiosa e secular) e dança entendidas pelos damanenses como herdadas do antigo colonizador, música e dança anglo-saxónica e de Bollywood transmitida pelos meios de comunicação de massa atuais e, ainda, aquela que é veicularmente considerada pelos damanenses católicos como “a música damanense” ou “a música original de Damão” e à qual é aqui dado um enfoque especial: o mandó. Argumento que a compreensão deste repertório e dos diferentes significados de que se reveste nos permite também compreender a própria damanidade, cuja performance é caracterizada pelos mesmos princípios que definem a da música. Permite-nos, igualmente, entender o modo como os damanenses católicos vivem a sua condição de integração na Índia enquanto comunidade pós- colonial não-independente. Este trabalho procura contribuir, portanto, para a inscrição da realidade dos territórios poscoloniais integrados no quadro da teoria do poscolonialismo e reflete sobre o protagonismo da música na construção de lugares de memória e de imaginação tanto no território de origem (Damão) como na diáspora (Reino Unido). keywords Daman, music, mandó, ethnomusicology, postcolonialism, migration abstract The present work, inserted into the domain of ethnomusicology, results from multi-situated fieldwork and aims to understand, from the study of the music adopted and performed by its members, the Catholic Damanese community living in Daman (India) and in the United Kingdom. The performative repertoire analised in this work includes music (religious and secular) and dance saw by the Damanese as inherited from the former colonizer, Anglo-Saxon and Bollywood music and dance broadcasted by mass media, and that consensually perceived by the Catholic Damanese as “the Damanese music” or “the original music of Daman” which is a main focus of this work: the mandó. I hold that understanding that repertoire and the various meanings it encompasses allows us to understand damanity itself, whose performance is characterised by the same principles defining that of music. It allows us, also, to comprehend the way the Catholic Damanese live their condition of integration into India as a post-colonial non-independent community. Therefore, this work is intended to contribute to the rise of the postcolonial integrated territories’ reality into the framework of the postcolonialism theory, reflecting on the role of music in the construction of lieux de mémoire and places of imagination in the homeland (Daman) as well as in the diaspora (United Kingdom). Índice ÍNDICE DE FIGURAS, EXEMPLOS DE TRANSCRIÇÕES MUSICAIS E/OU POÉTICAS E GRELHAS ................................................................................................ 4 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7 1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................................... 25 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E ENUNCIADO DO PROBLEMA ........................................................ 25 1.2 ANÁLISE CONCEPTUAL ........................................................................................................... 28 1.2.1 Lieux de mémoire e o passado ............................................................................................. 36 1.2.2 Sobre Diáspora ................................................................................................................... 39 1.2.3 Sobre Transnacionalismo e Ethnoscapes .............................................................................. 45 1.2.4 A comunidade damanense como uma formação transnacional localizada e móvel ................... 46 2 ENQUADRAMENTO ETNOGRÁFICO ............................................................. 50 2.1 DAMÃO ..................................................................................................................................... 50 2.2 A COMUNIDADE CATÓLICA .................................................................................................... 53 2.2.1 Fangah: Os damanenses católicos como o Outro ................................................................... 53 2.2.2 O português de Damão ....................................................................................................... 58 2.2.3 As três gerações ................................................................................................................... 63 2.2.4 A Associação Luso-Indiana Damanense (ALID) .............................................................. 66